Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
RELAXANTES MUSCULARES Os bloqueadores são fármacos que interrompem a transmissão do impulso nervoso na junção neuromuscular, proporcionando relaxamento muscular. São classificados de acordo com o seu mecanismo de ação, em duas categorias: despolarizantes e não-despolarizantes. Os bloqueadores neuromusculares são compostos por amônios quaternários semelhantes à acetilcolina, que atua principalmente nos receptores nicotínicos. AGONISTAS são os despolarizantes e ANTAGONISTAS os não despolarizantes. BLOQUEADORES DESPOLARIZANTES O mecanismo de ação dos agentes dessa classe se dá pela interação com receptores colinérgicos nicotínicos. Haverá despolarização da fibra muscular; a despolarização resulta em rápida contração muscular. Após a despolarização, o potencial de membrana deve ser restabelecido antes de uma nova depolarização; nesse período o músculo permanece em relaxamento flácido. SUCCINILCOLINA, estruturalmente é como duas moléculas de acetilcolina ligadas. A succinilcolina se liga ao receptor e promove a despolarização da membrana. Ação rápida e curta duração, muito usado na rotina clínica. DECAMETÔNIO Efeitos adversos: bradicardia; aumento da pressão intraocular; aumento do potássio podendo causar a morte celular; OBS.: CUIDADO!!! Não usar em ruminantes, pois, relaxamento da musculatura do diafragma poderá levar o animal a morte, por insuficiência respiratória. BLOQUEADORES NÃO DESPOLARIZANTES São antagonistas competitivos da acetilcolina no receptor nicotínico. Ligam-se ao receptor, impedindo ligação com acetilcolina que ocasionaria despolarização. O início do bloqueio neuromuscular ocorre quando 70 a 80% dos receptores estão ocupados; para bloqueio completo é preciso mais de 90% dos receptores ocupados. São drogas altamente ionizadas, hidrossolúveis. Existem 2 grupos de bloqueadores não despolarizantes: benzilisoquinolínicos e aminoesteróides. Benzilisoquinolínicos São mais suscetíveis À hidrólise no plasma e causam liberação de histamina. TUBOCURARINA duração da ação prolongada; causa grande liberação de histamina. Secretada de forma inalterada na urina e bile. Em casos de insuficiência renal, seu efeito pode ser prolongado. ATRACURIO: metabolismo de Hoffmann, ou seja, é metabolizado no plasma. Muito usado em hepatopatas; sua duração não depende da função renal ou hepática. Aminoesteróides Não causam liberação de histamina. PANCURÔNIO início de ação demorado e longa duração; parte do pancurônio é excretado deforma inalterada, sem passar por biotransformação; ação pode ser prolongada em pacientes com problema renal ou hepático. VECURÔNIO semelhante ao pancurônio; início de ação mais rápido e duração mais curta; não causa liberação de histamina. Passa por biotransformação no fígado e é excretado pela urina e bile. ANTICOLINESTERÁSICOS Considerados como inibidores da acetilcolinesterase, inibindo a ação da enzima acetilcolinesterase na junção neuromuscular. Essa inibição pode causar REDUÇÃO NA DEGRADAÇÃO DA ACETILCOLINA, potencializando sua ação (contração muscular). Utilizados em anestesias para inibir efeito dos bloqueadores neuromusculares não despolarizantes. Efeitos colaterais: aumento na concentração de acetilcolina causando potenciação dos efeitos em receptores muscarínicos. Ex.: miose, bradicardia, náusea, aumento de secreções, sudorese e salivação. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS ORGANOFOSFORADOS: inibe acetilcolinesterase, aumentando a acetilcolina. Forma ligação irreversível com acetilcolinesterases. ANTIBIÓTICOS AMINOGLICOSÍDEOS: reduzem a secreção de acetilcolina, prolongando o efeito dos relaxantes musculares. TETRACICLINA: pode causar relaxamento muscular. ANESTÉSICOS: aumentam o tempo do relaxamento muscular. MAGNÉSIO, CALCIO E POTÁSSIO: potencializam bloqueio neuromuscular. ANALGESIA A dor e o sofrimento de animais são condições clinicamente importantes que afetam a qualidade de vida a curto e em longo prazo. Além da consideração ética da supressão da dor, são comprovados os benefícios do uso dos analgésicos reduzindo o estresse emocional, não liberando substâncias deletérias para o organismo e facilitando a recuperação do paciente, reduzindo a mortalidade e a morbidade. A dor tratada incorretamente pode produzir efeitos negativos nos sistemas cardiovascular, respiratório, gastrintestinal, neuroendócrino e imune. As dores do tipo somática e a visceral geralmente respondem bem a antiinflamatórios não-esteroidais, opióides, anestésicos locais e a procedimentos cirúrgicos para remover a causa. A dor neuropática pode ser difícil de tratar, requerendo múltiplos métodos terapêuticos; responde pouco a antiinflamatórios não- esteroidais e comumente é resistente a opióides. Nesses casos, bloqueio de nervos locais, anticonvulsivantes, radiação ou neurocirurgia podem promover alívio efetivo da dor. •Classificação da dor: -Dor aguda: Conduzida por nervos nocioceptores mielinizados, cuja velocidade é maior. A dor aguda tipicamente surge do trauma de tecidos moles ou inflamação e está relacionada a um processo adaptativo biológico para facilitar o reparo tecidual e cicatricial. A hipersensibilidade na área da injúria (hiperalgesia primária), bem como nos tecidos adjacentes (hiperalgesia secundária) contribuem para que o processo cicatricial ocorra sem interferências. Esse tipo é comum em animais limitando-se a 24 a 72 horas, sendo mais fácil de tratar e costuma ter boa resposta ao efeito analgésico. A dor aguda pode ser subdividida em somática e visceral. - Dor crônica: Estímulo é conduzido por nocioceptores não mielinizados, cuja velocidade de propagação é menor. A dor crônica persiste além do período esperado de uma doença ou injúria e tem sido arbitrariamente definida como aquela com duração maior que três a seis meses. Pode manifestar-se espontaneamente ou ser provocada por vários estímulos externos. A resposta é tipicamente exagerada em duração, amplitude ou ambas. A dor crônica além de simplesmente manifestar-se por um longo período de tempo, implica numa síndrome debilitante que possui um significante impacto sobre a qualidade de vida do paciente e caracteriza-se por uma resposta pobre às terapias analgésicas convencionais. O sistema nociceptivo é capaz de sofrer alterações nos mecanismos de percepção e condução dos impulsos, denominados neuroplasticidade. A neuroplasticidade pode aumentar a magnitude da percepção da dor e pode contribuir para o desenvolvimento de síndromes dolorosas crônicas, enquanto a dor aguda é um sintoma de alguma doença, a dor crônica é uma doença propriamente dita, sendo nociva e independente ao estímulo que a gerou. SOPA SENSIBILIZADORA Em situações em que há processo inflamatório, dano tissular, entre outros, pode haver redução no limiar de dor, ou seja, o animal sente dor mais facilmente. Se anteriormente o animal precisava de X estímulo para sensação de dor; com a sopa sensibilizadora basta X/2 para sensibilizá-lo. • Consequência da dor: Quando a dor assume natureza patológica, podem-se seguir várias consequências, incluindo: aumento do risco de infecção, atraso de cicatrização de ferimentos, redução de consumos alimentares e hídricos, imobilização, alteração de padrões de sono e padrões comportamentais normais. • Reconhecimento da dor: O reconhecimento da dor é um processo sensorial complexo composto por quatro estágios: transdução, transmissão, modulação e percepção. Os três primeirosestágios são denominados coletivamente de nocicepção. O quarto é o processamento individual do impulso nociceptivo pelo córtex cerebral para formular a experiência sensorial da dor. Os sinais fisiológicos da dor aguda incluem: aumento da pressão sanguínea, aumento da frequência cardíaca, vasoconstrição periférica (membranas das mucosas esbranquiçadas), aumento da frequência respiratória, podendo ocorrer tensão muscular se a dor se localizar no centro do tórax. Esses sinais frequentemente podem estar associados à intensidade de um estímulo nocivo e, presumivelmente à dor. Essas alterações também podem estar presentes durante períodos de estresse emocional ou ambiental, na ausência de um estimulo nocivo. Algumas ferramentas são utilizadas para mensurar a dor do animal e a eficiência do tratamento da dor. • Estratégia para tratamento da dor; para estabelecer um protocolo de analgesia é preciso administrar no período certo: -Analgesia preemptiva: O termo analgesia preemptiva se refere à aplicação de técnicas analgésicas antes de o paciente ficar exposto a estímulos nocivos como, por exemplo, a invasão cirúrgica. A analgesia preemptiva não consegue eliminar a dor pós-operatória, mas pode ajudar a evitar a sensibilização dos sistemas nervosos periféricos e centrais durante o procedimento cirúrgico. Juntas, essas alterações levam à hipersensibilidade dolorosa pós-trauma, que pode ser reconhecida clinicamente como um aumento da resposta ao estimulo nocivo e diminuição do limiar da dor, ambos no sitio da lesão e nos tecidos circulantes. Este procedimento reduz a intensidade e a duração da dor no pós- procedimento e miniminiza a probabilidade de um estado de dor crônica que está esteja se estabelecendo. Assim, é mais fácil prevenir a dor do que tratá-la após seu estabelecimento. São exemplos de técnicas analgésicas preemptivas o uso de medicação pré-anestésica como os opióides, agonistas alfa2, drogas antiinflamatórias não-esteróides ou a administração epidural pré-cirúrgica de anestésicos e ainda o uso de anestésicos locais. -Analgesia multimodal: A analgesia multimodal ou balanceada refere-se à administração simultânea de fármacos de duas ou mais classes farmacológicas ou à aplicação de duas ou mais modalidades de tratamento para alcançar um ótimo controle da dor. O fundamento deste tratamento analgésico baseia-se na obtenção da analgesia mais eficaz que pode ser alcançada pelo efeito sinérgico ou aditivo dos analgésicos com diferentes mecanismos de ação. Além disso, doses menores de cada agente podem ser administradas o que resulta em menos efeitos adversos e retarda o desenvolvimento de tolerância ao fármaco. Quando utilizada corretamente a analgesia multimodal ajuda a evitar ou inibir sensibilização (inflamação) de nociceptores periféricos e alterações neuroplásicas dentro da medula espinhal induzidas pela cirurgia. Também pode evitar a perda da eficácia, suprimir a resposta de estresse neuroendócrino à dor e à lesão e reduzir o processo catabólico como também reduzir infecção. -Anestésicos locais (AL): são substâncias capazes de causar diminuição da sensibilidade, motricidade e função autonômica, através do bloqueio da geração e propagação do potencial de ação em tecidos eletricamente excitáveis. A remoção dos AL é seguida de um retorno completo e espontâneo da condução nervosa. Utilizam-se lidocaína e bupivacaína na dor aguda para impedir que os impulsos nociceptivos alcancem o sistema nervoso central. A mistura desses fármacos à adrenalina reduz a absorção do anestésico local e prolonga a duração do seu efeito, reduzindo efeitos colaterais sistêmicos. A utilização da lidocaína é realizada principalmente para procedimentos diagnósticos ou terapêuticos de curta duração como a colocação de cateteres centrais ou arteriais, biopsia de medula óssea, sutura de lacerações, extirpação de massa cutânea que requeiram inicio de ação rápida e que não cause dor após sua realização. A bupivacaína é indicada quando se espera que a dor se prolongue após o procedimento, como por exemplo na extração dentária, bloqueio de nervo intercostal para insuflação do tórax. Pode ainda, podem ser utilizada em técnicas de infiltração como injeção nos nervos periféricos que suprem o local doloroso ou infusão em cavidades como tórax e articulações. -Anestésicos aplicados pela via epidural: A anestesia epidural é indicada para procedimentos cirúrgicos nos membros pélvicos, coxal, região anal, perineal e caudal, cirurgias retro umbilicais como, cesariana, ovariohisterectomia, redução de prolapsos, caudectomia, orquiectomia e osteossíntese em membros pélvicos. Dentre as vantagens da associação de fármacos na anestesia epidural, destacam-se: redução do período de latência, potencialização dos efeitos anestésicos e analgésicos, redução dos efeitos colaterais decorrentes do uso isolado destes fármacos, redução de doses, e consequentemente diminuição da toxicidade. Uma das principais indicações da anestesia epidural é nos casos de procedimentos de membros pélvicos e, dentre eles, o tratamento de fraturas ósseas. A associação de anestésico local e opióides é importante, pois proporciona analgesia potente e de longa duração. Os fármacos epidurais mais comumente utilizados por esta via são a morfina, a bupivacaína, a lidocaína e a medetomidina. Os fármacos lipossolúveis, como os anestésicos locais e a medetomidina, exercem efeito predominantemente local e agem sobre a porção caudal do animal. A morfina, fármaco hidrossolúvel distribui-se por várias horas através de todo o canal espinhal. A duração de efeito depende do fármaco, mas uma única injeção epidural de 50% de morfina/ 50% de bupivacaína pode durar até 18 horas. A associação de anestésico local e opióides, como a bupivacaína e morfina, por via epidural, tem sido recomendada nessas situações, pois fornece analgesia profunda e de longa duração após cirurgias ortopédicas nos membros pélvicos no cão. Injeções epidurais únicas são utilizadas principalmente para controlar a dor durante a cirurgia e no período pós operatório imediato. A dor em animais com lesões dolorosas progressivas como a pancreatite, traumatismo muscular e grandes ressecções tumorais em bloco pode ser mais bem controlada com a infusão de fármacos nos segmentos espinhais que recebem os impulsos do local doloroso. -Anestésicos intravenosos e intramusculares: As técnicas anestésicas injetáveis podem ser utilizadas quando não se dispõe de equipamento para anestesia inalatória e recursos humanos especializados. A associação atropina/xilazina/ quetamina tem sido amplamente empregada nestes casos. Entretanto, deve-se considerar que o grau de depressão cardiorrespiratória produzido por esta técnica contra-indica o seu uso em pacientes idosos, cardiopatas ou com a função cardiorrespiratória comprometida. A utilização de protocolos intravenosos injetáveis tem sido preconizada na recente prática anestésica e dentre os fármacos mais utilizados estão as drogas antiinflamatórias não esteróides (DAINEs), agonistas alfa2 e narcóticos, sendo administrados pela via sistêmica para alívio da dor quando os impulsos nociceptivos não podem ser bloqueados no local ou em nível espinhal. As DAINEs são as mais úteis para procedimentos cirúrgicos como retirada de tumor superficial, ovariohisterectomia ou procedimentos ortopédicos de pequeno porte, devendo ser utilizadas com cautela porque a hipotensãoprovocada pode exacerbar seu efeito renal tóxico, assim como seu uso prolongado pode resultar em efeitos colaterais gastrintestinais. Os agonistas alfa2 são utilizados primariamente para sedação ou anestesia, mas também exercem efeitos analgésicos pronunciados. Os efeitos colaterais cardiovasculares impedem seu uso sistêmico em altas doses, mas costumam ser úteis em doses mais baixas. Os narcóticos são os fármacos sistêmicos mais usados para controle da dor. O butorfanol, um narcótico agonista-antagonista, tem efeito analgésico de curta duração, sendo de menos de duas horas nos cães pela via intravenosa e menos de três horas pela intramuscular. A oximorfona é um narcótico agonista seguro, proporcionando analgesia por três a quatro horas, porém é de alto custo para uso em animais maiores e pode causar excitação em gatos, entretanto o custo da morfina é menor e ela pode ser administrada a uma taxa de infusão constante em líquidos intravenosos de manutenção. Tramadol é um analgésico opióide de ação central e seus efeitos clínicos têm sido bem caracterizadas em humanos, onde tem sido usado por muitos anos, mas pouco se conhece das espécies veterinárias. Relatam não haver diferença na analgesia pós-operatória entre morfina e tramadol após a administração intravenosa em cadelas submetidas à ovariohisterectomia, no entanto a morfina induziu maior depressão respiratória. Citrato de fentanila (N-fenil-N-[1,2 feniletil-4-piperidil] propanamida) tem uma alta afinidade intrínseca e ação no receptor opióide. As características da droga incluem um início rápido e curta duração de ação, com uma potência analgésica relativa de 75- 100 vezes maior que a morfina. Seus efeitos colaterais são menores quando comparados com a morfina. Uma única injeção de fentanil é normalmente usada para produzir analgesia de curta duração durante a anestesia e para prolongar o efeito o medicamento deve ser injetado repetidamente em intervalos regulares - que podem causar depressão respiratória - ou ser infundida continuamente. Terminação “CAM” (Ex.: meloxicam) contém ação em COX 2, apresentando seletividade. Medicamentos com açao em COX 3 agem mais especificamente no sistema nervoso. GATOS/FELINOS Alguns medicamentos apresentam maior toxicidade; mais sensíveis. Os felinos contém menos enzimas, podendo prolongar ação do fármaco. ANESTÉSICOS LOCAIS Os anestésicos locais são bases fracas que agem no axônio, bloqueando de modo reversível a geração e condução do impulso nervoso. Esses fármacos têm ação sob qualquer parte do sistema nervoso e em qualquer tipo de fibra. Existem dois grupos de anestésicos locais, os aminoamidas e aminoesteres. Ésteres – Cocaína, procaína, clorprocaína, tetracaína. Metabolizados no plasma, pela pseudocolinesterase; pode causar reações alérgicas pela liberação de haptenos, que são reconhecidas como antígenos pelo organismo do animal, estimulando respostas adversas. Amidas – Lidocaína; Prilocaína; Mepivacaína; Bupivacaína e levobupivacaína; Ropivacaína. Metabolizados no fígado pela enzima citocromo p450; resulta em poucas reações alérgicas. Mecanismo de ação Em um protocolo de anestesia local, é preciso que haja o bloqueio dos canais de sódio, a fim de manter a estabilidade da membrana. Ou seja, a membrana deve estar estável e despolarizada, para isso, é preciso controlar a entrada e saída de sódio. O fármaco não ionizado é absorvido; ao entrar pela membrana celular, há uma diferença no ph intracelular, que promove a ionização/tamponamento do fármaco. Quando ionizado, o fármaco é capaz de inibir/bloquear os canais de sódio. Em casos de inflamação, o ph fica naturalmente mais baixo, influenciando na ação do medicamento, que ioniza antes de ser absorvido. Para ser absorvido o fármaco não deve estar ionizado; o processo de ionização deve ocorrer intracelularmente, pois para agir na bomba de sódio é preciso estar na forma tamponada/ionizada. FÁRMACOS PROCAÍNA e CLOROPROCAÍNA: curta duração LIDOCAÍNA, MEPIVACAÍNA e PRILOCAÍNA: moderada duração. Obs.: Lidocaína tem pKa 7,9; portanto 79% é ionizado em ph fisiológico. Se o fármaco tem grande porção ionizada, então é pouco absorvido, pois, para ser absorvido precisa estar não ionizado. BUPIVACAÍNA e ROPIVACAÍNA: longa duração. Obs.: Bupivacaína possui pKa 8,1; mais de 80% é ionizado em ph fisiológico, dificultando sua absorção. CONSIDERAÇÕES GERAIS 1) POTÊNCIA: a porção lipofílica e hidrofílica influenciam na absorção e potência do fármaco. A forma protonada do medicamento é que garante a potência de inibição dos canais de sódio. Quanto mais ionizado, mais lipossolúvel será a droga. a) Quanto maior a fração não ionizada/não protonada, maior a potência de ABSORÇÃO; b) Quanto maior a fração ionizada/protonada, maior a potência de AÇÃO como anestésico. OBS.: associação de sais na administração de anestésicos locais, a fim de aumentar a absorção do fármaco pela célula 2) Início da ação: a dose, concentração e local de aplicação influenciam na ação do fármaco. A dose deve ser suficiente para que a maior parte dos receptores estejam inibidos e provoquem o efeito farmacológico e não haja resposta quantal. O aumento na dose, aumenta a quantidade de moléculas disponíveis. O local da injeção influencia na ação do fármaco; intra-raquidiana tem rápido início de ação, por exemplo. 3) Duração de ação: pode-se utilizar vasoconstritores (epinefrina) para ampliar o tempo de ação do fármaco. Isso ocorre pois, há redução da absorção sistêmica (aumentando a concentração e ação do fármaco no local), sendo assim, há um prolongamento na duração do efeito. Lidocaína, Bupivacaína e Ropivacaína, por exemplo, aumentam o tempo de duração com vasoconstritores. 4) Bloqueio motor e sensorial: fibras distintas possuem sensibilidades diferentes aos anestésicos locais; ainda, os anestésicos não inibem somente os nocioceptores (dor), tem ação em todas as fibras. 5) Local de aplicação do anestésico local: a taxa de absorção sistêmica depende do local de injeção; influencia diretamente a toxicidade do fármaco. (mais potente ) Intravenosa – intratraqueal – intercostal – caudal – paracervical – epidural – plexo braquial – isquiática – subcutâneo. (menos potente). INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS EPINEFRINA – vasoconstrição BICARBONATO DE SÓDIO – aumenta absorção por aumentar a fração não ionizada. SISTEMA NERVOSO CENTRAL RELAXANTES MUSCULARES Medicamentos que amenizam a contração da musculatura esquelética, reduzindo tônus muscular excessivo. O mecanismo de ação não depende de uma ação periférica, mas de um efeito no sistema nervoso central. Seus benefícios incluem alívio dos espasmos musculares dolorosos, além de reduzir o tônus muscular sem afetar muito a contração voluntária. Muito utilizado em equinos, em inflamações articulares, miosite por esforço e intoxicação por estrignina. MEDICAMENTOS BENZODIAZEPÍNICOS – principalmente Diazepam; reforça a ação de GABA (neurotransmissor inibitório, ou seja, impede desenvolvimento de funções nervosas). Obs.: SOBRE GABA – três tipos, A, B e C; Os receptores dos tipos A e C, funcionam como canais iônicos permeável para Cl (cloreto), o Cl geralmente está mais concentrado do lado de fora da célula do que de dentro, sendo assim, esses canais promovem a entrada de Cl, aumentando a quantidade de cargas negativas no interior da célula, promovendo a hiperpolarização da membranacelular; para que haja estímulo de neurônios, é preciso que a membrana esteja despolarizada (mais carga negativa no interior). O receptor do tipo B desencadeia um sinal no interior da célula, ativando segundos mensageiros que irão promover a ativação de canais de potássio; há mais potássio intracelular do que extracelular, portanto, o K tende a ir para fora da célula, levando carga positiva; o interior da célula fica mais negativo e portanto há hiperpolarização de membrana. BACLOFENO – agonista dos receptores GABA B, promove hiperpolarização da membrana com consequente alívio da espasticidade muscular. Não causa sedação. GUAINFENEZINA – promove hiperpolarização pós sinaptica. Indicado para pré anestesia, contenção química e manobras obstétricas. Atravessa a barreira placentária, portanto, é preciso ter cuidado ao administrar em animais prenhes, pois causa relaxamento da musculatura do feto. Não relaxa o diafragma. Administrado via intravenosa e oral. Obs.: em pequenos animais é preciso diluir bem, pois causa hemólise intravascular. Ação pode desencadear espasmos violentos que cursam em parada cardíaca. METOCARBAMOL – usado em equinos, cães e gatos. Amplamente empregado em miosite por esforço e inflamações articulares. Reações adversas: salivação e fraqueza muscular. ANTI CONVULSIVANTE Convulsão: quadro clínico anormal, reversível; causado pela super despolarização dos neurônios, causando confusão e desordem da consciência. Epilepsia: quadro convulsivo, porém com recorrência. Causas – problemas neurológicos, encefalite, febre, parar remédio anticonvulsivante abruptamente, intoxicação (convulsões nesse caso podem levar à morte). MECANISMO DAS CONVULSÕES 1º Despolarização excessiva da membrana neuronal: NORMAL: Em repouso há mais íons Na+ no exterior e K+ no interior. O potássio entra na célula para compensar a carga negativa no interior da mesma. A membrana é mais permeável ao potássio do que ao sódio. Quando um neurônio é estimulado, observa-se uma despolarização, onde a membrana torna-se positiva (devido à abertura dos canais de Na+ sensíveis à voltagem), seguida de uma repolarização, onde a membrana volta a ficar negativa. Essa variação de polarização transmembranar origina o potencial de ação. No início do potencial de ação, ocorre a abertura dos canais de Na+ sensíveis à voltagem. Isso permite a entrada de Na+ causando uma despolarização da membrana plasmática, que faz com que mais canais de Na+ se abram. À medida que a membrana despolariza, abrem- se alguns canais de K+sensíveis à voltagem. Quando isso ocorre, os canais de Na+ começam a se fechar e mais canais de K+ se abrem. Isso faz com que o K+ saia da célula (efluxo), causando uma repolarização da membrana. O rápido efluxo de K+ causa a hiperpolarização, aproximando o potencial de membrana do potencial de equilíbrio do potássio. No decorrer da repolarização, os canais de K+ se fecham. EPILEPSIA /CONVULSÃO: em certas ocasiões pode haver um desequilíbrio entre os sinais excitatórios e os inibitórios, de modo que ocorre uma hiperexcitabilidade dos neurônios, levando a uma crise epiléptica. Os bloqueadores dos canais de Na+ inibem a abertura desses canais, impedindo o potencial de ação, atuando em regiões distintas do canal. Isso inibe o potencial de ação, diminuindo a atividade neuronal. Sucessivas descargas elétricas desencadeiam convulsão. 2º) Queda de GABA: ocorre excessiva despolarização; o GABA é responsável pela hiperpolarização (entrada de Cl-); se houver redução de GABA, reduz também entrada de Cl-, não promovendo a hiperpolarização (a despolarização da membrana gerará a convulsão). 3º) Aumento dos neurotransmissores excitatórios: esses neurotransmissores estimulam diretamente o SNC. 4º) Desequilíbrio na bomba sódio e potássio: causa despolarização, pelo aumento da entrada de Na ou Ca. CLASSIFICAÇÕES DAS CONVULSÕES Convulsão generalizada branda: sem perda de consciência; há relaxamento dos membros, pescoço, cabeça e esfincter. O animal procura o proprietário, pois parece sentir que acontecerá. Tem duração de 1 a 10 minutos, podendo durar horas. O animal fica sonolento após crise. Com pouca frequência pode observar-se vômito (durante e após a crise). Convulsão generalizada grave: GRANDE MAL; ocorre a perda de consciência, há depressão do sistema respiratório e cardiovascular, as mucosas ficam cianóticas (principalmente a ocular); provocando piora no quadro clínico do animal. Tem duração de 1 a 10 minutos, podendo durar horas. Verifica-se dilatação bilateral da pupila. No caso da convulsão branda, é mais perigoso a ocorrência de vômito, já que há perda de consciência. Convulsões parciais: somente parte do cérebro sofre despolarização. Pode ocorrer nos diferentes lobos. Convulsão parcial com generalização secundária: despolarização sistêmica. OBS.: o tratamento das diferentes convulsões na clínica é feito da mesma forma (mesmo protocolo). Quando usar o anticonvulsivante??? Se a convulsão ou epilepsia causar risco a vida do animal; se a frequência for muito exacerbada; se a ocorrência gera prejuízo emocional no proprietário; definir calendário das crises sofridas pelo animal para estabelecer protocolo. Ao prescrever anticonvulsivante é preciso conscientizar o proprietário de que não pode parar a medicação abruptamente; a droga deve ser administrada de forma frequente e na hora adequada. Se a causa da convulsão for secundária ou extracranial (fora do crânio), não é indicado prescrição de medicamento da classe anticonvulsivante, pois, é preciso tratar o problema primário. É preciso averiguar problemas hepáticos. MEDICAMENTOS FENOBARBITAL: aumenta a concentração de GABA (permite maior entrada de Cl-, causando hiperpolarização da membrana). Quando administrado via oral é rapidamente absorvido; 40 a 60% liga-se à proteínas plasmáticas (albumina); cerca de 20 a 25% é excretado de forma livre (inalterada, como fenobarbital) e o restante é biotrasformado/metabolizado no fígado. É indicado para todos os tipos de convulsões, contém baixo custo $$. Reações adversas: sedação, poliúria, polidipsia, polifagia; capaz de causar hepatopatias (fibrose, podendo levar à morte). PRIMIDONA: produz 2 metabólitos – fenobarbital e feniletilmalonamidas. Contraindicado para gatos (predisposição à necrose hepática). Reações adversas: semelhantes ao fenobarbital. DIFENIL-HIDANTOÍNA / FENITOÍNA: possui maior relação com canais de sódio; inibe entrada de Na, estabilizando a membrana. Aproximadamente 90% do fármaco se liga às proteínas plasmáticas, somente 5% é excretado de forma inalterada, o restante é absorvido (importante avaliar função hepática). Por via oral, a absorção é rápida e alta, além de distribuir-se por todos os tecidos de forma equânime. Utilizado em todos os tipos de convulsão. Em alguns casos (raros) pode haver hiperplasia gengival por uso contínuo e excessivo (CRÔNICO). BENZODIAZEPÍNICOS (DIAZEPAM, CLONAZEPAM E CLONAZEPATO DE SÓDIO): aumentam a quantidade de enzima citocromo p450. Há redução da efetividade se associar medicamentos. a) DIAZEPAM – é metabolizado no fígado em dois metabólitos (N desmetil-diazepam e oxazepam); Obs.: o N desmetildiazepam pode ser biotransformado em oxazepam. Esse fármaco atinge níveis metabólicos muito rapidamente, portanto, é muito utilizado em casos de emergência. Cuidado em cães, pois, pode haver tolerância rapidamente (1 a 2 semanasde uso), não realizando o efeito farmacológico corretamente, portanto, é preciso associar a outro medicamento. Indicado para todos os tipos de convulsões; ainda, status epilépticos, crises tônico crônicas e de ausência. b) CLONAZEPAM – derivado do 7 amino (metabólito inativo do clonazepam). Semelhante ao diazepam. Avaliar função hepática antes do uso em gatos, pois, pouco se sabe sobre a utilização nessa espécie. c) CLONAZEPATO – N dismetildiazepam é o princípio ativo deste fármaco. Trata-se de uma droga biotransformada no estômago e absorvida no intestino. Desvantagem: meia vida útil do medicamento é pequena (cerca de 3 horas), sendo necessário a reaplicação de várias doses; além disso, pode causar dependência física em CÃES, se retirar abruptamente, o animal pode convulsionar até a morte. OBS.: BENZODIAZEPÍNICOS TAMBÉM SÃO UTILIZADOS COMO RELAXANTES MUSCULARES DE AÇÃO CENTRAL. CARBAMAZEPINA: inibe canais de sódio, causando estabilização da membrana. É metabolizado no fígado em 10,11 epoxido, que é tão ativo quanto a carbamazepina. Cerca de 75% liga-se a proteínas plasmáticas. Fármaco de utilização segura em cães e gatos. Reações adversas: sedação, hepatopatia, estagno. ÁCIDO VELPRÓICO: inibe canais de sódio e aumenta GABA, ou seja, estabiliza a membrana e promove hiperpolarização. É metabolizado no fígado em 2-propil-2-pentenóico. A concentração plasmática é atingida rapidamente, no entanto, se administrado com alimento ou de forma entérica, há redução dessa concentração. Contraindicado em gatos, pois pode causar hepatopatias. Indicado para todos os tipos de convulsões. BROMETO DE POTÁSSIO: aumenta a entrada de cloreto pelos canais GABA; em casos de dietas hiperclorêmicas é preciso corrigir antes de administrar fármaco. Não induz perfil enzimático (citocromo p450), portanto pode ser associada a outros medicamentos. Reações adversas: pode causar ataxia motora em membros posteriores (transitória); aumento dos níveis de potássio no organismo, podendo ocasionar distúrbio renal; provoca tosse em gatos. *LOBOTRIGINA e *TOPIRAMATO e *GABAPENTINA: sem mecanismo totalmente elucidado; muito usado em cães. *VIGABATRINA: inibe GABA-transamidase, aumentando GABA. Muito usado em hepatopatas. *OXCARBAZEPINA: usado em cães e gatos. *Obs.: mais utilizado em humanos, pois em veterinária não está totalmente elucidado.
Compartilhar