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Módulo 2 MANUALMANUAL DE FARMACOLOG IADE FARMACOLOG IA VETER INÁR IAVETER INÁR IA JHADE MENDES BRITO @studyvetjhade Este material não substitui o livro, pois os conteúdos aqui estão resumidos, não limite seus estudos apenas por ele. Os conteúdos deste manual não são de minha autoria, ele foi escrito com base em referências de livros utilizados ao longo do curso de Medicina Veterinária. ATENÇÃO: O compartilhamento a terceiros deste manual infringe o artigo 5º, inciso XXVII da Constituição Federal, portanto, não faça isso. Proibido a venda e cópia deste arquivo. Olá ! Primeiro obrigada por adquirir este material, espero que possa te auxiliar nos estudos, antes de prosseguir, aqui temos algumas informações: Bem - vindo ! 1 Bons estudos ! Vias de Administração .......................................................................................................... 3 Antiarrítmicos ............................................................................................................................. 8 Vasodilatadores ........................................................................................................................ 12 Digitálicos ................................................................................................................................... 19 Diuréticos ..................................................................................................................................... 22 Anestésicos locais .................................................................................................................. 29 Tranquilizantes ......................................................................................................................... 32 Anestésicos intravenosos ................................................................................................... 36 Hipnoanalgésicos .................................................................................................................... 44 Exercícios ............................................................................................................................ 49 Gabarito ................................................................................................................................. 52 Bônus ...................................................................................................................................... 53 Referências .......................................................................................................................... 54 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. SumárioSumário 2 3 Vias deVias de administraçãoadministração Antes da aplicação de medicamentos nos animais, eles devem ser corretamente imobilizados para que a administração seja conduzida sem risco, a contenção deve ser bem feita, é preciso posicionar o animal em decúbito lateral na posição sentado ou em estação. Em casos de medicamentos aplicados na seringa com agulhas antes da aplicação esfregue a pele sobre o local pretendido para injeção com algodão embebido em álcool 70%. As principais vias de administração são: ORAL: O medicamento é introduzido na boca do animal com as mãos/auxílio de uma seringa sem agulha e gentilmente empurrado pelo esôfago até o estômago. Em relação absorção, no caso das cápsulas e pílulas ingeridas pela boca, a primeira parada do princípio ativo é no estômago, depois, chegando ao intestino onde os vasos sanguíneos absorverão os princípios ativos do medicamento. Principais viasPrincipais vias 4 SUBCUTÂNEA: É a injeção do medicamento sob a pele do animal, a qual deve ser levantada antes da aplicação. Pode ser realizada com agulha hipodérmica curta (normalmente 25x5 mm ou mais fina), passando apenas pela derme, o mais próximo da superfície. As regiões de escolha podem são as áreas dorsolaterais do pescoço, ombro e flancos. É uma via que raramente induz dor e é realizada em animais conscientes. A absorção ocorre pelos capilares sanguíneos e linfáticos presentes nos septos da hipoderme. 5 INTRAMUSCULAR: É injetada no músculo esquelético, pode ser na forma de soluções oleosas ou suspensões. São utilizados as regiões com os músculos de grande superfície. Devem ser usadas agulhas de tamanho similar às empregadas nas injeções subcutâneas e a profundidade no tecido deve ser de aproximadamente 5mm. Estruturas ósseas, nervos e vasos sanguíneos devem ser evitados. INTRAPERITONEAL: São injetados diretamente na circulação através da veia porta. É mais comum seu uso em animais de laboratório. INTRADÉRMICA: Esta via é mais usada para finalidade diagnóstica. É aplicada na camada entre a derme e o tecido subcutâneo, cerca de 2mm abaixo da área externa da pele com pequenos volumes do medicamento. INTRAVENOSA: A injeção do medicamento é feita diretamente na corrente sangüínea, por meio de vasos superficiais. As soluções a serem aplicadas não devem ser irritantes e do tipo aquoso. A aplicação dessa via requer habilidade e prática. 6 Confira as angulações necessárias para aplicação das vias descritas: 90° Intramuscular 45° Subcutânea 25° Intravenosa 10°-15° Intradérmica 7 Antiarrítmicos,Antiarrítmicos, VasodilatadoresVasodilatadores e Digitálicose Digitálicos Arritimia cardíaca é definida como uma condição caracterizada pela irregularidade dos batimentos cardíacos, eles podem apresentar- se mais lentos ou mais rápidos, ou seja, os impulsos elétricos não estão funcionando de forma adequada. Desta forma, medicamentos antiarrítmicos são aqueles capazes de controlar ou fazer cessar estas arritmias. Estes medicamentos são divididos em 4 classes: AntiarrítmicosAntiarrítmicos 8 CLASSE I: Os medicamentos desta classe são mais utilizados no tratamento das taquiarritmias ventriculares ou supraventriculares. Seu mecanismo de ação consiste no bloqueio dos canais de sódio (NA+) e estabilização da membrana miocárdica, reduzindo a taxa de despolarização máxima das fibras cardíacas, sem alteração do potencial de repouso, associado a um aumento do limiar de excitabilidade e diminuição do período refratário. Esta classe é subdivida em classe IA, classe IB e classe IC. Classe IA: Esta classe deprime a condução nas células cardíacas normais e lesadas, além de prolongarem a repolarização. Quinidina Procainamida 9 Classe IB: Esta classe deprime a velocidade de condução somente das células cardíacas lesadas e reduzem o potencial de ação por acelerar a repolarização, além disso, podem prolongar o período refratário. Lidocaína Metilxantina Classe IC: Esta classe diminui a condução com pouco efeito sobre o período refratário e o potencial de ação. Encainamida Lorcainida Flecainida Os efeitos da quinidina podem ser alterados pela presença de anticonvulsivantes, hidróxido de magnésio e alumínio. São relatados como efeitos colaterais distúrbios do sistema gastrintestinal em cães e não deve ser usada em gatos. A metilxantina apresenta efeito semelhante ao da lidocaína e possui vantagem porque pode ser utilizada por via oral nas terapias de longa duração, quando há necessidade de controlar as arritmias ventriculares. Efeitos adversos incluem ataxia e desorientação, relacionadas à dose utilizada. 10 CLASSE II: Esses medicamentos são utilizados para a terapia das taquiarritmias supraventriculares e ventriculares, eles possuem ação antiadrenérgica e atuam na fase 4 do potencial de ação, diminuindo a velocidade de condução. O propanolol não deve ser administrado em pacientes portadores de asma e outros distúrbios aéreos superiores, por atuarem nos receptores β2 do sistema respiratório e exacerbarem os sinais clínicos destes quadros. Ele interage com a digoxina, promovendo exacerbação do bloqueio atrioventricular. Propranolol Metoprolol Atenolol Esmolol Carvedilol Carvedilol O carvedilol é o betabloqueador aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) dos EUA para o tratamento da insuficiência cardíaca congestiva em sereshumanos e bastante utilizado nos cães que apresentam arritmias decorrentes do quadro de cardiomiopatia dilatada 11 CLASSE IV: São chamados de bloqueadores dos canais de cálcio ou antagonistas de cálcio, eles deprimem a fase 4 do potencial de ação, prolongando a condução nos nós sinusal e atrioventricular, sendo efetivos no tratamento das taquiarritmias supraventriculares. O verapamil pode produzir adversos como depressão da contratilidade cardiovascular e a vasodilatação periférica. Ele não deve ser usados associados aos betabloqueadores devido à somatória dos efeitos inotrópicos, cronotrópicos e dromotrópicos negativos. O diltiazem pode provocar efeitos adversos relacionados à superdosagem, que levanod a vasodilatação e bradicardia, que podem evoluir para parada cardíaca. Ele não deve ser administrado associado aos bloqueadores alfa adrenérgicos. Verapamil Diltiazem O verapamil por via oral é indicado em gatos com cardiomiopatia hipertrófica e em cães e gatos que não respondem à terapia clássica da fibrilação atrial com digitálicos. Na insuficiência cardíaca, ocorre redução do débito cardíaco, o que vai gerar uma sequência de fatores compensatórios, como a ativação do sistema renina-angiotensina- aldosterona, o aumento do volume líquido intravascular e do tônus do sistema nervoso autônomo simpático. Todos estes mecanismos, em conjunto, vão melhorar a pré e a pós -carga, mas quando instalado um quadro crônico de insuficiência cardíaca, levam ao acúmulo de líquido, sem melhora do débito cardíaco, e ao aumento da quantidade de energia e oxigênio necessários para a contração ventricular. Estes medicamentos “previnem” o comprometimento progressivo da função miocárdica, oriunda da vasoconstrição, quando há insuficiência cardíaca, e visam principalmente controlar os efeitos deletérios causados pela vasoconstrição decorrente do estímulo dos receptores alfa adrenérgicos, do aumento da angiotensina II e do aumento do tônus simpático. VasodilatadoresVasodilatadores 12 13 Inibidores da enzima conversora de angiotensina Atuam por meio do bloqueio da enzima conversora de angiotensina (ECA) que é responsável pela conversão da angiotensina I em angiotensina II, esta última responsável pela contração das paredes musculares das artérias e liberação do hormônio aldosterona pelas glândulas adrenais e da vasopressina, aumentando assim a pressão arterial. Ao utilizar estes bloqueadores a enzima não é convertida em angiotensina II, desta forma, não ocorrendo aumento de pressão arterial. A escolha do paciente a ser submetido à terapia vasodilatadora deve ser feita de maneira rigorosa. Indica - se a terapia vasodilatadora quando o objetivo for diminuir a pré carga, diminuir a pós carga, melhorando o desempenho cardíaco sem aumentar a contratibilidade. Enalapril: absorvido por via oral, sendo a desesterificação hepática, formando o enalaprilato, sua eliminação é renal. O benazepril: é bem absorvido por via oral e precisa ser biotransformado no fígado em benazeprilato para ser ativo; liga -se em até 95% às proteínas plasmáticas, sendo eliminado por via renal (50% para cães e 15% para gatos) e biliar (50% para cães e 85% para gatos). 14 Captopril - podem ocorrer hipercalcemia e insuficiência renal, principalmente nos pacientes tratados com a dose de 2 mg/kg, 3 vezes/dia. O enalapril deve ser utilizado com cautela em insuficiência renal (ajuste de dose) e em pacientes com hiponatremia, insuficiência vascular cerebral e depleção de sódio. É contraindicado para gestantes. Pode ocasionar efeitos gastrintestinais (vômito, diarreia e anorexia) principalmente em cães além de hipotensão, hipercalemia, fraqueza e complicações renais. 15 Bloqueadores dos canais de cálcio Atuam por meio do bloqueio da concentração de íons cálcio nas células musculares e arteriolares, causando vasodilatação e redução do débito cardíaco. Podem ser divididos em derivados ou não-derivados da Di- dropiridina. Derivados Não - derivados O Anlodipino é administrado por via oral; apresenta meia‐ vida de 30 h para o cão, e é utilizada como agente hipotensor, tanto nos casos de cardiomiopatia como na insuficiência valvar mitral. Após a administração oral ou intravenosa, cerca de 45% do medicamento é excretado via renal biotransformado por oxidação, principalmente, e somente 2% é excretado não biotransformado. 16 Hipotensão e inapetência geralmente são ausentes em gatos com uso do anlodipino. Deve ser usado com cautela em pacientes com problema no coração ou choque cardiogênico e em pacientes com problemas hepáticos ou com risco de desenvolver hipotensão. O verapamil é contraindicado em pacientes com insuficiência cardíaca congestiva descompensada ou bloqueio cardíaco avançado. Antagonistas adrenérgicos Atuam por meio da inibição competitiva de receptores pós sinápticos alfa 1 adrenérgicos, induzindo o relaxamento da musculatura lisa vascular e diminuindo a resistência vascular periférica. 17 Em pacientes nefropatas, utilizar o uso em doses mais baixas. Evitar o uso em pacientes com histórico de narcolepsia/cartaplexia. É pouco utilizada em Medicina Veterinária devido à dificuldade da acomodação da dose terapêutica e à alta frequência dos efeitos tóxicos. É biotransformada pelo fígado e excretada em etapas, ligando -se amplamente às proteínas. Vasodilatadores puros Atuam por do aumento da concentração de prostaciclina no sistema arteriolar, fato que produz relaxamento da musculatura lisa, principalmente dos leitos coronariano, renal, cerebral e mesentérico. Hipotensão, taquicardia, anorexia e vômitos. 18 Outros vasodilatadores Nitriglicerina Nitroprutássio de sódio Dinitrato de issorbida É bem absorvida por via oral, agindo após 1 h da administração oral, sendo biotransformada por acetilação hepática; não é excretada por via renal, mas sim por via hepática, porém a uremia altera sua biotransformação Os digitálicos possuem efeito inotrópico positivo através da inibição da enzima Na + –K + ATPase, com consequente aumento de Ca ++ intracelular. Esta enzima é responsável pela saída de íons Na + que são trocados por íons K + na célula cardíaca. A utilização dos digitálicos, diminuem a atividade da enzima e, consequentemente, a redução da troca de Na +–K +, isso promove aumento do Na + intracelular, que, uma vez em excesso, é trocado por Ca ++ , que leva a um influxo maior de Ca ++ para dentro da célula, o qual é oferecido em maior concentração às proteínas contráteis, aumentando, assim, a intensidade de contração do músculo cardíaco. Eles são indicados, primordialmente, quando há disfunção miocárdica sistólica, ou seja, quando o paciente apresenta as chamadas taquiarritmias supraventriculares (fibrilação atrial), ou ainda quando ambas ocorrem simultaneamente. DigitálicosDigitálicos 19 A intoxicação por digitálicos é comum na clínica veterinária. Os sinais de intoxicação podem ser: de origem nervosa, ocorrendo depressão do sistema nervoso central - letargia, sintomas gastrintestinais - anorexia, vômito e diarreia e sintomas cardíacos, levando a arritmias cardíacas. 20 Escolher a dose cuidadosamente, levando em consideração fatores como obesidade, idade, função renal, distúrbios eletrolíticos e uso concomitante de outro medicamento. Iniciar o tratamento com a menor dose escolhida e monitorar o paciente com o eletrocardiograma e, se possível, por meio da avaliação dos níveis séricos do digitálico. Orientar o tutor do paciente sobre os sintomas clínicos de intoxicação, como, por exemplo, inapetência, anorexia, vômitos ou diarreia. Para utilização dos digitálicos com sucesso é importante considerar: 1. 2. 3. 21 DiuréticosDiuréticos Os diuréticos são frequentemente utilizados na clínica para diferentes afecções apresentadas pelos animais, sendo na maioria das vezes a associação destes para o tratamento efetivo. Os principais usos dos diuréticos incluem: DiuréticosDiuréticos 22 Insuficiência renal Edema cerebral Hemorragia pulmonarSíndrome nefrótica Insuficiência cardíaca congestiva Hipertensão arterial sistêmica Ascite Glaucoma Diabetes insípido 23 Inibidores da anidrase carbônicaInibidores da anidrase carbônica A ação destes medicamentos ocorre através da inibição da anidrase carbônica que está presente em toda a extensão do néfron, sendo a responsável pela formação de ácido carbônico (H2CO3 ) e posterior geração de íons H +. Sua ação ocorre principalmente nos túbulos contornados proximais, inibindo a reabsorção de sódio, bem como nos túbulos contornados distais, e também em outros segmentos do organismo que envolvem transporte iônico de H + ou HCO3 –. Diuréticos de alçaDiuréticos de alça Sua atuação é na alça de Henle, no ramo ascendente, interferindo na reabsorção ativa de Na + e Cl– , são considerados os diuréticos mais potentes. Em consequência da oferta maior de sódio no túbulo contornado distal, pode ocorrer maior excreção de potássio. Também em decorrência a este mecanismo, encontra se envolvida a excreção urinária de cálcio. 24 TiazídicosTiazídicos A ação destes medicamentos ocorre principalmente no túbulo contornado distal e em menor intensidade na alça de Henle (segmento diluidor do ramo ascendente) e no túbulo contornado proximal. Poupadores de potássioPoupadores de potássio A ação destes medicamentos ocorre principalmente através da inibição competitiva dos efeitos da aldosterona no túbulo contornado distal e possivelmente nos ductos coletores da região cortical. 25 OsmóticosOsmóticos Apresentam ações tanto no túbulo contornado proximal como no segmento delgado da alça de Henle., onde ocorre diminuição da reabsorção de água no ramo descendente, devido à hipotonicidade que se desenvolve na medula renal, em decorrência ao aumento de fluxo sanguíneo medular. A acetazolamida é rapidamente absorvida pela via oral, atingindo a concentração plasmática em 2 h, sendo o efeito máximo observado entre 6 e 8 h, e é completamente eliminada em 12 a 24 h, através do rim, por mecanismos de secreção ativa. 26 A furosemida é eliminada através da urina (65%) e das fezes (35%). O início da ação após administração intravenosa ocorre em 30 min e o efeito perdura por 2 a 3 h. Já na administração oral, o efeito do medicamento só é observado 1 a 2 h após e pode persistir, em média, por 4 h. Em geral, os compostos tiazídicos sofrem biotransformação hepática, eliminação hepática e principalmente renal (filtração glomerular e secreção tubular ativa). A absorção da espironolactona ocorre pela via oral. O triantereno também é absorvido por esta via, mas em quantidades variáveis, sendo eliminado por meio de filtração glomerular e secreção tubular, com variação de 10 a 88% A administração imprópria dos diuréticos pode causar: diurese acentuada em pacientes portadores de doença cardíaca, causando hipotensão sistêmica, taquicardia reflexa, má perfusão tecidual e disfunção de órgãos (insuficiência renal, fraqueza muscular). 27 Estar atento a utilização de diuréticos em pacientes com doença pulmonar aguda de origem não cardiogênica, pois a desidratação que se desenvolve prejudica o mecanismo de depuração mucociliar, com diminuição da secreção das vias respiratórias. O manitol, por causar rápida expansão de volume intravascular, acarreta riscos de provocar edema pulmonar, principalmente quando a disfunção cardíaca já está presente. Os felinos são muito mais sensíveis à ação da furosemida e, portanto, requerem monitoramento mais cuidadoso durante a terapia, principalmente no que se refere a desidratação, hipopotassemia e anorexia. Novos diuréticos Esplerenona Torasemida/ Torsemida Bumetanida 28 Anestésicos locais,Anestésicos locais, intravenosos eintravenosos e tranquilizantestranquilizantes Os principais usos dos anestésicos locais são: Os anestésicos locais são agentes que bloqueiam reversivelmente a condução nervosa, quando aplicados localmente no tecido nervoso em concentração apropriada. Seu mecanismo de ação consiste na interação com os canais de sódio na parte interna da membrana celular, sob a forma iônica, bloqueando estes canais. É importante lembrar que somente as formas moleculares (não ionizadas) são lipossolúveis e, portanto, o anestésico precisa penetrar nos tecidos na forma não protonada para depois, dentro da célula, se dissociar e interagir com os canais de sódio. Anestésicos locaisAnestésicos locais 29 Anestesica superficial/tópica Anestesia por infiltração Anestesia perineural Anestesia intra-venosa Anestesia espinal Anestesia intra-articular 30 Lidocaína Potência e duração de ação moderada ( 60 a 120 min) Atravessa a barreira placentária, podendo desencadear problemas cardíacos no feto Efeito antiarrítmico Efeitos tóxicos: sonolência, tremores musculares, hipotensão, náuseas e vômitos Procaína Curta duração (30 a 60 min), podendo ser prolongada quando se associa um vasoconstritor Inibição das ações antimicrobianas das sulfonamidas É empregada ilegalmente para melhorar o rendimento de cavalos de corrida; no caso de claudicação, este anestésico local é empregado para sua dissimulação 31 Tetracaína É empregado principalmente na anestesia tópica Sua potência e toxicidade são 10 vezes maiores do que as da procaína Prilocaína A potência e a duração de ação são semelhantes às da lidocaína, com menor toxicidade Em altas doses, pode induzir a formação de metemoglobina, devido ao seu metabólito o toluidina Bupivacaína É anestésico local de ação duradoura (2 a 4 h) É cerca de 4 vezes mais potente que a lidocaína Pode ser empregado em bloqueios nervosos regionais e na anestesia epidural A injeção acidental, assim como dose elevada, pode resultar em hipotensão arterial e arritmias cardíacas Estes medicamentos são empregados para auxiliar o médico veterinário na contenção química ou como medicação pré‐ anestésica. Podem ser divididos em tranquilizantes maiores e tranquilizantes menores. Derivados fenotiazínicos Derivados butirofenônicos São também denominados antipsicóticos, pois são empregados em seres humanos para tratar transtornos mentais, as psicoses e a esquizofrenia. Outras denominações incluem: Neurolépticos e ataráxicos. Eles bloqueiam receptores dopaminérgicos e produzem ataraxia (estado de relativa indiferença aos estímulos externos). Podem ser classificados conforme sua estrutura química, sendo os mais utilizados na medicina veterinária: Clorpromazina, levomepromazina, acepromazina. Haloperidol, droperidol, azaperona. TranquilizantesTranquilizantes 32 Tranquilizantes maiores - Catalepsia: perda da motilidade voluntária, com rigidez espástica dos músculos - Hipersecreção de prolactina e algumas alterações endócrinas. - Efeito antiemético - Estado de indiferença aos estímulos do meio ambiente, sem efeito hipnótico e sem perda da consciência - Diminuição da agressividade dos animais - Inibição das reações vegetativas emocionais - Potencialização dos efeitos dos hipnóticos, dos anestésicos gerais, dos opiáceos e dos analgésicos anti inflamatórios - Diminuição do limiar convulsivo 33 Os principais efeitos destes medicamentos incluem : Sonolência, apatia, excitação paradoxal em animais predispostos Hipotermia com participação periférica Hipotensão com taquicardia reflexa Contraindicados se houver administração de epinefrina Benzodiazepínicos Seu mecanismo de ação consiste na ligação dos receptore GABA, no cérebro, abrindo o canal de cloreto. A entrada do íon para dentro do neurônio promove a hiperpolarização da membrana pós sináptica, impedindo a passagem do estímulo nervoso. Na Medicina Veterinária, são usados principalmente os benzodiazepínicos e, mais recentemente, a buspirona e os betabloqueadores adrenérgicos - Alprazolam - Clonazepam - Clorazepato - Diazepam - Flurazepam - Lorazepam - Midazolam 34 Tranquilizantes menores Os principais efeitos destes medicamentos incluem : - Efeito miorrelaxante - Efeito ansiolítico - Efeito sedativo / hipnótico- Efeito anticonvulsivante 35 Ataxias Hiperatividade paradoxal em algumas raças Aumento de vocalização Aumento de comportamento predatório O diazepam, em particular, produz em felinos um quadro de necrose hepática idiopática, cuja causa é ainda desconhecida Buspirona Em Medicina Veterinária, a buspirona vem sendo empregada principalmente em felinos, em quadros de ansiedade, como no tratamento do comportamento de urinar inapropriado (aspersão de urina e marcação de território) e também em quadros de agressividade entre felinos. Em cães, pode ser utilizado para o controle de agressividade e da ansiedade. Tanto os derivados fenotiazínicos como os butirofenônicos são absorvidos pelo trato gastrintestinal e por via parenteral. Uma vez absorvidos, são amplamente distribuídos pelos tecidos (principalmente fígado, pulmões e encéfalo), sofrendo diferentes processos de biotransformação (oxidação, hidroxilação, conjugação), sendo eliminados pela urina e também pelas fezes. Os anestésicos intravenosos são medicamentos administrados exclusivamente por via intravenosa. Eles são classificados em barbitúricos, compostos imidazólicos, alquifenóis e derivados da fenciclidina. Os barbitúricos possuem mecanismo de ação complexo, pois alteram tanto a condutividade iônica de diversos íons como interagem com o complexo receptor do ácido gama aminobutírico (GABA), resultando em depressão seletiva do sistema reticular mesencefálico e das respostas polissinápticas em todas as porções do cérebro. Perifericamente, os barbitúricos diminuem a ligação e a seletividade da acetilcolina na membrana pós sináptica, o que ocasiona excelente relaxamento muscular, potencializando os efeitos dos bloqueadores neuromusculares. Eles podem ser divididos em 2 grupos: 1. Tiobarbitúricos 2. Oxibarbitúricos - Tiaminal e Tiopental - Meto - hexital e Pentobarbital Anestésicos intravenososAnestésicos intravenosos 36 Barbitúricos O tempo de duração são dependentes de fatores hemodinâmicos e físico químicos. Na circulação, todos os anestésicos intravenosos estão ligados a proteínas plasmáticas, principalmente albumina, porém o grau de ligação varia segundo o agente usado. Uma vez que apenas os medicamentos livres, não ligados às proteínas, podem se difundir através das membranas celulares, a ligação com proteína diminui a captação pelo tecido e retarda o declínio do nível plasmático durante a fase de distribuição. A biotransformação hepática é o maior fator na determinação do clearance plasmático e na recuperação da anestesia do oxibarbiturato de curta ação (pentobarbital). 37 Compostos imidazólicos Seu mecanismo de ação ainda não foi completamente elucidado. Mas acredita-se que seja capaz de modular a neurotransmissão GABAérgica, interferindo com o receptor GABA A. Além disso, parece aumentar o número de receptores GABA disponíveis, possivelmente deslocando inibidores endógenos da ligação com este neurotransmissor. O principal fármaco utilizado é o Etomidato. Aproximadamente 75% do etomidato liga- se, no plasma, à albumina. São rapidamente distribuídos para cérebro, baço, pulmão, fígado e intestino. A duração da anestesia depende da redistribuição do agente e da capacidade de hidrolisar ésteres no fígado e no plasma. Cerca de 87% do agente administrado são excretados na urina (3% inalterados) e 13% através da bile. Não tem efeito cumulativo e não se observa tolerância adquirida após doses repetidas. 38 Alquifenóis O mecanismo de ação dos alquifenóis é semelhante ao dos barbitúricos e benzodiazepínicos, visto que potencializa a ação do GABA em receptores GABAA, bem como age diretamente induzindo a corrente de cloro na ausência do GABA. Foi demonstrado que este agente exerce ação pró GABAérgica, inibindo tanto a taxa de disparos de neurônios dopaminérgicos quanto daqueles não dopaminérgicos. O principal fármaco desta classe é o Propofol. O propofol apresenta elevado grau de ligação às proteínas plasmáticas: 97 a 98%. A depuração e a distribuição do propofol são rápidas. Estas características farmacocinéticas facilitam seu uso na indução e manutenção da anestesia e, em consequência, a recuperação da anestesia é rápida. Sua biotransformação é realizada por meio das vias hepática e extra hepática, devido à depuração do propofol ser mais rápida que o fluxo sanguíneo hepático, o que também o torna um anestésico indicado para pacientes hepatopatas. 39 Derivados da fenciclidina Estes agentes possuem ações complexas e não totalmente compreendidas na neurotransmissão do sistema nervoso central. Bloqueiam os receptores muscarínicos dos neurônios centrais e podem potencializar os efeitos inibitórios do GABA. Estas substâncias interferem com a neurotransmissão GABAérgica e bloqueiam o processo de transporte neuronal da serotonina, dopamina e norepinefrina. Os principais fármacos desta classe são Quetamina e Tiletamina. Devido ao seu baixo pH, a cetamina é irritante para os tecidos; os animais mostram sinais de dor quando este agente é administrado pela via intramuscular, não promovendo edema ou necrose tecidual, como ocorre com os barbitúricos. Possui rápido início de ação após administração pela via intravenosa ou intramuscular, devido à sua elevada lipossolubilidade. Gatos apresentam decúbito lateral em 90 s após administração intravenosa e 2 a 4 min da injeção intramuscular. Redistribui- se subsequentemente para os tecidos magros. O metabolismo hepático é importante para a depuração da cetamina na maior parte das espécies animais, já que menos de 5% do agente podem ser recuperados na urina, na forma inalterada. Em gatos, porém, cerca de 87% do agente são excretados inalterados na urina. 40 Barbitúricos Perda da consciência. Relaxamento muscular. Reduzem frequência respiratória . Taquicardia e aumento da pressão arterial média e do débito cardíaco (cães normovolêmicos). Redução da pressão arterial, do retorno venoso e inotropismo negativo quando doses excessivamente altas são administradas em bolus (equinos). Diminuem a pressão intracraniana. Atravessam a barreira placentária causando efeitos depressores no feto, sendo estes efeitos dose dependentes. 41 Compostos imidazólicos Efeito de ultracurta duração, desencadeando anestesia que não ultrapassa 10 a 15 min. Relaxamento muscular razoável. Não possui ação analgésica. Dor à injeção, mioclonias, excitação e vômitos são episódios frequentes após a administração. Não causa qualquer alteração do ritmo cardíaco. Reduz o fluxo sanguíneo cerebral em até 50%, o metabolismo e a pressão intracraniana. ALQUIFENÓIS Não ocorre analgesia com este agente e o grau de relaxamento muscular é moderado. Apneia transitória, redução do volume minuto e da frequência respiratória com aumento da PaCO2 e diminuição da PaO2 Hipotensão sistêmica resultante da redução da resistência vascular periférica. Atravessa a barreira placentária, não promovendo efeitos teratogênicos ou depressão importante que inviabilize os fetos. (incidência proporcional à dose). 42 Derivados da fenclidina Não se verifica perda de reflexos protetores. Os olhos permanecem abertos as pupilas midriáticas. Ausência de relaxamento muscular. Hipertonia muscular. Sialorreia é frequente, principalmente em felinos e ruminantes. Promovem analgesia intensa no sistema muscular esquelético. Depressão dose dependente do sistema respiratório. 43 HipnoanalgésicosHipnoanalgésicos Também conheceidos como opioides, eles atuam na maioria das células nervosas, promovendo hiperpolarização, inibição da deflagração do potencial de ação e inibição pré sináptica da liberação de neurotransmissor. Verifica- se, em alguns neurônios, despolarização, mas provavelmente este efeito seria indireto, por meio da supressão de uma determinada via inibitória. A ativação do receptor opioide causa o fechamento de canais de cálcio voltagem sensíveis, abertura dos canais de potássio e subsequente hiperpolarização celular. Alémdisso, causam inibição da atividade da adenilciclase, acarretando, consequentemente, na inibição do monofosfato cíclico de adenosina (cAMP). Estes medicamentos possuem diferentes classes, serão destacados aqui somente os principais utilizados na medicina veterinária. HipnoanalgésicosHipnoanalgésicos 44 Via subcutânea Via intramuscular Via intravenosa Epidural VIAS DE ADMINISTRAÇÃO 45 DISTRIBUIÇÃO, BIOTRANSFORMAÇÃO E ELIMINAÇÃO Se distribui pelos diferentes tecidos: sistema nervoso central, fígado, rins, pulmões e músculos No sistema microssomal hepático, é conjugada com glicuronídeo, formando morfina -3 -glicuronídeio (75 a 85%) e morfina -6 glicuronídeo (5 a 10%) A maior parte da morfina biotransformada é excretada pela urina (90%), por isto, deve -se considerar que seus metabólitos podem se acumular em pacientes com insuficiência renal. O restante dos metabólitos é eliminado pelas fezes (7 a 10%) EFEITOS TERAPÊUTICOS/COLATERAIS Analgesia Sedação (macaco e cão) Suscetibilidade a euforia e excitabilidade Nâuseas e vômitos Inibição do reflexo da tosse e respiratória Miose/midríase Termorregulação: Constipação intestinal Bradicardia (gatos, cavalos, porcos, vacas, caprinos e ovinos) - hipotermia (macaco e cão) - hipertermia (bovinos, ovinos, caprinos, equinos e gatos) 46 DERIVADOS DA MORFINA O uso da morfina é indicado em qualquer situação na qual se deseje obter alívio da dor, bem como na medicação pré- anestésica e durante o período transoperatório. Codeína Efeito analgésico bem menor do que aquele produzido pela morfina, não é utilizado com finalidades analgésicas em animais. Ela é amplamente utilizada para deprimir o centro da tosse, com menores efeitos colaterais quando comparada àqueles produzidos pela morfina; no entanto, este medicamento tem efeito constipante muito pronunciado. Normalmente é associada a expectorantes, sendo utilizada principalmente na clínica veterinária em cães. Butorfanol Atua como antagonista mais fraco ou parcial em receptor MOP. Apresenta potente efeito antitussígeno e não deprime o centro respiratório. Ele promove ligeira sedação em cães e quase nula sedação em gatos; portanto, deve se utilizar com um tranquilizante quando for empregado na pré‐ medicação. 47 Etorfina É um análogo semissintético da morfina. Sua grande potência analgésica não lhe confere vantagem clínica específica, mas vem sendo amplamente utilizada em Medicina Veterinária para imobilizar animais silvestres. Pode também ser utilizada na neuroleptoanalgesia em equinos. Hidromorfona É um opioide semisintético, com grande afinidade em receptores MOP e KOP, promovendo efeito analgésico 6 a 7 vezes maior que a morfina. Além disso, estimula o centro do vômito em um grau bem menor. Vem sendo utilizado para produzir analgesia, sedação e como adjunto na anestesia em cães e gatos. Metadona Desempenha um papel importante nas vias descendentes da dor, inibindo a receptação de norepinefrina e serotonina. Apresenta efeito analgésico farmacologicamente semelhante à morfina e duração de efeito consideravelmente maior, apresentando meia vida plasmática de 15 a 20 h. Por outro lado, este medicamento possui menor efeito sedativo que a morfina. É um analgésico de ação central, exercendo seus efeitos por ser um fraco agonista de receptores MOP, sendo empregado em pacientes que requerem tratamento para dores de leves a moderadas. É considerado um analgésico moderado, entretanto pode ser utilizado com segurança com outros analgésicos. 48 Fentanila Sua vantagem é porque quando administrado por via intravenosa, apresenta efeito quase imediato. Em Medicina Veterinária, este é utilizado principalmente na neuroleptoanalgesia, através de bolus intravenosa, ou por meio de infusão constante em animais para alívio da dor ou principalmente como adjunto na anestesia. Tramadol Naloxona Naltrexona Nalorfina Antagonistas Narcóticos 49 ExercíciosExercícios 1- Esta via é mais usada para finalidade diagnóstica. É aplicada na camada entre a derme e o tecido subcutâneo, cerca de 2mm abaixo da área externa da pele com pequenos volumes do medicamento. Isto se refere a: a. ( ) Subcutânea b. ( ) Intravenosa c. ( ) Intradérmica d. ( ) Intraperitoneal 2- O mecanismo de ação desta classe farmacológica ainda é complexo, pois alteram tanto a condutividade iônica de diversos íons como interagem com o complexo receptor do ácido gama‐ aminobutírico (GABA): a. ( ) Barbitúricos b. ( ) Alquifenóis c. ( ) Hipnoanalgésicos d. ( ) Imidazólicos 3- Em gatos, cavalos, porcos, vacas, caprinos e ovinos possui suscetibilidade a euforia e excitabilidade: a. ( ) Tramadol b. ( ) Butorfanol c. ( ) Etorfina d. ( ) Morfina 4- É um exemplo de diurético poupador de potássio: a. ( ) Triantereno b. ( ) Furosemida c. ( ) Manitol d. ( ) Acetozolamida 50 5- O Verapamil pertence a classe farmacológica: a. ( ) Bloqueadores dos canais de cálcio b. ( ) Inibidores da enzima conversora de angiotensina II c. ( ) Vasodilatadores d. ( ) Digitálicos 6- Os medicamentos pertencentes a classe IC de antiarritmicos diminuem a condução com pouco efeito sobre o período refratário e o potencial de ação, um dos medicamentos é a Flecainida. a. ( ) Falso b. ( ) Verdadeiro 7- É o anestésico local de ação duradoura (2 a 4 h): a. ( ) Lidocaína b. ( ) Tetracaína c. ( ) Bupivacaína d. ( ) Procaína 8- Qual o mecanismo de ação dos digitálicos ? 51 C A D A A B C 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. Atuam através da inibição da enzima Na + –K + ATPase, com consequente aumento de Ca ++ intracelular. Esta enzima é responsável pela saída de íons Na + que são trocados por íons K + na célula cardíaca. A utilização dos digitálicos, diminuem a atividade da enzima e, consequentemente, a redução da troca de Na +–K +, isso promove aumento do Na + intracelular, que, uma vez em excesso, é trocado por Ca ++ , que leva a um influxo maior de Ca ++ para dentro da célula, o qual é oferecido em maior concentração às proteínas contráteis, aumentando, assim, a intensidade de contração do músculo cardíaco. 52 GabaritoGabarito 53 BônusBônus Spinosa, H.S.; Gorniak, S.L.; Bernardi, M.M. Farmacologia Aplicada à Medicina Veterinária. 6 ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017, 1420 p. ANDRADE, S. F. Manual de terapêutica veterinária: consulta rápida. 1ª Ed, Roca, 2017, 569p. @studyvetjhade jhademendesbrito@hotmail.com 54 ReferênciasReferências 2021
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