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Evolução Humana Luiza Lese Pereira A Evolução do Parto em Hominídeos Os Primatas: - cabeça e cérebros grandes em relação ao tamanho do corpo (quociente de encefalização elevado) → tamanho da cabeça do neonato é semelhante a da pélvis materna - parto é relatado como sendo difícil para os pequenos primatas e para os humanos e mais fácil para os grandes primatas - canal pélvico tem três planos relevantes: a entrada, o plano médio e a saída - crânio do neonato é maior na dimensão sagital - período de gestação é semelhante Evidências fósseis da África apontam que: - 5Ma: surgem os primeiros hominídeos (família Hominidae) - bipedalismo e alterações pélvicas - 4Ma: Australopithecus anamensis - cérebro de tamanho proporcional ao dos chimpanzés modernos - 2,5Ma: Homo - expansão significativa do tamanho do cérebro e primeiras ferramentas de pedra Características exclusivas de Homo: - Bipedalismo - Cérebros grandes e complexos - Dependência de materiais/ferramentas - Comunicação através da linguagem (símbolos) - Parto assistido O parto assistido pode estar relacionado com as restrições impostas pelo 1) bipedalismo e pelo 2) cérebro grande e imaturo do neonato (altricialidade secundária). Embora os humanos sejam geneticamente mais aparentados aos grandes primatas (Apes), são os primatas menores (Monkeys) que fornecem um modelo melhor para o que era o parto de primatas pré-humanos. ↳ Justificativa: fósseis de Proconsul - ancestral dos primeiros hominídeos (Australopithecus) - datação: cerca de 25 milhões de anos - animal sem cauda que provavelmente se parecia com os grandes primatas, mas seu esqueleto sugere que ele se movimentava mais como os primatas menores - sua pelve também era mais parecida com a dos primatas menores Nascimento em Primatas Menores (Monkeys) Parto é geralmente de cócoras Canal pélvico: oval, com diâmetro mais longo na dimensão sagital (ântero-posterior) e porção mais larga virada para as costas da mãe Occipital do neonato se encaixa melhor contra a porção posterior da pélvis materna Luiza Lese Pereira 1 Macaca se abaixa para guiar a saída do filhote Filhote geralmente é capaz de ajudar no parto Parto é um evento solitário Filhotes até podem girar durante o nascimento, porém de uma forma diferente que humanos Maioria dos neonatos são precociais (altamente desenvolvidos; rápida independência parietal) Nascimento em Humanos Modernos Parto é geralmente de cócoras Canal pélvico não tem um tamanho constante (entrada é mais larga lateralmente e depois passa a ser mais larga anteroposteriormente) Dimensões da cabeça do neonato é semelhante à pélvica materna - diâmetro médio da abertura pélvica materna média: 13cm x 10cm (oval) - diâmetro médio da cabeça de um bebê: ântero-posterior de 10cm (oval) - largura média dos ombros de um bebê: 12cm Por quê rotar: bipedalismo e cabeça grande - Cabeça do neonato é maior na dimensão sagital - Occipital é a parte maior e mais rígida da cabeça do neonato, ficando pressionado contra os ossos púbicos maternos → nasce voltado para a direção contrária da mãe - Neonatos com ombros mais largos - Após a cabeça sair, é preciso mais uma rotação para que os ombros possam passar Parto assistido: - provavelmente surgiu há 5 MA., devido ao bipedalismo - atualmente, é um fenômeno quase universal - se tornou mais vantajoso (seleção natural) - busca motivada provavelmente por necessidades emocionais (medo, ansiedade, dor ou desejo) Neonatos são bastante altriciais (desamparados; total dependência de cuidados) Denominações para o período imediatamente após o nascimento: - exterogestação: neonato humano continua por algum tempo a funcionar mais como um feto do que uma criança. - altricialidade secundária: evoluíram para um padrão altricial de ancestrais de primatas mais precoces Evolução do Mecanismo de Nascimento Bipedalismo e crânio grande: evoluíram em tempos diferentes em resposta a diferentes pressões seletivas Morfologia (tamanho e forma) do canal pélvico materno e do crânio neonatal são relacionados Mecanismo do nascimento: deduzido a partir morfologia do canal pélvico e do conhecimento das dimensões de crânios adultos (permitem estimar o dos neonatos!) 1) Evolução do Canal Pélvico Luiza Lese Pereira 2 Há 4 Ma: Australopithecus → bipedalismo limitou o tamanho máximo da pelve Conhecimento da anatomia pélvica: 2 fósseis de australopithecus (fêmeas) - Sts 14 de Sterkfontein, África do Sul e AL 288-1 (Lucy) de Hadar, Etiópia - pelve do tipo platipelóide (oval achatado, com maior dimensão lateralmente) - eixos de entrada e saída são paralelos entre si (simétrico) → semelhante à passagem reta do canal de primatas não-humanos Possíveis modificações no parto devido aos ombros largos: - Australopithecus: cabeça do neonato gira externamente para que os ombros pudessem sair - Hominídeos posteriores: em conjunto com o aumento do tamanho da cabeça do neonato, entre outros fatores, selecionou pelves de formato mais arredondado (seleção natural) 2) Evolução da Encefalização Há 1,5 Ma: tamanho da pelve limitava o crescimento do cérebro do feto; porém o cérebro adulto estava aumentando (por exemplo, Homo erectus). Aumento no tamanho do cérebro de adultos parece ter ocorrido devido a duas mudanças: - neonatos com uma porcentagem menor do tamanho do cérebro adulto (resultando em maior desamparo infantil) - alteração na forma da pelve, concomitante com uma mudança no mecanismo de nascimento Restos fósseis da pelve de um H. erectus jovem (Jovem de Turkana) e o crânio de outros espécimes: possivelmente o crescimento rápido do cérebro continuava após o nascimento → neonatos altriciais! Ombros largos e cabeça média: necessidade de rotação Há 300 mil anos: Homo sapiens arcaico tinha abertura pélvica torcida como em modernos Provavelmente pariam como os modernos: - mecanismo de nascimento (rotação e posição contrária do neonato) - comportamento (obrigação de obstetrícia) Há 100 mil anos: evolução no tamanho do cérebro moderno e na morfologia pélvica. Dimorfismo sexual pélvico moderno: - Período de surgimento incerto - São um reflexo de diferentes restrições seletivas sobre os sexos devido à locomoção e parto - Provavelmente ocorreu de maneira mosaica Textos de Referência: Evolução do Nascimento Humano http://labs.icb.ufmg.br/lbem/aulas/grad/evol/humevol/evol-nasc-humano.html (original: https://www.researchgate.net/publication/11672138_The_Evolution_of_Human_Birth) Birth, obstetrics and human evolution (https://obgyn.onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1046/j.1471-0528.2002.00010.x) Luiza Lese Pereira 3
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