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UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas Filosofia da Educação I Professor Dr. César Aparecido Nunes Isabela Mallis Martinho de Araujo RA:236927 PLATÃO. O Sofista. Tradução: Carlos Alberto Nunes. UFB, 1980. SÍNTESE Platão (427 a.C. -347 a.C.) foi um dos mais importantes filósofos de todos os tempos. Originário da Grécia e discípulo de Sócrates, suas teorias, chamadas de platonismo, tentam distinguir dois mundos: o sensível ou mundo dos reflexos e o inteligível ou mundo das ideias. A obra, O Sofista, que é objeto dessa síntese, é um diálogo lógico-discursivo entre quatro personagens: Teodoro, Sócrates, Teeteto e “O Estrangeiro” ou “Hospede de Eleia”. Durante o diálogo Sócrates pede que o Estrangeiro explicite como os filósofos são classificados em sua terra de origem. Desse modo, o natural de Eleia desenvolve um diálogo com Teeteto (matemático) para definir tais conceitos. Ele usa um método que usa analogias para criar ramificações até chegar no real conceito de Sofista. Chega a seis analogias que irão descrever os sofistas: o caçador, o mercador, o retalhista, fabricante de conhecimentos, o mercenário da arte erística e o refutador. Na primeira definição – o caçador – o sofista seria aquele que caça pessoas ricas de famílias ilustres para ensinar virtudes por meio da conversação em troca de pagamento. A segunda definição – o mercador – é um comerciante que vende de cidade em cidade conhecimentos, discursos e virtudes políticas que outra pessoa produziu, o Estrangeiro chega até a chamar essa prática de tráfico de artes. A terceira seria um retalhista dos conhecimentos vendidos pelo mercador. Ligada a segunda analogia, viria uma outra – o fabricante de conhecimentos – que venderia a própria produção e revenderia produções adquiridas. Já o mercenário da arte erística, recebe dinheiro para ensinar o combate de argumentos através de perguntas e respostas, sendo que o objetivo não é obter a verdade, mas sim vencer o argumento do outro. Por fim, o refutador ou purificador de opiniões pratica a arte de separar com o objetivo de purificar as opiniões – retém o melhor e rejeita o pior. Platão ainda usa o diálogo para definir algumas funções da educação. A educação seria responsável por nos livrar da ignorância. Existe a educação que é ministrada pelo discurso e pela transmissão de conhecimento, assim como os pais também podem educar através de advertências e repreensões. A função do ensino também está em tirar a presunção daqueles que se dizem sábios através de perguntas que provem que eles não são detentores de todo conhecimento. Essa última função nos é útil até hoje, já que a autocrítica e a consciência de que não se sabe tudo livra-nos da arrogância e da alienação. Através da mimética – arte de produzir imagens – as personagens estabelecem mais uma característica dos sofistas: produzir ficções verbais, dando a aparência de saber tudo sobre o mundo. Desse modo, os sofistas estariam afirmando o falso. Partindo dessa ideia e contrariando a ideia de Parmênides – o não-ser é impensável e indizível – o diálogo chega à conclusão de que o não-ser existe e que ele representaria o discurso falso. Os sofistas usam a ideia da inexistência do não ser para refutar a acusação de que eles são apenas produtores de simulacros. Entretanto, o Estrangeiro afirma que “na falsidade dos discursos e opiniões o não-ser de alguma forma é”. Isso significa que – se considerarmos a imagem produzida pelo simulacro como um objeto parecido com o verdadeiro e o ser o que há de real – a imagem seria na dimensão irreal, ou seja, um “não- ser irreal”. Portanto, o que se destaca neste diálogo de Platão é o debate sobre o discurso falso em oposição ao discurso verdadeiro – sendo que para isso usa a alteridade entre o ser e o não-ser – e a tentativa de inferiorizar a sofística como conhecimento, colocando a filosofia como conhecimento superior. Em outro momento, ao passar pelas posições contrárias das doutrinas pluralistas e unitárias sobre o ser, bem como sobre a irredutibilidade do ser ao movimento (Heráclito) e ao repouso (Parmênides), Platão chega à conclusão de que o verdadeiro ser (a forma) é, concomitantemente, uno ( por conta das suas cópias finitas no mundo sensível) e múltiplo (por conta da multiciplidade infinita das formas), propondo assim um ser metafísico.
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