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Londres e Paris no século XIX

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UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas 
 
Beatriz Ignatios Dias da Silva – RA: 231964 
Isabela Mallis Martinho de Araujo – RA: 236927 
 
TRABALHO 1 – SOCIOLOGIA GERAL 
 
Londres e Paris no século XIX 
Maria Stella Martins Bresciani 
 
DIA 
Acorda José. O dia nem amanheceu e a labuta já te espera. 
Alguém já te disse: “Trabalhar é preciso”. Então levanta, corre, olha a hora da 
condução! 
- Poema de Trabalhador, Ubirajara Oliveira 
 
Os tempos e os lugares mudam, mas o cenário é o mesmo. À época da revolução industrial 
as cidades de Londres e Paris estavam apinhadas de trabalhadores, que se aglomeravam 
nos centros urbanos. Hoje, no Brasil, o caos nas grandes cidades ainda impera. 
Em meio aos aglomerados as pessoas tornam-se espectros e acabam perdendo sua 
identidade. São apenas parte de um todo. Essa multidão sem história só serve de força de 
trabalho para mover a máquina capitalista. Nesse sentido, as partes que perdem sua função 
são excluídas da sua posição formando uma massa de miseráveis. 
Assim ao final de cada dia o ciclo se repete, essa é a única certeza que se tem além da 
certeza da morte. Todos os dias, todos se levantam para presenciar o mesmo cenário no 
qual a pressa demonstra que o tempo parece se esgotar a cada passo e as pessoas, tão 
contidas em sua individualidade, não trocam olhares, já que suas vidas se destinam apenas 
na obtenção de recursos para garantir a sobrevivência no próximo dia. 
 
NOITE 
É a hora em que o pássaro volta, 
mas de há muito não há pássaros; 
só multidões compactas 
escorrendo exaustas 
como espesso óleo 
que impregna o lajedo; 
 desta hora tenho medo. 
 
 
É a hora do descanso, 
mas o descanso vem tarde, 
o corpo não pede sono, 
depois de tanto rodar; 
pede paz — morte — mergulho 
no poço mais ermo e quedo; 
desta hora tenho medo. 
- Anoitecer, Carlos Drummond
A noite carrega consigo o medo da escuridão e do desconhecido nos mais diversos lugares 
e contextos. O caos que habita o dia diferencia-se do caos que habita a noite a partir do 
momento que as figuras mudam: ladrões, prostitutas, catadores de lixo. Essas pessoas são 
marginalizadas e se veem obrigadas a um modo de vida degradante. 
Os ladrões, que podem ser tanto homens desempregados, como órfãos, tiram dos seus 
iguais. Enquanto isso, acima de todos, está a classe exploradora, que ostenta luxos e 
regalias às custas do sofrimento dos trabalhadores. 
 As prostitutas são em sua maioria órfãs ou mulheres abandonadas com crianças. Nessa 
sociedade excludente, onde a figura feminina é ainda mais rebaixada, o que lhes resta é 
vender o próprio corpo como forma de sustento. 
Por fim, aos catadores de lixo, ficam os restos do resto. 
Como disse Engels, é uma guerra de todos contra todos. 
 
CAPITALISMO 
Mulher proletária — única fábrica 
que o operário tem, (fabrica filhos) 
tu 
na tua superprodução de máquina humana 
forneces anjos para o Senhor Jesus, 
forneces braços para o senhor burguês. 
- Mulher Proletariada, Jorge de Lima 
 
É assim, como no poema, que o indivíduo é visto pelo capitalismo: o proletário, a máquina 
humana. 
Na incessante correria do cotidiano, o homem é retirado da lógica da natureza e colocado 
no tempo útil do patrão, que é o único que gera abundância e riqueza. Ao mesmo tempo, 
manipulado, o trabalhador aproveita pequenas concessões e continua a ser motor do 
sistema, que o escraviza. 
Esse cenário de alienação e objetificação do trabalhador pode ser facilmente constatado 
no filme Tempos Modernos de Charles Chaplin, no qual o protagonista exerce 
compulsivamente a mesma função até se tornar parte da máquina. 
O proletário, em meio a uma longa jornada de trabalho e pouco tempo para refletir sobre 
seus direitos e papéis sociais, não percebe que recebe uma miséria enquanto produz a 
mais-valia para o patrão, dono do meio de produção. Como o poema de Vinícius de 
Morais, O Operário em Construção: 
De fato, como podia 
Um operário em construção 
Compreender por que um tijolo 
Valia mais do que um pão? 
Assim, continua-se vivendo em uma eterna luta de classes.

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