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CapitaesDeAreia - Modernismo - 2a fase

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Análise de obrAs literáriAs
cAPITÃES DA AREIA
jorGe AMAdo
Rua General Celso de Mello Rezende, 301 – Tel.: (16) 3603·9700
CEP 14095-270 – Lagoinha – Ribeirão Preto-SP
www.sistemacoc.com.br
suMário
1. Contexto soCiAl e HistÓriCo .................................................... 7
2. estilo literário dA époCA ........................................................... 9
3. o Autor ................................................................................................. 10
4. A obrA .................................................................................................... 13
5. exerCíCios ........................................................................................... 23
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cAPITÃES DA AREIA
jorGe AMAdo
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capitães da Areia
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1. Contexto soCial e HistÓRiCo
o ModeRnisMo
o início do século xx foi marcado por profundas mudanças de ordem tec-
nológica e científica. No entanto, os artistas não ficaram à margem das transfor-
mações. A europa se encontrava em intensa turbulência. problemas de natureza 
política e conflitos entre países vizinhos contribuíram para o surgimento, em 
1914, da Primeira Guerra Mundial. Tais crises geraram um clima propício para 
a efervescência artística, favorecendo o aparecimento das chamadas vanguardas 
europeias. essas manifestações artísticas eram formadas por intelectuais em geral 
que, não satisfeitos com o mundo turbulento à sua volta, buscaram novas solu-
ções, novas formas de expressão artística, surgindo assim os famosos “ismos”: 
futurismo, expressionismo, cubismo, dadaísmo e surrealismo. 
Apesar de diferentes entre si, as vanguardas guardavam algumas seme-
lhanças, principalmente em se tratando do questionamento à herança cultural 
proveniente do século xix. Havia consenso contra a arte conservadora e crista-
lizada do passado, e fazia-se urgente a construção de novos modelos de beleza 
e de arte.
a situação HistÓRiCa
A enorme crise econômica, social e moral que acontecia na Europa, du-
rante o período “entreguerras”, estendeu-se aos países capitalistas na década de 
1920. Os liberais sofreram vários ataques e, a partir da Primeira Guerra (1914) 
e da Revolução Russa (1917), viram-se enfraquecidos e mais tarde derrotados. 
Toda essa instabilidade foi gerada por uma verdadeira insatisfação e por um 
forte rompimento com os ideais do século XIX. Tanto as correntes cientificistas 
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jorge Amado
surgidas no século anterior, como positivismo, determinismo e outras, quanto 
uma postura artística voltada para a forma pura não faziam mais sentido diante 
do caos estabelecido. O grande avanço tecnológico, que trazia o automóvel, o 
cinema, as fábricas e até as máquinas voadoras, enaltecia a velocidade, a energia, 
o movimento, o futuro, o progresso. Os conflitos mundiais geraram grandes 
transformações e acabaram por criar, em alguns países, um forte nacionalismo 
que se ramificou em novas correntes ideológicas, como o nazismo, o fascismo e 
o comunismo, que, sem dúvida, mudaram a face do mundo.
o ModeRnisMo no BRasil
No Brasil, a ideia de que era necessária uma mudança radical no meio 
artístico-cultural não era adotada por todos. A árdua tarefa ficou a encargo de um 
grupo de jovens artistas (escritores, pintores etc.) que promoviam e articulavam 
movimentos com o objetivo de agitar o ambiente cultural adormecido da época.
Liderados por Oswald de Andrade e por Mário de Andrade, o grupo não 
sabia ainda bem o que queria, mas sabia exatamente o que não queria. São Paulo 
responsabilizou-se por essa empreitada de renovação artística. O grupo pretendia 
dar um novo grito de independência (1922 – 100 anos da independência do Brasil) 
contra o atraso cultural do país. Após meses e meses de preparo, entre apoios 
e críticas, os jovens, com a importante adesão de nomes como Graça Aranha, 
Paulo Prado e outros que financiaram o evento, apresentaram a Semana de Arte 
Moderna no Teatro Municipal de São Paulo.
A partir desse momento, o Modernismo iniciou seu longo caminho de 
“abre-alas” cultural, estendendo-se por muitos anos. Sendo assim, costuma-se 
caracterizar o movimento por fases, de acordo com seus principais objetivos:
Fase objetivos Representantes
1ª fase (fase heroica)
1922 a 1930
rompimento com o 
passado. Caráter anár-
quico e destruidor.
oswald de Andrade
Mário de Andrade
Manuel bandeira
Alcântara Machado
2ª fase
(fase de consolidação)
1930 a 1945
Amadurecimento das 
con quistas da fase 
anterior.
engajamento político.
Denúncia dos pro-
blemas sociais.
Graciliano ramos
Rachel de Queirós
jorge Amado
Carlos drummond de Andrade
Cecília Meireles
Vinícius de Moraes
Pós-Modernismo
a partir de 1945
inovações na prosa e 
na poesia.
diversidade literária.
Guimarães Rosa
Clarice lispector
João Cabral de Melo Neto
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2. estilo liteRáRio da éPoCa
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jorge Amado
3. o autoR
A vida deu créditos enormes a ele, 
dos quais nunca se achou merecedor. São 
39 livros, cerca de 21 milhões de exempla-
res vendidos no Brasil nos últimos 25 anos 
e tradução em 52 países, de A, de Albânia, 
a V, de Vietnã.
Geraldo Mayrink
Jorge Amado foi, até recente-
mente, o autor mais publicado e tradu-
zido do Brasil, só sendo, atualmente, 
superado pelo escritor Paulo Coelho.
“Amado Jorge” é, sem dúvida, 
o autor que mais teve a obra adapta-
da para a televisão e para o cinema 
brasileiros.
Nasceu em Itabuna, na Bahia, 
em 10 de agosto de 1912. No ano seguinte, por conta de uma epidemia de varíola 
(dado presente na obra capitães da Areia), foi obrigado a deixar a fazenda e se 
estabelecer em Ilhéus, onde viveu a maior parte da infância, que lhe serviu de 
inspiração para vários romances.
De 1931 a 1935 frequentou a Faculdade Nacional de Direito, no Rio de 
Janeiro, onde estabeleceu seus primeiros contatos com o movimento comunista 
organizado. Formado, nunca exerceria a carreira jurídica. Em 1933, casou-se 
com Matilde Garcia Rosa. Durante esse período, publicou seus primeiros 
livros.
Já trabalhando como jornalista e filiado ao Partido Comunista, foi preso 
por diversas vezes, tendo seus livros queimados em praça pública, em Salva-
dor.
Viveu exilado na Argentina e no Uruguai (1941 a 1942), em Paris (1948 a 
1950) e em Praga (1951 a 1952). Escritor profissional, viveu exclusivamente dos 
direitos autorais dos seus livros. 
Em 1944, separou-se de Matilde, elegeu-se deputado federal pelo PCB 
e casou-se com Zélia Gattai, também escritora, com quem viveu até o fim da 
vida.
jorge Amado foi eleito para a Academia brasileira de letras em 6 de abril 
de 1961, ocupando a cadeira 23, cujo patrono é José de Alencar.
Morreu em Salvador, a 6 de agosto de 2001, poucos dias antes de completar 
89 anos.
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JoRge: o Mais aMado do BRasil
Todos sabemos a enorme popularidade de Jorge Amado, não só no Brasil, 
como no mundo inteiro. Mas por que ele é tão aceito pelo público leitor?
Vejamos algumas de suas características principais e de sua obra, muitas 
delas afirmadas pelo próprio autor: 
– apresenta-se como o mais fecundo contador de histórias regionais da nossa 
literatura;
– trabalha com a descrição de tipos marginais, pescadores, marinheiros, 
visando, por intermédio deles, a analisar toda a sociedade;
– usa e abusa de uma linguagem oral que retrata o falar do povo;
– apresenta, com frequência, grandes painéis coloridos e de fácil percepção 
a todo tipo de leitor;
– seus romances são fortemente marcados pelo lirismo e alguns deles, por 
uma postura ideológica explícita;
– segundo o próprio autor, sua extensa obra divide-se em dois grandes mo-
mentos:
1º) a narrativa de denúncia da exploração dos trabalhadores e suas lutas 
políticas;
2º)a narrativa colorida de costumes. 
Apresenta-se como marco divisório dessas duas etapas a publicação da 
obra Gabriela, cravo e canela, em 1959.
Com a palavra o próprio autor:
Não sei fazer outra coisa... Então, primeiro, eu escrevo porque, bem ou mal, é a 
única coisa que sei fazer; segundo, porque é um ofício que, sendo difícil, duro, por vezes 
dramático mesmo, é um ofício que dá também muita alegria, uma certa satisfação por 
ter feito alguma coisa. O que me toca realmente muito dentro do meu ofício é saber que 
houve em várias partes do mundo mulheres que, porque leram Teresa Batista, se sentiram 
com força para realizar determinadas coisas. Essas coisas são importantes para o escritor, 
essas são as coisas que te tocam, que significam alguma coisa. E é por isso que escrevo. 
Eu escrevo também porque não tenho outro meio de vida senão os direitos autorais dos 
meus livros, mas eu posso dizer-lhe que eu escrevo por não poder deixar de escrever, de 
escrever romances, de recriar a vida.
jorge Amado
oBRas do autoR
De acordo com alguns críticos, a obra do autor pode ser assim classificada:
– Romances proletários: aqueles que retratam a vida urbana em Salvador, 
com forte coloração social: O país do carnaval, Suor e capitães da Areia.
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jorge Amado
– Ciclo do cacau: aqueles cujos temas são as fazendas de cacau de Ilhéus e 
Itabuna, a exploração do trabalhador rural e a presença dos exportadores 
que constituíam a nova força econômica da região: Cacau, Terras do sem fim 
e São Jorge dos Ilhéus.
– depoimentos líricos e crônicas de costumes: aqueles em que o autor 
trabalha mais intensamente com o lirismo, como é o caso de Jubiabá e Mar 
morto, e aqueles em que apresenta um panorama humorístico de uma ci-
dade, com tom ameno, descrevendo tipos humanos sensíveis e caricatos. 
Essa produção iniciou-se com Gabriela, cravo e canela, estendendo-se às 
últimas produções, exceção feita à obra Velhos marinheiros, na qual o autor, 
deixando a espontaneidade, busca um estilo de sabor clássico, para traduzir 
ironicamente seu humor.
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4. a oBRa
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Publicada em 1937, a obra pertence à fase mais ideológica do autor, em que, 
como ele mesmo afirmava, a narrativa pendia para a denúncia da exploração dos 
trabalhadores, suas lutas sociais e o inevitável engajamento político.
A obra apresenta de maneira bastante crítica e ilustrativa a vida dos menores 
abandonados que perambulavam pela ruas de salvador na década de 1930.
Curiosidade: como a obra foi publicada pouco depois de implantado o Estado 
Novo, sua primeira edição foi apreendida e os exemplares, queimados em praça pública 
de Salvador por autoridades da ditadura. Ela só retornaria de maneira definitiva sete anos 
depois, em uma nova edição, datada de 1944.
Antes da narrativa propriamente dita, a obra oferece uma seção denominada 
“Cartas à Redação”, em que se apresenta uma série de cartas enviadas à redação de 
um jornal por diferentes pessoas e segmentos da sociedade baiana, os quais emitem 
divergentes opiniões a respeito do reformatório que abrigava esses jovens.
Temos ali uma aula sobre as diferentes intencionalidades, ora de quem 
escreve, ora do jornal, e principalmente do narrador, ao explicitar em quais con-
dições (localização, clichês, foto etc.) os textos foram publicados.
Os textos apresentados são os seguintes:
– reportagem crianças ladronas;
– carta do secretário de polícia ao jornal;
– carta do dr. juiz de menores ao jornal;
– carta de uma mãe, costureira, ao jornal;
– carta do padre José Pedro ao jornal;
– carta do diretor do reformatório ao jornal;
– títulos da reportagem.
Toda a série de cartas enviadas à redação do jornal baiano foi motivada pela 
reportagem crianças ladronas, na qual o jornal acusa a negligência por parte da 
polícia local, e do juizado de menores, em relação à ação dos “capitães da areia”. 
Essa reportagem se apresenta como um primor demagógico, preconceituoso 
e oportunista, uma vez que foi escrita pelo fato de a vítima ser o comendador 
José Ferreira, “um dos mais abastados e importantes negociantes de Salvador”. 
Ao se referir aos “Capitães da Areia”, assim os denomina: “grupo de meninos 
assaltantes e ladrões que infestam a nossa urbe”.
seguem-se as cartas do secretário de polícia e a do doutor juiz de menores; 
nelas há acusação mútua e nenhuma ação concreta. 
A carta da mãe costureira surpreende pela coragem e sugestão apresen-
tadas: Se o jornal do senhor mandar uma pessoa lá, secreta, há de ver que comida eles 
comem, o trabalho de escravo que têm, que nem um homem forte aguenta, e as surras 
que tomam, no que é seguida pela do padre josé pedro reiterando as acusações 
da referida mãe ao reformatório: As crianças no aludido reformatório são tratadas 
como feras, essa é a verdade [...] com espancamentos seguidos e castigos físicos verda-
deiramente desumanos.
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A última carta é a do diretor do reformatório, que, de maneira radical, rebate 
as críticas, assim se referindo a seus autores: Quanto à carta de uma mulherzinha 
do povo, não me preocupei com ela, não merece a minha resposta; e, mais adiante, O 
tal padre é apenas um instigador do mau caráter geral dos menores sob a minha guarda. 
E por isso vou fechar-lhe as portas desta casa de educação.
outro dado importante é observar em que parte do jornal e com qual des-
taque essas cartas foram publicadas. Enquanto a do secretário do chefe de polícia 
aparece na primeira página, complementada com um elogioso comentário, a da 
mãe costureira aparece na quinta página, entre anúncios, e sem comentários.
A forte intencionalidade presente nesse material e na postura do narrador 
da obra em optar por iniciá-la dessa forma mostra-se como um recurso valioso 
para prender a atenção do leitor e fazer com que ele leia o romance para conhecer 
a verdade e poder, ao final, posicionar-se diante dela.
estRutuRa da oBRa
Após a seção “Cartas à Redação”, a narrativa propriamente dita se inicia 
apresentando uma divisão em três partes:
 1ª parte: Sob a lua num velho trapiche abandonado, parte mais longa (em 
média, 130 páginas), constituída por 11 capítulos. Apresenta o grupo dos 
Capitães da Areia, relata a vida de seus participantes e suas ações no gru-
po. Essa parte se finaliza com a epidemia de varíola que assola a cidade, 
matando centenas de pessoas.
 2ª parte: Noite da grande paz, da grande paz dos teus olhos, mais curta do 
que a anterior (em média, 55 páginas), é constituída por 8 capítulos. Foca 
maior atenção no chefe do grupo, Pedro Bala, que descobre o amor, Dora, 
a única menina do grupo. Essa parte se finaliza com a morte de Dora e a 
dor de todos.
 3ª parte: Canção da Bahia, Canção da liberdade, um pouco mais curta que 
a anterior (em média, 41 páginas), é constituída por 8 capítulos. por ser a 
finalização da obra, apresenta o destino dos Capitães da Areia e o inevitável 
engajamento político de pedro bala na causa operária.
FoCo naRRatiVo
A obra faz uso de um narrador em 3ª pessoa onisciente que, mesmo rela-
tando os crimes, os assaltos e toda sorte de delitos realizados pelos Capitães da 
Areia, não deixa de mostrar o lado doce e carente dessas crianças que se lançaram 
ao crime como última possibilidade de sobrevivência.
esPaço
A narrativa transcorre na cidade de salvador, capital da Bahia, e mais 
precisamente no velho trapiche que serve de esconderijo, moradia e ponto de 
encontro dos Capitães da Areia.
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Nos momentos de descrição do ambiente, o narrador apresenta forte liris-
mo e uma evidente admiração pela cidade de Salvador, suas ruas, seus becos, 
suas praias.
A GRANDE NOITE DE PAZ DA BAHIA VEIO DO cAIS, envolveu os savei-
ros, o forte, o quebra-mar, se estendeu sobre as ladeiras e as torres das igrejas. Os sinos 
já não tocam as ave-marias que as seis horas há muito que passaram. E o céu está cheio 
de estrelas, sebem a lua não tenha surgido nesta noite clara. O trapiche se destaca na 
brancura do areal, que conserva as marcas dos passos dos capitães da Areia, que já se 
recolheram. Ao longe, a fraca luz da lanterna da Porta do Mar, botequim de marítimos, 
parece agonizar. (cap. 2)
teMPo
A narrativa apresenta tempo cronológico bem marcado, com inúmeras 
citações de horas, dias da semana etc. As citações de tempos passados só ocorrem 
para esclarecer algum dado presente ou para conhecermos melhor determinadas 
personagens.
SOB A LUA, NUM VELHO TRAPIcHE ABANDONADO, as crianças dormem.
Antigamente aqui era o mar. Nas grandes e negras pedras dos alicerces do trapiche 
as ondas ora se rebentavam fragorosas, ora vinham se bater mansamente. [...]
Hoje a noite é alva em frente ao trapiche. É que na sua frente se estende agora o 
areal do cais do porto. Por baixo da ponte não há mais rumor de ondas. A areia invadiu 
tudo, fez o mar recuar de muitos metros. Aos poucos, lentamente, a areia foi conquistando 
a frente do trapiche. (cap. 1)
linguageM 
A narrativa apresenta linguagem coloquial, aproximando-se do mundo 
vivido pelas personagens. Em certos momentos, o narrador nos presenteia com 
imagens líricas e delicadas em meio àquele submundo. Quando o narrador dá 
voz às personagens, percebemos erros na fala e a utilização de palavrões e ex-
pressões duras.
O lirismo na linguagem apresenta-se exacerbado nos momentos em que 
Pedro Bala e Dora descobrem o amor puro, verdadeiro e pueril.
PeRsonagens
As personagens, em geral, são moleques abandonados que se juntam na 
esperança de sobreviver. O grupo chegou a ter mais de cem integrantes (entre 9 
e 16 anos), dos quais quarenta moravam no trapiche.
Pedro Bala: grande líder dos Capitães da Areia. É sensato, justo e sensível 
à causa de todos. Loiro, 15 anos, com uma cicatriz no rosto. Ao final, reconhece 
sua missão como líder do movimento comunista, lutando sempre em prol de 
uma vida melhor para os menos favorecidos.
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João grande: fiel companheiro de Pedro Bala, é um negro alto e forte. Pedro 
reconhece naquele homenzarrão bondade e solidariedade enormes. Assume o 
partido dos mais fracos e defende os novatos do grupo.
Professor: outro fiel companheiro de Pedro Bala, João José é o único que 
sabe ler no grupo. Inteligente e sensato, arma os planos e sempre age de maneira 
ética. Apresenta um talento natural para a pintura e, ao final, consegue seguir a 
carreira de pintor no rio de janeiro.
dora: única mulher do grupo, apaixona-se por Pedro Bala e ele por ela. 
Corajosa e prestativa, cuida de todos, principalmente de seu irmãozinho Zé 
Fuinha, de apenas 6 anos. Morre por conta de uma forte febre, deixando um 
enorme vazio em todo o grupo. Antes, porém, pede a Pedro que a possua para 
que morra como sua esposa.
sem-Pernas: por ser coxo de uma perna, inspira confiança e piedade das 
pessoas, porém dentre todos os meninos é o que sente mais ódio. Só ama o seu 
próprio ódio. Aproveita-se da condição de coxo para se aproximar das pessoas 
de boa-fé, para depois roubá-las. Torna-se o espião do grupo, estudando o ter-
reno, infiltrando-se nas residências para depois instruir o bando sobre o exato 
lugar onde estavam objetos de valor. Ao final, prefere se matar a ser pego pela 
polícia.
gato: vaidoso e esperto, é o “elegante” do grupo. Valoriza a boa aparên-
cia e se transforma num grande malandro mulherengo, sempre a trapacear e a 
roubar. Ao final, depois de inúmeros golpes em Ilhéus, parte para Aracaju atrás 
do dinheiro dos usineiros de açúcar.
Pirulito: apelidado assim por ser muito alto e magro, desde cedo demonstra 
vocação religiosa, embora roubasse e trapaceasse com o bando. Por influência do 
padre José Pedro, consegue ingressar na vida religiosa e se tornar frade.
Volta seca: mulato sertanejo, sonha em ingressar no bando do famoso 
cangaceiro Lampião (seu padrinho), façanha que consegue anos mais tarde, 
tornando-se um dos grandes matadores do cangaço.
Boa-Vida: como o nome já indica, malandro profissional que sempre foge 
de qualquer tipo de trabalho ou obrigação. Poucas vezes rouba alguma coisa, 
mas quando o faz, logo entrega para Pedro Bala como forma de apoiar o grupo 
e garantir sua permanência junto a eles. termina como fazedor de sambas.
Padre José Pedro: homem bom e honesto, sempre que possível tenta ajudar 
os meninos do bando. É o único que sabe o endereço dos Capitães da Areia e 
muitas vezes se arrisca por eles.
João de adão: bem mais velho do que os meninos, esse estivador conhece-
ra o pai de pedro bala e é quem conta a ele sobre seu passado. revela a grande 
admiração que todos ali sentiam pelo “Loiro”, pai de Pedro, que lutava por 
melhores condições de vida de todos ali.
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jorge Amado
Querido-de-deus: pescador, capoeirista dos bons. Mantém relações com 
os Capitães da Areia e arruma “clientes” para o bando.
don’aninha: mãe de santo que não discrimina os Capitães da Areia. Sem-
pre que chamada, tenta ajudá-los em suas necessidades.
alberto: estudante universitário que luta pela causa operária. por inter-
médio de João de Adão, reconhece em Pedro Bala um verdadeiro líder grevista 
e do movimento. Encanta Pedro ao chamá-lo de “companheiro” e ao dizer-lhe 
que “A greve é a festa dos pobres”.
ResuMo
Primeira parte 
Sob a lua, num velho trapiche abandonado
Por ser o início da narrativa, essa parte relata a vida dos meninos que for-
mam o bando Capitães da Areia. Logo no primeiro capítulo, já nos é apresentado 
Pedro Bala, que rapidamente se torna o líder do grupo.
Vestidos de farrapos, sujos, semiesfomeados, agressivos, soltando palavrões e 
fumando pontas de cigarro, eram, em verdade, os donos da cidade, os que a conheciam 
totalmente, os que totalmente a amavam, os seus poetas. (cap. O trapiche)
Aos poucos, todos os membros do grupo são apresentados: João Grande, 
Professor, Sem-Pernas, Gato, Pirulito, Boa-Vida, Barandão, Volta Seca, Querido- 
-de-Deus, cada um com sua história, suas características, suas habilidades, suas 
carências etc.
Fatos marcantes: o carrossel, o passado de Pedro Bala, a decisão do Sem-
-Pernas, a varíola.
• o carrossel
Entre pequenos e grandes furtos, surge uma oportunidade diferente: andar 
de carrossel. Sem-Pernas e Volta Seca foram convidados por Nhozinho França 
(que já havia divertido o bando de cangaceiros de Lampião com seu carrossel) 
para ajudá-lo a vender ingressos e atrair clientela, agora que ele chegara à cidade. 
Todos no trapiche viram ali a possibilidade da realização de um sonho: após o 
expediente, Sem-Pernas ligaria o brinquedo só para eles. A alegria dos Capitães 
da Areia no carrossel era uma prova de que, embora cometessem furtos, eram 
genuinamente crianças e, como crianças, sonharam entre as luzes e a música do 
carrossel.
Durante esse episódio, conhecemos o padre José Pedro, amigo e conselheiro 
dos Capitães da Areia, o único que se apiedava daqueles jovens e que chegara a 
retirar da quantia que uma senhora lhe deu para comprar velas o suficiente para 
os Capitães poderem ir ao carrossel – porém, como não se fazia mais necessário, 
ele não precisou cometer aquele delito.
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Pela madrugada os capitães da Areia vieram. O Sem-Pernas botou o motor para 
trabalhar. E eles esqueceram que não eram iguais às demais crianças, esqueceram que 
não tinham lar, nem pai, nem mãe, que viviam de furto como homens, que eram temidos 
na cidade como ladrões. Esqueceram a palavra da velha de lorgnon. Esqueceram tudo 
e foram iguais a todas as crianças, cavalgando os ginetes do carrossel, girando com as 
luzes. As estrelas brilhavam, brilhava a lua cheia. Mas, mais que tudo, brilhavam na noite 
da Bahia as luzes azuis, verdes, amarelas, roxas, vermelhas do grande carrossel japonês. 
(cap. As luzes do carrossel)• o passado de Pedro Bala
Mais adiante na narrativa, Pedro Bala vai às docas e encontra João de Adão, 
um velho estivador e antigo grevista, e uma negra, comadre Luísa, que vendia 
doces por lá. Ambos revelam a Pedro Bala fatos importantes de seu passado: 
seu pai, Raimundo, o “Loiro”, tinha sido um importante grevista e havia mor-
rido pela causa com um tiro no peito; sua mãe havia morrido quando ele tinha 
apenas seis meses.
Seu pai fora um deles. Só agora o sabia. E por eles fizera discursos em um caixão, 
brigara, recebera uma bala no dia em que a cavalaria enfrentou os grevistas. Talvez ali 
mesmo, onde ele se sentava, tivesse caído o sangue de seu pai. (cap. Docas)
• a decisão do sem-Pernas
Sem-Pernas costumava se infiltrar na casa das pessoas para depois roubá-
las. Certa vez, por sorte, ao pedir comida, disse chamar-se Augusto a uma 
senhora caridosa que havia perdido um filho com esse mesmo nome. Ela lhe 
pede que ele se vista com a roupa de marinheiro do filho falecido, Sem--Pernas 
nem se reconhece ao espelho: lavado, penteado, com aquela roupa! Dona Ester 
o trata tão bem que ele começa a pensar em desistir dos planos do bando, como 
roubar aquela senhora? Por que não ficar para sempre naquela mordomia? 
Quando Raul, o marido, chega, também se encanta pelo Sem--Pernas: “ 
Vamos fazer dele um homem...” . Levam-no ao cinema, à sorveteria, arrumam 
um quarto para ele...
E se para alguém o Sem-Pernas abria exceção no seu ódio, que abrangia o mundo 
todo, era para as crianças que formavam os capitães da Areia. Estes eram seus compa-
nheiros, eram iguais a ele, eram as vítimas de todos os demais, pensava o Sem-Pernas. 
E agora sentia que os estava abandonando, que estava passando para o outro lado. com 
este pensamento se sobressaltou, sentou-se. Não, ele não os trairia. Antes de tudo estava 
a lei do grupo, a lei dos capitães da Areia. Os que a traíam eram expulsos e nada de bom 
os esperava no mundo. E nunca nenhum a havia traído do modo como o Sem-Pernas a 
ia trair. Para virar menino mimado, para virar uma daquelas crianças que eram eterno 
motivo de galhofa para eles. Não, não os trairia.
[...]
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jorge Amado
Lembrou-se que das outras vezes, quando dava o fora de uma casa para ela ser 
assaltada, era uma grande alegria que o invadia. Desta vez não tinha alegria nenhuma. 
Seu ódio para todos não desaparecera, é verdade. Mas abrira uma exceção para a gente 
daquela casa, porque dona Ester o chamava de filho e o beijava na face. O Sem-Pernas 
luta consigo mesmo. Gostaria de continuar naquela vida. Mas que adiantaria isso para os 
capitães da Areia? E ele era um deles, nunca poderia deixar de ser um deles porque uma 
vez os soldados o prenderam e o surraram enquanto um homem de colete ria brutalmente. 
E o Sem-Pernas se decidiu. (cap. Família) 
• a varíola (alastrim)
Almiro foi o primeiro dos Capitães da Areia que contraiu a varíola. Sem-
Pernas quis imediatamente que ele abandonasse o bando e ficasse na rua espe-
rando que alguém da saúde pública o levasse para o lazareto (leprosário de onde 
ninguém saía vivo). Muitos meninos discordaram dele, mas foi preciso Volta 
seca intervir armado de revólver para impedir sem-pernas. Ficou resolvido que a 
decisão caberia a Pedro Bala. Quando este chegou, ponderou o caso, em seguida 
chegou o padre José Pedro, que fora chamado pelo devoto Pirulito, para ajudar 
na resolução. Decidiram que Almiro deveria voltar para casa e assim se fez. 
Porém, o padre não comunicou às autoridades e foi penalizado por isso junto a 
seus superiores da Igreja, que chegaram a acusá-lo de comunista.
Em seguida, Boa-Vida também pega varíola e decide abandonar todos para 
o bem do bando e seguir para o lazareto. 
Seu vulto desapareceu no areal. Professor ficou com as palavras presas, um nó na 
garganta. Mas também achava bonito Boa-Vida andar assim para a morte para não con-
taminar os outros. Os homens assim são os que têm uma estrela no lugar do coração. E 
quando morrem o coração fica no céu, diz o Querido-de-Deus. Boa-Vida era um menino, 
não era um homem. Mas já tinha uma estrela no lugar do coração. Já desapareceu o seu 
vulto. E então a certeza de que não mais verá seu amigo encheu o coração do Professor. 
A certeza de que o outro ia para a morte. (cap. Alastrim)
segunda parte
Noite da grande paz, da grande paz dos teus olhos
Iniciando a segunda parte, conhecemos a triste história de Dora (13 anos) 
e seu irmão Zé Fuinha (6 anos), que perderam os pais para a varíola. Como não 
conseguiu emprego, Dora aceitou ir para o trapiche com João Grande e Professor, 
mas lá chegando foi motivo de briga entre os meninos, que a cobiçavam. Pedro Bala, 
Professor e João Grande a protegeram e ela se tornou a primeira menina do bando, 
fazendo as vezes de irmã e mãezinha de todos. Até Pirulito, que a princípio não 
gostara dela por considerá-la um “pecado”, acabou se afeiçoando a ela, chegando 
ao ponto de lhe dar seu “Deus Menino”, como um filho que presenteia sua mãe.
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Pedro Bala e Dora se apaixonam de uma maneira extremamente ingênua 
e pueril, consideram-se noivos.
Ele abanou a cabeça afirmando. Então ela chegou os lábios para junto dos 
de Pedro Bala, os beijou e depois fugiu. Ele saiu correndo atrás dela, mas ela se 
escondia, não se deixava pegar. Aos poucos foram chegando os outros. Ela de longe 
sorria para Pedro Bala. Não havia nenhuma malícia no seu sorriso. Mas seu olhar 
era diferente do olhar de irmã que lançava aos outros. Era um doce olhar de noiva, 
de noiva ingênua e tímida. Talvez mesmo não soubessem que era amor. Apesar de 
não ser noite de lua, havia um romântico romance no casarão colonial. Ela sorria 
e baixava os olhos, por vezes piscava com um olho porque pensava que isto era 
namorar. E seu coração batia rápido quando o olhava. Não sabia que isso era amor. 
Por fim a lua veio, estendeu sua luz amarela no trapiche. Pedro Bala se deitou na 
areia e mesmo de olhos fechados via Dora. Sentiu quando ela chegou e deitou a seu 
lado. Disse:
– Tu agora é minha noiva. Um dia a gente se casa.
continuou de olhos fechados. Ela disse baixinho:
– Tu é meu noivo.
Mesmo não sabendo que era amor, sentiam que era bom.
O bando é perseguido pela polícia. Pedro Bala é preso e torturado, 
dora é enviada para um orfanato. o bando liberta pedro e depois dora. 
De volta ao trapiche, todos temem pela vida de Dora, que arde de febre. 
À noite, ela pede a Pedro que a possua. Torna-se sua esposa e morre ao 
amanhecer. (p. 217)
Se abraçam. O desejo é abrupto e terrível. Pedro não a quer magoar, mas ela não 
mostra sinais de dor. Uma grande paz em todo seu ser.
– Tu é minha agora – fala ele com voz agitada.
Ela parecia não sentir a dor da posse. Seu rosto acendido pela febre se enche de 
alegria. Agora a paz é só da noite, com Dora está a alegria. Os corpos se desunem. Dora 
murmura:
– É bom... Sou tua mulher.
Ele a beija. A paz voltou ao rosto dela. Fita Pedro Bala com amor.
– Agora vou dormir – diz.
Deita ao lado dela, segura sua mão ardente. Esposa.
A paz da noite envolve os esposos. O amor é sempre doce e bom, mesmo quando a 
morte está próxima. Os corpos não se balançam mais no ritmo do amor. Mas nos cora-
ções dos dois meninos não há mais nenhum medo. Somente paz, a paz da noite da Bahia. 
(cap. Dora, Esposa)
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jorge Amado
terceira parte
Canção da Bahia, canção da liberdade
Em oposição à primeira parte que apresenta a formação do grupo, esta 
última anuncia a desintegração do bando a partir da saída de importantes 
membros:
Professor: vai para o rio de janeiro estudar pintura. torna-se o conceituado 
pintor João José, que pinta quadros de meninos pobres juntamente com a figura 
de uma menina magra de cabelos loiros e faces febris que representa todos os 
sentimentos bons.
Pirulito: primeiramente, abandona os furtos e vai trabalhar vendendo 
jornal, engraxando sapatos, carregandobagagens. Dividido entre dois fortes 
apelos – Deus e os Capitães da Areia –, decide entregar-se a Deus e orar pelos 
Capitães. Torna-se frade e um dia poderá ordenar-se padre.
Pirulito está marcado por Deus. Mas está marcado também pela vida dos capitães 
da Areia. Desiste da sua liberdade, de ver e ouvir o espetáculo do mundo, da marca de 
aventura dos capitães da Areia, para ouvir o chamado de Deus. Porque a voz de Deus 
que fala no seu coração é tão poderosa que não tem comparação. Rezará pelos capitães 
da Areia na sua cela de penitente. Porque tem que ouvir e seguir a voz que o chama. E 
uma voz que transfigura seu rosto na noite invernosa do trapiche. Como se lá fora fosse 
a primavera. (cap. Vocações)
Padre José Pedro: recebe do arcebispo uma paróquia para conduzir, numa 
perdida vila do alto sertão.
Boa-Vida: pouco aparece no trapiche, passa a vida tocando seu violão, 
fazendo sambas e se divertindo, torna-se um malandro típico.
sem-Pernas: continua se infiltrando nas casas para depois roubá-las. Quan-
do se vê encurralado pela polícia, prefere se matar a se deixar prender. 
Não o levarão. Vêm em seus calcanhares, mas não o levarão. Pensam que ele vai 
parar junto ao grande elevador. Mas Sem-Pernas não para. Sobe para o pequeno muro, 
volve o rosto para os guardas que ainda correm, ri com toda a força do seu ódio, cospe na 
cara de um que se aproxima estendendo os braços, se atira de costas no espaço como se 
fosse um trapezista de circo. (cap. como um trapezista de circo)
gato: vai para Ilhéus com Dalva cavar a vida e enricar. Depois de inúmeros 
golpes e prisões, reencontra Pedro Bala e diz que embarcará para Aracaju porque 
o açúcar está dando dinheiro.
Volta seca: sempre sonhou em ir para o cangaço, por isso decide se jun-
tar aos Índios Maloqueiros, espécie de Capitães da Areia de Aracaju. Durante 
a viagem, encontra Lampião e realiza seu sonho tornando-se o mais temível 
cangaceiro daquele bando. Até que é preso e condenado a trinta anos de prisão 
por quinze mortes comprovadas, mas se sabia que o total era sessenta mortes 
(marcas em seu fuzil). 
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João grande: depois de ajudar Pedro Bala contra os fura-greve, “embarcou 
como marinheiro num navio cargueiro do Lloyd.”
Pedro Bala: finalmente, atende ao chamado da revolução. Torna-se 
líder de uma brigada de choque formada pelos Capitães da Areia em prol 
dos grevistas. Encanta-se com a expressão “companheiros” e adere ao ideal 
comunista.
O destino deles mudou, tudo agora é diverso. Intervêm em comícios, em greves, 
em lutas obreiras. O destino deles é outro. A luta mudou seus destinos.
[...]
Ordens vieram para a organização dos mais altos dirigentes. Que Alberto ficasse 
com os capitães da Areia e Pedro Bala fosse organizar os Índios Maloqueiros de Aracaju 
em brigada de choque também. E que depois continuasse a mudar o destino das outras 
crianças abandonadas do país.
5. exeRCíCios
1. ueRJ 
nem a rosa, nem o cravo
As frases perdem seu sentido, as palavras 
perdem sua significação costumeira, como dizer das 
árvores e das flores, dos teus olhos e do mar, das ca-
noas e do cais, das borboletas nas árvores, quando as 
crianças são assassinadas friamente pelos nazistas? 
como falar da gratuita beleza dos campos e das cida-
des, quando as bestas soltas no mundo ainda destroem 
os campos e as cidades?
Já viste um loiro trigal balançando ao vento? 
É das coisas mais belas do mundo, mas os hitleristas e seus cães danados destruíram os 
trigais e os povos morrem de fome. como falar, então, da beleza, dessa beleza simples e 
pura da farinha e do pão, da água da fonte, do céu azul, do teu rosto na tarde? Não posso 
falar dessas coisas de todos os dias, dessas alegrias de todos os instantes. Porque elas estão 
perigando, todas elas, os trigais e o pão, a farinha e a água, o céu, o mar e teu rosto. (...) 
Sobre toda a beleza paira a sombra da escravidão. É como u’a nuvem inesperada num 
céu azul e límpido. como então encontrar palavras inocentes, doces palavras cariciosas, 
versos suaves e tristes? Perdi o sentido destas palavras, destas frases, elas me soam como 
uma traição neste momento.
(...)
Mas eu sei todas as palavras de ódio e essas, sim, têm um significado neste momento. 
Houve um dia em que eu falei do amor e encontrei para ele os mais doces vocábulos, as 
frases mais trabalhadas.
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jorge Amado
Hoje só o ódio pode fazer com que o amor perdure sobre o mundo. Só o ódio ao 
fascismo, mas um ódio mortal, um ódio sem perdão, um ódio que venha do coração e que 
nos tome todo, que se faça dono de todas as nossas palavras, que nos impeça de ver qual-
quer espetáculo – desde o crepúsculo aos olhos da amada – sem que junto a ele vejamos 
o perigo que os cerca.
Jamais as tardes seriam doces e jamais as madrugadas seriam de esperança. 
Jamais os livros diriam coisas belas, nunca mais seria escrito um verso de amor. Sobre 
toda a beleza do mundo, sobre a farinha e o pão, sobre a pura água da fonte e sobre o 
mar, sobre teus olhos também, se debruçaria a desonra que é o nazifascismo, se eles 
tivessem conseguido dominar o mundo. Não restaria nenhuma parcela de beleza, a 
mais mínima. Amanhã saberei de novo palavras doces e frases cariciosas. Hoje só sei 
palavras de ódio, palavras de morte. Não encontrarás um cravo ou uma rosa, uma flor 
na minha literatura. Mas encontrarás um punhal ou um fuzil, encontrarás uma arma 
contra os inimigos da beleza, contra aqueles que amam as trevas e a desgraça, a lama 
e os esgotos, contra esses restos de podridão que sonharam esmagar a poesia, o amor 
e a liberdade!
 AMADO, Jorge. Folha da Manhã, 22/04/1945.
O enunciador do texto defende, como modo de reação às crueldades referidas, 
a utilização das mesmas armas dos agressores.
O trecho em que essa ideia se apresenta mais claramente é:
a) “Sobre toda a beleza paira a sombra da escravidão.” 
b) “Houve um dia em que eu falei do amor e encontrei para ele os mais doces 
vocábulos,” 
c) “Hoje só o ódio pode fazer com que o amor perdure sobre o mundo.” 
d) “Jamais as tardes seriam doces e jamais as madrugadas seriam de esperan-
ça.” 
2. ueRJ
Para expressar um ponto de vista definido, o enunciador de Nem a rosa, nem o 
cravo emprega determinados recursos discursivos.
Um desses recursos e a justificativa para seu uso estão presentes em:
a) emprego da 1ª pessoa – discussão de um tema polêmico.
b) resgate de práticas pessoais passadas – conservação de uma visão de mun-
do.
c) interlocução direta com os possíveis leitores – fortalecimento de um pacto de 
omissão.
d) presença de um interlocutor em 2ª pessoa – desenvolvimento de uma estra-
tégia de confissão.
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3. ueRJ
O uso das palavras “rosa” e “cravo” é recusado pelo enunciador do texto de 
jorge Amado.
Essa recusa ocorre, pois essas palavras assumem, no texto, o sentido de:
a) ameaça. c) infelicidade.
b) alienação. d) cumplicidade.
4. uFRs
Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as afirmações a seguir, referentes ao 
romance de 30.
( ) A década de 1930 dá lugar a uma renovação do regionalismo brasileiro, 
associado, sobretudo, à ficção nordestina.
( ) Os romancistas de 30 mostram-se mais preocupados com o questionamento 
da realidade do que com inovações formais.
( ) Um dos temas da ficção de 30 diz respeito ao ciclo do cangaço, sendo O Quinze, 
de Rachel de Queiroz, o melhor exemplo de romance desse ciclo.
( ) O desenvolvimento da economia rural, com a crescente modernização dos 
meios de produção no campo, é um dos focos principais das narrativas de 30.
( ) Alguns romances de 30 mostram as primeiras consequências sociais do 
surgimento da industrialização, apontando o deslocamento da população 
do campo para a cidade.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:
a) F – V – F – V – F. d) V – V – F – F – V.
b) V – F – F – V – V. e) F – F – V – F – V.
c) F – V – V – V – F.
5. PuCCamp-sP
O homem cospe no chão. Ele estábêbedo mas Antônio Balduíno o empurra com força e 
ele se estatela no cimento. Depois o negro limpa as mãos e começa a pensar no motivo por que 
este homem insulta assim os negros. A greve é de condutores de bondes, dos operários das ofi-
cinas de força e luz, da companhia telefônica. Tem até muito espanhol entre eles, muito branco 
mais alvo que aquele. Mas todo pobre agora já virou negro, é o que lhe explica Jubiabá.
AMADO, Jorge. Jubiabá.
A frase “Mas todo pobre agora virou negro”, que serve de argumento a Jubiabá, 
sugere, no contexto dado, que:
a) os negros libertos se equiparam aos brancos.
b) os grevistas são, em sua maioria, negros.
c) na condição de pobreza, já não se distinguem brancos e negros.
d) agora os brancos é que são os escravos.
e) os trabalhadores negros são mais pobres que os brancos.
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jorge Amado
6. PuCCamp-sP
O trecho da questão anterior faz lembrar que o autor, além de escrever romances 
ambientados na região que viveu o ciclo econômico do cacau, também escreveu 
romances nos quais:
a) lhe interessou aprofundar a análise mais intimista de personagens psicologi-
camente conflituosas.
b) se apegou ao princípio cientificista segundo o qual a raça e a hereditariedade 
são determinantes na formação do caráter individual.
c) há uma idealização de personagens populares, exaltadas pela espontaneidade 
e liberdade com que liberam seus instintos.
d) a força do coronelismo emperra, no próprio espaço urbano, o desenvolvimento 
de um sistema político moderno.
e) uma motivação socialista o leva a expor e analisar as tensões de classe de que 
participam suas personagens.
7. uFR-RJ
O preto Henrique tomou o caneco das mãos da preta velha e bebeu dois tragos.
– Ainda tá quente, meu filho? É o restinho...
– Tá, tia. Bota mais.
Quando acabou, disse:
– Você lembra dessas histórias que você sabe, minha tia?
– Que histórias?
– Essas histórias de escravidão...
– O que é que tem?
– Você vai esquecer elas todas.
– Quando?
– No dia em que nós for dono disso...
– Dono de quê?
– Disso tudo... Da Bahia... do Brasil...
– Como é isso, meu filho?
– Quando a gente não quiser mais ser escravo dos ricos, titia, e acabar com eles...
– Quem é que vai fazer feitiço tão grande pros ricos ficar tudo pobre?
– Os pobres mesmo, titia.
– Negro é escravo. Negro não briga com branco. Branco é senhor dele.
– O negro é liberto, tia.
– Eu sei. Foi a Princesa Isabel, no tempo do Imperador. Mas negro continua a 
respeitar o branco...
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– Mas a gente agora livra o preto de vez, velha.
– Você sabe qual é a coisa mais melhor do mundo, Henrique?
– Não.
– Não sabe o que é? É cavalo. Se não fosse cavalo, branco montava em negro...
AMADO, Jorge. Suor. Rio de Janeiro: Record, 1984, 43. ed., p. 43-44. Adaptado.
O cenário predominante na obra do escritor Jorge Amado é o estado da Bahia. 
Sua produção é dividida pelos críticos literários em várias fases. O texto lido 
pode ser enquadrado na fase:
a) do romance proletário, que denuncia a miséria e a opressão das classes po-
pulares.
b) dos depoimentos sentimentais, baseados em rixas e amores de marinheiros.
c) de pregação partidária, que inclui biografias de pessoas defensoras de maior 
justiça social.
d) de textos de tom épico, que retratam as lutas entre coronéis e trabalhadores 
da região do cacau.
e) do relato de costumes provincianos, que mostram o lado pitoresco do povo 
baiano.
8. uFPe
Os comentários a seguir foram publicados na imprensa por ocasião da morte de 
um romancista brasileiro famoso. Analise-os.
1. Mais do que qualquer outro autor, ele deixou um legado literário, detentor de enorme ca-
risma. Suas tramas parecem puxar um prazeroso fio condutor de imagens que remetem às 
praias, ladeiras e paisagem humana, gente, mitos africanos e sabores de seu estado natal.
Schneider Carpegiani /JC
2. Apesar de estar o autor situado dentro do romance regional de 30, esse gênero não 
o limita, pois é um enorme guarda-chuva, abarcando várias facções. Diferente dos 
demais autores desta fase, suas narrativas trazem uma mínima tensão entre mundo 
e personagem. Estes se resolvem bem, sabendo adaptar-se às situações.
lourival de Holanda/uFpe
3. Quem nasceu primeiro, a mulher brasileira, tal como é divulgada, ou essa imagem 
retratada em vários personagens desse criador admirado pelas suas criaturas adoráveis, 
sensuais, brejeiras, que viraram mulheres-símbolos de uma nação cuja variedade racial 
é a maior característica?
Flávia de Gusmão/JC
O autor em questão é:
a) José Lins do Rego. d) Guimarães Rosa.
b) Gilberto Freyre. e) Graciliano Ramos.
c) Jorge Amado.
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jorge Amado
9. uFPe
Irmão... é uma palavra boa e amiga. Se acostumaram a chamá-la de irmã. Ela 
também os trata de mano, de irmão. Para os menores é como uma mãezinha. cuida deles. 
Para os mais velhos é como uma irmã que brinca inocentemente com eles e com eles passa 
os perigos da vida aventurosa que levam.
Mas nenhum sabe que para Pedro Bala, ela é a noiva. Nem mesmo o Professor sabe. 
E dentro do seu coração Professor também a chama de noiva.
AMADO, Jorge. capitães da Areia.
Considerando a obra e o autor do texto, assinale a alternativa incorreta.
a) O autor faz parte do romance regional de 30, quando se aprofundaram as 
radicalizações políticas na realidade brasileira.
b) Jorge Amado representa a Bahia, “descobrindo” mazelas, violências e iden-
tificando grupos marginalizados e revolucionários em capitães da Areia.
c) Dora, Pedro Bala e Professor são alguns dos personagens da narrativa, que 
aborda a dramática vida dos camponeses das fazendas de cacau no sul da 
Bahia.
d) O tom da narrativa aproxima-se do Naturalismo, alternando trechos de lirismo 
e crueza. o nível de linguagem é coloquial e popular.
e) capitães da Areia pertence à primeira fase da produção de Jorge Amado, 
quando era notório seu engajamento com a política de esquerda. daí o es-
quematismo psicológico: o mundo dividido em heróis (o povo) e bandidos 
(a burguesia).
10. uel-PR
O Modernismo, em sentido amplo, tem fases distintas, havendo mesmo 
que se considerar o fato de que as influências de suas convicções mais fortes se 
fizeram sentir várias décadas depois da Semana de Arte Moderna. Pense-se, por 
exemplo, na inspiração que Oswald de Andrade e sua “antropofagia” ofereceram 
aos movimentos de contracultura da década de 60, entre eles o Tropicalismo.
Na própria década de 20, a pluralidade já se faz sentir, por exemplo, nos 
vários “nacionalismos”: Macunaíma é mais problemático e menos cívico que 
Martim cererê. Também quanto à forma literária, há muita diferença entre o verso 
piadístico e lúdico de Oswald de Andrade e a intensidade subjetiva com a qual é 
filtrada, por um ângulo tido como “futurista”, a vida da metrópole nascente.
Na década de 30, vencidos os impulsos mais arrebatados de experimenta-
lismo estético, a poesia e o romance amadurecem com uma geração de artistas 
brilhantes. Na lírica, o sentimento da inadaptação ao mundo desemboca na figura 
do Gauche ou na do visionário em cujos versos não faltam imagens surrealistas. 
Na ficção, o peso da realidade se faz sentir em diversas obras regionalistas, so-
bretudo do Nordeste, muito marcadas pelos respectivos ciclos econômicos: da 
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cana-de-açúcar e do cacau, por exemplo. Nem faltaram, nessa mesma década e 
na seguinte, autores mais intimistas, dedicados à sondagem do interior humano, 
e autores revolucionários, cujas linguagens, particularizadas, deram novo fôlego 
à expressão literária no Brasil.
Da leitura do terceiro parágrafo do texto, é ainda correto deduzir que:
a) as obras de José Lins do Rego e Jorge Amado representam os ciclos econômicos 
referidos, na ordem dada.
b) Jubiabá e capitães da Areia exemplificam aquelas “tendências mais intimistas”.
c) a ficção de Clarice Lispector deve ser arrolada entre aquelas “diversas obras 
regionalistas”.
d) entre os “autores mais intimistas” não pode faltar o nome de Rachel de Quei-
roz.
e) a ficção de Graciliano Ramosilustra aqueles “impulsos mais arrebatados de 
experimentalismo estético”.
11. Mackenzie-sP
Assinale a alternativa na qual aparece um trecho que não pode ser creditado a 
qualquer escritor da prosa modernista dos anos trinta.
a) Já não pareciam condenados a trabalhos forçados: assimilavam o interesse da produção. 
E o senhor de engenho premiava-lhes as iniciativas adquirindo-lhes os produtos a bom 
preço.
b) chape-chape. As alpercatas batiam no chão rachado. O corpo do vaqueiro derreava-se, 
as pernas faziam dois arcos, os braços moviam-se desengonçados. Parecia um macaco. 
Entristeceu. considerar-se plantado em terra alheia! Engano.
c) Toda gente tinha achado estranha a maneira como o capitão Rodrigo cambará en-
trara na vida de Santa Fé. Um dia chegou a cavalo, vindo ninguém sabia de onde, 
com o chapéu barbicado puxado para a nuca, a bela cabeça de macho altivamente 
erguida, e aquele seu olhar de gavião que irritava e ao mesmo tempo fascinava as 
pessoas.
d) Explico ao senhor: o diabo vive dentro do homem, os crespos do homem – ou é o ho-
mem arruinado, ou o homem dos avessos. Solto, por si, cidadão, é que não tem diabo 
nenhum. Nenhum! – é o que digo. O senhor aprova? Me declare tudo, franco – é alta 
mercê que me faz: e pedir posso, encarecido. Este caso – por estúrdio que me vejam – é 
de minha certa importância.
e) Antônio Balduíno fala. Ele não está fazendo discurso, gente. Está é contando o que 
viu na sua vida de malandro. Narra a vida dos camponeses nas plantações de fumo, o 
trabalho dos homens sem mulheres, o trabalho das mulheres nas fábricas de charuto. 
Perguntem ao Gordo se pensarem que é mentira. conta o que viu. conta que não 
gostava de operário, de gente que trabalhava.
30
jorge Amado
12. uFRgs-Rs
Assinale a afirmação correta sobre o romance de 30.
a) Predominou, entre os autores, uma preocupação de renovação estética se-
guindo os padrões da vanguarda literária europeia.
b) Na obra de José Lins do Rego, predomina a narrativa curta na recriação do 
modo de vida dos senhores de engenho.
c) Os autores, em suas obras, tematizaram os problemas sociais com o intuito 
de denunciar as agruras das populações menos favorecidas.
d) O caráter regionalista dos romances deste período deve-se à reprodução fiel 
do linguajar típico de cada região.
e) A obra de Jorge Amado pode ser considerada uma exceção, no conjunto da 
época, porque seus romances apresentam uma grande inovação na estrutura 
narrativa.
gaBaRito
1. C
2. d
3. b
4. d
5. C
6. e
7. A
8. C
 9. C
10. A
11. d
12. C

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