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57224 - Alegações finais - tentativa de roubo etc

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE GUIRATINGA/MT. 
Processo nº 1252-20.2018.811.0036 (Código 57224)
	
CLEITON FERREIRA TELES, já qualificado no processo acima epigrafado, por intermédio de sua advogada nomeada por este Juízo, vem, com a devida vênia, perante Vossa Excelência, com fulcro no Art. 403, § 3º do CPP, apresentar ALEGAÇÕES FINAIS, EM FORMA DE MEMORIAIS na forma que passa a expor, para ao final pedir.
I – DOS FATOS
Os acusados Valdinei do Nascimento e Cleiton Ferreira Teles, já qualificados nos autos, foram denunciados pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso como incursos nas condutas delitivas tipificadas nos artigos 157, §2º, inciso II e parágrafo 2°-A, inciso I c/c 14, inciso II todos do Código Penal e 244-B da Lei nº 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
O acusado Dionatan Silas Silva Correia fora denunciado pelo cometimento, em tese, dos crimes previstos nos artigos 157, §2º, inciso II e parágrafo 2°-A, inciso I c/c 14, inciso II, todos do Código Penal e 244-B da Lei 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente), e art. 299, “caput”, do Código Penal, pois segundo consta, em síntese, da denúncia:
FATO 01 “(...) Na data de 10 de maio de 2018, por volta 11h50min, na residência localizada na Zona Rural deste Município, os denunciados munido de animus furandi, tentaram subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça a pessoa, só não consumando seus intentos criminosos por circunstâncias alheias às suas vontades, tendo em vista que a vítima conseguiu esconder-se no interior da residência e acionar a Polícia.”
FATO 02 “Afere-se dos autos que o denunciado RAIMUNDO PINTO DA SILVA, no afã de se esquivar da justiça, faltou com a verdade referente ao seu nome, uma vez que ao assinar o flagrante perante o escrivão de Polícia, escreveu o nome de outra pessoa, dizendo ter se equivocado, o que provocou a suspeita da Polícia Judiciária Civil.”
“Outrossim, o acusado ao chegar na Penitenciária Major Eldo Sá Correa, popularmente conhecida como ‘MATA GRANDE’, fora imediatamente reconhecido pelos agentes penitenciários, os quais informaram que o flagranteado havia saído do estabelecimento prisional há apenas uma semana.” “Desta feita, os Investigadores da Polícia Judiciária Civil solicitaram os dados do acusado, momento em que os Agentes Prisionais entregaram a Ficha de Qualificação do Interno (Anexo), oportunidade em que os investigadores puderam constatar que o acusado trata-se de Dionatan Silas Silva Côrrea, filho de Maria de Jesus Silva Correa e Reginaldo Rodrigues Correa, nascido em 22.02.1993, natural de Pedreiras/MA.”
Instaurado o Inquérito Policial, contendo nestes indícios suficientes de autoria e prova da existência do crime (materialidade delitiva), fora oferecida denúncia, sendo a exordial acusatória recebida à ref. 05.
Em audiência de instrução processual, foram requeridas e ouvidas as vítimas, testemunhas necessárias para a acusação e os acusados.
O Ministério Público Estadual, em suas alegações finais, pediu pela condenação dos denunciados nos exatos termos da denúncia.
II – DO DELITO DE TENTATIVA DE ROUBO MAJORADO PELO CONCURSO DE PESSOAS.
DA INEXISTÊNCIA DE GRAVE AMEAÇA OU DE VIOLÊNCIA EXERCIDA PELO ACUSADO CLEITON FERREIRA TELES IMPRESCINDÍVEIS PARA A REALIZAÇÃO DO TIPO PENAL DESCRITO NA DENÚNCIA.
                         O delito imputado ao réu é de extrema gravidade, visto que, nada obstante diminuir o patrimônio da vítima, à luz das elementares indispensáveis do tipo, quais sejam, violência ou grave ameaça, ainda a leva a experimentar momentos de tensão e temor, às vezes, temer pela própria vida. 
                         Razão pela qual, o legislador anotou, para os realizadores deste tipo penal, uma pena significativa, e em casos da mesma infração penal, porém, na sua forma circunstanciada, equipara-a a crime hediondo, com consequências seríssimas como é do conhecimento de Vossa  Excelência.
                        Cumpre realçar, ainda, que o legislador, implicitamente, quando discorreu acerca da pena, dedicou atenção ao bem jurídico tutelado (patrimônio), capaz de colocá-lo num patamar de maior preocupação que o bem vida, este tutelado pelo art. 121, e parágrafos, do Código Penal. 
                         Sobre essa parte, deve-se registrar que o autor de homicídio privilegiado (art. 121, § 1º, do Código Penal), em atenção a sua vida pregressa, e circunstâncias atenuantes, pode receber reprimenda de 04 (quatro) anos, ou seja, a mesma pena que recebe quem viola o art. 157, "caput", do mesmo diploma. 
                        De sorte que, desejou o legislador, atendendo aos apelos de seus representados, impor significativa punição aos autores do crime de roubo.
Registre-se, contudo, que não nos colocamos contrariamente a esta severa punição, uma vez que a capital bandeirante já não suporta mais tanta violência, de modo que se deve punir, e com rigor, aqueles que a praticam. 
Todavia, por se tratar de séria punição, mister se faz muito cuidado ao aplicá-la, pois certamente mudará o curso da história destes apenados. De modo que, para aplicação da sanção penal, inicialmente imprescindível que o acusado realize o tipo penal prescrito. 
                        Nessa esteira de raciocínio, para a aplicação da reprimenda, posto que o papel ressocializador, na atual conjuntura do sistema penitenciário, é utopia, faz-se mister que a subtração tenha ocorrido mediante violência ou grave ameaça, sem as quais, não há que se falar em roubo.
                        Neste diapasão, são unânimes doutrina e jurisprudência, visto que ambas asseveram que para a ocorrência do crime de roubo, imprescindível que o agente tenha empregado violência ou grave ameaça.
                        Assinalam, outrossim, que o emprego da grave ameaça tem que ter o condão de intimidar; de causar temor à vítima. Se a grave ameaça não cumprir este papel, impossível se falar em roubo.
   
                        O Professor JÚLIO FABBRINI MIRABETE, em recomendada obra, ao discorrer sobre a violência exigida para a realização do tipo penal do art. 157, do CP, assinala:
"A violência (vis physica) consiste no desenvolvimento de força física para vencer resistência real ou suposta, de quem podem resultar morte ou lesão corporal ou mesmo sem a ocorrência de tais resultados (vias de fato), assim como ocorre na denominada "trombada" (item 157.6). No caso do roubo, é necessário que a violência seja dirigida à pessoa (vis corporalis) e não à coisa, a não ser que, neste caso, repercuta na pessoa, impedindo-a de oferecer resistência ‘a conduta da vítima" (Código Penal Interpretado. 1. ed. 1999; 3a tiragem 2.000; São Paulo. Atlas). 
                         Ao comentar acerca da ameaça, como condição sine qua non, para a ocorrência do crime de roubo, anota:
"A ameaça, também conhecida como violência moral (vis compulsiva ou vis animo illata), é a promessa de prática de um mal a alguém, dependendo da vontade do agente, perturbando-lhe a liberdade psíquica (v. item 147.2). Pode-se ameaçar por palavras, escritos, gestos, postura etc. A simulação de emprego de arma é idônea para intimidar e se constitui, portanto, em ameaça para o roubo. Não há roubo se a ameaça não é dirigida para a subtração e tem outra finalidade. Também não se configura o crime se a vítima está atemorizada por outra razão e não pela conduta do agente, restando residualmente o furto". (obra citada acima).
                         No mesmo diapasão a posição do Professor DAMÁSIO E. DE JESUS, posto que ao tecer comentários acerca da violência ou grave ameaça, exigida para a realização penal do delito de roubo, declina que:
   
"Sujeito passivo que se sente atemorizado por causa estranha à conduta do agente: Há furto e não roubo (RT, 523:401)"
                         A posição dos Tribunais não é diferente, conforme anotado anteriormente. Senão vejamos: 
"Inexistência de graveameaça – TACRSP: "Sem fazer o autor qualquer gesto insinuando que esteja armado ao exigir dinheiro, nem encostar na vítima, o temor desta, por si só, não se presta para a perfeita tipificação do delito de roubo, que reclama a ocorrência da violência ou grave ameaça" (RJDTACRIM 91/300).
  
TACRSP: "Para que se configure a grave ameaça, é preciso que ela seja séria e efetiva, a fim e impedir que as vítimas resistam, sendo certo que, a simples ordem de entrega de objetos, ainda que aliada ao número de agentes, não se mostra bastante e suficiente para configurar o crime de roubo" (RJDTACRIM 23/298). 
TACRSP: "Para fins de tipificação de roubo, não se pode considerar grave uma ameaça verbal de morte recebida de agente visivelmente embriagado, que afinal, foi até apontado como dependente do álcool" (JTACRIM 98/281). 
TACRSP: Temor da vítima por outra razão: inexistência de roubo – "O temor da vítima, no roubo, deve ser produzido pelo sujeito ativo. Se ela se achar aterrorizada por motivos que são estranhos ao agente, não haverá roubo, mas furto"(RT 523/401).
Como se pode notar claramente do texto do artigo 157 do Código Penal Brasileiro, o acusado Cleiton Ferreira Teles não praticou nenhuma daquelas condutas. Dos verbos ali existentes, nenhum deles foi conjugado pelo mesmo. 
Ressalto, que de acordo com as vítimas Ivone Claudio Rosa e Joelma Alves Rosa, em audiência de instrução e julgamento declararam que não viram NENHUMA ARMA DE FOGO. Senão vejamos:
VÍTIMA IVONE CLAUDIO ROSA
(...)
Magistrado: Você sabe se eles tinham alguma arma de fogo?
Ivone: “Olha, tinha volume.”
Magistrado: “Volume como?”
Ivone: “Assim (indicou o lado direito do quadril), eu percebi que tinha volume, mas eu não cheguei a ver arma de fogo não.”
Magistrado: “Não chegou a ver arma de fogo?”
Ivone: “Não. Nem eles puxaram arma de fogo pra nós.”
(...)
VÍTIMA JOELMA ALVES ROSA
(...) 
Magistrado: “Você chegou ver algum deles armados?”
Joelma: “Não.”
(...) 
Magistrado: “Ameaçou vocês ou a vida de vocês quando pediu essa chave?”
Joelma: “Não, não, não.”
Magistrado: “Nem mostrou a arma?”
Joelma: “Não, não.”
(...)
VEJA-SE QUE NÃO HOUVE VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA.
Atento à definição sempre oportuna de MAGALHÃES NORONHA, que assim leciona:
“O roubo nada mais é do que o furto agravado pelas circunstâncias da violência física ou psíquica contra a pessoa, ou ainda por outro meio que impede de resistir aos propósitos e à ação do delinqüente”.(Direito Penal, p. 251, volume 2, 28ª edição, 1996 – Editora Saraiva).  
                        Deste conceito parte a defesa no intuito de bem definir a conduta do acusado. Como se pode perceber dos autos, NENHUM DOS ACUSADOS usou de violência em momento algum contra quem quer que seja - nem mesmo reagiu à prisão - não usou arma de fogo, restando disso que sua conduta não se vincula aos termos da denúncia, cabendo sua absolvição, pois se defende dos exatos termos da peça acusatória. 
Quanto a autoria, esta não foi comprovada, visto que o acusado Cleiton e os demais acusados negam ter tentado roubar as vítimas, conforme interrogatórios.
Não menos importante, o acusado Valdinei, em audiência asseverou o fato de que o denunciado Cleiton ficou em seu veículo, quando o menor e Dionatan foram pedir informação na sede da fazenda onde teria, em tese, ocorrido do delito em comento. Vejamos:
DO ACUSADO VALDINEI
(...) 
Magistrado: “O carro deu problema na estrada?”
Valdinei: “Hãn! Do Cleiton.” 
Magistrado: “Todo mundo desceu do carro?”
Valdinei: “Hãn! Todo mundo.”
Magistrado: “Quem foi na propriedade da dona Ivone?”
Valdinei: “O Dionatan e o menor pedir uma garrafa de água. Eu e o Cleiton ficamos no carro dele, conversando ali.”
Magistrado: “Você ficou no veículo, então?”
Valdinei: “Hãn!”
Magistrado: “Então, você não foi até lá?”
Valdinei: “Não, em momento algum.”
(...)
Desse modo, os denunciados Valdinei e o menor de idade apenas direcionaram até a residência das vítimas em busca de água e informações sobre a fazenda a qual eles sabiam ter oportunidade de emprego.
O denunciado Cleiton Ferreira Teles sequer se dirigiu até a fazenda das vítimas, tendo permanecido em seu veículo, já que estava avariado, o que foi ratificado pelos demais denunciados.
Ora, diante das declarações das vítimas, tem-se por imperativo, que o denunciado CLEITON FERREIRA TELES não participou e ou de qualquer forma cooperou nessa possível tentativa de roubo, como já exposto.
De outro lado, há que se considerar também que nenhuma empreitada delitiva ocorrerá, tampouco o roubo, pois o delito insculpido no artigo 157 do Código Penal tipifica:
"Subtrair coisa alheia móvel, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa"
Qualquer exegeta entende não configurado o delito de roubo no caso em testilha, pois onde estaria a subtração da coisa? Pelo menos a tentativa?
O agente sequer subtraiu algo, pois não se dirigiu até a sede onde o delito em questão teria ocorrido.
Subsidiariamente, em caso remotíssimo de outro entendimento, requer-se a caracterização da forma tentada, eis que o agente nem mesmo chegou a subtrair algo, posto que o mesmo permaneceu em seu veículo, e, posteriormente, quando foi detido, por ação policial, estava ainda longe da fazenda onde as vítima residem.
Nesse sentido.
"Se o crime não alcançou a meta opta em virtude de reação do assaltado ou da intervenção da policia, tem se como configurado apenas o conatus" (TACRIM_SP AC_REL. Emerir Lecai RJD 2/56)
Ademais, quanto as causas de majoração da pena, devem ser rejeitadas aquelas previstas no inciso II do §2º e inciso I do§ 2º-A, ambos art. 157 do Código Penal (quando há concurso de duas ou mais pessoas e quando a violência ou ameaça for exercida com emprego de arma de fogo), pois de acordo com as provas colhidas no processo em questão, não houve a tentativa de roubo, e, muito menos violência ou grave ameaça exercida com emprego de arma de fogo, o que fora confirmado pelas vítimas.
No presente caso, os simulacros de arma de fogo encontrados com os denunciados não podem ser considerados para majoração de suas penas, uma vez que não são efetivamente armas de fogo, e, sequer foram utilizadas ou mostradas quando os corréus foram até a fazenda das vítimas para pedir informação.
Assim, diante da legislação vigente, do entendimento jurisprudencial apresentado e do depoimento das supostas vítimas, o que se requer é pela REJEIÇÃO das CAUSAS DE AUMENTO previstas no artigo 157, §2º, inciso II, e 157, §2º-A, inciso I, ambas do Código Penal. 
Assim, se o Ministério Público imputa uma conduta criminosa ao acusado, deve provar que aquela conduta se amolda ao tipo penal, merecendo a punição correspondente. 
Por outro lado, não provando que o acusado ao infringir a Lei, ajustou sua conduta ao tipo penal descrito, tecnicamente, a solução  justa é a absolvição.
III – DA CORRUPÇÃO DE MENOR
A ausência de provas quanto à autoria do crime de tentativa de roubo reflete na conduta delitiva de corrupção de menores, uma vez que não existindo o primeiro delito, impossível a imputação do segundo.
Desse modo, a materialidade em relação ao crime previsto no art.244 do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90) não foi comprovada.
Ademais, as vítimas não souberam informar se um dos agentes era menor de idade, vejamos:
OITIVA DA VÍTIMA JOELMA ALVES ROSA
(...)
Promotora: “Dentre esses dois, um deles parecia ser adolescente? Um rapazinho novo?”
Joelma: “Não, a feição deles era bem jovem, agora pra saber se era adolescente, eu não sei fala com certeza. A estrutura deles era bem jovem.”
(...)
Diante de todos os argumentos expostos, a defesa requer a ABSOLVIÇÃO do réu CLEITON FERREIRA TELES quanto ao crime tipificado no art. 244-B da Lei 8.069/90, com base no art. 386, inciso II, do Código de Processo Penal.
IV - DO JUÍZO DE REPROVAÇÃO FACE A CONDUTA DO ACUSADO 
O Juiz de Direito, especialmente o criminal, julga o homem à luz de sua conduta, em tese,criminosa, mas o julga em atenção a todos os seus problemas pessoais, sociais, e em observância às suas aflições.
Portanto, para a aplicação da lei penal, através da prestação jurisdicional, nos casos em se tenha a absoluta certeza do cometimento do crime, que não é o caso, será preciso especial atenção aos motivos e razões que o levaria a cometer a infração penal.
Nesta esteira de raciocínio, poderá o juiz, em atenção ao princípio da culpabilidade, entender ser desnecessário censurar a conduta do agente infrator. Isto, considerando-se a realização de uma conduta criminosa.
No caso em tela, nada obstante o acusado não realizar o tipo penal descrito na peça inaugural, o que, por si só, afasta qualquer possibilidade de condenação, é certo que em seu testemunho em juízo, o acusado negou a prática do delito de tentativa de roubo.
A conduta do acusado em momento algum demonstra intenção de impor medo ou violência à vítima, seja qual for a sua modalidade, de modo que aplicar a ele a sanção penal prevista seria violar o princípio da culpabilidade, posto que não há pena e nem crime sem a presença desta.
Portanto, deverá, desta feita, em atenção à sua culpabilidade, por absoluta insuficiência probatória, ser absolvido da grave imputação que sobre o acusado paira.
Senão também vejamos:
“A condenação exige prova irrefutável da autoria. Quando o suporte de acusação enseja dúvida, o melhor é absolver.” (TARJ - AP - Rel. Erasmo do Couto - RT 513/479)
Destarte, todos os caminhos conduzem, a absolvição do réu CLEITON FERREIRA TELES, frente ao conjunto probatório domiciliado à demanda, em si sofrível e altamente defectível, para operar e autorizar um juízo de censura contra o denunciado.
V - DA CONCLUSÃO
Ante o exposto, requer:
A ABSOLVIÇÃO DO DENUNCIADO CLEITON FERREIRA TELES, dos delitos tipificados no art.157, §2º, inciso II e §2º-A, inciso I c/c 14, inciso II, todos do Código Penal, com fundamento no artigo 386, inciso VII, do Código de Processo Penal;
A ABSOLVIÇÃO DO DENUNCIADO CLEITON FERREIRA TELES do delito tipificado no art. 244-B da Lei 8.069/90, com fundamento no artigo 386, inciso II, do Código de Processo Penal.
Finalizando, caso seja outro o entendimento de Vossa Excelência, requer a rejeição das causas de aumento previstas no artigo 157, §2º, inciso II, e 157, §2º-A, inciso I, ambas do Código Penal, não prevalecendo os termos da acusação, tendo em vista que o réu tem residência fixa, e é pobre no sentido legal do termo, que, então, seja o mesmo apenado no mínimo legal e convertida sua condenação nos termos do art. 44 e seguintes do Código Penal Brasileiro, com as alterações da Lei 9.714/98, por ser questão de Direito e de Justiça.
Termos em que,
Pede deferimento.
 
Guiratinga/MT, 26 de junho de 2019.
 
Isaías Campos Filho Marina Costa e Castro
 OAB/MT nº 2.470 OAB/MT 22.986

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