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Sumario
A conquista e a exploração da América Espanhola ................................................................... 7
1.Os fundamentos da colonização: Mercantilismo e Absolutismo ........................................ 7
A Era da colonização ........................................................................................................................ 7
2.A conquista espanhola da América ............................................................................................8
1.A conquista espanhola da América .......................................................................................... 12
Sumário do Volume
Sociologia
5. Cultura ou cultura? ........................................................................................................5
5.1 Cultura como resultado da produção humana .....................................................................5
5.2 Classifi cação de cultura(s) ........................................................................................................ 8
6. Movimentos e manifestações culturais .....................................................................15
6.1 Cultura de massa .......................................................................................................................15
6.2 Contracultura (http://cnec.lk/05wp) .....................................................................................18
7. Ciência dos homens e ciência da diferença .............................................................. 24
7.1 A noção de cultura e a ciência antropológica .................................................................... 24
7.2 Desenvolvimentos da Antropologia ...................................................................................... 34
8. Diferenças culturais.................................................................................................... 39
8.1 Diferença e desigualdade ........................................................................................................ 39
Sumário Completo
Volume 1
1. Sociologia: o estudo da sociedade?
2. Contexto histórico de surgimento da Sociologia
3. O processo de socialização
4. Relação indivíduo/sociedade
Volume 2
5. Cultura ou culturas
6. Movimentos e manifestações culturais
7. Ciência dos homens e ciência da diferença
8. Diferenças culturais
Volume 3
9. Trabalho como categoria sociológica propriamente humana
10. Trabalho e relações de produção ao longo da história
11. Trabalho nas sociedades modernas (Taylorismo, Fordismo e Toyotismo)
12. O mundo do trabalho nos dias atuais
51ª Série do Ensino Médio - Vol. 2
5. Cultura ou cultura?
Fig.5.1
Fig.5.8
Fig.5.2 Fig.5.3 Fig.5.4 Fig.5.5 Fig.5.6
Fig.5.7 Fig.5.9
Fig.5.10 Fig.5.11 Fig.5.12
5.1 Cultura como resultado da produção humana
Problemática do capítulo: Discutir a ideia de cultura como produção humana ao longo da 
história e como resultante da necessidade
A montagem das fotos – abertura do capítulo – mostra a diversidade alimentar, hegemônica em cada continente ou país, retratando como diferentes agrupamentos humanos, por 
distintos motivos – sociais, geográficos, históricos, entre outros –, foram, ao longo de milênios, 
construindo padrões; nesse caso, alimentares, a fim de garantir a satisfação de necessidades – 
Sociologia
Sociologia
6 1ª série do Ensino Médio
obter nutrientes. Evidentemente, esses padrões compuseram-se de forma lenta, passando por 
contínuas modifi cações. Podemos notar que as mudanças “mais rápidas” se deram instrumental 
e tecnicamente. Quer dizer, os seres humanos tendem a aperfeiçoar as técnicas para obterem 
comida. Há ainda outras técnicas, como, por exemplo, de produção de conhecimento, 
instituições da sociedade (justiça) e organização social, que também vão sendo aprimoradas. 
Há as tecnologias e todo o aparato industrial e mecânico que se desenvolvem cada dia mais 
rapidamente, e há costumes que demoram muito mais para mudar.
 Sob esse primeiro aspecto, há uma produção técnica e tecnológica que distingue os 
seres humanos dos outros animais. Os homens inventam mecanismos para melhor viverem 
no mundo e desfrutarem dele, satisfazendo suas necessidades biológicas e sociais. Estes são 
os únicos mecanismos passíveis de serem determinados como melhores, uns em relação aos 
outros, ou em termos de custo, benefício e efi ciência.
 A cultura material, como se vê, é mais tecnológica. E as instituições sociais? De modo simples, 
elas para regular e melhorar o convívio em sociedade. Desde Aristóteles1, sabe-se que o “homem 
é um animal político”, no sentido de que vive na pólis, isto é, na cidade, em grupo. O problema de 
viver em sociedade é a difi culdade de se respeitar o espaço alheio – sujeitar-se a regras comuns. 
Algumas dessas regras são explícitas – por exemplo, as leis – ao passo que outras são tácitas, 
implícitas – como os costumes, os hábitos, as crenças, as ideias, os valores que, como as leis, 
servem para organizar a vida social, embora muitas vezes as pessoas não “parem para pensar” 
a respeito do porquê fazem algo de um jeito e não de outro. Veja: não basta se alimentar, é 
preciso comer arroz, feijão e mais uma mistura. E não basta esses alimentos estarem reunidos, 
cada um deles é preparado de modo específi co e existe mais de uma maneira de prepará-los; 
inclusive, em ocasiões especiais são preferidos alimentos mais sofi sticados, evitando-se aqueles 
mais corriqueiros.
 De acordo com esse segundo ponto de vista, as técnicas são apropriadas pelas pessoas no 
seu dia a dia para satisfazerem suas necessidades orgânicas e sociais. É possível afi rmar, ainda, 
que as necessidades sociais englobam as biológicas, transformando-as, humanizando-as – os 
animais comem carne crua, já os humanos, cozida. Sobre esses mecanismos tácitos, as regras 
de convivência e o sentido, que faz executar uma ação de uma maneira e não de outra, não é 
possível dizer qual é melhor ou se há certo e errado. Quer dizer, para uma sociedade, existe o 
certo e o errado, para outra há outros valores. Por motivos sócio-históricos, as sociedades são 
diferentes, sem serem menos humanas por isso.
 Há exemplos concretos disso, como o fato de umas sociedades serem nômades e outras, 
sedentárias, devido a fatores de ordem geográfi ca e não a um “atraso” no desenvolvimento social. 
O fato de uns povos cultivarem rebanhos bovinos e alimentarem-se da carne deles e outros 
não, por julgarem que o bovino é sagrado, deve-se a razões de ordem sociológica e histórica, 
e não a crendices “pré-científi cas” ou “pré-racionais”. Aliás, a teoria cultural mais recente e mais 
importante para a Antropologia está sendo desenvolvida na Índia, ex-colônia da Inglaterra, e 
afi rma, entre outras coisas, que a cultura europeia/ocidental não é “moderna” porque é só mais 
uma cultura dentre milhares de outras, no sentido de que a Europa é apenas mais um bairro de 
uma cidade (e não o centro do mundo). O mesmo vale para a ciência desenvolvida na Europa/
Ocidente, que é encarada como apenas mais uma forma de conhecimento frente a outras – 
inclusive, a despeito dos notáveis avanços da ciência ocidental, os povos ocidentais costumam 
buscar nas culturas orientais milenares (chinesa e hindu) técnicas e conhecimentos alternativos 
(tratamentos naturopáticos, por exemplo).
 Já estudamos que uma pessoa se humaniza por intermédio do processo de socialização. Há 
numerosos “mecanismos” que tornam o ser humano apto para viver como tal. Em Ciências 
Sociais, mais particularmente na Antropologia, esses mecanismos de controle são defi nidos 
conceitualmente como cultura, que, no fundo, nada mais é do que o processo de socialização 
e seu resultado, desde a produção material até o mais imperceptível e refi nado comportamento. 
Esta é uma defi nição generalista, pode ser inferida a qualquer conceito de cultura. Contudo cada 
correnteantropológica cria uma defi nição especializada.
1 - http://cnec.Ik/05vn
Cultura ou cultura?
7Volume 2
 Claro, pode-se falar em cultura de massa ou cultura erudita, e ainda em cultura política, 
sociologia da cultura e, até mesmo, “cultura empresarial”. Ou seja, em nosso linguajar, a palavra
pode ser usada de diversas maneiras. Para o Ministério da Cultura, uma boa defi nição é: 
“manifestações artísticas”. Para as Ciências Sociais, tais manifestações são sim culturais. Porém 
cultura não é apenas isto, ela envolve muito mais.
 Em Antropologia, o conceito de cultura veio suprir a necessidade de explicar e compreender 
a diferença entre os seres humanos. De fato, esse conceito gozou, por mais de um século (do XVIII 
ao XX), de exclusividade nesta função. Recentemente, alguns antropólogos vêm questionando 
o conceito de cultura, alegando que ele seria, antes de tudo, mais um mecanismo de dominação 
e colonização do que de compreensão (veremos isso adiante). Atualmente, é consenso entre 
antropólogos que cultura seja a carga distintiva da humanidade, aquilo tipicamente humano, que 
diferencia o homem dos outros animais. Quando se fala em cultura, portanto, pressupõe-se toda 
a produção social, material e simbólica que as sociedades humanas construíram ao longo de sua 
existência.
 Existem, então, diferenças entre povos, inclusive a cultura (sentido antropológico) 
contemporânea de um povo é diferente do que foi no passado, e é também diferente entre 
indivíduos desse mesmo povo. Há uma multiplicidade de diferenças. O conceito cultura levou 
cinco séculos para ser gerado. É importante conhecer esse processo, ainda que sucintamente. 
Adiante (seção 7) veremos como a ideia de cultura surgiu em resposta à necessidade de 
entendimento das diferenças.
 Essa ciência da humanidade (Antropologia) busca estudar quais os signifi cados e valores 
que os seres humanos atribuem a si próprios, a seus bens e a suas atividades. É por isso que 
muitos antropólogos estudam cultura a partir da língua e das linguagens – ambas seriam uma 
rede de signifi cados, valores que as pessoas criam e mudam conforme suas necessidades. Uma 
defi nição clássica de cultura que, de certa forma, resume os aspectos materiais e simbólicos é a 
do antropólogo estadunidense Cliff ord Geertz2:
 O conceito de cultura que eu defendo [...] é essencialmente semiótico. Acreditando, como 
Max Weber, que o homem é um animal amarrado à teia de signifi cados que ele mesmo teceu, 
assumo a cultura como sendo essas teias e a sua análise; portanto, não como uma ciência 
experimental em busca de leis, mas como uma ciência interpretativa à procura do signifi cado. 
GEERTZ, Cli� ord. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Zahar, 1978. p. 15
 Explicando: para Geertz suprir, as ações dos humanos só têm sentido (valor, signifi cado) 
entre eles mesmos, de um para outro. Esse sentido foi construído ao longo da história de cada 
sociedade. Ocorre que os materiais, as técnicas, as formas de produção também passam por 
um processo de receber um valor determinado pela sociedade. Assim, cada ato humano só é 
possível a partir da teia de signifi cados que os seres humanos teceram entre si e que envolve 
as coisas. Por essa razão, não é possível formular leis gerais e universais sobre cultura, valores, 
signifi cados – porque eles são únicos em cada sociedade. A antropologia, enquanto ciência da 
humanidade, busca esses signifi cados e explica as atividades humanas a partir deles – as pessoas 
fazem a si mesmas e atribuem a si mesmas seu signifi cado a partir do contexto cultural. Em suma, 
cultura é o que norteia a ação dos humanos no mundo.
Exercícios de sala
1 Compare as defi nições de “cultura” que usamos diariamente, no senso comum, ao conceito 
estabelecido pela antropologia e indique as diferenças observadas. 
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2 - http://cnec.Ik/05vx
Sociologia
8 1ª série do Ensino Médio
Defi nição conceitual: Capacidade de 
se colocar no lugar do outro. 
5.2 Classifi cação de cultura(s)
 A) Cultura erudita e cultura popular
Fig.5.13
Notamos que cultura refere-se ao que distingue os seres humanos dos outros animais (ver seção 7). Lembrando da imagem de abertura do capítulo, é possível perceber que todos 
os seres vivos alimentam-se, mas os homens preparam a comida de infi nitas maneiras. Essas 
maneiras foram estabelecidas ao longo de milênios. No exato dia de hoje, coexistem diversas 
maneiras de cozinhar, de se vestir, de falar, de morar etc.
 Os seres humanos, ao depararem-se com a diversidade inerente à própria humanidade, 
buscaram maneiras de compreendê-la. O conceito de cultura tem o objetivo de englobar a 
distinção entre humanos e animais (antropocentrismo) e, ao mesmo tempo, as diferenças 
entre humanos – em grupo ou individualmente (alteridade, 
diversidade, diferença). Em resumo, o conceito de cultura seria 
uma explicação científi ca para as diferenças sociais baseadas na 
própria sociologia.
 Não é possível 
descrever uma suposta origem da 
cultura porque cada cultura é única 
e, digamos, 90% da população 
humana não registrou sua história 
em livros. Mesmo os europeus e 
demais ocidentais, e, antes deles, 
chineses, indianos e outros povos do 
oriente médio e da Ásia só passaram 
a escrever sua história nos últimos 
cinco mil anos (é muito pouco 
quando consideramos a idade 
estimada da Terra – 4,54 bilhões de 
anos – e que o Homo sapiens sapiens apareceu há cerca de 180 mil de anos).
 O que podemos afi rmar, por outro lado, é que tudo o que os seres humanos produzem é 
fruto de sua cultura. Mesmo o conceito de cultura é um produto cultural, que foi constituído em 
um contexto singular. Houve sim estudos sociológicos sobre a história dos povos europeus com 
base na cultura. Ferdinad Tönnies3 e seu livro Sociedade e Comunidade (1887) são ícones célebres. 
Contudo, tais estudos ainda buscam uma sequência lógica para os estágios de desenvolvimento, 
supostamente universal – e a história é particular, e não linear.
 Cinquenta anos mais tarde, em 1939, Norbert Elias4, sociólogo judeu da Alemanha, 
realizou um dos primeiros estudos históricos baseados na noção de cultura (em
3 - http://cnec.lk/060q 4 - http:cnec.lk/05vp 
Fig.5.14
Cultura ou cultura?
9Volume 2
 alemão, Kultur) sobre a sociedade europeia, a fi m de demonstrar que as ideias, crenças, costumes, 
hábitos e tecnologias mudam ao longo do tempo. É o que ele chamou de processo civilizador, 
que dá título a seu livro. Esse livro é um marco no pensamento social porque rompe com a ideia 
de continuidade entre estágios de desenvolvimento, inclusive jogando a Europa para fora do 
padrão de referência. Outro ponto importante sobre a tese de Elias, é que ela demonstra como o 
contexto social infl uencia na mudança cultural.
 Já sabemos que as culturas mudam, é realmente difícil perceber uma mudança cultural. 
Dependendo do que se entende por cultura e por mudança, uma mínima mudança de atitude 
de um indivíduo pode ser considerada mudança cultural ou pode-se ainda falar em revolução 
cultural, quando de veem drásticas mudanças que englobam o todo social.
 Entretanto, é inegável que o mecanismo básico de formação e mudança cultural se dá por 
meio das trocas entre as pessoas. Os seres humanos não trocam apenas objetos físicos, também 
trocam signifi cados, símbolos, afetos, sentidos, alianças, em suma, relações sociais.
 No processo civilizador, Elias descreve exaustivamente o intercâmbio cultural entre França, 
Inglaterra e Alemanha. Esse intercâmbio se deu de várias formas. Porém, o que chamou a atenção 
do autor foram os modos à mesa. Ele buscou relatos históricos das maneiras de se portar na
hora das refeições. A comparação entre as maneiras francesa e alemã mostrouque os franceses 
chamavam-se a si mesmos de civilizados por portarem hábitos considerados refi nados à mesa. 
Os alemães habituaram-se a copiar esses hábitos, chegando a contratar instrutores franceses 
para ensinarem boas maneiras a eles.
 O Brasil por vezes encomendou “missões francesas” de intelectuais e artistas para “civilizar” 
mais o povo brasileiro, mas no que se referia a produções artísticas (pintura) e não aos modos de 
se portar à mesa.
 A proximidade e as trocas entre as pessoas ocasionam mudanças. As pessoas compartilham 
entre si seus costumes, que são maneiras de se relacionarem uns com os outros. Evidentemente, 
essas trocas não são mecânicas, passam por seleção e mediação. Isto é, uns costumes podem 
ser incorporados e outros, rejeitados. E, ainda, para cada costume interiorizado, realizam-se 
adaptações. Por exemplo, o que os franceses chamam civilisation inclui, em grande parte, uma 
conduta social refi nada, delicada, discreta, contida; ao passo que, para os alemães, o termo é 
traduzido por Kultur e sinaliza antes para a intelectualidade e o cultivo do espírito. O exemplo está 
vastamente explorado no livro de Norbert Elias. Ainda, para os ingleses, culture é o termo que 
sintetiza as noções franca e germânica.
 Bem, mas um povo não é homogêneo. Sabemos que as pessoas de um mesmo povo tendem 
a ter hábitos iguais (língua, por exemplo). Mas cada indivíduo apropria-se destes hábitos de 
uma maneira, que é determinada pela sua condição social (no caso da língua, os dialetos e 
sotaques). O exemplo de Elias continua: para a elite alemã, os príncipes feudais, a intelectualidade 
era apreciada, era conveniente refi nar os hábitos seguindo a moda francesa. Os servos julgavam 
isso grande frivolidade e perda de tempo. Na França, a elite, nobre derredor da realeza, chamava 
a si própria de civilizada por seus requintes aristocráticos. Já a classe burguesa e servil entendia 
todo esse comedimento como fi ngimento e falsidade nas relações sociais.
 Entre uma classe social e outra, há diferenças entre os signifi cados atribuídos aos mesmos 
costumes. A razão dessa diferença pode ser um ódio de classe; ou pode estar baseada no entorno 
das pessoas, os símbolos de distinção social mudam de um grupo para outro. Vejamos: para a 
elite brasileira, música clássica europeia pode ser considerada de grande refi namento cultural 
(culture, civilisation, Kultur), e, para os subalternos que moram em bairros afastados e vivem de 
vender a força de trabalho, aquele tipo de música pode não passar de frivolidade, enquanto o rap, 
o funk e outros gêneros podem ganhar grande valorização.
 A diferença de pontos de vista e de valores não é dada pela natureza, é construída 
socialmente. Ao longo da história, um hábito é valorizado e outro, deixado ao desuso. Esta 
seleção e desvalorização ocorrem a partir das fontes de cultura a que um grupo tem acesso.
 É comum ouvir-se a afi rmação de que brasileiro não gosta de ler. Pode não gostar realmente. 
Mas tem livros em casa? Tem acesso fácil e farto a bibliotecas? Tem biblioteca na escola? Tem 
aulas de leitura? Livros são baratos e até as pessoas com baixa renda podem adquiri-los?
Sociologia
10 1ª série do Ensino Médio
 Esse sistema de distinção social é chamado de capital cultural. Tal conceito foi cunhado por 
Pierre Bourdieu5 para explicar por que os pobres tendem a não ir bem na escola. A explicação é a 
seguinte: a escola exige acesso a diversos capitais culturais (livros, fi lmes, museus etc.) aos quais 
nem todas as pessoas têm acesso. E, mesmo quando o acesso é fácil ou gratuito, a carência de 
instrução diminui seu aproveitamento.
 Portanto, o que leva uma pessoa a apreciar música “clássica” ou rap são suas condições 
sociais, porque ela terá acesso aos capitais disponíveis em seu meio e não a outros. Ela será 
apresentada e socializada a determinados códigos de valores pertinentes ao seu meio social. Isto 
não signifi ca que alguém que cresceu ouvindo rap não possa vir a apreciar MPB, signifi ca que 
o rap faz sentido para ela porque foi com esse estilo musical que essa pessoa foi socializada e 
cujo acesso foi facilitado por sua socialização. Assim, pode-se dizer que elementos classifi cados 
como cultura erudita diz respeito a elementos culturais apropriados pelas classes dominantes, 
e cultura popular normalmente é associada a elementos apropriados pelas classes subalternas, 
de cada momento histórico. Essa classifi cação não possui como critério a complexidade do 
elemento cultural em jogo e sim o grupo social que está se apropriando, ou alguém acreditaria 
que tocar acordeon (elemento típico da cultura popular brasileira) é mais simples que tocar 
violino (elemento tido como da cultura erudita)?
Exercícios de sala
2 A partir de quais elementos podemos distinguir a cultura brasileira como única?
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 B) Aculturação
 Acabamos de ver que é possível haver trocas culturais entre pessoas e povos. Uma pessoa ou 
um povo pode perder sua cultura?
 Em meados das décadas de 1950 e 1960, no 
Brasil, estavam em voga as teorias de aculturação. A 
partir da leitura da obra de Durkheim6, os antropólogos 
e sociólogos brasileiros iniciaram uma discussão 
a respeito de como se transmite a cultura. Nessa 
mesma época, uma questão preocupava o governo: 
a extinção dos ameríndios. Essa preocupação não 
era exclusividade do Brasil, era um debate de pauta 
internacional, inclusive na ONU e na UNESCO. Como 
todos os continentes haviam sido conquistados e 
colonizados pelos europeus, os povos nativos que 
ainda subsistiam estavam ameaçados de extinção física 
e cultural. Eles foram dizimados pelos colonizadores, e 
os sobreviventes estavam aderindo à cultura do colonizador. Ocorreu uma crise na Antropologia, 
também ameaçada de extinção: seu objeto de estudo desapareceria em dez anos, segundo as 
previsões mais catastrófi cas. Foi quando ganharam força os estudos e as teorias de aculturação 
ou assimilacionismo.
5 - http://cnec.lk/05vt 6 - http://cnec.lk/05vf
Fig.5.15
Cultura ou cultura?
11Volume 2
Defi nição conceitual: Intensidade de 
conformidade dos membros de uma 
coletividade aos padrões culturais do 
seu grupo.
 Recordando: etnocentrismo é o ato de utilizar sua própria visão de mundo para medir o valor e 
o progresso das demais sociedades; afi rmar que um grupo humano deveria dedicar-se à sua cultura 
particular sem misturar-se, é etnocentrismo ao avesso. Esse conceito será trabalhado adiante (seção 7 B).
 No Brasil, o processo de demarcação de 
terras indígenas e remanescentes quilombolas 
demandou que o governo contratasse 
antropólogos para estudarem e defi nirem quem 
era e quem não era nativo ou descendente 
de escravos. A questão parece banal, pode-
se imaginar que um indígena é alguém que 
vive no mato e usa penas como vestimenta. E 
quanto aos indígenas que ainda hoje vivem nas 
extremidades de São Paulo Capital (7a maior 
cidade do mundo, maior, inclusive que Nova 
Iorque), no pico do Jaraguá e em Guaianases? Bem, quando subimos o pico, vemos os índios 
vestidos com roupas, morando em casas e utilizando aparelhos eletrônicos (celular e relógio, TV e 
computador). No programa Aw’e, da TV Cultura, pode-se visualizar nativos da longínqua Amazônia 
com energia elétrica nas casas e possuindo aparelhos tecnológicos. Até um episódio de Fudêncio 
e seus amigos, desenho animado na antiga MTV, retrata a apropriação da cultura urbana pelos 
nativos e a queixa de que eles perderiamsua cultura.
 Mas cultura é algo que se pode perder? Ou trata-se, antes, de mudanças? Ao descobrir uma 
tecnologia que me proporcione conforto ou outras facilidades, não posso aderir a ela, pois 
deixarei de ser quem eu sou? Ao considerar que qualquer alteração introduzida é uma perda, 
então deveríamos parar de ouvir músicas em inglês e de comprar roupas da última moda. O fato, 
como demonstrou Elias para a Europa, como retratam os desenhos e documentários citados, é 
que as pessoas realizam trocas e apropriam-se de bens segundo seu interesse e benefício.
 Aquela questão da aculturação dos nativos brasileiros foi abordada pelo antropólogo 
brasileiro Roberto Cardoso de Oliveira7. Ele trabalhou nas equipes 
de “identifi cação” de nativos. Como o conceito de cultura era por 
demais abstrato para gerar uma evidência empírica da etnicidade, 
o pesquisador criou o conceito de fricção interétnica. Etnicidade 
vem de grupo étnico, é uma alternativa ao conceito de cultura 
que sinaliza para os caracteres particulares que, justamente por serem particulares, confeririam 
a um grupo o estatuto de étnico (o termo raça foi substituído por etnia). Assim, o conflito 
entre nativos e brancos no Brasil foi explicado pela fricção interétnica: o conflito de 
interesses entre os grupos de etnia nativa americana e etnia branca levava à revitalização 
de costumes (língua e crenças, por exemplo) e permitia aceitar que os grupo étnicos, 
os ameríndios, apropriassem-se dos bens culturais dos brancos, sem deixarem de ser 
étnicos. (Sobre a noção de etnia, ver, a seguir, seção 7 B.)
 É uma polêmica até hoje. Sabe-se que existiram costumes inventados para “provar” a 
etnicidade. O antropólogo João Pacheco de Oliveira8 trabalha a questão da ressurgência 
étnica no Brasil em um livro intitulado A viagem da volta. De fato, a luta por direitos 
leva os grupos étnicos a “voltarem” a seus costumes, para provarem que não sofreram 
“aculturação”. Claro que ninguém volta a ser o que era antes das trocas culturais, mas 
a luta por direitos é legítima e necessita deste conceito para facilitar o reconhecimento 
da diferença. Atualmente, a identidade (étnica ou qualquer outra) é reconhecida pelo 
estabelecimento de fronteiras entre grupos. A distinção entre nós/eles é feita pelo próprio 
grupo e atesta sua particularidade cultural.
7 - http://cnec.lk/061g 8 -http://cnec.lk/0612 
Fig.5.16
Sociologia
12 1ª série do Ensino Médio
Exercícios de sala
3 A cultura brasileira é homogênea? Justifi que sua resposta a partir de exemplos do dia a dia, utilizando-
se teoria antropológica.
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 C) Anticolonialismo
 Atualmente, é consenso em Antropologia que um grupo étnico defi ne-se pelas fronteiras que 
estabelece às trocas com os demais grupos. Alguns grupos étnicos, no entanto, tomam para si a 
bandeira da identidade para diferenciarem-se dos demais. Segundo Stuart Hall9, este processo é 
a resposta pós-colonial à globalização. Nesse sentido, alguns grupos “minoritários” que sofreram 
décadas de repressão de sua cultura ressurgiram e afi rmaram-se étnicos em oposição à “cultura” 
comercializada pelas potências mundiais.
 Thomas Hylland Eriksen10 é um 
antropólogo norueguês que discute o 
mesmo problema de aculturação naquele 
país. Seu conterrâneo Fredrik Barth11 também 
discute a mesma questão identitária. 
Na verdade, o tema ganhou destaque 
em outros países, surgindo, inclusive, o 
termo “políticas de reconhecimento (de 
identidades)” que é análogo às questões 
étnicas do Brasil. No caso da Noruega, 
os noruegueses descendentes de povos 
germânicos são dominantes e confl itam 
com lapões (nativos) e patãs (imigrantes do 
oriente médio). A resolução encontrada é similar à dos antropólogos brasileiros. Além da questão 
da identidade étnica (etnicidade), defi nida com base nas fronteiras entre os grupos culturais, 
esses antropólogos discutem a questão da globalização a partir de sua absorção ou não pela 
“cultura local”. No fundo, todos os povos selecionam o que vai adentrar suas fronteiras culturais 
e incorporar-se à sua identidade. Contudo, a rejeição sistemática dos produtos “globalizados” 
ou sua ressignifi cação pelos valores da cultura local sobrepõe-se à chamada globalização. Os 
grupos fazem isto para se preservar em vários sentidos. Há um termo especial: glocal (fusão de 
global com local) que demarca esta valorização da cultura local em detrimento da “global” – que 
no fundo exclui os povos subdesenvolvidos.
 As ações afi rmativas vieram deste movimento de subversão dos valores hegemônicos. As 
culturas nativas, outrora reprimidas e condenadas, passaram a se valorizar. O valor negativo foi 
atribuído pelo colonizador que não reconhecia a diferença cultural e alegava que era atraso de 
progresso (sempre em referência ao padrão europeu). Antropólogos desses países ex-colônias 
entendem que é preciso descolonizar-se, inclusive nos valores e no pensamento, que a dominação 
se dá antes pela interiorização dos valores do colonizador. Por isso o movimento de subverter
9 - http://cnec.lk/061j 10 - http://cnec.lk/061l 11 - http://cnec.lk/060t 
Fig.5.17
Cultura ou cultura?
13Volume 2
o valor negativo é tido como revitalizar a cultura local (em oposição à global). Dentre esses 
antropólogos, há alguns radicais, chamados pós-coloniais, que propõem inclusive descartar o 
conceito de cultura, porque, segundo eles, esse conceito explica a diversidade humana, porém 
apenas para justifi car o extermínio ou um mecanismo traiçoeiro de manutenção da desigualdade 
entre os povos. Esse mecanismo funciona pelo incentivo ao retorno e à manutenção da cultura 
local, preponderantemente agrária, a fi m de que os países permaneçam subdesenvolvidos em 
relação aos países centrais.
 Um aspecto central desta crítica à antropologia é a noção de progresso, que é considerado 
o padrão europeu ou estadunidense. O antropólogo dos EUA, Marshall Sahlins12, chama as 
sociedades “primitivas” de “sociedades da abundância” porque elas não seriam capitalistas 
(forma da economia “mais desenvolvida”) e, nessas sociedades, as pessoas trabalham em média 
quatro horas por semana e ninguém passa fome. Com o capitalismo, trabalha-se em torno de 
quarenta horas por semana, e muita gente passa fome. A crítica à noção de progresso, à crença 
de que só existiria um progresso está baseada no etnocentrismo.
 Os autores do pós-colonialismo são, maioria, das ex-colônias britânicas, notadamente a 
Índia, onde se desenvolve esta teoria cultural, considerada a mais importante da atualidade. Tal 
corrente teórica é também chamada, especialmente na Inglaterra, de “estudos culturais”, porque 
pratica multidisciplinaridade, especialmente relações entre literatura e antropologia, mas também 
psicologia, ecologia, fi losofi a e sociologia. Alguns desses autores são: Edward Said, Stuart Hall, 
Franz Fanon, Lila Abu-Lughod, Vandana Shiva, Akhil Gupta, Homi K. Bhabha, Gayatri C. Spivak, 
Paul Gilroy, Gananath Obeyesekere, Arjun Appadurai, entre outros/as.
Exercícios de sala
4 De que maneira o ser humano ressignifi ca coisas, ideias e valores de outros povos no dia a dia? 
Busque exemplos.
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Exercícios propostos
5 
12 - http://cnec.lk/0626
 A charge anterior retrata 
a) a ingenuidade dos nativos.
b) a chegada dos europeus à América.
c) o processo de colonização como 
negociação e troca entre povos.
d) os benefícios da colonização, pois os 
ameríndios eram atrasados.
e) os argumentos utilizados para justifi car a 
colonização e, com ironia, apresenta a relação 
entre imposição e benefício.
Sociologia
14 1ª série do Ensino Médio
6 A expressão “cultura popular” pode ser 
entendida no sentido de “consumida pelo 
povo, amplamente divulgada e acessível 
às classes mais humildes”. A oposição entre 
cultura popular e cultura erudita pode ser 
explicada como a
a) democratização do acesso à cultura.
b) luta cultural de grupos distintos dentro da 
sociedade.
c) hierarquia de valores entre classes sociais 
de uma sociedade.
d) imoralidade de grupos sociais que se 
apropriam de elementos culturais.
e) falta de propaganda dos grupos que 
produzem essas culturas.
7 Para a Sociologia, cultura é algo característico 
do ser humano e pode ser defi nida como:
a) bens artísticos exclusivamente.
b) conjunto de conhecimentos que alguém 
pode acumular.
c) características sociais universais das 
sociedades humanas, iguais em todos os 
tempos e lugares. 
d) características sociais particulares de uma 
sociedade que são aprendidas de uma outra 
sociedade.
e) características sociais particulares de uma 
sociedade, construídas pelos seus membros, 
ao longo da história, inclusive tecnologias.
8 Sobre o processo de aculturação, 
afi rma-se
 1) É comum a todos os povos, pois há 
trocas entre pessoas a todo tempo.
 3) Uma sociedade que adquire a cultura 
de outra deixa de ser ela mesma.
5) Embora valores ou tecnologias possam 
ser incorporados, eles são ressignifi cados 
e integrados de maneira específi ca.
 7) A troca de tecnologias entre grupos 
humanos leva à homogeneização das 
culturas.
 9) Uma cultura preserva-se antes pelas 
trocas do que pelo isolamento, pois as 
trocas não destroem necessariamente 
uma cultura, mas levam-na a se 
desenvolver.
 A soma das afi rmações corretas é:
a) 10
b) 13
c) 11
d) 15
e) 16
Saiba mais
 http://cnec.lk/05wu
 Movimentos e manifestações culturais
15Volume 2
6. Movimentos e manifestações culturais
Fig.6.5 Fig.6.4Fig.6.1
Fi
g
.6
.2
Fi
g
.6
.3
6.1 Cultura de massa
As expressões cultura de massa ou meios de comunicação de massa são comuns. Para os canais que veiculam estas expressões, o signifi cado delas pode ser de “popularidade”. As 
Ciências Sociais encaram estes “meios” de produção e difusão como “massifi cação” cultural em 
sentido especial.
 Para bem compreender o que é massifi cação, é necessário conhecer o contexto histórico em 
que o termo surgiu. Após a II Guerra Mundial, sociólogos da chamada Teoria Crítica ou escola de 
Frankfurt, que fugiram do extermínio nazista na Alemanha e foram para os EUA, dedicaram-se 
a pensar sobre as razões do sucesso do nazismo e do fascismo. Dentre os motivos apontados, 
descobriu-se que a propaganda foi fundamental. O Estado nazista monopolizou os meios de 
comunicação, enchendo-os de propaganda a favor do regime – um dos motivos que conquistou 
apoio da quase totalidade da sociedade. O principal formulador do conceito e teoria da 
comunicação de massa foi Theodor W. Adorno13 (1903-1969).
 Em Adorno, indústria cultural distingue-se de cultura de massa. Esta é oriunda do povo, 
de suas regionalizações, de seus costumes e sem a pretensão de ser comercializada, enquanto 
indústria cultural possui padrões que se repetem com a fi nalidade de formar uma estética ou 
percepção comum voltada ao consumismo. E embora a arte clássica, erudita, também pudesse ser 
distinta da popular e da comercial, sua origem não tem a intenção de ser comercializada nem surge 
espontaneamente, mas é trabalhada tecnicamente e possui uma originalidade incomum – depois 
pode ser estandardizada, reproduzida e comercializada segundo os interesses da indústria cultural.
 Tal teoria está baseada em pressupostos marxistas e psicanalistas. Do marxismo, estes 
autores trouxeram a noção de alienação, no sentido de que as pessoas eram levadas pela 
propaganda a se sentirem estranhas a si mesmas e ao que importava ao nazismo; a propaganda 
inculcava-lhes uma ideologia, isto é, ideias e valores que não lhes pertenciam, mas eles tomavam 
para si porque estavam alienados de seus valores pessoais. Da psicanálise, os autores importaram 
a noção de inconsciente coletivo. Freud14, certa vez, tentou explicar por que o comportamento 
das pessoas é similar (por que milhares de pessoas têm comportamento igual ou semelhante? É 
a pergunta fundamental da sociologia de Durkheim). Sua explicação foi que, em grupo, a razão e
a individualidade tenderiam a desaparecer, e as pulsões de vida e morte, os medos coletivos e os 
desejos tomariam as pessoas e elas agiriam por impulso, por fatos que estariam esquecidos, mas 
arquivados no inconsciente de cada uma. Nesse sentido, a propaganda produziu um inconsciente 
coletivo que legitimava o sistema.
13 - http://cnec.lk/061k 14 - http://cnec.lk/061i
 
Sociologia
16 1ª série do Ensino Médio
 O sociólogo estadunidense Charles Wright-Mills15 (1916-1962) também estudou a comunicação 
de massa, mas no contexto dos EUA pós-guerra. Ele percebeu que o monopólio (ou antes oligopólio) 
dos meios de comunicação nos EUA era de uma pequena elite que os utilizava para veicular 
propagandas de seu interesse. E, dessa maneira, mantinha poder ou dominação sobre os demais. 
Aqui não no sentido de legitimar um governo (embora pudesse manchar sua imagem e arruinar uma 
campanha eleitoral), mas no sentido de auferir privilégios e riquezas. Esta elite conseguia efetivamente 
infl uenciar o comportamento e decisões das pessoas.
 Para Wright-Mills, a dominação (defi nição de Weber16: probabilidade de obter obediência de 
outro) era exercida por intermédio da mídia, apenas com uma diferença: a redução das pessoas a 
uma massa amorfa. Ignorar as diferenças sociais e culturais, propagar uma igualdade de oportunidades 
é tratar as pessoas como uma massa homogênea sem forma e que pode ser moldada como se 
desejar. O autor também trabalha com os conceitos de Marx17 de alienação e ideologia, porém para 
demonstrar como uma elite se serve de meios de comunicação para manter seus privilégios de poder 
e infl uência política.
 Vale a pena considerar o contexto geral no 
mundo do pós-guerra. As potências econômicas 
(Europa e EUA) passaram por uma crise econômica 
grave de excesso de produção e recessão. Para 
tentar minimizar os abalos periódicos que os 
ciclos de produção do capitalismo causam, 
autoridades reunidas em Bretton Woods, em 
julho de 1944, lideradas pelo economista inglês 
John M. Keynes18, pensaram um sistema mundial 
interligado de meios de equilíbrio da economia 
mundial capitalista. Estes mecanismos fi caram 
conhecidos como acordos de Bretton Woods19 e 
atualmente não estão mais em vigor.
 Paralelamente, a URSS e o socialismo existente (cabe notar que nas discussões sobre Estado, esse 
sistema deve ser entendido como Capitalismo de Estado) ganhavam mais adeptos – as coisas iam 
bem no socialismo enquanto, no capitalismo, as crises perduravam. Para fazer frente ao Socialismo e garantir 
sua hegemonia mundial, os EUA investiram na criação da “cortina de ferro”, uma linha armada para impedir 
o seu avanço para o Ocidente (que estava devastado pela guerra recém-terminada). A URSS instalou mísseis 
em Cuba (150 km dos EUA) para responder à ofensiva. 
Era a guerra fria que se instaurava.
 Os EUA e países hegemônicos perceberam 
que precisavam mais do que nunca convencer as 
pessoas de que o capitalismo era viável e que todos 
poderiam ter acesso aosbens de consumo. É aí 
que os meios de comunicação ganharam o papel 
de transformar o povo em massa e de dar-lhe a 
forma que convinha. Surgiu, então, o Welfare State 
(Estado de bem-estar social), também baseado 
em nos acordos de Bretton Woods. E nasceram, 
ainda, a doutrina Truman e o Plano Marshall20. 
Truman foi presidente dos EUA entre 1945-53, 
e sua doutrina pregava o fortalecimento do 
capitalismo para evitar a expansão do socialismo 
– guerra ao Socialismo/Comunismo. Marshall 
foi um assessor do governo na época em que se 
planejaram os altos investimentos na recuperação 
da Europa com o objetivo de afastar o Socialismo.
15 - http://cnec.lk/060j 16 -http://cnec.lk/05vc 
17 - http://cnec.lk/05w5 18 - http://cnec.lk/0613 19 - http://cnec.lk/05wf 20 - http://cnec.lk/05wg
Fig.6.6
Fig.6.7
 Movimentos e manifestações culturais
17Volume 2
 Cabe perguntar como isso afeta nossa sociedade atualmente, em termos de cultura. Como 
vimos, cultura é muito mais do que manifestações artísticas. Não é o que a grande mídia mostra. 
A seção “Cultura” no jornal Folha de São Paulo traz, em geral, programações de eventos – não traz 
artigos de antropólogos discutindo problemas culturais. O conceito antropológico de cultura já foi 
analisado, mas o que está por trás da noção de cultura da mídia?
 Uma análise, a partir dos conceitos de massifi cação, permite inferir que a “cultura” veiculada pela 
mídia representa os interesses dos donos dos meios de comunicação e de quem lhes paga para 
divulgar tal ou qual tema sob tal ou qual ponto de vista. Essa elite do poder tem muito claro para si 
que é preciso construir uma opinião que lhe seja favorável para se preservar no poder.
 Alguns fi lósofos brasileiros (Marilena Chauí21 e Viviane Mosé22, por exemplo) apontam que 
a seleção de pontos de vista e assuntos, bem como a maneira de abordá-los, feita pela mídia 
brasileira é um trabalho de desinformação porque não dá nenhum contexto para que o leitor/
espectador/ouvinte forme sua própria opinião. Nesse sentido, a “informação” é massifi cada, sem 
qualquer tratamento, sem contexto e sem conteúdo para uma massa indistinta de pessoas.
 Deleuze23 e Guattari24, em um momento em que discutem linguística e semiótica, afi rmam que a 
comunicação não tem por objetivo informar coisa alguma. O que se transmite é, antes de mais nada, 
o mínimo necessário para que uma opinião seja reproduzida, isto é, apropriada pela pessoa, acatada 
como correta sem avaliação – o que automaticamente legitima a opinião da mídia – e difundida. O 
conceito que esses fi lósofos utilizam é o de palavra de ordem. Signifi ca que a informação é apenas 
a necessária para transmitir ordens e garantir seu cumprimento, sem deixar saber de quem veio a 
ordem e qual é a sua fi nalidade.
 Chamamos palavras de ordem não uma categoria particular de enunciados explícitos (por 
exemplo, no imperativo), mas a relação de qualquer enunciado com pressupostos implícitos 
[...]. As palavras de ordem não remetem, então, somente aos comandos, mas a todos os atos 
que estão ligados aos enunciados por uma “obrigação social”. Não existe enunciado que não 
apresente esse vínculo, direta ou indiretamente. Uma pergunta, uma promessa, são palavras de 
ordem. [...] 
DELEUZE; GUATTARI, 1996, pp.:95-6, grifo do original.
 Quer dizer, não é porque a “informação” não aparece na forma de uma ordem que ela não seja 
uma ordem indireta. Aliás, a maneira mais efi ciente de se obter domínio (obediência) é aquela 
pela qual as pessoas não percebem que estão sendo manipuladas. A ausência de contexto das 
informações midiáticas cumpre este papel. O pressuposto implícito é que a ordem não será 
questionada.
 Costuma-se dizer que o jornalista responde às perguntas: O quê? Quem? Como? Quando? 
Onde? Por quê? Ora, estas questões nada mais são do que o contexto, o local do discurso, a 
historicidade dos fatos. Quando tomamos uma reportagem mais vulgar, as respostas a estas 
perguntas básicas estão ausentes. O fato de isso passar despercebido pelas pessoas é sinal de 
que se mordeu a isca, aceitou-se o que está escrito/dito como chegou até nós.
 Um fato social expressivo desta descontextualização é que as notícias são cada vez menores. 
Linhas. Etiquetas (“tags”). Apenas rotulamos, não analisamos. Os comentários na internet são, em 
sua maioria, fora do contexto e sem fundamento por essa mesma razão.
 Não signifi ca que sejamos bobos. O fato acontece porque, às vezes, faz-se uma leitura 
inadvertida, crendo na imparcialidade de quem reporta a “informação”. Nem os positivistas, 
que acreditavam que os dados empíricos eram incontestáveis, deixavam isso passar sem 
questionamento. Quando tomamos dados, prega o positivismo, devemos verifi car a qualidade da 
fonte, como construíram-se os dados. Além do mais, como veremos (seção 7) no caso da história 
do conceito de cultura, os valores sociais mudam com o tempo e, por isso mesmo, a fonte de 
informação deve ser situada no tempo, para ser corretamente interpretada.
 Há um dizer popular que afi rma: papel e internet aceitam qualquer coisa. Certamente, no 
papel e na internet é possível escrever qualquer coisa sem que a veracidade do que foi escrito
21 - http://cnec.lk/0619 22 - http://cnec.lk/061d 23 - http://cnec.lk/060x 24 - http://cnec.lk/060p
Sociologia
18 1ª série do Ensino Médio
seja contestada. O que se chama de entrelinha é esta parte do discurso que não é dita, que 
está implícita, subjacente, e que se tenta evidenciar para tomar uma posição adequada frente à 
informação.
 Pode-se dizer, ainda, que a defi nição do que é e do que não é “cultura” passa pelo arbítrio 
de quem veicula a informação. Por que determinados eventos aparecem e outros nem sequer 
são mencionados?
 Em certo sentido, esta pregação ideológica visa a legitimar uma ordem social. Divulga ideias 
e valores que, se não forem contextualizados, levam a pessoa a pensar e a agir como alguém 
deseja. É por isso que a leitura é difícil e desencorajada. É por isso que este texto não vai ao ponto 
sem atualizar o contexto histórico, o lugar do discurso. É por isso que o professor tem de mediar 
a história.
Exercícios de sala
1 Analise a charge com os conceitos de cultura de massa
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6.2 Contracultura (http://cnec.lk/05wp)
A contestação desses aparelhos ideológicos de Estado – conforme uma expressão de Louis Althusser25 – não é exclusividade dos dias atuais. Em todas as civilizações do mundo houve 
contestadores. A reforma protestante na Idade Média foi uma contestação da ideologia católica. 
O socialismo contestou fortemente o capitalismo.
 Estudaremos, nesta seção, alguns movimentos 
de contracultura, que se referem a diversos 
eventos e movimentos sociais, principalmente as 
manifestações de estudantes parisienses de maio 
de 1968.
 Os movimentos de maio de 1968 são apenas os mais 
conhecidos. Eles têm antecedentes e sucessores. O 
contexto geral da Europa, 20 anos após a II Guerra 
Mundial, era de conformismo. Uma “paz” muito 
tensa, com o “inimigo vermelho” a menos de 500 
km. De fato, o Estado de bem-estar social apenas 
oferecia bens de massa (em grande quantidade 
e acessíveis à massa amorfa de trabalhadores) 
e incentivava o consumismo como a perfeição do capitalismo. Nos EUA, essa “realização” era 
representada pelo slogan: american dream (sonho americano) ou american way of life (jeito 
americano de vida). Recentemente diz-se smile (sorria) – claramente uma palavra de ordem – 
que ainda preserva subentendido “sorria, porque você está no melhor dos mundos”, como se nãohouvesse outro possível.
25 - http://cnec.lk/0616
Fig.6.9
Fig.6.8
 Movimentos e manifestações culturais
19Volume 2
 Tal era a pregação ideológica no mundo capitalista, enquanto o mundo socialista era acusado 
de pregação ideológica – como se apenas lá houvesse ideologia. Uma coisa é a ideologia enquanto 
ideias e valores que se servem para organizar as relações sociais (cultura). Outra é a ideologia que 
aliena as pessoas, que frustra suas possibilidades de realização enquanto seres humanos.
 Por numerosas razões, os jovens daquela época (1968) deram-se conta das manipulações 
ideológicas do Estado e rebelaram-se. É nesta época que as Ciências Sociais entram em crise (os 
chamados pós-) e são obrigadas a repensar seus paradigmas.
a) Hippies (http://cnec.lk/05wq )
 Os hippies podem ser entendidos como 
um dos primeiros movimentos a rejeitar a 
cultura ocidental hegemônica; dizer não ao 
consumismo; evitar as marcas e modas; preferir 
ou criar os estilos “alternativos” de vida; abrir 
mão de todos os valores tradicionais; reinventar 
as formas de sociabilidade.
 A opção era a experimentação. Provar tudo 
que era proibido: sexo, drogas, rock n roll. Roupas 
diferentes. Cortes e penteados diferentes. Os 
mais radicais deixariam de cortar os cabelos e de 
tomar banho – Seriam um germe dos movimentos ambientalistas de hoje?
 Um ponto que este movimento questionou foi a guerra como indústria. Isto é, os EUA 
perceberam que guerras eram um negócio lucrativo: o país lucrou milhões vendendo armas 
e, depois, fi nanciando a reconstrução da Europa. Tomando consciência dessa lucratividade, 
passaram a fazer guerra sob qualquer pretexto (comunismo, petróleo etc.). A guerra do Vietnã é 
apenas um dos episódios mais dramáticos. O negócio da guerra perdura até nossos dias (Iraque, 
Síria, Afeganistão entre outros). Em 1960, os chamados hippies perceberam esta indústria e 
passaram a dizer não à guerra (paz e amor; faça amor, não faça guerra).
b) Panteras negras (black panthers party) (http://cnec.lk/05wr)
 Dado o racismo aberto e segregacionismo da sociedade 
estadunidense, os negros criaram um partido extraparlamentar 
(os EUA têm um regime político de parlamento que possui 
apenas dois partidos) para defesa de seus direitos. Enquanto no 
Brasil a política social da mesma época pregava um suposto 
assimilacionismo – ver a seção sobre aculturação – os EUA e 
outros países de língua anglo-saxã pregavam a separação entre 
negros e brancos. O regime apartheid (afastamento) da África do 
Sul é apenas o caso mais divulgado de respaldo legal ao racismo.
 Um movimento gêmeo do Panteras negras, foi o Black power (= 
poder negro).
 Esses negros passaram a lutar por igualdade de direitos. 
Em termos culturais, houve um processo de valorização das 
particularidades dos negros – não alisar, raspar ou prender 
os cabelos por exemplo – contra a cultura hegemônica 
(branca), e desenvolvimento e divulgação de gêneros 
musicais particulares aos grupos de negros (jazz, soul entre 
outros). E houve, ao mesmo tempo, e talvez ambiguamente, 
um processo de rejeição do confi namento dos negros 
à sua cultura particular. Sobre este segundo processo, é 
preciso explicar que os negros perceberam que quando 
se afi rmava que eles deveriam “valorizar sua cultura”
Fig.6.10
Fig.6.11
Fig.6.12
Sociologia
20 1ª série do Ensino Médio
tratava-se tão somente de um racismo às avessas, uma estratégia velada de segregacionismo, de 
mantê-los no subdesenvolvimento e na pobreza, em suma, de preservar a desigualdade social e 
de direito. Neste sentido, o movimento político reivindica equiparação de direitos.
 Mais tarde, surgiram as ações afi rmativas. Estas ações visavam a afi rmar – no duplo sentido de 
valorizar e retirar a carga negativa – as particularidades dos negros. Por causa do segregacionismo, 
os negros tentavam parecer menos negros por imitação de hábitos dos brancos. O movimento 
político percebeu que esta atitude era de submissão. Notaram que era o mesmo que aceitar o 
caráter negativo ou inferior atribuído pelos brancos à cultura (sentido da antropologia) dos negros. 
Por isso afi rmar-se negro seria subverter a carga negativa e ir contra a cultura dominante. Na seção 
anticolonialismo, viu-se que o subalterno entendeu que o primeiro passo para descolonizar-se 
era eliminar de sua mente os valores do colonizador.
c) Tropicalismo (http://cnec.lk/05ws) 
 Este termo congrega movimentos artísticos do 
Brasil dos fi nais dos anos 1960 e da década de 1970. 
Obviamente, tratam-se de refl exos dos movimento de 
contracultura do exterior. Mas o movimento ganhou 
características particulares no Brasil por conta, em 
grande parte, do contexto da ditadura militar. Nesse 
sentido, dizer “não” à cultura hegemônica (a dos EUA) 
era afi rmar-se habitante dos trópicos.
 Grossa parcela do movimento expressou-se na MPB, 
além de outras artes. É conhecida a crítica ferrenha 
à ditadura presente nas letras de músicas. O que os agentes perceberam, como nos outros 
movimentos citados, foi que o Brasil “prostituía-se” aos EUA, quer dizer, celebravam-se grandes 
pactos com este país e, dessa forma, permitia-se a penetração da cultura massifi cada produzida 
nos EUA em nosso país.
 Podemos dizer que as tendências musicais 
internacionais, o rock, por exemplo, estavam 
sendo ressignifi cadas. Isto é, os artistas brasileiros 
apropriavam-se dos produtos musicais internacionais 
e retrabalhavam-nos. Agregava-se uma “brasilidade” 
a tais produtos. Foi nesta época que o francês foi 
substituído pelo inglês nas escolas – foi substituído 
por conta da hegemonia dos EUA. O evento Rock in 
Rio é fruto deste movimento.
 Houve, é claro, movimentos negros e hippies no 
Brasil. Eles também tiveram adequações ao contexto 
social brasileiro. Isso não signifi ca que foram cópias 
dos movimentos do exterior. Inspiraram-se neles, 
mas havia problemas sociais brasileiros específi cos 
que demandavam respostas específi cas. Em certa 
medida, alguns movimentos sociais brasileiros são 
anteriores a movimentos similares em outros países.
d) Tribos urbanas de jovens (http://cnec.lk/05wt)
 A Antropologia generalizou o termo “tribo” como grupos mais ou menos homogêneos, isto 
é, que compartilham alguns valores e, geralmente, vivem em um mesmo lugar. A antropologia 
social clássica chamava de “tribo” qualquer agrupamento de pessoas que compartilhava língua 
e costumes e vivia no mesmo lugar. Desta forma, Evans-Pritchard chamava os Nuer de tribo 
africana nilota – grupo de pessoas com costumes similares, que habitavam a região do rio Nilo.
Fig.6.13
Fig.6.14
 Movimentos e manifestações culturais
21Volume 2
 O termo foi substituído nos anos 1950 
por etnia. Supostamente, o termo “etnia” 
seria mais neutro do que “tribo” além de 
ser um termo importado do grego clássico. 
Mas, no fundo, ele preserva as mesmas 
conotações: grupo de pessoas vivendo 
em um mesmo lugar e compartilhando a 
mesma cultura.
 Quando os antropólogos passaram 
a se debruçarem sobre os problemas das 
grandes metrópoles (notadamente em 
Chicago, a partir de 1930), eles perceberam 
que as pessoas moradoras de bairros 
mais afastados dos centros (comumente, 
o centro das metrópoles é comercial e 
fi nanceiro) tinham hábitos particulares. Por 
razões históricas e sociais óbvias, grupos 
de imigrantes costumavam morar nos 
mesmos bairros, em que hábitos e dialetos 
eram preservados. Pessoas pobres acabam indo para bairros em que seu poder aquisitivo 
permite viver e ali desenvolvem atividades peculiares, tanto pela questão aquisitiva como pelo 
fator geográfi co – a distância do centro não permite acesso fácil aos bens culturais da classe 
dominante, por isso desenvolvem-se, no bairro, atividades culturais e de lazer características.
 Alguns termos especiais foram cunhados para estes bairros, seus hábitos e suaspopulações. 
Gueto, por exemplo, o mais divulgado. O termo é um empréstimo do italiano ghetto, que 
preservou a grafi a em inglês, e que signifi ca bairro, grupo, reduto. De fato, a palavra está 
bastante arraigada e divulgada na linguagem do dia a dia.
 No Brasil, estes estudos da cidade e dos bairros tiveram como objeto escolas de samba, 
movimentos políticos, religiosos, artísticos e musicais, relações de violência, dentre outros. 
Curiosamente, o termo tribo possui ainda hoje larga divulgação e emprego. 
 Quando as Ciências Sociais detiveram-se em estudos sobre a juventude, o termo “tribo de 
jovens” apareceu referindo-se a grupos de jovens que compartilham hábitos e valores, que 
residem, geralmente, no mesmo bairro e se encontram em uma mesma faixa etária (entre 15 
e 18, 19 e 24, dependendo do que o observador busca). O conceito pode abrir mão de limites 
etários e de locais para valorizar o movimento das pessoas em torno das mesmas atividades. 
Pode-se assim caracterizar os jovens por frequentarem as mesmas instituições (a escola é a 
mais evidente).
 Um problema recorrente à juventude é a busca por seu lugar na sociedade. Alguns 
antropólogos relatam ritos de passagem: quando se chega a uma determinada idade, a passagem 
da “infância” à vida “adulta” se dá por provas de coragem, rituais normalmente em grupos de 
jovens – nossos ritos de passagem similares são as formaturas e os casamentos. Em nossa 
sociedade, a transição pela adolescência é lenta e conturbada por causa das contradições com 
que o jovem se depara: não é adulto nem criança; tem e não tem responsabilidades; pode e 
não pode vivenciar coisas; ser estudante e começar a trabalhar etc.
 Talvez a maneira mais acessível de o jovem participar das instituições sociais seja pelos 
movimentos sociais, políticos e culturais. Não precisa ser um movimento nacional ou partido 
político – toda cultura é política. Manifestações artísticas de bairro, opções de lazer de bairro 
constroem uma rede de participação que produz o sentimento de pertencer à sociedade e/ou 
a uma tribo. Além de participar da vida coletiva, o jovem ganha papel de produtor dos valores 
e das relações sociais.
Fig.6.15
Sociologia
22 1ª série do Ensino Médio
Exercícios de sala
2 Estabeleça relações entre contracultura, aculturação e anticolonialismo.
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Exercícios propostos
3 Este trecho foi extraído do site Carta Capital:
SUA PUBLICIDADE FINANCIA O QUÊ 
MESMO?
 A propaganda é o principal elemento 
de fi nanciamento à informação, mas 
o limite entre publicidade e jornalismo 
deve ser muito bem delimitado.
 O cenário da comunicação 
de massa mudou radicalmente nos 
últimos 20 anos. De grandes veículos 
e corporações de mídia passamos 
a milhões de atores e produtores 
de conteúdos dos mais diversos. A 
publicidade, o principal combustível 
do mundo da comunicação está se 
adaptando muito mais rapidamente a 
essa transformações do que outros setores 
da mídia, principalmente o jornalismo. No 
entanto, mesmo monstros sagrados da 
comunicação, como a televisão, viram 
seu reinado ser abalado por canais a cabo, 
internet e sistemas de TV on demand, 
como o Netfl ix, por exemplo. Este admirável 
mundo novo, que abriu verdadeiras caixas 
de pandora informativas, que criou bases 
de dados globais acessíveis a um click, 
também criou desafi os civilizatórios. 
Edgar Morin, sociólogo e fi lósofo, explica 
que informações são apenas dados, 
conhecimento é como organizamos esses 
dados de forma a criar um novo saber. 
 http://www.cartacapital.com.br/sociedade/sua-publicidade-
fi nancia-o-que-mesmo-7352.html acesso em 29-11-2015
 A problemática abordada no texto 
enfatiza que 
a) a mídia deveria ser informativa e 
comunicativa em relação a todas as pessoas 
da sociedade.
b) as mudanças recentes, como os canais a 
cabo, são expressão da democratização dos 
meios de comunicação.
c) a publicidade por trás do fi nanciamento 
dos meios de comunicação é um elemento 
que infl uencia fortemente o que é divulgado 
e como é divulgado.
d) a fronteira entre publicidade e propaganda, 
as informações veiculadas nos meios de 
comunicação podem ser consideradas 
isentas de interesses.
e) a grande quantidade de atores e 
produtores de conteúdos, demonstra que a 
mídia está mais democrática.
4 Luta contra o imperialismo cultural, 
valorização da cultura produzida localmente, 
engajamento político das artes são 
características de:
a) ex-colônias da África e Ásia, pois preservar 
sua cultura é preservar sua existência.
b) movimentos de contracultura, pois 
reivindicam reconhecimento de sua 
alteridade.
c) modernismo dos países subdesenvolvidos, 
que culminaram na eclosão desses 
movimentos.
d) movimentos contemporâneos, pois os 
movimentos anteriores separavam arte de 
política.
e) movimentos de contracultura, pois 
reconhecem que a ideologia conformista e o 
incentivo ao consumismo é uma maneira de 
dominação.
 Movimentos e manifestações culturais
23Volume 2
5 “[...] transformação de uma comunidade de 
públicos em uma sociedade de massas é uma 
das chaves do signifi cado da vida moderna.” 
 WRIGHT-MILLS, C. A sociedade de massa. In: Sociologia. São 
Paulo: Ática, 1985. p: 134).
 A partir dessa citação, assinale a 
alternativa incorreta:
a) (Im)possibilidade de resposta, infl uência 
nas opiniões são caracteres da sociedade 
massifi cada.
b) O processo de massifi cação pode ser 
identifi cado pela menor quantidade de 
emissores do que de receptores.
c) A comunicação de massa é essencial para 
fazer circular a quantidade de informações 
que nossa sociedade produz.
d) O termo sociedade de massa faz referência 
ao amontoado amorfo que trata tudo como 
não político, não partidário, não identifi cado.
e) Massifi cação não está associado a controle 
social.
6 Considerando a noção de cultura de massa, é 
correto afi rmar que:
 2) a proporção entre emissores de 
opinião e receptores é muito desigual.
 4) a possibilidade de réplica a alguma 
informação ou opinião comunicada 
por alguém ou alguma instituição é 
restringida.
 6) os efeitos que as opiniões emitidas 
podem ter – isto é, a ação resultante da 
opinião – é o que se chama de infl uência.
 8) a vigilância de autoridades 
governamentais sobre as pessoas é 
exercida indiretamente.
 10) a cultura de massa é apenas mais 
divulgada e desvinculada da política.
 A soma das afi rmações corretas é
a) 20.
b) 18.
c) 24.
d) 30.
e) 12.
Saiba mais
 http://cnec.lk/05wv
Sociologia
24 1ª série do Ensino Médio
7. Ciência dos homens e ciência da diferença
Fig.7.1
Fig.7.2
Fig.7.3
Fig.7.4 Fig.7.5
7.1 A noção de cultura e a ciência antropológica
A) Contexto histórico do conceito de cultura
Ser um humano é uma questão de não ter rabo, como os macacos? Hoje, a pergunta parece banal, mas, há 500 anos, era a maior questão daquele momento. Os europeus estavam 
estupefatos pela constatação de que havia outras terras e outros seres parecidos com os humanos 
– humanoides. É importante perceber que, após um milênio da Idade das Trevas, em que a 
Europa fi cou reclusa sobre si mesma e predominava o misticismo, a descoberta de que o mundo 
era redondo e de que havia outros povos em terras além-mar surpreendeu a todos. E quanto aos 
humanoides? São humanos? Ou macacos? O ser humano pode ser reconhecido por não possuir 
cauda? Nesse caso, o modelo de explicação está baseado na Biologia. Ou o ser humano pode ser 
reconhecido a partir de sua humanidade? Nesse caso, o modelo de explicação é a Sociologia. E, 
ainda, nesse segundo caso, uma segunda questãose coloca: como defi nir o que é humanidade?
Ciência dos homens e ciência da diferença
25Volume 2
 Para o antropólogo Tim Ingold26, a Antropologia é a ciência cujo tema peculiar é a humanidade.
 Estudar a humanidade [...] não é apenas esmiuçar as idiossincrasias de uma espécie 
particular, de um diminuto segmento do mundo da natureza. Trata-se antes de abrir à pesquisa 
um mundo que se multiplica interminavelmente na exuberante criatividade do pensamento 
e das ações das pessoas em todos os lugares. A tarefa parece impossível porque o tema está 
sempre extrapolando os estreitos limites de nosso entendimento. Como somos, nós mesmos, 
humanos, o problema não está em não termos logrado reduzir a humanidade a proporções 
analisáveis, mas em jamais sermos capazes de acompanhar o passo de suas transformações.
INGOLD, Tim. Humanidade e animalidade. In: Revista brasileira de ciências sociais, 28, 1995, p.: 39.
 Quer dizer, como o ser humano é um ser que se constrói diariamente nas relações sociais, ele 
está em perpétuo movimento de vir a ser humano, de socializar-se e humanizar-se. Por ser um 
processo infi ndável, torna-se difícil defi nir o que é um ser humano. Em termos dos fundamentos 
fi losófi cos da Antropologia, diz-se que o ser humano é uma abertura. Esse conceito sinaliza 
para a questão: O que é o homem? E a resposta está em aberto e não pode ser respondida de 
maneira defi nitiva. Isto é, podemos reconhecer de longe o que é um ser humano, mas é muito 
mais complexo compreender e reconhecer o que signifi ca ser humano – posto que o signifi cado 
varia no tempo e no espaço.
 De modo geral, os fi lósofos têm tentado descobrir a essência da humanidade na cabeça 
dos homens, em vez de procurá-la em suas caudas (ou na ausência delas). Mas, na busca 
dessa essência, eles não se perguntaram sobre “o que faz dos seres humanos animais de 
determinada espécie?” Ao contrário, eles inverteram a pergunta, indagando: “O que torna os 
seres humanos diferentes dos animais, como espécie?” Essa inversão altera completamente 
os termos da questão. Isto porque, formulando a pergunta da segunda maneira, o gênero 
humano já não aparece como uma espécie da animalidade, ou como uma pequena província 
do reino animal. A pergunta faz alusão a um princípio que, infundido na constituição do animal, 
eleva seus possuidores a um nível mais alto de existência do que o do “mero animal”. A palavra 
humanidade, em suma, deixa de signifi car o somatório dos seres humanos, membros da 
espécie animal Homo sapiens, e torna-se o estado ou a condição humana do ser, radicalmente 
oposta à condição da animalidade.
Ingold, 1988, p. 4, apud Ingold, 1995). A relação entre o humano e o animal deixa de ser inclusiva (uma província dentro de um reino) e passa a ser 
exclusiva (um estado alternativo do ser). (idem, ibidem p.: 46.
 A Ciência Moderna nasce no século XV. É também, nesse século, que a América é “descoberta” 
pelos europeus em 1492, a partir desse momento eles se dão conta, então, de que há mais 
pessoas no mundo e que elas são diferentes em vários aspectos, como língua, vestimentas, 
hábitos, crenças e valores: A questão do outro está posta.
 Em Antropologia, a questão do outro faz referência 
ao processo de navegação e colonização do mundo 
pelos europeus; e, dentro desse processo, o outro, o 
diferente, o estranho e o nativo foram tratados. O que 
hoje chamamos de Antropologia nasceu dos relatos 
de exploradores, conquistadores, expedicionários, 
militares e padres que escreviam suas aventuras e 
cujos relatos circulavam em alguns meios europeus, 
levando ao conhecimento daquele povo a descrição 
– muitas vezes exagerada e falsa – dos exotismos 
dos outros.
26 - http://cnec.lk/061n
Fig.7.6
Sociologia
26 1ª série do Ensino Médio
 Os homens comuns nunca se preocuparam com a 
diversidade: o início da Era Moderna enfatiza a busca por 
acumulação de riqueza. Se o nativo for um fornecedor ou 
comprador, ótimo, do contrário, seria morto para que seu 
território fosse ocupado. O cristianismo acreditava, em um 
primeiro momento, que os nativos não possuíam alma, 
e os fi lósofos e cientistas pregavam que eles não eram 
humanos. Há inclusive relatos de que os ameríndios foram 
capturados e levados à Europa para serem dissecados ou 
expostos como animais de zoológico ou de estimação.
 Mais tarde, o cristianismo mudou de posição. A refl exão sobre a pergunta “Por que há humanos 
distintos de nós, europeus?” recebera da Igreja Católica a resposta “Ide e pregai o evangelho por 
todo o mundo”. Nesse sentido, os evangelizadores do século XVI entenderam que Deus havia 
criado os humanos e que era dever dos europeus, presunçosamente superiores, levarem-lhes 
a palavra de Deus, para salvar suas almas. Por um lado, foi um avanço, no sentido de passar a 
considerar o outro como ser humano e portador de alma. Ocorre que essa mudança de atitude 
respondia ao questionamento feito ao descaso da Igreja e às crueldades dos conquistadores. 
Portanto, o novo posicionamento do cristianismo pode ser entendido também como um aparato 
ideológico para justifi car a colonização do Novo Mundo.
 Nenhum dos fi lósofos e cientistas europeus deu atenção, nos séculos XV e XVI, à questão do 
outro, exceto Michel de Montaigne27 e Étienne de la Boétie28, que foram contra a corrente de 
pensamento da época. Esses dois franceses produziram um entendimento acerca da diversidade 
humana. Algo particular ao gênero humano existiria que os distinguiria dos demais animais. Estes 
vivem na natureza, os seres humanos, em sociedade (Aristóteles29). A partir dessa diferença, 
deduziu-se que haveria uma natureza humana comum a todos os seres humanos. Um outro 
fi lósofo, o inglês Francis Bacon30, contemporâneo aos dois franceses, afi rmou que o homem 
deve subjugar a natureza – essa tese sustentou a existência de uma natureza humana.
 É importante ressaltar que o modelo teocêntrico de explicação do mundo levou os fi lósofos 
a afi rmarem que Deus criou o homem de maneiras distintas, em locais também distintos. As 
ideias da Ética de Benedictus de Espinoza31, fi lósofo luso-batavo e judeu excomungado, criaram 
um aparato fortíssimo de sustentação para essa afi rmação: em linhas gerais, Deus possui infi nitos 
atributos, e cada coisa que existe é a manifestação material de seus atributos, portanto os outros 
homens também seriam fi lhos de Deus. Espinoza não trata do assunto, porém foi um autor muito 
estudado pelos renascentistas e primeiros iluministas. Nesse sentido, afi rmou-se que Deus criou 
os homens na natureza e que a interação com a diversidade da natureza levou os seres humanos 
a criarem para si uma nova natureza, como uma natureza humana recobrindo a natureza divina.
 Portanto vê-se que, com o “descobrimento” da América, colocou-se a questão do outro. A 
Igreja Católica cunhou uma ideologia para sustentar a conquista do novo continente. Finalmente, 
os humanistas engendraram a noção de humanidade para incluir o outro na espécie humana. Esse 
conceito incipiente de humanidade considerava que, apesar de diferentes, os nativos também 
eram humanos. Mas explicava essa diferença pela vontade e manifestação de Deus – por razões 
de perseguição ideológica e limites cognitivos. Assim foi dado mais um passo: ser humano não 
é uma questão de ter ou não uma cauda, mas sim humanidade, dom de Deus. Dom de Deus? 
Como identifi car e analisar isso? Afi nal, o que é humanidade? E por que os seres humanos são 
diferentes?
 Entre 1600 e 1700 (séculos XVII e XVIII), surgiu um novo eixo de explicação da humanidade, 
baseado nas ciências da natureza. Os homens fazem parte da natureza, então deve existir uma 
natureza humana, uma particularidade. A ideia de natureza humana concedeu a todos, inclusive 
aos nativos, o estatuto de humanos. Essa questão era colocada há pelo menos 200 anos antes 
(Montaigne e la Boétie), em termos similares, porém não explicavao motivo de haver diferenças 
entre os humanos.
27 - http://cnec.lk/061b 28 - http://cnec.lk/060o 29 -http://cnec.lk/05vn 30 -http://cnec.lk/05w0
31 -http://cnec.lk/060h
Fig.7.7
Ciência dos homens e ciência da diferença
27Volume 2
 Ao longo do século das Luzes ou Esclarecimento (séculos XVII e XVIII), os fi lósofos e cientistas 
abandonaram, em muitos casos, o modelo de conhecimento teocêntrico. Era a Idade da Razão 
que nascia. A questão do outro foi deixada para segundo plano pelos iluministas, por conta das 
revoluções políticas e tecnológicas da Europa.
 Nesses séculos, apenas Rousseau32 e, mais tardiamente, Kant33 construíram alguma refl exão 
sobre o que seria a humanidade. Rousseau, no fundo baseado em Étienne de la Boétie e 
Montaigne34, afi rmou que o homem nascia bom e a sociedade o corrompia. O conceito de “bom 
selvagem” agregava ideias de que o homem era bom por natureza (natureza humana e não 
mais divina) e que os humanos nasciam livres, sendo os nativos o exemplo puro e a prova dessa 
tese. Os nativos passaram a ser chamados “primitivos”, porque representariam a forma primordial 
de todos os homens. E qual seria a forma superior ou avançada? Segundo os europeus de então, 
a fase avançada seria o europeu.
 Por sua vez, Kant, baseado em Rousseau, construiu a tese de que a natureza humana é 
tipicamente racional. O humano pode ser reconhecido pelo uso de um atributo cognitivo – 
a razão. Ainda assim, as diferenças persistem. Segundo Kant, alguns homens (os europeus) 
desenvolveram-nas mais em relação aos demais.
 No século XIX, a ideia de natureza humana foi abandonada em decorrência dos avanços da 
Biologia e da mudança dos padrões científi cos. Já vimos que uma ciência só pode ser considerada 
como tal se puder apresentar provas concretas e palpáveis de suas teses. A explicação pela vontade 
de Deus ou por uma natureza humana, que não passa de fruto da abstração de fi lósofos e não pode 
ser encontrada no mundo material, perdeu a validade no campo científi co.
 Como visto anteriormente, os fundadores da sociologia, Marx35, Durkheim36 e Weber37, 
institucionalizaram e respaldaram – Durkheim mais que os outros – a Sociologia como uma ciência 
positiva. No século XIX, não se questiona mais se os primitivos são ou não humanos nem o que diferencia 
os humanos dos outros animais; e surgem respostas à segunda questão: “Por que os humanos são 
diferentes?”, em duas vertentes: a da Biologia e a da Antropologia.
 Para a Biologia, os seres humanos são diferentes porque cada espécie animal desenvolveu-se ao 
longo de milênios e, nesse sentido, alguns grupos estariam atrasados em relação a outros. O nome 
desse paradigma de explicação é evolucionismo social. Ele está baseado na teoria da Origem das 
espécies, de Charles Darwin38. É importante ressaltar que Darwin produziu uma teoria sobre a vida em 
geral e sua variedade. Sociólogos (Herbert Spencer39), economistas (Thomas Malthus40), fi lósofos e 
naturalistas (Arthur de Gobineau41) tentaram transportar a explicação darwiniana (também conhecida 
como darwinismo social) para a sociedade. O resultado dessa experiência foi a fundamentação 
científi ca do racismo e da colonização (agora, para levar os povos atrasados ao “desenvolvimento”, 
cujo modelo era a Europa). Em outras palavras, gerou-se uma justifi cativa “científi ca” para a invasão dos 
demais continentes, para a expansão do mercado e para o extermínio das raças atrasadas que não se 
adaptassem.
 Para a Antropologia, a explicação da diferença entre os homens também será evolucionista, no 
sentido de que existiria estágio de desenvolvimento pelos quais todas as sociedades devem passar, sem 
saltar de um estágio para outro. Contudo o conceito-chave da explicação é a cultura. Para a Biologia e 
o evolucionismo social, o modelo de explicação são as ciências da natureza e a própria Biologia, sem 
distinção entre os humanos e os demais animais. Para a Antropologia, que, agora, adquiriu o estatuto de 
ciência, o modelo de explicação é a Sociologia (principalmente, naquele momento sócio-histórico, de 
Durkheim).
 Finalmente, chega-se ao conceito de cultura. Foram apresentados problemas: 1) Como reconhecer 
um ser vivo como humano? 2) Por que os humanos são diferentes? e 3) Qual é a característica particular 
que separa humanos de animais e, ao mesmo tempo, unifi ca-os como humanos? O conceito de cultura 
tem a pretensão de responder às três questões. 1) Um humano pode ser reconhecido por ser “portador” 
de cultura. 2) Os humanos são diferentes porque detêm culturas diferentes (explicação pela sociedade e não 
pela natureza). 3) A diferença entre humanos e animais é que os primeiros possuem, herdam e criam cultura.
32 - http://cnec.lk/0611 33 - http://cnec.lk/060z 34 - http://cnec.lk/061b 35 - http://cnec.lk/05w5
36 - http://cnec.lk/05vf 37 - http://cnec.lk/05vc 38 - http://cnec.lk/060i 39 - http://cnec.lk/060y 
40 - http://cnec.lk/061m 41 - http://cnec.lk/060g
Sociologia
28 1ª série do Ensino Médio
 Toda essa luta no campo das ideias para abandonar as questões antigas por uma nova: O que 
é cultura?
 [...] tomado em seu amplo sentido etnográfi co, é este todo complexo que inclui 
conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos 
adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade. 
TYLOR, Edward Burnett. A cultura primitiva, 1871, volume I, p. 1.
 Tylor42 costuma ser considerado como um 
dos fundadores da Antropologia enquanto 
ciência acadêmica – de um certo ponto, é 
possível dizer que é anterior à Sociologia, posto 
que Durkheim só publicaria As regras do método 
sociológico em 1895. O termo etnográfi co 
empregado por Tylor faz menção aos relatos 
descritivos de viagens dos exploradores, 
caçadores e coletores britânicos da época 
do Império Britânico. No fundo, o que Tylor 
fez foi sintetizar a refl exão sobre a diferença 
e a humanidade, que se viu, grosso modo 
anteriormente, no conceito cultura.
 Do ponto de vista da história da Antropologia, 
esse conceito, embora a defi nição dada anteriormente esteja em desuso, é primordial e foi 
fundamental para afastar das Ciências Sociais o paradigma de explicação com base em biologia 
orgânica. O conceito é evolucionista, na medida em que considera que há estágios de 
desenvolvimento desiguais entre os povos, mas como a diferença foi explicada pela sociedade 
e não por predisposições biológicas (hoje, chamamos isso de gene), foi um avanço formidável 
para a época.
 Esse conceito de cultura apresentado anteriormente ganhou tal popularidade e, praticamente, 
cada antropólogo cunhou um para si. De fato, nos anos 1940-50, as pesquisas de Alfred Kroeber43, 
antropólogo estadunidense, culminaram em uma coleção de algo em torno de 200 (duzentas) 
defi nições de cultura. O problema é que, por se tratar do conceito central que fundamenta a 
teoria antropológica, ele não poderia ser pulverizado. O próprio Kroeber percebeu que na busca 
de um substrato comum a todas as defi nições estava a separação básica e fundamental entre 
o biológico e o sociológico no ser humano, e que algo comum a toda a humanidade e cultura 
variava.
 Uma defi nição muito apreciada de cultura foi oferecida por Cliff ord Geertz44 também dos 
EUA, e considerado fundador da Antropologia Interpretativa, quase um século depois daquela 
primeira conceituação: cultura são os mecanismos de controle simbólicos que servem 
para orientar a ação dos seres humanos no mundo (a defi nição, nas palavras do autor, está 
na seção 5.1). Esse conceito é assaz poderoso porque impacta diretamente a noção de 
humano. Isto é, se por humano entendemos alguém que não tem cauda (paradigma biológico), 
a cultura pode ser desconsiderada. Por outro lado, se por humano entendemos um ser que se 
produz a si mesmo em um contexto específi co (paradigma sociológico), a cultura determina 
o que pode vir a ser um humano, preservando inclusivesuas variações, sem estabelecer 
hierarquia entre elas.
 Para saber mais sobre o conceito de cultura na mediação entre humanidade e animalidade, 
acesse o verbete do antropólogo Tim Ingold45.
42 http://cnec.lk/060m 43 - http://cnec.lk/0627 44 - http://cnec.lk/05vx 45 - http://cnec.lk/061n
Fig.7.8
Ciência dos homens e ciência da diferença
29Volume 2
Exercícios de sala
1 Descreva, com base no ponto de vista antropológico, como o ser humano é singular dentre os demais 
animais.
 _______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
B) Crítica ao evolucionismo
 Como a Biologia e a Medicina foram 
as primeiras ciências a adquirirem esse 
status, as demais ciências tenderam 
a copiar seus padrões técnicos e 
metodológicos. Honrosas exceções 
foram Marx46, Durkheim47 e Weber48 
que explicaram o social pelo social 
(e não pelo biológico). Entretanto a 
Antropologia nasceu do evolucionismo 
e esse modelo de pensamento levou 
décadas para ser superado – e, ainda 
hoje, há antropólogos e cientistas (sociais 
e naturais) evolucionistas.
 Conceituar cultura foi realmente um 
grande avanço porque permitiu explicar as diferenças entre os grupos humanos sem excluir 
os diferentes da humanidade. Porém, juntamente a esse conceito, o de raça foi importado da 
Biologia para as Ciências Sociais.
 É importante ressaltar que evolucionismo é a leitura que biólogos fi zeram da teoria da origem 
das espécies de Darwin. Para esse autor, a origem das espécies é um processo histórico, demora 
milênios, e é infl uenciado por fatores geográfi cos (clima e presença ou ausência de determinados 
alimentos). A origem das espécies tem a ver com a adaptação dos seres vivos às condições da 
natureza – nesse sentido, o ser humano é o ser vivo mais bem adaptado porque é o único capaz 
de transformar a natureza a seu favor. Portanto a teoria de Darwin fala de produção de diferenças 
por variações nos meios e ambientes. Os fatores históricos e geográfi cos são determinantes 
sobre a Biologia. É por isso que não vemos um macaco transformar-se em humano. Darwin diz 
que, há milhares de anos, é provável que existia um ser vivo humanoide, cuja propagação por 
espaços geográfi cos diversos levou a adaptações diversas e, por sua vez, a espécies diferentes 
(homem e macaco).
 Bem, o raciocínio feito pelos antropólogos foi mais próximo ao de Darwin – e é mais razoável 
a leitura feita por biólogos. Assim compreendia-se que humano era todo aquele que “portasse” 
cultura apesar das diferenças. Mas a maneira de encarar essa diversidade intrínseca às sociedades 
humanas conduziu à crença de que existia hierarquia entre as sociedades. A diversidade é 
intrínseca porque é necessário ao ser humano se adaptar, diferenciando-se. Da mesma forma 
que se pode dizer que o ser humano é o animal mais bem adaptado, pois suas técnicas possibilitam 
transformar a natureza, acreditou-se que haveria uma linha de desenvolvimento com um único 
fi m e que as sociedades passariam de um estágio a outro até o atingirem.
46 - http://cnec.lk/05w5 47 - http://cnec.lk/05vf 48 - http://cnec.lk/05vc
Fig.7.9
Alguns com dedos,
os demais com
unhas
Segundo dedo com
garras, os demais
com unhas.
Segundo e Terceiro
dedos com garras,
os demais com 
unhas.
Com cauda Sem cauda
Com cauda
Preênsil
Sem cauda
Preênsil
Postura Ereta
Eventual
Postura
Ereta
Todos os dedos
com unhas
Primatas
Lêmur Társio Macaco
do Novo
Mundo
Macaco
do Velho
Mundo
Antropóides Homem
Sociologia
30 1ª série do Ensino Médio
 A imagem ao lado representa a evolução 
humana segundo a Biologia. Observe que 
é uma linha reta e que possui apenas um 
sentido (todos caminham para a mesma 
direção).
 O evolucionismo social acreditou nessa 
ideia linear de progresso. Sabemos que o 
último elo da cadeia de desenvolvimento do 
ser humano é o mais desenvolvido (o mais 
adaptado). Os antropólogos e sociólogos do 
fi nal do século XIX transportaram essa ideia 
para as Ciências Sociais. Eles e toda Europa, 
acreditavam que o auge da humanidade 
era o que se chamava civilização e que 
sua forma mais perfeita e completa era a 
Europa. Por isso acreditou-se que o padrão 
europeu de civilização era o último estágio de desenvolvimento humano e o fi m da linha do 
progresso, ao qual todos os grupos humanos deveriam chegar.
 Foi quando o conceito de raça, que explica a diferença entre os seres vivos pela Biologia, 
ganhou espaço nas ciências humanas. Acreditava-se que existiam diversas raças humanas, umas 
mais desenvolvidas, outras menos. Nesse sentido, o evolucionismo (Biologia e Antropologia) é 
fi lho legítimo do Positivismo (fi losofi a), já estudado anteriormente.
 L. H. Morgan49 estabeleceu uma linha de desenvolvimento em três estágios: selvageria, 
barbárie e civilização. Selvagens eram os mais primitivos, de hábitos rudimentares, nômades em 
sua maioria ou silvícolas (habitantes das selvas). Barbárie: estágio de povos mais desenvolvidos 
tecnologicamente, possuidores de armas e sedentários, no entanto, sua inteligência e organização 
política e social ainda era muito defasada, de modo que viviam brigando entre si. Civilização: 
povos com posse plena das tecnologias e desenvolvimento intelectual que possibilitaria conviver 
em paz – esse padrão apenas teria sido atingido pelo Ocidente, isto é pelos EUA, pela França 
e Inglaterra. Essa linha de progresso de Morgan foi amplamente difundida e copiada. Embora 
sofi sticada, a tentativa de Morgan de defi nir o caminho da evolução não tem fundamento 
concreto. O que ele fez para defi nir selvageria, barbárie ou civilização foi agrupar técnicas e 
ferramentas. Mas esse “critério” é arbitrário, as ferramentas são aperfeiçoadas ou abandonadas 
com o tempo e, por isso mesmo, qualquer outro arranjo poderia ser inventado.
 Outro autor contemporâneo a Moragan e que escreve de forma parecida é Auguste Comte50. 
Segundo esse autor, o espírito humano se desenvolveria em três estágios: teológico, metafísico 
e positivo. Assim: 
 No estado teológico, o espírito humano, dirigindo essencialmente suas investigações para 
a natureza íntima dos seres, as causas primeiras e fi nais de todos os efeitos que o tocam, numa 
palavra, para os conhecimentos absolutos, apresenta os fenômenos como produzidos pela 
ação direta e contínua de agentes sobrenaturais mais ou menos numerosos, cuja intervenção 
arbitrária explica todas as anomalias aparentes do universo. 
 No estado metafísico, que no fundo nada mais é do que simples modifi cação geral do 
primeiro, os agentes sobrenaturais são substituídos por forças abstratas, verdadeiras entidades 
(abstrações personifi cadas) inerentes aos diversos seres do mundo, e concebidas como 
capazes de engendrar por elas próprias todos os fenômenos observados, cuja explicação 
consiste, então, em determinar para cada um uma entidade correspondente.
 Enfi m, no estado positivo, o espírito humano, reconhecendo a impossibilidade de obter 
noções absolutas, renuncia a procurar a origem e o destino do universo, a conhecer as causas
49 - http://cnec.lk/0615 50 - http://cnec.lk/05vw
Fig.7.10
Ciência dos homens e ciência da diferença
31Volume 2
íntimas dos fenômenos, para preocupar-se unicamente em descobrir, graças ao uso bem 
combinado do raciocínio e da observação, suas leis efetivas, a saber, suas relações invariáveis 
de sucessão e de similitude. A explicação dos fatos, reduzida então a seus termos reais, se 
resume de agora em diante na ligação estabelecida entre os diversos fenômenos particulares e 
alguns fatos gerais, cujo número o progresso da ciênciatende cada vez mais a diminuir.
COMTE, A. Curso de Filosofi a Positiva. In: COMTE, A. Comte: Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultura, 2005, p. 22 e 23.
 Assim, como para Morgan, Comte também era evolucionista e acreditava que o estágio 
mais desenvolvido da humanidade seria o estado positivo, em que os brancos europeus eram 
o estágio máximo a ser alcançado.
 Ainda no século XIX e princípio do século XX, o conceito de homem estava fortemente 
assentado em uma base biológica. Isso signifi ca que o maior ou menor desenvolvimento era 
atribuído à biologia, e não à cultura, o homem seria feito pela natureza, e não por si mesmo, no 
processo de autoconstrução.
 O problema da ideia de evolução – tanto em Morgan como em Comte – é postular que cada 
grupo estaria em um estágio de desenvolvimento e que deveria necessariamente progredir 
para os outros, sem pular etapas. Como os cientistas que inventaram essa tese eram europeus, 
eles presumiram que a referência, o ápice do progresso era a cultura europeia (hoje, a dos EUA?). 
Por que a Europa? Qual a evidência empírica de que as sociedades se desenvolvem em um único 
sentido e que o fi m, o objetivo de todo desenvolvimento, é igualar-se à Europa?
 Da mesma forma que o cristianismo no século XVI justifi cou a diferença e o extermínio dos 
nativos porque esses não tinham alma – nas entrelinhas, isto equivale a afi rmar que o diferente é 
inferior –, a Biologia, a ciência, nos séculos XIX e XX, justifi caram a diferença (a cultura) pela raça. 
A cultura muda, mas a raça não, porque é determinada pela natureza. Ora, se existe uma linha 
de evolução, se progresso só tem um caminho válido e se os diferentes são inferiores porque 
sua raça é “primitiva” e se a raça não pode evoluir, o genocídio está justifi cado.
 O racismo não atingiu apenas os povos nativos da África e da América. Durante o nazifascismo, 
os judeus e ciganos foram perseguidos e exterminados por toda a Europa com base nessa teoria 
da evolução da raças humanas. Holocausto com comprovação científi ca.
 Houve várias teorias para explicar, quantifi car e descrever raças humanas, variando entre três e 
mais de uma centena de raças. A mais famosa foi a de Joseph Arthur de Gobineau51, (1816-1882), 
que afi rmava que o gênero humano seria composto de três raças básicas, identifi cáveis pela cor 
da pele (amarela, branca ou preta) e que as variantes seriam fruto de miscigenação. Gobineau 
afi rmava que a raça branca (europeus) seria a mais desenvolvida e que, pela miscigenação, as 
demais raças branquear-se-iam. As outras raças tornar-se-iam brancas porque os genes brancos 
seriam superiores, e os demais, recessivos, tenderiam a desaparecer naturalmente.
 Em nossos dias, há provas da genética de que essa teoria é falsa. A raça humana é uma só, e 
a cor da pele varia por razões geoclimáticas (variando a quantidade de melanina na pele, quanto 
mais melanina, mais escura é a pele – adaptação a climas quentes – e quando menos melanina, 
mais branca ela é – melhor adaptação a climas com pouco Sol) e não por genes recessivos.
Essa teoria raciológica era tão forte que a Antropologia foi praticamente absorvida pela Medicina/
Biologia. Era chamada Antropologia Física porque deveria dedicar-se a descrever as diferenças 
entre os grupos humanos pelos caracteres físicos – é daqui que nasce a noção de estereótipo – e 
não históricos, sociais e culturais.
 No fundo, essa teoria refl etiu problemas sociais da Europa e serviu de fundamentação 
científi ca para os nazismos e fascismos, entre muitos outros preconceitos raciais.
 Outro problema – que só pode ser visto hoje – é que esse conceito e essa tese fundamentaram 
a desigualdade entre os povos e serviram de justifi cativa para a invasão e para o extermínio do 
outro. Posteriormente, a noção de progresso balizou o incentivo à permanência dos nativos 
em seu estado in natura, não para evitar sua extinção, mas para que não se desenvolvessem
51 - http://cnec.lk/060g
Sociologia
32 1ª série do Ensino Médio
economicamente. Claude Lévi-Strauss52, no célebre texto Raça e história, mostra que o 
desenvolvimento cultural é social pode seguir qualquer rumo, não havendo evidências biológicas 
para justifi car atrasos. Dizer que uma civilização é “atrasada” pressupõe que nela há um atraso em 
relação a um padrão, o europeu, no caso. Essa comparação entre povos é chamada etnocentrismo, 
que é o ato de colocar os padrões culturais de seu próprio grupo (ethnos, em grego έθνος, 
signifi ca grupo) como modelo para comparar os demais. Seria um neoevolucionismo. É um 
procedimento arbitrário, não existe fundamento concreto para isso. Poderia ser qualquer padrão. 
O conceito de raça, que foi importado da Biologia, enquanto diferença biológica inalterável entre 
os seres humanos, fundamenta a desigualdade e o genocídio. Isso é o racismo.
 Lévi-Strauss avança ainda mais. Todos os povos seriam etnocêntricos. Isto é, os valores 
culturais próprios dos indivíduos de 
cada sociedade seriam, para eles 
mesmos, os melhores ou os únicos 
e verdadeiros. A diferença é que 
os europeus tentaram impor seus 
valores ao mundo todo, ao passo 
que os demais povos teriam, no 
limite, uma postura de afastamento, 
de cortar relações.
 Ainda segundo Lévi-Strauss, em 
seu livro O pensamento selvagem, 
o que se chama conhecimento 
científi co no Ocidente não passa de 
mais uma forma de conhecimento 
entre outras tantas, como vimos no 
primeiro volume. Considerar seu 
próprio padrão de conhecimento 
como o único verdadeiramente 
científi co não passa de 
etnocentrismo.
 Aqueles fundadores da Antropologia, em especial Frazer53, chamaram os mitos de “animismo” 
que seria uma religião primitiva que atribuiria alma (em latim, anima = alma) a tudo (pedras, 
água, plantas, bichos). Lévi-Strauss demonstra que o pensamento selvagem é, antes de tudo, 
baseado em observação concreta. Os nativos não atribuem um valor ou função a uma planta, 
por exemplo, para curar uma doença por mera crendice. Eles o fazem por terem efetivamente 
estudado, observado e testado a efi cácia das plantas. Pode ser que eles não descrevam esse 
mecanismo de cura através da química, como nós, mas, certamente, por terem visto animais 
escolherem uns alimentos e não outros, aprenderam suas qualidades – não adotando, portanto, 
crenças sem fundamento.
 De fato, numerosos países cobiçam o conhecimento dos nativos da Amazônia e tentam 
contato com eles para furtar plantas, extrair seus princípios químicos para produzir remédios 
e vendê-los. Manuela Carneiro da Cunha54 é internacionalmente reconhecida por lutar pela 
preservação do conhecimento nativo e contra o furto de patentes.
 Uma última nota sobre o pensamento selvagem é o fato de Lévi-Strauss ter alterado o conceito 
de mito. Na linguagem corrente, fala-se de mito como lenda, história falsa ou personalidade, 
celebridade. Em termos de história, o mito é um conto transmitido de geração em geração. Essa 
oralidade teria a função de transmitir e ensinar valores. Em Antropologia, o mito é uma forma 
de conhecimento. Pode ser que não tenha a fundamentação empírica da ciência, mas tem a 
função de explicar o mundo e servir de norteador para os seres humanos.
52 - http://cnec.lk/05vs 53 - http://cnec.lk/0610 54 - http://cnec.lk/0617
QUE POVO ESTRANHO ESSES
INDIANOS, NÃO COMEM
CARNE BOVINA.
QUE POVO ESTANHO ESSES
BRASILEIROS, COMENDO 
CARNE BOVINA.
Fig.7.11 
Ciência dos homens e ciência da diferença
33Volume 2
Exercícios de sala
2 Por que o desenvolvimento das sociedades não pode ser considerado linear?
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C) Evolucionismo no Brasil
 Estas teorias racistas europeias foram 
largamente difundidas e popularizadas entre 
cientistas brasileiros, inclusive entre os cientistas 
sociais. Os dois nomes mais famosos são Raymundo 
Nina Rodrigues55 (1862-1906) e Francisco José 
de Oliveira Vianna56 (1883-1951). E um refl exo das 
teorias raciológicas fascistas no Brasil pode ser 
encontrado em Plínio Salgado57 (1895-1975) e no 
movimento político chamado, intelectual orgânico, 
Integralismo.
 O segundo, Oliveira Vianna, chegou mesmo 
a apresentar um artigo científi co em um congresso 
na França, em 1912, alegando que a miscigenação 
no Brasil para clarear (teoria do branqueamento) e 
purifi car a raça teria tido um tal sucesso que, dali 
a cem anos (2012), não existiriam mais negros no 
Brasil. Evidentemente, isso jamais ocorreu.
 Contra as teorias de branqueamento, 
uma sucessão de cientistas brasileiros produziu 
refl exões para desmascará-las. Até mesmo autores 
conservadores, como Gilberto Freyre58 que pregou 
que a qualidade do Brasil, sua particularidade e aquilo que explicaria sua organização social 
e cultural seria a mistura entre povos – não por causa da raça, mas por causa das trocas, 
compartilhamentos e empréstimos de costumes entre europeus, ameríndios e africanos.
Exercícios de sala
3 A ideia de evolução é exclusiva da ciência?
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55 - http://cnec.lk/061f 56 - http://cnec.lk/060r 57 - http://cnec.lk/061e 58 - http://cnec.lk/05vh
Fig.7.12 - Pintura a óleo sobre tela realizada pelo pintor espanhol 
Modesto Brocos em 1895. A obra encontra-se conservada no 
Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro.
Sociologia
34 1ª série do Ensino Médio
7.2 Desenvolvimentos da Antropologia
A) Mundo afora
Assim como na Sociologia, é possível afi rmar que a Antropologia também tem três fundadores: Lewis Henry Morgan59 (1818-1881), autor da obra A sociedade arcaica (1887), em que descreve 
a evolução em etapas da sociedade humana, sendo a primeira contribuição para explicar o sistema 
de parentesco por clãs e totens; Edward Burnett Tylor60 (1832-1917), autor de A cultura primitiva 
(1871), em que descreve, em dois tomos, os sistemas de crenças e sistematiza temas, escopo e 
método do que veio a ser chamado de antropologia; e Sir James Geogre Frazer61(1854-1941), 
autor de O ramo de ouro (1890, conclusa em 1935), coletânea em doze volumes de mitos, 
crenças, costumes, hábitos, religiões, etc. Consultar quadro 1.
 Os pesquisadores começaram a tentar determinar a origem de cada costume, fazer 
comparações e catalogar tudo. Assim como o evolucionismo, o determinismo geográfi co, 
desenvolvido por geógrafos alemães (Alexander von Humboldt62 e Karl Ritter63), postulou 
que as sociedades eram diferentes em decorrência de particularidades geográfi cas. Os 
antropólogos, então, passaram a tentar descrever e determinar os estágios de desenvolvimento 
social. As particularidades eram explicadas pelas características geográfi cas. As semelhanças 
eram explicadas pela difusão de traços culturais ou empréstimos decorrentes das trocas entre 
povos. Daí o nome difusionismo, dado a esse primeiro desenvolvimento da antropologia para 
além do evolucionismo. Consultar quadro 1.
 Assim, o que se convencionou chamar de Antropologia foi, a princípio, um conjunto de 
estudos descritivos e comparativos. Esses dois tipos de estudos são uma subárea chamada de 
Etnologia (lógica das sociedades outras). A técnica ou método de descrição chama-se Etnografi a 
(descrever o grupo). O estudos das sociedades extintas chama-se Arqueologia e, atualmente, é 
uma ciência autônoma e praticamente desvinculada da Antropologia, embora outrora fosse parte 
integrante dela. Consultar quadro 1.
 Em relação às técnicas de descrição, a maior parte das contribuições vem dos antropólogos 
britânicos, em especial Bronislaw Malinowski64 e Edward Evan Evans-Pritchard65. Cabe mencionar 
que os antropólogos britânicos eram contratados pelo governo imperial a fi m de estudarem 
os povos das colônias para sua preservação in natura – isto é, conforme eram encontrados 
na natureza, intactos e sem infl uências nocivas – e sua dominação pela coroa inglesa. Esse 
protecionismo pode parecer muito nobre, mas hoje sabemos que não passa de uma estratégia 
de justifi cação ideológica da colonização e do subdesenvolvimento, além de, em tempos de 
guerra, a Antropologia é ciência estratégica como a História e a Geografi a. Consultar quadro 1.
 A infl uência de Durkheim e seu sobrinho e discípulo Marcel Mauss66, na Antropologia, foi tão 
grande que, com o tempo, o paradigma biológico foi varrido dessa ciência, dando primazia à 
explicação da sociedade pela própria organização social em termos históricos. Dá-se o nome de 
antropologia social ou funcionalista àquela oriunda da França. O adjetivo social acrescentado ao 
nome da disciplina demarca a cisão com o paradigma naturalista. Consultar quadro 1.
 Na Inglaterra, essa infl uência também foi sentida. Porém o mentor dessa ciência naquele 
país foi Alfred Reginald Radcliff e-Brown67 (1881-1955) – que inclusive ministrou um curso na 
Universidade de São Paulo, na década de 1930-40, cuja infl uência foi ínfi ma frente à língua 
e à tradição francesa de longa data no Brasil. O conceito fundamental da Antropologia de 
Radcliff e-Brown é o de estrutura social, defi nido como feixe de relações sociais. Segundo seu 
arranjo, trata-se de uma premissa de tratar as funções sociais como específi cas em cada sociedade. 
Por essa razão, naquele país, a Antropologia chama-se estrutural-funcionalista. Consultar quadro 1.
 Do outro lado do Atlântico, Franz Boas68 (1858-1942), alemão radicado nos EUA, empreendeu 
estudos antropológicos naquele país, no Canadá e no Alaska. A potência de seu pensamento é de 
tal monta que ele operacionalizou a superação do evolucionismo, do difusionismo e do racismo 
59 - http://cnec.lk/0615 60 - http://cnec.lk/060m 61 - http://cnec.lk/0610 62 - http://cnec.lk/060u 
63 - http://cnec.lk/0614 64 - http://cnec.lk/0628 65 - http://cnec.lk/060n 66 - http://cnec.lk/05vv 
67 - http://cnec.lk/060f 68 - http://cnec.lk/060s
Ciência dos homens e ciência da diferença
35Volume 2
na disciplina antropológica acadêmica dos EUA. Sua proposta alternativa foi original ao procurar 
por particularidades e especifi cidades dos povos a partir da cultura, concedendo autonomia 
ao seu desenvolvimento por fatores geográfi cos e históricos. Essa vertente é chamada de 
Antropologia Cultural. Duas de suas discípulas merecem ser mencionadas: Margaret Mead69 
(1901-1978), que pesquisou as variações de uma cultura individual, tendo escrito o livro: Sexo e 
temperamento; e Ruth Benedict70 (1887-1948), por seus trabalhos sobre o Japão que auxiliaram 
a vitória, na Segunda Guerra Mundial, dos EUA sobre esse país. Foi autora de O crisântemo e a 
espada. Ambas são consideradas componentes da “Escola personalidade e cultura”. Consultar 
quadro 1.
 Terminada a Segunda Guerra, as autoridades governamentais e internacionais perceberam 
que os povos das colônias estavam passando por rápidas mudanças. Eles abandonavam seus 
hábitos primevos e geravam novos a partir da mistura com os hábitos dos colonizadores. Estavam 
abandonando a vida nômade ou rural para uma vida urbana. Acreditava-se, na época, que os 
povos primitivos deixariam de existir porque sua cultura estaria desaparecendo. Decretou-se a 
falência da Antropologia, o que jamais ocorreu, pois ela continua seus trabalhos, inclusivesobre 
populações urbanas (antropologia urbana ou da/na cidade), e os “primitivos” operacionalizaram 
uma seleção daquilo que lhes convinha, feitas as devidas “adaptações” e ainda existem e passam bem.
 Sobre a antropologia urbana, importa citar a Escola de Chicago, de 1930. Foi um grupo 
multidisciplinar de pesquisadores (sociólogos, economistas, demógrafos, geógrafos, historiadores, 
antropólogos, cientistas políticos, estatísticos, psicólogos, arquitetos) que compõe os primeiros 
estudos sociais e culturais em metrópoles, cujos temas são: migrações, gangues, guetos, máfi as, 
trânsito, homossexualidade, prostituição, ecologia humana, criminologia.
 A partir de 1968, ondas de mudança nas Ciências Sociais ocasionaram grandes movimentos 
intelectuais: o giro linguístico e os pós-modernismos. Claude Lévi-Strauss71 (1908-2009) 
introduziu, entre 1940 e 1950, inovações na teoria antropológica ao apresentar as teorias 
da linguística e da psicanálise. Essas inovações são chamadas de Antropologia Estrutural. 
Após 1968, as críticas ao modelo da linguística e da psicanálise as Ciências Sociais entraram 
em crise. Todos os paradigmas sociais são questionados e temas antes renegados, como, 
gênero, feminismo, homossexualidade, movimentos sociais, ecologia, exigem espaço 
na academia. Houve mesmo quem propusesse descartar o conceito de cultura. Esse 
primeiro choque chamou-se, na época, de pós-modernidade e daí adveio todos os pós-: 
pós-estruturalismo, pós-marxismo, pós-feminismo, pós-colonialismo, pós-humano. E também 
os neo-: neopositivismo, neoliberalismo, neoconservadorismo. De fato, essa discussão não 
tem consenso ainda hoje. A maioria das Ciências Sociais respondeu à crise dos paradigmas 
pela incorporação das mais variadas temáticas. É assim que se fala hoje em antropologia da 
política, da economia, da fi losofi a, do adestramento, do consumo, da homossexualidade, da 
etnometodologia, da etnomusicologia, da antropologia simétrica, da antropologia interpretativa, 
da antropologia do ciborgue, etc. Infelizmente, o assunto é muito extenso e complexo, além 
de fugir ao tema. Depois das críticas dos pós-modernistas, a antropologia passou a revisar e a 
rediscutir seu métodos de trabalho de campo, sua especifi cidade frente às ciências sociais e a 
avaliar e a incorporar as críticas.
Exercícios de sala
4 A “questão do outro” sempre foi a pergunta motivadora da Antropologia?
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69 - http://cnec.lk/0629 70 - http://cnec.lk/062e 71 - http://cnec.lk/05vs
Sociologia
36 1ª série do Ensino Médio
B) Antropologia brasileira
 No Brasil, os primeiros cursos de antropologia foram ministrados na USP. A universidade contou 
com uma missão francesa, da qual fazia parte o jovem Claude Lévi-Strauss e, posteriormente, 
Roger Bastide72.
 Muitos e importantes cientistas sociais brasileiros iniciaram suas carreiras como antropólogos. 
Florestan Fernandes73 (1920-1995) foi orientado por Bastide. De Recife, frutifi cou Gilberto Freyre74 
(1900-1987), que estudou diretamente com Boas, cuja obra repercutiu mundo afora.
 Anteriormente, comentou-se que as teorias raciológicas foram desmanteladas no Brasil 
por antropólogos e sociólogos. Além de G. Freyre, que produziu a primeira teoria propriamente 
cultural sobre as relações raciais, devemos citar Darcy Ribeiro75 (1922-1997), que foi “herdeiro” das 
teorias de Oliveira Vianna e pioneiro em romper com elas. Ver o documentário O povo brasileiro.
 Da virada do século XIX para o século XX, da virada do século XIX, para o século XX, alhuns 
personagens eruditos estudaram e exerceram em algum momento um tipo de refl exão sobre a 
sociedade brasileira, pautada no conceito de cultura. Dentre eles, podemos citar Ruy Barbosa, 
Euclides da Cunha, Francisco José de Oliveira Vianna, Raymundo Nina Rodrigues.
 Há numerosos intelectuais brasileiros reconhecidos internacionalmente que atuaram como 
antropólogos: Manuela Carneiro da Cunha76 – direitos indígenas; Gilberto Velho77 (1945-2012) 
– antropologia urbana; Roberto Cardoso de Oliveira78 (1928-2006) – confl itos interétnicos; 
Eduardo Viveiros de Castro79 – indigenismo.
 Vale ressaltar, fi nalmente, que a Antropologia brasileira sempre esteve muito associada aos 
estudos das sociedades ameríndias (etnologia). Inclusive o governo brasileiro eventualmente 
empregou antropólogos para estudos estratégicos dessas populações. Ao redor da fi gura de 
Eduardo Viveiros de Castro, reúne-se uma vertente antropológica contemporânea genuinamente 
brasileira e reconhecida no exterior, chamada perspectivismo.
 A Antropologia no Brasil reúne miríades de adeptos e os mais variados temas e problemas. 
Nasceu, como vimos, do racismo científi co. Abordou, em seguida, as populações nativas. Uma 
outra ramifi cação provém dos estudos das comunidades, campesinas ou urbanas, vilarejos e 
costumes regionais. Durante a ditadura, a Antropologia agregou temas de estudos urbanos, 
política, trabalho, classes sociais, bairros populares, religiões (com ênfase no sincretismo 
do cristianismo com as religiões de matriz africana), mulheres e feminismos, relações raciais 
(racismo e antirracismo), movimentos sociais, homossexualidade. Em nossos dias, seguindo as 
tendências científi cas internacionais – temas da “moda” –, a Antropologia trata as modernas 
técnicas de coleta de dados, críticas pós-modernas, temas específi cos, história da Antropologia 
e epistemologia.
 Diversas vezes, antropólogos de outros países radicaram-se no Brasil para estudar, 
majoritariamente, os nativos. Curt Nimuendaju80 (inglês) e Roger Bastide (francês) são os mais 
conhecidos. Lévi-Strauss também estudou os Bororo, na década de 1930, no estado de São 
Paulo. Pierre Clastres81 pesquisou sobre os Guayaki no Mato Grosso, em 1950/60. Ingleses e 
estadunidenses estudaram vilas e comunidades ribeirinhas entre 1930/50. Durante as ditaduras 
na América Latina, diversos cientistas sociais estrangeiros exilaram-se no Brasil, e cientistas 
sociais brasileiros, nos demais países. Atualmente, há intenso intercâmbio de cientistas sociais 
entre diversos países, e inclusive há vários cientistas sociais estrangeiros radicados no Brasil.
72 - http://cnec.lk/061h 73 - http://cnec.lk/05vd 74 - http://cnec.lk/05vh 75 - http://cnec.lk/05v9 
76 - http://cnec.lk/0617 77 - http://cnec.lk/060w 78 - http://cnec.lk/061g 79 - http://cnec.lk/060l 
80 - http://cnec.lk/060k 81 - http://cnec.lk/061c 
Ciência dos homens e ciência da diferença
37Volume 2
Exercícios de sala
5 A Antropologia no Brasil copiou apenas os temas e os problemas da Antropologia europeia?
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Exercícios propostos
6 A postura comum a todos os grupos humanos 
de considerar seus valores como os melhores 
em relação aos demais e de utilizá-los para 
fazer comparações com os outros pode ser 
defi nida como uma atitude de utilizar seus 
próprios padrões culturais como referência. 
Isso equivale ao conceito de
a) racismo.
b) antropocentrismo.
c) preconceito.
d) etnocentrismo.
e) ideologia.
7 Os Bambara (grupo que vive no Mali) 
consideram a velhice uma conquista. Para 
eles, o envelhecimento é concebido como 
um processo decrescimento que ensina, 
enriquece e enobrece o ser humano. (....) 
Para os Bambara, a idade é um elemento 
determinante da posição de cada indivíduo 
na sociedade. Toda a vida social é organizada 
segundo o princípio da senioridade. 
Considera-se que os mais velhos estão 
mais próximos dos ancestrais e, por esta 
razão, detêm a autoridade. Respeito e 
submissão marcam o conjunto de atitudes e 
comportamentos dos mais jovens para com 
os mais velhos. 
 UCHÔA, Elizabeth. Contribuições da antropologia para uma 
abordagem das questões relativas à saúde do idoso. In: 
 Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, 19 (3): 849-853, 
mai-jun, 2003.
 A partir desse trecho, pode-se dizer 
que
a) a velhice refere-se apenas a algo social.
b) o fato de abordarmos a velhice pela sua 
fraqueza é natural.
c) o valor negativo atribuído ao fato de 
envelhecer é fruto da cultura.
d) o envelhecer é um fenômeno que não 
ultrapassa o aspecto biológico.
e) a nossa sociedade tende a reduzir o 
envelhecimento a seu aspecto biológico.
8 “[...] a unidade e a diversidade da vida e da 
___I___ humanas e os vários tipos de ___
II___ em que os homens vivem. O conceito 
de ___I___ está entre as noções mais usadas 
na sociologia. Quando pensamos na palavra 
‘___I___’, em conversas comuns do cotidiano, 
frequentemente a vemos como equivalente 
a ‘coisas mais elevadas da mente’ – à arte, à 
literatura, à música e à pintura. Da maneira 
como os sociólogos usam o termo, ele inclui 
tais atividades e ainda mais. A ___I___ refere-
se às formas de vida dos membros de uma 
___II___ ou de grupos dentro da ___II___. 
Inclui como eles se vestem, seus costumes 
matrimoniais e vida familiar, seus padrões 
de trabalho, suas cerimônias religiosas e 
ocupações de lazer.
 “A ‘___I___’ pode ser 
conceitualmente diferenciada de ‘___
II___’, mas há conexões muito próximas 
entre essas noções. Uma ___II___ é um 
sistema de inter-relações que conecta 
os indivíduos uns com os outros. A Grã-
Bretanha, a França e os Estados Unidos 
são ___II___ nesse sentido. Incluem
Sociologia
38 1ª série do Ensino Médio
 milhões de pessoas. Outras, como 
as primeiras ___II___ de caçadores e 
coletores, podem ser tão pequenas 
quanto 30 ou 40 pessoas. Todas as ___
II___ são unidas pelo fato de que seus 
membros são organizados em relações 
sociais estruturadas, de acordo com uma 
___I___ única. Nenhuma ___I___ poderia 
existir sem ___II___. Mas, igualmente, 
nenhuma ___II___ poderia existir sem 
___I___. Sem ___I___ não seríamos 
sequer ‘humanos’, no sentido em que 
comumente entendemos este termo. Não 
teríamos línguas em que nos expressar, 
nenhuma noção de autoconsciência e 
nossa habilidade de pensar ou raciocinar 
seria severamente limitada.” 
 GIDDENS, Anthony. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 
2005. P.: 38.
 As palavras que preenchem 
adequadamente os espaços em branco I 
e II acima são:
a) I – Sociedade; II – Norma.
b) I – Sociedade; II – Ciência.
c) I – Ciência; II – Filosofi a.
d) I – Cultura; II – Sociedade.
e) I – Cultura; II – Norma.
9 Sabe-se que, em Antropologia, há um 
conceito central para explicar e compreender 
a humanidade. Dessa forma, é correto afi rmar 
que
 4) o conceito de que se trata é o de 
cultura.
 6) os seres humanos são desigualmente 
desenvolvidos.
 8) ideias e valores servem para organizar 
as relações sociais.
 10) as diferenças são explicadas a partir 
de pressupostos biogenéticos.
 12) as pessoas são socializadas em 
sociedades diferentes e, por isso, não são 
iguais.
 A soma das assertivas corretas é:
a) 24
b) 18
c) 14
d) 28
e) 30
Saiba mais
http://cnec.lk/05ww
 Diferenças culturais
39Volume 2
8. Diferenças culturais
Fig.8.1
8.1 Diferença e desigualdade
 A) Por que existem diferenças?
Qual a distinção entre os conceitos de diferença e desigualdade? Por um lado, vimos que todos os grupos humanos são diferentes uns dos outros, inclusive diferentes de si mesmos, 
e que isso se dá através das mudanças ao longo da história. Também vimos que os indivíduos são 
diferentes uns dos outros, apesar de pertencerem a uma mesma cultura.
 Segundo Durkheim82, os indivíduos precisam ser mais ou menos parecidos, seguir as mesmas 
regras sociais (cultura, embora o autor não utilize o termo), a fi m de que a sociedade funcione 
adequadamente. Durkheim entende que os indivíduos necessitam de alguma margem de variação 
e afi rma que essa margem, concedida pela sociedade, é mesmo benéfi ca para a adequação dos 
indivíduos às normas. O primeiro tipo de enquadramento é chamado pelo autor de solidariedade 
mecânica, pois os indivíduos são solidários às 
normas sociais de modo mecânico – encaixam-se 
como engrenagens. O segundo tipo é chamado de 
solidariedade orgânica, pois, analogicamente ao 
organismo biológico, cada um cumpre uma função, 
por isso é preciso que as pessoas sejam um pouco 
diferentes umas das outras. O autor afi rma ainda que 
essas solidariedades são complementares, é preciso 
que ambas coexistam em uma sociedade para que o 
trabalho social, as funções das instituições cumpram 
seu papel, embora a orgânica tende a substituir a 
mecânica.
 Outro sociólogo, contemporâneo de Durkheim, 
alemão e judeu, Georg Simmel83 (1858-1918) explica 
que, com o crescimento das cidades, a vida social 
deveria ceder ainda mais espaço para as variações e 
liberdades individuais. Seu raciocínio é muito próximo 
ao do sociólogo francês. Simmel cunha um conceito
82 - http://cnec.lk/05vf 83 - http://cnec.lk/060v
Sociologia
40 1ª série do Ensino Médio
de indivíduo que aponta para dois sentidos complementares, como fi zera Durkheim. A vida 
psíquica, afi rma Simmel, na metrópole, necessita que cada pessoa operacionalize a individuação, 
que seria tornar-se parte anônima da multidão (só mais um número) e, ao mesmo tempo, 
tornar-se único, indivíduo singular. O primeiro aspecto do indivíduo salvaguarda sua liberdade 
ao mesmo tempo que o integra ao grupo. O segundo aspecto permite-lhe integrar-se à vida 
social sendo quem ele é e, ao mesmo tempo, cumprir as funções sociais.
 Nenhum dos dois sociólogos utiliza o conceito de cultura para explicar por que as pessoas 
compõem um grupo que compartilha ideias e valores mais ou menos idênticos. Poder-se-ia 
simplesmente dizer que, em uma grande cidade ou em um país, as pessoas compartilham ideias 
e valores similares (língua e costumes são os mais visíveis). Sabe-se que as pessoas compartilham 
porque foram socializadas naquele grupo (socialização). Também sabe-se que, em um mesmo 
país, pode haver hábitos diferentes de alimentação, por exemplo, dadas as condições geográfi cas 
(ver a foto da abertura do capítulo). Ou mesmo que, em uma metrópole, cada bairro possui suas 
particularidades.
 Entretanto sabe-se que há preconceito e discriminação. Às vezes, ouvimos alguém debochar 
de nosso sotaque ou alegar que falamos errado. Esse tipo de afi rmação iguala a diferença ao erro, 
engano, equívoco. Quando os europeus conquistaram a América, uma das justifi cativas da Igreja, 
para explicar a diferença entre os nativos e os europeus, era que os primeiros não possuiriam alma, 
sendo, portanto, inferiores (na verdade, não eram considerados humanos). Ou seja, a diferença 
pode ser utilizada para justifi car desigualdade de tratamento ou mesmo extermínio, como foi o 
caso da África e América.
 No caso da cultura, vê-se que ela é um construto social que varia por razões históricas e 
geográfi cas. A cultura não varia porque haveria genes diferentes. Quando estuda-se a história do 
conceito de cultura e da Antropologia, vê-se que, como era de praxe no século XIX, a cultura era 
analisada do ponto de vista da biologia, e não da sociologia. Já sabe-se que a noção de cultura 
veio explicar por que os humanos são diferentes. No caso da biologia, a diferença entre os seres 
é explicadacom base na própria biologia: a raça e, hoje, os genes. A ideia de raça também foi 
equiparada à cultura para explicar a diferença entre povos. Dizia-se que as culturas (lembrando-se 
do conceito dos evolucionistas sociais) eram distintas porque as raças humanas eram distintas. 
Como se a sociedade brotasse da natureza.
Exercícios de sala
1 Faça a distinção entre os conceitos de diferença e desigualdade explicitando qual o fundamento 
sociológico de cada um.
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 B) Por que existe ódio contra a diferença?
 A antropóloga britânica Mary Douglas84 (1921-2007) estudou, especialmente, os motivos 
particulares e os mecanismos de diferenciação e valorização das culturas. Um dos problemas 
sobre os quais se debruçou foi “por que se abomina a diferença?”. Em termos antropológicos, a 
questão implica pesquisar qual o processo social que leva as pessoas a valorizarem um bem ou 
hábito e/ ou desprezarem outro. 
84 - http://cnec.lk/061a
 
 Diferenças culturais
41Volume 2
 Sabe-se que cada grupo tem uma alimentação particular por razões geográfi cas e culturais. 
Geográfi cas porque os animais e plantas não habitam todos os lugares (a exceção é o ser 
humano). Culturais porque os humanos criam hábitos. A partir dos alimentos à disposição, 
inventam e aperfeiçoam técnicas de preparo. Essas técnicas são adotadas ou abandonadas por 
motivos nutricionais ou simbólicos – nutricionais porque são efetivamente melhores para a 
nutrição; simbólicos porque a aparência ou o sabor é melhor, ou por fundamentos religiosos, 
enfi m, por razões sociológicas que os humanos construíram, e não por razões dadas pela 
natureza.
 Mary Douglas, em Pureza e perigo, escreveu um capítulo em que analisa o processo histórico 
e sociológico de atribuição e mudança de valores alimentares. Ela inicia o livro explicando que 
o valor cultural de “pureza” opõe-se ao de “poluição”. Certo, ninguém, em sã consciência, 
beberia água poluída. Mas por que as pessoas não comem porco (por exemplo os hebreus, dado 
pela autora)? A carne desse animal é nutritiva e, devidamente asseada, pode ser consumida sem 
receio de contaminação. Não há razões naturais para não se consumir carne suína.
 O motivo só pode ser sócio-histórico. Para que as pessoas evitem determinado alimento, 
elas precisam acreditar que ele representa-lhes “perigo” – essa crença ou valor corresponde 
ao conceito durkheimiano de representações coletivas. Como isso acontece? No capítulo As 
abominações do Levítico, do mesmo livro, a autora recupera na bíblia a proibição religiosa de 
consumo de carne de porco. Relendo As formas elementares da vida religiosa, de Durkheim, ela 
explana que a proibição tem base religiosa e, por isso, de acordo com Durkheim85, está pautada 
na oposição entre “sagrado” e “profano”. Pode-se deduzir que a declaração de que um alimento 
é “profano” e, portanto, “sujo/poluído” e, logo, “perigoso” está baseada na autoridade religiosa. 
Ora, se o povo acredita no que o líder espiritual diz, deve-se perguntar o que o levou a declarar 
a carne daquele animal como “proibida”.
 Mary Douglas encontra essa razão no atrito entre os hebreus e os povos circunvizinhos 
da Cananeia. As desavenças entre hebreus e cananeus levou à proibição do consumo e, 
consequentemente, da compra da carne suína desses outros povos. O fundilho último da 
proibição do consumo de carne suína era inibir o contato social, as trocas. Como não existia 
ciência nos moldes de hoje para declarar que o porco é sujo e inapropriado ao consumo, a 
inculcação da crença foi realizada por via religiosa.
 O processo é complexo. Trata-se da inversão ou mutação dos valores sociais. Os valores das 
coisas e pessoas são atribuídos pelas próprias pessoas e são elas que criam e modifi cam esses 
valores. As razões podem ser as mais diversas. A análise de Douglas propõe uma generalização 
para qualquer tipo de transvaloração. Para qualquer processo de atribuição de valor a objetos, 
pessoas ou hábitos, podem-se encontrar traços históricos concretos. Odiar uma diferença 
(atribuir um valor negativo) tem fundamentos na história de uma sociedade, e não na natureza.
 Exemplo de exercício de análise a partir da explicação de Douglas: a crença de que os 
indígenas seriam subdesenvolvidos, primitivos, mais próximos da natureza, avessos à tecnologia 
e “indefesos” é uma representação coletiva. A sociedade brasileira não nativa construiu essa 
representação. Como? Através dos livros didáticos. Everardo Rocha produziu um trabalho 
intitulado Um índio didático: notas para o estudo das representações. Nesse trabalho, ele 
demonstra como um livro com mais de cem anos de tradição sedimentou, na crença coletiva, 
essa noção do indígena, como esquisito, exótico, menos civilizado, mais natural e mais primitivo. 
As imagens e descrições do ameríndio seminu, com penachos e vivendo em cabanas assentou, 
na crença coletiva, uma representação do nativo (que, obviamente, não é a ideia que ele 
faz de si mesmo). Essa representação respaldou a política de “tutela” dos povos nativos, que 
nada mais é do que os desconsiderar humanos, não reconhecer sua alteridade – quando, na 
questão do outro, negar a humanidade ou cultura de alguém é negar a alteridade (em latim,
alter = outro) –, acreditar que estão mais próximos da natureza e mais distantes da cultura 
(humanidade).
85 - http://cnec.lk/05vf
Sociologia
42 1ª série do Ensino Médio
 Seguindo essa linha de raciocínio, pode-se explicar o porquê de as minorias serem odiadas. 
Antes de mais nada, minoria, em Ciências Sociais, não tem a ver com um número reduzido; 
diz respeito àqueles que são sistematicamente excluídos do horizonte de visão de mundo do 
grupo dominante: mulheres, pobres, negros, homossexuais e ameríndios. As minorias passam 
a ser odiadas pelo mesmo mecanismo de construção de uma representação coletiva que leva 
o grupo hegemônico a crer que os grupos de minorias representam-lhe perigo, são “sujos/
poluídos”, profanos, execráveis, abomináveis, estão fora da cultura (humanidade) e deveriam 
ser eliminados.
Exercícios de sala
2 Analise, do ponto de vista antropológico, a frase a seguir: 
 “17.2 O Mestre disse: ‘A natureza humana nos aproxima, os hábitos nos distanciam’.” 
Confúcio. Os analectos. São Paulo: Editora da Unesp, 2012. p. 524.
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Exercícios propostos
3 “A coerência de um hábito cultural somente 
pode ser analisada a partir do sistema a que 
pertence”. 
 LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito 
antropológico. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
 Baseando-se no texto, pode-se 
dizer que 
a) analisar a cultura do outro é necessário 
para nos entendermos.
b) depois que um povo se desenvolve, 
abandona hábitos de superstição.
c) no mundo globalizado, todos os hábitos 
são igualmente compartilhados.
d) analisar um hábito do ponto de vista de 
sua própria sociedade é etnocentrismo.
e) todas as pessoas são potencialmente 
etnocêntricas porque podem não saber como 
compreender a diversidade humana.
4 Analise a imagem abaixo:
 A cenarepresenta
a) a preparação da casa para receber visitas.
b) o ocultamento dos bens para que os 
antropólogos não os furtem.
 Diferenças culturais
43Volume 2
c) a preparação de uma festa, porque os 
antropólogos são muito queridos.
d) o ocultamento dos bens para pedir e 
receber doações dos antropólogos.
e) o ocultamento dos bens para representar 
mais etnicidade aos antropólogos.
5 Analise a imagem a seguir:
 Essa imagem é de um bairro de São 
Paulo capital chamado Morumbi. A partir 
dela, podemos inferir que
a) algumas pessoas não se esforçam o 
sufi ciente e contentam-se com pouco.
b) as diferenças entre hábitos explica as 
diferenças de moradia e habitação.
c) a baixa renda explica a opção por locais 
menos asseados.
d) a desigualdade social produz o tipo de 
contraste exposto na fi gura.
e) a lotação das cidades gera desigualdades.
6 Sobre diferenças e desigualdades, considere 
as afi rmações a seguir:
 1) As desigualdades sociais são resultado 
do pouco empenho das pessoas em 
melhorar de vida.
 3) As desigualdades sociais excluem 
sistematicamente os menos favorecidos.
 5) As diferenças sociais geram as 
desigualdades, como o esforço leva ao 
progresso.
 7) Diferenças são resultado de adaptações 
ao meio social e material.
 9) Desigualdades são resultado de 
atribuição de valores para as diferenças e 
exclusão das menos valorizadas.
 A soma das alternativas corretas é:
a) 19.
b) 6.
c) 9.
d) 16.
e) 18.
Saiba mais
http://cnec.lk/05wx
 1) O riso dos outros. Documentário. Duração 51 min. Direção: Pedro Arantes. Lançamento TV 
Câmara, 01-12-2012.
 Esse documentário entrevista diversos humoristas e personagens da cena pública a respeito 
da seguinte pergunta: há limites para o humor? É importante ressaltar que foi produzido na época em que 
a revista Charlie Hebdo, de Paris, foi atacada por radicais islâmicos por causa das charges de “humor” sobre 
os muçulmanos. (http://cnec.lk/05wy)
 2) A hora da estrela. Drama. Duração: 90 min. Clarice Lispector. Direção: Suzana Amaral. 1985.
 O fi lme retrata o enredo do livro homônimo de Lispector. Mostras a inocência pisada e a pobreza 
anônima (termos da própria Clarice Lispector) de uma migrante nordestina no Rio de Janeiro, “tão pobre 
que só comia cachorro quente” (Lispector). Vale como discussão social da desigualdade e diferenças 
culturais. (http://cnec.lk/05wz)
Sociologia
44 1ª série do Ensino Médio
 3) Domésticas – o fi lme. Comédia. Duração 90 min. Direção: Fernando Meirelles, Nando Olival.
 Essa comédia mostra o dia a dia de empregadas domésticas pobres na cidade de São Paulo.
(http://cnec.lk/05x0)
 4) Muito além do cidadão Kane. Duração 90 min. Direção: Simon Hartog. BBC Londres, 1993.
 O fi lme documenta a produção ideológica massifi cada da televisão brasileira. O título faz alusão ao 
drama Cidadão Kane (Orson Welles,1941), que retrata a ascensão de um monopolista da imprensa dos EUA. 
(http://cnec.lk/05x1).
 5) Pajé Sapaim, o mensageiro do tempo. Documentário. Duração: 50 min. TV Cultura, 07-02-2010.
 O documentário aborda as crenças e curas em uma aldeia. Pode-se depreender do vídeo que os índios 
não ignoram a medicina ocidental, que os brancos adotam práticas de cura indígenas e que não é por ser 
índio que as pessoas não se interessam pela cidade e pela sua cultura. (http://cnec.lk/05x2, http://cnec.
lk/05x3, http://cnec.lk/05x5, http://cnec.lk/05x6, http://cnec.lk/05x4, 
 6) Ngune elü – o dia em que a lua menstruou. Documentário. Duração 50 min.. Direção: Tekumã 
Kuikuru e Coletivo Kuikuru de Cinema. Vídeo nas Aldeias, 2006.
 O vídeo mostra a cosmologia indígena dando signifi cados diferentes ao mundo e às relações sociais. 
Novamente é discutida a questão de que não se deixa de ser índio por se usarem bens oriundos dos branco. 
Pode-se problematizar ainda a ressignifi cação dos objetos ao serem inseridos em uma cultura outra. 
Quadro 1. Síntese dos/as principais autores/as
Correntes Autor/a
expoente
Problemáticas
abordadas
Temporalidade Conceitos Relações com
outras ciências
Evolucionismo Edward
Burnett
Taylor
Henry Lewis
Morgan, Sir
James
George
Frazer
Explicar a 
diversidade ao
longo do tempo
Justifi cação da
“colonização”: o
mais
desenvolvido
teria o dever
moral de levar o
progresso aos
menos
desenvolvidos
Raça, evolução Arqueologia,
Biologia,
Teoria de
Darwin
Difusionismo Humboldt,
Herder,
Ritter
Explicar a
diversidade ao
mesmo tempo
em espaços
distintos
Crença no 
progresso
científi co
racional, Belle
Époche
Cultura, traços
culturais,
comparação
Determinismo
geográfi co,
Arquiologia
Evolucionismo
Antropologia
social
(França)
Émile
Durkheim
Marcel
Mauss
Explicar
diversidade
social pela
própia
sociedade
Imperialismo:
invasão da 
Africa, Ásia e
Oceania
Representações
coletivas e
dádiva
Sociologia e
etnologia
 Diferenças culturais
45Volume 2
Estrutural-
funcionalismo
(Reino Unido)
Alfred
Radcliff e-
Brown
Bronislaw,
Malinowski
Edward
Evans-
Pritchard
Desenvolvimento
de técnicas de
trabalho de
campo
I Guerra 
Mundial
Estrutura social,
função social
Sociologia e 
etnografi a
Antropologia
Cultura (EUA)
Fraz Boas,
Ruth
Benedict,
Margaret
Mead
Explicar a cultura
pela cultura,
inclusive a nível
individual
II Guerra
Mundial
Arco cultural,
personalidade
Antropologia
social
Antropologia Claude Explicar o Etnocídio Estrutura, Linguística e
Estrutural Lévi- 
Strauss,
Marshall
Sahlins
pensamento 
selvagem
etnocentrismo,
mitos
psicanálise
Antropologia
urbana
Escola de 
Chicago
Migrações Problemas 
características
das metrópoles
Gueto, máfi a Ciências
Sociais e C.S
“aplicadas”
Antropologia
interpretativa
Cliff ord
Geertz
Interpretar e
compreender as
culturas
Mudança de
paradigmas,
Maio de 1968
Cultura, mente,
visão de mundo
Antropologia
estrutural
Antropologia
simétrica
Bruno
Latour
Crítica à ciência Crise da
“modernidade”
Simetria,
ciência
Filosofi a
Antropologia
pos-colonial
Franz
Fanon
Homi k.
Bhabha,
Gayatri Ch.
Spivak, Lila
Abu-
Lughod
James
Cliff ord
Racismo e
antirracismo,
descolonização,
“modernidade”
Independência
das (ex- colônias) 
europeias ( Índia
e África)
Racismo,
cultura como
ideologia,
subalternos,
autoridade
etnográfi ca
Pos-
modernismo
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Sociologia
48 1ª série do Ensino Médio
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