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Prof: Dra Gisele Souza Nutrição nas doenças hepáticas FUNÇÕES HEPÁTICAS Metabolismo e armazenamento dos macronutrientes e micronutrientes Metabolismo de fármacos e hormônios Síntese de proteínas (proteínas plasmáticas: albumina, α-globulina, β- globulina, transferrina, ceruloplasmina) e síntese de fatores da coagulação sangüínea (fibrinogênio, protrombina, fatores V,VII,IX,X) Síntese de lipoproteínas Conversão da amônia em uréia Formação e excreção de bile Alterações no metabolismo de Proteínas na insuficiência hepática Metabolismo e utilização de proteínas: Maior catabolismo muscular Menor síntese de proteínas albumina edema, ascite Menor síntese de fatores da coagulação problema na coagulação Inabilidade do fígado de metabolizar Aas de cadeia aromática Inabilidade de converter amônia em uréia Os níveis de Aas do sangue de pacientes com insuficiência hepática [ ] mais baixa de Aa de cadeia ramificada (valina, leucina e isoleucina) e mais alta de Aas aromáticos (fenilalanina, tirosina e triptofano), quando comparados com pessoas saudáveis Armazenamento, ativação e transporte de vitaminas e minerais Vitaminas lipossolúveis e B12, Zinco, ferro, cobre, magnésio Proteínas sintetizadas no fígado transportam vitamina A, ferro, zinco e cobre Caroteno: convertido em vitamina A Vitamina D: convertido em 1,25-di-hidroxicalciferol (calcitriol) Funções metabólicas – Metabolismo de Micronutrientes FUNÇÃO HEPÁTICA Principais marcadores laboratoriais usados na triagem para doença hepatobiliar: - Níveis séricos das enzimas hepáticas - aspartato aminotransferase - AST (=transaminase glutâmica oxalacética sérica - TGO) e alanina aminotransferase - ALT (= transaminase glutâmica pirúvica sérica - TGP), fosfatase alcalina e níveis séricos de bilirrubina. Hepatites virais Atendimento as necessidades nutricionais – atentando para alterações do EN Dieta equilibradas e variadas, maior teor de proteína (principalmente de AVB), lipídeos de acordo com tolerância do paciente – como normalmente tem sintomas dispépticos intensos = dieta hipolipídica pode ser necessário Aumentar hidratação = em presença de náuseas e vômitos Maior fracionamento, redução do volume, alteração da consistência, alimentos apetitosos temperos = considerando a anorexia Tratamento Nutricional DOENÇA HEPÁTICA ALCOÓLICA etanol Acetaldeído NAD NADH+ Estimula síntese de AG e Inibe a oxidação de AG Acúmulo de ácidos graxos TG Esteatose hepática Piruvato e NADH lactato Hiperuricemia Disponibilidade de NAD Excesso de NADH Gliconeogênese Hipoglicemia inibe a secreção renal de ácido úrico Comprometimento da síntese de ptn e desintoxicação de RL CIRROSE ALCOÓLICA Resultado final dos episódios repetidos de lesão início da doença hepática terminal Caracteriza-se por substituição do parênquima por tecido fibroso de forma disseminada e progressiva (irreversível) Nódulos. • • Comprometimento dos canais vasculares Obstrução de ductos bilires hepáticos Hipertensão Porta Esplenomegalia, ascite e derivações portossistêmicas (varizes esofágicas, hemorróidas e cabeça de medusa) Estase biliar CIRROSE NÃO ALCÓOLICA • Outras causas de cirrose: - Vírus - Fármacos - Obstrução biliar - Doença de Wilson - Hemocromatose MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA CIRROSE Tratamento Nutricional Má absorção de gordura Possíveis causas: • Excreção de sal biliar diminuída • Insuficiência de enzima pancreática Fezes podem ser gordurosas, flutuantes de cor clara ou de argila significa má absorção Alterações do metabolismo da glicose • Intolerância a glicose ocorre em 2/3 dos pacientes com cirrose • Hiperinsulinismo: ocorre em pacientes com cirrose • produção aumentada de insulina • depuração hepática reduzida • Hipoglicemia de jejum: • ↓ de glicose do glicogênio • ↓ capacidade gliconeogênica • mais presente em insuficiência hepática aguda ou fulminante do que na hepatopatia crônica Síndrome Hepato Renal Fluxo Sangüíneo Perfusão do parênquima renal filtração glomerular Insuficiência Renal Desnutrição em Etilistas -Álcool pode substituir alimento na dieta até 50% das calorias ingeridas pode ser substituída por calorias “vazias” do álcool: Utilização do etanol como substrato energético não é suficiente excesso de calorias do etanol não pode ser estocado Há desvios metabólicos para priorização da detoxificação do etanol perda energética ↓ ingestão de nutrientes essenciais (proteínas,vitaminas e minerais) - Álcool aumentam a motilidade intestinal e lactase e sais bilires diarréia e esteatorréia; má absorção de vitaminas lipossolúveis - Metabolismo alterado de micronutrientes micronutrientes afetados: folato, tiamina, piridoxina, vitamina A, vitamina D, zinco, selênio, magnésio - Má absorção: tiamina (B1), B12, ácido fólico, zinco, aas e vitaminas lipossolúveis, cálcio. Doença hepática crônica pode alterar vários parâmetros utilizados na avaliação do EN!!!! PARÂMETRO Fatores que afetam a interpretação Peso corporal Edema periférico, ascite e uso de diurético Medidas antropométricas Sensibilidade e especificidade questionáveis Fontes múltiplas de erro (alteração na distribuição de líquidos nos compartimentos intra e extracelulares) Níveis viscerais de proteínas Indicadores séricos protéicos como albumina, transferrina, pré-albumina e ptn ligadora de retinol estão deprimidos devido a menor síntese São afetados pela hidratação e função renal (síndrome hepato renal) Testes de função imunológica Afetado pela presença de possível infecção e pela própria doença hepática ( imunidade celular, contagem de linfócitos) Nutrição nas doenças hepáticas crônicas Pacientes hepatopatas crônicos podem ser: hipermetabólicos , normometabólicos ou hipometabólicos (25% – 39%) Requer TN e uso de suplementação nutricional adequadas Objetivos da TN: •Promover substratos energéticos e protéicos suficientes controlar catabolismo protéico muscular e visceral e favorecer o ganho ponderal; •Favorecer a aceitação da dieta e melhorar aproveitamento dos nutrientes administrados; •Garantir aporte de Aas adequados para manter síntese de proteínas de fase aguda; •Suprir o organismo com aporte adequado de Aas para melhora d função hepática sem precipitar a encefalopatia hepática; •Adequar recomendações nutricionais em função das manifestações clínicas apresentadas pelo paciente. Energia: Na prática, utiliza-se as recomendações de Kcal/kg de peso/dia (peso atual se não tiver edema ou ascite, caso tenha, utilizar o peso ideal Recomendação geral: 25-35 kcal/kg/dia Proteína: Doença hepática estável – 1 g ptn/kg peso atual ou ideal por dia; Alguns pacientes para promover BN positivo- 1,2 a 1,8 g/kg peso Preferência a PTN vegetal (rica em Aas ramificados e pobre em Aas aminogênicos: glicina, metionina, glutamina, etc). Pacientes com intolerância diária de 1 g/kg peso atual ou ideal por dia- suplementação de Aas ramificados até 0,25 g/kg adicionado a uma dieta contendo 0,75 g ptn/kg de peso. Considerações importantes: - Argumentos a favor do uso de Aas de cadeia ramificada (AACR) na EH: Pode prevenir catabolismo endógeno, sem sobrecarregar a função hepática; AACR podem competir com os AACA pela passagem na BHE prevenção da entrada de aminas tóxicas no SNC; suplementos de AACR podem permitir atingir as necessidades protéicas nos pacientes intolerantes a proteína da dieta, garantindo adequado BN Alimentos fontes de AACR: banana; soja; carnede soja; leite de soja; tofu; batata; arroz; milho; feijão; lentilha; grão de bico; brócolis; cebola; couve-flor; espinafre; alface; rabanete; pepino; beringela; nabo; palmito; tomate; maçã; abacate; peixe; miúdos de carneiro. Suplementos e fórmulas enterais específicas Carboidratos: normoglicídica 50 a 60% VET Lipídeos: normolipídica, exceto em caso de esteatose hepáitca ou colestáticos Líquidos e eletrólitos: A. Fase descompensada (ascite + encefalopatia): Restrição de Sódio e Água - Sódio: 700 mg / dia - Restrição hídrica: 1000 ml/dia B. Fase compensada: - Sódio: 1 a 2 g/dia - Restrição hídrica: 1500 ml/dia Forma geral para melhor aceitação da dieta: 2 g de sal de cozinha (80mEq de sódio) ao alimento após sua preparação TNE e TNP -Uso de TNE ou TNP: dependerá da condição clínica, riscos e benefícios. -Pode ser necessário o uso de fórmulas com maior densidade calórica (1,2- 1,5cal/mL) e menor ou igual teor de sódio (40mEq/dia) – pacientes cirróticos e com ascite;
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