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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS Didatismo e Conhecimento 1 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo Prof. Adriano Augusto Placidino Gonçalves Graduado pela Faculdade de Direito da Alta Paulista – FA- DAP. Advogado regularmente inscrito na OAB/SP 1 TÉCNICAS OPERACIONAIS. Técnica Operacional é o conjunto de normas e procedimentos que tem por finalidade dotar os agentes responsáveis pela segurança, de conhecimentos técnicos, visando o bom desempenho nas ativida- des propostas. São fatores fundamentais na aplicação das técnicas operacionais a boa postura, a boa educação e a excelente apresen- tação pessoal. Vejamos alguns conceitos básicos utilizados durante o treina- mento e prática das técnicas organizacionais: - RONDA: Exercer atividade móvel de observação, de fiscali- zação, de proteção e de reconhecimento. - PERMANÊNCIA: É a atividade predominante estática desempenhada pelo vigia ou segurança em locais de risco ou em posto de serviço. - POSTO PERICULOSO OU ÁREA PERICULOSA: É todo posto ou área que, por suas características, apresenta elevada probabilidade de ocorrência. - OCORRÊNCIA: É todo o fato que exige intervenção dos profissionais de segurança, por intermédio de ações ou operações. - ABORDAGEM: É a ação conjugada ou isolada realizada por profissionais, em indivíduos praticantes de atos suspeitos. - PARTES ENVOLVIDAS: São as pessoas ou indivíduos en- volvidos numa ocorrência, sendo: autores de delito, vítimas, teste- munhas, etc, - AUTORIDADE DE PLANTÃO: É o Delegado de polícia que está de serviço no Distrito Policial. Devem-se sempre buscar melhorias contínuas da Gestão de Se- gurança, tanto no aspecto ocupacional quanto na qualidade de vida, com educação, capacitação e comprometimento dos empregados, envolvendo familiares, empresas parceiras, fornecedores e demais partes interessadas. Atender aos requisitos da legislação vigente de segurança apli- cável à Instituição e outros requisitos desta natureza por ela subs- critos. Nos padrões operacionais devem estar contidos os fundamentos de segurança das pessoas, regulamentando, assim, as condições de produção, a identificação dos riscos à segurança de cada atividade e seus respectivos controles, além dos equipamentos de proteção individual aplicáveis. É responsabilidade do executante o cumpri- mento dos padrões que regulamentam as atividades. Entretanto, tal condição não elimina a necessidade de uma avaliação dos riscos à segurança do homem, antes da execução de qualquer atividade, visando identificar e reportar ao superior imediato a ocorrência de qualquer anomalia. A omissão na comunicação de anomalias poderá enquadrar o executante nas normas da Instituição. Garantir a parti- cipação dos executantes no entendimento e consenso dos padrões das atividades e no processo de relato de anomalias, estimulando-os a apresentar em propostas de solução para as anomalias reportadas. É responsabilidade institucional, em seus diversos níveis, o tratamento da anomalia e a divulgação aos interessados do plano de ação e/ou do tratamento dado, bem como a administração de todo o Sistema de Segurança, o que significa planejar, organizar, dirigir, coordenar e controlar todas as ações relacionadas ao sistema, nunca as dissociando de suas responsabilidades técnicas, operacionais e administrativas. 2 SEGURANÇA FÍSICA E PATRIMONIAL DAS INSTALAÇÕES. Serviço de Vigilância e Sistemas Eletrônicos Aplicados à Segurança É uma noção das mais elementares na consciência do ser humano, no espírito das instituições e nas normas administrativas de uma instituição, que a preservação do patrimônio constitui algo que lhes é essencial. Na verdade, todo ser vivo possui um instinto de defesa que se prolonga no instinto de conservação da espécie, que passa, de geração a geração, como herança através dos tempos. Vigilância: É a técnica de Busca que consiste em manter sob observação física, indivíduos, lugares ou objetos, exigindo-se o em- prego de técnicas e instrumentos especiais, com o propósito de obter informes detalhados sobre atividades, lugares ou pessoas suspeitas; em suma é a técnica especializada que consiste em manter alvos sob observação. O agente, ao fazer vigilância, deve sempre se preocupar em vigiar e detectar uma outra vigilância adversa sobre ele, para evitar que se transforme em alvo. Assim, para manutenção da segurança de determinado local se faz necessário um serviço de segurança eficaz. A segurança caracte- riza-se pela sensação de sentir proteção seja física e/ou psicológica. É propiciada pelas ações da Vigilância e medidas preventivas com o objetivo de manter a incolumidade física de pessoas e a integridade material de instalações. Enquanto a Vigilância é exercida dentro dos limites dos esta- belecimentos, urbanos ou rurais, públicos ou privados, com a finali- dade de proteger os bens patrimoniais (pessoas inclusive). Pode ser realizada ostensivamente ou através de outros meios (CFTV - cir- cuito fechado de televisão, sensores, alarmes monitorados...). A Vigilância deixou de ser uma atividade relacionada à perma- nência estática em determinado local para ser ferramenta primordial de apoio às atividades de Segurança (de pessoas físicas e instala- ções, informação e processos produtivos). Didatismo e Conhecimento 2 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo Segurança Física tem como missão promover e manter a se- gurança dos usuários, instalações e equipamentos, considerando um conjunto de medidas e atividades empregadas, através de um plane- jamento prévio e constante fiscalização, com a finalidade de dotar a instituição / organização / empresa do nível de segurança necessário para o desenvolvimento de suas atividades de administração, produ- ção, ensino, pesquisa etc. Segurança é um ponto importante de autoestima, de cidadania e de responsabilidade social. Por exemplo, quem usa drogas pode dizer “a vida é minha, faço o que quero”, mas se esquece que, ao comprar drogas, está ajudando a financiar a violência social e o uso de outros jovens em atividades marginais. O que deve ser sempre lembrado é que: “A segurança depende de cada um”. É importante que o pessoal se habitue a trabalhar com segurança fazendo com que ela faça parte integrante de seu trabalho. Toda tarefa a ser executada deve ser cuidadosamente programada, pois, nenhum trabalho é tão importante e urgente que não mereça ser planejado e efetuado com segurança. É responsabilidade de cada um zelar pela própria segurança e das pessoas com quem trabalha. A Segurança Patrimonial é um conjunto de medidas, capazes de gerar um estado, no qual os interesses vitais de uma empresa estejam livres de interferências e perturbações. Conjunto de medidas: A segurança patrimonial não depende apenas do departamento de segurança da empresa, mas envolve to- dos os seus setores e todo o seu pessoal. Estado: significa uma coisa permanente. É diferente de uma situação, que é temporária. Interesses vitais: Os interesses vitais de uma empresa não es- tão apenas em não ser roubada ou incendiada. O mercado, os segre- dos, a estratégia de marketing, pesquisas de novos produtos devem igualmente ser protegidos. Interferências e perturbações: Nada deve impedir o curso normal da empresa. Deve-se prevenir não apenas contra incêndios e assaltos, mas também contra espionagem, sequestros de empresá- rios, greves, sabotagem, chantagem, etc. A segurança é satisfatória quando: - É capaz de retardar ao máximo uma possibilidade de agressão; - É capaz de desencadear forças, no menor espaço de tempo possível, capazes de neutralizar a agressão verificada. Conceitos básicos: a) Segurança Patrimonial: É a atividade preventiva e defen- siva associada à ação de pessoas treinadas, procedimentos e equipa- mentos de segurança, com a finalidade de proteger os bens patrimo- niais contra riscos ocasionais ou provocados por terceiros. b) Bens Patrimoniais: São todos os bens que possuem algum valor aos seus proprietários.Podem ser materiais (máquinas, instalações, objetos...) ou imateriais (imagem, know-how...). Para especialistas em Recursos Humanos, funcionários de uma empresa quando desempenhando suas funções, também são patrimônios desta. c) Risco: É o produto das ameaças que estão sujeitos os patri- mônios e os seus pontos de vulnerabilidades. d) Ameaças: São fatores externos peculiares à atividade prin- cipal exercida pela instituição, dificilmente serão eliminados, mas poderão ser minimizados. Podem ser geradas pela natureza (con- dições climáticas) e/ou sociedade (questões ambientais, políticas, econômicas...). e) Vulnerabilidades: toda a carência e/ou falha do sistema defensivo que permita que a instituição seja atingida de forma “violenta” por uma ameaça que se concretizou. f) Sistemas defensivos (de segurança)/meios de proteção: medidas e procedimentos adotados que visam detectar, dificultar, alertar, dissuadir e/ou retardar os fatores ameaçadores que pode- riam romper a proteção da instituição, através de uma ou mais de suas vulnerabilidades. MEIOS DE PROTEÇÃO Os meios de proteção podem ser classificados em: - meios de proteção física: constituídos de forma permanente ou provisória, com a finalidade de dissuadir ou retardar a ação de ameaça ao patrimônio. Exemplos: barreiras perimetrais (cercas, muros, guaritas, portões...); barreiras estruturais (paredes, portas, caixas-fortes...); barreiras provisórias (concertinas de arame far- pado, cancelas, divisórias...); sistemas de iluminação de proteção (holofotes com sensores de presença, holofotes...), sistemas de combate a incêndios. - meios eletrônicos de proteção: propiciam proteção adicional e são empregados em locais vitais à instituição, onde pelos mais variados motivos, a ação humana não vai ser empregada ou neces- sita de complemento para melhoria de seu desempenho. Exemplos: Circuito Fechado de Televisão; sistemas de alarme; detectores de metais; acionadores eletroeletrônicos de portas, portões; sistemas de radiocomunicação. - meios metodológicos de proteção: são as normas, diretrizes, determinações, sistemas e orientações adotadas pela instituição visando diminuir as vulnerabilidades existentes que por neces- sidade de funcionamento, não podem ser totalmente eliminadas. Exemplos de meios: sistemas de identificação de pessoal; controle de entrada e saída de pessoal, veículos e cargas; levantamento de antecedentes de candidatos; controle de circulação interna; inte- gração de novos empregados; controle, arquivo e destruição de documentos sigilosos; controle de estoque e armazenamento de ferramentas, materiais, etc.; investigação de incidentes de segu- rança; treinamentos de segurança patrimonial; busca e coleta de informações; sistema de supervisão. - força de resposta: a força de resposta de uma instituição é o ser humano, que por sinal é o mais importante componente do sistema de segurança. De nada adiantariam sofisticados equi- pamentos eletrônicos, se não haverem pessoas para aciona-los, controla-los e reagirem, nos momentos em que esses equipamen- tos cumprissem suas finalidades (detectar, alarmar, filmar...), por- tanto, os seres humanos, são os únicos dentro do sistema, capazes de interpretarem os sinais emitidos pelos equipamentos, analisa- rem os riscos e planejarem as medidas apropriadas, para reagirem aos efeitos das ameaças. Pela sua importância, ao ser constituída, deve-se ter cuidado com os seguintes itens: avaliação de riscos; análise do efetivo necessário; organização da guarda, seleção, trei- namento, qualificação e responsabilidades do efetivo; meios de supervisão e controle das atividades. Didatismo e Conhecimento 3 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo Objetivos da segurança patrimonial é assegurar: - Pessoas (diretores, empregados, visitantes, moradores, pa- cientes etc.) - Informações (patentes, pesquisas, informações financeiras etc.) - Propriedade (recursos, propriedades, bens negociáveis etc.) Metas que devem ser contempladas no planejamento de um projeto de segurança 1. Prevenir (a perda de vidas e minimizar as perdas físicas) 2. Controlar (acessos , pessoas, materiais) 3. Detectar (vigilância) 4. Intervir (responder à agressões) Análise da atratividade do bem : − Monetário – valor em moeda do patrimônio; − Intrínseco – valor embutido na edificação; − Econômico – valor de produto no mercado; − Operacional – valor da infraestrutura e instalações; − Regulador – valor de produto no mercado, taxas, impostos; − Intangível – valor de propriedade que em caso de perda não pode ser restituído; − Pessoal – valor emocional Avaliação da segurança A avaliação da segurança consiste em avaliar principalmente: os riscos, as ameaças e as vulnerabilidades. 3 PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIO. Fatores de Risco, Prevenção e Combate a Incêndios Um Incêndio é uma ocorrência de fogo não controlado, que pode ser extremamente perigosa para os seres vivos e as estruturas. A exposição a um incêndio pode produzir a morte, geralmente pela inalação dos gases, ou pelo desmaio causado por eles, ou posteriormente pelas queimaduras graves. Nem todos os fogos podem ser considerados incêndios, este é, no entanto um tema que o senso-comum tem ao longo dos séculos banalizado de forma a que praticamente qualquer foco de fogo tem sido visto como “incêndio”. O Incêndio para ser caracterizado como tal tem que possuir certos fatores inerentes ao mesmo para ser con- siderado como tal. Alguns desses fatores são: - A área ardida; - As dimensões da destruição que o mesmo causou; - A localização do mesmo. As normas sobre Proteção de Incêndios classificam o risco que se apresenta em cada tipo de edifício segundo as suas características, para adequar os meios de prevenção. O Risco atende a três fatores: - Ocupação: maior ou menor quantidade de pessoas e o conhe- cimento que possuem os ocupantes do edifício; - Composição: A construção do edifício em si, de que materiais é construído, qual é sua altura, etc; - Conteúdo: Materiais mais ou menos inflamáveis, dentro do edifício, podem determinar o fator de risco de um incêndio. Prevenção e Combate a Incêndios As causas de um incêndio são as mais diversas: descargas elé- tricas, atmosféricas, sobrecarga nas instalações elétricas dos edifí- cios, falhas humanas (por descuido, desconhecimento ou irrespon- sabilidade) etc. Há vários métodos de prevenção. Para além dos mais óbvios, como inflamações, faíscas, cigarros acesos, etc em locais de perigo de combustão (Depósitos de Gasoli- na, Áreas de serviço, etc) existe a forma mais óbvia de assegurar que um incêndio se propague, e essa forma é a área de segurança entre o foco de fogo e qualquer outro material passível de combustão. Apesar de não estar regulamentada nenhuma área de seguran- ça considerada a justa e necessária para o efeito, em caso de um incêndio pequeno, por exemplo, uma casa isolada, essa área de se- gurança entre essa casa e outro qualquer material combustível não necessitaria ser muito ampla, chegando para o efeito cerca de 15 a 20 metros de distância, uma vez que possíveis fagulhas que teorica- mente poderiam propagar esse incêndio apagar-se-iam muito antes de atravessarem essa distância e caírem em material inflamável. Já no caso de um incêndio de grandes proporções, várias casas ou uma vasta área florestal (ex: Incêndio de Roma; Incêndio de Chi- cago), a distância de segurança passaria por ser, segundo algumas fontes, de 300 a 500 metros de distância. Esta distância de 300 a 500 metros é considerada num caso com grande intensidade de vento, sendo que de outra forma, esta área de segurança também diminuiria consideravelmente. Os cuidados básicos para evitar e combater um incêndio, indi- cados a seguir, podem salvar vidas e bens patrimoniais. Cuidados Básicos: Não brinque com fogo! Um cigarro mal apagado jogado des- cuidadamente numa lixeira pode causar uma catástrofe. Apague o cigarro antes de deixá-lo em um cinzeiro ou dejogá-lo em uma cai- xa de areia. Cuidado com fósforos. Habitue-se a apagar os palitos de fósforos antes de jogá-los fora. Obedeça às placas de sinalização e não fume em locais proibidos, mal ventilados ou ambientes sujeitos à alta concentração de vapores inflamáveis tais como vapores de colas e de materiais de limpeza. Nunca apoie velas sobre caixas de fósforos nem sobre materiais combustíveis. Não utilize a casa de força, casa de máquinas dos elevadores e a casa de bombas do prédio, como depósito de materiais e objetos. São locais importantes e perigosos, que devem estar sempre desim- pedidos. As baterias devem ser instaladas em local de fácil acesso e ven- tilado. Não é recomendado o uso de baterias automotivas. Didatismo e Conhecimento 4 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo Instalações Elétricas A sobrecarga na instalação é uma das principais causas de in- cêndios. Se a corrente elétrica está acima do que a fiação suporta, ocorre superaquecimento dos fios, podendo dar início a um incên- dio. Por isso: Não ligue mais de um aparelho por tomada. Esta é uma das causas de sobrecarga na instalação elétrica; Não faça ligações provisórias. Tome sempre cuidado com as instalações elétricas. Fios descascados quando encostam um no outro, provocam curto-circuito e faíscas. Chame um técnico qua- lificado para executar ou reparar as instalações elétricas ou quando encontrar um dos seguintes problemas: - Constante abertura dos dispositivos de proteção (disjuntores) - Queimas frequentes de fusíveis; - Aquecimento da fiação e/ou disjuntores; - Quadros de distribuição com dispositivos de proteção do tipo chave-faca com fusíveis cartucho ou rolha. Substitua-os por disjun- tores ou fusíveis do tipo Diazed ou NH; - Fiações expostas (a fiação deve estar sempre embutida em eletrodutos) - Lâmpadas incandescentes instaladas diretamente em torno de material combustível, pois, elas liberam grande quantidade de calor; - Inexistência de aterramento adequado para as instalações e equipamentos elétricos, tais como: torneiras e chuveiros elétricos, ar condicionado, etc.; - Evite aterrá-los em canos d’água. ATENÇÃO: toda a instalação elétrica tem que estar de acordo com a Norma Brasileira NBR 5410 da ABNT (Associação Brasilei- ra de Normas Técnicas) Equipamentos Elétricos Antes de instalar um novo aparelho, verifique se não vai sobre- carregar o circuito. Utilize os aparelhos elétricos somente de modo especificado pelo fabricante. Instalações De Gás Somente pessoas habilitadas devem realizar consertos ou mo- dificações nas instalações de gás. Sempre verifique possíveis vaza- mentos no botijão, trocando-o imediatamente caso constate a míni- ma irregularidade. O botijão que estiver visualmente em péssimo estado deve ser imediatamente recusado. Para verificar vazamento, nunca use fósforos ou chama, apenas água e sabão. Nunca tente improvisar maneiras de eliminar vazamentos, como cera, por exemplo. Coloque os botijões sempre em locais ven- tilados. Sempre rosqueie o registro do botijão apenas com as mãos, para evitar rompimento da válvula interna. Aparelhos que usam gás devem ser revisados pelo menos a cada dois anos. Vazamento de Gás sem Chama: - Ao sentir cheiro de gás, não ligue ou desligue a luz nem apa- relhos elétricos. - Afaste as pessoas do local e procure ventilá-lo. - Feche o registro de gás para restringir o combustível e o risco de propagação mais rápida do incêndio. - Não há perigo de explosão do botijão ao fechar o registro. Se possível, leve o botijão para local aberto e ventilado. Vazamento de Gás com Chama: - Feche o registro e gás. Retire todo o material combustível que esteja próximo do fogo. Incêndio com Botijão no Local: Se possível, retire o botijão do local antes que o fogo possa atingi-lo. Em todas essas situações, chame os BOMBEIROS - telefone 193. Circulação: - Mantenha sempre desobstruídos corredores, escadas e saídas de emergência, sem vasos, tambores ou sacos de lixo. - Jamais utilize corredores, escadas e saídas de emergência como depósito, mesmo que seja provisoriamente. - Nunca guarde produtos inflamáveis nesses locais. - As coletas de lixo devem ser bem planejadas para não compro- meter o abandono do edifício em caso de emergência. - As portas corta-fogo não devem Ter trincos ou cadeados. Co- nheça bem o edifício em que você circula, mora ou trabalha, princi- palmente os meios de escape e as rotas de fuga. Lavagem De Áreas Comuns Evite sempre que águas de lavagem atinjam os circuitos elétri- cos e/ou enferrujem as bases das portas corta-fogo. Não permita jamais que a água se infiltre pelas portas dos eleva- dores, pois isso pode provocar sérios acidentes. Métodos De Extinção Do Fogo Há três meios de extinguir o fogo: 1. Abafamento: Consiste em eliminar o comburente (oxigênio) da queima, fazendo com que ela enfraqueça até apagar-se. Para exemplificar, basta lembrar que quando se está fritando um bife e o óleo liberado entra em combustão, a chama é eliminada pelo abafamento ao se colocar a tampa na frigideira. Reduziu-se a quantidade de oxigênio existente na superfície da fritura. Incêndios em cestos e lixo podem ser abafados com toalhas molhadas de pano não-sintético. Extinto- res de CO2 são eficazes para provocar o abafamento. 2. Retirada do Material: Há duas opções de ação na retirada de material: a) Retirar o material que está queimando, a fim de evitar que o fogo se propague; b) Retirar o material que está próximo ao fogo, efetuando um isolamento para que as chamas não tomem grandes proporções. 3. Resfriamento: O resfriamento consiste em tirar o calor do material. Para isso, usa-se um agente extintor que reduza a temperatura do material em chamas. O agente mais usado para combater incêndios por resfria- mento d’ água. Didatismo e Conhecimento 5 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo Classes de Incêndio e Agentes Extintores Quase todos os materiais são combustíveis; no entanto, devido a diferença na sua composição, queimam de formas diferentes e exigem maneiras diversas de extinção do fogo. Convencionou-se dividir os incêndios em quatro classes. TABELA DE CLASSES DE INCÊNDIO E DOS AGENTES EXTINTORES MAIS USADOS TIPOS DE EXTINTORES ÁGUA PRESSURIZADA GÁS CARBÔNICO (CO²) ESPUMA PÓ QUÍMICO SECO SIM Excelente eficiência NÃO Não tem eficiência NÃO Insuficiente NÃO Não tem eficiência NÃO Não tem eficiência SIM Boa eficiência SIM Ótima eficiência (Jogar indiretamente) SIM Ótima eficiência NÃO Não tem eficiência SIM Ótima eficiência NÃO Perigoso – conduz eletricidade SIM Boa eficiência, contudo, pode causar danos em equipamentos delicados NÃO Obs.: poderá ser usado água em último caso (se não houver PQS) NÃO NÃO SIM 1. Puxe a trava, rompendo o lacre. 2. Aperte o gatilho. 3. Dirija o jato à base do fogo. 1. Retire o grampo. 2. Aperte o gatilho. 3. Dirija o jato à base do fogo. 1. Vire o aparelho com a tampa para baixo. 2. Dirija o jato à base do fogo. 1. Puxe a trava, rompendo o lacre, ou acione a válvula do cilindro de gás (Pressurizável) 2. Aperte o gatilho ou empurre a pistola difusora. 3. Ataque o fogo. RESFRIAMENTO ABAFAMENTO ABAFAMENTO E RESFRIAMENTO ABAFAMENTO Extintores De Incêndio: Os extintores de incêndio devem ser apropriados para o local a ser protegido. Verifique constantemente se: - acesso aos extintores não está obstruído; - manômetros indica pressurização (faixa verde ou amarela); - aparelho não apresenta vazamento; - Os bicos e válvulas da tampa estão desentupidos; - Leve qualquer irregularidade ao conhecimento do responsável para que a situação seja rapidamente sanada A recarga do extintor deve ser feita: - Imediatamente após ter sido utilizado; - Caso esteja despressurizado (manômetro na faixa vermelha) - Após ser submetido a este hidrostático; - Caso o material esteja empedrado. Tais procedimentos devem ser verificados pelo zelador e fiscalizado por todos. Mesmo não tendo sido usado o extintor, a recargadeve ser feita: - Após 1 (um) ano: tipo espuma; - Após 3 (rês) anos: tipo Pós Químico Seco e Água Pressurizada; Didatismo e Conhecimento 6 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo - Semestralmente: se houver diferença de peso que exceda 5% (tipo Pó Químico Seco e Água Pressurizada), ou 10% (tipo CO2); Esvazie os extintores antes de enviá-los para recarga; Programe a recarga de forma a não deixar os locais desprote- gidos; A época de recarga deve ser aproveitada para treinar as equipes de emergência. O Corpo de Bombeiros exige uma inspeção anual de todos os extintores, além dos testes hidrostáticos a cada cinco anos, por fir- ma habilitada. Devem ser recarregados os extintores em que forem constatados vazamentos, diminuição de carga ou pressão e venci- mento de carga. O Uso Dos Hidrantes São necessárias, no mínimo, duas pessoas para manusear a mangueira de um hidrante. A mangueira deve ser acondicionada na caixa de hidrante em função do espaço disponível para manuseá-la, a fim de facilitar sua montagem para o combate ao fogo. O Uso Dos Extintores Instruções para o uso de extintor de água pressurizada. Repare se no extintor tem tudo o que está descrito: 1. Etiqueta ABNT 2. Etiqueta de advertência 3. Etiqueta indicativa de operação 4. Recipiente 5. Bico ejetor 6. Orifício para alívio de pressão 7. Tampa com junta de vedação interna 8. Cilindro e gás 9. Etiqueta indicativa de classe 1. Etiqueta ABNT 2. Etiqueta de advertência 3. Etiqueta indicativa de operação 4. Recipiente 5. Tubo sifão 6. Manômetro 7. Gatilho 8. Difusor 9. Mangueira 10. Alça de transporte 11. Trava de segurança 12. Etiqueta indicativa da classe Importante: 1. O extintor de água pressurizada é indicado para aplicações em incêndio “CLASSE A”; 2. Por serem condutoras de eletricidade, a água e a espuma não podem ser utilizadas em incêndios de equipamentos elétricos ener- gizados (ligados na tomada). A água e a espuma podem provocar curtos-circuitos; 3. O extintor de água pressurizada não é indicado para combate a incêndio em álcool ou similar. Nesse caso, o agente extintor indi- cado é o Pó Químico. Extintores de Espuma A espuma é um agente indicado para aplicação em incêndios “CLASSE A e CLASSE B”. Os extintores têm prazo máximo de utilização de cinco anos, dentro da validade da carga e/ou do reci- piente. Instruções para uso do Extintor de Espuma: 1. Leve o aparelho até o local do fogo; 2. Inverta a posição do extintor (FUNDO PARA CIMA) 3. Dirija o jato contra a base do fogo Obs.: Se o jato de espuma não sair, revire-o uma ou duas vezes, para reativar a mistura. Gás Carbônico O gás carbônico, também conhecido como dióxido de carbono ou CO2, é mau condutor de eletricidade e, por isso, indicado em incêndios “CLASSE C”. Cria ao redor do corpo em chamas uma atmosfera pobre em oxigênio, impedindo a continuação da combus- tão. É indicado também para combater incêndios da «CLASSE B», de pequenas proporções. Instruções para o uso do Extintor de CO2: 1. Retire o pino de segurança que trava o gatilho 2. Aperte o gatilho e dirija o jato à base do fogo. Pó Químico Seco (PQS) O extintor de Pó Químico Seco é recomendado para incêndio em líquidos inflamáveis (“CLASSE B”), inclusive aqueles que se queimam quando aquecidos acima de 120º C, e para incêndios em equipamentos elétricos (“CLASSE C”). O extintor de Pó Químico Seco pode ser pressurizável Instruções para uso do Extintor de Pó Químico Seco Pressuri- zável: 1. Puxe a trava de segurança para trás ou gire o registro do ci- lindro (ou garrafa) para a esquerda, quando o extintor for de Pó Quí- mico com pressão injetável. 2. Aperte o gatilho 3. Dirija o jato contra a base do fogo procurando cobrir toda a área atingida com movimentação rápida. Hidrantes e Mangotinhos IMPORTANTE: Para recarga ou teste hidrostático escolha uma firma IDÔNEA. Os hidrantes e mangotinhos devem ser mantidos sempre bem sinalizados e desobstruídos. A caixa de incêndio contém: - Registro globo com adaptador, mangueira aduchada (enrolada pelo meio) ou ziguezague, esguicho regulável (desde que haja con- dição técnica para seu uso), ou agulheta, duas chaves para engate e cesto móvel para acondicionar a mangueira. - mangotinho deve ser enrolado em “oito” ou em camadas nos carretéis e pode ser usado por uma pessoa apenas. Seu abrigo deve ser de chapa metálica e dispor de ventilação. Didatismo e Conhecimento 7 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo Verifique se: a) A mangueira está com os acoplamentos enrolados para fora, facilitando o engate no registro e no esguicho; b) A mangueira está desconectada do registro; c) estado geral da mangueira é bom, desenrole-a e cheque se não tem nós, furos, trechos desfiados, ressecados ou desgastados; d) registro apresenta vazamento ou está com o volante em- perrado; e) Há juntas amassadas; f) Há água no interior das mangueiras ou no interior da caixa hidrante, o que provocará o apodrecimento da mangueira e a oxi- dação da caixa. ATENÇÃO: Nunca jogue água sobre instalações elétricas energizadas. - Nunca deixe fechado o registro geral do barrilete do reserva- tório d’água. (O registro geral do sistema de hidrantes localiza-se junto à saída do reservatório d’água). - Se for preciso fazer reparo na rede, certifique-se de que, após o término do serviço, o registro permaneça aberto. - Se a bomba de pressurização não der partida automática, é necessário dar partida manual no painel central, que fica próximo à bomba de incêndio. - Nunca utilize a mangueira dos hidrantes para lavar pisos ou regar jardins. - Mantenha sempre em ordem a instalação hidráulica de emer- gência, com auxílio de profissionais especializados. Instalações Fixas De Combate A Incêndio As instalações fixas de combate a incêndios destinam-se a de- tectar o início do fogo e resfriá-lo. Os tipos são: a) Detector de fumaça; b) Detector de temperatura; c) Detector de chama; d) Chuveiro automático: redes de pequenos chuveiros no teto dos ambientes; e) Dilúvio: gera um nevoeiro d’água; f) Cortina d’água: rede de pequenos chuveiro afixados no teto, alinhados para, quando acionados, formar uma cortina d’água; g) Resfriamento: rede de pequenos chuveiros instalados ao redor e no topo de tanques de gás, petróleo, gasolina e álcool. Ge- ralmente são usados em áreas industriais; h) Halon: a partir de posições tomadas pelo Ministério da Saú- de, o Corpo de Bombeiros tem recomendado a não utilização desse sistema, uma vez que seu agente é composto de CFC, destruidor da camada de ozônio. Iluminação De Emergência A iluminação de emergência, que entra em funcionamento quando falta energia elétrica, pode ser alimentada por gerador ou bateria e acumuladores (não automotiva). A iluminação de emergência é obrigatória nos elevadores. Faça constantemente a revisão dos pontos de iluminação. Baterias: As baterias devem ser instaladas acima do piso e afastadas da parede, em local seco, ventilado e sinalizado. Providencie a manu- tenção periódica das baterias, de acordo com as indicações do fabri- cante; devem ser verificados seus terminais (pólos) e a densidade do eletrólito. Alarme De Incêndio Os alarmes de incêndio podem ser manuais ou automáticos. Os detectores de fumaça, de calor ou de temperatura acionam automa- ticamente os alarmes. O alarme deve ser audível em todos os setores da área abrangi- da pelo sistema de segurança. As verificações nos alarmes precisam ser feitas periodicamente, seguindo as instruções do fabricante. A edificação deve contar com um plano de ação para otimizar os procedimentos de abandono do local, quando do acionamento do alarme. Sistema de Som e Interfonia Os sistemas de som e interfonia devem ser incluídos no plano de abandono do local e devem ser verificados e mantidos em funcio- namento de acordo com as recomendações do fabricante. Portas Corta-Fogo As portas corta-fogo são próprias para isolamento e proteção das rotas de fuga, retardando a propagação do fogo e da fumaça. Elas devem resistirao calor por 60 minutos, no mínimo (veri- fique se está afixado o selo de conformidade com a ABNT). Toda porta corta-fogo deve abrir sempre no sentido de saída das pessoas. Seu fechamento deve ser completo. Além disso, elas nunca de- vem ser trancadas com cadeados ou fechaduras e não devem ser usados calços, cunhas ou qualquer outro artifício para mantê-las abertas. Não se esqueça de verificar constantemente o estado das molas, maçanetas, trincos e folhas da porta. Rotas De Fuga Corredores, escadas, rampas, passagens entre prédios gemina- dos e saídas, são rotas de fuga e estas devem sempre ser mantidas desobstruídas e bem sinalizadas. IMPORTANTE: Conheça a localização das saídas de emergên- cia das edificações que adentrar. Só utilize áreas de emergência no topo dos edifícios e as passa- relas entre prédios vizinhos na total impossibilidade de se utilizar a escada de incêndio. As passarelas entre prédios tem que estar em paredes cegas ou isoladas das chamas. LEMBRE-SE: é sempre aconselhável DESCER. Lixeiras As portas dos dutos das lixeiras devem estar fechadas com alve- naria, sem possibilidade de abertura, para não permitir a passagem da fumaça ou gases para as áreas da escada ou entre andares do edifício. Didatismo e Conhecimento 8 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo Para-raios Os para-raios deve ser o ponto mais alto do edifício. Massas metálicas como torres, antenas, guarda-corpos, painéis de propagan- da e sinalização devem ser interligadas aos cabos de descida do pa- ra-raios, integrando o sistema de proteção contra descargas elétricas atmosféricas. O para-raios deve estar funcionando adequadamente. Caso contrário, haverá inversão da descarga para as massas metáli- cas que estiverem em contato com o cabo do para-raios. Os para-raios podem ser do tipo FRANKLIN ou GAIOLA DE FARADAY. O tipo Radioativo/Iônico tem sua instalação condenada devido à sua carga radioativa e por não Ter eficiência adequada. A manutenção dos para-raios deve ser feita anualmente, por empresas especializadas, conforme instrução do fabricante. É preciso observar a resistência ôhmica do aterramento entre elétrodos e a terra (máxi- mo de 10 ohm), ou logo após a queda do raio. Brigada Contra Incêndio A equipe de emergência é a Brigada de Combate a Incêndio. Ë uma equipe formada por pessoas treinadas com conhecimento sobre prevenção contra incêndio, abandono de edificação, pronto-socorro e devidamente dimensionada de acordo com a população existente na edificação. Cabe à esta equipe a vistoria semestral nos equipamentos de prevenção e combate a incêndios, assim como o treinamento de abandono de prédio pelos moradores e usuários. A relação das pessoas com dificuldade de locomoção, perma- nente ou temporária, deve ser atualizada constantemente e os pro- cedimentos necessários para a retirada dessas pessoas em situações de emergência devem ser previamente definidos. A equipe de emer- gência deve garantir a saída dos ocupantes do prédio de acordo com o “Plano de Abandono”, não se esquecendo de verificar a existên- cia de retardatários em sanitários, salas e corredores. O sistema de alto-falantes ajuda a orientar a saída de pessoas; o locutor recebe treinamento e precisa se empenhar para impedir o pânico. A relação e localização dos membros da equipe de emergência deve ser conhe- cida por todos os usuários. 4 IDENTIFICAÇÃO, EMPREGO E UTILIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELETRÔNICOS DE SEGURANÇA: SENSORES, SISTEMAS DE ALARME, CERCAS ELÉTRICAS, CFTV (CIRCUITO FECHADO DE TELEVISÃO). O sistema de segurança ideal é aquele que promove a intera- ção do homem com os equipamentos eletrônicos, a fim de que a coligação entre ambos possa promover um nível de proteção satis- fatória. Atualmente no mercado, existem os mais variados números e tipos de equipamentos eletrônicos de segurança à disposição dos usuários, portanto, deve-se adquirir aqueles que mais se adaptem às necessidades do local a ser protegido. Entende-se por Sistema Eletrônico de Segurança o conjunto de elementos técnicos destinados a advertir in loco ou a distância qualquer evento que pode acarretar risco para vidas, bens ou conti- nuidade das atividades. O monitoramento possibilita que o conjunto de dispositivos de segurança eletrônica instalados, como alarmes perimetrais e CFTV seja controlado 24 horas por dia 7 dias por semana através de meios físicos de transmissão variados como telefonia fixa ou celular, ondas de rádio, satélites e redes de comunicação. Conectados a uma Cen- tral de Monitoramento que pode receber todas as informações sobre violação de perímetro, acionamento de botão de pânico ou CFTV, proporcionamos respostas rápidas, eficientes e dentro dos mais rigo- rosos padrões internacionais de segurança. Destacaremos, a seguir, os sistemas e equipamentos eletrônicos de segurança mais utilizados: - Kit Investigativo: Possuído de micro câmeras esse kit consti- tui na utilização de identificação de roubos ou furtos internos as mi- cro câmeras são instaladas de modo que fique oculta, com gravação em DVR para utilização jurídica caso necessário. - Central de Alarme: Placa central de monitoramento utiliza- da para gerenciar os alarmes instalados, (Botão de pânico, Iva, Ivp, sensores de abertura, quebra de vidro, fumaça...). Em todos os casos gera-se um relatório informado via linha telefônica, o evento com total precisão para uma central externa que assim tomará as devidas providencia. O sistema de CFTV, ou circuito fechado de televisão, é a forma mais eficiente de produção de imagens em tempo real para siste- mas de segurança. Constituído por câmera(s), meio de transmissão e monitor, pode ser utilizado em inúmeras aplicações. Desde escolas condomínios, residências, estabelecimentos comerciais, empresas até instituições financeiras. - R.F (Right Frequency): Sistema de modulação e de-modula- ção de imagem. Podendo com esse sistema realizar a transmissão de varias imagem em um único cabo coaxial, sem limite de distancia. - DVR STAND ALONE: Gravador digital para câmeras, sis- tema totalmente independente, captura e grava imagens em HDD interno, geralmente usado em residências. - QUAD: Equipamento destinado a utilizar um monitor e vi- sualizar até 4 câmeras simultaneamente tendo função também de sequenciar as imagens conforme o tempo determinado. - Câmera Fixa: Câmera destinada para visualização de um ponto específico com variáveis de modelos e lentes conforme visto previamente por análise de luminosidade, ângulo e localização. - PTZ OU SPEED DOME: Câmera com movimentação por controle manual ou automático (predefinido pelo usuário) podendo ter até 360° de movimentação, essas possuem zoom para aproximar a imagem para visualização dos detalhes. Utilizadas em locais de grandes áreas a serem monitoradas. - Câmera IP: Utilizada exclusivamente para monitoramento via internet. - Placa de Captura: Hardware destinado a captura e gerencia- mento de imagens obtendo recursos para gravação, reprodução local e remoto (via internet com visualização por IP). - Cerca Elétrica: Barreira de fios de aço eletrificada somente utilizada em muros acima de 1.80m em área comum de passagem (muros, grades, marquises...). Choque de 8.000 a 10.000Volts (pul- sativo) na área urbana e até 5 joules em áreas Rurais ou afastadas de alta circulação de pessoas. Obs. Choque não fatal. - Cerca Concertina: nada mais é do que uma “evolução” das tradicionais cercas de arame farpado. O uso da Cerca Concertina é mais comum para proteção de propriedade (casas e prédios) e no uso militar para isolamento de áreas. Didatismo e Conhecimento 9 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo - Sensores passivos infravermelhos: São sensores que utilizam o princípio do radar, onde o sensor emite continuamente um sinal constante e permanece na espera do retorno do sinal refletido de um eventual corpo se movimentando na área sensoreada. Este sensor é do tipo módulo único, tendo a emissão do feixe e seu siste-ma detector conjugados em uma única peça. Tais sensores não tem um alcance muito grande - algo em torno de 15 m. - Sensores ativos infravermelhos: São sensores que se uti- lizam de uma barreira de luz IR alinhada, cujo rompimento dessa barreira por um corpo em movimento aciona o sensor. A distância entre o módulo emissor e receptor (uma vez que são necessários dois módulos) pode chegar a até 60 m em área aberta ou fechada, sem sofrer eventuais interferências solares ou externas. - Sensores de Quebra de Vidros: Usados em janelas e portas para detectar quebra de vidros. Trabalham através de frequência so- nora. - Sensores Magnéticos: são um meio comum de proteger portas e janelas. Quando abertos acionam o alarme. - Sensores de impacto: Existem de dois tipos: o mais simples é uma espécie de pêndulo que se põe em movimento (como uma balança) na superfície onde estão instalados. O segundo tipo funcio- na como uma espécie de microfone, que capta o som do ambiente (batida em vidro ou no chão) para detectar um impacto. - Sensores de gás e fumaça: São sensores que utilizam uma câmara iônica interna responsável pela detecção. Este tipo de detector é praticamente à prova de erros, uma vez que os componentes da câmara apenas reagem com o gás ou as partículas de fumaça e fuligem presentes apenas em situações de combustão. - Interruptor automático de presença: Ativa a iluminação ao detectar um movimento em um raio de + ou - 10 metros. Após uma duração regulável de 10 segundos a 10 minutos, apaga automati- camente a iluminação. Ainda é possível regular o funcionamento conforme o nível de iluminação ambiente. - Porteiro Eletrônico com Vídeo Acoplado: Controlar o aces- so ao seu escritório ou residência é uma parte vital de um completo sistema de segurança. Com uma câmera acoplada ao seu porteiro eletrônico é possível identificar visualmente o visitante. - Controle de Acesso: Sistema de teclado de senha utilizado para controlar aberturas de portas, tem característica parecida se comparado com as portas normais que têm uma chave para permitir a entrada Num sistema micro processado, apenas ao digitar uma se- nha, a porta se abrirá. - IVA: Infravermelho ativo, usado como barreira de passagem não visto a olho nu. - AUTO IRIS: Lente para câmera de vigilância com poder de ajustar conforme luminosidade do ambiente. 5 DEFESA PESSOAL. Defesa pessoal, ou autodefesa (do inglês self-defense), é um conjunto de vários métodos que têm como fim neutralizar um ataque pessoal. As técnicas de defesa pessoal têm sido derivadas das artes marciais tradicionais, adaptadas para uso por pessoas comuns, para defender-se mesmo em sua vida normal. Em defesa pessoal utilizam-se técnicas simples e evitam-se mo- vimentos complexos. Utilizam-se principalmente bloqueios, retenções e alavancas para dominar o adversário o mais rapidamente possível, encurtando o tempo de combate com o objetivo de evitar riscos e deixar em segundo plano, diferenças físicas. A defesa com mãos nuas pode completar se com armas próprias ou impróprias, que podem ser facas, armas de fogo ou qualquer ob- jeto que esteja acessível no momento do conflito. No âmbito civil tenta-se dominar o adversário de maneira segu- ra e sem provocar danos excessivos, devido à responsabilidade civil da ação defensiva, quando ultrapassa os limites da legítima defesa. A defesa pessoal é baseada nos fundamentos de alguns esportes e / ou artes marciais, como o judô, o aikido ou karate. O caráter princi- pal da defesa pessoal é evitar o uso da força, podendo ser aplicado a oponentes de maiores dimensões ou com força muscular. É por aquela razão que as técnicas básicas como os golpes únicos (que se executam contra o oponente com uma parte específica dos nossos corpos) como o uso da palma da mão, as articulações dos dedos e as partes macias ou golpes de joelho, passando as demais por técni- cas mais profissionais como vários tipos de chutes, e também mais avançadas como desequilíbrios ou imobilizações (que são usadas em defesa pessoal de polícia ou em modalidades esportivas como o karate) são as aplicações compreendidas na defesa pessoal. Já no âmbito militar utilizam-se técnicas com maior poder ofen- sivo e letal, valendo-se também de armas. Algumas artes, a exemplo do systema (da Rússia) e do krav magá (de Israel), são de origem militar, mas se espalharam também para uso civil. Segundo alguns estudiosos, “a Defesa Pessoal nasceu da neces- sidade da sobrevivência do homem diante das situações de risco”. Segundo a maioria dos mestres, e alguns historiadores do as- sunto, a defesa pessoal é antecessora das artes marciais. As técnicas de luta utilizadas nos vários conflitos da humanidade, sejam ideoló- gicos, territoriais, ou de qualquer outra etiologia, mostram a defesa pessoal sem nenhuma definição de estilo ou modalidade e sim defi- nida como a Arte de Guerra. As escrituras milenares de Sun Tzu, conhecidas como A Arte da Guerra, trazem ensinamentos para as diversas áreas da vida. A integridade física e a defesa da vida também estão descritas em suas linhas. Relatos históricos nos fazem perceber que a Defesa Pessoal, ou a necessidade de alto defesa, foi a mãe das Artes Marciais, estas, variando em muitos aspectos como, cultura, religião, características estrutural de um povo etc. Mas em todos os estilos objetiva-se a garantia da integridade pessoal. Sejam utilizadas em guerras, seja por indivíduos pacatos que pretendem garantir seu direito de paz, mesmo que para isso tenham que se utilizar da força necessária. Isso nos traz a outra garantia que temos sobre a origem da Defesa Pessoal: ela foi criada para que pes- soas mais fracas, através do conhecimento técnico, possam superar pessoas mais fortes em um combate ou situação de risco. A aplicação de leis físicas, tais como “sistema de alavanca, mo- mento de força, equilíbrio, centro de gravidade e o estudo minucioso dos pontos vitais do corpo humano” propiciou a seus criadores fazer do JIU-JITSU uma arte científica de luta. Vale salientar que des- sa mesma origem, dessa mesma semente, saíram vários estilos de Autodefesa, como por exemplo, o Aikido e outras Artes que, como o Judô, que têm em sua essência os princípios das alavancas e da utilização da força do oponente contra ele mesmo. Didatismo e Conhecimento 10 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo PRINCÍPIOS A SEREM UTILIZADOS NA DEFESA PESSOAL Princípio da repetição: Deve ser exercitado até se tornar au- tomaticamente perfeito em sua reação, e mesmo assim continuar com a sua manutenção e treinamentos constantes. Princípio da dor: A dor é o domínio sobre seu adversário, quanto maior a dor, maior o domínio. Podemos imobilizá-lo, dis- traí-lo ou lesioná-lo gravemente tirando-o de combate. Princípio da adaptação: A técnica se adapta ao adversário. Co- nhecer os detalhes das técnicas, suas alavancas e pontos de pressão é fundamental para garantir sua efetividade. Princípio da mudança: Quando uma técnica não der certo, mude para outra. Preferencialmente utilizando as barreiras de uma como alavanca para outra. Princípio da versatilidade: Uma técnica para várias situações, e várias técnicas para uma situação. No estudo da ciência de qualquer Arte Marcial, é fundamen- tal o conhecimento de alguns pontos sensíveis ou vitais do corpo humano. Tal estudo e identificação já é um diferencial de estilo de uma a outra Arte, ou seja, alguns pontos são conhecidos e ex- plorados para determinado estilo e completamente ignorados por outros. Pontos sensíveis e sua utilização na defesa pessoal: 1. Cana do nariz e base do nariz- Golpes traumáticos diretos; saídas de agarramentos quando os braços estiverem soltos; saídas de gravatas laterais; retirada de agressor em contato contra tercei- ros; etc.. 2. Olhos - Golpes traumáticos diretos; saídas de agarramentos quando os braços estiverem soltos; saídas de gravatas laterais e pelas costas; retirada de agressor em contato contra terceiros; etc.. 3.Queixo – Golpes traumáticos cruzados, muito eficientes para desnorteamento momentâneo do infrator. 4. Carótidas – Estrangulamentos e condução; podem levar o indivíduo a óbito. 5. Traqueia – Saídas de agarramentos quando os braços esti- verem soltos, e assim como as carótidas, é agredida para estran- gulamentos, e nunca deve ser usada em golpes traumáticos, pois também podem levar o indivíduo a óbito. 6. Plexo solar – Golpes traumáticos diretos, muito eficientes para desnorteamento momentâneo do infrator. 7. Articulações – Ombro, cotovelo e punho, muito utilizados para desarmes, conduções e projeções ao solo. No domínio para utilização das algemas. As do joelho e pés, focadas para chutes e contenções no solo. DIAGNÓTICO DA CENA CRÍTICA. Uma boa técnica de Defesa Pessoal se inicia através do estudo, rápido e preciso da “CENA CRÍTICA”. Esta nada mais é do que tudo que envolve um conflito entre o(s) meliante(s) e o indivíduo a ser agredido injustamente. Esse diagnóstico, ou análise, tem que ser definido, dentro das possibilidades, o mais breve e completo. Para muitos, defesa pessoal significa violência física ou a ne- cessidade de nos defendermos de uma agressão usando de violên- cia física. O conceito de defesa pessoal é, na verdade, muito mais complexo: a violência física, caso se verifique necessária, deve ser apenas o último recurso para quem necessita defender-se e assim garantir a sua integridade física. A verdadeira e difícil essência da defesa pessoal, em traços gerais, consiste em prevenir a agressão e controlar o(s) agressor(es), valendo-se de métodos e ferramentas estudadas, sem violência e sem força excessiva. Do ponto de vista legal não podemos nos defender de qualquer agressão com força ou violência superior àquela imprimida pelo agressor - ou passa- mos nós a ser os agressores e passíveis de processo judicial. Para combinar estas questões é necessário estudar técnicas e métodos, escolher um sistema de defesa pessoal baseado neste conceito que se adapte a cada pessoa. Hoje em dia, o perigo de sermos atacados na rua é quase imi- nente. A qualquer hora de qualquer dia podemos ser abordados por alguém com intenções menos sérias, próprias ou convenientes. Assim, para nosso próprio bem, devemos estar preparados para esta eventualidade. Recomendo vivamente a qualquer pessoa que aprenda o mais depressa possível a defender-se, nem que apenas algumas coisas básicas, mas aprendam. Não é uma questão de gos- tar de artes marciais, não é uma questão de gostar de violência... é uma questão de sobrevivência. Existem imensas páginas que en- sinam como se defender, alguns golpes, movimentos e técnicas básicas de defesa pessoal. Existem livros, manuais, folhetos, etc. A aprendizagem da defesa pessoal, obedece a uma ordem crescente de controle e inteligência, sua prática é recomendada por médicos, psicólogos e educadores, como integrante da educação, paliativo das tensões psíquicas e fator de desenvolvimento físico; seus movimentos regulam o controle motor, atuando como efeito de psicomotricidade, autoconfiança e total controle de si mesmo, condicionando os reflexos, induzindo as decisões rápidas e seguras em situações caóticas e consequentemente desprovido de comple- xos de seus praticantes. A defesa pessoal tem por finalidade o desenvolvimento do po- tencial de todos os homens e visa, principalmente a incolumidade física do indivíduo. Assim o seu praticante, mesmo fisicamente fra- co, adquire condições de se defender de qualquer agressão através de movimentos que tem como base os movimentos e técnicas, sem precisar necessariamente usar a força ou a violência desmedida. A prática salutar da defesa pessoal desenvolve a personali- dade do indivíduo, estimulando as qualidades positivas morais e intelectuais do praticante, desenvolvendo-o física e mentalmente, fazendo com que seus praticantes se tornem pessoas confiantes, pois, eliminando do subconsciente o medo do golpe físico, que todos têm naturalmente, o praticante de defesa pessoal, se torna apto a enfrentar qualquer agressão e o que é muito importante, a transpor qualquer situação difícil em qualquer setor da vida. Fácil pois é verificar a utilidade da defesa pessoal na educação, já que a criança e o jovem, vítimas maiores da insegurança e dos temores, bem depressa aprendem a ter confiança em si mesmo e passam a ter maior desenvolvimento nos estudos, nos esportes em geral e mesmo no relacionamento familiar, pois, quando se tornam con- fiantes, conseguem diminuir e até mesmo eliminar a agressividade peculiar dos inseguros e adquirem a desinibirão indispensável ao relacionamento com os semelhantes. Isto é válido também para os adultos, pois a confiança em si próprio é a mola mestra do sucesso em qualquer ramo da atividade humana, notadamente na função policial militar, onde, se exige decisões que estão constantemente sob análise crítica da Corporação e principalmente da sociedade. Didatismo e Conhecimento 11 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo 6 ARMAMENTO E TIRO. Uma arma de fogo é um artefato que lança um ou muitos pro- jéteis, geralmente sólidos, em alta velocidade através da queima de um propelente confinado. Este processo de queima subsônica é tec- nicamente conhecido como deflagração, em oposição a combustão supersônica conhecida como detonação. Em armas de fogo mais antigas, o propulsor era tipicamente a pólvora negra ou a cordite, mas armas de fogo modernas usam a pólvora sem fumaça ou outros propelentes. A maioria das armas de fogo mais modernas (com a no- tável exceção das armas de alma lisa) tem canos estriados (ranhuras internas) para dar giro ao projétil visando dar melhor estabilidade ao voo do mesmo. É imprescindível para o funcionamento letal da arma de fogo também a munição. Partes de uma arma de fogo São partes de uma arma de fogo: - Cano ou tubo - Câmara de expansão dos gases - Culatra - Sistema de disparo ou percussão - Sistema de segurança - Sistema de mira - Cabo ou dispositivo de ancoragem - Municiador ou carregador - Tipo de ação Tipos de projéteis Os primeiros projéteis utilizados eram bolas inertes de ferro fundido ou de pedra. Então, para as armas de menor calibre eram utilizados no tiro (pequenos pedaços de ferro ou chumbo). São atualmente utilizados projéteis encapsulados em uma jaqueta con- tendo tanto a parte útil (o projétil), quanto a propulsão (explosão mistura) e um gatilho inicia-lo. Uma arma é compartimentada para munições definidas estritamente quanto a forma e as dimensões (ca- libre, tamanho e morfologia, mas também o seu soquete) e o tipo de fogo. Uma munição pode estar disponível em versões diferentes, incluindo cargas e projéteis diferentes. O conteúdo da parte útil pode variar muito dependendo do tipo de uso da arma: - metralha, - bala apontou ponta. A ponta pode ser do tipo ogival, canto- -vivo, semi-canto-vivo, ogival de ponta plana, cone truncado, semi- -ogival e de ponta oca. - bola redonda. - bala jaqueta, encamisada. - carga explosiva. - carga moldada. - carga química. - carga biológica. Tipos de armas de fogo As armas de fogo, podem ser divididas em armas de artilharia, se a operação envolve vários homens e a arma é dirigida não a um único adversário, como canhões e obuseiros e armas de fogo portá- teis como pistolas, fuzis, submetralhadoras e metralhadoras onde as armas podem ser usadas e tomadas individualmente. Por defini- ção, deve ser de um tamanho inferior a 20 mm, e pesar menos de 20 kg e ter balas de fogo inertes. Em seguida vamos acompanhar o que dispõe a “Cartilha de Armamento e Tiro” elaborada pelo Serviço de Armamento e Tiro da Academia Nacional de Polícia e pelo Serviço Nacional de Ar- mas. CARTILHA DE ARMAMENTO E TIRO 1. ARMA DE FOGO 1.1. CONCEITO Dispositivo que impele um ou vários projéteis através de um cano pela pressão de gases em expansão produzidos por uma carga propelente em combustão. 1.2. CLASSIFICAÇÃO 1.2.1. Quanto à alma do cano A alma é a parte ocado interior do cano de uma arma de fogo, que vai geralmente desde a culatra até a boca do cano, destinada a resistir à pressão dos gases produzidos pela combustão da pólvora e outros explosivos e a orientar o projétil. Pode ser lisa ou raiada, dependendo do tipo de munição para o qual a arma foi projetada. Alma raiada A alma é raiada quando o interior do cano tem sulcos helicoi- dais dispostos no eixo longitudinal, destinados a forçar o projétil a um movimento de rotação. Alma lisa É aquela isenta de raiamentos, com superfície absolutamente polida, como, por exemplo, nas espingardas. As armas de alma lisa têm um sistema redutor (choque), acoplado ao extremo do cano, que tem como finalidade controlar a dispersão dos bagos de chum- bo. Didatismo e Conhecimento 12 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo 1.2.2. Quanto ao tamanho Armas Curtas: Pistolas – Modernamente podemos conceituar pistola como arma curta, raiada, portátil, semi-automática ou automática, de ação simples, ação dupla, dupla ação e híbrida, com câmara no cano, a qual utiliza o carregador como receptáculo de munição. Existem pistolas de repetição que não dispõem de carregador e cujo carregamento é feito manualmente pelo atirador. Seu nome provém de Pistoia, um velho centro de ar- meiros italianos. Revólveres – Arma curta de alma raiada ou lisa, portátil, de repetição, na qual os cartuchos são colocados em um cilindro giratório (tambor) atrás do cano, podendo o mecanismo de disparo ser de ação simples ou dupla. Armas Longas – Alma Raiada: Rifles – Termo muito comum, de origem inglesa, que significa o mesmo que fuzil. Arma longa, portátil que pode ser de uso militar/policial ou desportivo; de repetição, semiautomática ou automática. Fuzil de Assalto – Fuzil Militar de fogo seletivo de tamanho intermediário entre um fuzil propriamente dito e uma carabina. Carabina (Carbine) – Geralmente uma versão mais curta de um fuzil de dimensões compactas, cujo cano é superior a 10 polegadas e inferior a 20 polegadas (geralmente entre 16 e 18 polegadas). Submetralhadora – Também conhecida no meio Militar como metralhadora de mão, é classificada assim por possuir cano de até 10 pole- gadas de comprimento e utilizar cartuchos de calibres equivalentes aos das pistolas semiautomáticas. Metralhadora – Arma automática, que utiliza cartuchos de calibres equivalentes ou superiores aos dos fuzis; geralmente necessita mais de uma pessoa para sua operação. Armas Longas – Alma Lisa: Espingardas - Arma longa, de alma lisa, que utiliza cartuchos de projéteis múltiplos ou de caça. 1.2.3. Quanto ao sistema de carregamento Antecarga – Qualquer arma de fogo que deva ser carregada pela boca do cano. Retrocarga – Arma de fogo carregada pela parte de trás ou extremidade da culatra. 1.2.4. Quanto ao sistema de funcionamento Repetição – Arma capaz de ser disparada mais de uma vez antes que seja necessário recarregá-la, as operações de realimentação são feitas pela ação do atirador. Pode ser equipada com carregador, tambor ou receptáculo (tubo). Semiautomático – Sistema pelo qual a execução do tiro se dá pela ação do atirador (um acionamento da tecla do gatilho para cada disparo); as operações de extração, ejeção e realimentação se darão pelo reaproveitamento dos gases oriundos de cada disparo. Automático – Sistema pelo qual a arma, mediante o acionamento da tecla do gatilho e enquanto esta estiver premida, atira continuamente, extraindo, ejetando e realimentando a arma até que se esgote a munição de seu carregador ou cesse a pressão sobre o gatilho. Didatismo e Conhecimento 13 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo 1.2.5. Quanto ao sistema de acionamento Ação simples – No acionamento do gatilho apenas uma operação ocorre, o disparo; sendo que a operação de armar o conjunto de disparo já foi feita antes. Ação dupla – No acionamento do gatilho ocorrem duas operações, a primeira é o armar do conjunto de disparo e a segunda é o disparo propriamente dito. Dupla ação – Sistema onde se faz possível a execução do tiro tanto em ação simples, como em ação dupla. Ação híbrida – A operação de armar o conjunto de disparo ocorre em duas etapas, uma antes e outra depois do disparo. 2. PARTES DA ARMA DE FOGO REVÓLVER PISTOLA Didatismo e Conhecimento 14 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo ESPINGARDA PUMP ESPINGARDA DOIS CANOS MOCHA Didatismo e Conhecimento 15 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo ESPINGARDA COMUM CARABINA DE REPETIÇÃO Didatismo e Conhecimento 16 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo RIFLE SEMIAUTOMÁTICO RIFLE DE FERROLHO (BOLT ACTION) Didatismo e Conhecimento 17 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo 3. NORMAS DE SEGURANÇA 1. Somente aponte sua arma, carregada ou não, para onde pretenda atirar; 2. NUNCA engatilhe a arma se não for atirar; 3. A arma NUNCA deverá ser apontada em direção que não ofereça segurança; 4. Trate a arma de fogo como se ela SEMPRE estivesse car- regada; 5. Antes de utilizar uma arma, obtenha informações sobre como manuseá-la com um instrutor credenciado; 6. Mantenha seu dedo estendido ao longo do corpo da arma até que você e esteja realmente apontando para o alvo e pronto para o disparo; 7. Ao sacar ou coldrear uma arma, faça-o SEMPRE com o dedo estendido ao longo da arma; 8. SEMPRE se certifique de que a arma esteja descarregada antes de qualquer limpeza; 9. NUNCA deixe uma arma de forma descuidada; 10. Guarde armas e munições separadamente e em locais fora do alcance de crianças; 11. NUNCA teste as travas de segurança da arma, acionando a tecla do gatilho; 12. As travas de segurança da arma são apenas dispositivos mecânicos e não substitutos do bom senso; 13. Certifique-se de que o alvo e a zona que o circunda sejam capazes de receber os impactos de disparos com a máxima segu- rança; 14. NUNCA atire em superfícies planas e duras ou em água, porque os projéteis podem ricochetear; 15. NUNCA pegue ou receba uma arma, com o cano apontado em sua direção; 16. SEMPRE que carregar ou descarregar uma arma, faça com o cano apontado para uma direção segura; 17. Caso a arma “negue fogo”, mantenha-a apontada para o alvo por alguns segundos. Em alguns casos, pode haver um retarda- mento de ignição do cartucho; 18. SEMPRE que entregar uma arma a alguém, entregue-a descarregada; 19. SEMPRE que pegar uma arma, verifique se ela está real- mente descarregada; 20. Verifique se a munição corresponde ao tamanho e ao ca- libre da arma; 21. Quando a arma estiver fora do coldre e empunhada, NUN- CA a aponte para qualquer parte de seu corpo ou de outras pessoas ao seu redor, só a aponte na direção do seu alvo; 22. Revólveres desprendem lateralmente gases e alguns resí- duos de chumbo na folga existente entre o cano e o tambor. Pistolas e Rifles ejetam estojos quentes lateralmente; quando estiver atiran- do, mantenha as mãos livres dessas zonas e as pessoas afastadas; 23. Tome cuidado com possíveis obstruções do cano da arma quando estiver atirando. Caso perceba algo de anormal com o recuo ou com o som da detonação, interrompa imediatamente os disparos, descarregue a arma e verifique cuidadosamente a existência de obs- truções no cano; um projétil ou qualquer outro objeto deve ser ime- diatamente removido, mesmo em se tratando de lama, terra, graxa, etc., a fim de evitar danos à arma e/ou ao atirador; 24. SEMPRE utilize óculos protetores e abafadores de ruídos quando estiver atirando; 25. NUNCA modifique as características originais da arma, e nos casos onde houver a necessidade o faça através armeiro profis- sional qualificado; 26. NUNCA porte sua arma quando estiver sob efeito de subs- tâncias que diminuam sua capacidade de percepção (álcool, drogas ilícitas, medicamentos); 27. NUNCA transporte ou coldreie sua arma com o cão ar- mado; 28. Munição velha ou recarregada NÃO é confiável, podendo ser perigosa. SÃO CONSIDERADAS ARMAS DE USO PERMITIDO, CONFORME LEGISLAÇÃO EM VIGOR:1. Armas de fogo curtas, de repetição ou semiautomáticas, cuja munição comum tenha, na saída de cano, energia de até trezen- tas libras-pé ou quatrocentos e sete joules e suas munições, como por exemplo os calibres: 22 LR, 25 AUTO, 32 AUTO, 32 S&W, 38 SPL e 380 auto. 2. Armas de fogo longas raiadas, de repetição ou semiauto- máticas, cuja munição comum tenha, na saída de cano energia de até mil libras-pé ou mil trezentos e cinquenta e cinco joules e suas mu- nições, como por exemplo os calibres: 22 LR, 32-22, 38-40 e 44-40; 3. Armas de fogo de alma lisa, de repetição ou semiautomáti- ca, calibre 12 ou inferior, com comprimento de cano igual ou maior do que 24 polegadas ou seiscentos e de milímetros e suas munições de uso permitido; 4. Armas de pressão por ação de gás comprimido ou por ação de mola, com calibre igual ou inferior a 6 milímetros e suas muni- ções de uso permitido; 5. Armas que tenham por finalidade dar partida em compe- tições desportivas, que utilizem cartuchos contendo exclusivamente pólvora. 7 SEGURANÇA DE DIGNITÁRIOS. Em segurança considera-se risco qualquer evento capaz de pro- duzir perdas ou danos, seja de ordem humana (a vida e a integridade física), ou de ordem patrimonial (englobam os bens tangíveis e in- tangíveis). Análise de riscos é o processo utilizado para detectar, quantifi- car, analisar e oferecer subsídios para priorizar o controle dos riscos que recaem sobre o patrimônio tangível ou intangível ou sobre de- terminada pessoa física ou jurídica. A análise de risco é uma das principais ferramentas que o gestor de segurança tem para auxiliá-lo no processo decisório a respeito de que tipo de processo será elaborado, quais serão as prioridades de ação, até que ponto compensa investir na prevenção e no controle de cada risco, que tipo de procedimento será necessário e viável, e etc. Os riscos podem ser provenientes de atos humanos, sejam eles criminosos ou não; oriundos de catástrofes naturais, que são os ris- cos incontroláveis; podem ser de ordem técnica, quando ocorrem determinados imprevistos, falhas técnicas ou mecânicas; ou causa- dos por mudanças politicas, ou ainda procedentes de acidentes. Didatismo e Conhecimento 18 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo Os riscos mais comuns são: furtos, roubos, sequestros, espio- nagem, chantagem, sabotagem, desmoralização, incêndios, desvios, entre outros. Os riscos e ameaças geram danos e perdas, que podem afetar a área humana, a área moral e a área material. Os danos e perdas humanas ocorrem quando há agressão ou lesão físicas, podem ser causadas por acidentes, brigas, confrontos, sequestros ou atentados. Os danos e perdas de ordem moral ocorrem quando bens intan- gíveis são afetados, são danos morais a pessoa física ou imagem da empresa. Gestão de Proteção à autoridades É o seguimento da segurança que estabelece as estratégias necessárias para impedir, neutralizar ou no mínimo reduzir riscos de ações hostis capazes de provocarem dano a integridade física, moral ou psicológica de uma pessoa ou grupo a ser protegido. Princípios básicos - clareza e coordenação, - economia de forças, - emprego de força necessária, - flexibilidade e iniciativa, - objetividade e oportunidade, - preservação e segurança - surpresa e unidade de comando Definições básicas A Proteção de Autoridades destina-se a formar agentes de segu- rança de dignitários, que podem ser autoridades civis ou militares. Dignitário: É aquele que exerce cargo elevado, de alta gradua- ção honorífica e que foi elevado a alguma dignidade. É o VIP (Very Important Person). Segurança: É uma série de medidas proporcionadas a uma au- toridade que garantam, no sentido mais amplo possível, a sua inte- gridade física. Vulnerabilidades frequentes: •Rotina •Improvisação •Desmotivação •Despreparo profissional •Falta de informações •Falta de interação da autoridade com o sistema de Segurança Atribuições do Serviço de Segurança: •Controle e emprego dos agentes •Planejamento e execução de instrução •Inspeções em locais e itinerários diversos •Coordenação com as Polícias Civil e Militar e outros Órgãos •Serviço de Guarda •Controle de bagagem •Controle de correspondência •Controle e verificação de alimentos •Controle de equipamentos •Códigos de comunicação •Levantamento de dados e acompanhamentos de empregados •Controle de investigações especiais •Arquivo de levantamentos Atributos do Agente de Segurança: •Resistência à fadiga •Lealdade •Honestidade •Discrição •Manejo de armas •Coragem •Dedicação •Inteligência •Decisão •Noções de defesa pessoal •Nível intelectual e cultural •Experiência policial •Idade entre 26 e 45 anos Classificação dos tipos de deslocamentos: a) Quanto a Missão: ROTINEIROS: deslocamentos efetuados da residência para o trabalho e vice-versa; ESPECIAIS: são aqueles realizados para atender às solenidades oficiais e as de cunho social (inaugurações, concertos, datas cívicas, jantares); INOPINADOS: são os deslocamentos não programados. b) Quanto ao Meio de Transporte: AÉREOS: quando é utilizado avião ou helicóptero; AQUÁTICOS: no caso de utilização de navios, lanches, barcos pequenos, etc. Pode ser marítimo, fluvial ou lacustre; TERRESTRES: realizado utilizando-se automóveis, ônibus e trens. c) Quanto ao sigilo: OSTENSIVOS: quando realizado com o conhecimento do pú- blico em geral, seja através da divulgação do deslocamento, seja pela fácil identificação pelos transeuntes da passagem da Autoridade; Didatismo e Conhecimento 19 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo SIGILOSOS: quando se procura furtar do conhecimento públi- co este deslocamento, agindo com discrição e se possível, utilizando transportes que não denunciem o citado deslocamento. d) Quanto ao horário: DIURNOS: realizado à luz do dia, com todas as implicações que um deslocamento nessas condições enfrenta (trânsito, pedestres, etc.). Para se diminuir o tempo de deslocamento, haverá necessidade de emprego de força policial (trânsito); NOTURNOS: as condições são opostas às acima descrita. Não há necessidade de envolvimento de grandes efetivos policiais na Se- gurança. e) Quanto à Extensão: CURTOS: deslocamentos realizados dentro do perímetro urba- no; LONGOS: grandes deslocamentos fora do perímetro urbano ou mesmo fora da cidade (zona rural ou outras cidades). f) Quanto à Flexibilidade: FLEXÍVEIS: quando há possibilidade de mudança no deslo- camento (itinerários alternativos) para outras opções de acesso e de retiradas dos locais a serem percorridos; NÃO FLEXÍVEIS: quando não há esta possibilidade (ex.: to- davia sem retorno). Quanto aos Meios Empregados SIMPLES: deslocamentos que não exigem grande emprego de meios (ex. deslocamentos inopinados e sigilosos); COMPLEXOS: há necessidade de grande emprego de meios. A utilização de pessoal e meios em apoio fica condicionado aos se- guintes fatores: •Importância da Autoridade; •A disponibilidade de pessoal e material; •A conjuntura atual. Quanto às Comunicações: Qualquer que seja o deslocamento há necessidade de uma rede de comunicações. O comando da operação será feito pelo Chefe da Segurança, se necessário, o comando poderá ser feito através da Central. Exame na Carta: O exame na carta é importante para as fases posteriores de reco- nhecimento no local e planejamento, por parte da Segurança. Deverá seguir os seguintes itens: •Seleção das estradas que poderão ser utilizados nos diversos itinerários; •Escolha das estradas que permitam os deslocamentos sem pro- blemas; •Identificar os pontos críticos. É preferível evitá-los, porém se não for possível, reforçar a segurança nestes locais. Reconhecimento: •O reconhecimento é feito por etapas de acordo com a progra- mação da Autoridade, levando-se em consideração o tipo de deslo- camento e os dados fornecidos peloexame na carta; •Não devemos desprezar nunca a possibilidade de um atentado, por menor que seja; •Os itinerários deverão ser reconhecidos no mesmo sentido em que a Autoridade se deslocar; •Caso haja necessidade de mudar o itinerário, por vontade da Autoridade ou decisão do Chefe da Segurança, é necessário que o esquema de Segurança (Segurança Velada, Policiamento Ostensivo e de Trânsito) tenha condições de se deslocar para o outro itinerário; •Verificar nos lugares de embarque e desembarque da Autorida- de, o tipo de entrada e saída do veículo (ortodoxo e não-ortodoxo; mão e contramão). Planejamento: •Após o reconhecimento, é feita uma reunião para planejar o esquema de Segurança a ser empregado; •O planejamento deve ser o mais detalhado possível, distribuin- do missões a todos os componentes do esquema de Segurança, de uma forma simples e com clareza; •Deverá haver bastante entrosamento em todos os setores en- volvidos no esquema de Segurança, de modo a haver continuidade no desenvolvimento dos trabalhos. Decisão: Baseado nos quatro itens anteriores (tipo de deslocamento, exa- me na carta, reconhecimento e planejamento), a decisão será então limitada à escolha do itinerário Principal e dos itinerários Alterna- tivos. Execução Montagem do Dispositivo: •De acordo com o planejamento feito, cada chefe de setor de- verá assumir a sua missão e distribuir o seu pessoal, que deverá ter pleno conhecimento de sua atuação; •Especial atenção para o pessoal empenhado nos pontos críticos e pontos dominantes. Infiltração na multidão, da Segurança Velada para sentir a reação do público em face de presença da Autoridade; •Manter sempre uma reserva em condições de reforçar os pon- tos necessários; •Verificar durante a montagem do dispositivo, o pleno conheci- mento da missão do pessoal em apoio: hospital, bombeiros, tropas de choque, helicóptero, etc. Reconhecimento final: No dia do evento, após a montagem do dispositivo, com tempo suficiente antes da passagem da Autoridade, as equipes Precursora e Vistoria realizam uma última inspeção no dispositivo. Etapas equi- pes deverão manter contato permanente com o Chefe da Segurança para a eventualidade de uma mudança de itinerário (se necessário) Tipificação das Ações Agressoras Atentados: Tudo pode ser motivo para um atentado: a necessidade de mo- dificar a situação político-social através do uso do terrorismo e vio- lência; o fato de que a eliminação física de uma autoridade pode propiciar mudanças no regime político e instauração de uma nova ordem; a motivação de que a vítima é responsável por eventual cri- se econômica ou pelas dificuldades financeiras enfrentadas pelos agressores; a busca vantagem financeira; o desequilíbrio mental dos seus autores ou ainda motivações de antagonismo, o ódio, a vingan- ça, o ciúme etc. Didatismo e Conhecimento 20 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo Um “Planejamento de Segurança de Dignitários” é especial- mente pensado e existe para fazer frente a um conjunto de amea- ças previsíveis pela segurança. É dimensionado em função direta das pessoas e grupos antagônicos, bem como dos recursos (talentos técnicos, militantes e simpatizantes, meios bélicos, disponibilidade financeira etc) dos quais tais eventuais agressores podem lançar mão no intento de desmoralizar, sequestrar, ferir ou matar aquela auto- ridade que é objeto da proteção. No geral, uma segurança pessoal será condicionada pela necessidade de sobrepujar seus opositores potencialmente mais poderosos; e se qualificando obstinadamente para fazer frente ao mais perigoso, a tendência (embora não a regra) é que consiga prevenir, dissuadir e atuar com sucesso, em face de ocorrências adversas de menor gravidade, risco e sofisticação. Fatores a serem considerados para o planejamento e execução de um trabalho de segurança de dignitários: •Grau de risco; •Importância da autoridade; •Conjuntura atual; •Comportamento da autoridade; •Disponibilidade de recursos materiais e humanos. Vantagens para o executante do atentado: •Conhecimento do local da ação; •Disponibilidade de tempo para o planejamento; •Possibilidade de ocultação entre o público, convidados ou im- prensa; •Despreparo do elemento de segurança; •Rotina conhecida e vazamento de informações das atividades da autoridade; •Meios de comunicações deficientes; •Falta de cooperação da autoridade. Fontes de hostilização: •Organizações de informações adversas; •Organizações terroristas; •Outros: Missões Diplomáticas hostis, Imprensa, Pessoas, etc. Propósito dos atentados: DESMORALIZAÇÃO, causado através do escândalo, normal- mente com ampla divulgação pela imprensa; SEQUESTRO, com a finalidade de auferir vantagem política ou lucro financeiro; EXTERMÍNIO da vítima, como propósito extremo, quando atingido o objetivo ou com a finalidade de encobrir a identidade e fuga do elemento adverso. CAUSAR TERROR ou pânico entre a população. Desafetos Um ex-correligionário ou ex-amigo pode tentar aproximar-se do segurado a fim de agredi-lo verbal ou fisicamente, valendo das mãos nuas, de armas brancas, armas de fogo ou qualquer recurso que a sua qualificação pessoal ou profissional permita empenhar contra nosso protegido. Em tal situação, que uma equipe de segu- rança bem estruturada poderá enfrentar com sucesso, a segurança deverá ter conhecimento prévio da existência do referido desafeto, identificar-lhe as feições, e salvo em casos especialíssimos (como se por exemplo o antagonista for um exímio atirador ou um especialis- ta em explosivos), apenas lhe caberá impedir que o referido cidadão possa te acesso ao dignitário. Criminosos Comuns Embora se possa estranhar a inclusão desse grupo adverso, vale lembrar que diversas autoridades, notadamente em horários de folga ou em seus deslocamentos, já foram alvo de roubos ou fur- tos e que tais ocorrências - que bem poderiam ser dissuadidas pela efetiva presença ostensiva dos agentes de segurança - acabam por desmoralizar, tanto a autoridade, quanto aqueles que se dedicavam a protegê-la. Matadores Profissionais, “Pistoleiros” Ou “Assassinos De Aluguel” Profissionais do extermínio, normalmente agem de forma sele- tiva, focando apenas seus alvos especificamente. Estudam pormeno- rizadamente seus alvos, anotam seus hábitos e rotinas, a segurança que os cerca, planejam suas ações de forma poderem efetuar o aten- tado com êxito sem se exporem à possibilidade de captura. Variando em direta relação com a importância de seus alvos (e também da segurança que os protege) podem empregar meios tecnologicamente caros e sofisticados como armas longas com lunetas, miras infraver- melhas, lançadores de foguetes, venenos, substâncias radioativas, artefatos explosivos disfarçados etc. Crime Organizado Tratam-se de organizações criminosas e como tal dispõe de re- cursos financeiros de grande monta, permitindo custear atentados que podem ser elaborados e dispendiosos. Os “modus-operandi” variam desde as ações perpetradas por numerosos grupos armados (no estilo “Bonde”, como são chamados os comboios do tráfico carioca), às ações com atiradores de longo alcance da Máfia e as bombas dos cartéis colombianos. Vale lembrar a ação contra o Juiz Giovanne Falcone na Sicília, Itália em 1992, quando a Máfia identi- ficou diversas rotas empregadas nos deslocamentos do magistrado, minou (com cerca de uma tonelada de explosivos) uma extensão de 50m de estrada, e detonou a carga com extrema precisão cronomé- trica, no momento que o comboio da autoridade passava pelo local a 100Km/h. Loucos ou Psicopatas Embora as ações desses grupos variem desde a simples agres- são física de mãos nuas às facadas e tiros à queima roupa, o principal risco repousa na absoluta imprevisibilidade de suas ações. Não se pode estimar quem poderá atentar, onde agirá, quando e por quais meios, gerando uma indefinição extremamenteperigosa para a segu- rança. Embora alguns desequilibrados mentais possam ser facilmen- te identificáveis (e por conseguinte previsíveis, como o inofensivo “Beijoqueiro”, que se notabilizou por beijar personalidades como o cantor Frank Sinatra, o Papa João Paulo II e inúmeras outras cele- bridades) outros, dos quais ninguém desconfiaria, “a priori”, já pro- varam ser capazes de disparar contra presidentes ou celebridades. Partidos, Agremiações Ou Grupos Políticos De Oposição Na América Latina vem sendo extremamente comum o recurso do assassinato político de juízes, prefeitos, vereadores, deputados e até senadores. Para prevenir tais ações é extremamente importan- te avaliar as implicações da vida política do segurado, buscando a Didatismo e Conhecimento 21 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo identificação e conhecimento da personalidade de seus adversários, bem como de seu histórico de conduta e amizades. Por mais que tal prática venha a encontrar opositores no âmbito da nossa romântica sociedade civil, se deve investigar a ação de pessoas ou grupos de tendência política contrária, que possam intentar contra a autoridade protegida. As informações oriundas dos levantamentos de inteligência são o alicerce do pla- nejamento de uma segurança de dignitários. É extremamente difícil proteger contra complôs, os quais normalmente contam com a colaboração de pessoas próximas ao protegido. Organizações Terroristas No âmbito dos grupos realizadores de atentados, as organizações terroristas são adversários prioritários das equipes encarregadas da pro- teção de altas autoridades. Normalmente tais organizações são objeto da vigilância constante dos órgãos de inteligência nacionais, os quais procuram munir os setores de segurança dos respectivos dignitários, de todos os indícios e informações disponíveis sobre possíveis ações adver- sas. Dispondo de recursos técnicos e de integrantes treinados e extremamente motivados as organizações terroristas são uma ameaça que vem requerer da segurança planejamentos elaborados e esquemas dispendiosíssimos para proporcionar mínimas garantias aos segurados. Quadro comparativo de motivações, atentados e contramedidas. Observando-se o quadro abaixo, observa-se a eficiência da segurança aproximada como contramedida da maioria dos tipos de atentado. Segurança Avançada, Velada e Aproximada Segurança Avançada: Um agente de segurança pode realizar a coleta de informações nos locais que serão visitados pelo VIP, sendo deno- minado nesta função de “Avançado ou Precursor”. O agente percorre o trajeto e inspeciona o local, elaborando relatório dos possíveis riscos, se apresentando aos funcionários e/ou outros agentes do local e colhe informações dos protocolos existentes. As informações proporcionam dados relevantes ao planejamento da segurança, tais como, mapas, rotas alternativas, nomes de pessoas relevantes à segurança, números de telefone, esboços e entradas, saídas, pontos críticos e estratégicos. Segurança Velada: É o grupo de agentes que se infiltram no público, são distribuídos nos locais dos eventos, ou nos itinerários do VIP, procurando detectar, informar e neutralizar possíveis ameaças. Segurança Aproximada: Agentes que executam a proteção imediata, ficando posicionados próximos e constantemente ao redor do VIP, cabendo resguardá-lo, reagir a ameaças e retirá-lo em caso de emergência. Deslocamento móvel e a pé ESCOLTA MOTORIZADA Um ponto fundamental em uma equipe de segurança é quando a Autoridade/VIP se desloca em veículos. Existem procedimentos para diminuir a possibilidade de ocorrências, ou o emprego de técnicas/táticas para enfrentar as ameaças. O veículos do VIP e da equipe de escolta devem ser potentes, fáceis de manejar e acima de tudo confiáveis. O veículo deve: •Estar em perfeitas condições de uso; •Ter todos os equipamentos de segurança da viatura obrigatórios checados; Didatismo e Conhecimento 22 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo •A viatura da Autoridade/VIP deve ser preferencialmente blin- dada; •Utilizar carros com quatro portas, preferencialmente com me- nos de dois anos de uso, boa potência e em cores discretas; •Possuir dois estepes na viatura dos seguranças; • Equipamentos de comunicação; • Manter as portas trancadas e os vidros fechados. Vistoria dos Veículos: a) Parte Externa: •Pneus e rodas; •Piscas e lanternas; •Espelhos; •Abertura de Portas e Janelas; •Procurar plásticos, fios, fitas, adesivos, principalmente na parte inferior do veículo. b) Parte Interna: •Verificar o compartimento do Motor e o Porta-Malas; •Verificar a bateria do veículo; •Verificar o painel, estepe, rádios, limpadores, tapetes, nível do óleo do motor, freios, etc.; •Procurar qualquer material estranho deixado no veículo com atenção especial embaixo dos bancos do veículo e no porta-luvas; ATRIBUIÇÕES - Motoristas: •Respeitar as regras e normas do trânsito, exceto em situações de emergência que necessitem evadir-se do local; •Detectar as ameaças e informar qualquer suspeita a equipe de segurança; •Conhecer os princípios de direção defensiva, evasiva e ofen- siva; •Permanecer atento para evitar ser engavetado ou bloqueado nos deslocamentos ou áreas de estacionamento; •Estudar o itinerário, conhecendo os possíveis pontos de apoio, rotas alternativas e de fuga; •Ter condições de operar os meios de comunicação em situa- ções de emergência; •Trabalhar em conjunto com a equipe de escolta evitando que os veículos se distanciem ou se percam um do outro; •Auxiliar na vistoria e verificar as condições gerais do veículo. •Manter o veículo sempre abastecido, sem esquecer da im- portância de abastecer o veículo em locais seguros e de confiança, para evitar sabotagens por meio de combustível adulterado (for- çando o veículo a parar). - Equipe de Escolta: •Observa e troca informações com os motoristas e os agentes de segurança; •Estuda o itinerário, conhecendo os possíveis pontos de apoio, rotas alternativas e de fuga; •Faz a cobertura do VIP no embarque/desembarque do veí- culo; •Efetuar vistoria e verifica as condições gerais do veículo. Blindagens: As blindagens foram desenvolvidas como recurso de proteção contra projéteis disparados contra o veículo. A superfície externa do veículo é classificada em região opaca, onde a proteção é cons- truída com chapas de aço e mantas de aramida, e região transpa- rente onde o vidro é construído com camadas intercaladas de vidro e policarbonato, mantendo o grau necessário de transparência para assegurar as condições de dirigibilidade e conforto ao dirigir. Os pneus também devem ser blindados. Aprimoramentos e Conhecimentos do Veículo: •Calibragem dos pneus – a maioria dos fabricantes recomenda 26 ou 28 libras, entretanto, para que os pneus não estourem com uma manobra brusca (um cavalo-de-pau, por exemplo), o ideal é colocar 40 libras; •Aprenda a abrir por dentro o porta malas do veículo; •Tenha no porta malas do veículo: lanterna (verifique regu- larmente as pilhas), canivete com lâmina serrilhada, duas latas de “Tire Repair”, evitando a troca de pneus em locais isolados e tele- fone celular desligado (verifique regularmente a bateria); •Conheça o centro de gravidade do veículo – Hatchbacks em geral (Gol, Palio, Fiesta, Corsa, etc) possuem o CG deslocado mais a frente, devido ao peso do motor, isso faz que eles tendam a jogar a traseira em curvas fechadas ou frenagens bruscas. •Películas (Insufilme) – Aspectos positivos: A maior parte das abordagens ocorre nos deslocamentos e paradas do veículo, a pe- lícula dificulta a análise do risco para o marginal, ao impedir a visualização de seu interior. Aspectos negativos: O nível de escu- recimento permitido pelo Detran não impede que o marginal faça um reconhecimento do interior do veículo. Utilizar níveis acima do permitido prejudica a visibilidade à noite e sob chuva. Uma outra desvantagem é que, caso a vítima esteja sendo mantida como refém dentro de seu próprio veículo,a película pode dificultar a intervenção de policiais, já que não podem perceber a ocorrência. Tipos de Escolta Motorizada As situações de risco ocorrem com maior frequência durante o deslocamento do VIP. O número de carros envolvidos depende da disponibilidade de veículos, de pessoal, do grau de risco envolvido e do nível do VIP. Dois carros, da equipe de escolta e do VIP, é o mínimo recomendado. 1 – Um veículo - VIP + Motorista segurança: Como destacado anteriormente é a pior situação possível Didatismo e Conhecimento 23 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo 2 – Dois veículos É o esquema utilizado quando há pequeno grau de risco. O carro da segurança deve ficar a retaguarda. 3 – Três Veículos Quando há razoável grau de risco são utilizados dois veículos de uso exclusivo da segurança. 4 – Comboios Comboios são utilizados para VIP´s ou Dignitários de Alto grau de risco. É comum nos comboios, uma equipe avançada reconhecer o itinerário para detectar possíveis riscos, facilitar o fluxo do comboio, controlar a aproximação de outros veículos ou escolher caminhos alter- nativos. É importante coordenar os trabalhos com as outras equipes que estarão atuando, a fim de evitar desencontros de informações, decisões conflitantes, quebra de hierarquia/protocolo, ou situações de incidentes internacionais. Comboio Padrão para Chefe de Estado ou Governo ou Alto Grau de Risco Didatismo e Conhecimento 24 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo DESLOCAMENTOS Batidas/Colisões São táticas utilizadas para parar a equipe de segurança ou o VIP. Os marginais batem na traseira do veículo, ou colidem com sua lateral fazendo com que o carro perca o controle. É importante estar atento a aproximação de outros veículos e percebendo uma armadilha, não parar no local. Saídas/Mudança de Faixa em tráfego Congestionado O veículo da Equipe de Escolta (E), dá seta e posiciona-se para facilitar a saída do carro do VIP (V). É necessário agir com discrição, evi- tando causar situação de conflito com outros motoristas que podem causar atrasos para a segurança ou constrangimento para o VIP. Conversões O veículo da Equipe de Escolta (E), se posiciona para evitar que outros carros ultrapassem o carro do VIP (V). Medidas Preventivas nos Deslocamentos •Dê preferência às vias policiadas e movimentadas; •Conheça os locais de apoio no trajeto, como hospitais, postos policiais, etc; •Evite veículos personalizados ou de fácil identificação, como veículos com o logotipo da empresa, isso facilita o trabalho dos marginais em reconhecer a vítima ou neutralizar a equipe de escolta; •Varie horários e itinerários; •Demonstre condição de reação, mostrando atenção, distância de segurança dos outros carros, possibilitando manobras para evasão, esco- lha a faixa de tráfego; •Mantenha os vidros fechados e as portas travadas; •O motorista do carro do VIP deve trabalhar em sintonia com o carro da escolta, evitando acelerar o carro quando perceber que o farol ficará vermelho, pois pode se distanciar ou perder-se da equipe de escolta; •Evite parar o veículo, siga as orientações de posicionamento inteligente descritas logo abaixo. Didatismo e Conhecimento 25 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo Posicionamento Inteligente Cruzamentos são especialmente perigosos. Os marginais apro- veitam a parada do veículo para abordar a vítima. Procure verificar a cor do semáforo, estando fechado diminua a velocidade do veículo, mantendo o carro em movimento o maior tempo possível (dificulta a abordagem dos marginais), estando aberto aumente a velocidade procurando evitar ficar parado no cruzamento. A Equipe de Escol- ta trabalha em conjunto com o Motorista do VIP para diminuir os riscos de incidentes. É necessário pensar sempre à frente da nossa posição atual. Verificando que o semáforo irá fechar, diminui-se a velocidade do veículo para ficar o menor tempo possível parado, ao parar, procura-se evitar as primeiras filas e a faixa da esquerda. Posiciona-se o carro de modo a ter condição de manobra e fuga se necessário. ESCOLTA A PÉ Formações de Escolta e Atribuições ATRIBUIÇÕES Equipe de Escolta Todos os membros da equipe: a) Procuram detectar as ameaças b) Informam quando a ameaça é detectada aos outros elementos da equipe c) Protegem o VIP d) Protegem os outros membros da equipe e) Mantêm coesa a formação evitando distrações f) Não se ausentam da formação sem avisar g) Não abandonam suas posições h)Selecionam pessoas que possam se aproximar do VIP, me- diante prévia autorização do Líder, evitando causar constrangimen- tos i) Mantêm estrito relacionamento profissional com o VIP e seus familiares j) Mantêm o sigilo de informações k) Não aceitam e nem oferecem favores l) Não bebem no horário de serviço m) Procuram ser discretos n) Respeitam a Privacidade do VIP e de seus familiares o) Seguem as orientações dos superiores e determinações do VIP, desde que não ofereça risco a sua integridade física ou das pes- soas sob sua proteção. p) Utilizam formações flexíveis q) Adaptam-se a imprevistos Formações Táticas - Proteção Ostensiva: é representada por agentes de proteção com armas a vista, podendo estar uniformizados. Ex: Agentes de Proteção em Israel, policiais militares ou Militares em áreas de con- flito; - Proteção Aproximada: Os agentes estão com as armas ocultas e próximas ao VIP, é o tipo mais comum de formação; - Proteção Velada: Os agentes estão em trajes civis, dissimula- dos no ambiente, sendo difícil sua identificação. Integrantes - Líder ou Mosca: É o agente de segurança que coordena a equipe de escolta, responsável direto por proteger/retirar o VIP em situações de risco. - Alas: são os agentes que ajudam o trabalho do Líder, subdividindo-se em: Ala Lateral: Posicionado na Lateral da equipe, auxilia na retirada do VIP, combate ao(s) agressor(es); Ala Avan- çado (ou Ponta): Posiciona-se a frente no deslocamento, primeira linha de defesa, deve negociar com elementos suspeitos que se apro- ximem do VIP e/ou combater/imobilizaro(s) agressor(es); Ala Pos- terior (ou Rabo): Posiciona-se atrás no deslocamento, alertando/ evitando ataques a retaguarda. Grupos Em situações de risco elevado, normalmente envolvendo Auto- ridades/Dignitários, as equipes de segurança são divididas em dois grandes grupos: Grupo de Preparação, que envolve a equipe pre- cursora e a equipe de vistoria e o Grupo de Execução, que envolve os agentes que fazem a segurança aproximada, fixa, móvel, velada, avançada e ostensiva. Tipos de Formações 1 – VIP + Motorista segurança: No Brasil, muitas pessoas con- tratam um motorista que tem funções de agente de segurança ou vice-versa. É um erro muito grave que dificulta a correta proteção, tanto do agente quanto do VIP. 2 – VIP + Dois Agentes: É o mínimo necessário para a proteção do VIP. O líder permanece atrás na formação. Didatismo e Conhecimento 26 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo 3 – VIP + Três Agentes: Com três agentes é possível conferir maior proteção ao VIP, podemos subdividir em: 3 – VIP + Quatro Agentes SEGURANÇA NAS INSTALAÇÕES Tipos de Imóveis: Hotel: Vantagens: A administração facilita os serviços de limpeza, arrumação, lavagem de roupas, alimentação, etc. Pode-se ocupar o último andar para facilitar o controle de acesso de pessoas. Desvantagens: O acesso no Hotel é livre a todos, não se tendo o controle efetivo dos que entram e saem. A existência de escadas de incêndios facilita ao acesso de pessoas. Didatismo e Conhecimento 27 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo Apartamentos: Vantagens: - O acesso ao imóvel geralmente é isolado; - Os elementos que circulam no prédio geralmente são conhe- cidos (vizinhos); - As entradas e saídas são em menor número, facilitam ao con- trole do acesso de pessoas. Também poderá ser considerado como desvantagem (Vigilância do elemento adverso). Desvantagens: - O acesso é coletivo, no caso de sera mesma entrada para salas comerciais; - A existência de escadas de incêndio facilita ao acesso de pes- soas. Casas Geminadas: Desvantagens: - As entradas sendo juntas dificultam a adoção de medidas de segurança, principalmente o controle do acesso de pessoas; - Os telhados normalmente dão acesso de uma para outra casa; - Podem-se ouvir conversas através das paredes; - A casa vizinha pode ser utilizada como apoio para uma hos- tilização. Casas soladas Vantagens: - É a situação ideal, facilita a Segurança. - Permite em melhores condições, as diversas medidas de prote- ção (sistema da alarmes, comunicações, gerador reserva, etc.). - Facilita o controle do acesso de pessoas e veículos. Desvantagens: A existência de pontos dominante nas proximi- dades dificulta a Segurança. Segurança no local de Trabalho O local de trabalho poderá estar localizado em imóveis confor- me as situações acima apresentadas e em consequência apresentará as mesmas vantagens e desvantagens correspondentes. Seleção de Residências Caso seja possível selecionar uma residência, antes da ocupa- ção, devemos nos preocupar com os seguintes itens: •Privacidade; •Cercas e muros (com altura suficiente para proteção); •Sem obstáculos entre a casa e o muro; •Vários acessos ao local da residência; •Distante de pontos dominantes. Segurança da Residência Os itens abaixo correspondem a uma série de medidas de segu- rança que deveremos utilizar na residência. •Proteção para todas as aberturas; •Inspeções frequentes nas dependências; •Dependências vazias (trancadas e verificadas regulamente); •Escolha de empregados; •Visitas identificadas; •Utilização de alarmes; •Emprego de cães. Cuidados com a Correspondência No caso de recebimento de cartas ou pacotes suspeitos, verificar os itens abaixo: •Remetente procedência; •Selos, lacres e carimbos; •Peso e espessura; •Cheiro em manchas; •Rigidez da embalagem; •Envelope duplo. Cuidado com o Automóvel A situação ideal é a de que carro permaneça (quando não uti- lizado) trancado numa garagem também fechada. Quando isto não ocorrer, antes de abrir o automóvel devemos examinar: •O chão em torno do carro; •Os lados do carro; •Embaixo do carro (reflexo); •O seu interior. Planejamento De Itinerários Dentre as diversas situações vulneráveis em que se pode en- contrar uma Autoridade, uma das mais críticas é durante um deslo- camento a pé ou transportado, quaisquer que sejam as precauções tomadas. Por esta razão, o planejamento e a escolha de itinerários a serem percorridos por uma Autoridade, merecem especial atenção por par- te da Segurança com o objetivo de evitar, dificultar ou minimizar os efeitos de uma agressão. ESCOLHA DE ITINERÁRIOS: é a decisão decorrente de um reconhecimento e planejamento sobre o deslocamento a pé ou trans- portado, a ser percorrido por uma Autoridade. Aspecto a serem observados na escolha de itinerários •Classificação dos tipos de deslocamentos; •Exame na carta; •Reconhecimento; •Planejamento; •Decisão; •Execução. EXPOSIÇÃO EM PÚBLICO A exposição em público é todo o comparecimento, de uma autoridade, a um lugar no qual se encontram presentes pessoas es- tranhas ao seu convívio diário, a fim de cumprir um compromisso oficial ou particular. Fatores Considerados nos Planejamentos Quanto ao público: • Controlado: é aquele que foi selecionado previamente para a participação no evento. • Não controlado: é aquele que não é selecionado ou previa- mente controlado. Didatismo e Conhecimento 28 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo Quanto ao tipo do evento: •Comícios e carreatas •Inaugurações, aberturas e encerramentos de eventos •Palestras e reuniões •Apresentações sociais •Grandes cerimônias Quanto à formalidade: •Formal ou oficiais •Informais ou particulares Quanto ao tempo de preparação: - Eventos previstos: São aqueles programados na agenda da au- toridade com antecedência; - Eventos inopinados: São aqueles cumpridos sem o conheci- mento prévio da segurança e, por conseguinte, sem a devida pre- paração; Quanto ao local: •Recinto fechado •Recinto aberto Quanto ao sigilo: •Ostensiva •Reservada Locais de aparição em público Os locais de aparição em público devem atender as seguintes características: •Amplitude •Acessos •População •Terreno favorável •Meios de comunicação Características dos itinerários Quanto ao meio físico: •Terrestre •Aéreo •Aquático Quanto à proteção: •Cobertos e abrigados •Descobertos e desabrigados Quanto à luminosidade: •Diurno •Noturno Quanto à extensão: •Curtos •Longos Quanto ao sigilo: •Ostensivos •Reservados Quanto à missão: •De rotina •Eventuais •Inopinados Quanto à flexibilidade: •Flexíveis •Inflexíveis Seleção do Itinerário: •Planejamento inicial •Reconhecimento •Escolha Medidas de segurança nos itinerários: •Rotineiras •Especiais •Inopinadas 8 CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO. TÍTULO II DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO CAPÍTULO I DO FURTO FURTO Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa. - subtrair: abrange tanto a hipótese em que o bem é tirado da vítima quanto aquela em que ele é entregue espontaneamente, e o agente, sem permissão, retira-o da esfera de vigilância daquele. - a subtração de cadáver humano ou de parte dele pode tipificar o “furto”, desde que o corpo pertença a alguém e tenha destinação específica (ex.: subtração de cadáver pertencente a uma faculdade de medicina ou a um laboratório que esteja sendo utilizado em estudos ou pesquisas); fora dessas hipóteses, o crime será o de “subtração de cadáver ou parte dele”, previsto no artigo 211. - a consumação do “furto” se dá quando a coisa é retirada da esfera de disponibilidade do ofendido e fica em poder tranquilo, mesmo que passageiro do agente. - o agente tenta furtar uma carteira e enfia a mão no bolso er- rado, no caso da vítima não tiver portando ela é crime impossível. - o “furto de uso” não é crime, é ilícito civil, mas o agente deve devolver a coisa no mesmo local e estado em que se encontrava por livre e espontânea vontade, sem ser forçado por terceiro. - o “furto famélico” afasta a ilicitude por estado de necessidade, mas a conduta deve ser inevitável. - o “furto de bagatela” (“princípio da insignificância”): o va- lor da coisa é inexpressivo, juridicamente irrelevante (ex.: furtar uma agulha); ocasiona a exclusão da tipicidade. - um ladrão furta outro ladrão, o primeiro proprietário sofrerá dois furtos, pois a lei penal não protege a posse do ladrão. Didatismo e Conhecimento 29 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo - no caso da “trombada”, se ela só serviu para desviar a atenção da vítima (“furto qualificado” pelo arrebatamento ou destreza), se houve agressão ou vias de fato contra a vítima (“roubo”). - furto / roubo: o 1° é crime simples, tem apenas um objeto material, que é a coisa, enquanto o 2° é crime complexo, tem 2 ob- jetos materiais, a coisa e a pessoa. - furto qualificado (destruição ou rompimento de obstáculo) / roubo: no 1° a violência é praticada contra coisa (obstáculo), en- quanto no 2° ela é praticada contra pessoa. - furto qualificado (fraude) / estelionato: no 1° a fraude é em- pregada para iludir a atenção ou vigilância do ofendido, que nem percebeu que a coisa lhe está sendo subtraída; enquanto que no 2°, a fraude antecede o apossamento da coisa e é a causa de sua entrega ao agente pela vítima. - furto / estelionato: no 1° o agente subtrai a coisa da vítima, enquanto que no 2° ela entrega a coisa mediante fraude. - furto / apropriação indébita: no 1° o agente subtrai a coisa da vítima, enquanto que no 2° ele tem a posse da coisa e depois se apropria dela. - a pessoa que devolve intencionalmente troco errado paraou- tra, prática o crime de “furto”. Causas de aumento de pena (furto noturno) § 1º - A pena aumenta-se de 1/3, se o crime é praticado duran- te o repouso noturno. - noite: ausência de luz solar; repouso noturno: período em que as pessoas de uma certa localidade descansam, dormem, de- vendo a análise ser feita de acordo com as características da região (rural, urbana etc.); somente se aplica ao “furto simples”; prevalece o entendimento de que o aumento só é cabível quando a subtração ocorre em casa ou em alguns de seus compartimentos (não tem apli- cação se ele é praticado na rua, em estabelecimentos comerciais etc.) e em local habitado (excluem-se as casas desabitadas, abandonadas, residência de veraneio na ausência dos donos, casas que estejam va- zias em face de viagem dos moradores etc.). Causas de diminuição de pena (furto privilegiado) § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de 1/3 a 2/3, ou aplicar somente a pena de multa. - autor primário (aquele que não é reincidente; a condenação anterior por contravenção penal não retira a primariedade) e coisa de pequeno valor (aquela que não excede a um salário mínimo): presente os 2, o juiz deve considerar o privilégio, se 1 ele pode con- siderar; há sérias divergências acerca da possibilidade de aplicação do privilégio ao “furto qualificado”, sendo a opinião majoritária no sentido de que ela não é possível porque a gravidade desse delito é incompatível com as consequências muito brandas do privilégio, mas existe entendimento de que deve ser aplicada conjuntamente, já que a lei não veda tal hipótese. § 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qual- quer outra que tenha valor econômico (energia térmica, mecâni- ca, nuclear, genética - ex.: subtração de sêmen). Formas qualificadas (furto qualificado) § 4º - A pena é de reclusão de 2 a 8 anos, e multa, se o crime é cometido: I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; - destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa: a violência deve ser contra o obstáculo e não contra a coisa; a simples remoção do obstáculo e o fato de desligar um alarme não qualificam o crime. II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; - abuso de confiança: que a vítima, por algum motivo, deposi- te uma especial confiança no agente (amizade, parentesco, relações profissionais etc.) e que o agente se aproveite de alguma facilidade decorrente dessa confiança para executar a subtração - ex.: furto pra- ticado por empregada que trabalha muito tempo na casa; se o agente pratica o furto de uma maneira que qualquer outra pessoa poderia tê-lo cometido, não haverá a qualificadora. - fraude: é o artifício, o meio enganoso usado pelo agente, capaz de reduzir a vigilância da vítima e permitir a subtração do bem - ex.: o uso de disfarce ou de falsificações; a jurisprudência vem entendendo existir o “furto qualificado” mediante fraude na hipótese em que alguém, fingindo-se interessado na aquisição de um veículo, pede para experimentá-lo e desaparece com ele. - escalada: é a utilização de via anormal para adentrar no local onde o furto será praticado; a jurisprudência vem exigindo para a concretização dessa qualificadora o uso de instrumentos, como cordas, escadas ou, ao menos, que o agente tenha necessidade de realizar um grande esforço para adentrar no local (transpor um muro alto, janela elevada, telhado etc.); a escavação de túnel é utilização de via anormal; quem consegue ingressar no local do crime pulando um muro baixo ou uma janela térrea não incide na forma qualificada. - destreza: é a habilidade física ou manual que permite ao agente executar uma subtração sem que a vítima perceba que está sendo despojada de seus bens; tem aplicação quando a vítima traz seus pertences junto a si, pois apenas nesse caso é que a destreza tem relevância (no bolso do paletó, em uma bolsa, um anel, um colar etc.); se a vítima percebe a conduta do sujeito, não há a qualificadora, haverá “tentativa de furto simples”; se a conduta do agente é vista por terceiro, que impede a subtração sem que a vítima perceba o ato, há “tentativa de furto qualificado” pela destreza; se a subtração é feita em pessoa que esta dormindo ou embriagada, existe apenas “furto simples”, pois não é necessário habilidade para tal subtração. III - com emprego de chave falsa; - chave falsa: é a imitação da verdadeira, obtida sem autorização; qualquer instrumento, com ou sem forma de chave, capaz de abrir uma fechadura sem arrombá-la (ex.: grampos, «mixas”, chaves de fenda, tesouras etc.); não se aplica essa qualificadora na chamada “ligação direta”. IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. - concurso de duas ou mais pessoas: basta saber que o agente não agiu sozinho; prevalece na jurisprudência o entendimento de que qualificadora atinge todas as pessoas envolvidas na infração pe- nal, ainda que não tenham praticado atos executórios e mesmo que uma só tenha estado no “locus delicti”; não pode haver concurso do crime de “quadrilha ou bando” (artigo 288) com o “furto qualifi- cado”, só como o “furto simples”. - se forem reconhecidas duas ou mais qualificadoras, uma delas servirá para qualificar o “furto” e as demais serão aplicadas como “circunstâncias judiciais”, já que o artigo 59 estabelece que, na fixação da pena-base, o juiz levará em conta as circunstâncias do crime, e todas as qualificadoras do § 4° referem-se aos meios de execução (circunstâncias) do delito. Didatismo e Conhecimento 30 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo § 5º - A pena é de reclusão de 3 a 8 anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. - somente terá aplicação quando, por ocasião do “furto”, já ha- via intenção de ser efetuado tal transporte, sendo assim, uma pessoa que não teve qualquer participação anterior no “furto” é contratada posteriormente para efetivar o transporte responde pelo crime de “receptação”, e não pelo “furto qualificado”, que somente existi- rá para os verdadeiros responsáveis pela subtração; se o serviço de transporte já havia sido contratado antes da subtração, haverá “furto qualificado” também para o transportador, pois este, ao aceitar o encargo, teria estimulado a prática do “furto” e, assim, concorrido para o delito; o agente quer levar o veículo, mas não consegue, não incide a qualificadora; a tentativa somente é possível se o agente, estando próximo da divisa, apodera-se de um veículo e é perseguido de imediato até que transponha o marco divisório entre os Estados, mas acaba sendo preso sem que tenha conseguido a posse tranquila do bem. - o reconhecimento desta afasta a aplicação das qualificadoras do § 4°, já que o delito é um só, e as penas previstas em abstrato são diferentes; mas por elas se referirem ao meio de execução do delito, poderão ser apreciadas como “circunstâncias judiciais” na fixação da pena-base (art. 59). FURTO DE COISA COMUM Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio (cri- me próprio), para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, ou multa. Ação penal § 1º - Somente se procede mediante representação. Excludente de ilicitude § 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível (é aquela que pode ser substituída por outra da mesma espécie, quan- tidade e qualidade), cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente. CAPÍTULO II DO ROUBO E DA EXTORSÃO ROUBO Roubo simples próprio: a “violência”, a “grave ameaça” ou qualquer outro meio que reduza a vítima à incapacidade de resistên- cia, são empregados antes ou durante a subtração. Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para ou- trem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:Pena - reclusão, de 4 a 10 anos, e multa. - violência a pessoa: ex.: socos, pontapés, facada, disparo de arma de fogo, paulada, amarrar a vítima, violentos empurrões ou trombadas (se forem leves, desferidos apenas para desviar a aten- ção da vítima, de acordo com a jurisprudência, não caracteriza o “roubo”). - grave ameaça: é a promessa de uma mal grave e iminente (de morte, de lesões corporais, de praticar atos sexuais contra a ví- tima de roubo etc.); a simulação de arma e a utilização de arma de brinquedo constituem “grave ameaça”; tem se entendido, que o fato do agente abordar a vítima de surpresa gritando que se trata de um assalto e exigindo a entrega dos bens, trata-se de “roubo” (vítima se sente atemorizada). - qualquer outro meio que reduza a vítima à incapacidade de resistência: ex.: uso de soníferos, hipnose, superioridade numé- rica etc. - são sujeitos passivos: o proprietário, o possuidor ou o detentor da coisa, bem como qualquer outra pessoa que seja atingida pela “violência” ou “grave ameaça”. - se o agente emprega grave ameaça contra duas pessoas e sub- trai objetos de apenas uma delas, pratica crime único de “roubo”, já que apenas um patrimônio foi lesado, mas este crime possui duas vítimas. - se o agente emprega “grave ameaça” contra duas pessoas e subtrai objetos de ambas, responde por dois crimes de “roubo” em concurso formal, já que houve somente uma ação (ainda que com- posta de dois atos). - se o agente aborda uma só pessoa e apenas contra ela emprega “grave ameaça”, mas com esta conduta subtrai bens de pessoas dis- tintas que estavam em poder da primeira, comete crime de “roubo” em concurso formal. - o “roubo próprio” consuma-se, segundo entendimento do STF, no exato instante em que o agente, após empregar a “violên- cia” ou “grave ameaça”, consegue apoderar-se do bem da vítima, ainda que seja preso no próprio local, sem que tenha conseguido a posse tranquila da coisa. Roubo simples impróprio: o agente inicialmente quer apenas praticar um “furto” e, já se tendo apoderado do bem, emprega a “violência” ou “grave ameaça” para garantir a impunidade do “fur- to” que estava em andamento ou, assegurar a detenção do bem. § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. - o “roubo impróprio” consuma-se no exato momento em que é empregada a “violência” ou “grave ameaça”, mesmo que o sujeito não consiga atingir sua finalidade de garantir a impunidade ou asse- gurar a posse dos objetos subtraídos. Causas de aumento de pena § 2º - A pena aumenta-se de 1/3 até 1/2: I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma (própria ou imprópria); - no caso de “arma de brinquedo”, aplica-se o aumento da pena, se o uso tenha causado temor à vítima (Súmula 174 STJ). II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; - basta saber que o agente não agiu sozinho; prevalece na ju- risprudência o entendimento de que a qualificadora atinge todas as pessoas envolvidas na infração penal, ainda que não tenham prati- cado atos executórios e mesmo que uma só tenha estado no “locus delicti”. III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância. IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. - ex.: agente aborda pessoa que sai do caixa eletrônico e a coage a fazer saque em outro (“sequestro relâmpago”). Didatismo e Conhecimento 31 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo Formas qualificadas (roubo qualificado) § 3º - Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de 7 a 15 anos, além da multa; se resulta morte (latro- cínio), a reclusão é de 20 a 30 anos, sem prejuízo da multa. - não importa se a morte foi causada por dolo ou culpa; ele não responde somente em caso fortuito ou força maior; é “crime hediondo”. - não há “latrocínio” quando o resultado agravador decorre do emprego de “grave ameaça” - ex.: vítima sofre um enfarto em razão de ter-lhe sido apontada uma arma de fogo (haverá crime de “rou- bo” em concurso formal com “homicídio culposo”). - quando a subtração e a morte ficam na esfera da tentativa, há “latrocínio tentado”; quando ambas se consumam, há “latrocínio consumado”; quando a subtração se consuma e a morte não, há “la- trocínio tentado”; quando a subtração não se efetiva, mas a vítima morre, há “latrocínio consumado” (Súmula 610 do STF). CAUSAS DE AUMENTO DE PENA Art. 9º da Lei n. 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos) - As penas fixadas no art. 6º para os crimes capitulados nos arts. 157, § 3º (“latrocínio”), 158, § 2º (“extorsão qualificada”), 159, caput e seus §§ 1º, 2º e 3º (“extorsão mediante sequestro”), 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput e § único (“estupro”), 214 e sua combinação com o art. 223, caput e § único (“atentado violen- to ao pudor”), todos do Código Penal, são acrescidas de metade, respeitado o limite superior de 30 anos de reclusão, estando a vítima em qualquer das hipóteses referidas no art. 224 também do CP. Art. 224 do CP (presunção de violência) - Presume-se a vio- lência, se a vítima: a) não é maior de 14 anos; b) é alienada ou débil mental, e o agente conhecia esta circuns- tância; c) não pode, por qualquer outra causa, oferecer resistência. - o “princípio da insignificância” não é aceito no “roubo”. EXTORSÃO Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem inde- vida vantagem econômica, a fazer (ex.: entregar dinheiro ou um bem qualquer, realizar uma obra etc.), tolerar que se faça (ex.: per- mitir que o agente rasgue um contrato ou título que representa uma dívida etc.) ou deixar fazer alguma coisa (ex.: não entrar em uma concorrência comercial, não ingressar com uma ação de cobrança etc.): Pena - reclusão, de 4 a 10 anos, e multa. - extorsão / constrangimento ilegal: na “extorsão” o agente almeja obter indevida vantagem econômica, o que não ocorre no “constrangimento ilegal”. - extorsão / roubo: grande parte da doutrina e da jurisprudên- cia entende que quando a vítima não tem qualquer opção senão a entrega do bem, o crime seria sempre de “roubo” (ex.: entrega sua carteira por ter um revólver apontado para sua cabeça, não tem outro escolha senão entregá-la); na “extorsão” a vítima deve ter alguma possibilidade de escolha, e, assim, sua conduta é imprescindível para que o agente obtenha a vantagem por ele visada; no “roubo”, a vantagem é concomitante ao emprego da violência ou grave amea- ça, enquanto na “extorsão” o mal prometido e a vantagem visada são futuros (ex.: entro atrás de uma pessoa no caixa eletrônico e digo retire R$.500,00; se ela já tinha o dinheiro no bolso é “roubo”, se ela é forçada a retirar e depois entregar, é “extorsão”). - extorsão / estelionato: no “estelionato”, a vítima quer efeti- vamente entregar o objeto, uma vez que foi induzida ou mantida a erro pelo agente através do emprego de uma fraude; na “extorsão”, a vítima despoja-se de seu patrimônio contra sua vontade, já que o faz em decorrência de ter sofrido violência ou grave ameaça. - extorsão / extorsão mediante sequestro: a “extorsão me- diante sequestro” é a “extorsão” praticada através do “sequestro” (art. 148 - “sequestro ou cárcere privado” - privar alguém de sua liberdade). - extorsão / sequestro: na “extorsão” há a intenção de obter vantagem, enquanto no “sequestro” não há esta intenção, somente priva a liberdade da vítima. - extorsão / concussão: na “concussão” o sujeito passivo é sempre um funcionário público, e a vítima cede às exigências deste por temer eventuais represálias decorrentes do exercício do cargo; a “extorsão”, que é mais grave, pode ser praticada por qualquer pessoa, inclusive por funcionário públicono exercício de suas funções, desde que a vítima cede à intenção do agente em razão do emprego de violência ou grave ameaça (e não em virtude da função por ele exercida). - se a vantagem for devida o crime é o de “exercício arbitrário das próprias razões” (art. 345) e se ela for moral o crime é o de “constrangimento ilegal” (art. 146). - a consumação se dá no instante em que a vítima, após so- frer “violência” ou “grave ameaça”, toma a atitude que o agente desejava (faz, deixa de fazer ou tolera que se faça algo), ainda que este não consiga obter qualquer vantagem econômica em sua decorrência. Causas de aumento de pena § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de 1/3 até 1/2. Formas qualificadas (extorsão qualificada) § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o dis- posto no § 3º do artigo anterior (Se da violência resulta lesão cor- poral grave, a pena é de reclusão, de 7 a 15 anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de 20 a 30 anos, sem prejuízo da multa). - apenas a “extorsão qualificada pela morte” tem natureza de “crime hediondo” (Lei n. 8.072/90). CAUSAS DE AUMENTO DE PENA Art. 9º da Lei n. 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos) - As penas fixadas no art. 6º para os crimes capitulados nos arts. 157, § 3º (“latrocínio”), 158, § 2º (“extorsão qualificada”), 159, caput e seus §§ 1º, 2º e 3º (“extorsão mediante sequestro”), 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput e § único (“estupro”), 214 e sua combinação com o art. 223, caput e § único (“atenta- do violento ao pudor”), todos do Código Penal, são acrescidas de metade, respeitado o limite superior de 30 anos de reclusão, estando a vítima em qualquer das hipóteses referidas no art. 224 também do CP. Art. 224 do CP (presunção de violência) - Presume-se a vio- lência, se a vítima: a) não é maior de 14 anos; b) é alienada ou débil mental, e o agente conhecia esta cir- cunstância; c) não pode, por qualquer outra causa, oferecer resistência. Didatismo e Conhecimento 32 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO Art. 159 - Sequestrar (privar a sua liberdade; impedir a sua locomoção) pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem (somente a econômica), como condição (não causar nenhum mal a ela) ou preço do resgate (vantagem em troca da liberdade da vítima): Pena - reclusão, de 8 a 15 anos. - a “extorsão mediante sequestro” diferencia-se do “rapto”, já que neste ocorre a privação da liberdade de uma mulher honesta para fim libidinoso, bem como do crime de “sequestro ou cárcere privado”, no qual a lei exige privação da liberdade de alguém, mas não exige qualquer elemento subjetivo específico. - a consumação ocorre no exato instante em que a vítima é se- questrada, privada de sua liberdade, ainda que os sequestradores não consigam receber ou até mesmo pedir o resgate (desde que se prove que a intenção deles era fazê-lo); a vítima deve permanecer em po- der dos agentes por tempo juridicamente relevante; o pagamento do resgate é mero exaurimento do crime, mas pode ser levado em conta na fixação da pena-base (art. 59). - se a vantagem for devida o crime é o de “exercício arbitrário das próprias razões” (art. 345) e se ela for moral o crime é o de “constrangimento ilegal” (art. 146). - quando se sequestra alguém para matar (queima de arquivo), há “sequestro” em concurso com “homicídio”. Formas qualificadas (extorsão mediante sequestro qualifi- cada) § 1º - Se o sequestro dura mais de 24 horas, se o sequestrado é menor de 18 anos (menor de 18 anos e maior de 14, pois se tiver menos de 14 anos, a pena é aumentada de metade - L. 8.072/90), ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha (pressupõe uma união permanente de pelo menos 4 pessoas com o fim de cometer crimes): Pena - reclusão, de 12 a 20 anos. § 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - reclusão, de 16 a 24 anos. § 3º - Se resulta a morte: Pena - reclusão, de 24 a 30 anos (é a maior pena prevista no CP). - em ambas as hipóteses (§ 2° e 3°), o resultado agravador deve ter recaído sobre a pessoa sequestrada. - se a morte ou a lesão corporal forem causadas por caso fortuito ou culpa de terceiros, não se aplicam as qualificadoras. - o reconhecimento de uma qualificadora mais grave automati- camente afasta a aplicação das menos graves. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA Art. 9º da Lei n. 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos) - As penas fixadas no art. 6º para os crimes capitulados nos arts. 157, § 3º (“latrocínio”), 158, § 2º (“extorsão qualificada”), 159, caput e seus §§ 1º, 2º e 3º (“extorsão mediante sequestro”), 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput e § único (“estupro”), 214 e sua combinação com o art. 223, caput e § único (“atentado violen- to ao pudor”), todos do Código Penal, são acrescidas de metade, respeitado o limite superior de 30 anos de reclusão, estando a vítima em qualquer das hipóteses referidas no art. 224 também do CP. Art. 224 do CP (presunção de violência) - Presume-se a vio- lência, se a vítima: a) não é maior de 14 anos; b) é alienada ou débil mental, e o agente conhecia esta cir- cunstância; c) não pode, por qualquer outra causa, oferecer resistência. Delação eficaz (causa obrigatória de redução da pena) § 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de 1/3 a 2/3. - crime tenha sido cometido por pelo menos duas pessoas e que qualquer delas arrependa-se (coautor ou partícipe) e delate as demais para a autoridade pública, de tal forma que o sequestrado venha a ser libertado. - quanto maior a contribuição, maior deverá ser a redução. EXTORSÃO INDIRETA Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abu- sando da situação de alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro: Pena - reclusão, de 1 a 3 anos, e multa. - ex.: A sabe que B passa notas fiscais frias; de alguma manei- ra, A consegue obter uma delas e obriga B a ceder uma quantia em dinheiro, para não entregar a nota fiscal à polícia. CAPÍTULO III DA USURPAÇÃO ALTERAÇÃO DE LIMITES Art. 161 - Suprimir (retirar) ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro sinal indicativo de linha divisória (marco divi- sório), para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia: Pena - detenção, de 1 a 6 meses, e multa. - é crime próprio, pois somente pode ser praticado pelo vizi- nho do imóvel alterado. § 1º - Na mesma pena incorre quem: USURPAÇÃO DE ÁGUAS I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, águas alheias; ESBULHO POSSESSÓRIO II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou edifício alheio, para o fim de esbulho possessório. - o agente deve querer excluir a posse do sujeito passivo, para passar a exercê-la ele próprio. § 2º - Se o agente usa de violência, incorre também na pena a esta cominada. § 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego de vio- lência, somente se procede mediante queixa. - essa regra aplica-se para todos os crimes descritos no artigo 161. Didatismo e Conhecimento 33 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo SUPRESSÃO OU ALTERAÇÃO DE MARCA EM ANI- MAIS Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado (animais de grande porte - ex.: boi, cavalo etc.) ou rebanho (ex.: animais de pequeno porte - ex.: porcos, ovelhas etc.) alheio, marca ou sinal indicativo de propriedade: Pena - detenção, de 6 meses a 3 anos, e multa. - esse delito fica absorvido pelo crime de “furto de animal”, sendo, portanto, raramente aplicado na prática. CAPÍTULO IV DO DANO DANO Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: Pena - detenção, de 1 a 6 meses, ou multa. Formas qualificadas (dano qualificado) § único - Se o crime é cometido: I - com violência à pessoa ou grave ameaça;II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais grave; III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, em- presa concessionária de serviços públicos ou sociedade de eco- nomia mista; IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima (é de “ação penal privada”): Pena - detenção, de 6 meses a 3 anos, e multa, além da pena correspondente à violência. Ação penal Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu § e do art. 164, somente se procede mediante queixa. Art. 65 da Lei n. 9.605/98 (Crimes contra o meio ambiente) - Pichar, grafitar ou por outro meio conspurcar edificação ou monu- mento urbano: Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa. § único - Se o ato for realizado em monumento ou coisa tom- bada em virtude do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de 6 meses a 1 ano de detenção, e multa. Art. 346 (Exercício arbitrário das próprias razões) - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou convenção: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa. INTRODUÇÃO OU ABANDONO DE ANIMAIS EM PROPRIEDADE ALHEIA Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, sem consentimento de quem de direito, desde que o fato resulte prejuízo (é de ação penal privada): Pena - detenção, de 15 dias a 6 meses, ou multa. Ação penal Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu § e do art. 164, somente se procede mediante queixa. DANO EM COISA DE VALOR ARTÍSTICO, ARQUEO- LÓGICO OU HISTÓRICO Art. 165 (revogado pelo artigo 62, I, da Lei n. 9.605/98) - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela autoridade com- petente em virtude de valor artístico, arqueológico ou histórico: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa. Art. 62 da Lei n. 9.605/98 (Crimes contra o meio ambiente) - Destruir, inutilizar ou deteriorar: I - bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial; Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. § único - Se o crime for culposo, a pena é de seis meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa. ALTERAÇÃO DE LOCAL ESPECIALMENTE PROTE- GIDO Art. 166 (revogado pelo artigo 63 da Lei n. 9.605/98) - Alte- rar, sem licença da autoridade competente, o aspecto de local espe- cialmente protegido por lei: Pena - detenção, de 1 mês a 1 ano, ou multa. Art. 63 da Lei n. 9.605/98 (Crimes contra o meio ambiente) - Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial, em razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico, artístico, histórico, cultu- ral, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autori- zação da autoridade competente ou em desacordo com a concedida: Pena - reclusão, de 1 a 3 anos, e multa. CAPÍTULO V DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA APROPRIAÇÃO INDÉBITA Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção: Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa. - é um crime que se caracteriza por uma situação de quebra de confiança, uma vez que a vítima espontaneamente entrega um objeto ao agente, e este, depois de já estar na sua posse ou detenção, inverte seu ânimo em relação ao objeto, passando a comportar-se como dono (ex.: venda, locação, doação, troca da coisa - “apropria- ção indébita propriamente dita”; recusa em efetuar a devolução da coisa solicitada pela vítima - “negativa de restituição”); ao contrário do “furto” ou do “estelionato”, nela inexiste subtração ou fraude; o agente tem a anterior posse da coisa alheia, que lhe foi confiada pelo ofendido, mas inverte a posse, isto é, passa a agir como se fosse ele o dono da coisa; ao receber o bem o sujeito deve estar de boa-fé, ou seja, ter intenção de devolvê-lo a vítima ou de dar a ele a correta destinação; se já recebe o objeto com intenção de apoderar-se dele comete crime de “estelionato”. - apropriação indébita / estelionato: na “apropriação indébi- ta” o dolo surge após o recebimento da posse ou detenção, enquanto no “estelionato” o dolo é anterior - ex.: pego o carro de alguém e falo que vou levá-lo no lava-rápido e sumo como ele, se já tenho o ânimo de levar o carro é “estelionato”, se o ânimo aparece após pegar a coisa é “apropriação indébita”. Didatismo e Conhecimento 34 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo - se alguém recebe a posse de um cofre trancado com a incum- bência de transportá-lo de um local para outro, e no trajeto arromba- -o e apropria-se dos valores nele contidos, comete crime de “furto qualificado” pelo rompimento de obstáculo. - não caracteriza “apropriação indébita”, a retenção (pessoa assegura a coisa por falta de pagamento do dono), mora, recusa em devolver a coisa. - a “apropriação indébita de uso” não constitui infração penal - ex.: vítima deixa um carro com um mecânico para reparos, e este, durante o fim de semana, utiliza-se dele, sem autorização da vítima, diz para seus amigos que o carro lhe pertence, mas, no início da semana, devolve-o à vítima, não responde pelo crime, trata-se de ilícito civil, pois falta o dolo exigido para a configuração do delito (intenção de ter a coisa para si ou para terceiro com ânimo de asse- nhoreamento definitivo). - se o agente é funcionário público e apropria-se de bem público ou particular (sob a guarda da Administração) que tenha vindo a seu poder em razão do cargo que exerce, comete crime de “peculato” (art. 312, “caput”). Causas de aumento de pena § 1º (único) - A pena é aumentada de 1/3, quando o agente re- cebeu a coisa: I - em depósito necessário (legal - decorre da lei; miserável - por ocasião de calamidade; por equiparação - é o referente às baga- gens dos viajantes, hóspedes ou fregueses); II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inven- tariante, testamenteiro ou depositário judicial; III - em razão de ofício, emprego ou profissão. APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as con- tribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional: Pena – reclusão, de 2 a 5 anos, e multa. § 1º - Nas mesmas penas incorre quem deixar de: I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha sido descontada de paga- mento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público; II – recolher contribuições devidas à previdência social que te- nham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços; III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela pre- vidência social. § 2º - É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. § 3º - É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que: I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previden- ciária, inclusive acessórios; ou II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, admi- nistrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. APROPRIAÇÃO DE COISA HAVIDA POR ERRO, CASO FORTUITO OU FORÇA DA NATUREZA Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza: Pena - detenção, de 1 mês a 1 ano, ou multa. - apropriação de coisa havida por erro: - ex.: uma compra é feita em certa loja para ser entregue no en- dereço de um aniversariante, e os funcionários do estabelecimento entregam-na em local errado, sendoque a pessoa que recebe fica calada e apropria-se da coisa; quando um depósito bancário é feito em conta corrente de pessoa diversa daquela a quem o dinheiro era dirigido, e o beneficiado, após perceber o equívoco, gasta o dinheiro que não lhe pertence; uma pessoa compra uma bijuteria, e o ven- dedor, por equívoco, embrulha e entrega uma pedra preciosa muito parecida, sendo que o adquirente, após receber o bem e perceber o erro, fica com a joia para si. - uma mulher procura uma loja para efetuar o pagamento de compras feitas anteriormente, se o funcionário do caixa percebe que o marido de tal mulher já saldara a dívida na véspera e permanece em silêncio para receber pela segunda vez e apoderar-se dos valores, o crime será o de “estelionato”, mas, se receber o valor do segun- do pagamento sem saber do equívoco e, posteriormente, ao efetuar o balanço, perceber o erro e apropriar-se do seu valor, cometerá “apropriação de coisa havida por erro”. - apropriação de coisa havida por caso fortuito ou força da natureza: - ex.: acidente automobilístico em que alguns objetos existentes na carroceria do veículo são lançados no quintal de uma casa, e o dono desta, ao perceber o ocorrido, apropria-se de tais bens; uma vendaval lança roupas que estavam no varal de uma casa para o quintal de residência vizinha, e o proprietário desta apodera-se delas (o agente sabe que o objeto é alheio). § único - Na mesma pena incorre: APROPRIAÇÃO DE TESOURO I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio; APROPRIAÇÃO DE COISA ACHADA II - quem acha coisa alheia perdida (em local público ou de uso público) e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autori- dade competente, dentro no prazo de 15 dias. - somente existirá a infração penal quando o agente tiver ciência de que se trata de coisa perdida. - o objeto esquecido por alguém em local público ou de uso pú- blico é considerado coisa perdida, mas, se o esquecimento ocorreu em local privado, o apoderamento constituirá crime de “furto”. - o agente que provocar a perda do objeto e depois apoderar-se dele, responderá pelo “furto qualificado” pelo emprego de fraude. Causas de diminuição de pena (privilégio) Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se o disposto no art. 155, § 2º. Art. 155, § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de 1/3 a 2/3, ou aplicar somente a pena de multa. Didatismo e Conhecimento 35 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo - autor primário (aquele que não é reincidente; a condenação anterior por contravenção penal não retira a primariedade) e coisa de pequeno valor (aquela que não excede a um salário mínimo): presente os 2, o juiz deve considerar o privilégio, se 1 ele pode con- siderar; há sérias divergências acerca da possibilidade de aplicação do privilégio ao “furto qualificado”, sendo a opinião majoritária no sentido de que ela não é possível porque a gravidade desse delito é incompatível com as consequências muito brandas do privilégio, mas existe entendimento de que deve ser aplicada conjuntamente, já que a lei não veda tal hipótese. CAPÍTULO VI DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES ESTELIONATO Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita (e econômica; a vantagem deve ser ilícita, caso contrário o crime seria o de “exercício arbitrário das próprias razões”), em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante ar- tifício (é a utilização de algum aparato ou objeto para enganar a vítima - ex.: artifício, efeitos especiais, documentos falsos), ardil (é a conversa enganosa), ou qualquer outro meio fraudulento: Pena - reclusão, de 1 a 5 anos, e multa. - é necessário que a conduta do agente tenha atingido pessoa determinada; condutas que visem vítimas indeterminadas (ex.: adul- teração de bombas de gasolina ou balanças) caracterizam “crime contra a economia popular” (Lei n. 1.521/51). - o agente que falsifica cheques (ou documentos em geral) como artifício para ludibriar a vítima, responde pelo “estelionato”, a falsificação do documento fica absorvida por este crime por tratar-se de crime meio (“princípio da consunção”). - ocorre fraude bilateral quando a vítima também age de má-fé no caso concreto - ex.: pessoa que compra máquina falsa de fazer dinheiro; no caso, prevalece a opinião no sentido de que existe o cri- me de “estelionato”, pois a punição do estelionatário visa proteger toda a sociedade. - qualquer pessoa pode ser sujeito passivo do “estelionato”; sendo a vítima incapaz, o agente responderá pelo crime de “abuso de incapaz” (art. 173); pode existir 2 sujeitos, no caso de a pessoa enganada ser diversa da prejudicada. - no jogo de tampinhas, a destreza do agente não é suficiente para caracterizar o “estelionato”, a não ser que haja fraude, como no caso da retirada da bola usada, escondendo-a entre os dedos. Causas de diminuição de pena (privilégio) § 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo (inferior a um salário mínimo), o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º. Art. 155, § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de 1/3 a 2/3, ou aplicar somente a pena de multa. - autor primário (aquele que não é reincidente; a condenação anterior por contravenção penal não retira a primariedade) e coisa de pequeno valor (aquela que não excede a um salário mínimo): presente os 2, o juiz deve considerar o privilégio, se 1 ele pode con- siderar; há sérias divergências acerca da possibilidade de aplicação do privilégio ao “furto qualificado”, sendo a opinião majoritária no sentido de que ela não é possível porque a gravidade desse delito é incompatível com as consequências muito brandas do privilégio, mas existe entendimento de que deve ser aplicada conjuntamente, já que a lei não veda tal hipótese. § 2º - Nas mesmas penas incorre quem: Disposição de coisa alheia como própria I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garan- tia coisa alheia como própria; Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável (é aquela que não pode ser vendida em razão de determinação legal - imóveis dotais / convenção - ex.: doação / testamento), gravada de ônus (é aquela sobre a qual pesa um di- reito real em decorrência de cláusula contratual ou disposição legal - ex.: hipoteca, anticrese) ou litigiosa (é aquela objeto de discussão judicial - ex.: usucapião contestado, reinvindicação etc.), ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias; Defraudação de penhor III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado; Fraude na entrega de coisa IV - defrauda substância (entregar objeto de vidro no lugar de cristal, cobre no lugar de ouro), qualidade (entregar mercadoria de segunda no lugar de primeira, objeto usado como novo) ou quanti- dade (dimensão, peso) de coisa que deve entregar a alguém; Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as consequências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro; Fraude no pagamento por meio de cheque VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em po- der do sacado, ou lhe frustra o pagamento. - emitir cheques sem fundos: o agente preenche e põe o che- que em circulação (entrega-o a alguém) sem possuir a quantia res- pectiva em sua conta bancária. - frustar o pagamentodo cheque: o agente possui a quantia no banco por ocasião da emissão do cheque, mas, antes de o benefi- ciário conseguir recebê-la, aquele saca o dinheiro ou susta o cheque. - é necessário que o agente tenha agido de má-fé quando da emissão do cheque e que ela tenha gerado algum prejuízo patrimo- nial para a vítima; sendo assim, não há crime a emissão de cheque sem fundos para pagamento de dívida de jogo proibido ou de pro- grama com prostituta. - sendo o cheque uma ordem de pagamento à vista, qualquer atitude que lhe retire esta característica afasta a incidência do cri- me - ex.: emissão de cheque pré-datado ou do cheque dado como garantia de dívida. - é necessário que a emissão do cheque tenha sido a causa do prejuízo da vítima e do locupletamento do agente, por isso, não há crime a emissão de cheques sem fundos para pagamento de dívida anterior já vencida e não paga, pois, nesse caso, o prejuízo da vítima é anterior ao cheque e não decorrência deste. Didatismo e Conhecimento 36 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo - não há crime a emissão de cheque sem fundos em substituição de outro título de crédito não honrado; trata-se de hipótese de pre- juízo anterior. - quando o agente susta o cheque ou encerra a conta corrente antes de emitir a cártula, responde pelo “estelionato comum”; não responde por este crime, porque a fraude empregada foi anterior à emissão do cheque. - o crime se consuma apenas quando o banco sacado formal- mente recusa o pagamento; - Súmula 521 do STF: “o foro competente para o processo e julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade de emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado”. - se o agente se arrepende e deposita o valor respectivo no banco antes da apresentação da cártula, haverá “arrependimento eficaz” e o fato tornar-se-á atípico; se ele se arrepender depois da consumação (após a recusa por parte do banco) e ressarcir a vítima antes do oferecimento da denúncia, a pena será reduzida de 1/3 a 2/3 (“arrependimento posterior”), se após o oferecimento da denúncia, mas antes da sentença de 1ª instância, implica o reconhecimento da atenuante genérica prevista no artigo 65, III, “c”. - Súmula 48 do STJ: “compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar crime de estelionato cometi- do mediante falsificação de cheque”. Causas de aumento de pena § 3º - A pena aumenta-se de 1/3, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de eco- nomia popular, assistência social ou beneficência. DUPLICATA SIMULADA Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda (nota fiscal) que não corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qua- lidade, ou ao serviço prestado. Pena - detenção, de 2 a 4 anos, e multa. FALSIDADE NO LIVRO DE REGISTRO DE DUPLICA- TAS § único - Nas mesmas penas incorrerá aquele que falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de Registro de Duplicatas. ABUSO DE INCAPAZES Art. 173 – Abusar (fazer mau uso, aproveitar-se de alguém), em proveito próprio ou alheio, de necessidade, paixão ou inex- periência de menor (de 18 anos), ou da alienação ou debilidade mental de outrem, induzindo qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro: Pena - reclusão, de 2 a 6 anos, e multa. - para a existência do crime é necessário, além do dolo (direto ou eventual), que o agente tenha intenção de obter vantagem econô- mica para si ou para outrem. - o crime de “abuso de incapaz” diferencia-se do “estelionato” porque não é cometido mediante fraude e é crime formal. INDUZIMENTO À ESPECULAÇÃO Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inex- periência (com pouca vivência nos negócios) ou da simplicidade (com pouca vivência nos negócios) ou inferioridade mental (ín- dice de inteligência inferior ao normal) de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à especulação com títulos ou mercadorias, sabendo ou devendo saber que a operação é rui- nosa: Pena - reclusão, de 1 a 3 anos, e multa. FRAUDE NO COMÉRCIO Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial, o ad- quirente ou consumidor: I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsifi- cada ou deteriorada; II - entregando uma mercadoria por outra: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, ou multa. Fraude no comércio de metais ou pedras preciosas § 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade ou o peso de metal ou substituir, no mesmo caso, pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor valor; vender pedra falsa por verdadeira; vender, como precioso, metal de ou outra qualidade: Pena - reclusão, de 1 a 5 anos, e multa. - o sujeito ativo deve ser comerciante, pois, se não o for, o crime será o de “fraude na entrega de coisa” (art. 171, § 2°, IV); trata-se de crime próprio. Causas de diminuição de pena (privilégio) § 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º. Art. 155, § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de 1/3 a 2/3, ou aplicar somente a pena de multa. - autor primário (aquele que não é reincidente; a condenação anterior por contravenção penal não retira a primariedade) e coisa de pequeno valor (aquela que não excede a um salário mínimo): presente os 2, o juiz deve considerar o privilégio, se 1 ele pode con- siderar; há sérias divergências acerca da possibilidade de aplicação do privilégio ao “furto qualificado”, sendo a opinião majoritária no sentido de que ela não é possível porque a gravidade desse delito é incompatível com as consequências muito brandas do privilégio, mas existe entendimento de que deve ser aplicada conjuntamente, já que a lei não veda tal hipótese. OUTRAS FRAUDES Art. 176 - Tomar refeição (engloba bebidas) em restaurante (abrange lanchonetes, bares, cafés etc.), alojar-se em hotel (abran- ge motéis, pensões etc) ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor de recursos para efetuar o pagamento: Pena - detenção, de 15 dias a 2 meses, ou multa. - para a configuração do crime, é necessário que o agente faça a refeição sem ter dinheiro para pagá-la; se tem recursos, mas não paga, como acontece nos “pinduras estudantis”, o ilícito é só civil e não penal; se o dono do restaurante sabe que são estudantes de Direi- to e que é dia 11.08, ele não está sendo induzido a erro, o ilícito é só civil e não penal; não há crime quando o agente se recusa a efetuar o pagamento por discordar do valor cobrado na conta apresentada; come e depois vê que não tem dinheiro para pagar tudo, entra no dolo eventual, responderá pelo crime; caso tiver esquecido a carteira em casa (erro), inexiste o fato típico por falta do dolo. Didatismo e Conhecimento 37 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo - o “estado de necessidade” exclui a ilicitude. § único - Somente se procede mediante representação, e o juiz pode, conforme as circunstâncias, deixar de aplicar a pena (conce- der “perdão judicial” conforme as circunstâncias do caso - pequeno valor, antecedentes favoráveis etc.). FRAUDES E ABUSOS NA FUNDAÇAO OU ADMINIS- TRAÇÃO DE SOCIEDADE POR AÇÕES Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por ações, fazen- do, em prospecto ou em comunicação ao público ou à assembléia, afirmação falsa sobre a constituição da sociedade, ou ocultando fraudulentamente fato a ela relativo: Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa, se o fato não constitui crime contra a economia popular. - trata-se de infração penal em que o fundador da sociedade por ações (sociedade anônima ou comandita por ações), induz ou mantém em erros os candidatos a sócios, o público ou presentes à assembleia, fazendo falsa afirmação sobre circunstâncias referentes à sua constituição ou ocultando fato relevante desta. - esse dispositivo é expressamente subsidiário, uma vez que, nos termos da lei, não será aplicadoquando o fato constituir “crime contra a economia popular”. § 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime contra a economia popular: I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações, que, em prospecto, relatório, parecer, balanço ou comunicação ao públi- co ou à assembléia, faz afirmação falsa sobre as condições econômi- cas da sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou em parte, fato a elas relativo; II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por qualquer artifício, falsa cotação das ações ou de outros títulos da sociedade; III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à sociedade ou usa, em proveito próprio ou de terceiro, dos bens ou haveres sociais, sem prévia autorização da assembléia geral; IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por conta da sociedade, ações por ela emitidas, salvo quando a lei o permite; V - o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito social, aceita em penhor ou em caução ações da própria sociedade; VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em de- sacordo com este, ou mediante balanço falso, distribui lucros ou dividendos fictícios; VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta pessoa, ou conluiado com acionista, consegue a aprovação de conta ou pa- recer; VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII; IX - o representante da sociedade anônima estrangeira, autori- zada a funcionar no País, que pratica os atos mencionados nos ns. I e II, ou dá falsa informação ao Governo. - todos esses delitos também são subsidiários em relação aos “crimes contra a economia popular”. § 2º - Incorre na pena de detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa, o acionista que, a fim de obter vantagem para si ou para outrem, negocia o voto nas deliberações de assembléia geral. - este dispositivo perdeu importância prática depois que o artigo 118 da Lei n. 6.404/76 permitiu o acordo de acionistas, inclusive quanto ao exercício do direito de voto; dessa forma, somente existe a infração penal se a negociação envolvendo o voto não estiver re- vestida das formalidades legais ou contrariar texto expresso de lei. EMISSÃO IRREGULAR DE CONHECIMENTO DE DE- PÓSITO OU “WARRANT” Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito (é o documento de propriedade da mercadoria e confere ao dono o poder de disponibi- lidade sobre a coisa) ou warrant (confere ao portador direito real de garantia sobre as mercadorias), em desacordo com disposição legal: Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa. - trata-se de “norma penal em branco”, complementada pelo Decreto n. 1.102, de 1903; de acordo com seus dizeres, a emissão é irregular quando: a) a empresa não está legalmente constituída, b) inexiste autorização do governo federal para a emissão, c) inexistem as mercadorias especificadas como depósito, d) há emissão de mais de um título para a mesma mercadoria ou gêneros especificados nos títulos, e) o título não apresenta as exigências legais. FRAUDE À EXECUÇÃO Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, des- truindo ou danificando bens, ou simulando dívidas: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, ou multa. Ação penal § único - Somente se procede mediante queixa. CAPÍTULO VII DA RECEPTAÇÃO RECEPTAÇÃO Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocul- tar, em proveito próprio ou alheio, coisa (móvel) que sabe ser produto de crime (própria), ou influir para que terceiro, de boa- -fé, a adquira, receba ou oculte (imprópria): Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa. RECEPTAÇÃO PRÓPRIA - adquirir – significa obter a propriedade, a título oneroso (compra e venda, permuta) ou gratuito (doação). - receber – obter a posse, ainda que transitoriamente. - transportar – levar um objeto de um local para outro. - conduzir – refere-se à hipótese em que o agente toma a dire- ção de um veículo para levá-lo de um local para outro (guiar, dirigir, governar). - ocultar – esconder, colocar o objeto em um local onde não possa ser encontrado por terceiros. - é um crime acessório, uma vez que constitui pressuposto in- dispensável de sua existência a ocorrência de um crime anterior, não sendo necessário que este seja contra o patrimônio; se for produto de contravenção penal não implicará o reconhecimento de “recep- tação”, podendo constituir outra infração penal ou conduta atípica, dependendo do caso. - excepcionalmente, o proprietário poderá responder por “re- ceptação” - ex.: toma emprestado dinheiro de alguém e deixa com o credor algum bem como garantia da dívida (mútuo pignoratício); na sequência, sem que haja ajuste com o dono, uma pessoa furta o objeto e o oferece ao proprietário, que o adquire com a intenção de locupletar-se com tal conduta. - a “receptação dolosa” pressupõe que o agente saiba, tenha plena ciência da origem criminosa do bem (dolo direto); se apenas desconfia da origem ilícita, mas não tem plena certeza a esse res- peito e, mesmo assim, adquire o objeto, responde por “receptação culposa” (dolo eventual). Didatismo e Conhecimento 38 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo - é necessário que o agente queira obter alguma vantagem para si o para outrem, se ele visa beneficiar o próprio autor do crime an- tecedente, responde pelo crime de “favorecimento real” (art. 349); se quisesse beneficiar outra pessoa que não o autor do crime antece- dente, responde por “receptação”. - se forem identificados tanto o receptador quanto o autor do crime antecedente, serão os crimes considerados conexos (conexão instrumental ou probatória) e, assim, sempre que possível, deverá haver um só processo e uma só sentença. - pode haver “receptação de receptação”, mas é necessário que a coisa conserve sempre seu caráter delituoso. - se o autor do “furto” era menor (ato infracional), o receptador responde do mesmo jeito, apesar do menor não sofrer as consequên- cias; o crime existe, mas o menor não será culpado. - aquele que comprou a coisa furtada não souber quem foi o au- tor do delito, responderá do mesmo jeito pelo crime, salvo se provar que não sabia que ela era furtada. RECEPTAÇÃO IMPRÓPRIA - influir – significa instigar, convencer alguém a fazer alguma coisa. - o agente está ciente da procedência ilícita de um determinado produto, toma atitudes no sentido de convencer uma terceira pes- soa que não tem conhecimento dessa origem criminosa a adquirir, receber ou ocultar tal objeto (se tem conhecimento, responderá por receptação própria, e quem o tiver influenciado será partícipe nesse delito) - ex.: uma pessoa furta um carro e pede a um amigo que arrume um comprador, e ele sai à busca de eventuais interessados de boa-fé (teremos dois delitos distintos, um “furto” e uma “recep- tação imprópria” por parte do amigo). - não admite a tentativa, pois, ou o agente mantém contato com a vítima, e o crime está consumado (independentemente do resulta- do), ou não o faz, e a conduta é atípica. Causas de diminuição de penas (receptação privilegiada) § 5º (2ª parte) - Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. 155. Art. 155, § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de 1/3 a 2/3, ou aplicar somente a pena de multa. - autor primário (aquele que não é reincidente; a condenação anterior por contravenção penal não retira a primariedade) e coisa de pequeno valor (aquela que não excede a um salário mínimo): presente os 2, o juiz deve considerar o privilégio, se 1 ele pode con- siderar; há sérias divergências acerca da possibilidade de aplicação do privilégio ao “furto qualificado”, sendo a opinião majoritária no sentido de que ela não é possível porque a gravidade desse delito é incompatível com as consequências muito brandas do privilégio, mas existe entendimento de que deve ser aplicada conjuntamente, já que a lei não veda tal hipótese. Causas de aumento de pena (receptação agravada) § 6º - Tratando-se de bens e instalaçõesdo patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista, a pena prevista no caput deste artigo aplica-se em dobro. - o § 6° somente se aplica às formas de “receptação” previstas no “caput” (própria e imprópria), sendo inaplicáveis à “receptação qualificada” (§1°). Formas qualificadas (receptação qualificada) § 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que “deve saber” ser produto de crime: Pena - reclusão, de 3 a 8 anos, e multa. - encontra grande facilidade em repassar o produto da “recep- tação” a terceiros de boa-fé, que, iludidos pela impressão de maior garantia oferecida por profissionais dessas áreas, acabam sendo pre- sas fáceis. - é crime próprio. - expressão “deve saber”: existem três posicionamentos, mas o que parece ser o mais correto, é o que a expressão teria sido utilizada como elemento normativo e não como elemento subjetivo do tipo (para indicar dolo direto ou eventual); sendo assim, “deve saber” seria apenas um critério para que o juiz, no caso concreto, pudesse analisar se o comerciante ou industrial, tendo em vista o conheci- mento acerca das atividades especializadas que exercem ou das cir- cunstâncias que envolveram o fato, tinham ou não a obrigação de conhecer a origem do bem - ex.: comerciante de veículos usados não pode alegar desconhecimento acerca de uma adulteração grosseira de chassi de um automóvel por ele adquirido. § 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do § ante- rior, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercício em residência. - trata-se de “norma penal explicativa ou complementar”, que visa não deixar qualquer dúvida sobre a possibilidade de aplicação da qualificadora a camelôs, pessoas que exerçam o comércio em suas próprias casas ou a qualquer outro comerciante que não tenha sua situação regularizada junto aos órgãos competentes. Formas culposas (receptação culposa) § 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza (ex.: aquisição de um revólver desacompanhado do registro ou sem nu- meração, de um veículo sem o respectivo documento ou com falsifi- cação grosseira do chassi etc.) ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece (ocorre quando uma pessoa adquire ou recebe um objeto de alguém totalmente des- conhecido, que não tinha condições financeiras para possuir o bem oferecido, de sujeito sabidamente entregue à prática de infrações pe- nais etc.), deve presumir-se obtida por meio criminoso: Pena - detenção, de 1 mês a 1 ano, ou multa, ou ambas as penas. - o agente, em razão de um dos parâmetros mencionados acima, deveria ter presumido a origem espúria do bem, ou, em outras pala- vras, de que o homem médio desconfiaria de tal procedência ilícita e não adquiriria ou receberia o objeto. Perdão judicial § 5º (1ª parte) - Na hipótese do § 3º (receptação culposa), se o criminoso é primário, pode (deve) o juiz, tendo em consideração as circunstâncias (as circunstâncias do crime devem indicar que ele não se revestiu de especial gravidade - ex.: aquisição de bem de pequeno valor), deixar de aplicar a pena. - é “causa extintiva da punibilidade”, não subsistindo qualquer efeito condenatório. Norma penal explicativa § 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa. Didatismo e Conhecimento 39 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo CAPÍTULO VII DISPOSIÇÕES GERAIS Imunidades absolutas (ou escusas absolutórias) Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos cri- mes previstos neste título, em prejuízo: I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal (antes de eventual separação judicial; a doutrina tradicional entende que apenas o casamento civil ou religioso com efeitos civis estão en- globados pela escusa, mas há entendimento de que a união estável- -concubinato tem aplicação); II - de ascendente (ex.: pai, avô, bisavô) ou descendente (ex.: filho, neto, bisneto), seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. - natureza da isenção: razões de “política criminal”, notada- mente pela menor repercussão do fato e pelo intuito de preservar as relações familiares. - sendo a autoria conhecida, a autoridade policial estará proibi- da de instaurar IP. Imunidades relativas (ou processuais) Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo: I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado (se o crime ocorre após o divórcio a imunidade não tem aplicação); II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. - não tem aplicação aos “crimes contra o patrimônio” que se apuram mediante “ação penal privada”, como nos tipificados nos artigos 163, § único, IV (“dano qualificado por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima”) e 164 (“introdução ou abandono de animais em propriedade alheia”). Exceções Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anterio- res: I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quan- do haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa; II - ao estranho que participa do crime (terá aplicação a qua- lificadora do concurso de agentes). Texto adaptado: Marcelo Cândido de Azevedo 9 NOÇÕES DE PRIMEIROS-SOCORROS. PRIMEIROS SOCORROS Toda pessoa que for realizar o atendimento pré-hospitalar (APH), mais conhecido como primeiros socorros, deve antes de tudo, atentar para a sua própria segurança. O impulso de ajudar a outras pessoas, não justifica a tomada de atitudes inconsequentes, que acabem transformando-o em mais uma vítima. A seriedade e o respeito são premissas básicas para um bom atendimento de APH (primeiros socorros). Para tanto, evite que a vítima seja exposta des- necessariamente e mantenha o devido sigilo sobre as informações pessoais que ela lhe revele durante o atendimento. Quando se está lidando com vidas, o tempo é um fator que não deve ser desprezado em hipótese alguma. A demora na prestação do atendimento pode definir a vida ou a morte da vítima, assim como procedimentos inadequados. Importante lembrar que um ser huma- no pode passar até três semanas sem comida, uma semana sem água, porém, pouco provável, que sobreviva mais que cinco minutos sem oxigênio. Alguns conceitos aplicados aos primeiros socorros Primeiros Socorros: São os cuidados imediatos prestados a uma pessoa, fora do ambiente hospitalar, cujo estado físico, psíqui- co e ou emocional coloquem em perigo sua vida ou sua saúde, com o objetivo de manter suas funções vitais e evitar o agravamento de suas condições (estabilização), até que receba assistência médica especializada. Prestador de socorro: Pessoa leiga, mas com o mínimo de co- nhecimento capaz de prestar atendimento à uma vítima até a chega- da do socorro especializado. Socorrista: Titulação utilizada dentro de algumas instituições, sendo de caráter funcional ou operacional, tais como: Corpo de Bombeiros, Cruz Vermelha Brasileira, Brigadas de Incêndio, etc. Manutenção da Vida: Ações desenvolvidas com o objetivo de garantir a vida da vítima, sobrepondo à “qualidade de vida”. Qualidade de Vida: Ações desenvolvidas para reduzir as se- quelas que possam surgir durante e após o atendimento. Urgência: Estado que necessita de encaminhamento rápido ao hospital. O tempo gasto entre o momento em que a vítima é en- contrada e o seu encaminhamento deve ser o mais curto possível. Exemplos: hemorragias de classe II, III e IV, etc. Emergência: Estado grave, que necessita atendimento médico, embora não seja necessariamente urgente. Exemplos: contusões le- ves, entorses, hemorragia classe I, etc. Acidente: Fato do qual resultam pessoas feridas e/ou mortasque necessitam de atendimento. Incidente: Fato ou evento desastroso do qual não resultam pes- soas mortas ou feridas, mas que pode oferecer risco futuro. Sinal: É a informação obtida a partir da observação da vítima. Sintoma: É informação a partir de um relato da vítima. Aspectos legais do socorro - Artigo 5º e 196 Constituição; - Artigo 135 do Código Penal Brasileiro; - Resolução nº 218/97 do Conselho Nacional de Saúde; Constituição: Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual- quer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros re- sidentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: Da Saúde Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garanti- do mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitá- rio às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Didatismo e Conhecimento 40 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo Código Penal: Omissão de Socorros Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê- -lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pes- soa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa. Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. Direitos da pessoa que estiver sendo atendida O prestador de socorro deve ter em mente que a vítima possui o direito de recusar o atendimento. No caso de adultos, esse direito existe quando eles estiverem conscientes e com clareza de pensa- mento. Isto pode ocorrer por diversos motivos, tais como: crenças religiosas ou falta de confiança no prestador de socorro que for rea- lizar o atendimento. Nestes casos, a vítima não pode ser forçada a receber os primeiros socorros, devendo assim certificar-se de que o socorro especializado foi solicitado e continuar monitorando a víti- ma, enquanto tenta ganhar a sua confiança através do diálogo. Caso a vítima esteja impedida de falar em decorrência do aci- dente, como um trauma na boca por exemplo, mas demonstre atra- vés de sinais que não aceita o atendimento, fazendo uma negativa com a cabeça ou empurrando a mão do prestador de socorro, deve- -se proceder da seguinte maneira: - Não discuta com a vítima; - Não questione suas razões, principalmente se elas forem ba- seadas em crenças religiosas; - Não toque na vítima, isso poderá ser considerado como viola- ção dos seus direitos; - Converse com a vítima. Informe a ela que você possui trei- namento em primeiros socorros, que irá respeitar o direito dela de recusar o atendimento, mas que está pronto para auxiliá-la no que for necessário; - Arrole testemunhas de que o atendimento foi recusado por parte da vítima. No caso de crianças, a recusa do atendimento pode ser feita pelo pai, pela mãe ou pelo responsável legal. Se a criança é retirada do local do acidente antes da chegada do socorro especializado, o prestador de socorro deverá, se possível, arrolar testemunhas que comprovem o fato. O consentimento para o atendimento de primeiros socorros pode ser: - formal, quando a vítima verbaliza ou sinaliza que concorda com o atendimento, após o prestador de socorro ter se identificado como tal e ter informado à vítima que possui treinamento em pri- meiros socorros; - implícito, quando a vítima está inconsciente, confusa ou gra- vemente ferida a ponto de não poder verbalizar ou sinalizar consen- tindo com o atendimento. Nesse caso, a legislação cita que a vítima daria o consentimento, caso tivesse condições de expressar o seu desejo de receber o atendimento de primeiros socorros. O consentimento implícito pode ser adotado também no caso de acidentes envolvendo menores desacompanhados dos pais ou responsáveis legais. Do mesmo modo, a legislação cita que o con- sentimento seria dado pelos pais ou responsáveis, caso estivessem presentes no local. As fases do socorro: 1º Avaliação da cena: a primeira atitude a ser tomada no lo- cal do acidente é avaliar os riscos que possam colocar em perigo a pessoa prestadora dos primeiros socorros. Se houver algum perigo em potencial, deve-se aguardar a chegada do socorro especializa- do. Nesta fase, verifica-se também a provável causa do acidente, o número de vítimas e a provável gravidade delas e todas as outras informações que possam ser úteis para a notificação do acidente, bem como a utilização dos equipamentos de proteção individual (EPI - luvas, mascaras, óculos, capote, etc) e solicitação de auxílio a serviços especializados como: Corpo de Bombeiros (193), SAMU (192), Polícia Militar (190), polícia Civil (147), Defesa Civil (363 1350), CEB (0800610196), Cruz Vermelha, etc. Nesta fase o prestador de socorro deve atentar-se para: Avaliar a situação: - Inteirar-se do ocorrido com tranquilidade e rapidez; - Verificar os riscos para si próprio, para a vítima e terceiros; - Criar um rápido plano de ação para administrar os recursos materiais e humanos visando garantir a eficiência do atendimento. Manter a segurança da área: - Proteger a vítima do perigo mantendo a segurança da cena; - Não tentar fazer sozinho mais do que o possível. Chamar por socorro especializado: Assegurar-se que a ajuda especializada foi providenciada e está a caminho. 2º Avaliação Inicial: fase de identificação e correção imediata dos problemas que ameaçam a vida a curto prazo, sendo eles: - Vias aéreas - Estão desobstruídas? Existe lesão da cervical? - Respiração - Está adequada? - Circulação - Existe pulso palpável? Há hemorragias graves? - Nível de Consciência - AVDI. Pelo histórico do acidente deve-se observar indícios que pos- sam ajudar ao prestador de socorro classificar a vítima como clínica ou traumática. Vítima Clínica: apresenta sinais e sintomas de disfunções com natureza fisiológica, como doenças, etc. Vítima de Trauma: apresenta sinais e sintomas de natureza traumática, como possíveis fraturas. Devemos nesses casos atentar para a imobilização e estabilização da região suspeita de lesão. 3º Avaliação Dirigida: Esta fase visa obter os componentes necessários para que se possa tomar a decisão correta sobre os cui- dados que devem ser aplicados na vítima. - Entrevista rápida - SAMPLE; - Exame rápido; - Aferição dos Sinais vitais - TPRPA. Didatismo e Conhecimento 41 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo SAMPLE: S - sinais e sintomas; A - alergias; M - medicações; P - passado médico; L - líquidos e alimentos; E - eventos relacionados com o trauma ou doença. O que o prestador de socorro deve observar ao avaliar o pulso e a respiração. Pulso: Frequência: É aferida em batimentos por minuto, podendo ser normal, lenta ou rápida. Ritmo: É verificado através do intervalo entre um batimento e outro. Pode ser regular ou irregular. Intensidade: É avaliada através da força da pulsação. Pode ser cheio (quando o pulso é forte) ou fino (quando o pulso é fraco). Respiração: Frequência: É aferida em respirações por minuto, podendo ser: normal, lenta ou rápida. Ritmo: É verificado através do intervalo entre uma respiração e outra, podendo ser regular ou irregular. Profundidade: Deve-se verificar se a respiração é profunda ou superficial. Sinais Vitais (TPRPA) Temperatura Pulso Respiração Fria Normal Quente Adulto 60 a 100 bpm Criança 80 a 120 bpm Bebê 100 a 160 bpm Adulto 12 a 20 ipm Criança 20 a 30 ipm Bebê 30 a 60 ipm Pressão Arterial VN <130mmHg sistólica e <80mmHg diastólica - estenda o braço da vítima com a mão em supinação; - enrole o manguito vazio no ponto médio do braço; - feche a válvula perto da pêra; - apalpe a artéria braquial; - bombeie o manguito atécessar o pulso; - coloque o estetoscópio encima do local do pulso braquial; - libere o ar vagarosamente até ouvir o 1º som de “korotkoff”; - observe no mostrador os mmHg no momento do 1º som (sístole); - continue esvasiando até para o som de “korotkoff”; - observe no mostrador os mmHg no último som (diástole); - continue esvaziando totalmente o manguito; - anote os valores da PA e a hora, ex: 130x80 mmHg 10:55 h. 4º Avaliação Física Detalhada: nesta fase examina-se da cabeça aos pés da vítima, procurando identificar lesões. Durante a inspeção dos membros inferiores e superiores deve-se avaliar o Pulso, Perfusão, Sensibilidade e a Motricidade (PPSM) 5º Estabilização e Transporte: nesta fase finaliza-se o exame da vítima, avalia-se a região dorsal, preveni-se o estado de choque e prepara- -se para o transporte. 6º Avaliação Continuada: nesta fase, verificam-se periodicamente os sinais vitais e mantém-se uma constante observação do aspecto geral da vítima. Reavaliar vítimas - Críticas e Instáveis a cada 3 minutos; Reavaliar vítimas - Potencialmente Instáveis e Estáveis a cada 10 minutos. Críticas: PCR e parada respiratória. Instáveis: hemorragias III e IV, estado de choque, queimaduras, etc. Potencialmente Instáveis: hemorragias II, fraturas, luxações, queimaduras, etc. Estáveis: hemorragias I, entorses, contusões, cãibras, distensões, etc. Didatismo e Conhecimento 42 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo SEQUÊNCIA DAS FASES DO SOCORRO AVALIAÇÃO DA CENA 01 - Segurança da cena; 02 - Equipamentos de Proteção Individual (EPI) 03 - Solicitação de Recursos Adicionais (CBM, CVB, PM, PC, CEB, etc.) AVALIAÇÃO INICIAL 04 - Impressão geral da vítima (clínica ou trauma); 05 - Nível de consciência: Alerta, Verbaliza, Doloroso ou Inconsciente - AVDI; 06 - Abrir vias aéreas sem comprometer a coluna cervical; 07 - Avaliar a respiração: Ver, Ouvir e Sentir - VOS; 08 - Avaliar circulação: presença de pulso carotídeo; 09 - Pesquisar e controlar hemorragias; 10 - Classificar o CIPE - Crítico, Instável, Potencialmente Instável ou Es- tável; 11 - Inspecionar, mensurar e colocar o colar cervical. AVALIAÇÃO DIRIGIDA 12 - Entrevista rápida - SAMPLE; 13 - Exame rápido - limitado a uma lesão grave aparente; 14 - Sinais vitais: Temperatura, Pulso, Respiração e Pressão Arterial - TPR- PA AVALIAÇÃO FÍSICA DETALHADA 15 - Inspecionar e apalpar a cabeça (fronte, crânio e orelhas); 16 - Inspecionar e apalpar a face (olhos e mandíbula); 17 - Inspecionar e apalpar os ombros, clavícula e tórax; 18 - Inspecionar e apalpar os quatro quadrantes abdominais; 19 - Inspecionar e apalpar a região pélvica e genitália; 20 - Inspecionar e apalpar os membros inferiores (PPSM) 21 - Inspecionar e apalpar os membros superiores (PPSM) ESTABILIZAÇÃO E TRANSPORTE 22 - Realizar o rolamento avaliando a região dorsal; 23 - Identificar e prevenir o estado de choque; 24 - Transporte (preferencialmente pelo serviço especializado) AVALIAÇÃO CONTINUADA 25 - Reavaliar vítimas - Críticas e instáveis a cada 3 minutos; 26 - Reavaliar vítimas - Potencialmente instáveis e estáveis a cada 10 mi- nutos Remoção do acidentado: A remoção da vítima, do local do acidente para o hospital, é tarefa que requer da pessoa prestadora de primei- ros socorros o máximo de cuidado e correto desempenho. Antes da remoção: - Tente controlar a hemorragia; - Inicie a respiração de socorro; - Execute a massagem cardíaca externa; - Imobilize as fraturas; - Evite o estado de choque, se necessário. Didatismo e Conhecimento 43 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo Para o transporte da vítima, podemos utilizar: maca ou padio- la, ambulância, helicóptero ou recursos improvisados (Meios de Fortuna): - Ajuda de pessoas; - Maca; - Cadeira; - Tábua; - Cobertor; - Porta ou outro material disponível. Como proceder Vítima consciente e podendo andar: Remova a vítima apoian- do-a em seus ombros. Vítima consciente não podendo andar: - Transporte a vítima utilizando dos recursos aqui demonstra- dos, em casos de: - Fratura, luxações e entorses de pé; - Contusão, distensão muscular e ferimentos dos membros in- feriores; - Picada de animais peçonhentos: cobra, escorpião e outros. Vítima inconsciente: - Como levantar a vítima do chão sem auxílio de outra pessoa: - Como levantar a vítima do chão com a ajuda de uma ou mais pessoas. Vítima consciente ou inconsciente: Como remover a vítima, utilizando-se de cobertor ou material semelhante: Como remover vítima de acidentados suspeitos de fraturas de coluna e pelve: - Utilize uma superfície dura - porta ou tábua (maca improvi- sada); - Solicite ajuda de pelo menos cinco pessoas para transferir o acidentado do local encontrado até a maca; - Movimente o acidentado como um bloco, isto é, deslocando todo o corpo ao mesmo tempo, evitando mexer separadamente a cabeça, o pescoço, o tronco, os braços e as pernas. Pegada de rede: Pegada Cavaleiro: Como remover acidentado grave não suspeito de fratura de co- luna vertebral ou pelve, em decúbito dorsal: Utilize macas improvi- sadas como: portas, cobertores, cordas, roupas, etc.; Didatismo e Conhecimento 44 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo Importante: - Evite paradas e freadas bruscas do veículo, durante o trans- porte; - Previna-se contra o aparecimento de danos irreparáveis ao aci- dentado, movendo-o o menos possível - Solicite, sempre que possível, a assistência de um médico na remoção de acidentado grave; - Não interrompa, em hipótese alguma, a respiração de socorro e a compressão cardíaca externa ao transportar o acidentado. Hemorragias: É a perda de sangue provocada pelo rompimento de um vaso sanguíneo, podendo ser arterial, venosa ou capilar. Toda hemorragia deve ser controlada imediatamente. A hemor- ragia abundante e não controlada pode causar a morte de 3 a 5 mi- nutos. Classificação quanto ao volume de sangue perdido: Classe I perda de até 15% do volume sanguíneo (adulto de 70 kg = até 750 ml de sangue), apresenta discreta taquicardia; Classe II perda de 15 a 30% do volume sanguíneo (adulto de 70 kg = até 750 a 1.500 ml de sangue), apresenta taquicardia, taquip- neia, queda da PA e ansiedade; Classe III perda de 30 a 40% do volume sanguíneo (adulto de 70 kg = 2 litros, de sangue), apresenta taquicardia, taquipneia, queda da PA e ansiedade, insuficiente perfusão; Classe IV perda de mais de 40% do volume sanguíneo (adulto de 70 kg = acima de 2 litros, de sangue), apresenta acentuado aumento da FC e respiratória, queda intensa da PA. Como proceder (técnicas de hemostasia): - Mantenha a região que sangra em posição mais elevada que o resto do corpo; - Use uma compressa ou um pano limpo sobre o ferimento, pressionando-o com firmeza, a fim de estancar o sangramento; - Comprima com os dedos ou com a mão os pontos de pressão, onde os vasos são mais superficiais, caso continue o sangramento; - Dobre o joelho - se o ferimento for na perna; o cotovelo - se no antebraço, tendo o cuidado de colocar por dentro da parte dobrada, bem junto da articulação, um chumaço de pano, algodão ou papel; - Evite o estado de choque; - Remova imediatamente a vítima para o hospital mais próxi- mo. Desmaio e estado de choque: É o conjunto de manifestações que resultam de um desequilíbrio entre o volume de sangue circu- lante e a capacidade do sistema vascular, causados geralmente por: choque elétrico, hemorragia aguda, queimadura extensa, ferimento grave, envenenamento, exposição a extremos de calor e frio, fratu- ra, emoção violenta, distúrbios circulatórios, dor aguda e infecção grave. Tipos de estado de choque: Choque Cardiogênico: Incapacidade do coração de bombear sangue para o resto do corpo. Possui as seguintes causas: infarto agudo do miocárdio, arritmias, cardiopatias. Choque Neurogênico: Dilatação dos vasos sanguíneos em função de uma lesão medular. Geralmente é provocado por trauma- tismos que afetam a coluna cervical(TRM e/ou TCE). Choque Séptico: Ocorre devido a incapacidade do organismo em reagir a uma infecção provocada por bactérias ou vírus que pene- tram na corrente sanguínea liberando grande quantidade de toxinas. Choque Hipovolêmico: Diminuição do volume sanguíneo. Possui as seguintes causas: Perdas sanguíneas - hemorragias internas e externas; Perdas de plasma - queimaduras e peritonites; Perdas de fluídos e eletrólitos - vômitos e diarréias. Choque Anafilático: Decorrente de severa reação alérgica. Ocorrem as seguintes reações: Pele: urticária, edema e cianose dos lábios; Sistema respiratório: dificuldade de respirar e edema da árvore respiratória; Sistema circulatório: dilatação dos vasos sanguíneos, queda da PA, pulso fino e fraco, palidez. Como se manifesta - Pele fria e úmida; - Sudorese (transpiração abundante) na testa e nas palmas das mãos; - Palidez; - Sensação de frio, chegando às vezes a ter tremores; - Náusea e vômitos; - Respiração curta, rápida e irregular; - Perturbação visual com dilatação da pupila, perda do brilho dos olhos; - Queda gradual da PA; - Pulso fraco e rápido; - Enchimento capilar lento; - Inconsciência total ou parcial. Como proceder - Realize uma rápida inspeção na vítima; - Combata, evite ou contorne a causa do estado de choque, se possível; - Mantenha a vítima deitada e em repouso; - Controle toda e qualquer hemorragia externa; - Verifique se as vias aéreas estão permeáveis, retire da boca, se necessário, secreção, dentadura ou qualquer outro objeto; - Inicie a respiração de socorro boca-a-boca, em caso de parada respiratória; - Execute a compressão cardíaca externa associada à respiração de socorro boca-a-boca, se a vítima apresentar ausência de pulso e dilatação das pupilas (midríase); - Afrouxe a vestimenta da vítima; - Vire a cabeça da vítima para o lado, caso ocorra vômito; - Eleve os membros inferiores cerca de 30 cm, exceto nos casos de choque cardiogênicos (infarto agudo do miocárdio, arritmias e cardiopatias) pela dificuldade de trabalho do coração; - Procure aquecer a vítima; - Avalie o status neurológico (ECG); - Remova imediatamente a vítima para o hospital mais próxi- mo. Queimaduras, Insolação e Intermação Queimaduras: São lesões dos tecidos produzidas por substân- cia corrosiva ou irritante, pela ação do calor ou frio e de emanação radioativa. A gravidade de uma queimadura não se mede somente pelo grau da lesão (superficial ou profunda), mas também pela ex- tensão ou localização da área atingida. Didatismo e Conhecimento 45 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo Classificação das Queimaduras 1º Grau: lesão das camadas superficiais da pele com: - Eritema (vermelhidão); - Dor local suportável; - Inchaço. 2º Grau: Lesão das camadas mais profundas da pele com: - Eritema (vermelhidão); - Formação de Flictenas (bolhas); - Inchaço; - Dor e ardência locais, de intensidades variadas. 3º Grau: Lesão de todas as camadas da pele, comprometendo os tecidos mais profundos, podendo ainda alcançar músculos e os- sos. Estas queimaduras se apresentam: - Secas, esbranquiçadas ou de aspecto carbonizadas, - Pouca ou nenhuma dor local; - Pele branca escura ou carbonizada; - Não ocorrem bolhas. Queimaduras de 1º, 2º e 3º grau podem apresentar-se no mesmo acidentado. O risco de morte (gravidade do caso) não está no grau da queimadura, e sim na extensão da superfície atingida e ou da lo- calidade da lesão. Quanto maior a área queimada, maior a gravidade do caso. Avaliação da Área Queimada Use a “regra dos nove” correspondente a superfície corporal: Genitália 1% Cabeça 9% Membros superiores 18% Membros inferiores 36% Tórax e abdômen (anterior) 18% Tórax e região lombar (posterior) 18% Considere: Pequeno queimado - menos de 10% da área corpórea; Grande queimado - Mais de 10% da área corpórea; Importante: Área corpórea para crianças: Cabeça 18% Membros superiores 18% Membros inferiores 28% Tórax e abdômen (anterior) 18% Tórax e região lombar (posterior) 13% Nádegas 5% Como proceder - Afastar a vítima da origem da queimadura; - Retire as vestes, se a peça for de fácil remoção. Caso contrário, abafe o fogo envolvendo-a em cobertor, colcha ou casaco; - Lave a região afetada com água fria e abundante (1ºgrau); - Não esfregue a região atingida, evitando o rompimento das bolhas; - Aplique compressas úmidas e frias utilizando panos limpos; - Faça um curativo protetor com bandagens úmidas; - Mantenha o curativo e as compressas úmidas com soro fisio- lógico; - Não aplique unguentos, graxas, óleos, pasta de dente, marga- rina, etc. sobre a área queimada; - Mantenha a vítima em repouso e evite o estado de choque; - Procure um médico. Importante: Nas queimaduras por soda cáustica, devemos lim- par as áreas atingidas com uma toalha ou pano antes da lavagem, pois o contato destas substâncias com a água cria uma reação quími- ca que produz enorme quantidade de calor. Insolação: É uma perturbação decorrente da exposição direta e prolongada do organismo aos raios solares. Como se manifesta - Pele seca, quente e avermelhada; - Pulso rápido e forte; - Dor de cabeça acentuada; - Sede intensa; - Temperatura do corpo elevada; - Dificuldade respiratória; - Inconsciência. Como proceder - Remova a vítima para um lugar fresco e arejado; - Afrouxe as vestes da vítima; - Mantenha o acidentado em repouso e recostado; - Aplique compressas geladas ou banho frio, se possível; - Procure o hospital mais próximo. Intermação: Perturbação do organismo causada por excessivo calor em locais úmidos e não arejados, dificultando a regulação tér- mica do organismo. Como se manifesta - Dor de cabeça e náuseas; - Palidez acentuada; - Sudorese (transpiração excessiva); - Pulso rápido e fraco; - Temperatura corporal ligeiramente febril; - Inconsciência. Como proceder - Remova a vítima para um lugar fresco e arejado; - Afrouxe as vestes da vítima; - Mantenha o acidentado deitado com a cabeça mais baixa que o resto do corpo. Asfixia e Afogamento Asfixia: Dificuldade ou parada respiratória, podendo ser pro- vocada por: choque elétrico, afogamento, deficiência de oxigênio atmosférico, Obstrução das Vias Aéreas por Corpo Estranho (OVA- CE), etc. A falta de oxigênio pode provocar sequelas dentro de 3 a 5 minutos, caso não haja atendimento conveniente. Como se manifesta - Atitudes que caracterizem dificuldade na respiração; - Ausência de movimentos respiratórios; - Inconsciência; Didatismo e Conhecimento 46 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo - Cianose (lábios, língua e unhas arroxeadas); - Midríase (pupilas dilatadas); - Respiração ruidosa; - Fluxo aéreo diminuído ou ausente. Como proceder - Encoraje ou estimule a vítima a tossir; - Caso a vítima esteja consciente, aplique 5 manobras de Hei- mlich. - Caso esteja inconsciente, aplique duas insulflações e observe sinais da passagem do ar (expansão de tórax); caso não haja, in- tercale 5 Heimlich com a inspeção das vias aéreas para observar a expulsão do corpo estranho, e 2 insuflações, percebendo a parada respiratória e notando sinais da passagem do ar, mantenha 1 insu- flação a cada 5 segundos (12 ipm) até a retomada da respiração ou chegada do socorro especializado. - Para lactentes conscientes, aplique 5 compressões do tórax intercalado de 5 tapotagens (como no desenho) e inspeção das vias aéreas; - Para lactentes inconsciente, aplique duas insulflações (somen- te o ar que se encontra nas bochechas) e observe sinais da passa- gem do ar (expansão de tórax). Caso não haja, intercale 5 Heimlich (como no desenho) com a inspeção das vias aéreas para observar a expulsão do corpo estranho, e 2 insuflações, se perceber a parada respiratória e notar sinais da passagem do ar, mantenha 1 insuflação a cada 3 segundos (20 ipm) até a retomada da respiração ou chegada do socorro especializado. - Em caso de parada cardiorrespiratória (ausência de pulso), executara reanimação cárdio pulmonar (RCP); - Procure o hospital mais próximo. Afogamento: Asfixia provocada pela imersão em meio líquido. Geralmente ocorre por câimbra, mau jeito, onda mais forte, inunda- ção ou enchente e por quem se lança na água sem saber nadar. Como se manifesta - Agitação; - Dificuldade respiratória; - Inconsciência; - Parada respiratória; - Parada cardíaca. Como proceder - Tente retirar a vítima da água utilizando material disponível (corda, boia, remo, etc.) - Em último caso e se souber nadar muito bem, aproxime-se da vítima pelas costas, segure-a e mantenha-a com a cabeça fora d’água (cuidado com o afogamento duplo); - Coloque a vítima deitada em decúbito dorsal, quando fora d’água; - Insista na respiração de socorro se necessário, o mais rápido possível; - Execute a compressão cardíaca externa se a vítima apresentar ausência de pulso e midríase (pupilas dilatadas); - Friccione vigorosamente os braços e as pernas da vítima, esti- mulando a circulação; - Aqueça a vítima; - Remova a vítima para o hospital mais próximo. Ressuscitação Cárdio Pulmonar (Rcp): Conjunto de medidas emergenciais que permitem salvar uma vida pela falência ou insuficiência do sistema respiratório ou car- diovascular. Sem oxigênio as células do cérebro morrem em 10 minutos. As lesões começam após 04 minutos a partir da parada respiratória. Causas da parada cardiorrespiratória (pcr): - Asfixia; - Intoxicações; - Traumatismos; - Afogamento; - Eletrocussão (choque elétrico); - Estado de choque; - Doenças. Como Se Manifesta - Perda de consciência; - Ausência de movimentos respiratórios; - Ausência de pulso; - Cianose (pele, língua, lóbulo da orelha e bases da unhas ar- roxeadas); - Midríase (pupilas dilatadas e sem fotorreatividade). Como proceder - Verifique o estado de consciência da vítima, perguntando-lhe em voz alta: “Posso lhe ajudar?”; - Trate as hemorragias externas abundantes; - Coloque a vítima em decúbito dorsal sobre uma superfície dura; - Verifique se a vítima está respirando (VOS); - Realize a hiperextensão do pescoço. Esta manobra não deverá ser realizada se houver suspeita de lesão na coluna cervical. Nesse caso, realize a tração da mandíbula, sem inclinar e girar a cabeça da vítima ou empurre mandibular; Didatismo e Conhecimento 47 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo - Verifique se as vias aéreas da vítima estão desobstruídas aplicando-lhe duas insulflações pelo método boca-a-boca: - Verifique se a vítima apresenta pulso, caso negativo inicie a compressão cardíaca externa: - Posicione as mãos sobre o externo, 02 cm acima do processo xifóide; - Mantenha os dedos das mãos entrelaçados e afastados do corpo da vítima; - Mantenha os braços retos e perpendiculares ao corpo da vítima; - Inicie a compressão cardíaca comprimindo o peito da vítima em torno de 03 a 05 cm; - Realize as compressões de forma ritmada procurando atingir de 80 a 100 compressões por minuto; - Deve intercalar 02 insulflações a cada 30 compressões. - Após 01 ciclo (02 insulflações e 30 compressões 4 vezes) monitorar novamente os sinais vitais; - Não interrompa a rcp, mesmo durante o transporte, até a recuperação da vítima ou a chegada do socorro especializado. Casos Específicos Ao executar a compressão cardíaca externa em adolescentes ou em crianças, pressione o tórax com uma das mãos, em lactentes apenas com a ponta dos dedos, sendo que para estes deve se fazer 1 insuflação (somente o ar nas bochechas) para 5 compressões, reavaliar a cada ciclo (01 insuflação e 5 compressões 20 vezes) Didatismo e Conhecimento 48 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo Respiração de Socorro Método de Silvester (Modificado) Este método é aplicado nos casos em que não se pode empregar o método boca-a-boca (traumatismos graves de face, envenenamento por cianureto, ácido sulfúrico, ácido clorídrico, soda cáustica, fenol e outras substâncias cáusticas). O método silvestre permite não só o restabele- cimento dos movimentos respiratórios como os do coração. Como proceder - Desobstrua a boca e a garganta da vítima, fazendo tração da língua e retirando corpos estranhos e secreção; - Coloque a vítima em decúbito dorsal; - Eleve o tórax da vítima com auxílio de um travesseiro, cobertor dobrado, casaco ou pilha de jornal, inclinando sua cabeça para trás, provocando a hiperextensão do pescoço; - Ajoelhe-se, coloque a cabeça da vítima entre suas pernas e com os braços paralelos ao corpo; - Segure os punhos da vítima, trazendo seus braços para trás e para junto de suas pernas (rente ao solo); - Volte com os braços da vítima para frente (rente ao solo), cruzando-os sobre o peito (parte inferior do externo 2 cm do processo xifóide); - Pressione o tórax da vítima 05 vezes seguidas; - Volte os braços da vítima para a posição inicial e reinicie o método. Equipamentos para socorros de urgência (sugestão): Prepare sua caixa de primeiros socorros antes de precisar dela. Amanhã, uma vida poderá depender de você. - Algodão - Esparadrapo - Papel e caneta - Ataduras - Estetoscópio - Pinças hemostáticas - Atadura elástica - Gaze esterilizada - Respirador “Ambu” - Cobertor térmico - Lenço Triangular - Sabão - Colar cervical - Luva de procedimen-tos - Soro fisiológico - Compressas limpas - Máscaras - Talas variadas - Curativos protetores - Micropole - Telefones úteis - Cânulas de Guedel - Maca rígida ou KED - Tesoura - Esfignomanômetro - Óculos de proteção - Válvula para RCP Lesões nos ossos e articulações Lesões na espinha (coluna) Providências: Cuidado no atendimento e no transporte (imobilização correta) Fraturas: O primeiro socorro consiste apenas em impedir o deslocamento das partes fraturadas, evitando maiores danos. - Fechadas - Expostas Não faça: não desloque ou arraste a vítima até que a região suspeita de fratura tenha sido imobilizada, a menos que haja eminente perigo (explosões ou trânsito). Luxações ou deslocamentos das juntas (braço, ombro) - Tipoia Entorses e distensões - Trate como se fosse fraturas. - Aplique gelo e compressas frias no local. Contusões - Providencias: repouso do local (imobilização), compressas frias. Qualquer vitima que estiver inconsciente pode ter sofrido pancada na cabeça (concussão cerebral). Didatismo e Conhecimento 49 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo Ferimentos A - leves ou superficiais Procedimentos: Faca limpeza do local com soro fisiológico ou água corrente, curativo com mercúrio cromo ou iodo e cubra o fe- rimento com gaze ou pano limpo, encaminhando a vitima ao pronto Socorro ou UBS. Não tente retirar farpas, vidros ou partículas de metal do ferimento. B - ferimentos extensos ou profundos 1 - ferimentos abdominais abertos Procedimentos: evite mexer em vísceras expostas, cubra com compressa úmida e fixe-a com faixa, removendo a vitima com cui- dado a um pronto-socorro mais próximo. 2 - ferimentos profundos no tórax Procedimentos - cubra o ferimento com gaze ou pano limpo, evitando entrada de ar para o interior do tórax, durante a inspira- ção. Aperte moderadamente um cinto ou faixa em torno do tórax para não prejudicar a respiração da vitima. 3 - ferimentos na cabeça Procedimentos: afrouxe suas roupas, mantenha a vitima deita- da em decúbito dorsal, agasalhada, faca compressas para conter hemorragias, removendo-a ao PS mais próximo. C - Ferimentos Perfurantes: São lesões causadas por acidente com vidros metais, etc. 1 - farpas - Prenda-as com uma atadura sobre uma gaze. 2 - atadura - Nos dedos, mãos, antebraço ou perna, cotovelo ou joelho - Como fazer. 3 - bandagem - Serve para manter um curativo, uma imobi- lização de fratura ou conter provisoriamente uma parte do corpo lesada. Cuidados: - a região deve estar limpa; - os músculos relaxados; - começar das extremidades dos membros lesados para o centro; Importante: qualquer enfaixamento ou bandagem que provoque dor ou arroxeamento na região deve ser afrouxado imediatamente.Torniquetes: São utilizados somente para controlar hemorra- gias nos casos em que a vítima teve o braço ou a perna amputada ou esmagadas. Procura-se diminuir os ferimentos do ferido e, sobretudo, im- pedir a sua morte imediata. Evidentemente, o primeiro socorro, que pode ser feito mesmo por uma pessoa leiga, servirá para que o aci- dentado aguarde a chegada do médico, ou seja, transportado para o hospital mais próximo. Para que alguém se torne útil num socorro urgente, deve ter algumas noções sobre a natureza da lesão e como proceder no caso. Natureza da Lesão: Inicialmente, cumpre saber que se dá o nome de traumatismo a toda lesão produzida no indivíduo por um agente mecânico (martelo, faca, projétil), físico (eletricidade, calor, irradiação atômica), químico (ácido fênico, potassa cáustica) ou, ainda, biológico (picada de animal venenoso). De acordo com essa classificação, devem-se considerar alguns tipos de lesões (e suas consequências imediatas) a requerer socorro urgente. Contusão: É o traumatismo produzido por uma lesão, que tanto poderá traduzir-se por uma mancha escura (equimose) como por um tumor de sangue (hematoma); este, quando se localiza na cabeça, é denominado, vulgarmente, ‘galo’. As contusões são dolorosas e não se acompanham de solução de continuidade da pele. A parte contun- dida deve ficar em repouso sob a ação da bolsa de gelo nas primeiras horas e do banho de luz nos dias subsequentes. Ferida: É o traumatismo produzido por um corte sobre a super- fície do corpo. Corte ou ferida pode ser superficial, afetando apenas a epiderme (escoriação ou arranhadura), ou profundo, provocando hemorragia às vezes mortal. Sendo o ferimento produzido por um punhal, canivete ou projétil, os órgãos profundos, como o coração, podem ser atingidos, causando a morte. As feridas podem ser ainda punctiformes (espetadela de prego), lineares (navalha), irregulares (ferida do couro cabeludo, por queda). Não se deve esquecer que um pequeno ferimento produzido nos dedos ou na mão pode acarretar paralisias definitivas em virtude de serem aí muitos superficiais os tendões e os nervos. Além disso, as feridas podem contaminar-se facilmente, dando lugar a uma infecção purulenta, com febre e for- mação de íngua. As feridas poluídas de terra, fragmentos de roupa etc., estão sujeitas a infecção, inclusive tetânica. Numa emergência, deve-se proteger uma ferida com um curativo qualquer e procurar sustar a hemorragia. Ferida Venenosa: É aquela produzida por um agente vulneran- te envenenado (mordedura de cobras, picada de escorpião, flechas), que inocula veneno ou peçonha nos tecidos, acarretando reação inflamatória local ou envenenamento frequentemente mortal do in- divíduo. O tratamento resume-se em colocar um garrote acima da lesão, extrair o veneno por sucção, retirar o ferrão no caso de inseto, aplicar soro antivenenoso quando indicado, soltar o garrote aos pou- cos e fazer um curativo local com antisséptico e gaze esterilizada. Esmagamento: É uma lesão grave, que afeta os membros. Ocorre nos desastres de trem, atropelamentos por veículos pesados, desmoronamentos etc. O membro atingido sofre verdadeiro tritu- ramento, com fratura exposta, hemorragia e estado de choque da vítima, que necessitará de socorro imediato para não sucumbir por anemia aguda ou choque. Quando o movimento tem de ser destaca- do do corpo, a operação recebe o nome de amputação traumática. Há também os pequenos esmagamentos, afetando dedos, mão, e cuja repercussão sobre o estado geral é bem menor. Resistindo a vítima à anemia aguda e ao choque, poderá estar ainda sujeita à infecção, especialmente gangrenosa e tetânica. Choque: É um estado depressivo decorrente de um traumatis- mo violento, hemorragia acentuada ou queimadura generalizada. Pode também ocorrer em pequenos ferimentos, como os que pe- netram o tórax. Caracteriza-se pelos seguintes sintomas: palidez da face, com lábios arroxeados ou descorados, se há hemorragia; pele fria, principalmente nas mãos e nos pés; suores frios e viscosos na Didatismo e Conhecimento 50 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo face e no tronco; prostração acentuada e voz fraca; falta de ar, res- piração rápida e ansiedade; pulso fraco e rápido; sede, sobretudo se há hemorragia; consciência presente, embora diminuída. Como primeiro socorro, precisa-se deitar o paciente em posição horizon- tal e, havendo hemorragia, elevar os membros e estancar o sangue, aquecendo-se o corpo moderadamente, por meio de cobertores. Hemorragia: É a perda sanguínea através de um ferimento ou pelos orifícios naturais, como as narinas. Quando a hemorragia ultrapassa 500g no adulto, ocorre a anemia aguda, cujos sintomas se assemelham aos do choque (palidez, sede, escurecimento da vista, pulso fraco, descoramento dos lábios, falta de ar e desmaios). A hemorragia venosa caracteriza-se por sangue escuro, jato lento e contínuo (combate-se pela compressão local e não pelo garrote). A hemorragia arterial se distingue pelo sangue vermelho rutilante em jato forte e intermitente (combate-se pela compressão local, quando pequena, e pelo garrote, quando grande). O paciente, em caso de anemia aguda, deve ser tratado como no caso do chocado, requerendo ainda transfusões de sangue, quando sob cuidados médicos. Queimadura: É toda lesão produzida pelo calor sobre a superfí- cie do corpo, em graus maiores ou menores de extensão (queimadura localizada ou generalizada) ou de profundidade (1º, 2º, e 3º graus). Consideram-se ainda queimaduras as lesões produzidas por subs- tância cáustica (ácido fênico), pela eletricidade (queimadura elétri- ca), pela explosão atômica e pelo frio. As diversas formas de calor (chama, explosão, vapor das caldeiras, líquidos ferventes) são, na verdade, as causas principais das queimaduras. São particularmente graves nas crianças e na forma generalizada. Assim, a mortalidade é de 9% nas queimaduras da cabeça e membros superiores; 18% na face posterior ou anterior do tronco, e 18% nos membros inferiores. Como foi dito, classificam-se as queimaduras em três graus: 1º grau, ou eritema, em que a pele fica vermelha e com ardor (queimadura pelo sol); 2º grau ou flictema, com formação de bolhas, contendo um líquido gelatinoso e amarelado. Costuma também ser dolorosa, podendo infectar-se quando se rompe a bolha; e do 3º grau, ou es- cara, em que se verifica a mortificação da pele e tecidos subjacen- tes, transformando-se, mais tarde, numa ulceração sangrante, que se transforma em grande cicatriz. Quando às queimaduras pequenas, basta untá-las com vaselina ou pomadas antissépticas, mas, quando ocorrem as queimaduras extensas, o primeiro socorro deve dirigir-se para o estado geral contra o choque, em geral iminente. Distorção: Decorre de um movimento violento e exagerado de uma articulação, como o tornozelo. Não deve ser confundida com a luxação, em que a extremidade do osso se afasta de seu lugar. É uma lesão benigna, embora muito dolorosa, acompanhando-se de inchação da junta e impossibilidade de movimento. A imobilização deve ser primeiro socorro, podendo empregar-se também bolsa de gelo, nas primeiras horas. Luxação: Caracteriza-se pela saída da extremidade óssea, que forma uma articulação, mantendo-se fora do lugar em caráter per- manente. Em certos casos a luxação se repete a um simples movi- mento (luxação reincidente). As luxações mais comuns são as da mandíbula e do ombro. O primeiro socorro consiste no repouso e imobilização da parte afetada. Fratura: É toda solução de continuidade súbita e violenta de um osso. A fratura pode ser fechada quando não houver rompimento da pele, ou aberta (fratura exposta) quando a pele sofre solução de continuidade no local da lesão óssea. As fraturas são mais comuns ao nível dos membros, podendo ser únicas ou múltiplas. Na primeira infância, é frequente a fratura da clavícula. Como causas de fraturas citam-se, principalmente, as quedas e os atropelamentos. Localiza- çõesprincipais: - fratura dos membros, as mais comuns, tornando-se mais gra- ves e de delicado tratamento quanto mais próximas do tronco; - fratura da bacia, em geral grave, acompanhando-se de choque e podendo acarretar lesões da bexiga e do reto, com hemorragia in- terna; - fratura do crânio, das mais graves, por afetar o encéfalo, pro- tegido por aquele; as lesões cerebrais seriam responsáveis pelo cho- que, paralisia dos membros, coma e morte do paciente. A fratura do crânio é uma ocorrência mais comum nas grandes cidades, devido aos acidentes automobilísticos, e apresenta maior índice de mortali- dade em relação às demais. O primeiro socorro precisa vir através de aparelho respiratório, pois os pacientes podem sucumbir por asfixia. Deve-se lateralizar a cabeça, limpar-lhe a boca com o dedo protegi- do por um lenço e vigiar a respiração. Não se deve esquecer que o choque pode também ocorrer, merecendo os devidos cuidados; - fratura da coluna: ocorre, em geral, nas quedas, atropelamen- tos e nos mergulhos em local raso, sendo tanto mais grave o prog- nóstico quanto mais alta a fratura; suspeita-se desta fratura, quando o paciente, depois de acidentado, apresenta-se com os membros inferiores paralisados e dormentes; as fraturas do pescoço são qua- se sempre fatais. Faz-se necessário um cuidado especial no sentido de não praticar manobras que possam agravar a lesão da medula; coloca-se o paciente estendido no solo em posição horizontal, com o ventre para cima; o choque também pode ocorrer numa fratura dessas. Irradiação Atômica: As explosões atômicas determinam dois tipos de lesões. A primeira, imediata, provocada pela ação calórica desenvolvida, e a segunda, de ação progressiva, determinada pela radioatividade. Nos pacientes atingidos, o primeiro socorro deve ser o da sua remoção do local, combate ao choque e tratamento das queimaduras quase sempre generalizadas. Não se pode ignorar o perigo que existe em lidar com tais enfermos, no que se refere à radioatividade. Retirada do Local: O paciente pode ficar preso às ferragens de um veículo, escombros de um desabamento ou desacordado pela fumaça de um incêndio. Sua remoção imediata é, então, necessária. Assim procedendo, evita-se a sua morte, o que justifica processo de remoção até certo ponto perigoso mas indispensável. O socorrista deve conduzir-se com prudência e serenidade, embora, em certas ocasiões, a retirada do paciente deve ser a mais rápida possível. Em certas circunstâncias, será necessário recorrer ao Corpo de Bombei- ros e a operários especializados, a fim de libertar a vítima. Enquanto se espeta esse socorro, deve-se tranquilizar a vítima, procurando es- tancar a hemorragia, se a houver, e recorrer a medidas que facilitem a respiração, já que em certas circunstâncias pode ser precário o teor de oxigênio da atmosfera local. Isso é muito importante para a so- brevivência do paciente. Didatismo e Conhecimento 51 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo Posição do Acidentado: O decúbito dorsal, com o corpo es- tendido horizontalmente, é a posição mais aconselhável. A posição sentada favorece o desmaio e o choque, fato nem sempre do conhe- cimento do leigo. Quando a vítima está inconsciente, é preciso co- locá-la de lado, ou apenas com a cabaça lateralizada, para que possa respirar melhor e não sofra asfixia no decurso do vômito. Havendo fratura da mandíbula e lesões da boca, é preferível colocar o pacien- te em decúbito ventral. Somente os portadores de lesões do tórax, dos membros superiores e da face, desde que não sofram desmaios. Identificação das Lesões: Estando o paciente em local ade- quado, deve-se, imediatamente, identificar certas lesões mais sérias, como ferimentos que sangram, fratura do crânio, choque, anemia aguda ou asfixia, capazes de vitimar o paciente, se algo de imediato não for feito. Eis a orientação que se deve dar ao diagnóstico dessas lesões: - hemorragia, que se denuncia nas próprias vestes pelas man- chas de sangue; basta, então, rasgar a fazenda no local suspeito, para que se localize o ferimento; - fratura do crânio, cujo diagnóstico deverá ser levantado quan- do o indivíduo, vítima de um acidente, permanece desacordado e, sobre tudo, se ele sangra pelo ouvido ou pelo nariz; - fratura de membros, posta em evidência pela deformação lo- cal, dificuldade de movimentos e dor ao menor toque da lesão; - fratura da coluna vertebral, quando o paciente apresenta para- lisia de ambos os membros inferiores que permanecem dormentes, indolores mas sem movimentos; - choque e anemia aguda, com o paciente pálido, pulso fraco, sede intensa, vista escura, suores frios e ansiedade com falta de ar; - luxação, tornando-se o membro incapaz de movimentos, dolo- roso e deformado ao nível da junta; - distorção, com dificuldade de movimento na articulação afeta- da, apresentando-se este bastante dolorosa e inchada; - queimadura, fácil de diagnóstico pela maneira que se produ- ziu; resta verificar a sua extensão e gravidade, o que pode ser orien- tado pela queimadura das peças do vestuário que ficam carbonizadas em contato com o tegumento; no caso de queimadura generalizada, suspeitar, logo, de um estado de choque e não esquecer da alta gra- vidade nas crianças; - asfixia, que pode ocorrer nos traumatismos do tórax, de crâ- nio, queimaduras generalizadas e traumatismo da face. Identifica-se esta condição pela coloração arroxeada da face (cianose), a dificul- dade de respirar e de consciência que logo se instala. Medidas de Emergência Após a identificação de uma das lesões já focalizadas, pode-se seguir a seguinte orientação: Estancar a hemorragia (Hemostásia): Quando a hemorragia é pequena ou venenosa, é preferível fazer uma compressão sobre o ferimento, utilizando-se um pedaço de gaze, um lenço bem limpo ou pedaço de algodão; sobre este curativo passa-se uma gaze ou uma tira de pano. Quando, todavia, a hemorragia é abundante ou arte- rial, começa por improvisar um garrote (tubo de borracha, gravata ou cinto) que será colocado uns quatro dedos transversos acima do ferimento, apertando-se até que a hemorragia cesse. Caso o socorro médico demore, cada meia hora afrouxa-se o garrote por alguns se- gundos, apertando-o novamente; na hemorragia pelas narinas basta comprimir com o dedo, externamente, a asa do nariz; finalmente, em caso de hemorragia pós-parto ou pós-aborto, deve-se colocar a paciente numa posição de declive, mantendo-se o quadril e os mem- bros inferiores em nível mais elevado. Em casos excepcionais, o ferimento pode estar localizado numa região difícil de se colocar um garrote; procede-se, então, pelo método da compressão ao nível da ferida; pode-se, inclusive, utilizar o dedo ou a mão, num caso de extrema hemorragia. Combater o choque e a anemia aguda: Começa-se por colocar o paciente, sem travesseiros ou qualquer suporte sob a cabeça, man- tendo ou membros inferiores em nível mais elevado; removem-se todas as peças do vestuário que se encontram molhadas, para que não se agrave o resfriamento do enfermo; cobre-se, em seguida, o seu corpo com cobertores ou roupas de que se dispõe no momento, a fim de aquecê-lo. A vítima pode ingerir chá ou café quente se estiver consciente e sem vômitos; ao mesmo tempo, deve-se tranquilizá- -la, prometendo-lhe um socorro médico imediato e dizendo-lhe da vantagem de ficar imóvel. mesmo no caso dos queimados, observa- -se um resfriamento das extremidades do paciente, havendo neces- sidade de usar cobertores sobre o mesmo. Não convém esquecer-se, também, a sobreposição de cobertores do leito; embora o aqueci- mento do enfermo possa tornar-se perigoso, se provocar sudorese. Imobilizar as fraturas: O primeiro socorro essencial de um fraturado é a sua imobilização por qualquer meio; podem-se impro- visar talas com ripas de madeira, pedaço de papelão, ou, no caso de membro inferior, calha de zinco; nas fraturas de membros superior, as tipóias são mais aconselháveis. Quando o pacienteé fraturado de coluna, a imobilização deve cingir-se ao repouso completo numa posição adequada, de preferência o decúbito dorsal com extensão do corpo. Vigiar a respiração: É muito importante nos traumatizados observar a respiração, principalmente quando eles se encontram in- conscientes. A respiração barulhenta, entrecortada ou imperceptível deve despertar no observador a suspeita de dificuldade respiratória, com a possibilidade de asfixia. Começa-se por limpar a boca do pa- ciente de qualquer secreção, sangue ou matéria vomitada, o que se pode fazer entreabrindo a boca da vítima e colocando uma rolha entre a arcada dentária a fim de, com o dedo envolvido em um len- ço, proceder a limpeza. Em complemento, ao terminar a limpeza, lateriza-se a cabeça, fecha-se a boca do paciente segurando-lhe a cabeça um pouco para trás. Isso permitirá que a respiração se faça melhor. Havendo parada respiratória, é preciso iniciar, imediata- mente, a respiração artificial boca-a-boca ou por compressão ritma- da da base do tórax (16 vezes por minuto). Não se deve esquecer que a ventilação do local com ar puro se torna muito importante para qualquer paciente chocado, anemiado ou asfíxico. Os fraturados da mandíbula, com lesões da língua e da boca, deverão ser colocados em decúbito ventral com a cabeça leterizada, para que a respiração se torne possível. Remoção de corpos estranhos: Os ferimentos que se apresen- tam inoculados de fragmentos de roupa, pedaços de madeira etc., podem ser lavados com água fervida se o socorro médico vai tar- dar; no caso, porém, de o corpo estranho estar representado por uma faca ou haste metálica, que se encontra encravada profundamente, é preferível não retirá-lo, pois poderá ocorrer hemorragia mortal. No Didatismo e Conhecimento 52 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo caso de empalação, deve-se serrar a haste pela sua base e transportar o paciente para o hospital, a fim de que lá seja removido o corpo estranho. Quando o corpo estranho estiver prejudicando a respira- ção, como no caso dos traumatismos da boca e nariz, cumpre fazer tudo para removê-lo de modo a favorecer a respiração. Não se deve esquecer que os pequenos corpos estranhos (espinhos de roseira, far- pas de madeira, espinhos de ouriço-do-mar) podem servir de veículo para o bacilo de tétano, o que poderá ser fatal. Socorro ao queimado: Faz-se necessário considerar as quei- maduras limitadas e as generalizadas. No primeiro caso, o socorro urgente consistirá em proteger a superfície queimada com gaze ou um pano limpo; no segundo caso, o choque deve ser a primeira preo- cupação. Deve-se pensar nele mesmo antes que se instale, cuidando logo de colocar o paciente em repouso absoluto, protegê-lo contra o resfriamento, fazê-lo ingerir bebidas quentes e tranquilizá-lo. Nesse último caso, o tratamento local ocupa um segundo plano. Eis um resumo do tratamento local das queimaduras: - queimadura do 1º grau: protege-se a superfície queimada com vaselina esterilizada ou pomada analgésica; - queimadura do 2º grau: evitar a ruptura das bolhas, fazendo um curativo com gaze esterilizada em que se pode estender uma leve camada de pomada antisséptica ou com antibiótico; a seguir, o curativo precisa ser resguardado com algodão; quando a superfície queimada se acha suja com fragmentos queimados etc., torna-se ne- cessária uma limpeza com sabão líquido ou água morna fervida, uti- lizando-se, para isto, uma compressa de gaze; enxuga-se em seguida a superfície queimada, fazendo-se um curativo com pomada acima referida; no caso de queimaduras poluídas com resíduos queimados, haverá necessidade de um antibiótico e de soro antitetânico. A reno- vação do curativo só deve ser feita cinco a sete dias depois, a não ser que haja inflamação, febre e dor; para retirá-lo basta umedecer com soro fisiológico morno ou água morna fervida; - queimadura do 3º grau: o tratamento é igual a queimadura do 2º grau; o problema principal é a limpeza da superfície queimada, quando esta se encontra poluída por resíduos carbonizados; neste caso, pode-se empregar sabão líquido e água ou soro fisiológico mornos; - recomendações especiais: as queimaduras do rosto e partes genitais devem receber curativos de vaselina esterilizada; as quei- maduras de 30% do corpo, sobretudo do tronco, e, principalmente, na criança, estão sujeitas ao choque e mesmo à morte do paciente; exigem, portanto, um tratamento no hospital, de preferência em ser- viços especializados. As complicações mais terríveis das queimadu- ras são: inicialmente, o choque; posteriormente, as infecções, inclu- sive tetânica, a toxemia com graves distúrbios gerais, e, finalmente, as cicatrizes viciosas que deformam o corpo do paciente e provocam aderências. Socorro aos contaminados por raiva: Os indivíduos com feri- mentos produzidos por animais com hidrofobia (cão, gato, morce- go etc.) devem Ter seus ferimentos tratados de maneiro já referida no item de feridas; há, todavia, um cuidado especial na maneira de identificar a raiva no animal agressor, como também de orientar i paciente, sem perda de tempo, para que faça o tratamento anti-rábi- co imediato; a rapidez do mesmo será tanto mais imperiosa quanto maior o número de lesões produzidas e quanto mais próximos da cabeça tais ferimentos. Socorro ao asfixiado: Em certos tipos de traumatismo como aqueles que atingem a cabeça, a boca, o pescoço, o tórax; os que são produzidos por queimaduras no decurso de um incêndio; os que ocorrem no mar, nos soterramentos etc. poderá haver dificuldade respiratória e o paciente corre mais risco de morrer pela asfixia do que pelas lesões traumáticas. Nesse caso, a identificação da dificul- dade respiratória pela respiração barulhenta nos indivíduos incons- cientes, pela falta de ar de que se queixam os conscientes, ou ainda, pela cianose acentuada do rosto e dos lábios, servirá de guia para o socorro à vítima. A norma principal é favorecer a passagem do ar através da boca e das narinas; colocar, inicialmente, o paciente em decúbito ventral, com cabeça baixa, desobstruir a boca e as narinas, manter o seu pescoço em linha reta, mediante a projeção do quei- xo para trás, o que se poderá fazer tracionando a mandíbula com os dedos, como se fora para manter fechada a boca do socorrido; se houver vômitos, vira-se a cabeça da vítima para o lado até que cessem, limpando-lhe a boca em seguida. Não se deve esquecer de colocar o paciente em ambiente de ventilação adequada e ar puro. A parada respiratória requer imediata respiração artificial, contínua e incessante, num ritmo de 16 vezes por minuto, até que chegue o socorro médico, não importando que atinja uma hora ou mais. Transporte do paciente: Algumas vezes é indispensável trans- portar a vítima utilizando meios improvisados, a fim de que se be- neficie de um socorro médico adequado; em princípio, o leigo não deverá fazer o transporte de qualquer paciente em estado aparente- mente grave, enquanto estiver perdendo sangue, enquanto respiran- do mal, enfim, enquanto duas condições não pareçam satisfatórias. O transporte pode por si só causar a morte de um paciente trau- matizado. Tomando em consideração essas observações, devem-se verificar as condições gerais do enfermo, o veículo a ser utilizado, o tempo necessário ao transporte. Havendo meios de comunicação, será útil pedir instruções ao hospital mais próximo. Estabelecida a necessidade do transporte, torna-se necessário observar os seguintes detalhes: - remoção do paciente para o veículo, o que deverá ser feito evitando aumentar as lesões existentes, sobretudo no caso de fratura de coluna e de membros; em casos especiais, o transporte pode ser feito por meio de veículos a motor, padiolas e, mais excepcional- mente por avião; - veículo utilizado: deve atender, em primeiro lugar, ao conforto do paciente; os caminhões ou caminhonetes prestam-se melhor a esse mister; - caminho a percorrer: é desnecessário encarecer a importânciado repouso dos traumatizados, evitando abalos durante o transpor- te; pode ser necessário sustá-lo, caso as condições do enfermo se agravem; - acompanhante: a vítima deve ser acompanhada por pessoa es- clarecida que lhe possa ser útil durante a viagem; - observação: o transporte em avião constitui um dos melhores pela ausência de trepidação e maior rapidez; todavia, a altitude pode ser nociva para pacientes gravemente traumatizados de tórax, sobretudo se estiverem escarrando sangue ou com falta de ar. Nova Regra de Ressuscitação (18/10/2010) De acordo com as novas diretrizes de ressuscitação cardiopul- monar, divulgadas, a massagem cardíaca sem a respiração boca a boca é tão eficaz quanto os dois procedimentos em sequência, quan- do realizada por leigos. Segundo a AHA (American Heart Associa- Didatismo e Conhecimento 53 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo tion), órgão americano que divulgou as novas normas, as chances de sucesso de uma pessoa que faz a massagem cardíaca corretamente são praticamente as mesmas de quem opta pela dobradinha, além de contar com a vantagem de se ganhar tempo – essencial no processo. Pela nova norma, a respiração deve ainda ser padrão para os profissionais de saúde, que sabem fazê-la com a qualidade e agilida- de adequada. Se a vítima da parada cardíaca não receber nenhuma ajuda em até oito minutos, a chance de ela sobreviver não passa de 15%. Já ao receber a massagem, a chance aumenta para quase 50% até a chegada da equipe de socorro, que assumirá o trabalho. - 1º. Antes de ajudar o desacordado, tenha certeza de que o lugar é seguro para você e para fazer o atendimento. Caso contrário, serão duas vítimas. - 2º. Avalie o nível de consciência da vítima, vendo se está acor- dada e perguntando se está bem. - 3º. Ver se a pessoa tem algum sinal de vida, se está respirando. Para isso, recline a cabeça dela, levantando levemente o queixo para cima. Chegue próximo ao rosto e sinta se há respiração, mesmo que espaçada. Se não houver, comece a massagem cardíaca. - 4º. Conhecida no termo médico como compressão torácica, a massagem cardíaca deve ser realizada no meio do peito (entre os dois mamilos), com o movimento das mãos entrelaçadas (uma em cima da outra) sob braços retos, que devem fazer ao menos cem movimentos de compressão por minuto, de forma rápida e forte. Os movimentos servem para retomar a circulação do sangue e, consequentemente de oxigênio, para o coração e o cérebro, inter- rompida quando o coração para. Não espere mais de dez segundos para começar a compressão e a faça até o resgate chegar, sem qual- quer interrupção. Como demanda esforço físico, tente revezar com outra pessoa, de forma coordenada, se puder. O cardiologista explica que a mudança se deu com o intuito de facilitar o processo e impedir que pessoas desistam de fazê-lo pelo receio de encostar sua boca na boca de desconhecidos. Algumas pesquisas nos Estados Unidos mostraram que o número de ressus- citações havia diminuído muito em cidades onde o número era alto, por causa do medo de contrair doenças pela boca. 10 ESTATUTO DO DESARMAMENTO (LEI Nº 10.826/2003): CAPÍTULO III (ARTS. 4º A 10º), CAPÍTULO IV (ARTS. 12 A 20) E CAPÍTULO V (ART. 25). O controle de armas é uma matéria polêmica e foi, inclusive, objeto do segundo referendo da história do Brasil, por isso requer prudente formatação legal. Não por outro motivo, há dezenas de proposições em tramitação convergindo nesse sentido. Tal processo de revisão reveste-se de refletida apreciação por parte do Parlamen- to. Segundo dados do Ministério da Saúde, a taxa de homicídios no Brasil chegou a 20,4 por 100 mil habitantes em 2010, e na faixa de jovens de 15 a 29 anos, essa taxa passa para 44,2, uma das mais altas do mundo. Cerca de 70% desses homicídios são perpetrados por armas de fogo. Ou seja, morrem no Brasil, anualmente, cerca de 27 mil pessoas por ano vítimas de armas de fogo, ou 75 pessoas por dia. Isso significa que, de 1980 a 2010, mais de quinhentas mil pessoas foram mortas por arma de fogo, das quais mais de trezentos mil jovens. O Brasil não pode se conformar com essa triste realidade. Para tanto é preciso reduzir a facilidade de acesso a armas de fogo e aca- bar com a cultura da violência, que dificultam a construção de uma cultura de paz. Por essa razão, a Câmara dos Deputados se sente corresponsá- vel pela manutenção do espírito do Estatuto do desarmamento que ora se reedita, de forma a não permitir que o uso de armas de fogo sem controle coloque em risco a vida de milhares de jovens e de toda a população de uma maneira geral. Em seguida, considerando o que prevê o Edital do presente con- curso iremos tratar os dispositivos legais do Estatuto do Desarma- mento que serão abordados em sua prova. LEI No 10.826, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2003. Dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas – Sinarm, defi- ne crimes e dá outras providências. CAPÍTULO III (ARTS. 4º A 10º) Art. 4o Para adquirir arma de fogo de uso permitido o interes- sado deverá, além de declarar a efetiva necessidade, atender aos se- guintes requisitos: I - comprovação de idoneidade, com a apresentação de certi- dões negativas de antecedentes criminais fornecidas pela Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e de não estar respondendo a inquérito policial ou a processo criminal, que poderão ser fornecidas por meios eletrônicos; (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) II – apresentação de documento comprobatório de ocupação lícita e de residência certa; III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicoló- gica para o manuseio de arma de fogo, atestadas na forma disposta no regulamento desta Lei. § 1o O Sinarm expedirá autorização de compra de arma de fogo após atendidos os requisitos anteriormente estabelecidos, em nome do requerente e para a arma indicada, sendo intransferível esta au- torização. § 2o A aquisição de munição somente poderá ser feita no calibre correspondente à arma registrada e na quantidade estabelecida no regulamento desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) § 3o A empresa que comercializar arma de fogo em território nacional é obrigada a comunicar a venda à autoridade competente, como também a manter banco de dados com todas as características da arma e cópia dos documentos previstos neste artigo. § 4o A empresa que comercializa armas de fogo, acessórios e munições responde legalmente por essas mercadorias, ficando re- gistradas como de sua propriedade enquanto não forem vendidas. § 5o A comercialização de armas de fogo, acessórios e munições entre pessoas físicas somente será efetivada mediante autorização do Sinarm. § 6o A expedição da autorização a que se refere o § 1o será con- cedida, ou recusada com a devida fundamentação, no prazo de 30 (trinta) dias úteis, a contar da data do requerimento do interessado. § 7o O registro precário a que se refere o § 4o prescinde do cum- primento dos requisitos dos incisos I, II e III deste artigo. § 8o Estará dispensado das exigências constantes do inciso III do caput deste artigo, na forma do regulamento, o interessado em adquirir arma de fogo de uso permitido que comprove estar autorizado a portar arma com as mesmas características daquela a ser adquirida. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) Didatismo e Conhecimento 54 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo Art. 5o O certificado de Registro de Arma de Fogo, com va- lidade em todo o território nacional, autoriza o seu proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua residência ou domicílio, ou dependência desses, ou, ainda, no seu local de tra- balho, desde que seja ele o titular ou o responsável legal pelo estabe- lecimento ou empresa. (Redação dada pela Lei nº 10.884, de 2004) § 1o O certificado de registro de arma de fogo será expedido pela Polícia Federal e será precedido de autorização do Sinarm. § 2o Os requisitosde que tratam os incisos I, II e III do art. 4o deverão ser comprovados periodicamente, em período não inferior a 3 (três) anos, na conformidade do estabelecido no regulamento desta Lei, para a renovação do Certificado de Registro de Arma de Fogo. § 3o O proprietário de arma de fogo com certificados de registro de propriedade expedido por órgão estadual ou do Distrito Federal até a data da publicação desta Lei que não optar pela entrega espontânea prevista no art. 32 desta Lei deverá renová-lo mediante o pertinente registro federal, até o dia 31 de dezembro de 2008, ante a apresentação de documento de identificação pessoal e comprovante de residência fixa, ficando dispensado do pagamento de taxas e do cumprimento das demais exigências constantes dos incisos I a III do caput do art. 4o desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) (Prorrogação de prazo) § 4o Para fins do cumprimento do disposto no § 3o deste arti- go, o proprietário de arma de fogo poderá obter, no Departamento de Polícia Federal, certificado de registro provisório, expedido na rede mundial de computadores - internet, na forma do regulamento e obedecidos os procedimentos a seguir: (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) I - emissão de certificado de registro provisório pela internet, com validade inicial de 90 (noventa) dias; e (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) II - revalidação pela unidade do Departamento de Polícia Fe- deral do certificado de registro provisório pelo prazo que estimar como necessário para a emissão definitiva do certificado de registro de propriedade. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) CAPÍTULO III DO PORTE Art. 6o É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo para os casos previstos em legislação própria e para: I – os integrantes das Forças Armadas; II – os integrantes de órgãos referidos nos incisos do caput do art. 144 da Constituição Federal; III – os integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados e dos Municípios com mais de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei; IV - os integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais de 50.000 (cinquenta mil) e menos de 500.000 (quinhen- tos mil) habitantes, quando em serviço; (Redação dada pela Lei nº 10.867, de 2004) V – os agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligên- cia e os agentes do Departamento de Segurança do Gabinete de Se- gurança Institucional da Presidência da República; VI – os integrantes dos órgãos policiais referidos no art. 51, IV, e no art. 52, XIII, da Constituição Federal; VII – os integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas prisionais, os integrantes das escoltas de presos e as guardas por- tuárias; VIII – as empresas de segurança privada e de transporte de va- lores constituídas, nos termos desta Lei; IX – para os integrantes das entidades de desporto legalmente constituídas, cujas atividades esportivas demandem o uso de armas de fogo, na forma do regulamento desta Lei, observando-se, no que couber, a legislação ambiental. X - integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho, cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário. (Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007) XI - os tribunais do Poder Judiciário descritos no art. 92 da Constituição Federal e os Ministérios Públicos da União e dos Es- tados, para uso exclusivo de servidores de seus quadros pessoais que efetivamente estejam no exercício de funções de segurança, na forma de regulamento a ser emitido pelo Conselho Nacional de Jus- tiça - CNJ e pelo Conselho Nacional do Ministério Público - CNMP. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012). § 1o As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI do caput deste artigo terão direito de portar arma de fogo de propriedade particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, nos termos do regulamento desta Lei, com validade em âmbito nacional para aquelas constantes dos incisos I, II, V e VI. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) § 2o A autorização para o porte de arma de fogo aos integrantes das instituições descritas nos incisos V, VI, VII e X do caput deste artigo está condicionada à comprovação do requisito a que se refere o inciso III do caput do art. 4o desta Lei nas condições estabeleci- das no regulamento desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) § 3o A autorização para o porte de arma de fogo das guardas mu- nicipais está condicionada à formação funcional de seus integrantes em estabelecimentos de ensino de atividade policial, à existência de mecanismos de fiscalização e de controle interno, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei, observada a supervisão do Ministério da Justiça. (Redação dada pela Lei nº 10.884, de 2004) § 4o Os integrantes das Forças Armadas, das polícias federais e estaduais e do Distrito Federal, bem como os militares dos Estados e do Distrito Federal, ao exercerem o direito descrito no art. 4o, ficam dispensados do cumprimento do disposto nos incisos I, II e III do mesmo artigo, na forma do regulamento desta Lei. § 5o Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 (vinte e cinco) anos que comprovem depender do emprego de arma de fogo para prover sua subsistência alimentar familiar será concedido pela Polícia Federal o porte de arma de fogo, na categoria caçador para subsistência, de uma arma de uso permitido, de tiro simples, com 1 (um) ou 2 (dois) canos, de alma lisa e de calibre igual ou inferior a 16 (dezesseis), desde que o interessado comprove a efetiva necessidade em requerimento ao qual deverão ser anexados os seguintes documentos: (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) I - documento de identificação pessoal; II - comprovante de residência em área rural; e III - atestado de bons antecedentes. § 6o O caçador para subsistência que der outro uso à sua arma de fogo, independentemente de outras tipificações penais, responderá, conforme o caso, por porte ilegal ou por disparo de arma de fogo de uso permitido. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) § 7o Aos integrantes das guardas municipais dos Municípios que integram regiões metropolitanas será autorizado porte de arma de fogo, quando em serviço. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) Didatismo e Conhecimento 55 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo Art. 7o As armas de fogo utilizadas pelos empregados das em- presas de segurança privada e de transporte de valores, constituídas na forma da lei, serão de propriedade, responsabilidade e guarda das respectivas empresas, somente podendo ser utilizadas quando em serviço, devendo essas observar as condições de uso e de armaze- nagem estabelecidas pelo órgão competente, sendo o certificado de registro e a autorização de porte expedidos pela Polícia Federal em nome da empresa. § 1o O proprietário ou diretor responsável de empresa de se- gurança privada e de transporte de valores responderá pelo crime previsto no parágrafo único do art. 13 desta Lei, sem prejuízo das demais sanções administrativas e civis, se deixar de registrar ocor- rência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de armas de fogo, acessórios e muni- ções que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas depois de ocorrido o fato. § 2o A empresa de segurança e de transporte de valores deverá apresentar documentação comprobatória do preenchimento dos re- quisitos constantes do art. 4o desta Lei quanto aos empregados que portarão arma de fogo. § 3o A listagem dos empregados das empresas referidas neste artigo deverá ser atualizada semestralmente junto ao Sinarm. Art. 7º-A. As armas de fogo utilizadas pelos servidores das instituições descritas no inciso XI do art. 6o serão de propriedade, responsabilidade e guarda das respectivas instituições, somente po- dendo ser utilizadas quando em serviço,devendo estas observar as condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão com- petente, sendo o certificado de registro e a autorização de porte ex- pedidos pela Polícia Federal em nome da instituição. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) § 1º A autorização para o porte de arma de fogo de que trata este artigo independe do pagamento de taxa. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) § 2º O presidente do tribunal ou o chefe do Ministério Público designará os servidores de seus quadros pessoais no exercício de funções de segurança que poderão portar arma de fogo, respeitado o limite máximo de 50% (cinquenta por cento) do número de ser- vidores que exerçam funções de segurança. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) § 3º O porte de arma pelos servidores das instituições de que trata este artigo fica condicionado à apresentação de documentação comprobatória do preenchimento dos requisitos constantes do art. 4o desta Lei, bem como à formação funcional em estabelecimen- tos de ensino de atividade policial e à existência de mecanismos de fiscalização e de controle interno, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) § 4º A listagem dos servidores das instituições de que trata este artigo deverá ser atualizada semestralmente no Sinarm. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) § 5º As instituições de que trata este artigo são obrigadas a re- gistrar ocorrência policial e a comunicar à Polícia Federal eventual perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de armas de fogo, acessórios e munições que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas depois de ocorrido o fato. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) Art. 8o As armas de fogo utilizadas em entidades desportivas legalmente constituídas devem obedecer às condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, respondendo o possuidor ou o autorizado a portar a arma pela sua guarda na forma do regulamento desta Lei. Art. 9o Compete ao Ministério da Justiça a autorização do porte de arma para os responsáveis pela segurança de cidadãos estrangei- ros em visita ou sediados no Brasil e, ao Comando do Exército, nos termos do regulamento desta Lei, o registro e a concessão de porte de trânsito de arma de fogo para colecionadores, atiradores e caça- dores e de representantes estrangeiros em competição internacional oficial de tiro realizada no território nacional. Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo de uso permitido, em todo o território nacional, é de competência da Polícia Federal e somente será concedida após autorização do Sinarm. § 1o A autorização prevista neste artigo poderá ser concedida com eficácia temporária e territorial limitada, nos termos de atos regulamentares, e dependerá de o requerente: I – demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício de ati- vidade profissional de risco ou de ameaça à sua integridade física; II – atender às exigências previstas no art. 4o desta Lei; III – apresentar documentação de propriedade de arma de fogo, bem como o seu devido registro no órgão competente. § 2o A autorização de porte de arma de fogo, prevista neste ar- tigo, perderá automaticamente sua eficácia caso o portador dela seja detido ou abordado em estado de embriaguez ou sob efeito de subs- tâncias químicas ou alucinógenas. CAPÍTULO IV (ARTS. 12 A 20) CAPÍTULO IV DOS CRIMES E DAS PENAS Posse irregular de arma de fogo de uso permitido Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessó- rio ou munição, de uso permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa: Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. Omissão de cautela Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade: Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança e transporte de valo- res que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato. Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depó- sito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Didatismo e Conhecimento 56 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver registrada em nome do agente. (Vide Adin 3.112-1) Disparo de arma de fogo Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável. (Vide Adin 3.112-1) Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, re- meter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou artefato; II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz; III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar; IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado; V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente; e VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo. Comércio ilegal de arma de fogo Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, adulterar, vender, ex- por à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial ou indus- trial, para efeito deste artigo, qualquer forma de prestação de ser- viços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em residência. Tráfico internacional de arma de fogo Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do ter- ritório nacional, a qualquer título, de arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente: Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. Art. 19.Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumen- tada da metade se a arma de fogo, acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito. Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é aumentada da metade se forem praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6o, 7o e 8o desta Lei. CAPÍTULO V (ART. 25). Art. 25. As armas de fogo apreendidas, após a elaboração do laudo pericial e sua juntada aos autos, quando não mais interessarem à persecução penal serão encaminhadas pelo juiz competente ao Co- mando do Exército, no prazo máximo de 48 (quarenta e oito) horas, para destruição ou doação aos órgãos de segurança pública ou às Forças Armadas, na forma do regulamento desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) § 1o As armas de fogo encaminhadas ao Comando do Exército que receberem parecer favorável à doação, obedecidos o padrão e a dotação de cada Força Armada ou órgão de segurança pública, atendidos os critérios de prioridade estabelecidos pelo Ministério da Justiça e ouvido o Comando do Exército, serão arroladas em relatório reservado trimestral a ser encaminhado àquelas instituições, abrin- do-se-lhes prazo para manifestação de interesse. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) § 2o O Comando do Exército encaminhará a relação das armas a serem doadas ao juiz competente, que determinará o seu perdimento em favor da instituição beneficiada. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) § 3o O transporte das armas de fogo doadas será de responsabilidade da instituição beneficiada, que procederá ao seu cadastramento no Sinarm ou no Sigma. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) § 4o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) § 5o O Poder Judiciário instituirá instrumentos para o encaminhamento ao Sinarm ou ao Sigma, conforme se trate de arma de uso permitido ou de uso restrito, semestralmente, da relação de armas acauteladas em juízo, mencionando suas características e o local onde se encontram. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) 11 RELAÇÕES HUMANAS. 11.1 QUALIDADE NO ATENDIMENTO AO PÚBLICO: COMUNICABILIDADE; APRESENTAÇÃO; ATENÇÃO; CORTESIA; INTERESSE; PRESTEZA; EFICIÊNCIA; TOLERÂNCIA; DISCRIÇÃO; CONDUTA; OBJETIVIDADE. 11.2 TRABALHO EM EQUIPE. Relações Humanas Falar em relações humanas é considerar todo tipo de relação social ou interação entre os indivíduos. Esta é uma questão abordada por diversas ciências, dentre elas, a sociologia, a antropologia, a bio- logia, a política, economia, as ciências naturais, enfim, tudo aquilo que envolve o homem lá estão às relações humanas. Didatismo e Conhecimento 57 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo No trabalho, estas relações são necessárias, pois toda empresa, seja ela de grande, médio ou pequeno porte, tem como principio de funcionamento a trabalho em conjunto, a coletividade, pois a maio- ria das tarefas são realizadas por grandes grupos de pessoas, onde cada um tem sua função. Este processo de divisão do trabalho se deu ao longo de tempo e teve seu auge quando foi iniciada a revolução industrial e o a inserção do sistema capitalista de produção, que visa o lucro a produtividade, ou seja, cada pessoa fazendo exclusivamen- te determinada tarefa aumentaria a produtividade e minimizaria o tempo gasto no processo de produção. Vale lembrar que as relações humanas não estão estritamente ligadas apenas as relações entre as pessoas, mas ao também ambiente de trabalho, ou de atuação, ou seja, na escola entre os alunos, em casa, coma família, e também a relação do empregado com a empresa, visto que desta relação é que será ditado a produtividade daquela empresa. Qualidade no atendimento ao público Antes de definirmos os conceitos que permeiam o Universo do Atendimento ao Público, precisamos entender o que significa Aten- der. Atender: Acolher com atenção, ouvir atentamente; Tomar em consideração, deferir; Atentar, ter a atenção despertada para; Rece- ber. Por isso, atendimento é acolher, receber, ouvir o cliente, de for- ma com que seus desejos sejam resolvidos. O cliente quando busca por um atendimento, ele quer encontrar soluções. Atendimento, então, é dispor de todos os recursos que se fize- rem necessários, para atender ao desejo e necessidade do cliente. Esse cliente pode ser interno, ou, externo, e caracteriza-se por ser o público-alvo em questão. Os clientes internos são aqueles de dentro da organização. Ou seja, são os colegas de trabalho, aqueles no qual juntamente conos- co, formam a instituição. São as pessoas que atuam internamente na empresa. E deve-se pensar, que em muitas vezes há a necessidade de se fazer esse atendimento interno. Pois, cada pessoa entende do seu departamento, seção, setor. E como uma organização, como o próprio nome já diz, é feito de organismos e sistemas, que são as divisões. E por isso, precisa-se sempre de informações de outros setores, para alcançar a meta pretendida. Mas, em muitas vezes, por serem clientes internos, o atendente não dá a devida atenção que ne- cessita a situação. Muitas vezes por não entender que mesmo sendo cliente interno, a qualidade deve permear em quaisquer atendimen- tos. Porém, ele deve pensar que seu atendimento pode ser essencial para alguns rumos que a organização pode tomar. Já os clientes externos, é o público no qual a empresa se relacio- na externamente. São os clientes que adquirem produtos ou serviços da empresa, que fornecem matéria-prima, que tem relações com a empresa. Ou seja, são os consumidores, fornecedores, parceiros, etc.. São as pessoas que possuem relacionamento com a Instituição. Porém, não atuam dentro da empresa. Ele não é configurado como funcionário. Tanto quanto os clientes internos, os externos também são fun- damentais para a Empresa. Não há como definir quem é o mais importante. Podemos dizer apenas que sem qualquer um desses clientes, a empresa não existe. Juntos eles constituem as instituições. Se a organização não possui clientes internos, ela não tem como fornecer, nem vender, produtos e/ou serviços. E se não há clientes externos, não tem para quem prover. E em um cenário em que, cada vez mais, as empresas disputam pela preferência de um mesmo cliente, a qualidade no atendimento se tornou fundamental; e é o diferencial. E é por isso que os clientes se tornaram mais exigentes e cons- cientes dos padrões de atendimento. Por isso, o comprometimento e profissionalismo são importan- tes para um bom atendimento. Outro ponto importante a ser dito sobre atendimento é: Ao aten- der um cliente, o atendente representa a empresa. Para o cliente, a empresa toda se projeta na pessoa que está fazendo o atendimento, Ou seja, o atendente tem a responsabilidade de ser o porta-voz da empresa. Por isso, além de um trabalho minucioso, o de atendimen- to, ele deve ser responsável, sério e profissional. Por isso, o atendente, ao atender o cliente (interno ou externo) deve ser comprometido. O cliente deve perceber que a empresa (já que pra o cliente, naquele momento, o atendente é a empresa) se importa com ele, e que suas dúvidas, necessidades e anseios, são importantes e bem-vindos à empresa. A sensação que o cliente precisa ter quando está sendo atendido, é que ele é fundamental para o desenvolvimento da empresa. E o que quer que ele necessite, por menor que seja, é importante também. Para isso, os primeiros passos para se fazer um bom atendimen- to, é saber ouvir e compreender o cliente. É trata-lo com respeito. Por isso, a educação é o carro chefe nesse processo. Ser educa- do, gentil, pedir desculpas, agradecer, ter um tom de voz agradável e ter uma postura receptiva, sã quesitos impreteríveis. Dispor de tudo o que está fazendo e ter atenção e tempo apenas para atendê-lo. Pois, não se deve esquecer, que quando um cliente necessita de um atendimento, não existe nada mais importante que ele. Atualmente, mais importante do que se ter um cliente, é o re- lacionamento que se cria comele. E isso, é alcançado através do atendimento. Os clientes quando procuram um atendimento eles possuem expectativas. Por isso, o ideal para construir um relacionamento duradouro, não é apenas atender as expectativas, e sim, superá-las. Os clientes que têm suas expectativas superadas acabam se tor- nando fiéis. O processo de atendimento começa com a identificação das ne- cessidades dos clientes. Para isso, uma comunicação clara e objetiva é fundamental. As instituições precisam construir relacionamentos. Pois, ó foco é o cliente, e o objetivo do relacionamento é trazer interativida- de, conforto, satisfação e bem-estar. O processo de relacionamento deve começar com a escolha do cliente, a identificação de suas necessidades, a definição dos servi- ços prestados e agregados, a busca da melhor relação custo/benefí- cio e ter funcionários (clientes internos) motivados e capacitados a atender estes clientes adequadamente. E como se tem clientes internos (funcionários) motivados? A resposta é simples e óbvia: Construindo e mantendo um bom relacionamento com e entre eles. O contexto de administrar o relacionamento com o cliente ser- ve para que a empresa adquira vantagem competitiva e se destaque perante a concorrência. Didatismo e Conhecimento 58 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo Os relacionamentos não podem ser superficiais. Eles têm de ser profundos e duradouros. O objetivo maior é manter o cliente através da confiança, credibilidade e a sensação de segurança transmitida pela organização. A estratégia de Relacionamento é a longo prazo. E também, além de visar manter os clientes de forma fiel, busca a conquista de novos clientes. E essa filosofia de relacionamento com o cliente deve ser uma forma de pensar de toda organização. A ideia central da Construção e Manutenção de Relacionamento nas empresas, visando um atendimento com qualidade, é de atender as necessidades dos clientes através de seus serviços e/ou produtos. Ofertando-os de forma adequada e com qualidade. O mais importante hoje não é simplesmente adquirir novos clientes, mas manter os clientes existentes em seu portfolio. Pois, os relacionamentos, permitem que as empresas explorem ao máximo seus conhecimentos sobre os clientes e necessidades. Comunicabilidade Para entendermos comunicabilidade, primeiro precisamos en- tender o que é comunicação. A palavra Comunicação deriva do latim communicare, cujo significado é tornar comum, partilhar, associar, trocar opiniões, con- ferenciar. Tem o sentido de participação, em interação, em troca de men- sagem, em emissão ou recebimento de informação nova. Assim, como se vê, implica participação. Comunicação é o processo de transmitir informação de uma pessoa para outra. Se não houver esta compreensão, não houve co- municação. Se uma pessoa transmitir uma mensagem e esta não for compreendida, por quem recebeu a mensagem, a comunicação não se efetivou. Essa ação pode ser verbal, ou, não verbal. E também, pode ser por diversos meios. Assim, comunicação não é aquilo que o remetente fala. Mas, sim, aquilo que o destinatário entende. Portanto, só há comunicação, se o receptor compreender a mensagem enviada pelo emissor. Chiavenato define comunicação como troca de informações entre indivíduos. Significa tornar comum uma mensagem ou infor- mação. Há para isso, o processo de comunicação, que é composto de três etapas subdivididas: 1 - Emissor: é a pessoa que pretende comunicar uma mensa- gem, pode ser chamada de fonte ou de origem. a) Significado: corresponde à ideia, ao conceito que o emissor deseja comunicar. b) Codificador: é constituído pelo mecanismo vocal para deci- frar a mensagem. 2 - Mensagem: é a ideia em que o emissor deseja comunicar. a) Canal: também chamado de veículo, é o espaço situado entre o emissor e o receptor. b) Ruído: é a perturbação dentro do processo de comunicação. Tudo aquilo que interfere na mensagem, e não a deixa ser compreen- dida corretamente. 3 - Receptor: é a etapa que recebe a mensagem, a quem é des- tinada. a) Descodificador: é estabelecido pelo mecanismo auditivo para decifrar a mensagem, para que o receptor a compreenda. b) Compreensão: é o entendimento da mensagem pelo receptor. c) Feedback: É o ato de confirmação da mensagem, pelo recep- tor, recebida do emissor. Representa a volta da mensagem enviada pelo emissor. Exemplo: Uma pessoa (emissor) tem uma ideia (significado) que pretende comunicar. Para tanto se vale de seu mecanismo vocal (codificador), que expressa sua mensagem em palavras. Essa men- sagem, veiculada pelo ar (canal) é interpretada pela pessoa a quem se comunica (receptor), após sua decifração por seu mecanismo auditivo (decodificador). O receptor, após constatar que entendeu a mensagem (compreensão), esclarece a fonte acerca de seu entendi- mento (feedback). Ou Seja, repetindo a mensagem. Pode-se, portanto, dizer que a comunicação só pode ser con- siderada eficaz quando a compreensão feita pelo receptor coincide com o significado pretendido pelo emissor. O processo de comunicação nunca é perfeito. No decorrer de suas etapas sempre ocorrem perturbações que prejudicam o pro- cesso, no qual são denominados ruídos. Ruído é uma perturbação indesejável em qualquer processo de comunicação, que atrapalha a efetivação da comunicação e pode provocar perdas ou desvios na mensagem. Ele é identificado na comunicação como o conjunto de bar- reiras, obstáculos, acréscimos, erros e distorções que prejudicam a compreensão da mensagem em seu fluxo. Isto significa que nem sempre aquilo que o emissor deseja informar é precisamente aquilo que o receptor compreende. Assim, ruído é qualquer fonte de erro, distúrbio ou deforma- ção de uma mensagem, que atrapalha e age contrário à eficácia da informação. Por isso, o atendente deve trabalhar com a Comunicação de for- ma que haja menos ruídos possíveis. Isso, através de solicitações de feedbacks constantes, mensagens claras, objetivas e concisas. Como diria Rivaldo Chinem, Comunicação é como o futebol, todo mundo pensa que entende e dá palpite. Nesse campo, quando a confusão se instala, quebram-se as regras, e os atores, ao entrar em cena, dão caneladas, e o jogo passa a ser um completo vale-tudo. Já comunicabilidade é o ato comunicativo otimizado, no qual a mensagem é transferida integral, correta, rápida e economicamente. Ou seja, é fazer com que a comunicação realmente obtenha seu objetivo, que é fazer com que o receptor entenda justamente aquilo que o emissor intencionava. No atendimento, a comunicação tem o papel essencial. Pois, o atendimento se concretiza através da troca de informações. O atendente deve ouvir e solicitar feedbak ao cliente, visando entender, sem ruídos, aquilo que está sendo solicitado. É de interesse do cliente e do atendente que a informação seja recebida de forma clara. Porém, sabemos que nem sempre isso é possível. Assim, o atendente tem o dever de fazer com que o processo de comunicação aconteça da melhor forma, através, de questionamen- tos que leve à recepção da mensagem. É importante que primeiramente, o atendente entenda a lingua- gem do cliente, e estabeleça para si mesmo o mesmo nível. Tudo isso, para que o público em questão, também consiga compreender o que o atendente está dizendo. Didatismo e Conhecimento 59 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo Ter o mesmo nível de linguagem não quer dizer utilizar-se da forma incorreta da língua portuguesa. E sim, dispensar de termos técnicos e palavras difíceis nas quais não podem ser de entendi- mento do cliente. Esse desnível de linguagem também caracteriza-se como ruí- dos, e atrapalham o processo de comunicação. Fazer esse diagnóstico de qual linguagem deve ser utilizada, auxilia no processo de acolhimento das mensagens. Pois, torna a comunicação clara e objetiva, que é um dos fatores essenciais para a qualidade no atendimento. É muito complexo falar sobre a linguagem adequada utilizada em uma mensagem.Há dois tipos de variações: - As variações de uso regional de acordo com o espaço geo- gráfico, na qual denominamos de dialeto. - As variações que dever ser ajustadas de acordo com o des- tinatário, tais como: a língua falada, a escrita, a jurídica, dos eco- nomistas, dos internautas, etc. A essas variações denominamos, registros. Ressalta-se, que as variações são usadas para distinção social, qualificando em grupos de origem, formação profissional, escola- ridade, etc. Língua Falada Língua Escrita vulgar coloquial despreocupada coloquial culta formal vulgar despreocupada formal literária Falada vulgar: não existe preocupação com a norma grama- tical. Falada coloquial despreocupada: usada na conversação cor- rente, com gírias e expressões familiares. Falada culta: linguagem usada em sala de aula, reuniões, pa- lestras, sem fugir da naturalidade. Falada formal: imita em tudo a escrita, por isso mesmo, soa artificial. Escrita vulgar: usada por pessoas sem escolaridade e contém vários erros. Escrita despreocupada: usada em bilhetes ou correspondên- cias íntimas. Escrita formal: usada em correspondência empresarial com norma gramatical. Escrita literária: respeita a norma gramatical e utiliza recursos estilísticos de forma inovadora. Como se pode ver há várias maneiras de expressar as ideias e cada qual é exigida em determinada situação. Apresentação O responsável pelo primeiro atendimento representa a primei- ra impressão da empresa, que o cliente irá formar, como a imagem da empresa como um todo. E por isso, a apresentação inicial de quem faz o atendimento deve transmitir confiabilidade, segurança, técnica e ter uma apre- sentação ímpar. É fundamental que a roupa esteja limpa e adequada ao am- biente de trabalho. Se a empresa adotar uniforme, é indispensável que o use sempre, e que o apresente sempre de forma impecável. Unhas e cabelos limpos e hálito agradável também compreendem os elementos que constituem a imagem que o cliente irá fazer da empresa, através do atendente. O cliente, ou, futuro, questiona e visualiza sempre. Por isso, a expressão corporal e a disposição na apresentação se tornam fatores que irão compreender no julgamento do cliente. A satisfação do atendimento começa a ser formado na apresen- tação. Assim, a saudação inicial deve ser firme, profissional, clara e de forma que transmita compromisso, interesse e prontidão. O tom de voz deve ser sempre agradável, e em bom tom. O que prejudica muitos relacionamentos das empresas com os clientes, é a forma de tratamento na apresentação. É fundamental que no ato da apresentação, o atendente mostre ao cliente que ele é Bem-Vindo e que sua presença na empresa é importante. Há várias regras a serem seguidas para a apresentação inicial para um Atendimento com Qualidade. O que dizer antes? O nome, nome da empresa, Bom Dia, Boa Tarde, Boa Noite? Pois não? Pos- so ajudá-lo? A sequência não importa. O que deve ser pensado na hora, é que essas frases realmente devem ser ditas de forma positiva e que tenham significado. Os clientes não aguentam mais atendimentos com apresenta- ções mecânicas. O que eles querem sentir na apresentação é receptividade e per- sonalização. Por isso, saudar com Bom Dia, Boa Tarde, ou, Boa Noite; é ótimo! Mas, isso deve ser dito, desejando mesmo que o cliente tenha tudo isso. Dizer o nome da empresa se o atendimento for através do telefone também faz parte. Porém, deve ser feito de forma clara e de- vagar. Não deve-se dar margem para dúvidas, ou, falar de forma que ele tenha que perguntar de onde é, logo após o atendente ter falado. Dizer o nome, também é importante. Mas, isso pode ser dito de uma forma melhor como, perguntar o nome do cliente primeiro, e depois o atendente diz o seu. Exemplo: Qual seu nome, por favor? Maria, eu sou a Madalena, hoje posso ajuda-la em quê? O cliente com certeza já irá se sentir com prestígio, e também, irá perceber que essa empresa trabalha pautada na qualidade do atendimento. Segundo a Sabedoria Popular, leva-se de 5 a 10 segundos para formarmos a primeira impressão de algo. Por isso, o atendente deve trabalhar nesses segundos iniciais como fatores essenciais para o atendimento. Fazendo com que o cliente tenha uma boa imagem da empresa. O profissionalismo na apresentação se tornou fator chave para o atendimento. Excesso de intimidade na apresentação é repudiável. O cliente não está procurando amigos de infância. E sim, soluções aos seus problemas. Assim, os nomes que caracterizam intimidade devem ser aboli- dos do atendimento. Tampouco, os nomes e adjetivos no diminutivo. Outro fator que decepciona e enfurece os clientes, é a demora no atendimento. Principalmente quando ele observa que o atendente está conversando assuntos particulares, ou, fazendo ações que são particulares e não condizem com seu trabalho. A instantaneidade na apresentação do atendimento configura seriedade e transmite confiança ao cliente. Portanto, o atendente deve tratar a apresentação no atendimento como ponto inicial, de sucesso, para um bom relacionamento com o cliente. Didatismo e Conhecimento 60 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo Atenção, Cortesia e Interesse. O cliente quando procura atendimento, é porque tem necessida- de de algo. O atendente deve desprender toda a atenção para ele. Por isso deve ser interrompido tudo o que está fazendo, e prestar atenção única e exclusivamente ao cliente. Assuntos particulares e distrações são encarados pelos clientes como falta de profissionalismo. Atentar-se ao que ele diz e traduzir os gestos e movimentos. Tudo isso deve ser compreendido e transformado em conhecimento ao atendente sobre o cliente. Perguntar mais de uma vez a mesma coisa, ou, indagar algo que já foi dito antes, são decodificados pelo cliente como desprezo ao que pretende. É importante ter atenção a tudo o que o cliente faz e diz, para que o atendimento seja personalizado e os interesses e necessidades dele sejam trabalhados e atendidos. É indispensável que se use do formalismo e da cortesia. O excesso de intimidade pode constranger o cliente. Ser educado e cortês é fundamental. Porém, o excesso de amabilidade, se torna tão inconveniente quanto a falta de educação. O atendimento é mais importante que preço, produto ou ser- viço, para o cliente. Por isso, a atenção à ele deve ser única e ex- clusiva. Portanto, é necessário que o cliente sinta-se importante e sinta que está sendo proporcionado à ele um ambiente agradável e favorável para que seus desejos e necessidades sejam atendidos. O atendente deve estar voltado completamente para a interação com o cliente, estando sempre atento para perceber constantemente as suas necessidades. Por isso, o mais importante é demonstrar interesse em relação às necessidades dos clientes e atendê-las prontamente e da melhor forma possível. Gentileza é o ponto inicial para a construção do relacionamento com o cliente. A educação deve permear em todo processo de aten- dimento. Desde a apresentação até a despedida. Saudar o cliente, utilizar de obrigado, por favor, desculpas por imprevistos, são fun- damentais em todo processo. Caracteriza-se também, como cortesia no atendimento, o tom de voz e forma com que se dirige ao cliente. O tom de voz deve ser agradável. Mas, precisa ser audível. Ou seja, que dê para compreender. Mas, é importante lembrar, que ape- nas o cliente deve escutar. E não todo mundo que se encontra no estabelecimento. Com idosos, a atenção deve ser redobrada. Pois, algumas pa- lavras e tratamentos podem ser ofensivos à eles. Portanto, deve-se utilizar sempre como formas de tratamento: Senhor e Senhora. Assim, ao realizar um atendimento, seja pessoalmente ou por telefone, quem o faz está oferecendo a sua imagem (vendendo sua imagem) e da empresa na qual está representando. As ações repre- sentam o que a empresa pretende. Por isso, é importante salientar que não deve se distrair durante o atendimento. Deve-se concentrarem tudo o que o cliente está di- zendo. Também, não se deve ficar pensando na resposta na hora em que o interlocutor estiver falando. Concentre-se em ouvir primeiro. Outro fator importante e que deve ser levado em conta no aten- dimento é não interromper o interlocutor. Pois, quando duas pessoas falam ao mesmo tempo, nenhuma ouve corretamente o que a outra está dizendo. E assim, não há a comunicação. O atendente também não deve se sentir como se estivesse sendo atacado. Pois, alguns clientes, dão um tom mais agressivo à sua fala. Porém, isso deve ser combatido através da atitude do atendente, que deve responder de forma calma, tranquila e sensata, e sem elevar o tom da voz. E também, sem se alterar. Tomar nota das informações pode trazer mais tranquilidade ao atendimento. Ainda mais se ele estiver sendo feito pelo telefone. Essa técnica auxilia na compreensão, e afasta a duplicidade de ques- tionamentos que já foram feitos, ou de informações que já foram passadas. Fazer perguntas ao sentir necessidade de algum esclarecimento, é importante. O atendente não deve-se inibir. Já foi dito que fazer uma pergunta mais de uma vez deve ser evitado. E também, que in- formações que já foram passadas pelo cliente, não devem ser ques- tionadas. Porém, se houver necessidade, o atendente deve fazê-la. Mas, deve pedir desculpas por refazê-la, e dizer que foi um lapso. Confirmar o que foi dito, solicitar feedback, passa uma mensa- gem de profissionalismo, atenção e interesse ao cliente. Demonstra que o atendente e a empresa estão preocupados com sua situação, e também, em fazer um atendimento com qualidade. Portanto, estabelecer empatia e falar claramente e pausadamen- te, sem ser monótono, evitando ainda o uso de gírias; falar com voz clara e expressiva (boa dicção) são atitudes que tornam o atendimen- to ao cliente com qualidade. Discrição A discrição é uma qualidade invejável no ser humano. Pessoas discretas sabem guardar segredos, não fazem comentários que pos- sam causar conflitos, são reservadas e não chamam a atenção. As pessoas mais extrovertidas podem também serem pessoas discretas. Isso se refletirá em suas atitudes e em suas palavras. A discrição no atendimento tem a ver com sigilo. O atendente deve portar-se de forma com que as informações que estão sendo tratadas com o cliente, no momento, não sejam ouvidas ou percebi- das por nenhum outro cliente, tampouco por outro atendente. Mesmo após o atendimento, os comentários devem ser evi- tados. O atendente deve adotar uma postura ética, lembrando que todas as informações sobre aquele atendimento, requer sigilo total. Pois, os dados e informações passadas são secretos e confidenciais. Outra atitude que deve ser evitada são comentários sobre o atendimento, fora da Empresa, como: com familiares e amigos. O atendente deve lembrar-se que o que foi tratado naquele instante, não deve ser comentado, nem dentro, muito menos fora da organi- zação. A ética do sigilo das informações dos clientes abrange tanto dentro, quanto fora da Instituição. E ainda, contempla também, an- tes, durante e depois do atendimento. O atendente deve ser prudente, ter discernimento e sensatez quando fornece uma informação ao cliente. É necessário manter-se reservado sobre o que o cliente lhe diz. Assim, estará transmitindo confiança e seriedade no trabalho desenvolvido. Outra questão sobre discrição no atendimento é sobre as infor- mações passadas aos clientes. Fazer comentários de outros clientes, não é ético, muito menos profissional. Tampouco, fazer comentários sobre colegas de trabalho. A discrição no atendimento com qualidade deve ser praxe, e está ligada à informação que se passa e como irá trata-la; e também, está conectada ao comportamento. Presteza, Eficiência e Tolerância Ter presteza no atendimento faz com que o cliente sinta que a empresa, é uma organização na qual tem o foco no cliente. Ou seja, é uma instituição que prima por solucionar as dúvidas, problemas e necessidades dos clientes. Didatismo e Conhecimento 61 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo Ser ágil, sim. Mas, a qualidade não pode ser deixada de lado. Pois de nada adianta fazer rápido, se terá que ser feito nova- mente. Portanto a presteza tem a ver com objetividade, e deve ser acompanhada de qualidade. Para isso, é importante que o ambiente de trabalho esteja orga- nizado, para que tudo o que precisa possa ser encontrado facilmente. Também, estar bem informado sobre os produtos e serviços da organização, torna o atendimento mais ágil. Em um mundo no qual tempo está relacionado a dinheiro, o cliente não se sente bem em lugares no qual ele tenha que perder muito tempo para solucionar algum problema. Instantaneidade é a palavra de ordem. Por mais que o processo de atendimento demore, o que o cliente precisa detectar, é que está sendo feito na velocidade máxima permitida. Tudo isso também, tendo em vista que a demora pode afetar no processo de atendimento de outros clientes que estão à espera. Porém, é importante atender completamente um cliente para depois começar atender o próximo. Ser ágil não está ligado a fazer apenas um pouco. E sim, fazer na totalidade, porém, de maneira otimizada. O comportamento eficiente cumpre o prometido, com foco no problema. Ser eficiente é realizar tarefas, resolvendo os problemas ineren- tes a ela. Ser eficiente é atingir a meta estabelecida. Por isso, o atendimento eficiente é aquele no qual não perde tempo com perfumarias. E sim, agiliza o processo para que o dese- jado pelo cliente seja cumprido em menor tempo. Eficiência está ligada a rendimento. Por isso, atendimento efi- ciente é aquele que rende o suficiente para ser útil. O atendente precisa compreender que o cliente está ali para ser atendido. Por isso, não deve perder tempo com assuntos ou ações que desviem do pretendido. Há alguns pontos que levam a um atendimento eficiente, como por exemplo: - Todos fazem parte do atendimento. Saber o que todos da em- presa fazem evita que o cliente tenha que repetir mais de uma vez o que deseja, e que fique esperando mais tempo que o necessário. - Cativar o cliente, sem se prolongar muito, mostra eficiência e profissionalismo. - Respeitar o tempo e espaço das pessoas é fundamental ao cliente. Se ele precisa de um tempo a mais para elaborar e processar o que está sendo feito, dê esse tempo à ele, auxiliando-o com infor- mações e questões que o leve ao processo de compreensão. - Ser positivo e otimista, e ao mesmo tempo ágil, fará com que o cliente tenha a mesma conduta. - Saber identificar os gestos e as reações das pessoas, de forma a não se tornar desagradável ou inconveniente, facilita no atendi- mento. - Ter capacidade de ouvir o que falam, procurando interpretar o que dizem e o que deixaram de dizer, exercitando o “ouvir com a inteligência e não só com o ouvido”. - Interpretar cada cliente, procurando identificar a real im- portância de cada “fala” e os valores do que foi dito. Saber falar a linguagem de cada cliente procurando identificar o que é especial, importante e ou essencial em cada solicitação, procurando ajuda-lo a conseguir o que deseja, otimiza o processo. - O atendente deve saber que fazer um atendimento eficiente é ser breve sem tornar-se desagradável. - Ter ética em todos os níveis de atendimento faz com que o cliente não tenha dúvida sobre a organização. E assim, não desper- dice tempo fazendo questionamentos sobre a conduta da empresa. - O atendente deve saber que sempre há uma solução para tudo e para todos, buscando sempre os entendimentos e os acordos em todas as situações, por mais difíceis que elas se apresentem. - O atendente deve saber utilizar a comunicação e as informa- ções. - O todo é composto de partes, e para os clientes “as ações sem- pre falaram mais alto que as palavras”. - Em todos os níveis de atendimento será inevitável deparar-se com clientes ofensivos e agressivos. Para tanto, o atendente deve ter tolerância para acalmaro cliente e mostrar que ele está ali para auxiliá-lo e resolver o problema. Não deixar dúvidas ao cliente de que a receptividade na empre- sa é a palavra de ordem, acalma e tranquiliza. Por isso, a tolerância é importante para que não se perca a linha e comprometa a imagem da empresa e a qualidade no atendimento. Não demonstrar ao cliente que o atendente é só mais um na empresa, e que o que o cliente procura não tem ligação com sua competência, evita conflitos. Por mais que não seja o responsável pela situação, o atendente deve demonstrar interesse, presteza e tolerância. Por mais que o cliente insista em construir uma situação de dis- cussão, o atendente deve-se manter firme, tolerante e profissional, evitando assim, qualquer mal estar que possa atrapalhar o relaciona- mento com esse cliente. Portanto, a presteza, eficiência e a tolerância, formam uma trí- plice que sustentam os atendimentos pautados na qualidade, tendo em vista que a agilidade e profissionalismo norteiam os relaciona- mentos. Conduta e Objetividade A postura do atendente deve ser proativa, passando confiança e credibilidade. Sendo ao mesmo tempo profissional e possuindo sim- patia. Ser comprometido e ter bom senso, atendendo de forma gentil e educada. Sorrindo e tendo iniciativa, utilizando um tom de voz que apenas o cliente escute, e não todos que estão no local e ouvindo atentamente, são condutas essenciais para o atendente. O sigilo é importante, e por isso, o tom de voz no atendimento é essencial. O atendimento deve ser exclusivo e impessoal. Ou seja, o assunto que está sendo tratado no momento, deve ser dirigido ape- nas ao cliente. As demais pessoas que estão no local não podem e nem devem escutar o que está sendo tratado no momento. Principal- mente se for assunto pessoal. Essa conduta de impessoalidade e personalização transforma o atendimento, e dão um tom formal à situação. A objetividade está ligada à eficiência e presteza. E por isso, tem como foco, como já vimos, em eliminar desperdiçadores de tempo, que são aquelas atitudes que destoam do foco. Ser objetivo é pensar fundamentalmente apenas no que o clien- te precisa e para o que ele está ali. Solucionar o seu problema e atender às suas necessidades de- vem ser tratados como assuntos urgentes e emergentes. Ou seja, têm pressa e necessita de uma solução rapidamente. Afirmamos anteriormente, que o atendimento com qualidade deve ser pautado na brevidade. Porém, isso não exclui outros fatores tão importantes quanto, como: clareza, atenção, interesse e comuni- cabilidade. Pois o atendimento com qualidade deve ser construído em cima de uma série de fatores que configuram um atendimento com qualidade. E não apenas/somente um elemento. Didatismo e Conhecimento 62 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo TRABALHO EM EQUIPE As relações humanas é considerar todo tipo de ralação social ou interação entre os indivíduos. Relações humanas no trabalho, por exemplo, são necessárias pelo fato de que todos os setores da vida exigem trabalho em grupo, o homem já não pode trabalhar sozinho. A divisão do trabalho cada vez maior torna o dia a dia da empresa mais dependente do grupo, e dos indivíduos que o compõe. No trabalho, estas relações são necessárias pois toda empresa, seja ela de grande, médio ou pequeno porte, tem como principio de funcionamento a trabalho em conjunto, a coletividade, pois a maio- ria das tarefas são realizadas por grandes grupos de pessoas, onde cada um tem sua função. Este processo de divisão do trabalho se deu ao longo de tempo e teve seu auge quando foi iniciada a revolução industrial e o a inserção do sistema capitalista de produção, que visa o lucro a produtividade, ou seja, cada pessoa fazendo exclusivamen- te determinada tarefa aumentaria a produtividade e minimizaria o tempo gasto no processo de produção. É necessário conhecer o individuo para conhecer suas qualificações, suas necessidades e limitações para que ele seja utilizado para ser útil dentro da empresa e que também possa está realizado fazendo determinado trabalho, para a satisfação da empresa e do trabalhador estarem sempre produzindo qualitativamente. O velho modelo burocrático não tem mais serventia. As organi- zações estão migrando rapidamente para um novo conceito de tra- balho: ao invés de separar as pessoas em cargos individuais e frag- mentados o segredo agora está em juntar as pessoas em equipes ou células de produção, em grupos integrados de trabalho e atividades conjuntas. O resultado é bem melhor. 12 NOÇÕES DE DIREITO PENAL. A vida em sociedade exige um complexo de normas disciplina- doras que estabeleça as regras indispensáveis ao convívio entre os indivíduos que a compõem. O conjunto dessas regras, denominado direito positivo, que deve ser obedecido e cumprido por todos os integrantes do grupo social, prevê as consequências e sanções aos que violarem seus preceitos. À reunião das normas jurídicas pelas quais o Estado proíbe determinadas condutas, sob ameaça de sanção penal, estabelecendo ainda os princípios gerais e os pressupostos para a aplicação das penas e das medidas de segurança, dá-se o nome de Direito Penal. O direito penal é o segmento do ordenamento jurídico que de- tém a função de selecionar os comportamentos humanos mais gra- ves e perniciosos à coletividade, capazes de colocar em risco va- lores fundamentais para a convivência social, e descrevê-los como infrações penais, cominando-lhes, em consequência, as respectivas sanções além de estabelecer todas as regras complementares e gerais necessárias à sua correta e justa aplicação. A expressão Direito Penal, porém, designa também o sistema de interpretação da legislação penal, ou seja, a Ciência do Direito Penal, conjunto de conhecimentos e princípios ordenados metodi- camente, de modo que torne possível a elucidação do conteúdo das normas e dos institutos em que eles se agrupam, com vistas em sua aplicação aos casos ocorrentes, segundo critérios rigorosos de jus- tiça. As denominações tradicionais para a matéria referente ao cri- me e às suas consequências são Direito Penal e Direito Criminal. A primeira delas é largamente utilizada, principalmente, nos países ocidentais, como Alemanha, França, Espanha, Itália etc., embora a segunda ainda seja usada com frequência. Entre nós, a denominação passou a ser utilizada no Código Penal da República (1890), a que se sucederam a Consolidação das Leis Penais (1936) e o Código Penal vigente (de 1940), que a consagrou no direito pátrio. A nova Constituição Federal, mantendo a tradição, refere-se à competência da União para legislar sobre «direito penal» (art. 22, I). O fato que contraria a norma de Direito, ofendendo ou pondo em perigo um bem alheio ou a própria existência da sociedade, é um ilícito jurídico, que pode ter consequências meramente civis ou possibilitar a aplicação de sanções penais. No primeiro caso, tem-se somente um ilícito civil, que acarreta- rá àquele que o praticou apenas uma reparação civil: aquele que, por culpa, causar dano a alguém será obrigado a indenizá-lo; o devedor que não efetua o pagamento tempestivamente sofrerá a execução com a penhora de bens e sua venda em hasta pública, arcando com o ônus decorrente do atraso (multa, correção monetária etc.); o cônju- ge que abandona o lar estará sujeito ao divórcio etc. Muitas vezes, porém, essas sanções civis se mostram insufi- cientes para coibir a prática de ilícitos jurídicos graves, que atingem não apenas interesses individuais, mas também bens jurídicos rele- vantes, em condutas profundamente lesivas à vida social. Arma-se o Estado, então, contra os respectivos autores desses fatos, cominando e aplicando sanções severas por meio de um conjunto de normas ju- rídicas que constituem o Direito Penal. Justificam-se as disposições penais quando meios menos incisivos, como os de Direito Civil ou Direito Público, não bastam ao interesse de eficiente proteção aos bens jurídicos. A missão do DireitoPenal é proteger os valores fundamentais para a subsistência do corpo social, tais como a vida, a saúde, a liber- dade, a propriedade etc., denominados bens jurídicos. Essa proteção é exercida não apenas pela intimidação coletiva, mais conhecida como prevenção geral e exercida mediante a difusão do temor aos possíveis infratores do risco da sanção penal, mas, sobretudo pela celebração de compromissos éticos entre o Estado e o indivíduo, pelos quais se consigna o respeito às normas, menos por receio de punição e mais pela convicção da sua necessidade e justiça. Como o Estado não pode aplicar as sanções penais arbitraria- mente, na legislação penal são definidos esses fatos graves, que pas- sam a ser ilícitos penais (crimes e contravenções), estabelecendo-se as penas e as medidas de segurança aplicáveis aos infratores dessas normas. Assim, àquele que pratica um homicídio simples, será apli- cada a pena de seis a vinte anos de reclusão; o inimputável que co- mete um ilícito penal será submetido a uma medida de segurança; ao chamado semi-imputável poder-se-á aplicar uma pena ou submetê- -lo a uma medida de segurança etc. Segundo o pensamento dos juristas Binding e Jescheck, o Direi- to Penal tem, assim, um caráter fragmentário, pois não encerra um sistema exaustivo de proteção aos bens jurídicos, mas apenas elege, conforme o critério do “merecimento da pena”, determinados pon- tos essenciais. Mas, enquanto o primeiro entendia ser esse o defeito do Direito Penal, Jescheck considera um mérito e uma característica essencial do Estado liberal do Direito que se reduza a criminalização àquelas ações que, por sua perigosidade e reprovabilidade, exigem e merecem no interesse da proteção social, inequivocamente, a sanção penal. Didatismo e Conhecimento 63 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo Pode-se dizer, assim, que o fim do Direito Penal é a proteção da sociedade e, mais precisamente, a defesa dos bens jurídicos fun- damentais (vida, integridade física e mental, honra, liberdade, patri- mônio, costumes, paz pública etc.). Deve-se observar, contudo, que alguns desses bens jurídicos não são tutelados penalmente quando, a critério do legislador, não é relevantemente antissocial a ação que o lesou, ou seja, não é acentuado o desvalor da conduta do autor da lesão. Por isso, não estão sujeitos às sanções penais, por exemplo, aquele que, culposamente, destrói coisa alheia, o que pratica um ato obsceno em lugar privado não aberto ou exposto ao público desde que não constitua um crime contra a honra etc. Do exposto, derivam as definições de Direito Penal que passa- mos a reproduzir: “é o conjunto de normas jurídicas que o Estado estabelece para combater o crime, através das penas e medidas de segurança”, é o conjunto de normas jurídicas que regulam o poder punitivo do Estado, tendo em vista os fatos de natureza criminal e as medidas aplicáveis a quem os prática;” é o conjunto de nor- mas que ligam ao crime, como fato, a pena como consequência, e disciplinam também as relações jurídicas daí derivadas, para estabelecer a aplicabilidade de medidas de segurança e a tutela do direito de liberdade em face do poder de punir do Estado»; é «o conjunto de normas e disposições jurídicas que regulam o exercício do poder sancionador e preventivo do Estado, estabelecendo o conceito do crime como pressuposto da ação estatal, assim como a responsabilidade do sujeito ativo, e associando à infração da norma uma pena finalista ou uma medida de segurança». Não se pode deixar de reconhecer, entretanto, que, ao menos em caráter secundário, o Direito Penal tem uma aspiração ética: dese- ja evitar o cometimento de crimes que afetam de forma intolerável os bens jurídicos penalmente tutelados. Essa finalidade ética não é, todavia, um fim em si mesmo, mas a razão da prevenção penal, da tutela da lei penal aos bens jurídicos preeminentes. Assim, a tarefa imediata do Direito Penal é de natureza eminentemente jurídica e, como tal, primordialmente destinada à proteção dos bens jurídicos. Diz-se que o Direito Penal é uma ciência cultural e normativa. É uma ciência cultural porque indaga o dever ser, traduzindo-se em re- gras de conduta que devem ser observadas por todos no respeito aos mais relevantes interesses sociais. Diferencia-se, assim, das ciências naturais, em que o objeto de estudo é o ser, o objeto em si mesmo. É também uma ciência normativa, pois seu objeto é o estudo da lei, da norma, do direito positivo, como dado fundamental e indiscutível em sua observância obrigatória. Não se preocupa, por- tanto, com a verificação da gênese do crime, dos fatos que levam à criminalidade ou dos aspectos sociais que podem determinar a prá- tica do ilícito, preocupações próprias das ciências causais explicati- vas, como a Criminologia, a Sociologia Criminal etc. O Direito Penal positivo é valorativo, finalista e sancionador. A norma penal é valorativa porque tutela os valores mais ele- vados da sociedade, dispondo-os em uma escala hierárquica e valo- rando os fatos de acordo com a sua gravidade. Quanto mais grave o crime, o desvalor da ação, mais severa será a sanção aplicável a seu autor. Tem ainda a lei penal caráter finalista, porquanto visa à proteção de bens e interesses jurídicos merecedores da tutela mais eficiente que só podem ser eficazmente protegidos pela ameaça legal de apli- cação de sanções de poder intimidativo maior, como a pena. Essa prevenção é a maior finalidade da lei penal. Discute-se se o Direito Penal é constitutivo, primário e autôno- mo ou se tem caráter sancionador, secundário e acessório. Afirma-se que se trata de um direito constitutivo porque possui um ilícito pró- prio, oriundo da tipicidade, uma sanção peculiar (pena), e institutos exclusivos como o sursis, o livramento condicional, o indulto etc. Lembra Walter de Abreu Garcez que “as normas jurídicas não se re- colhem a comportamentos estanques, mas sim atuam em harmonia no quadro de uma sistematização geral, sem que por tais correlações se possa falar em acessoriedade, secundariedade ou complementa- riedade de umas e outras”. Tal iteração não retiraria, portanto, o ca- ráter constitutivo do Direito Penal. Em princípio, porém, não se pode falar de autonomia do ilícito penal e, portanto, do caráter constitutivo do Direito Penal. A contra- riedade do fato ao direito não é meramente de ordem penal; sua anti- juridicidade resulta de sua infração a todo o ordenamento jurídico. A lei penal, portanto, não cria a antijuridicidade, mas apenas se limita a cominar penas às condutas que já são antijurídicas em face de outros ramos do Direito (Civil, Comercial, Administrativo, Tributário, Pro- cessual etc.), e a descriminalização de um fato não lhe retirará a sua ilicitude. Revela-se, assim, que a norma penal é sancionadora, refor- çando a tutela jurídica dos bens regidos pela legislação extrapenal. A tutela penal alcança bens jurídicos que não são objeto das leis extrapenais, como a integridade física e a vida, por exemplo, no crime de omissão de socorro, em que a infração a uma simples regra de solidariedade humana é elevada à categoria de ilícito penal. Tam- bém as tentativas e os crimes de perigo em que não haja qualquer dano restariam sem sanção jurídica se não fosse a existência do Di- reito Penal positivo. Por essa razão, o mais correto é afirmar, como Zaffaroni, que “o Direito Penal é predominantemente sancionador e excepcionalmente constitutivo”. Como ciência jurídica, o Direito Penal tem caráter dogmático, já que se fundamenta no direito positivo, exigindo-se o cumprimen- to de todas suas normas pela sua obrigatoriedade. Por essa razão, seu método de estudo não é experimental, como na Criminologia, por exemplo, mas técnico jurídico. Desenvolve-se esse método na interpretação das normas, na definição de princípios, na construção de institutos próprios e na sistematização final de normas, princípios e institutos. Deve o estudioso de Direito Penal, contudo, evitar o excessode dogmatismo, já que a lei e a sua aplicação, pelo íntimo contato com o indivíduo e a sociedade, exigem que se observe a rea- lidade da vida, suas manifestações e exigências sociais e a evolução dos costumes. A norma penal em um Estado Democrático de Direito não é somente aquela que formalmente descreve um fato como infração penal, pouco importando se ele ofende ou não o sentimento social de justiça; ao contrário, sob pena de colidir com a Constituição, o tipo incriminador deverá obrigatoriamente selecionar, dentre todos os comportamentos humanos, somente aqueles que realmente pos- suam lesividade social. Os princípios constitucionais e as garantias individuais devem atuar como balizas para a correta interpretação e a justa aplicação das normas penais, não se podendo cogitar de uma aplicação mera- mente robotizada dos tipos incriminadores, ditada pela verificação rudimentar da adequação típica formal, descurando-se de qualquer apreciação ontológica do injusto. Em seguida, para maiores noções acerca do Direito Penal em seguida apresentaremos o que prevê o Código Penal – Parte Geral. Didatismo e Conhecimento 64 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo DECRETO-LEI No 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940. Código Penal. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição que lhe confere o art. 180 da Constituição, decreta a seguinte Lei: PARTE GERAL TÍTULO I DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL Anterioridade da Lei Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. Lei penal no tempo Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favore- cer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. Lei excepcional ou temporária Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determi- naram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. Tempo do crime Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. Territorialidade Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no ter- ritório nacional. § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. Lugar do crime Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocor- reu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Extraterritorialidade Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I - os crimes: a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; II - os crimes: a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; b) praticados por brasileiro; c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mer- cantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: a) entrar o agente no território nacional; b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasilei- ra autoriza a extradição; d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favo- rável. § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: a) não foi pedida ou foi negada a extradição; b) houve requisição do Ministro da Justiça. Pena cumprida no estrangeiro Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. Eficácia de sentença estrangeira Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei bra- sileira produz na espécie as mesmas conseqüências, pode ser homo- logada no Brasil para: I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; II - sujeitá-lo a medida de segurança. Parágrafo único - A homologação depende: ; a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte in- teressada; b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça. Contagem de prazo Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. Frações não computáveis da pena Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as fra- ções de cruzeiro. Didatismo e Conhecimento 65 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo Legislação especial Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso. TÍTULO II DO CRIME RELAÇÃO DE CAUSALIDADE Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, so- mente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. Superveniência de causa independente § 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. Relevância da omissão § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente de- via e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o re- sultado; c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. Art. 14 - Diz-se o crime: Crime consumado I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; Tentativa II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Pena de tentativa Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a ten- tativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. Desistência voluntária e arrependimento eficaz Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pe- los atos já praticados.Arrependimento posterior Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. Crime impossível Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia abso- luta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. Art. 18 - Diz-se o crime: Crime doloso I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; Crime culposo II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por impru- dência, negligência ou imperícia. Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pra- tica dolosamente. Agravação pelo resultado Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado ao menos culposamente. Erro sobre elementos do tipo Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. Descriminantes putativas § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo. Erro determinado por terceiro § 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. Erro sobre a pessoa § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. Erro sobre a ilicitude do fato Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência. Coação irresistível e obediência hierárquica Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem. Exclusão de ilicitude Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: I - em estado de necessidade; II - em legítima defesa; III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício re- gular de direito. Excesso punível Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo. Estado de necessidade Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sa- crifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. Didatismo e Conhecimento 66 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o de- ver legal de enfrentar o perigo. § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços. Legítima defesa Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando mode- radamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. TÍTULO III DA IMPUTABILIDADE PENAL Inimputáveis Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilí- cito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Redução de pena Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por de- senvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Menores de dezoito anos Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inim- putáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação es- pecial. Emoção e paixão Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: I - a emoção ou a paixão; Embriaguez II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substân- cia de efeitos análogos. § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. § 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. TÍTULO IV DO CONCURSO DE PESSOAS REGRAS COMUNS ÀS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime in- cide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. Circunstâncias incomunicáveis Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. Casos de impunibilidade Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. TÍTULO V DAS PENAS CAPÍTULO I DAS ESPÉCIES DE PENA Art. 32 - As penas são: I - privativas de liberdade; II - restritivas de direitos; III - de multa. SEÇÃO I DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE RECLUSÃO E DETENÇÃO Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fe- chado, semiaberto ou aberto. A de detenção, em regime semiaberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado. § 1º - Considera-se: a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média; b) regime semiaberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar; c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado. § 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso: a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado; b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semiaberto; c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou infe- rior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto. § 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com observância dos critérios previstos no art. 59 des- te Código. § 4o O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à re- paração do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais. Regras do regime fechado Art. 34 - O condenado será submetido, no início do cumprimen- to da pena, a exame criminológico de classificação para individua- lização da execução. Didatismo e Conhecimento 67 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo § 1º - O condenado ficasujeito a trabalho no período diurno e a isolamento durante o repouso noturno. § 2º - O trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na conformidade das aptidões ou ocupações anteriores do condenado, desde que compatíveis com a execução da pena. § 3º - O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em serviços ou obras públicas. Regras do regime semiaberto Art. 35 - Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, caput, ao condenado que inicie o cumprimento da pena em regime semiaber- to. § 1º - O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno, em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar. § 2º - O trabalho externo é admissível, bem como a freqüência a cursos supletivos profissionalizantes, de instrução de segundo grau ou superior. Regras do regime aberto Art. 36 - O regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado. § 1º - O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias de folga. § 2º - O condenado será transferido do regime aberto, se praticar fato definido como crime doloso, se frustrar os fins da execução ou se, podendo, não pagar a multa cumulativamente aplicada. Regime especial Art. 37 - As mulheres cumprem pena em estabelecimento pró- prio, observando-se os deveres e direitos inerentes à sua condição pessoal, bem como, no que couber, o disposto neste Capítulo. Direitos do preso Art. 38 - O preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda da liberdade, impondo-se a todas as autoridades o respeito à sua integridade física e moral. Trabalho do preso Art. 39 - O trabalho do preso será sempre remunerado, sendo- -lhe garantidos os benefícios da Previdência Social. Legislação especial Art. 40 - A legislação especial regulará a matéria prevista nos arts. 38 e 39 deste Código, bem como especificará os deveres e direi- tos do preso, os critérios para revogação e transferência dos regimes e estabelecerá as infrações disciplinares e correspondentes sanções. Superveniência de doença mental Art. 41 - O condenado a quem sobrevém doença mental deve ser recolhido a hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, a outro estabelecimento adequado. Detração Art. 42 - Computam-se, na pena privativa de liberdade e na me- dida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no es- trangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo anterior. SEÇÃO II DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS Art. 43. As penas restritivas de direitos são: I – prestação pecuniária; II – perda de bens e valores; III – (VETADO) IV – prestação de serviço à comunidade ou a entidades públi- cas; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984 , renumerado com alteração pela Lei nº 9.714, de 25.11.1998) V – interdição temporária de direitos; VI – limitação de fim de semana. Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e subs- tituem as privativas de liberdade, quando: I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for cul- poso; II – o réu não for reincidente em crime doloso; III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circuns- tâncias indicarem que essa substituição seja suficiente. § 1o (VETADO) § 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substi- tuída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas res- tritivas de direitos. § 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha ope- rado em virtude da prática do mesmo crime. § 4o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da res- trição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a execu- tar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão. § 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior. Conversão das penas restritivas de direitos Art. 45. Na aplicação da substituição prevista no artigo ante- rior, proceder-se-á na forma deste e dos arts. 46, 47 e 48. § 1o A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinhei- ro à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação social, de importância fixada pelo juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo nem superior a 360 (trezentos e sessen- ta) salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidentes os beneficiários. § 2o No caso do parágrafo anterior, se houver aceitação do be- neficiário, a prestação pecuniária pode consistir em prestação de outra natureza. Didatismo e Conhecimento 68 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo § 3o A perda de bens e valores pertencentes aos condenados dar-se-á, ressalvada a legislação especial, em favor do Fundo Peni- tenciário Nacional, e seu valor terá como teto – o que for maior – o montante do prejuízo causado ou do provento obtido pelo agente ou por terceiro, em consequência da prática do crime. § 4o (VETADO) Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às condenações superiores a seis meses de pri- vação da liberdade. § 1o A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públi- cas consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao condenado. § 2o A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou estatais. § 3o As tarefas a que se refere o § 1o serão atribuídas conforme as aptidões do condenado, devendo ser cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a não preju- dicar a jornada normal de trabalho. § 4o Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a pena substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada. Interdição temporária de direitos Art. 47 - As penas de interdição temporária de direitos são: I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo; II - proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do po- der público; III - suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veí- culo. IV – proibição de frequentar determinados lugares. V - proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame públicos. Limitação de fim de semana Art. 48 - A limitação de fim de semana consiste na obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por 5 (cinco) horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado. Parágrafo único - Durante a permanência poderão ser ministra- dos ao condenado cursos e palestras ou atribuídas atividades edu- cativas. SEÇÃO III DA PENA DE MULTA Multa Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo pe- nitenciário da quantia fixada na sentença e calculadaem dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa. § 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário. § 2º - O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices de correção monetária. Pagamento da multa Art. 50 - A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois de transitada em julgado a sentença. A requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir que o pagamento se realize em parcelas mensais. § 1º - A cobrança da multa pode efetuar-se mediante desconto no vencimento ou salário do condenado quando: a) aplicada isoladamente; b) aplicada cumulativamente com pena restritiva de direitos; c) concedida a suspensão condicional da pena. § 2º - O desconto não deve incidir sobre os recursos indispensá- veis ao sustento do condenado e de sua família. Conversão da Multa e revogação Modo de Conversão Art. 51 - Transitada em julgado a sentença condenatória, a mul- ta será considerada dívida de valor, aplicando-se-lhes as normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição. § 1º - e § 2º -(Revogado pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) Suspensão da execução da multa Art. 52 - É suspensa a execução da pena de multa, se sobrevém ao condenado doença mental. CAPÍTULO II DA COMINAÇÃO DAS PENAS Penas privativas de liberdade Art. 53 - As penas privativas de liberdade têm seus limites esta- belecidos na sanção correspondente a cada tipo legal de crime. Penas restritivas de direitos Art. 54 - As penas restritivas de direitos são aplicáveis, indepen- dentemente de cominação na parte especial, em substituição à pena privativa de liberdade, fixada em quantidade inferior a 1 (um) ano, ou nos crimes culposos. Art. 55. As penas restritivas de direitos referidas nos incisos III, IV, V e VI do art. 43 terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída, ressalvado o disposto no § 4o do art. 46. Art. 56 - As penas de interdição, previstas nos incisos I e II do art. 47 deste Código, aplicam-se para todo o crime cometido no exercício de profissão, atividade, ofício, cargo ou função, sempre que houver violação dos deveres que lhes são inerentes. Art. 57 - A pena de interdição, prevista no inciso III do art. 47 deste Código, aplica-se aos crimes culposos de trânsito. Pena de multa Art. 58 - A multa, prevista em cada tipo legal de crime, tem os limites fixados no art. 49 e seus parágrafos deste Código. Parágrafo único - A multa prevista no parágrafo único do art. 44 e no § 2º do art. 60 deste Código aplica-se independentemente de cominação na parte especial. Didatismo e Conhecimento 69 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo CAPÍTULO III DA APLICAÇÃO DA PENA Fixação da pena Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circuns- tâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para re- provação e prevenção do crime: I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de li- berdade; IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. Critérios especiais da pena de multa Art. 60 - Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, prin- cipalmente, à situação econômica do réu. § 1º - A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz conside- rar que, em virtude da situação econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo. Multa substitutiva § 2º - A pena privativa de liberdade aplicada, não superior a 6 (seis) meses, pode ser substituída pela de multa, observados os critérios dos incisos II e III do art. 44 deste Código. Circunstâncias agravantes Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quan- do não constituem ou qualificam o crime: I - a reincidência; II - ter o agente cometido o crime: a) por motivo fútil ou torpe; b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impuni- dade ou vantagem de outro crime; c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido; d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum; e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge; f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações do- mésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência con- tra a mulher na forma da lei específica; g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão; h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mu- lher grávida; i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da auto- ridade; j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido; l) em estado de embriaguez preordenada. Agravantes no caso de concurso de pessoas Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que: I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes; II - coage ou induz outrem à execução material do crime; III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível em virtude de condição ou qualidade pessoal; IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou pro- messa de recompensa. Reincidência Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior. Art. 64 - Para efeito de reincidência: I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cum- primento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação; II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos. Circunstâncias atenuantes Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença; II - o desconhecimento da lei; III - ter o agente: a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral; b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano; c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cum- primento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima; d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime; e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou. Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circuns- tância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei. Concurso de circunstâncias agravantes e atenuantes Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderan- tes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determi- nantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência. Cálculo da pena Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes;por último, as causas de diminuição e de aumento. Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de di- minuição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua. Didatismo e Conhecimento 70 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo Concurso material Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam- -se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. § 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código. § 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis en- tre si e sucessivamente as demais. Concurso formal Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código. Crime continuado Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omis- são, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condi- ções de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferen- tes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstân- cias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código. Multas no concurso de crimes Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa são aplica- das distinta e integralmente. Erro na execução Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de exe- cução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Có- digo. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente preten- dia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. Resultado diverso do pretendido Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por aci- dente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. Limite das penas Art. 75 - O tempo de cumprimento das penas privativas de li- berdade não pode ser superior a 30 (trinta) anos. § 1º - Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 30 (trinta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo. § 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de pena já cumprido. Concurso de infrações Art. 76 - No concurso de infrações, executar-se-á primeiramen- te a pena mais grave. CAPÍTULO IV DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA Requisitos da suspensão da pena Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não supe- rior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que: I - o condenado não seja reincidente em crime doloso; II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e perso- nalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias auto- rizem a concessão do benefício. III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código. § 1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do benefício. § 2o A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão. Art. 78 - Durante o prazo da suspensão, o condenado ficará su- jeito à observação e ao cumprimento das condições estabelecidas pelo juiz. § 1º - No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à comunidade (art. 46) ou submeter-se à limitação de fim de semana (art. 48). § 2° Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias do art. 59 deste Código lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz poderá substituir a exigência do parágrafo anterior pelas seguintes condições, aplicadas cumulativamente: a) proibição de frequentar determinados lugares; b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem auto- rização do juiz; c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades. Art. 79 - A sentença poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situa- ção pessoal do condenado. Art. 80 - A suspensão não se estende às penas restritivas de di- reitos nem à multa. Didatismo e Conhecimento 71 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo Revogação obrigatória Art. 81 - A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário: I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso; II - frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem motivo justificado, a reparação do dano; III - descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste Código. Revogação facultativa § 1º - A suspensão poderá ser revogada se o condenado descumpre qualquer outra condição imposta ou é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por contravenção, a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos. Prorrogação do período de prova § 2º - Se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção, considera-se prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento § 3º - Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés de decretá-la, prorrogar o período de prova até o máximo, se este não foi o fixado. Cumprimento das condições Art. 82 - Expirado o prazo sem que tenha havido revogação, considera-se extinta a pena privativa de liberdade. CAPÍTULO V DO LIVRAMENTO CONDICIONAL Requisitos do livramento condicional Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que: I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes; II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso; III - comprovado comportamento satisfatório durante a exe- cução da pena, bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuí- do e aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto; IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração; V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de con- denação por crime hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo,se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza. Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometi- do com violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do livra- mento ficará também subordinada à constatação de condições pes- soais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir. Soma de penas Art. 84 - As penas que correspondem a infrações diversas de- vem somar-se para efeito do livramento. Especificações das condições Art. 85 - A sentença especificará as condições a que fica su- bordinado o livramento. Revogação do livramento Art. 86 - Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser con- denado a pena privativa de liberdade, em sentença irrecorrível: I - por crime cometido durante a vigência do benefício; II - por crime anterior, observado o disposto no art. 84 deste Código. Revogação facultativa Art. 87 - O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o liberado deixar de cumprir qualquer das obrigações constantes da sentença, ou for irrecorrivelmente condenado, por crime ou con- travenção, a pena que não seja privativa de liberdade. Efeitos da revogação Art. 88 - Revogado o livramento, não poderá ser novamente concedido, e, salvo quando a revogação resulta de condenação por outro crime anterior àquele benefício, não se desconta na pena o tempo em que esteve solto o condenado. Extinção Art. 89 - O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em julgado a sentença em processo a que responde o liberado, por crime cometido na vigência do livramento. Art. 90 - Se até o seu término o livramento não é revogado, considera-se extinta a pena privativa de liberdade. CAPÍTULO VI DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO Efeitos genéricos e específicos Art. 91 - São efeitos da condenação: I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime; II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé: a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coi- sas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito; b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que cons- titua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso. Art. 92 - São também efeitos da condenação: I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública; b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos. II - a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometi- dos contra filho, tutelado ou curatelado; III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso. Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença. Didatismo e Conhecimento 72 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo CAPÍTULO VII DA REABILITAÇÃO Reabilitação Art. 93 - A reabilitação alcança quaisquer penas aplicadas em sentença definitiva, assegurando ao condenado o sigilo dos registros sobre o seu processo e condenação. Parágrafo único - A reabilitação poderá, também, atingir os efeitos da condenação, previstos no art. 92 deste Código, vedada reintegração na situação anterior, nos casos dos incisos I e II do mes- mo artigo. Art. 94 - A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 (dois) anos do dia em que for extinta, de qualquer modo, a pena ou termi- nar sua execução, computando-se o período de prova da suspensão e o do livramento condicional, se não sobrevier revogação, desde que o condenado: I - tenha tido domicílio no País no prazo acima referido; II - tenha dado, durante esse tempo, demonstração efetiva e constante de bom comportamento público e privado; III - tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre a absoluta impossibilidade de o fazer, até o dia do pedido, ou exiba documento que comprove a renúncia da vítima ou novação da dí- vida. Parágrafo único - Negada a reabilitação, poderá ser requerida, a qualquer tempo, desde que o pedido seja instruído com novos ele- mentos comprobatórios dos requisitos necessários. Art. 95 - A reabilitação será revogada, de ofício ou a requeri- mento do Ministério Público, se o reabilitado for condenado, como reincidente, por decisão definitiva, a pena que não seja de multa. TÍTULO VI DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA Espécies de medidas de segurança Art. 96. As medidas de segurança são: I - Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento adequado; II - sujeição a tratamento ambulatorial. Parágrafo único - Extinta a punibilidade, não se impõe medida de segurança nem subsiste a que tenha sido imposta. Imposição da medida de segurança para inimputável Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se, todavia, o fato previsto como crime for pu- nível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambu- latorial. Prazo § 1º - A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação de periculosidade. O prazo mínimo deve- rá ser de 1 (um) a 3 (três) anos. Perícia médica § 2º - A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo mínimo fixado e deverá ser repetida de ano em ano, ou a qualquer tempo, se o determinar o juiz da execução. Desinternação ou liberação condicional § 3º - A desinternação, ou a liberação, será sempre condicional devendo ser restabelecida a situação anterior se o agente, antes do decurso de 1 (um) ano, pratica fato indicativo de persistência de sua periculosidade. § 4º - Em qualquer fase do tratamento ambulatorial, poderá o juiz determinar a internação do agente, se essa providência for necessária para fins curativos. Substituição da pena por medida de segurança para o semi- -imputável Art. 98 - Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste Código e necessitando o condenado de especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade pode ser substituída pela internação, ou tra- tamento ambulatorial, pelo prazo mínimo de 1 (um) a 3 (três) anos, nos termos do artigo anterior e respectivos §§ 1º a 4º. Direitos do internado Art. 99 - O internado será recolhido a estabelecimento dotado de características hospitalares e será submetido a tratamento. TÍTULO VII DA AÇÃO PENAL Ação pública e de iniciativa privada Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressa- mente a declara privativa do ofendido. § 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça. § 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo. § 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal. § 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. A ação penal no crime complexo Art. 101 - Quando a lei considera como elemento ou circunstân- cias do tipo legal fatos que, por si mesmos, constituem crimes, cabe ação pública em relação àquele, desde que, em relação a qualquer destes, se deva proceder por iniciativa do Ministério Público. Irretratabilidade da representação Art. 102 - A representação será irretratável depois de oferecida a denúncia. Decadênciado direito de queixa ou de representação Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito de queixa ou de representação se não o exerce den- tro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º do art. 100 deste Códi- go, do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da denúncia. Renúncia expressa ou tácita do direito de queixa Art. 104 - O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa ou tacitamente. Didatismo e Conhecimento 73 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prática de ato incompatível com a vontade de exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber o ofendido a indenização do dano causado pelo crime. Perdão do ofendido Art. 105 - O perdão do ofendido, nos crimes em que somente se procede mediante queixa, obsta ao prosseguimento da ação. Art. 106 - O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou tá- cito: I - se concedido a qualquer dos querelados, a todos aproveita; II - se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o direito dos outros; III - se o querelado o recusa, não produz efeito. § 1º - Perdão tácito é o que resulta da prática de ato incompatível com a vontade de prosseguir na ação. § 2º - Não é admissível o perdão depois que passa em julgado a sentença condenatória. TÍTULO VIII DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE Extinção da punibilidade Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: I - pela morte do agente; II - pela anistia, graça ou indulto; III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; IV - pela prescrição, decadência ou perempção; V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. Art. 108 - A extinção da punibilidade de crime que é pressupos- to, elemento constitutivo ou circunstância agravante de outro não se estende a este. Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade de um deles não impede, quanto aos outros, a agravação da pena resultante da conexão. Prescrição antes de transitar em julgado a sentença Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010). I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze; II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze; III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito; IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro; V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois; VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano. (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010). Prescrição das penas restritivas de direito Parágrafo único - Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as privativas de liberdade. Prescrição depois de transitar em julgado sentença final condenatória Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sen- tença condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um ter- ço, se o condenado é reincidente. § 1o A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa. § 2o (Revogado pela Lei nº 12.234, de 2010). Termo inicial da prescrição antes de transitar em julgado a sentença final Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a senten- ça final, começa a correr: I - do dia em que o crime se consumou; II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa; III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a perma- nência; IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de as- sentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou co- nhecido. V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adoles- centes, previstos neste Código ou em legislação especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal. (Redação dada pela Lei nº 12.650, de 2012) Termo inicial da prescrição após a sentença condenatória irrecorrível Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a prescrição co- meça a correr: I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação, ou a que revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional; II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção deva computar-se na pena. Prescrição no caso de evasão do condenado ou de revoga- ção do livramento condicional Art. 113 - No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o livramento condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que resta da pena. Prescrição da multa Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá: I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada; II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena pri- vativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativa- mente cominada ou cumulativamente aplicada. Didatismo e Conhecimento 74 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo Redução dos prazos de prescrição Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos. Causas impeditivas da prescrição Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a pres- crição não corre: I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime; II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro. Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o con- denado está preso por outro motivo. Causas interruptivas da prescrição Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa; II - pela pronúncia; III - pela decisão confirmatória da pronúncia; IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios re- corríveis; (Redação dada pela Lei nº 11.596, de 2007). V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; VI - pela reincidência. § 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles. § 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção. Art. 118 - As penas mais leves prescrevem com as mais graves. Reabilitação Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção da punibi- lidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente. Perdão judicial Art. 120 - A sentença que conceder perdão judicial não será considerada para efeitos de reincidência. 13 NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS. Os Direitos Humanos são fundamentais ao Homem pelo fato de ele ser homem. Não resultam de uma concessão da sociedade polí- tica, mas constituem prerrogativas inerentes à condição humana. Os Direitos Humanos não são estáticos mas acompanhamo processo histórico; processo não linear, pois também conhece retrocessos. Foi apenas no século XX, sobretudo depois da Segunda Guerra Mun- dial, que eles se definiram explicitamente e adquiriram o reconhe- cimento mundial. A noção de Direitos Humanos, todavia é muito antiga, perde-se no tempo. O código de Hammurabi (1700 a.C. aproximadamente) menciona leis de proteção aos mais fracos e de freio para a autori- dade. A civilização egípcia, especialmente na era dos faraós (dinastia XVIII), já concebia o poder como serviço. Há divergências quanto ao surgimento dos direitos humanos na história, mas muitos autores situam-no na Grécia, quando eles foram aludidos em um texto de Sófocles no qual Antígona, em resposta ao rei que a interpela em nome de quem havia sepultado contra suas ordens, o irmão que fora executado: “Agi em nome de uma lei que é muito mais antiga do que o rei, uma lei que se perde na origem dos tempos, que ninguém sabe quando foi promulgada”. Os profetas judeus vinculam o exercício do poder a deveres fundados em princípios religiosos que inspiram uma ética basea- da na responsabilidade de todos os homens pelos seus atos. Buda, Confúcio e Zoroastro pregam a supremacia do direito e da justiça, o ensino da fraternidade e da generosidade. Visam a plena realização da natureza humana e a formação de uma sociedade pacífica e justa. Na Grécia do século V a.C., os cidadãos já controlam as ações do Estado (polis); O limite do poder é dado pelo direito que exercem os cidadãos ao participar dos assuntos públicos. Entre os séculos VII a.C. e XVIII da nossa era, a humanidade faz progressos no controle dos governantes, que exercem e distri- buem a justiça. Os gregos desenvolvem o conceito da liberdade, como expressão máxima da dignidade humana, baseada na ideia da igualdade. Os estoicos defendem a existência de princípios morais, univer- sais, eternos e imutáveis que resultam direitos inerentes ao homem. O cristianismo, considerando o homem, à imagem e semelhan- ça de Deus, prega a igualdade entre todos os homens. Esta igualdade não se limita ao usufruto individual dos direitos, mas supõe o dever do amor ao próximo. O cristianismo passa a ter uma influência de- cisiva, ora benéfica, ora maléfica, e a Igreja passa a associar-se ao poder temporal. O Islão na vida política tem uma concepção similar da rela- ção entre os homens: a de sua igualdade primordial “baseada em sua identidade essencial, em sua origem única, e em seu destino co- mum” (Sorondo). Na Idade Média, a partir das famílias daqueles que lutaram contra as invasões dos bárbaros (e com isso tornavam-se proprietá- rios de terras), nasce uma aristocracia, sócia natural do poder real, que buscava fundamento no direito natural para os seus privilégios. Este período tem uma importância significativa, é um momento de revisão de valores, de confronto de objetivos temporais, imediatos e permanentes, muitos deles já indicados como objetivos espirituais no fim da Idade Média quando surge uma nova realidade histórica: a burguesia. No final da Idade Média, São Tomás de Aquino discute diretamente a questão dos Direitos Humanos, retomando Aristóteles e dando, à sua filosofia, a visão cristã. A fundamentação de São To- más é teológica: o ser humano tem direitos naturais que fazem parte de sua natureza, pois lhe foram dados por Deus. A partir disso desen- volve toda uma linha teórica e política. Ocorrerá, no entanto, uma clara ambiguidade, na utilização deste conceito, chegando a firmar- -se e aceitar-se na prática que o direito dos reis era um direito natural de origem divina que justificava o absolutismo. Um caminho aberto para toda espécie de violências, e em última análise, até para a ne- gação dos direitos humanos. O poder armado, o poder econômico e os proprietários de terras não respeitavam aqueles que não desfru- Didatismo e Conhecimento 75 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo tavam destes privilégios. Não existia o mínimo respeito pela pessoa humana. Um grande número de seres humanos viviam à margem, e eram explorados de todas as maneiras. Foram os o burgueses, as- sociados aos pensadores liberais, quem levantaram modernamente, a liberdade como um valor. Cessadas as invasões dos bárbaros e consequentemente, afastados os grandes riscos, a proteção dos se- nhores feudais se tornou dispensável e as pessoas começam a voltar para as cidades. Os burgos começam a se desenvolverem. A burgue- sia, paulatinamente enriquece-se e fortifica-se mas ainda é mantida marginalizada do poder político o que reivindica para defender os seus poderes pessoais e o seu patrimônio. A época do Iluminismo e dos Enciclopedistas revoluciona as ideias tradicionais da Idade Média, afirmando-a dignidade humana e a fé na razão. Vige a ideia de que o homem é concebido com o detentor de direitos sagrados e inalienáveis. E o governo não pode prescindir da vontade dos cida- dãos. Rousseau desenvolveu a teoria da igualdade natural entre os homens. Voltaire insistiu na tolerância religiosa e na liberdade de expressão pois a religião já não podia explicar tudo. Na Inglaterra, um Parlamento já existia desde o século XIV mas era formado somente por nobres e prelados, todos proprietários. A burguesia impõe a criação da Câmara dos Comuns que perdura até hoje. O crescimento político da burguesia, desta forma, favorece o crescimento dos Direitos Humanos. Em 1215, na Inglaterra, os bis- pos e barões impõe ao Rei João-Sem-Terra a Carta Magna que limita o poder do soberano. A petição de direitos de 1628 é imposta pelo Parlamento ao monarca. O Habeas Corpus de 1669 que consagrou o amparo à liberdade pessoal, determinava que a pessoa acusada fosse apresentada para julgamento público. Até então, os nobres e aristocratas prendiam e faziam a sua própria justiça. Foi sobretudo o Bill of Rights de 1689 o mais importante do- cumento constitucional da Inglaterra, que fortaleceu e definiu as atribuições legislativas do parlamento frente à Coroa e proclamou a liberdade da eleição dos membros do Parlamento, consagrando algumas garantias individuais. Ainda neste século XVIII, dá-se a criação dos Estados Unidos da América, através de uma revolução eminentemente burguesa. A Inglaterra impunha sucessivas e crescentes restrições à vida econô- mica das colônias, através da imposição de taxas sobre o comércio exterior. Isto fomentou nos colonos um forte espírito de desobe- diência e insubordinação. Embora parte do Império Britânico, as colônias da América fo- ram, desde cedo conquistando o direito de se autogovernar, e assu- mindo o dever de se tornarem autossuficientes. Alastra-se o anseio de libertação pelas treze colônias, que uni- das, proclamam a Declaração de Independência dos Estados Uni- dos, também conhecida como Declaração de Filadélfia. Nela, são expostas as razões fundamentais que levaram à in- dependência: “Todos os homens foram criados iguais. Os direitos fundamen- tais foram conferidos pelo Criador entre eles estão o da vida, liber- dade e o da procura da própria felicidade”. Sempre que qualquer forma de governo tenta destruir esses di- reitos, assiste ao povo o direito de mudá-lo ou aboli-lo e de instituir um novo governo. Este documento serviu de referencial para todos os movimentos de independência dos povos colonizados. Mas a Constituição norte-americana é uma Constituição feita por comer- ciantes para comerciantes. Ainda no Século XVIII, a Revolução Francesa criou um direito que torna-se base fundamental do direito constitucional moderno: A DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDA- DÃO. Em seu primeiro artigo, já afirma um direito social fundamen- tal: O FIM DA SOCIEDADE É A FELICIDADE COMUM. A es- sência da Declaração, apoia-se na ideia de que, ao lado dos direitos do Homem e do Cidadão, existe apontada a obrigação de o Estado respeitar e de garantir os direitos humanos Até então, os Direitos Humanos eram concebidos como direitos naturais, impostos por Deus e vinham sendoutilizados contra bur- gueses, em favor dos reis, e aristocratas, para justificar violências que praticavam. Os burgueses não rejeitam esses direitos mas os reclamam também para si. Surgem pensadores considerados libe- rais como: Espinoza, Locke, Rousseau, Montesquieu, que pregam a existência dos direitos fundamentais como a liberdade e igualdade. Todavia, o conceito de igualdade nessa época não é o mesmo que o de hoje, pois a Constituição norte americana admitia a escravidão. Portanto, uma liberdade é igualdade política e no século XVIII, a fundamentação teológica é substituída por um fundamento raciona- lista que terá um peso expressivo. Hugo Grocis dizia, que “ainda que Deus não existisse, o homem teria direitos naturais”. O fundamento, portanto, não está em Deus mas na razão. Isto é o racionalismo. Direito Humanitário O Direito Internacional Humanitário é definido por Gerard Peytrignet da seguinte maneira: “Trata-se do corpo de normas jurí- dicas de origem convencional ou consuetudinário, especificamente aplicável aos conflitos armados, internacionais ou não internacio- nais, e que limita, por razões humanitárias, o direito das partes em conflito de escolher livremente os métodos e os meios utilizados na guerra, evitando que sejam afetados as pessoas e os bens legalmente protegidos”. Em outras palavras, o Direito Internacional Humanitá- rio visa regrar as situações de conflito armado, com o intuito de pro- teger ao máximo os envolvidos - direta (militares) ou indiretamente (civis e etc) - no conflito, minimizando os seus danos. Os acontecimentos desencadeados durante o século XIX na Europa foram de extrema importância para o estabelecimento do marco normativo moderno do Direito Internacional Humanitário - a Convenção de Genebra de 1894. Em meio as atrocidades cometidas no período, começamos a perceber, principalmente pela figura de Henry Dunant, um esforço normativo para proteger os direitos dos envolvidos nos conflitos. Após presenciar no ano de 1859 as barbáries cometidas na bata- lha de Solferino, em 1862, Dunant publicou “Recordações de Solfe- rino”, onde defendia a criação de entidades de socorro privadas em cada país e a elaboração de um acordo internacional que facilitasse o trabalho das mesmas. Como consequência da propagação das ideias expostas na obra, no ano seguinte, juntamente com outros defenso- res de seus ideias, tem-se a fundação do Comitê Internacional da Cruz Vermelha e, em 1894, a convite do governo suíço, celebrou-se a primeira Convenção de Genebra, onde ficou aprovado o Convê- nio para proteção dos feridos em campo. Devido ao pioneirismo da Convenção, o DIH pode ser indicado como percursor da internacio- nalização da proteção da pessoa humana. Entretanto, essas providências mostraram-se insuficientes para minorar as barbáries cometidas durante as duas Guerras Mundiais. Visando tornar mais abrangente o DIH, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha fez a Suíça convocar mais uma conferência em Ge- Didatismo e Conhecimento 76 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo nebra, em 1949, na qual foram elaborados os documentos que são o alicerce do DIH atual: as Convenções de Genebra I (protege feridos e doentes das forças armadas em campanha), II (feridos, doentes e náufragos das Forças Armadas no mar), III (prisioneiros de guerra) e IV (população civil). Nessas convenções, ratificadas por 191 países, estabeleceram- -se a maioria das normas de conduta hoje vigentes para as situações de conflitos armados, sendo as mais importantes delas: - Somente podem ser atacados objetivos militares (por obje- tivos compreende-se não apenas pessoas como também edifícios, estruturas, etc) - Dever de recolher e dar assistência aos feridos, doentes e náu- fragos, sem discriminação alguma. - Tratar com humanidade o adversário que se rende ou é captu- rado, assim como prisioneiros detidos - Respeitar os civis e seus bens (cabe aqui a observação de que uma das “tradições” mais brutais das guerras, desde os mais antigos registros, é a pilhagem de bens de civis, bem como crimes terríveis, em particular o estupro de mulheres habitantes das áreas ocupadas) - Não causar sofrimento ou danos excessivos - Não atacar o pessoal médico ou sanitário nem suas instalações e permitir que façam seu trabalho - Não colocar obstáculos ao pessoal da Cruz Vermelha no de- sempenho de suas funções Após as referidas convenções, com o advento das guerras de li- bertação nacional, tornou-se urgente a regulamentação dos conflitos armados não-internacionais, o que levou a convocação, em 1977, de mais uma conferência em Genebra, da qual resultaram dois protoco- los adicionais às Convenções: Protocolo Adicional I - com base na autodeterminação dos po- vos amplia o conceito de “conflito armado internacional”, incorpo- rando aqueles em que se luta contra regimes de dominação colonial ou racistas. Foi ratificado por 161 países. Protocolo Adicional II - Aplica princípios das Convenções (arti- go 3° comum) a conflitos armados internos, quando esses ocorrerem devido à atuação de grupos armados organizados (ou forças armadas dissidentes) que controlem, de maneira organizada, alguma parte do território. Foi ratificado por 156 países. Importante esclarecer que um Estado, ao assinar um tratado de DIH, obriga-se não apenas a cumprir com as normas existentes no diploma, mas também de adequar sua legislação interna aos precei- tos por ele estabelecidos. Deve também difundir entre autoridades civis e militares os referidos preceitos e assegurar medidas de con- trole, visando determinar a existência ou não de infrações. Com o mesmo objetivo de detectar possíveis infrações há a fi- gura da “Potência Protetora”, que nada mais é que um Estado alheio ao conflito, que investiga a ocorrência de irregularidades. Tal ins- tituição foi consagrada pela Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, de 1961. Quando há grande dificuldade de eleger um Estado para tal papel, esse é efetuado pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha. O Protocolo Adicional I criou ainda a Comissão In- ternacional de Apuramento dos Fatos, para acompanhar a veracida- de das supostas violações. Qualquer violação por parte de um dos signatários das Conven- ções o torna passível de ser processado diante da Corte Internacional de Justiça/Tribunal Internacional de Justiça, ou da Corte/Tribunal Penal Internacional. Em seguida, iremos realizar a leitura de um dos principais dis- positivos criados para a proteção dos Direitos Humanos: Declaração Universal dos Direitos Humanos Aprovada pela Res. nº 217, durante a 3ª Sessão Ordinária da Assembleia Geral da ONU, em Paris, França, em 10-12-1948. Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e ina- lienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo, Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da humanidade e que o advento de um mundo em que os homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do homem comum, Considerando essencial que os direitos humanos sejam protegi- dos pelo Estado de Direito, para que o homem não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão, Considerando essencial promover o desenvolvimento de rela- ções amistosas entre as nações, Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos dos homens e das mulheres, e que decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla, Considerando que os Estados-Membros se comprometeram a promover, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito uni- versal aos direitos humanos e liberdades fundamentais da pessoa e a observânciadesses direitos e liberdades, Considerando que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da mais alta importância para o pleno cumprimento desse compromisso, A Assembleia Geral proclama: A presente Declaração Universal dos Direitos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do en- sino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liber- dades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observân- cia universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Estados- -Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição. Artigo 1º Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade. Artigo 2º Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberda- des estabelecidas nesta Declaração, sem distinção de qualquer es- pécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. Não será tampouco feita qualquer distinção fundada na con- dição política, jurídica ou internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limi- tação de soberania. Didatismo e Conhecimento 77 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo Artigo 3º Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pes- soal. Artigo 4º Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas. Artigo 5º Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante. Artigo 6º Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhe- cida como pessoa perante a lei. Artigo 7º Todos são iguais perante a lei e tem direito, sem qualquer distin- ção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção con- tra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação. Artigo 8º Toda pessoa tem direito a receber dos tribunais nacionais com- petentes recurso efetivo para os atos que violem os direitos funda- mentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei. Artigo 9º Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado. Artigo 10 Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do fundamento de qual- quer acusação criminal contra ela. Artigo 11 § 1º Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito de ser presumida inocente até que a sua culpabilidade tenha sido prova- da de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa. § 2º Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituam delito perante o direito nacional ou internacional. Tampouco será imposta pena mais forte do que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso. Artigo 12 Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na de sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques. Artigo 13 § 1º Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e resi- dência dentro das fronteiras de cada Estado. § 2º Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar. Artigo 14 § 1º Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de pro- curar e de gozar asilo em outros países. § 2º Este direito não pode ser invocado em caso de persegui- ção legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos propósitos e princípios das Nações Unidas. Artigo 15 § 1º Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade. § 2º Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionali- dade, nem do direito de mudar de nacionalidade. Artigo 16 § 1º Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer res- trição de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução. § 2º O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes. § 3º A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do Estado. Artigo 17 § 1º Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em socieda- de com outros. § 2º Ninguém será arbitrariamente privado de sua proprieda- de. Artigo 18 Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciên- cia e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou cole- tivamente, em público ou em particular. Artigo 19 Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quais- quer meios e independentemente de fronteiras. Artigo 20 § 1º Toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e associa- ção pacíficas. § 2º Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma asso- ciação. Artigo 21 § 1º Toda pessoa tem o direito de tomar parte no governo de seu país, diretamente ou por intermédio de representantes livre- mente escolhidos. § 2º Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço públi- co do seu país. § 3º A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que assegure a liberdade de voto. Didatismo e Conhecimento 78 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo Artigo 22 Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segu- rança social e à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional de acordo com a organização e recursos de cada Es- tado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade. Artigo 23 § 1º Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego. § 2º Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho. § 3º Toda pessoa que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social. § 4º Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para a proteção de seus interesses. Artigo 24 Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e a férias periódicas remuneradas. Artigo 25 § 1º Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar, inclusive alimen- tação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle. § 2º A maternidade e a infância têm direito a cuidados e as- sistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social. Artigo 26 § 1º Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gra- tuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais.A ins- trução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito. § 2º A instrução será orientada no sentido do pleno desenvol- vimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instru- ção promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. § 3º Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos. Artigo 27 § 1º Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do progres- so científico e de seus benefícios. § 2º Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor. Artigo 28 Toda pessoa tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberdades estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados. Artigo 29 § 1º Toda pessoa tem deveres para com a comunidade, em que o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é possível. § 2º No exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa esta- rá sujeita apenas às limitações determinadas por lei, exclusivamen- te com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer às justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade de- mocrática. § 3º Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese algu- ma, ser exercidos contrariamente aos propósitos e princípios das Nações Unidas. Artigo 30 Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpre- tada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos. 14 NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL. 14.1 INQUÉRITO POLICIAL. 14.2 PROVA (ART. 158 A 184 DO CPP). 14.3 PRISÃO EM FLAGRANTE. 14.4 PRISÃO PREVENTIVA. 14.5 LEI Nº 8.069/1990 (ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE). 14.6 LEI Nº 4.898/1965 (ABUSO DE AUTORIDADE). 14.7 LEI Nº 10.741/2003 (ESTATUTO DO IDOSO). 14.8 LEI Nº 7.716/1989 (LEI CONTRA O PRECONCEITO). INQUÉRITO POLICIAL. O inquérito policial é um procedimento administrativo inves- tigatório, de caráter inquisitório e preparatório, consistente em um conjunto de diligências realizadas pela polícia investigativa para apuração da infração penal e de sua autoria, presidido pela auto- ridade policial, a fim de que o titular da ação penal possa ingressar em juízo. A mesma definição pode ser dada para o termo circunstanciado (ou “TC”, como é usualmente conhecido), que são instaurados em caso de infrações penais de menor potencial ofensivo, a saber, as contravenções penais e os crimes com pena máxima não superior a dois anos, cumulada ou não com multa, submetidos ou não a proce- dimento especial. A natureza jurídica do inquérito policial, como já dito no item anterior, é de “procedimento administrativo investigatório”. E, se é administrativo o procedimento, significa que não incidem sobre ele as nulidades previstas no Código de Processo Penal para o processo, nem os princípios do contraditório e da ampla defesa. Didatismo e Conhecimento 79 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo Desta maneira, eventuais vícios existentes no inquérito poli- cial não afetam a ação penal a que der origem, salvo na hipótese de provas obtidas por meios ilícitos, bem como aquelas provas que, excepcionalmente na fase do inquérito, já foram produzidas com ob- servância do contraditório e da ampla defesa, como uma produção antecipada de provas, p. ex. Finalidade. Visa o inquérito policial à apuração do crime e sua autoria, e à colheita de elementos de informação do delito no que tange a sua materialidade e seu autor. Diferenças entre elementos informativos e prova. Os ele- mentos informativos são aqueles colhidos na fase investigatória, nos quais não será obrigatório o contraditório e a ampla defesa. Ademais, não há obrigação de participação dialética das partes. Já a prova, em regra, é produzida na fase judicial, com exceção das provas cautelares, que necessitem ser produzidas antecipada- mente. E, por ser produzida na fase judicial, obrigatoriamente a pro- va deve ser produzida com participação dialética das partes, graças à necessidade de observância do contraditório e da ampla defesa. Mas é possível utilizar elementos de informação como funda- mento numa sentença condenatória? Pode-se, desde que os elemen- tos de informação não sejam a essência única para a condenação. Eis o teor do art. 155, do Código de Processo Penal, com redação dada pela Lei nº 11.690/08. Assim, o juiz pode utilizá-los acessoriamente, em conjunto com o universo probatório produzido à luz do contraditório e da ampla defesa que indiquem a mesma trilha do que os elementos de infor- mação outrora disseram. Então, afinal, para que servem os elementos de informação? Se não servem como único meio para fundamentar um decreto conde- natório, esses elementos têm como suas finalidades precípuas a to- mada de decisões quanto às prisões processuais, bem como medidas cautelares diversas da prisão; e também são decisivos para auxiliar na formação da convicção do titular da ação penal (a chamada “opi- nio delicti”). Presidência do inquérito policial. Será da autoridade policial de onde se deu a consumação do delito, no exercício de funções de polícia judiciária. Competência para investigar. A competência para investigar depende da justiça competente para julgar o crime. Assim, se o crime é de competência da Justiça Militar da União, em regra será instaurado um inquérito policial militar (IPM), o qual será presidido por um encarregado, que é um Oficial das Forças Ar- madas. Se o crime é da competência da Justiça Militar Estadual, tam- bém será instaurado um inquérito policial militar (IPM), o qual será presidido por um encarregado, que é um Oficial da Polícia Militar ou dos Bombeiros. Se o crime é da competência da Justiça Federal, a competência para investigar será da Polícia Federal. Se o crime é da competência da Justiça Eleitoral, também será investigado pela Polícia Federal, já que a Justiça Eleitoral é uma Justiça da União (embora o Tribunal Superior Eleitoral entenda que, nas localidades em que não haja Polícia Federal, a Polícia Civil es- tará autorizada a investigar). Se o crime é da competência da Justiça Estadual, usualmente a investigação é feita pela Polícia Civil dos Estados, mas isso não obsta que a Polícia Federal também possa investigar, caso o delito tenha grande repercussão nacional ou envolva mais de um Estado. Disso infere-se, pois, que as atribuições da Polícia Federal são mais amplas que a competência da Justiça Federal. Características do inquérito policial. São elas: A) Peça escrita. Segundo o art. 9º, do Código de Processo Pe- nal, todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade policial. Vale lembrar, contudo, que o fato de ser peça escrita não obsta que sejam os atos produzidos durante tal fase sejam gravados por meio de recurso de áudio e/ou vídeo; B) Peça dispensável. Caso o titular da ação penal obtenha ele- mentos de informação a partir de uma fonte autônoma (ex: a repre- sentação já contém todos os dados essenciais ao oferecimento da denúncia), poderá dispensar a realização do inquérito policial; C) Peça sigilosa. De acordo com o art. 20, caput, CPP, a autori- dade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. Mas, esse sigilo não absoluto, pois, em verdade, tem acesso aos autos do inquérito o juiz,o promotor de justiça, e a autoridade poli- cial, e, ainda, de acordo com o art. 5º, LXIII, CF, com o art. 7º, XIV, da Lei nº 8.906/94 (“Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil”), e com a Súmula Vinculante nº 14, o advogado tem acesso aos atos já documentados nos autos, independentemente de procuração, para assegurar direito de assistência do preso e investigado. Desta forma, veja-se, o acesso do advogado não é amplo e irres- trito. Seu acesso é apenas às informações já introduzidas nos autos, mas não em relação às diligências em andamento. Caso o delegado não permita o acesso do advogado aos atos já documentados, é cabível reclamação ao STF para ter acesso às informações (por desrespeito a teor de Súmula Vinculante), habeas corpus em nome de seu cliente, ou o meio mais rápido que é o man- dado de segurança em nome do próprio advogado, já que a prerro- gativa violada de ter acesso aos autos é dele. Por fim, ainda dentro desta característica da sigilosidade, há se chamar atenção para o parágrafo único, do art. 20, CPP, com nova redação dada pela Lei nº 12.681/2012, segundo o qual, nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes à instauração de inquérito contra os requerentes. Isso atende a um anseio antigo de parcela considerável da dou- trina, no sentido de que o inquérito, justamente por sua característica da pré-judicialidade, não deve ser sequer mencionado nos atestados de antecedentes. Já para outro entendimento, agora contra a lei, tal medida representa criticável óbice a que se descubra mais sobre um cidadão em situações como a investigação de vida pregressa anterior a um contrato de trabalho, p. ex.; D) Peça inquisitorial. No inquérito não há contraditório nem ampla defesa. Por tal motivo não é autorizado ao juiz, quando da sentença, a se fundar exclusivamente nos elementos de informação colhidos durante tal fase administrativa para embasar seu decreto (art. 155, caput, CPP). Ademais, graças a esta característica, não há uma sequência pré-ordenada obrigatória de atos a ocorrer na fase do inquérito, tal como ocorre no momento processual, devendo estes ser realizados de acordo com as necessidades que forem surgindo; Didatismo e Conhecimento 80 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo E) Peça indisponível. O delegado não pode arquivar o inquérito policial (art. 17, CPP). Quem vai fazer isso é a autoridade judicial, mediante requerimento do promotor de justiça; Formas de instauração do inquérito policial. Tudo depen- derá da espécie de ação penal correspondente ao crime perpetrado. Vejamos: A) Se o crime a ser averiguado for de ação penal privada ou condicionada à representação. O inquérito começa por representa- ção da vítima ou de seu representante legal; B) Se o crime a ser averiguado for de ação penal pública con- dicionada à requisição do Ministro da Justiça. Neste caso, o ato inaugural do inquérito é a própria requisição do Ministro da Justiça; C) Se o crime a ser averiguado for de ação penal pública incondicionada. Neste caso, o inquérito pode começar de ofício (quando a autoridade policial, em suas atividades, tomou conheci- mento dos fatos. Neste caso, o procedimento inicia-se por portaria); por requisição do juiz ou do Ministério Público (parte da doutrina entende que o ideal é que o juiz não requisite para se manter impar- cial e manter a essência do sistema acusatório. Neste caso, a peça inaugural é a própria requisição); por requerimento da vítima (neste caso, o delegado deve verificar as procedências das informações, e, em caso de indeferimento ao requerimento, cabe recurso inominado dirigido ao Chefe de Polícia. Caso entenda pela instauração de in- quérito, o ato inaugural do procedimento é a portaria); por “delatio criminis” (trata-se de notícia oferecida por qualquer do povo ou pela imprensa, de modo que esta não pode ser “anônima” (ou inqualifi- cada). Neste caso, a peça inaugural do procedimento é a portaria. Ademais, vale lembrar que, para o STF, a denúncia anônima, por si só, não serve para fundamentar a instauração de inquérito policial, mas a partir dela o delegado deve realizar diligências preliminares para apurar a procedência das informações antes da devida instau- ração do inquérito); por auto de prisão em flagrante (neste caso, a peça inaugural do inquérito é o próprio auto de prisão em flagrante). Importância em saber a forma de instauração do inquérito policial. A importância interessa para fins de análise de cabimento de habeas corpus, mandado de segurança, e definição de autorida- de coatora. Se for um procedimento instaurado por portaria, p. ex., significa que a autoridade coatora é o delegado de polícia, logo o habeas corpus é endereçado ao juiz de primeira instância. Agora, se for um procedimento instaurado a partir da requisição do promotor de justiça, p. ex., este é a autoridade coatora, logo, para uma primeira corrente (minoritária), o habeas corpus é endereçado ao juiz de pri- meira instância, ou, para uma corrente majoritária, o habeas corpus deve ser encaminhado ao respectivo Tribunal, pois o promotor de justiça tem foro por prerrogativa de função. “Notitia criminis”. É o conhecimento, pela autoridade policial, acerca de um fato delituoso que tenha sido praticado. São as seguin- tes suas espécies: A) “Notitia criminis” de cognição imediata. Nesta, a autorida- de policial toma conhecimento do fato por meio de suas atividades corriqueiras (ex: durante uma investigação qualquer descobre uma ossada humana enterrada no quintal de uma casa); B) “Notitia criminis” de cognição mediata. Nesta, a autoridade policial toma conhecimento do fato por meio de um expediente es- crito (ex: requisição do Ministério Público; requerimento da vítima); C) “Notitia criminis” de cognição coercitiva. Nesta, a autorida- de policial toma conhecimento do fato delituoso por intermédio do auto de prisão em flagrante. Alguns atos praticados durante o inquérito policial. De acordo com os arts. 6º, 7º, e 13, do Código de Processo Penal, são algumas das providências a serem tomadas pela autoridade policial durante a fase do inquérito policial: A) Dirigir-se ao local dos fatos, providenciando para que não se alterem o estado e a conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais (art. 6º, I); B) Apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais (art. 6º, II); C) Colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias (art. 6º, III); D) Ouvir o ofendido (art. 6º, IV); E) Ouvir o indiciado com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III, do Título Vll, do Livro I, CPP (“Do Pro- cesso em Geral”), devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que tenham ouvido a leitura deste (art. 6º, V); F) Proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acarea- ções (art. 6º, VI); G) Determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias (art. 6º, VII); H) Ordenar a identificação do indiciado pelo processo datilos- cópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de anteceden- tes (art. 6º, VIII); I) Averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu tempe- ramento e caráter (art. 6º, IX); J) Proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública (art. 7º); K) Fornecer às autoridades judiciárias as informações necessá- rias à instrução e julgamento dos processos (art. 13, I); L) Realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Minis- tério Público (art. 13, II); M) Cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autorida- des judiciárias (art. 13, III); N) Representar acerca da prisão preventiva(art. 13, IV) bem como de outras medidas cautelares diversas da prisão (construção doutrinária recente). Vale lembrar que este rol de atos não é exaustivo. Como de- corrência do caráter inquisitorial do inquérito policial visto alhures, nada impede que, desde que não-contrária à moral, aos bons costu- mes, à ordem pública, e à dignidade da pessoa humana, outra infin- dável gama de atos possa ser praticada. Identificação criminal. Envolve a identificação fotográfica e a identificação datiloscópica. Antes da atual Constituição Federal, a identificação criminal era obrigatória (a Súmula nº 568, STF, an- terior a 1988, inclusive, dizia isso), o que foi modificado na atual Lei Fundamental pelo art. 5º, LVIII, segundo o qual o civilmente identificado não será submetido à identificação criminal, “salvo nas hipóteses previstas em lei”. A primeira Lei a tratar do assunto foi a de nº 8.069/90 (“Estatuto da Criança e do Adolescente”), em seu art. 109, segundo o qual a identificação criminal somente será cabível quando houver fundada dúvida quanto à identidade do menor. Depois, em 1995, a Lei nº 9.034 (“Lei das Organizações Crimi- nosas”) dispôs em seu art. 5º que a identificação criminal de pessoas envolvidas com a ação praticada por organizações criminosas será realizada independentemente de identificação civil. Didatismo e Conhecimento 81 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico Legislativo Posteriormente, a Lei nº 10.054/00 veio especialmente para tra- tar do assunto, e, em seu art. 3º, trouxe um rol taxativo de delitos em que a identificação criminal deveria ser feita obrigatoriamente, sem mencionar, contudo, os crimes praticados por organizações crimino- sas, o que levou parcela da doutrina e da jurisprudência a considerar o art. 5º, da Lei nº 9.034/90 parcialmente revogado. Como último ato, a Lei nº 10.054/00 foi revogada pela Lei nº 12.037/09, que também trata especificamente apenas sobre o tema “identificação criminal”. Esta lei não traz mais um rol taxativo de delitos nos quais a identificação será obrigatória, mas sim um art. 3º com situações em que ela será possível: A) Quando o documento apresentar rasura ou tiver indícios de falsificação (inciso I); B) Quando o documento apresentado for insuficiente para iden- tificar o indivíduo de maneira cabal (inciso II); C) Quando o indiciado portar documentos de identidade distin- tos, com informações conflitantes entre si (inciso III); D) Quando a identificação criminal for essencial para as inves- tigações policiais conforme decidido por despacho da autoridade ju- diciária competente, de ofício ou mediante representação da autori- dade policial/promotor de justiça/defesa (inciso IV). Nesta hipótese, de acordo com o parágrafo único, do art. 5º da atual lei (acrescido pela Lei nº 12.654/2012), a identificação criminal poderá incluir a coleta de material biológico para a obtenção do perfil genético; E) Quando constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações (inciso V); F) Quando o estado de conservação ou a distância temporal ou da localidade da expedição do documento apresentado impossibi- litar a completa identificação dos caracteres essenciais (inciso VI). Por fim, atualmente, os dados relacionados à coleta do perfil genético deverão ser armazenados em banco de dados de perfis ge- néticos, gerenciado por unidade oficial de perícia criminal (art. 5º-A, acrescido pela Lei nº 12.654/2012). Tais bancos de dados devem ter caráter sigiloso, respondendo civil, penal e administrativamente aquele que permitir ou promover sua utilização para fins diversos do previsto na lei ou em decisão judicial. Indiciamento. “Indiciar” é atribuir a alguém a prática de uma infração penal. Trata-se de ato privativo do delegado policial. O indiciamento pode ser direto, quando feito na presença do investigado, ou indireto, quando este está ausente. E o art. 15, da Lei Adjetiva Penal? Não mais se aplica o art. 15, CPP, segundo o qual lhe deveria ser nomeado curador pela autori- dade policial. Isto porque, antes do atual Código Civil, os indiví- duos entre dezoito e vinte e um anos eram reputados relativamente incapazes, razão pela qual deveriam ser assistidos por curador caso praticassem infração. Com o Código Civil atual, tanto a maioridade civil como a penal se iniciam aos dezoito anos. É possível o “desindiciamento”? Sim. Consiste na retirada da condição de indiciado do agente, por se entender, durante o transcur- so das investigações, que este não tem qualquer relação com o fato apurado. O desindiciamento pode ocorrer tanto de forma facultativa, pela autoridade policial, quanto mediante o uso de habeas corpus, impetrado com o objetivo de trancar o inquérito policial em relação a algum agente alvo do procedimento administrativo investigatório. Incomunicabilidade do indiciado preso. De acordo com o art. 21, do Código de Processo Penal, seria possível manter o indiciado preso pelo prazo de três dias, quando conveniente à investigação ou quando houvesse interesse da sociedade O entendimento prevalente, contudo, é o de que, por ser o Códi- go de Processo Penal da década de 1940, não foi o mesmo recepcio- nado pela Constituição Federal de 1988. Logo, prevalece de forma maciça, atualmente, que este art. 21, CPP está tacitamente revogado. Prazo para conclusão do inquérito policial. De acordo com o Código de Processo Penal, em se tratando de indiciado preso, o prazo é de dez dias improrrogáveis para conclusão. Já em se tratan- do de indiciado solto, tem-se trinta dias para conclusão, admitida prorrogações a fim de se realizar ulteriores e necessárias diligências. Convém lembrar que, na Justiça Federal, o prazo é de quinze dias para acusado preso, admitida duplicação deste prazo (art. 66, da Lei nº 5.010/66). Já para acusado solto, o prazo será de trinta dias admitidas prorrogações, seguindo-se a regra geral. Também, na Lei nº 11.343/06 (“Lei de Drogas”), o prazo é de trinta dias para acusado preso, e de noventa dias para acusado solto. Em ambos os casos pode haver duplicação de prazo. Por fim, na Lei nº 1.551/51 (“Lei dos Crimes contra a Economia Popular”), o prazo, esteja o acusado solto ou preso, será sempre de dez dias. E como se dá a contagem de tal prazo? Trata-se de prazo pro- cessual, isto é, exclui-se o dia do começo e inclui-se o dia do ven- cimento, tal como disposto no art. 798, §1º, do Código de Processo Penal. Conclusão do inquérito policial. De acordo com o art. 10, §1º, CPP, o inquérito policial é concluído com a confecção de um relató- rio pela autoridade policial, no qual se deve relatar, minuciosamen- te, e em caráter essencialmente descritivo, o resultado das investiga- ções. Em seguida, deve o mesmo ser enviado à autoridade judicial. Não deve a autoridade policial fazer juízo de valor no relatório, em regra, com exceção da Lei nº 11.343/06 (“Lei de Drogas”), em cujo art. 52 se exige da autoridade policial juízo de valor quanto à tipificação do ilícito de tráfico ou de porte de drogas. Por fim, convém lembrar que o relatório é peça dispensável, logo, a sua falta não tornará inquérito inválido. Recebimento do inquérito policial pelo órgão do Ministério Público. Recebido o inquérito policial, tem o agente do Ministério Público as seguintes opções: A) Oferecimento de denúncia. Ora, se o promotor de justiça é o titular da ação penal, a ele compete se utilizar dos elementos colhi- dos durante a fase persecutória para dar o disparo inicial desta ação por intermédio da denúncia; B) Requerimento de diligências. Somente quando forem indis- pensáveis; C) Promoção de arquivamento. Se entender que o investiga- do não constitui qualquer infração penal, ou, ainda que constitua, encontra óbice nas máximas sociais que impedem que o processo se desenvolva por atenção ao “Princípio da Insignificância”, p. ex., o agente ministerial pode solicitar o arquivamento do inquérito à autoridade judicial; D) Oferecer arguição de incompetência. Se não for de sua com-