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TCC_USO_DEGRADADORES_BIOLOGICOS

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ 
Salete Terezinha Carli 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
USO DE DEGRADADORES BIOLÓGICOS NA ACELERAÇÃO DO 
PROCESSO DE COMPOSTAGEM DOS RESÍDUOS ORGÂNICOS 
VEGETAIS E PALHAS DE EMBALAGEM – ESTUDO DE CASO NA 
CEASA-CURITIBA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2010 
 
Salete Terezinha Carli 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
USO DE DEGRADADORES BIOLÓGICOS NA ACELERAÇÃO DO 
PROCESSO DE COMPOSTAGEM DOS RESÍDUOS ORGÂNICOS 
VEGETAIS E PALHAS DE EMBALAGEM – ESTUDO DE CASO NA 
CEASA-CURITIBA 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao 
Curso de Engenharia Ambiental da Faculdade de 
Ciências Exatas da Universidade Tuiuti do Paraná, 
como requisito para a obtenção do título de 
Engenheiro Ambiental. 
Orientadora: Profª. Msc. Carolina Fagundes Caron 
 
 
 
 
CURITIBA 
2010 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ 
Credenciada por Decreto Presidencial de 7 de julho de 1997 – DOU n° 128, de 8 de julho de 1997, Seção 1, página 14295 
FACULDADE DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA 
 
CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL 
 
TERMO DE APROVAÇÃO 
 
SALETE TEREZINHA CARLI 
 
USO DE DEGRADADORES BIOLÓGICOS NA ACELERAÇÃO DO PROCESSO DE 
COMPOSTAGEM DOS RESÍDUOS ORGÂNICOS VEGETAIS E PALHAS DE 
EMBALAGEM – ESTUDO DE CASO NA CEASA-CURITIBA 
 
 
Trabalho de conclusão de curso aprovado como requisito parcial para obtenção do grau de 
Engenheiro no curso de Engenharia Ambiental, Faculdade de Ciências Exatas e de Tecnologia da 
Universidade Tuiuti do Paraná, pela seguinte banca examinadora: 
 
Nome do membro da banca: Helder de Godoy ___________________________________ 
Nome do membro da banca: Wellington Hartmann ___________________________________ 
 
 
 
______________________________________ 
 Arion Zandoná Filho 
 Coordenador do TCC 
 
 
______________________________________ 
 Luiz Capraro 
Coordenador do Curso de Engenharia Ambiental 
 
 
 
 
 
Curitiba, 05 de Julho de 2010. 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O único homem que está isento de erros 
 é aquele que não arrisca acertar. 
Albert Einstein 
 
Dedico este trabalho a minha família querida 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quando iniciamos nossa jornada não imaginamos 
quanto trabalho vamos ter. Ao concluí-la, a 
preocupação é lembrar de todos que 
colaboraram com este trabalho. 
Quando pensei em fazer este agradecimento, a 
primeira coisa foi tentar ser justa e assim a 
ordem será 
a família, os professores, 
os amigos e colaboradores. 
Ao Coordenador do Curso de Engenharia 
Ambiental e ao Coordenador do TCC. 
A minha orientadora e aos professores que 
colaboraram de maneira direta, como o 
Professor Helder e o Professor Godinho. 
Ao Professor José Carlos Maria. 
Ao Professor João Novack. 
A equipe da CEASA-CURITIBA, 
representada pela senhora Clarice Santos. 
Aos amigos João Vitor Rosset , 
Carlos Rodrigo Licheski e Luiz Antonio Forte. 
RESUMO 
 
A crescente produção de resíduos sólidos urbanos e a escassez de áreas para uma 
destinação final tecnicamente adequada sugerem a procura por novas alternativas 
de disposição final. Este estudo teve como objetivo a avaliação dos efeitos da 
adição de compostos biológicos na compostagem dos resíduos sólidos, constituídos 
de hortifrutigranjeiros e palhas, para a produção de composto orgânico. Os 
experimentos envolveram produtos comerciais destinados a acelerar o processo de 
compostagem e resíduos orgânicos vegetais e palhas de embalagens, gerados na 
CEASA-CURITIBA. Constatou-se que o uso de biodegradadores apresenta 
vantagens ao processo de compostagem através da redução do tempo necessário 
para a bioestabilização dos resíduos. 
 
 
Palavras-chave: compostagem; biodegradadores; aceleração 
ABSTRACT 
 
The increasing production of urban solid waste and the lack of areas for a final 
destination technical appropriated, suggest the demand for new alternatives of final 
disposal. This study had as objective the evaluation the effects adding biological 
composite in the composting of the solid waste, constituted of fruits, vegetables and 
straws, for the compost production. The experiments had involved commercial 
products destined to speed up the process of composting organic residues and straw 
packing, generated in the CEASA-CURITIBA. One evidenced that the use of 
biodegraders have advantages to the process of composting is through the reduction 
of the necessary time for the residues biostabilization. 
 
 
Key words: composting; biodegrades; speed up 
SUMÁRIO 
 
RESUMO.....................................................................................................................7 
ABSTRACT.................................................................................................................8 
LISTA DE FIGURAS.................................................................................................11 
LISTA DE GRÁFICOS ..............................................................................................12 
LISTA DE TABELAS ................................................................................................13 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS...................................................................15 
INTRODUÇÃO ..........................................................................................................17 
1. JUSTIFICATIVA.............................................................................................19 
2. HIPÓTESES ...................................................................................................21 
3. OBJETIVOS ...................................................................................................22 
3.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................22 
4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .....................................................................23 
4.1. RESÍDUOS SÓLIDOS .........................................................................23 
4.1.1. Classificação dos resíduos sólidos ......................................................23 
4.1.2. Composição Gravimétrica....................................................................25 
4.1.3. Compostagem como tratamento de resíduos sólidos urbanos ............26 
4.2. COMPOSTAGEM ................................................................................27 
4.2.1. Sistemas de Compostagem.................................................................30 
4.2.1.1. Classificação Quanto A Presença De Oxigênio...........................30 
4.2.1.2. Classificação Quanto A Temperatura Obtida No Processo ..........31 
4.2.1.3. Classificação Quanto A Tecnologia Adotada................................32 
4.2.2. Parâmetros Físico-Químicos Fundamentais no Processo de 
Compostagem.....................................................................................................35 
4.2.2.1. Relação C/N .................................................................................36 
4.2.2.2. Temperatura .................................................................................37 
4.2.2.3. Nutrientes .....................................................................................394.2.2.4. Aeração ........................................................................................39 
4.2.2.5. pH .................................................................................................40 
4.2.2.6. Umidade .......................................................................................40 
4.2.2.7. Tamanho da Partícula ..................................................................42 
4.2.3. Aspectos Microbiológicos Da Compostagem.......................................42 
4.2.3.1. Fungos..........................................................................................43 
4.2.3.2. Actinomicetos................................................................................44 
4.2.3.3. Bactérias.......................................................................................45 
4.2.3.4. Microrganismos Patogênicos........................................................47 
4.3. ACELERAÇÃO DA COMPOSTAGEM COM O USO DE 
BIODEGRADADORES...........................................................................................49 
4.3.1. Microrganismos Usados Como Biodegradadores em Produtos 
Comerciais ..........................................................................................................51 
4.3.1.1. Pseudomonas...............................................................................51 
4.3.1.2. Bacillus .........................................................................................53 
4.4. LEGISLAÇÃO APLICADA ...................................................................56 
4.4.1. Legislação Aplicável Aos Resíduos Sólidos Urbanos..........................57 
4.4.2. Legislação Aplicável Ao Composto Orgânico ......................................61 
4.4.3. Regulamentação Do Uso De Biodegradadores ...................................68 
5. MATERIAL E MÉTODOS...............................................................................71 
5.1. DEFINIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO...................................................71 
5.1.1. Histórico Da CEASA-CURITIBA ..........................................................71 
5.1.2. Gerenciamento De Resíduos Da CEASA-CURITIBA ..........................75 
5.1.3. Geração De Resíduos Na CEASA-CURITIBA.....................................80 
5.2. VISITAS TÉCNICAS REALIZADAS.....................................................82 
5.2.1. Visita Campo Largo .............................................................................82 
5.2.2. Visita Organoeste ................................................................................83 
5.2.3. Visita A Unidade De Triagem E Compostagem De Resíduos 
Sólidos Do Município De Bituruna-PR.................................................................90 
5.3. TRABALHO EXPERIMENTAL.............................................................93 
5.3.1. Descrição Do Local De Realização Do Trabalho.................................93 
5.3.2. Período de Realização dos Experimentos ...........................................93 
5.3.3. Composição Das Misturas Para A Compostagem...............................94 
5.3.4. Tecnologia Utilizada Nos Experimentos ..............................................98 
5.4. MÉTODOS ANALÍTICOS ..................................................................104 
6. RESULTADOS E INTERPRETAÇÃO.........................................................110 
6.1. TEMPERATURA................................................................................110 
6.2. PH......................................................................................................117 
6.3. QUANTIDADE DE CHORUME GERADO .........................................120 
6.4. DENSIDADE E PESO ESPECÍFICO APARENTE.............................122 
6.5. DETERMINAÇÃO DO TEOR DE UMIDADE, MASSA SECA, 
CAPACIDADE DE RETENÇÃO DE ÁGUA PARA O EXPERIMENTO 1..............123 
6.6. GRANULOMETRIA............................................................................126 
6.7. VOLUME MÁSSICO ..........................................................................127 
6.8. CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DOS RESÍDUOS E DO 
COMPOSTO ........................................................................................................130 
6.8.1. Análise Química Do Experimento 1 ...................................................130 
6.8.2. Análise Química Do Experimento 2 ...................................................135 
7. CONCLUSÃO ..............................................................................................139 
8. BIBLIOGRAFIA............................................................................................140 
9. GLOSSÁRIO ................................................................................................146 
ANEXO I - LEVANTAMENTO DE INFORMAÇÕES...............................................159 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
FIGURA 1-COMPOSIÇÃO GRAVIMÉTRICA DOS RESÍDUOS RECEBIDOS NO 
ATERRO SANITÁRIO DA CAXIMBA.......................................................... 25 
FIGURA 2-EQUAÇÃO SIMPLIFICADA DA REAÇÃO ANAERÓBIA ................. 30 
FIGURA 3-EQUAÇÃO SIMPLIFICADA DA DEGRADAÇÃO AERÓBIA............ 31 
FIGURA 4-SISTEMA REATOR MAIS COMUNS EM COMPOSTAGEM.......... 34 
FIGURA 5-PERFIL TÍPICO DE TEMPERATURA NUMA PILHA....................... 39 
FIGURA 6-EFEITO DA UMIDADE NO CONSUMO DE OXIGÊNIO EM PILHA DE 
LIXO DOMICILIAR SUBMETIDO À COMPOSTAGEM............................... 41 
FIGURA 7-FORMAS TÍPICAS DAS BACTÉRIAS............................................. 46 
FIGURA 8-CÉLULAS INDIVIDUAIS DE BACILOS MÓVEIS FOTOGRAFADOS 
EM AGAR NUTRIENTE.............................................................................. 54 
FIGURA 9-VISTA AÉREA DA CEASA-CURITIBA ............................................ 75 
FIGURA 10-INTERIOR DO BANCO DE ALIMENTOS CEASA AMIGA............. 77 
FIGURA 11-INTERIOR ASSOC. AMAR EBENZER - SEPARAÇÃO DE 
RESÍDUOS E PRENSA DE PAPELÃO....................................................... 79 
FIGURA 12-COLETORES EXTERNOS PARA RESÍDUOS (PÁTIO DA CEASA)
................................................................................................................... 80 
FIGURA 13-RECEBIMENTO DE RESÍDUO DA INDÚSTRIA........................... 85 
FIGURA 14-ESQUEMA DE PÁTIO DE COMPOSTAGEM................................ 86 
FIGURA 15-MAQUETE DA PLANTA ORGANOESTE - CONTENDA............... 86 
FIGURA 16-APLICAÇÃO DO BIO-EXTRATO .................................................. 87 
FIGURA 17-MOVIMENTAÇÃO DA LEIRA........................................................ 88 
FIGURA 18-LEIRA PARA BIOESTABILIZAÇÃO.............................................. 88 
FIGURA 19-BENEFICIAMENTO DO COMPOSTO .......................................... 89 
FIGURA 20-PÁTIO DE COMPOSTAGEM........................................................ 91 
FIGURA 21-COMPOSTO ORGÂNICO SECANDO AO SOL, PARA ATINGIR A 
UMIDADE IDEAL........................................................................................ 92 
FIGURA 22-RESÍDUOS ORGÂNICOS COLETADOS NA CEASA-CURITIBA . 95 
FIGURA 23-FLUXOGRAMA DOS EXPERIMENTOS 1 E 2 .................................. 96 
FIGURA 24-TRITURADOR DE RESÍDUOS ORGÂNICOS............................... 98 
FIGURA 25-RESÍDUO ORGÂNICO DEPOIS DE TER SIDO TRITURADO E 
MISTURADO MANUALMENTE SOBRE O PLÁSTICO .............................. 99 
FIGURA 26-TODOS OS INGREDIENTES JÁ MISTURADOS........................ 100 
FIGURA 27-CAIXAS COMPOSTORAS DO EXPERIMENTO 1...................... 102 
FIGURA 28-CAIXA PLÁSTICA UTILIZADA NO EXPERIMENTO 2 ................ 103 
FIGURA 29-CAIXAS COMPOSTORAS SOBRE OS TIJOLOS....................... 104 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
GRÁFICO 1-EVOLUÇÃO DA TEMPERATURA NO EXPERIMENTO 1.......... 110 
GRÁFICO 2-GRÁFICO DA EVOLUÇÃO DA TEMPERATURA NO 
EXPERIMENTO 2 ....................................................................................113 
GRÁFICO 3-GRÁFICO COMPARATIVO DAS TEMPERATURAS DA 
TESTEMUNHA - NOS EXPERIMENTOS 1 E 2. ...................................... 114 
GRÁFICO 4-GRÁFICO COMPARATIVO DAS TEMPERATURAS PARA O 
MESMO TRATAMENTO - NOS EXPERIMENTOS 1 E 2.......................... 114 
GRÁFICO 5-EVOLUÇÃO DO PH NO EXPERIMENTO 1................................ 117 
GRÁFICO 6-EVOLUÇÃO DO PH NO EXPERIMENTO 2 ............................... 119 
GRÁFICO 7-COMPARATIVO DE PH DOS EXPERIMENTOS 1 E 2 – PARA O 
MESMO TRATAMENTO .......................................................................... 119 
GRÁFICO 8-GERAÇÃO DE CHORUME NO EXPERIMENTO 1 .................... 121 
GRÁFICO 9-COMPARATIVO GERAÇÃO DE CHORUME ENTRE OS 
EXPERIMENTOS 1 E 2 ............................................................................ 122 
GRÁFICO 10-TEMPERATURA E UMIDADE REGISTRADAS EM CURITIBA NO 
MÊS DE MARÇO/2010............................................................................. 124 
GRÁFICO 11-UMIDADE VERIFICADA NO EXPERIMENTO 1....................... 125 
GRÁFICO 12-UMIDADE VERIFICADA NO EXPERIMENTO 2....................... 125 
GRÁFICO 13-BALANÇO MÁSSICO - EXPERIMENTO 1 ............................... 128 
GRÁFICO 14-BALANÇO MÁSSICO - EXPERIMENTO 2 ............................... 129 
 
LISTA DE TABELAS 
 
TABELA 1-POTENCIAL PARA TRATAMENTO DE ACORDO COM A 
COMPOSIÇÃO GRAVIMÉTRICA............................................................... 26 
TABELA 2-TEMPERATURAS CONSIDERADAS PARA BACTÉRIAS EM ºC... 32 
TABELA 3-RELAÇÕES CARBONO/NITROGÊNIO.......................................... 37 
TABELA 4-TABELA RESISTÊNCIA DE ALGUNS MICRORGANISMOS AO 
CALOR....................................................................................................... 48 
TABELA 5-TEMPO DE SOBREVIVÊNCIA DE PATÓGENOS NO SOLO E NA 
SUPERFÍCIE DE PLANTAS....................................................................... 49 
TABELA 6-FERTILIZANTE ORGÂNICO MISTO E COMPOSTO-
ESPECIFICAÇÕES E GARANTIAS MÍNIMAS ........................................... 65 
TABELA 7-LIMITES MÁXIMOS DE CONTAMINANTES ADMITIDOS EM 
FERTILIZANTES ORGÂNICOS ................................................................. 67 
TABELA 8-QUADRO DEMONSTRATIVO DO VOLUME DE 
COMERCIALIZAÇÃO NA UNIDADE ATACADISTA DE CURITIBA – 2009 74 
TABELA 9-QUADRO DEMONSTRATIVO DO VOLUME DE DOAÇÕES PARA O 
BANCO DE ALIMENTOS NA UNIDADE ATACADISTA DE CURITIBA – 2009
................................................................................................................... 78 
TABELA 10-VALOR PAGO PELA CEASA PELOS RESÍDUOS ORGÂNICOS. 81 
TABELA 11-QUADRO DEMONSTRATIVO DO VOLUME DE RESÍDUOS 
SÓLIDOS NA UNIDADE ATACADISTA DE CURITIBA – 2009................... 81 
TABELA 12-QUANTIDADE MÁSSICA DOS RESÍDUOS NAS CAIXAS DE 
COMPOSTAGEM - EXPERIMENTO 1 ....................................................... 97 
TABELA 13-QUANTIDADE MÁSSICA DOS RESÍDUOS NAS CAIXAS DE 
COMPOSTAGEM - EXPERIMENTO 2 ....................................................... 97 
TABELA 14-FAIXA DE RESOLUÇÃO E EXATIDÃO DO PEAGÂMETRO 
DIGITAL ICEL (PH-1600) ......................................................................... 106 
TABELA 15-ANÁLISE DA CORRELAÇÃO ENTRE A TEMPERATURA 
AMBIENTE E A TEMPERATURA DO EXPERIMENTO 1 ......................... 112 
TABELA 16-VALOR DAS DENSIDADES E PESOS ESPECÍFICOS APARENTE 
OBTIDOS NO EXPERIMENTO 1 ............................................................. 122 
TABELA 17-VALOR DAS DENSIDADES E PESOS ESPECÍFICOS APARENTE 
OBTIDOS NO EXPERIMENTO 2 ............................................................. 123 
TABELA 18-DETERMINAÇÃO DO TEOR DE UMIDADE, MASSA SECA E 
CAPACIDADE DE RETENÇÃO DE ÁGUA............................................... 123 
TABELA 19-DETERMINAÇÃO DO TEOR DE UMIDADE, MASSA SECA E 
CAPACIDADE DE RETENÇÃO DE ÁGUA PARA O EXPERIMENTO 2... 125 
TABELA 20-GRANULOMETRIA – RESÍDUO ACUMULADO, SECO, 
EXPERIMENTO 1 .................................................................................... 126 
TABELA 21-GRANULOMETRIA – RESÍDUO ACUMULADO, SECO, 
EXPERIMENTO 2 .................................................................................... 127 
TABELA 22- MASSA INICIAL, MASSA FINAL, DIFERENÇA E PERCENTUAL 
DE REDUÇÃO OBTIDOS NOS TRATAMENTOS DE COMPOSTAGEM . 128 
TABELA 23-MASSA INICIAL, MASSA FINAL, DIFERENÇA E PERCENTUAL 
DE REDUÇÃO OBTIDOS NOS TRATAMENTOS DE COMPOSTAGEM . 129 
TABELA 24-LAUDO DE ANÁLISES QUÍMICAS – EXPERIMENTO 1 ............ 130 
TABELA 25-LAUDO DE ANÁLISES QUÍMICAS – EXPERIMENTO 2 ............ 135 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas 
C/N – Relação Carbono / Nitrogênio 
CAOPMA - Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça de Defesa 
do Meio Ambiente 
Cd – Cádmio 
CEASA – Centrais de Abastecimento S.A 
CO2 – Dióxido de Carbono 
COBAL – Companhia Brasileira de Alimentos 
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente 
Cr - Cromo 
Cu – Cobre 
Fe – Ferro 
FEPAR - Federação Paranaense de Associações de Produtores Rurais 
Hg – Mercúrio 
IAP – Instituto Ambiental do Paraná 
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
K - Potássio 
LESA - Laboratório de Engenharia Sanitária e Ambiental 
Mg - Magnésio 
Mn – Manganês 
Mo – Molibdênio 
Na - Sódio 
NBR – Norma Brasileira 
Ni – Níquel 
P - Fósforo 
Pb – Chumbo 
PGRS - Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos 
pH – Potencial Hidrogeniônico 
RMC – Região Metropolitana de Curitiba 
UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas 
Zn – Zinco 
INTRODUÇÃO 
 
O modelo de desenvolvimento econômico levou a mudanças nos 
padrões e hábitos de consumo da sociedade e consequentemente a uma maior 
produção de resíduos orgânicos. 
De um lado tem-se uma maior extração de matérias-primas e de outro, 
grandes quantidades de resíduos, os quais em forma de rejeito, não retornam 
ao ciclo natural e transformam-se em fonte de contaminação para o meio 
ambiente e para a sociedade. 
Lavoisier provou a existência dos ciclos, baseado em reações 
químicas, quando deduziu a célebre lei da conservação da matéria: "Na 
natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma". (UNICAMP, 2010) 
Os materiais orgânicos mortos se decompõem com a ação dos 
microrganismos decompositores, como as bactérias, os fungos, os vermes e 
outros, disponibilizando os nutrientes que vão alimentar outras formas de vida, 
iniciando um novo ciclo. 
O volume crescente de resíduos sólidos urbanos gerados transforma-
se em um problema para os municípios, seja devido à falta de espaços físicos 
para a deposição, seja pelos custos envolvidos para o gerenciamento dos 
resíduos urbanos. 
A Gestão de Resíduos Sólidos tem sido alvo de debates no governo e 
na sociedade através de fóruns, palestras e seminários. As propostas que vem 
sendo apresentadas estão voltadas à prevenção da geração e concentram 
esforços no conceito dos 3R’s - reduzir, reutilizar e reciclar, utilizando 
tecnologias ambientalmente saudáveis e estabelecendo mecanismos de gestão 
que consideram as ações, da geração até a disposição final dos mesmos. 
Diante da necessidade de soluções imediatas, o município de Curitiba, 
através do Decreto Municipal 983/2004, estabeleceu a figura dos grandes 
geradores como sendo qualquer entidade que produz mais de 600 
litros/semana de resíduos. O decreto obriga os grandes geradores a apresentar 
um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos – PGRS, e submetê-lo a 
aprovação pelos órgãos ambientais competentes. (SMMA, 2010) 
Os supermercados, a CEASA, os sacolões de frutas e verduras e 
quitandas, bem como todos os envolvidos com a distribuição e comercialização 
de frutas e verduras são considerados grandes geradorese de acordo com o 
decreto precisam tomar medidas imediatas para gerenciar adequadamente os 
seus resíduos. 
Para diminuir os efeitos negativos destes resíduos no meio ambiente, a 
redução do tempo de tratamento dos resíduos é um fator importante, por isso, 
o presente trabalho propõe-se a estudar o efeito do uso de alguns produtos 
comercializados que são indicados pelos fabricantes como “aceleradores de 
compostagem”.
19 
1. JUSTIFICATIVA 
 
O desenvolvimento de políticas ambientais nos países desenvolvidos 
despertou o interesse da população pela questão dos resíduos sólidos. Desta forma, 
o aumento da geração per capita de lixo, começou a preocupar os ambientalistas e a 
população, tanto pelo seu potencial poluidor, quanto pela necessidade permanente 
de identificação de novos locais para aterro dos resíduos. (MONTEIRO, 2001) 
No ano de 2004 o Centro de Apoio Operacional às Promotorias de 
Proteção ao Meio Ambiente - CAOPMA conclamou os grandes geradores de 
resíduos sólidos do Estado do Paraná, para somarem esforços no sentido de 
reduzir o volume de resíduos produzidos. Para tanto, solicitou a apresentação e a 
subseqüente implantação de Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos no 
intuito de aumentar a vida útil dos Aterros Sanitários, muitos com sua 
capacidade já comprometida. (MPPR, 2010) 
Tal iniciativa principiou-se com a problemática do Aterro Sanitário da 
Caximba (que atende Curitiba e alguns municípios da região metropolitana), cuja 
vida útil chegou ao limite. Mensalmente são recebidas no aterro 60 mil 
toneladas de resíduos, tendo uma média diária de 2.400 (duas mil e 
quatrocentas toneladas). Mais de 80% do resíduo (lixo) que chega ao aterro 
sanitário é composto de materiais que podem ser reutilizados. (MPPR, 2010) 
Em maio de 2004 o Ministério Público do Estado do Paraná, por 
intermédio do CAOPMA, requeriu como medida emergencial que os 14 
Municípios da Região Metropolitana de Curitiba e os grandes geradores 
apresentassem um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), 
enfatizando que a reciclagem e a compostagem devem atingir 100% do total 
descartado. (MPPR, 2010) 
20 
Diante das justificativas e exigências apresentadas pelo Ministério Público e 
cientes de que o processo de compostagem natural é muito demorado constatou-se 
a necessidade de reduzir o tempo de compostagem para obtenção de vantagens 
ambientais e econômicas importantes. 
Desta forma, este trabalho propõe-se a avaliar alguns produtos vendidos 
como alternativas para reduzir o tempo de compostagem dos resíduos constituídos 
de vegetais e palhas gerados na CEASA-CURITIBA. 
 
21 
2. HIPÓTESES 
 
As hipóteses a serem avaliadas por este trabalho são identificadas nos itens 
abaixo: 
• É possível que a adição de compostos biológicos na compostagem dos 
resíduos sólidos, constituídos de hortifrutigranjeiros e palhas, para a 
produção de composto orgânico apresente resultados que indiquem um 
maior grau de degradação dos resíduos. 
• O uso de biodegradadores pode ser uma tecnologia de fácil utilização por 
todos os interessados na produção de composto orgânico, a partir da 
compostagem de resíduos sólidos urbanos. 
22 
3. OBJETIVOS 
 
O Objetivo deste trabalho é a avaliação dos efeitos da adição de compostos 
biológicos na compostagem dos resíduos sólidos, constituídos de hortifrutigranjeiros 
e palhas, para a produção de composto orgânico. 
 
3.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
 
Para atingir o objetivo geral desta pesquisa, os seguintes objetivos 
específicos foram estabelecidos: 
• Acompanhar a degradação dos resíduos, durante o experimento, através 
do monitoramento dos fatores envolvidos no processo da compostagem 
• Avaliar a eficiência dos tratamentos aplicados na transformação dos 
resíduos sólidos em composto bioestabilizado, através da análise dos 
laudos fornecidos pelo laboratório de análises químicas 
• Obter e sugerir, aos interessados na produção de composto orgânico, a 
aplicação mais viável, dentre as analisadas e nas condições estabelecidas 
neste estudo 
23 
4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
 
4.1. RESÍDUOS SÓLIDOS 
 
Os resíduos urbanos resultam das atividades diárias do homem e a gestão 
adequada destes resíduos apresenta-se como um desafio urbano. (FERNANDES, 
1999) 
Gerenciar a geração de resíduos minimizando os problemas resultantes da 
disposição inadequada significa administrar a produção e o consumo de bens 
possibilitando a reposição desses materiais no meio ambiente sem causar impactos. 
(ALLGANER, 2006) 
A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT – define o lixo como os 
"restos das atividades humanas, considerados pelos geradores como inúteis, 
indesejáveis ou descartáveis, podendo-se apresentar no estado sólido, semi-sólido 
ou líquido, desde que não seja passível de tratamento convencional." (MONTEIRO, 
2001) 
 
4.1.1. Classificação dos resíduos sólidos 
 
Os resíduos sólidos podem ser classificados de várias maneiras. As mais 
comuns são quanto aos riscos potenciais de contaminação do meio ambiente e 
quanto à natureza ou origem. 
 
24 
Classificação quanto aos riscos potenciais de contaminação do meio 
ambiente 
 
Classificação ABNT 10004: 2004 
Classe I - Perigosos 
Classe II – Não Perigosos IIA- Não Inertes 
 IIB- Inertes 
(TOCCHETO, 2010) 
 
Classificação quanto à natureza ou origem 
 
Segundo Monteiro, 2001: 
• Lixo doméstico ou residencial 
• Lixo comercial 
• Lixo público 
• Lixo domiciliar especial: 
- Entulho de obras 
- Pilhas e baterias 
- Lâmpadas fluorescentes 
- Pneus 
• Lixo de fontes especiais 
- Lixo industrial 
- Lixo radioativo 
- Lixo de portos, aeroportos e terminais rodoferroviários 
- Lixo agrícola 
25 
- Resíduos de serviços de saúde 
 
4.1.2. Composição Gravimétrica 
 
A composição gravimétrica indica o percentual de cada componente em 
relação ao peso total da amostra de lixo analisada. 
A análise dos resíduos destinados ao Aterro de Curitiba, apresentada na 
FIGURA 1 revela que cerca de 40% do material corresponde a matéria orgânica, 
sendo evidenciada a necessidade de segregação e a adoção processos que 
permitam a destinação final mais adequada deste material. (CONSÓRCIO, 2010) 
 
FIGURA 1-COMPOSIÇÃO GRAVIMÉTRICA DOS RESÍDUOS RECEBIDOS NO 
ATERRO SANITÁRIO DA CAXIMBA 
 
FONTE: CONSÓRCIO, 2008 
 
26 
A TABELA 1 apresenta o potencial de tratamento, de acordo com a 
composição gravimétrica, sugerida pelo Consórcio Intermunicipal para a Gestão de 
Resíduos Sólidos Urbanos, da Região Metropolitana de Curitiba. 
 
TABELA 1-POTENCIAL PARA TRATAMENTO DE ACORDO COM A 
COMPOSIÇÃO GRAVIMÉTRICA 
Percentual Tratamento / Destino Quantidade 
31,74 % Recicláveis 709,35 ton/dia 
38,11 % Matéria orgânica (compostagem) 851,70 ton/dia 
30,15 % Materiais não recicláveis e não 
compostáveis (parte dele com potencial 
para aproveitamento energético) 
673,80 ton/dia 
100,00 % 2.234,85 ton/dia 
FONTE: CONSÓRCIO, 2008 
 
4.1.3. Compostagem como tratamento de resíduos sólidos urbanos 
 
Monteiro, 2001, define tratamento como sendo uma série de procedimentos 
destinados a reduzir a quantidade ou o potencial poluidor dos resíduos sólidos. Isto 
pode ocorrer através de processos que impeçam descarte de lixo em ambiente ou 
local inadequado, seja através da transformação do lixo em material inerte ou 
biologicamente estável. 
Segundo Büttenbender, 2004, as usinas de reciclagem e compostagem 
têm assumido papel importante no controle das doenças relacionadasao 
manuseio inadequado dos resíduos sólidos urbanos. Este autor afirma que 
estas usinas, se forem operadas segundo os princípios de engenharia sanitária, 
constituem-se sistemas que não só destinam sanitariamente o resíduo urbano, 
como ao mesmo tempo, promovem o tratamento deste. 
27 
Entre os benefícios da implantação de sistemas de triagem e compostagem, 
Büttenbender, 2004, cita: 
• O controle da poluição ambiental; 
• A minimização dos problemas de saúde pública; 
• A economia de energia através da valorização de produtos; 
• A contribuição para a proteção e preservação dos recursos naturais; 
• A geração de empregos diretos e indiretos. 
 
4.2. COMPOSTAGEM 
 
Não existe uma definição única e universal de compostagem. 
A compostagem é um tratamento aplicado aos resíduos sólidos, desde a 
história antiga. Os gregos, os romanos, e os povos orientais já sabiam que os 
resíduos orgânicos podiam ser retornados ao solo, contribuindo para sua 
fertilidade. No entanto, somente a partir de 1920, com Albert Howard, o 
processo passou a ser pesquisado cientificamente e realizado de forma mais 
técnica. (STENTIFORD et all., 1985; FERNANDES, 1999, citado por 
BÜTTENBENDER,2004). 
Segundo KIEHL, 1998, compostagem vem do vocábulo “compost” , da 
língua inglesa e indica o fertilizante orgânico preparado a partir de restos vegetais e 
animais. 
A técnica da compostagem foi desenvolvida com a finalidade de acelerar 
com qualidade a estabilização da matéria orgânica. Na natureza, a humificação 
ocorre sem prazo definido, dependendo das condições ambientais e da qualidade 
dos resíduos orgânicos. (COELHO, 2008) 
28 
Define-se a compostagem como sendo um processo controlado de 
decomposição microbiana de oxidação e oxigenação de uma massa heterogênea de 
matéria orgânica no estado sólido ou úmido, passando pelas seguintes fases: fase 
inicial e rápida de fitoxicidade ou de composto cru ou imatura, seguida da fase de 
semicura ou bioestabilização, para atingir a terceira fase, a cura, maturação ou 
humificação, acompanhada da mineralização de determinados componentes da 
matéria orgânica, quando se pode dar por encerrada a compostagem. Durante todo 
o processo ocorre produção de calor e o seu desprendimento, principalmente de gás 
carbônico e vapor d’água. (KIEHL,1998) 
Segundo KIEHL, 1998 a definição exige a explicitação do significado dos 
termos utilizados, como sejam: 
• Controlado: pelo fato de se acompanhar e controlar a temperatura, a 
aeração e a umidade 
• Microbiano: porque a transformação da matéria orgânica é realizada por 
microrganismos 
• Oxidação e oxigenação: porque a compostagem deve ser conduzida em 
ambiente aeróbio, contendo Oxigênio atmosférico, essencial para a 
humificação da matéria orgânica, diferentemente da decomposição 
anaeróbia, onde predomina o fenômeno da redução química 
• Massa heterogênea no estado sólido: porque a matéria prima provém de 
diferentes origens e possui diferentes composições 
• Úmido: porque os microrganismos que decompõem a matéria orgânica 
só atuam intensamente na presença de suficiente quantidade de água 
• Fase inicial de fitoxicidade: pela transformação de ácidos orgânicos e 
toxinas de curta duração, gerados pelo metabolismo dos organismos 
29 
existentes no substrato orgânico, peculiaridade do material cru ou 
imaturo 
• Fase de semicura ou bioestabilização: quando o composto deixa de ser 
danoso às raízes e às sementes 
• Fase de cura ou maturação: quando o composto atinge o auge de suas 
propriedades benéficas ao solo e às plantas 
• Mineralização: transformação bioquímica da matéria orgânica, uma vez 
que as plantas só absorvem sais minerais solúveis, como os produzidos 
por esse processo 
• Produção de calor e desprendimento de dióxido de carbono e vapor 
d’água: características relacionadas ao metabolismo exotérmico dos 
microrganismos, à respiração dos mesmos e à evaporação da água 
favorecida pela elevada temperatura geada no interior da massa em 
compostagem. 
Como resultado da compostagem são gerados dois importantes 
componentes: sais minerais, contendo nutrientes para as raízes das plantas e 
húmus, como condicionador e melhorador da propriedades físicas, físico-químicas e 
biológicas do solo. (KIEHL, 1998) 
Büttenbender,2004 diz que este processo tem sido indicado como uma das 
melhores técnicas para tratar a fração orgânica dos resíduos sólidos urbanos, 
principalmente nos países de terceiro mundo, devido à possibilidade de ser 
implantado sob condições de baixo custo. 
 
30 
4.2.1. Sistemas de Compostagem 
 
Os processos de compostagem, normalmente, têm sido classificados 
segundo três características: 
• Presença de oxigênio: aeróbia e anaeróbia 
• Temperatura obtida no processo: mesofílica e termofílica 
• Tecnologia adotada: sistema aberto ou fechado 
 
4.2.1.1. Classificação Quanto A Presença De Oxigênio 
 
Compostagem anaeróbia 
 
Na compostagem anaeróbia a decomposição é realizada por 
microrganismos que vivem em ambientes sem a presença de oxigênio. Este tipo de 
compostagem ocorre em baixa temperatura, com a exalação de fortes odores, e leva 
mais tempo até que a matéria orgânica se estabilize. (FERNANDES, 1999) 
Atualmente é aceita a designação de fermentação anaeróbia para esta 
decomposição, sob os argumentos do aproveitamento de parte do carbono sob a 
forma de metano (CH4). Porém este fato acarreta redução no teor de carbono na 
massa e consequente perda na qualidade do composto pronto. (FERNANDES, 
1999) 
 
FIGURA 2-EQUAÇÃO SIMPLIFICADA DA REAÇÃO ANAERÓBIA 
 
FONTE: AZEVEDO, 2000 
31 
Compostagem aeróbia 
 
Na compostagem aeróbia a decomposição é realizada por microrganismos 
que vivem na presença de oxigênio, sendo normalmente considerado que a taxa de 
arejamento necessária para o processo é aquela que permite um nível de oxigênio 
acima de 5%. (FERNANDES, 1999) 
A temperatura do processo pode chegar a até 70ºC, os odores liberados não 
são agressivos e a decomposição é mais veloz que processo anaeróbio. 
 
FIGURA 3-EQUAÇÃO SIMPLIFICADA DA DEGRADAÇÃO AERÓBIA 
 
FONTE: AZEVEDO, 2000 
 
4.2.1.2. Classificação Quanto A Temperatura Obtida No Processo 
 
Compostagem Mesofílica e Termofílica 
 
A classificação dos processos em mesofílicos e termofílicos referem-se à 
temperatura da pilha durante o processo de compostagem, conforme se processam 
os metabolismos dos microrganismos dominantes envolvidos. 
Os termos mesofílico e termofílico referem-se a gama de temperatura em 
que se processam os metabolismos microbianos, porém face a correlação existente 
entre a temperatura e o tipo de microrganismos dominantes nos processos, a 
designação também refere-se a gama de temperaturas no processo de 
compostagem. (FERNANDES, 1999) 
32 
 Em geral todos os processos controlados de compostagem passam por 
fases mesofílicas e termofílicas. (FERNANDES, 1999) 
 
TABELA 2-TEMPERATURAS CONSIDERADAS PARA BACTÉRIAS EM ºC 
Bactéria Mínima Ótima Máxima 
Mesófila 15 a 25 25 a 40 43 
Termófila 25 a 45 50 a 55 85 
FONTE: Institute For Solid Wastes Of American Public Works Association (1970), citada por Kiehl, 
1998 
 
4.2.1.3. Classificação Quanto A Tecnologia Adotada 
 
Sistema Não Reator 
 
Segundo FERNANDES, 1999 sistema não reator é aquele em que as 
operações do processo de compostagem não se encontram encerradas em 
reatores. Podem ser dos seguintes tipos: 
- Windrow: 
O material a compostar é colocado em pilhas de secção triangular, com 
altura de 1,5 a 1,8 m e comprimento variável, sendo o arejamento garantido peloreviramento manual ou mecânico, periódico, das pilhas. 
Tempo de compostagem varia de 3 a 6 meses. 
Apresenta as desvantagens de ser sensível a exalar odores, em decorrência 
de chuvas e a obstrução o pátio de compostagem devido o uso de equipamentos 
para o reviramento da pilha. (FERNANDES, 1999) 
33 
- Sistema LESA 
O sistema LESA é uma variante do sistema Windrow, desenvolvido pelo 
Laboratório de Engenharia Sanitária e Ambiental (LESA), da Universidade Federal 
de Viçosa, MG. (FERNANDES, 1999) 
O sistema consiste no reviramento a cada 3 dias, nos primeiros 30 dias, de 
forma a garantir a aeração e a atividade termofílica, observando o teor de umidade, 
na faixa de 45 a 55%. (FERNANDES, 1999) 
A manutenção da temperatura termofílica é conseguida graças a sucessivas 
adaptações da configuração geométrica da leira, a fim de propiciar maior ou menor 
perda de calor, conforme a necessidade. (FERNANDES, 1999) 
A compostagem envolve duas fases, considerando que o fim da primeira 
fase ocorre, quando não forem registradas temperaturas superiores a 40°C, nos dias 
subsequentes ao reviramento. A segunda fase corresponde a fase de maturação. 
(FERNANDES, 1999) 
O material é considerado composto após ser submetido à primeira e à 
segunda fase. (FERNANDES, 1999) 
- Sistema de pilhas estáticas arejadas (PEA) 
O material é posto a compostar diretamente sobre tubos perfurados, em 
pilhas com formatos aos Windrow e LESA, sendo as tubulações ligadas uma bomba 
de ar, para garantir a oxigenação necessária ao sistema e a distribuição uniforme da 
temperatura, por todo o material em compostagem. 
A principal diferença relativa ao sistema Windrow é a forma de arejamento, 
que neste caso, é efetuado pela percolação do ar através da pilha, forçada pelo uso 
de uma bomba de ar. (FERNANDES, 1999) 
34 
A pilha de compostagem pode ter de 2 a 2,5 m de altura e, geralmente, é 
coberta com uma camada de composto curado e peneirado, para reduzir os 
odores característicos. O tempo de compostagem é de três a quatro semanas, e 
depois mais quatro a cinco semanas para a cura do material. 
O Instituto Ambiental do Paraná não tem registro de usinas de compostagem 
com o sistema de leiras estáticas no Estado do Paraná. (BRUNI, 2005) 
 
Sistema com reatores 
 
Nestes sistemas a compostagem ocorre no interior de reatores, onde a 
temperatura, a oxigenação, a umidade e a adição de nutrientes são controladas. 
(FERNANDES, 1999) 
 
FIGURA 4-SISTEMA REATOR MAIS COMUNS EM COMPOSTAGEM 
 
FONTE: FERNANDES, 1999 
 
35 
O sistema apresenta como vantagens o elevado nível de controle do 
processo, a redução do espaço de instalação e o controle de odores, por se tratar de 
um sistema fechado. 
Os inconvenientes são os custos elevados de investimento e funcionamento, 
além da necessidade de mão-de-obra especializada para a operação. 
De acordo com as características dos resíduos e do tipo de 
equipamento, o tempo de detenção no reator biológico pode variar de 7 a 20 
dias, o que faz com que o sistema demande menor espaço para sua 
implantação. (FERNANDES, 1999) 
A aeração é feita sob pressão e como o sistema é fechado, também se torna 
mais fácil monitorar a taxa de aeração e adequá-la às necessidades do processo. 
No caso, pode ser medido o teor de oxigênio dos gases de saída do reator e 
quando a porcentagem de O2 estiver próxima de 2%, aumenta-se a vazão de ar 
para impedir condições de anaerobiose. (FERNANDES, 1999) 
Mesmo tendo uma fase termófila mais rápida e intensa, após seu final, o 
composto ainda deve passar por um período de maturação de mais ou menos 60 
dias, antes de ser utilizado (FERNANDES, 1999) 
Até 2005 apenas uma empresa no Estado do Paraná, encontrava-se 
registrada como Unidade de Compostagem Acelerada, a empresa Tibagi 
Sistemas Ambientais, localizada no município de São José dos Pinhais. (BRUNI, 
2005) 
 
4.2.2. Parâmetros Físico-Químicos Fundamentais no Processo de Compostagem 
 
A compostagem é um processo biológico e os principais fatores que a 
influenciam são os que podem condicionar a atividade microbiológica e por 
36 
consequência a velocidade e o curso do processo. Dentre os fatores mais 
importantes temos:a relação C/N,a temperatura, os nutrientes, a aeração,o pH, a 
umidade e o tamanho das partículas. 
 
4.2.2.1. Relação C/N 
 
Os microrganismos, para manterem ativo o processo de compostagem, 
exigem, além do substrato orgânico, uma quantidade mínima de outros elementos 
necessários à sua constituição celular. Suas maiores necessidades são o Carbono, 
como fonte de energia para suas atividades vitais e o Nitrogênio, como fonte para 
sua reprodução protoplasmática. 
O carbono é exigido em maior quantidade, porém, quando em excesso, o 
processo da compostagem se retrai, uma vez que o nitrogênio passa a constituir 
fator limitante ao crescimento dos microrganismos; o excesso de carbono pode 
também propiciar condições ácidas na massa de compostagem, visto que o CO2 
liberado é altamente solúvel. Por outro lado, a compostagem de resíduos com baixo 
teor de carbono, ou seja, com muitos resíduos ricos em nitrogênio, elimina o 
excesso de nitrogênio pela volatilização da amônia, com uma tendência natural de 
restabelecer o balanço entre os dois elementos. 
O equilíbrio da relação C/N é um fator de fundamental importância na 
compostagem, cujo principal objetivo é criar condições para fixar os nutrientes, de 
forma que possam ser posteriormente liberados por meio do composto. Dessa 
forma, para o início do processo, aceita-se como ótima uma relação C/N de 30:1, o 
que influencia a boa atividade biológica, atingindo uma relação C/N de 18:1 no final 
do processo. 
37 
Relações C/N baixas, pH acima de 8 e elevadas temperaturas, implicam na 
perda de nitrogênio sob a forma de amônia; recomenda-se neste caso, a adição de 
serragem, palha, papel, entre outros, à massa a ser compostada. Se a relação C/N 
for muito elevada os microrganismos não encontram N suficiente para a síntese de 
proteínas e têm seu desenvolvimento limitado. Como resultado, o processo de 
compostagem é mais lento. (OLIVEIRA, 2001) 
 
TABELA 3-RELAÇÕES CARBONO/NITROGÊNIO 
Material Relação C/N 
Abacaxi-fibras 44/1 
Arroz-casca e palha 39/1 
Banana- talos de cachos 61/1 
Cama de aviário 14:1 
Esterco bovino 18/1 
Esterco de aves 10/1 
Grama de jardim 36/1 
Laranja- bagaço 18/1 
Mandioca –folhas 12/1 
Mandioca-hastes 40/1 
Mandioca-cascas de raízes 96/1 
Serragem de madeira 865/1 
FONTE:Adaptado de EMBRAPA, 2005 
 
4.2.2.2. Temperatura 
 
A compostagem aeróbia pode ocorrer tanto em regiões de temperatura 
termofílica como mesofílica. (KIEHL,1998) 
Embora a elevação da temperatura seja necessária e interessante para 
a eliminação de microrganismos patogênicos, alguns pesquisadores 
observaram que a ação dos microrganismos sobre a matéria orgânica 
38 
aumenta com a elevação da temperatura até 65ºC e que acima deste valor o 
calor limita as populações aptas a realizar a degradação, havendo um decréscimo 
da atividade biológica. (KIEHL,1998) 
 A temperatura é um fator indicativo do equilíbrio biológico, de fácil 
monitoramento e que reflete a eficiência do processo de compostagem. Caso a 
leira, em compostagem, registrar temperatura da ordem de 40-60ºC no segundo ou 
terceiro dia é sinal que o ecossistema está bem equilibrado e que a compostagem 
possui todas as chances de ser bem sucedida. Caso contrário, é sinal de que algum 
ou alguns parâmetros físico-químicos (pH, relação C/N, umidade) não estão sendo 
respeitados, limitando assim a atividade microbiana(KIEHL,1998) 
Os processos de compostagem modernos estão mais associados às 
temperaturas termofílicas. As temperaturas mesofílicas ocorrem mais nos 3 
primeiros dias do processo e no final, na fase de maturação, e nas zonas periféricas 
da pilha de compostagem, no canto e na base das pilhas, mesmo durante a fase de 
degradação ativa. (FERNANDES, 1999) 
O perfil típico de temperaturas numa uma pilha de compostagem é, 
geralmente, decrescente do interior para o exterior, como se pode observar na 
FIGURA 5: 
 
39 
FIGURA 5-PERFIL TÍPICO DE TEMPERATURA NUMA PILHA 
 
FONTE: FERNANDES, 1999 
 
4.2.2.3. Nutrientes 
 
Os nutrientes, principalmente carbono e nitrogênio, são fundamentais ao 
crescimento bacteriano. O carbono é a principal fonte de energia e o nitrogênio é 
necessário para a síntese celular. Fósforo e enxofre também são importantes, 
porém, seu papel no processo é menos conhecido. Os microrganismos têm 
necessidade dos micronutrientes: Cu, Ni, Mo, Fe, Mg, Zn e Na para serem 
utilizados nas reações enzimáticas, sendo os detalhes deste processo pouco 
conhecidos. (FERNANDES, 1999) 
 
4.2.2.4. Aeração 
 
Sendo a compostagem um processo aeróbio, o fornecimento de ar é 
vital à atividade microbiana, pois os microrganismos aeróbios têm necessidade 
de O2 para oxidar a matéria orgânica que lhes serve de alimento. (KIEHL, 1998) 
40 
Durante a compostagem, a demanda por O2 pode ser bastante elevada e 
a falta deste elemento pode se tornar em fator limitante para a atividade 
microbiana e prolongar o ciclo de compostagem. (KIEHL, 1998) 
A aeração também influencia na velocidade de oxidação do material 
orgânico e na diminuição da emanação de odores, pois quando há falta de aeração 
o sistema pode tornar-se anaeróbio. Os processos anaeróbios provocam problemas 
ambientais resultantes da liberação de produtos malcheirosos, tais como, 
mercaptanas, gás sulfídrico, aminas e ácidos voláteis. (FERNANDES, 1999) 
 
4.2.2.5. pH 
 
É fato conhecido que níveis de pH muito baixos ou muito altos reduzem ou 
até inibem a atividade microbiana. O pH da massa de compostagem não é, 
usualmente, um fator crítico no processo, pois verifica-se a existência de um 
fenômeno de ”auto-regulação” do pH, efetuado pelos microrganismos no decorrer do 
processo. (KIEHL, 1998) 
O pH ideal deve permanecer entre 6,5 e 7,5 para atender às necessidades 
tanto das bactérias quanto dos fungos. (FERNANDES, 1999) 
 
4.2.2.6. Umidade 
 
A água é fundamental para a vida microbiana. 
No composto, o teor ótimo de umidade, de modo geral, situa-se entre 50% e 
60%. Teores de umidade maiores que 65%, fazem com que a água ocupe os 
espaços vazios do meio, impedindo a livre passagem do oxigênio, o que poderá 
provocar aparecimento de zonas de anaerobiose. Se o teor de umidade de uma 
41 
mistura é inferior a 40% a atividade biológica é inibida, bem como a velocidade de 
biodegradação. (FERNANDES, 1999) 
A figura a seguir ilustra o fato explicitado acima. O consumo de oxigênio 
aumenta consideravelmente com a elevação do teor de umidade de 25% até 55%, 
caindo quase verticalmente quando o teor de umidade ultrapassa esse valor. 
 
FIGURA 6-EFEITO DA UMIDADE NO CONSUMO DE OXIGÊNIO EM PILHA DE 
LIXO DOMICILIAR SUBMETIDO À COMPOSTAGEM 
 
FONTE: (SNEL, 1957), citado por KEHL, 1998 
 
O ajuste da umidade pode ser feito pela criteriosa mistura de componentes 
ou pela adição de água. 
Na prática, verifica-se que o teor de umidade depende também da eficácia 
da aeração e das características físicas dos resíduos como estrutura e porosidade. 
55 
42 
O teor de umidade é controlado com base na capacidade de aeração da 
massa de compostagem, nas características físicas do material e na necessidade de 
satisfazer à demanda microbiológica. 
Há perdas de água devido à aeração, e em geral, o teor de umidade do 
composto tende a diminuir ao longo do processo e no final do processo o teor 
considerado ótimo é de 30%. (OLIVEIRA, 2001) 
 
4.2.2.7. Tamanho da Partícula 
 
Quanto mais fina é a granulometria, maior é a área exposta à 
atividade microbiana, o que promove o aumento das reações bioquímicas, visto 
que aumenta a área superficial em contato com o oxigênio. (KIEHL,1998) 
Pereira Neto, 1996, citado por Büttenbender, 2004, descreve que os 
resíduos orgânicos devem ser submetidos a uma correção no tamanho das 
partículas, no sentido de favorecer: 
• Homogeneizar a massa de compostagem; 
• Melhorar a porosidade; 
• Reduzir a compactação; 
• Aumentar a capacidade de aeração. 
 
4.2.3. Aspectos Microbiológicos Da Compostagem 
 
A compostagem é um processo biológico no qual participam diversos 
organismos. 
43 
Há uma organização complexa de organismos envolvida numa cadeia 
alimentar. Cada grupo especializa-se e desenvolve-se numa faixa de temperatura 
ótima. 
Todos trabalham para balancear a população de organismos dentro do 
composto, o que aumenta a eficiência do processo inteiro. (SILVA, 2009) 
Os microrganismos mais importantes na compostagem são as bactérias, os 
fungos e os actinomicetos, todos os outros grupos são de menor importância. 
(FERNANDES, 1999) 
 
4.2.3.1. Fungos 
 
Os fungos são microrganismos filamentosos, heterotróficos, os quais se 
desenvolvem em baixas e altas faixas de pH. O habitat preferencial dos fungos é o 
de ambientes ácidos a levemente alcalinos, com pH variando de 2,0 a 9,0. 
(HEIDMANN, 2006) 
Os fungos dividem-se em dois grupos: os bolores e as leveduras. Os bolores 
são estritamente aeróbios, observando-se uma tendência de formar estruturas 
filamentosas. As leveduras apresentam metabolismos anaeróbios e aeróbios. 
(FERNANDES, 1999) 
Os fungos utilizam uma grande diversidade de substratos, como fontes de 
Carbono tais como: a lignina, a celulose e as hexoses. Como fontes de Nitrogênio 
utilizam os ácidos nucléicos, os nitratos e os nitrogênios amoniacais. 
Os fungos normalmente são menos afetados por substratos com elevadas 
relações C/N, baixo teor de umidade, maiores amplitudes de pH, tornando-se mais 
competitivos em circunstâncias em que as bactérias não conseguem crescer 
rapidamente. (FERNANDES, 1999) 
44 
Temperaturas superiores a 60°C e condições de anaer obiose podem limitar 
as populações de fungos durante o processo de compostagem. (FERNANDES, 
1999) 
 
4.2.3.2. Actinomicetos 
 
Os actinomicetos são bactérias gram-positivas que constituem um grupo de 
microrganismos com características intermediárias entre fungos e bactérias. 
 São semelhantes aos fungos na forma, excetuando-se o fato de serem 
menos filamentosos e melhor adaptados ao crescimento no solo.(FERNANDES, 
1999) 
O termo actinomiceto não tem significado taxonômico e, por isso, eles são 
classificados como bactéria da Ordem Actinomicetales. (OSAKI, 2008) 
Alguns actinomicetos podem ser observados a olho nu nos processos de 
compostagem pelo aspecto esbranquiçado, nas fases mais tardias do processo de 
compostagem, nas camadas superficiais das pilhas, pois tem dificuldade de se 
desenvolverem em ambientes com baixo teor de oxigênio. (FERNANDES, 1999) 
A maioria dos actinomicetos tem seu nicho ecológico na zona aeróbia do 
solo e, especialmente, em ambientes de pH altos e na fase termofílica da 
compostagem, em temperaturas próximas a 65°C e redu zindo o seu metabolismo 
em temperaturas próximas a 75°C. (FERNANDES, 1999) 
As transformações realizadas pelos actinomicetos são a degradação de 
substâncias em geral não decompostas por fungos e bactérias, como fenóis, quitina 
e parafinas, ou seja, decomposição dos resíduos resistentes deanimais e vegetais; 
degradação da celulose e proteínas com pequena imobilização de nitrogênio, 
formação de húmus pela decomposição da matéria orgânica nos compostos da 
45 
fração orgânica do solo; decomposição em alta temperatura de composto e esterco; 
produção de antibióticos atuando no equilíbrio microbiano. (OSAKI, 2008) 
 
4.2.3.3. Bactérias 
 
As bactérias são organismos procarióticos, normalmente unicelulares, de 
tamanho reduzido que se multiplicam rapidamente em um tempo de geração de 15 
minutos, formando colônias. 
As maiores concentrações de bactérias no solo ocorrem nos horizontes 
superficiais decorrentes das condições favoráveis de calor e umidade, aeração e 
disponibilidade de nutrientes. Em regiões subtropicais, em condições adequadas de 
umidade, as populações atingem o nível máximo no início do verão ou no outono. 
(OSAKI, 2008) 
As bactérias existem em número de formas que incluem esferas (cocos), 
cilíndricas (bacilos), helicoidais (spirillum) e forma intermediárias como em forma de 
vírgula (vibrio) e fusiformes. (FERNANDES, 1999) 
A FIGURA 7 mostra as formas típicas das bactérias. 
46 
FIGURA 7-FORMAS TÍPICAS DAS BACTÉRIAS 
 
FONTE: SILVA, 2010 
 
Segundo FERNANDES, 1999, devido às exigências em oxigênio, as 
bactérias podem ser agrupadas em quatro divisões: 
a) Aeróbias: necessitam de oxigênio 
b) Microaeróbias: exigem pequenas quantidades de oxigênio livre 
c) Anaeróbias: crescem sem oxigênio 
d) Anaeróbias facultativas: crescem na presença ou ausência de oxigênio 
A maioria das bactérias reproduz-se por divisão de uma célula em duas 
células filhas idênticas, esse processo é conhecido como fissão binária. (OSAKI, 
2008) 
47 
A composição das células de grande parte das bactérias é, em torno, de 
80% de água para cerca de 20% de matéria seca. A análise da matéria seca 
apresentou uma constituição de 90% orgânica e 10% inorgânica. (FERNANDES, 
1999) 
As bactérias mesofílicas dominam as fases iniciais dos processos de 
compostagem, sendo substituídas por bactérias termofílicas à medida que a 
temperatura se aproxima de 40°C. (FERNANDES, 1999 e KIEHL, 1998) 
As bactérias são importantes para decompor os açúcares, os amidos, as 
proteínas e outros compostos orgânicos de fácil digestão presentes nos resíduos 
sólidos orgânicos. A decomposição das moléculas mais complexas para substâncias 
mais simples é realizada através de reações enzimáticas. Os microrganismos 
sintetizam enzimas que atacam e decompõem o constituinte orgânico. (KIEHL, 
1998) 
Devido a complexidade da matéria orgânica, a decomposição envolve uma 
complexa quantidade de tipos de enzimas e consequentemente um grande número 
de microrganismos participa do processo de compostagem. (KIEHL, 1998) 
As bactérias e os actinomicetos são responsáveis por 80% a 90% da 
atividade microbiológica nos processos de compostagem. (FERNANDES, 1999) 
 
4.2.3.4. Microrganismos Patogênicos 
 
Os resíduos sólidos urbanos podem conter diversos microrganismos 
patogênicos, prejudiciais à saúde humana e um dos objetivos da compostagem é a 
destruição destes patógenos presentes nos materiais a compostar. Os 
microrganismos patógenos incluem bactérias, protozoários, vírus e nematóides. 
(FERNANDES, 1999 e KIEHL,1998) 
48 
A TABELA 4 apresenta as temperaturas e o tempo necessário para a 
inativação de alguns parasitas e microrganismos patogênicos que podem estar 
presentes nos resíduos sólidos. 
 
TABELA 4-TABELA RESISTÊNCIA DE ALGUNS MICRORGANISMOS AO CALOR 
Microrganismo Temperatura 
oC 
Tempo 
(minutos) 
Brucella sp 65,5 0,1 – 0,2 
Salmonella senftenberg 65,5 0,8 – 1,0 
Salmonella sp 65,5 0,02 – 0,25 
Staphylococcus aureus 65,5 2,0 – 2,0 
Leveduras, bolores e bactérias deteriorantes 65,5 0,5 – 3,0 
Esporos de mesófilos aeróbios 
Bacillus cereus 100 5,0 
Bacillus subtilis 100 11,0 
Bacillus polymyxa 100 0,1 – 0,5 
Esporos de mesófilos anaeróbios 
Clostridium butyricum 100 0,1 – 0,5 
Clostridium perfringens 100 0,3 – 20,0 
Clostridium botulinium 
Tipo A e B proteolíticos 
 
100 
 
50,0 
Tipo E, B e F não proteolíticos 80 1,0 
Esporos de Termófilos aeróbios 
Bacillus coagulans 120 0,1 
Bacillus stearothermophilus 120 4,0 – 5,0 
Esporos de termófilos anaeróbios 
Clostridium Thermosaccharolyticum 120 3,0 – 4,0 
Dessulfotomaculum nigrificans 120 2,0 – 3,0 
FONTE: CRQ, 2010 
 
Kiehl, 1998 afirma que se o processo de compostagem não 
conseguiu eliminar os patógenos mais resistentes à temperatura “ao se 
49 
incorporar o fertilizante orgânico ao solo, estes patógenos serão digeridos 
pela competição com os microrganismos selvagens, nativos, existentes no 
solo[...]”. 
A TABELA 5 apresenta o tempo de sobrevivência de alguns patógenos, no 
solo e na superfície das plantas. 
 
TABELA 5-TEMPO DE SOBREVIVÊNCIA DE PATÓGENOS NO SOLO E NA 
SUPERFÍCIE DE PLANTAS 
Patógenos Solo Plantas 
Bactérias 2 meses – 1 ano 1 mês – 6 meses 
Vírus 3 meses – 1 ano 1 mês – 2 meses 
Cistos de protozoários 2 dias – 10 dias 2 dias – 5 dias 
Ovos de helmintos 2 anos – 7 anos 1 mês – 5 meses 
FONTE: Kowal, 1985 citado por SIMONETI, 2006 
 
Outros fatores que podem ocasionar a morte dos microrganismos são: a 
queda da temperatura ou a falta de insolação suficiente causam a morte dos 
organismos por “morte térmica”, e a deficiência de oxigênio, pode levar “morte 
prematura” dos microrganismos. (LASARIDI et al, 2000, citado por BONATTI, 2007) 
 
4.3. ACELERAÇÃO DA COMPOSTAGEM COM O USO DE 
BIODEGRADADORES 
 
A degradação biológica da matéria orgânica sempre ocorre na natureza e a 
partir dessa observação o homem tentou reproduzir o processo natural, visando 
melhorar solos pobres ou esgotados. (FERNANDES, 1999) 
A Biodegradação consiste na modificação física ou química, causada 
pela ação de microrganismos, sob certas condições de calor, umidade, luz, 
50 
oxigênio, nutrientes orgânicos e minerais adequados ao processo. (FRANCHETTI, 
2006) 
Dentro da população nativa de microrganismos encontram-se alguns 
desejáveis, que são aqueles que possuem a capacidade metabólica de 
biodegradar os compostos orgânicos poluentes. A população não desejável é 
composta por microrganismos que não possuem a capacidade de biodegradação e 
ainda competem pelos nutrientes e oxigênio. (LAZZARETTI, 1998) 
Quando se adiciona uma quantidade de população microbiana, selecionada 
para degradação de altas taxas orgânicas, o equilíbrio das populações se rompe 
permitindo uma maior degradação dos compostos orgânicos pelos 
microrganismos introduzidos e pelos nativos que estavam sendo impedidos de 
degradar em todo seu potencial, devido ao equilíbrio existente entre as populações 
nativas. (LAZZARETTI, 1998) 
O biotratamento é a aplicação de tecnologia biológica para a prevenção e 
recuperação do meio ambiente. É uma tecnologia recente, mas amplamente 
divulgada, devido a sua capacidade de resolver os problemas ambientais. 
Apresenta-se como uma solução natural e eficiente para atingir os objetivos e 
padrões de qualidade ambiental que a legislação exige. (MAGRINI, 2008) 
Para acelerar e incrementar os processos de compostagem existe produtos 
inoculantes a base de microrganismos benéficos que podem proporcionar um 
processo de compostagem em cerca de um terço até a metade do tempo normal. O 
resultado da compostagem é um produto final com maior homogeneidade e maior 
teor de elementos químicos das matérias primas originais presentes no produto final 
(N, P, K e principalmente os microelementos). (BIODEGRADAÇÃO, 2010) 
51 
Segundo os fabricantes, estes produtos são um mix de microrganismos de 
ocorrência natural que seno solo e na água, e que são capazes de degradar as 
mais diversas substâncias. 
São vendidos em forma de uma mistura concentrada e balanceada de 
microrganismos não patogênicos, produtores de enzimas, dispersos em carga 
orgânica associada a um estabilizante e não apresentam nenhuma modificação 
genética. 
 
4.3.1. Microrganismos Usados Como Biodegradadores em Produtos Comerciais 
 
A biotecnologia é o ramo da ciência que utiliza microrganismos, plantas e 
animais para a produção de substâncias úteis ao ser humano. (FRANCHETTI e 
MARCONATO, 2006) 
Alguns microrganismos usados como biodegradadores em produtos 
comerciais são listados a seguir: 
 
4.3.1.1. Pseudomonas 
 
O gênero compreende mais de 100 espécies, de bacilos gram-negativos, 
normalmente diferenciados por meio de provas bioquímicas, testes de sensibilidade 
a antibióticos, formação de pigmentos, número e localização dos flagelos. 
(TRABULSI, 1996) 
As Pseudomonas sobrevivem em ambientes úmidos e estão difundidas na 
natureza, habitando o solo, a água, as plantas e os animais, inclusive os seres 
humanos. (Tortora e Funke, 2000 citados por NICKEL, 2005) 
52 
Esta bactéria tem exigências mínimas e pode tolerar uma grande variedade 
de circunstâncias físicas. Algumas cepas podem se desenvolver em temperaturas 
de refrigerador (Fernandes et al 2000, Quarah e Cunha,2003, Tortora e Funke,2000, 
citados por NICKEL, 2005) 
 
Pseudomonas fluorescens 
 
São bactérias saprófitas, não patogênicas que colonizam o solo, a água e os 
ambientes superficiais das plantas. (GENOME, 2010) 
É um microrganismo aeróbio obrigatório. (GENOME, 2010) 
Tem exigências nutricionais simples e cresce bem em meios suplementados 
com sais minerais aceitando variadas fontes de carbono. (GENOME, 2010) 
Um número de cepas de Pseudomonas fluorescens é capaz de suprimir as 
doenças das plantas, protegendo as sementes e raízes de uma infecção fúngica. 
(GENOME, 2010) 
 
Pseudomonas putida 
 
São bactérias Gram-negativas em forma de bastonete, não patogênicas. 
São microrganismos saprófitos. 
Podem ser encontrados em ambientes úmidos, como nos solos e na água, 
e crescem otimamente a temperatura ambiente, de 25°C-30°C. (CITIZENDIUM, 
2010) 
Apesar de Pseudomonas putida não formarem esporos e ainda assim são 
capazes de suportar condições ambientais adversas e resistir aos efeitos graves de 
53 
solventes orgânicos, que poluem o solo ao redor.Algumas estirpes têm a capacidade 
de crescer e de quebrar muitos poluentes perigosos e aromáticos hidrocarbonetos 
tais como tolueno, benzeno e etilbenzeno. (CITIZENDIUM, 2010) 
 
4.3.1.2. Bacillus 
 
São bactérias gram-posisitivas distribuídas em várias espécies. O gênero 
Bacillus permaneceu intacto até 2004, quando foi dividido em diversas famílias e 
gêneros de bactérias formadoras de endósporos, com base na análise RNA. 
Estes microrganismos crescem na presença de O2. e são conhecidos pelo 
nome comum de esporulados aeróbios. (TODAR, 2010) 
O habitat normal das espécies Bacillus é o solo, onde vivem como esporos 
ou como células vegetativas, passando de um estado para outro, de acordo com as 
condições ambientais, isto é, proliferam quando as condições são favoráveis e 
esporulam, quando em condições adversas. Os esporos podem permanecer viáveis 
por vários anos. (TRABULSI, 1996) 
A maioria dos esporulados aeróbios são móveis por meio de flagelos, 
conforme é mostrado na FIGURA 8. 
54 
FIGURA 8-CÉLULAS INDIVIDUAIS DE BACILOS MÓVEIS FOTOGRAFADOS EM 
AGAR NUTRIENTE 
 
FONTE: TODAR, 2010 
Ampliação aproximada de 15.000 vezes. Deptoof Agriculture US. A. B. subtilis; B. P. 
polymyxa; C. B. subtilis, B. polymyxa P.; C. B. laterosporus; D. P. alvei. laterosporus D. P. 
alvei. 
 
Os Bacillus fazem a degradação dos mais diversos substratos derivados de 
fontes vegetais e animais, incluindo a celulose, amido, pectina, proteínas, agar, 
hidrocarbonetos, e outros. (TODAR, 2010) 
 
Bacillus licheniformis 
 
Estas bactérias são comumente conhecidas por causar intoxicação alimentar 
e a deterioração dos alimentos, e por contaminação de produtos lácteos. As 
contaminações, geralmente, envolvem casos de carnes cozidas e legumes, leite 
cru, produzidos industrialmente e comida de bebês. (LARSEN, 2010) 
O Bacillus licheniformis é uma bactéria saprófita que se encontra difundida 
na natureza e contribui para a ciclagem de nutrientes, devido à diversidade de 
enzimas produzidas pelos membros da espécie. Alguns membros da espécie são 
capazes de desnitrificação (EPA,1997) 
55 
O Bacillus licheniformis é anaeróbio facultativo. É capaz de produzir 
endósporos quando as condições de crescimento vegetativo são desfavoráveis. 
(EPA,1997) 
Ocorrem em temperaturas até 55°C (EPA,1997). A sua temperatura ótima de 
crescimento é de 50°C, mas também pode sobreviver e m temperaturas muito mais 
elevadas. Sua temperatura ideal para a secreção de enzimas é de 37°C.(LARSEN, 
2010) 
Estas bactérias têm sido usadas na indústria de fermentação para a 
produção de proteases, amilases, antibióticos e produtos químicos especiais por 
mais de uma década, sem relatos de efeitos adversos à saúde humana ou ao meio 
ambiente. (EPA,1997) 
Embora não seja inócuo, o Bacillus licheniformis não produz quantidades 
significativas de enzimas extracelulares e outros fatores passíveis de predispô-lo a 
causar infecção. Para atingir uma infecção, ou o número de microrganismos deve 
ser muito alto ou o estado imunológico do hospedeiro baixo, não sendo considerado 
um patógeno humano nem é toxigênico. (EPA,1997) 
 
Bacillus subtilis 
 
O Bacillus subtilis é amplamente distribuído em todo o ambiente, 
especialmente no solo, no ar e na decomposição de resíduos vegetais. 
Pertencente a família Bacillaceae, é uma bactéria aeróbia, exceto na 
presença de glicose e nitrato. (EPA, 1997) 
É formadora de esporos, o que lhe permite suportar condições extremas de 
calor e desidratação no meio ambiente.(EPA, 1997) 
56 
O Bacillus subtilis contribui para ciclagem de nutrientes devido as várias 
enzimas produzidas pelos membros da espécie. Produz uma variedade de 
proteases e outras enzimas que o permite degradarem uma variedade de substratos 
naturais. (EPA, 1997) 
É considerado um organismo benigno, uma vez que não possui 
características que causam a doença,não é considerado patogênico. (EPA, 1997) 
O Bacillus subtilis produz antibióticos, enzimas e fitohormonios que 
proporcionam benefícios para as plantas. (ARAUJO, 2008) 
 
Bacillus pumilus 
 
O Bacillus pumilus é uma bactéria que ocorre naturalmente no solo, na água, 
no ar e decomposição de tecidos vegetais. Muitas vezes, é encontrada no 
desenvolvimento do sistema radicular de plantas de soja, mas não faz mal às 
plantas, pelo contrário, a bactéria impede a germinação dos esporos dos fungos 
Rhizoctonia e Fusarium que atacam o desenvolvimento das raízes da soja, sendo 
que a bactéria pode crescer posteriormente no esporos desses fungos.(EPA,2003) 
Nenhum efeito ambiental adverso é esperado quando os produtos contendo 
Bacillus pumilus são utilizados de acordo com as instruções do rótulo do 
fabricante.(EPA,2003) 
 
4.4. LEGISLAÇÃO APLICADA 
 
São abordados a seguir alguns aspectos referentes a legislação aplicável 
aos resíduos sólidos urbanos, ao composto agrícola e ao uso de biodegradadores. 
 
57 
4.4.1. Legislação Aplicável Aos Resíduos Sólidos Urbanos 
 
A Constituição Federal, promulgada em 1988, estabelece em seu artigo 23, 
inciso VI, que “compete à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios 
proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer das suas formas”. No 
artigo 24, estabelecea competência da União, dos Estados e do Distrito Federal em 
legislar concorrentemente sobre “(...) proteção do meio ambiente e controle da 
poluição” (inciso VI) e, no artigo 30, incisos I e II, estabelece que cabe ainda ao 
poder público municipal “legislar sobre os assuntos de interesse local e suplementar 
a legislação federal e a estadual no que couber”. (CASTILHOS JUNIOR, 2003) 
 A Lei Federal n° 6.938, de 31/8/81, que dispõe sob re a Política Nacional de 
Meio Ambiente, institui a sistemática de Avaliação de Impacto Ambiental para 
atividades modificadoras ou potencialmente modificadoras da qualidade ambiental, 
com a criação da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA). A AIA é formada por um 
conjunto de procedimentos que visam assegurar que se realize exame sistemático 
dos potenciais impactos ambientais de uma atividade e de suas alternativas. 
Também no âmbito da Lei n° 6.938/81 ficam instituíd as as licenças a serem obtidas 
ao longo da existência das atividades modificadoras ou potencialmente 
modificadoras da qualidade ambiental. (IPT/Cempre, 2000 citada por CASTILHOS 
JUNIOR, 2003) 
A Lei de Crimes Ambientais (Brasil, n° 9605 de feve reiro de 1998) dispõe 
sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades 
lesivas ao meio ambiente e dá outras providências. Em seu artigo 54, parágrafo 2°, 
inciso V, penaliza o lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos em 
desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos. No parágrafo 
3° do mesmo artigo, a lei penaliza quem deixar de a dotar, quando assim o exigir a 
58 
autoridade competente,medidas de precaução em caso de risco de dano ambiental 
grave ou irreparável. (CASTILHOS JUNIOR, 2003) 
A Resolução Conama n° 237, de 19 de dezembro de 199 7 estabelece norma 
geral sobre licenciamento ambiental, competências, listas de atividades sujeitas a 
licenciamento, etc. (CASTILHOS JUNIOR, 2003) 
Da normalização técnica da Associação Brasileira de Normas Técnicas 
(ABNT) são citadas somente algumas normas mais específicas ao tema tratado: 
• NBR 7500, de 1994 – Símbolos de riscos e manuseio para o transporte e 
armazenamento de materiais. 
• NBR 10004, de 1987 – Resíduos sólidos – Classificação. 
• NBR 10007 – Amostragem de resíduos. 
• NBR 13221, de 1994 – Transporte de resíduos –Procedimento. 
 
Para o Estado do Paraná a legislação aplicável encontra-se a seguir: 
• Decreto Nº 3.641, DE 14 DE JULHO DE 1977 
Dispõe sobre o Código Sanitário do Estado. 
No capítulo IV, do Reaproveitamento dos Resíduos, Art. 38 coloca que 
todo gerador cujos resíduos possam representar fontes de poluição fica 
obrigado, a critério da autoridade sanitária, à implantação de medidas 
que visam eliminar ou reduzir a níveis toleráveis o grau de poluição, 
inclusive com o reaproveitamento dos resíduos. No inciso 1º coloca que 
autoridade sanitária deverá aprovar os projetos de destino final do lixo, 
fiscalizando a sua execução, operação e manutenção. (IAP, 2010) 
 
59 
• Lei 12493 - 22 de Janeiro de 1999 Publicada no Diário Oficial n° 5430 de 
5 de Fevereiro de 1999. 
Estabelece princípios, procedimentos, normas e critérios referentes a 
geração, acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte, 
tratamento e destinação final dos resíduos sólidos no Estado do Paraná, 
visando controle da poluição, da contaminação e a minimização de 
seus impactos ambientais e adota outras providências. (IAP,2010) 
O Art. 14, inciso 1º estabelece: O solo e o subsolo somente poderão ser 
utilizados para armazenamento, acumulação ou disposição final de 
resíduos sólidos de qualquer natureza, desde que sua disposição 
seja feita de forma tecnicamente adequada, estabelecida em 
projetos específicos, obedecidas as condições e critérios 
estabelecidos pelo Instituto Ambiental do Paraná - IAP. 
No Art. 17 fica estabelecido a obrigatoriedade de cadastro junto ao IAP 
para atividades geradoras de quaisquer tipos de resíduos sólidos, para 
fins de controle e inventário dos resíduos sólidos gerados no 
Estado do Paraná. (IAP,2010) 
Conforme o Art. 18, a responsabilidade pela execução de medidas 
para prevenir e/ou corrigir a poluição e/ou contaminação do meio 
ambiente decorrente de derramamento, vazamento, lançamento 
e/ou disposição inadequada de resíduos sólidos é: da atividade 
geradora dos resíduos, quando a poluição e/ou contaminação originar-se 
ou ocorrer em suas instalações da atividade geradora de resíduos 
e da atividade transportadora, solidariamente, quando a poluição 
e/ou contaminação originar-se ou ocorrer durante o transporte; da 
60 
atividade geradora dos resíduos e da atividade executora de 
acondicionamento, de tratamento e/ou de disposição final dos 
resíduos, solidariamente, quando a poluição e/ou contaminação 
ocorrer no local de acondicionamento, de tratamento e/ou de 
disposição final. (IAP, 2010) 
 
• Portaria IAP nº 224, de 05 de dezembro de 2007. 
Estabelece os critérios para exigência e emissão de Autorizações 
Ambientais para as Atividades de Gerenciamento de Resíduos 
Sólidos. 
No Art. 1º estabelece, além da Licença de Operação, que os 
procedimentos de tratamento e disposição final dos resíduos sólidos 
como aterro e uso agrícola estão sujeitos à Autorização Ambiental. 
(IAP,2010) 
No Art. 3º é colocado que a Autorização Ambiental deverá ser 
requerida pelo gerador ou pelo responsável pelo transporte, 
armazenamento, tratamento e/ou disposição final do(s) resíduo(s). 
(IAP,2010) 
O Art. 9º traz informações para o procedimento do requerimento da 
Autorização Ambiental. (IAP,2010) 
As Leis do município de Curitiba referentes aos resíduos sólidos urbanos, 
segundo Polidoro, 2009, são apresentadas a seguir: 
• Lei n° 7833/91 
61 
Dispõe sobre a política de proteção e conservação e recuperação do 
meio ambiente e dá outras providências. No Art. 21 estabelece normas 
de coleta , acondicionamento e disposição final de lixo. 
• Decreto n° 983/04 
Dispõe sobre a coleta, transporte e a disposição final de resíduos sólidos 
no município de Curitiba. No Art. 33 cria a figura dos grandes geradores 
como sendo aqueles que produzam resíduos em quantidades 
superiores às previstas nos incisos I a IV, do Art. 8º. Estabelece a 
obrigação de elaborar Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos e 
de os submeter à aprovação pelo órgão municipal competente , de 
acordo com Termo de Referência específico estabelecido pelo 
Município. 
- Grandes Geradores + 600 litros de resíduos por semana. 
 
4.4.2. Legislação Aplicável Ao Composto Orgânico 
 
Conforme o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento: 
 
• Lei nº 6.894, DE 1980 
Dispõe sobre a inspeção e fiscalização da produção e do comércio de 
fertilizantes, corretivos, inoculantes e biofertilizantes destinados à 
agricultura. 
Art. 2º - Atribui ao MAPA a competência para exercer a fiscalização 
Art. 4º - Obrigatoriedade de registro de estabelecimentos e de produtos 
Art. 5º - Estabelece sanções administrativas 
62 
Art. 7º - Delega ao Poder Executivo a competência para estabelecer as 
providências necessárias para o exercício da fiscalização 
• Decreto nº 4.954, de 2004 
Aprova o regulamento da Lei nº 6.894/1980. 
No Art. 2º Definições: Fertilizante orgânico composto é o produto 
obtido por processo físico, químico, físico-químico ou bioquímico, 
natural ou controlado, a partir de matéria-prima de origem industrial, 
urbana ou rural, animal ou vegetal,

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