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Macro e Microambiente do Sistema nervoso SNC Revestido por membranas conjuntivas que mantêm um compartimento cheio de líquido no qual flutuam o encéfalo e a medula espinhal. Esse líquido transita também nas suas cavidades internas Parede dos capilares sanguíneos Formam uma barreira seletiva que controla rigorosamente o trânsito de moléculas Envoltórios e cavidades Encéfalo Completamente recoberto por um triplo sistema de envoltórios: três membranas conjuntivas que o separam do osso suprajacente e recebem o nome genérico de meninges As três meninges Dura-máter Meninge mais externa Rica em fibroblastos – produzem uma grande quantidade de colágeno que torna essa membrana rígida e resistente Vascularizada e inervada sensibilidade dolorosa No encéfalo – Formada por dois folhetos justapostos Folheto externo fica aderido à superfície interna dos ossos cranianos, funcionando como um periósteo Folheto interno: fica aderido ao externo, exceto em alguns pontos para formar canais Seios – que contém sangue venoso Folheto interno: ao se afastarem para formar os seios também formam pregas que contribuem para a separação entre os dois hemisférios cerebrais e entre estes e o cerebelo Foice do cerebelo: prega que separa os hemisférios cerebrais, penetra fundo no sulco inter-hemisférico Tenda do cerebelo: separa os hemisférios do cerebelo Medula: há apenas um folheto, continuo com o folheto interno da dura-máter encefálica e que não adere à face interna do canal vertebral Dura- máter medular: acompanha a forma da medula, porém deve permitir a emergência dos nervos raquidianos Acompanha os nervos até um certo ponto, terminando por fundir-se a tecido conjuntivo que envolve os nervos periféricos (epineuro) Aracnoide Formada por tecido conjuntivo, mas sua consistência é menos rígida que a da dura máter porque é formada por trabéculas e pertuitos como uma esponja Adjacente à dura-máter, separada dela por um fino filete de líquido que lubrifica o contato entre as duas meninges Separada da terceira meninge pelas trabéculas – gera um amplo espaço preenchido por líquido Pia-máter Mais fina e delicada de todas Também formada por tecido conjuntivo que recobre a superfície do SNC acompanhando os giros e sulcos Contínua com o tecido conjuntivo que recobre a parede dos vasos Espaços comunicantes Grandes compartimentos Intracelular: citoplasma dos neurônios e gliócitos tomados como conjuntp Intersticial: espaço entre as células Sanguíneo Liquórico: compartimento que reúne alguns dos espaços delimitados pelas meninges e mais as cavidades internas do SNC Espaço entre a dura- máter e a superfície óssea Não há no crânio Na medula – Espaço epidural Espaço epidural Ou extradural Preenchido por tecido adiposo e vasos sanguíneos Espaço subdural Muito estreito Preenchido por uma fina camada de líquido que apenas lubrifica o contato entre as duas meninges O espaço subaracnóideo entre a aracnoide e a pia-máter o mais importante de todos: é amplo, cheio de ííquor, e aloja os vasos sanguíneos superficiais (tanto artérias quanto veias piais) que se ramificam internamente para irrigar ou drenar o tecido nervoso Se comunica com as cavidades do interior do encéfalo e da medula espinhal Pia-máter acompanha o relevo da superfície do encéfalo mas a aracnoide não as dimensões do espaço subaracnóideo variam, formando-se desde grandes dilatações chamadas cisternas nas regiões de maiores reentrâncias da superfície do encéfalo, até microespaços em tomo dos vasos (espaços perivasculares), que por serem cheios de liquor contribuem para amortecer o impacto dos pulsos da pressão sanguínea que ocorrem a cada batimento cardíaco. Espaço subpial só aparece quando a pia-máter é descolada da superfície encefálica por hemorragias. Apia-máter, fica aderida à superfície encefálica porque sobre ela ancoram os prolongamentos (pedículos) dos astrócito em grande número, formando uma verdadeira membrana chamada pioglial. Espaço subaracnóideo é o mais importante não só por seu volume, mas porque se comunica com as cavidades internas do SNC, também cheias de liquor. Cavidades são amplos espaços internos chamados ventrículos, unidos uns aos outros por aberturas, forâmes ou canais que recebem nomes específicos. Os ventrículos são revestidos por uma camada de células cuboides chamada epêndima, que separa o tecido nervoso do liquor e, como se pode imaginar, desempenha função importante na regulação homeostática do tecido nervoso. Nos hemisférios cerebrais estão os ventrículos laterais que acompanham grosseiramente a morfologia dos hemisférios, apresentando pontas que se estendem a cada um dos principais lobos. Os ventrículos laterais comunicam-se com a cavidade diencefálica (terceiro ventrículo) através dos forâmes interventriculares, um de cada lado O terceiro ventrículo é estreito como o espaço entre duas mãos em posição de oração, e desemboca na cavidade mesencefálica, que consiste em um estreito canal chamado aqueduto cerebral (ou de Sylvius). O aqueduto estende-se até o quarto ventrículo, na altura do tronco encefálico, e este por sua vez comunica-se com o canal medular, um fino cilindro que termina em ponta cega na medula sacra. É no quarto ventrículo que as cavidades internas do encéfalo se comunicam com o espaço subaracnóideo por meio de três aberturas; uma mediana e duas laterais Líquor: um fluído polivalente Fluido que preenche o espaço subaracnóideo e as cavidades internas do SNC é o líquido cefalorraquidiano ou liquor desempenha funções essenciais para a proteção e a homeostasia do tecido nervoso suporte mecânico para o encéfalo e a medula. A redução de peso que ocorre no liquor tem a vantagem de facilitar a manutenção da forma do encéfalo e da medula, bem como reduzir os danos que poderiam ocorrer pela deformação das estruturas neurais provocada pelo próprio peso do SNC. o encéfalo e a medula ficam também protegidos dos impactos externos e internos, bastante atenuados antes de atingirem o tecido nervoso. Dentre os impactos internos a pulsação sanguínea: a cada contração do coração ocorre um pico de pressão arterial que se transmite por toda a rede vascular. Excreção de produtos do metabolismo neural, uma espécie de circulação linfática que não existe como tal no sistema nervoso,mas cuja função é parcialmente exercida pelo liquor os metabólitos do tecido nervoso que circulam no liquor são levados ao sangue dos seios venosos e, assim, drenados para a circulação sistêmica veículo de comunicação química. ocorre intensa troca entre o liquor e o compartimento intersticial do tecido nervoso através dos espaços perivasculares através da camada ependimária que recobre a superfície interna dos ventrículos e demais cavidades. Na região do hipotálamo, por exemplo, ocorre secreção hormonal dos axônios para o espaço intersticial. Uma fração deles termina passando para o liquor por entre as células ependimárias que revestem os ventrículos, podendo por essa via exercer efeitos em outras regiões neurais. O próprio epêndima parece sintetizar e secretar peptídeos (hormônios, fatores de crescimento) com função autócrina (sobre si mesmo), parácrina (sobre células vizinhas) ou endócrina (sobre células e estruturas situadas à distância). Produção do Líquor O liquor é produzido pelo plexo coroide uma estrutura altamente vascularizada situada nos ventrículos, e em menor quantidade pelas células ependimárias que recobrem as cavidades O plexo retira do sangue a “matéria-prima” para o liquor O liquor normal tem muito menos proteínas, menos glicose e menos cátions como potássio, cálcio e magnésio que o plasma As diferenças são devidas ao seu mecanismo de produção: não se trata de uma mera filtração passiva do sangue, mas sim de uma filtração seletiva, complementada pela secreção de componentes pelas células do plexo coroide. Essa característica permite falar de uma barreira hematoliquórica separando o sangue do liquor, capaz de selecionaro que passa de um a outro a cada momento. Plexo é uma estrutura folhosa composta por dobras da pia-máter, vasos sanguíneos em grande número e uma cobertura de células ependimárias modificadas. Células ependimárias representam o elemento mais importante na produção do liquor células cúbicas ou cilíndricas dotadas de uma multidão de micro- vilosidades na membrana que faz face com a cavidade ventricular, e cuja face oposta faz contato direto com a parede capilar são justapostas umas às outras por junções oclusivas, que mantêm as células fortemente aderidas e vedam a passagem de substâncias do sangue para o liquor através do espaço intersticial “obrigando-as” a utilizar o caminho através da membrana celular, por dentro do citoplasma. As substâncias transportadas pelo sangue saem livremente dos capilares dos plexos coroides, porque as paredes desses capilares apresentam aberturas entre as células endoteliais - chamadas fenestrações. A produção de envolve diferentes mecanismos de transferência de moléculas e íons do sangue e do compartimento intersticial para o interior das células ependimárias, e destas para a luz das cavidades ventriculares transporte ativo de moléculas (contra o gradiente de concentração) difusão facilitada de moléculas (a favor do gradiente) passagem de íons através de canais (a favor do gradiente) transporte de íons por meio de “bombas” transportadoras (contra o gradiente). Volume liquórico total: é de aproximadamente 150 mL, renovamos todo esse volume três a quatro vezes por dia. Circulação de Líquor É unidirecional e pulsátil, dos ventrículos laterais para o terceiro e o quarto ventrículos, e deste último para o espaço subaracnóideo através de duas aberturas laterais e uma mediana No espaço subaracnóideo, o liquor circula em tomo da medula espinhal e do encéfalo até atingir as regiões de drenagem no topo do encéfalo e ao longo da medula. As células da aracnoide são também fortemente justapostas por meio de junções oclusivas que impedem a passagem do liquor e restringem a drenagem a regiões específicas, especializadas para isso. Quarto ventrículo Se abre para o espaço subaracnóideo que envolve todo o SNC também se comunica com o canal central da medula Passagem do liquor pelas cavidades ventriculares e pelo espaço subaracnóideo intensas trocas ocorrem através do epêndima com o líquido intersticial e com o sangue, tanto no plexo coroide quanto nas paredes ventriculares e sobretudo nos espaços perivasculares. Drenagem do liquor ocorre através de “válvulas” especiais situadas nas chamadas granulações e vilosidades aracnóideas pequenas invaginações da aracnoide para dentro dos seios venosos os espaços formados pela separação entre os folhetos da dura-máter. As invaginações são as vilosidades aracnóideas, que com frequência se aglomeram formando estruturas macroscópicas - as granulações -, principalmente na linha média dorsal do encéfalo e nos locais de saída dos nervos espinhais. Nas vilosidades, o liquor está separado do sangue venoso que circula dentro dos seios e das veias radiculares apenas por uma fina camada de células aracnóideas. Essas células apresentam intensa formação de vacúolos que transportam liquor de um lado a outro, do espaço subaracnóideo para o seio venoso. Há também fenestrações entre as células aracnóideas das vilosidades, que permitem a passagem do liquor para o sangue diretamente por entre as células, movido peia diferença de pressão entre o espaço subaracnóideo e o sangue venoso liquor é drenado nas vilosidades aracnóideas para o sangue venoso na mesma taxa com que é secretado. Forma direta de drenagem do liquor ao longo dos nervos, sobretudo dos filetes do nervo olfatório que passam pelos orifícios da placa crivosa do osso etmoide. Nesse caso, o liquor atinge a mucosa nasal e é drenado finalmente pelos vasos linfáticos do pescoço. Importância médica realização de diagnósticos veículo para certos medicamentos, como anestésicos, por exemplo Através da pressão que ele produz no espaço subaracnóideo, que pode ser medida, é possível detectar, por exemplo, a presença de obstrução em algum ponto das cavidades. Quando o fluxo liquórico está obstruído, a pressão intracraniana sobe perigosamente, podendo causar lesões no tecido nervoso. A composição química do liquor pode também ser medida, extraindo-se amostras através de punções no espaço subaracnóideo, geralmente na coluna lombar. A punção lombar consiste na inserção de uma agulha entre as vértebras L4 e L5, abaixo de onde termina a medula sacra (Ll) e onde se encontra apenas a cauda equina A presença de bactérias pode indicar a ocorrência de meningites, a presença de sangue indica hemorragias, e alterações mais sutis sugerem distúrbios do metabolismo neural. A circulação arterial do Sistema nervoso Artérias Levam o sangue para o encéfalo e a medula abrem-se em vasos cada vez mais finos, que por fim se ramificam em uma extensa rede capilar capaz de irrigar todas as regiões neurais. Encéfalo representa apenas cerca de 2% da massa corporal de uma pessoa, mas recebe 15% do fluxo sanguíneo e consome aproximadamente 20% do oxigênio disponível na circulação. Alta taxa metabólica do tecido nervoso glicose é intensamente consumida pelos neurônios, que a utilizam como fonte anaeróbica de energia. Anóxia ou isquemia de poucos segundos, o indivíduo pode apresentar sintomas neurológicos que dependem da região atingida, e se essas ocorrências se prolongarem por atguns minntos, ocorre morte neuronal. Relação entre fluxo sanguíneo e atividade neural se baseiam os recentes métodos de imagem funcional Circulação sanguínea do SNC deve apresentar características especiais que deem conta da delicada relação entre atividade funcional, metabolismo e fluxo sanguíneo no tecido nervoso é preciso garantir uma faixa de estabilidade do fluxo sanguíneo cerebral, mas possibilitar variações locais dentro dessa faixa. o parênquima neural deve ser protegido da penetração - por intermédio da circulação sanguínea - de substâncias que possam interferir na função dos neurônios. Uma Rede Vascular especial apresenta algumas especializações morfofuncionais engenhosas. Artérias são geralmente muito sinuosas, característica que contribui para a dissipação do impacto provocado pelos picos de pressão de cada ciclo cardíaco. Artérias menores e arteríolas posicionadas na superfície do encéfalo e da medula (chamadas artérias piais) imersas no liquor do espaço subaracnóideo, e as que penetram no parênquima (arteríolas penetrantes) são acompanhadas alguns milímetros adentro pelos espaços perivasculares também cheios de liquor Há poucas vias de comunicação entre artérias e entre arteríolas (anastomoses Existe alguma superposição nas bordas entre o território irrigado por uma artéria e o território irrigado por outra, vizinha. Arteríolas do sistema nervoso capacidade de sofrer uma regulação local do seu diâmetro o diâmetro das arteríolas responde a pequenas variações da pressão arterial sistêmica, na faixa entre 60 e 150 mmHg, e a sutis alterações da concentração sanguínea dos gases respiratórios (O2 e CO2). A capacidade dessas artérias menores e arteríolas de variar o seu diâmetro depende da estrutura de sua parede composta por uma camada de fibras musculares lisas sujeitas ao controle de nervos simpáticos. Gradativamente, à medida que essas arteríolas vão-se tornando menores, transformam-se em capilares cuja contratilidade é menos eficaz porque depende dos pericitos, células isoladas e não tão adaptadas a se contrair quanto o músculo liso. Contratilidade dessas arteríolas menores e desses capilares seja controlada por mediadores locais secretados pelo próprio endotélio (como o óxido nítrico), pelos pedículos dos astrócitos ancorados na parede, e por prolongamentos de axônios que terminam nas proximidades Quando cai a pressão arterial no organismo geralmente ocorre uma vasoconstrição compensatória em certosórgãos do corpo, provocada pela ação de regiões do tronco encefálico e do sistema nervoso autônomo se o mesmo ocorresse no sistema nervoso, a função neuronal sofreria consequências adversas, devido à extrema dependência dos neurônios por oxigênio e glicose no sistema nervoso é prioritário controlar o fluxo, mesmo porque as variações da pressão sanguínea encefálica teriam pouca influência sobre a pressão sistêmica o mecanismo de autorregulação do diâmetro vascular no sistema nervoso atua no sentido inverso, dentro da faixa mencionada anteriormente: em vez de vasoconstrição, ocorre vasodilatação a queda de fluxo que seria causada pela vasoconstrição sistêmica é compensada pela vasodilatação neural, e ele (o fluxo) permanece constante no encéfalo e na medula Quando há elevação da pressão sistêmica, ocorre o oposto: vasoconstrição neural. Fora dessa faixa de 60 a 150 mmHg, entretanto, a pressão e o fluxo no SNC acompanham as variações Quando cai a concentração sanguínea relativa de oxigênio (ou cresce a de CO2) Anóxia - perigo Imediatamente ocorre vasodilatação Variações locais são provocadas também por alterações do diâmetro óxido nítrico Esse estranho neuromodulador (que é um gás) está presente em numerosos neurônios regularmente distribuídos por todo o sistema nervoso. Quando uma região é funcionalmente ativada, ocorre vasodilatação local que resulta em aumento do fluxo sanguíneo. óxido nítrico atua de forma direta sobre a musculatura lisa das arteríolas próximas aos neurônios que o liberam. Como o NO passa livremente através das membranas celulares, haveria maior difusão dele para o microambiente extraceíular quanto maior fosse a atividade desses neurônios. O resultado seria a vasodilatação e o aumento do fluxo sanguíneo local, proporcionalmente ao aumento da atividade neuronal. Movimentos iônicos resultantes da atividade elétrica dos neurônios resultam em aumento da concentração extracelular de K são capazes de híperpolarizar as fibras musculares lisas, relaxando-as e assim contribuindo para a vasodilatação O próprio endotélio secreta peptídeos vasoativos, e alguns agem na membrana dos pericitos, sugerindo uma regulação também do diâmetro capilar. Astrócitos desempenham papel importante, pois secretam mediadores vasoativos como o gás monóxido de carbono (CO), o nucleosídeo adenosina e o ácido araquidônico. Unidades neurovasculares incluem de forma integrada neurônios, astrócitos perivasculares, arteríolas e capilares, capazes de regular precisamente o aporte de sangue necessário ao nível de atividade funcional de cada região Essa regulação do fluxo sanguíneo em função da atividade neural é chamada acoplamento neurovascular Barreira Hematoencefálica barreira que seleciona com rigor o que pode e o que não pode passar do sangue para o parênquima neural e vice-versa. é um obstáculo eficiente à penetração de substâncias potencialmente tóxicas ao tecido nervoso, sem no entanto impedir a entrada de substâncias nutrientes e outras com papel funcional na fisiologia do tecido nervoso. Organização do SIstema Arterial que irriga o SNC Vias de entrada via anterior ou carotídea irriga os hemisférios cerebrais e o tronco encefálico via posterior ou vertebrobasilar compartilha com as carótidas a irrigação do tronco encefálico encarrega-se também da medula espinhal a via sistêmica que irriga a medula por anastomose com a via posterior. Ramos Alguns deles são superficiais, isto é, cobrem a superfície externa do encéfalo e da medula, gerando finalmente arteríolas penetrantes que se aprofundam no tecido e se abrem na rede capilar. Outros ramos são profundos, orientando-se para as estruturas internas do encéfalo, como os núcleos da base, o diencéfalo e outras. Via anterior e posterior originam-se da aorta ou de seus primeiros ramos dos quais emergem em cada lado do pescoço uma artéria carótida comum e uma vertebral. Vertebrais penetram diretamente no crânio pelo forame magno junto à medula (via posterior) Carótidas comuns dividem-se na parte mais alta do pescoço, cada uma delas em uma carótida interna e uma externa. As internas vão constituir a via anterior de irrigação arterial do encéfalo, penetrando no crânio através dos forâmes carotídeos, enquanto as externas vão irrigar os tecidos extracranianos. Via anterior (ou carotídea) é formada pelas carótidas internas e por seus ramos. As carótidas internas apresentam um trajeto tortuoso atravessando a dura-máter, próximo à base do encéfalo, na altura do quiasma óptico. A partir daí, a rede arterial carotídea distribui-se no espaço subaracnóideo, dividindo-se em ramos sucessivamente menos calibrosos que logo penetram entre os sulcos rumo às estruturas internas (ramos profundos) ou se estendem pela superfície encefálica (ramos superficiais). Ramificam- se muitas vezes até o ponto em que as arteríolas penetram no interior do parênquima Na base do encéfalo cada carótida interna se divide em dois ramos maiores e um menor Os dois maiores são as artérias cerebrais anterior e posterior, respectivamente e o ramo menor é a artéria comunicante posterior. Enquanto as cerebrais, em cada lado, irrigam grandes extensões dos hemisférios cerebrais, as comunicantes são curtas e emitem poucos ramos, sendo na verdade anastomoses que comunicam a via anterior com a posterior. A via posterior (ou vertebrobasilar) é formada pelas duas artérias vertebrais que, depois de penetrar no crânio pelo forame magno, unem-se na altura do bulbo para formar uma artéria única chamada basilar, posicionada na linha média da superfície basal da ponte. Das artérias vertebrais emergem bilateralmente ramos que se dirigem para baixo e irrigam a medula, e uma das artérias que irrigam o cerebelo Da basilar emergem de cada lado duas artérias cerebelares e várias artérias pontinas. A basilar termina bifurcando-se em duas artérias cerebrais posteriores, que irrigam amplas áreas posteriores dos hemisférios cerebrais. São as cerebrais posteriores que se unem às artérias comunicantes posteriores A terceira via (via sistêmica) é própria da medula espinhal, e conecta-se com a via posterior. É formada pelas artérias radiculares, ramos de várias artérias segmentares do pescoço e do tronco que emergem da aorta descendente e penetram no espaço subaracnóideo junto com os nervos espinhais, anastomosando-se aí com as artérias espinhais da via posterior As poucas anastomoses são dignas de nota porque representam as únicas alternativas para manter irrigada uma região - pelo menos parcialmente - quando a sua artéria principal sofre algum tipo de obstrução. A principal estrutura anastomótica é o chamado círculo arterial da base do encéfalo (também chamado polígono de Willis) O círculo arterial é formado pelas artérias cerebrais anteriores, conectadas pela comunicante anterior, e pelas carótidas internas, conectadas com as cerebrais posteriores pelas comunicantes posteriores A comunicante anterior conecta a circulação de ambos os lados, enquanto as comunicantes posteriores anastomosant a via anterior com a posterior OS territórios de irrigação arterial Os hemisférios cerebrais são irrigados pelas artérias cerebrais (anteriores, médias e posteriores Cerebral anterior emerge da carótida interna em direção rostral, próximo à linha média. Insere-se no sulco inter-hemisférico e contorna o joelho do corpo caloso para trás, deixando no trajeto vários ramos que irrigam as faces mediai e dorsal do córtex cerebral Cerebral média Emerge da carótida interna em sentido lateral e se aloja no sulco lateral, reaparecendo lateralmente na superfície externa do encéfalo, onde se ramifica para baixo e para cima, irrigando toda a face lateral do lobo temporal, a face dorsolateral dos lobos frontal e parietal e o lobo da ínsula. Cerebral posterior origina-se da basilar contorna o tronco encefálico e se ramifica profusamente portoda a superfície medial e lateral do lobo occipital Núcleos da base e o diencéfalo são irrigados pelos ramos profundos das três artérias cerebrais e por um ramo que emerge diretamente da carótida interna, a artéria co- róidea anterior, que também irriga parte do hipocampo Retina e o nervo óptico são irrigados por um outro ramo da carótida, a artéria oftálmica. Mesencéfalo e o tronco encefálico são alimentados pelas artérias que constituem a via posterior Rede capilar: Um sistema Protegido Barreira hematoencefálica Por essa fronteira devem passar o oxigênio e os nutrientes, mas não as substâncias que possam causar danos ou interferir com a função dos neurônios Por ela também devem passar no sentido inverso (ou ser impedidas de fazê-lo...) algumas substâncias secretadas pelas células do sistema nervoso uma verdadeira barreira seletiva existe também na medula, e não apenas no encéfalo não é a única fronteira seletiva, que separa os compartimentos no SNC. Camada ependimária do plexo coroide é uma outra barreira (hematoliquórica) Camada de células aracnoideas fortemente seladas entre si representa uma barreira que mantém o liquor confinado dentro do espaço aracnóideo. Barreiras consistem sempre na justaposição das células (endoteliais, ependimárias ou aracnoideas), mantidas bem seladas por junções oclusivas que impedem a passagem de líquido pelo interstício Necessidade de comunicação livre entre o sangue e o tecido neural núcleos que ficam em tomo do terceiro ventrículo. o epêndima ventricular - não o do plexo coroide- apresenta-se permeável ao movimento de líquido dos ventrículos para o tecido neural e vice-versa. Capilares muito especiais Camada celular que constitui a parede dos capilares sistêmicos formada por células endoteliais dispostas lado a lado, entre as quais existem amplos espaços ou poros (chamados fenestrações), por onde passam livremente inúmeros componentes do sangue, até mesmo moléculas relativamente grandes Capilares do sistema nervoso as células endoteliais são perfeitamente justapostas, sem fenestrações, e entre elas existem junções oclusivas que impedem a passagem de moléculas entre o compartimento sanguíneo e o intersticial Nos capilares neurais a passagem de moléculas do sangue para o compartimento intersticial só pode ocorrer através das células endoteliais, isto é. passando por dentro delas. Esse caminho transmembranar ou transcelular força uma seleção entre as moléculas capazes de passar e as que não conseguem fazê-lo Passagem transcelular que ocorre nos capilares sistêmicos é de natureza vesicular, ou seja, ocorre pela interiorização de pequenos volumes de líquido em invaginações da membrana que se transformam em vesículas, processo conhecido como pinocitose. A pínocitose é geralmente inespecífica: a membrana da célula endotelial engolfa e internaliza substâncias junto com o seu veículo. Pode ser também seletiva, mediada por receptores moleculares específicos situados na membrana. Capilares neurais além da falta de fenestrações, possuem um endotélio pobre em transporte vesicular Tudo deve passar pela membrana. Aliás, por “duas” membranas: a luminal, que faz face coma luz do capilar, e a abluminal, que fica do outro lado, fazendo face com o compartimento intersticial do tecido nervoso. Um duplo controle! Outros componentes da parede celular Pericitos um tipo celular aparentado às células musculares lisas e com capacidade contrátil a membrana ou lâmina basal uma estrutura da matriz extraceíular os pedículos dos astrócitos ancorados no endotélio alguns terminais axônicos de interneurônios das redondezas. Barreira hematoencefálica é formada pelo próprio endotélio capilar Membrana basal não é uma membrana típica, como a membrana plasmática ou a membrana nuclear: é uma estrutura da matriz extracelular produzida pelos pericitos, que reveste externamente a parede dos capilares. Existe em todos os capilares do organismo, e não apenas no sistema nervoso sua função não é ainda bem conhecida, mas há indícios de que participe da integridade funcional da barreira hematoencefálica porque, quando sua composição é alterada, a barreira apresenta distúrbios funcionais. Pericitos existem também nos capilares do organismo em geral: parecem participar dos mecanismos de reparo dos capilares no caso de lesões, e como apresentam capacidade contrátil, têm um papel também na regulação do diâmetro dos capilares. Uma Barreira Altamente seletiva Tipos de passagem de substâncias através dessa barreira semelhante ao que ocorre na barreira hematoliquórica do plexo coroide difusão livre transporte mediado por receptores a favor do gradiente de concentração (difusão facilitada) transporte mediado por receptores contra o gradiente de concentração (transporte ativo); passagem por canais iônicos. Difusão livre só é possível para as substâncias lipossolúveis, ou seja, aquelas que por suas características físico-químicas são capazes de dissolver-sê nos lipídios que constituem a membrana plasmática. Substâncias desse tipo atravessam facilmente a parede endotelíal impulsionadas pelo gradiente químico os gases da respiração - estão nesse caso, atravessando livremente a barreira do sangue para parênquima neural muitas substâncias neuroativas são fortemente lipossolúveis, sejam elas medicamentos ou drogas de adicção. £ o caso do diazepam, um tranquilizante Nicotina, do etanol e da heroína. Fenobarbital e a fenitoína medicamentos anti- convulsívantes de ação lenta são bastante lipossolúveis mas não penetram bem a barreira hematoencefálica porque se associam a proteínas plasmáticas, forpiando compostos com baixa solubilidade em lipídios. As exceções do outro lado do gráfico (Figura Glicose e a L-DOPA pouco lipossolúveis, mas penetram facilmente a barreira. as duas possuem mecanismos transportadores específicos na membrana endotelial, que as levam do sangue para o parênquima neural. Difusão facilitada um transporte mediado por receptores e a favor do gradiente químico Glicose não depende de energia e apenas favorece a passagem transmembranar dessas substâncias, carreadas pela diferença de concentração, que é geralmente maior no sangue do que na célula endotelial e no tecido nervoso. O transportador da glícose trata-se de uma proteína de cerca de 500 aminoácidos, fortemente encravada na membrana endotelial, e conhecida pela sigla inglesa4 GLUT1. GLUT1 existe tanto na membrana luminal como na abíuminal, o que garante que a glicose seja transportada do sangue para o citoplasma endotelial, e depois deste para o tecido nervoso. Alguns aminoácidos grandes e neutros são transportados por difusão facilitada por meio de um transportador chamado sistema.L. da valina e da leucina, e também da L-DOPA (Figura 13.21) Outros aminoácidos, pequenos e neutros a glicína, a alanina e a serina, são carreados por sistemas transportadores dependentes de energia, que os levam de um compartimento a outro contra o seu gradiente de concentração (transporte ativo) Esses transportadores são peculiares porque se encontram apenas na membrana abluminal do endotélio e atuam “na contramão”, ou seja, do meio intersticial do tecido nervoso para dentro da célula endotelial Glicina neurotransmissor inibitório particularmente abundante na medula espinhal, Transporte ativo parece ser um mecanismo importante para remover o excesso resultante da ativação das vias inibitórias. Especula-se que a remoção do excesso de glutamato liberado pelas sinapses excitatórias do encéfalo possa ser feita também por esses sistemas transportadores do endotélio, além do mecanismo já comprovado para os astrócitos A energia necessária para o transporte contra o gradiente químico é fornecida por uma enzima que hidrolisa o ATP, chamada Na+-K+-ATPase que também atua como transportador iônico Canais iônicos permitem a passagem de diferentes íons. identificados na face luminal permitindo a passagemde ions Na+ e K 1- (Na" para dentro da céluia endotelial, K+ para fora). pelo menos o Na+ é comprovadamente carreado do sangue para o interior da célula endotelial, e o K'h no sentido inverso. Mas para completar o transporte para o meio intersticial e no sentido contrário (em ambos os casos contra o gradiente químico), esses íons são carreados pela bomba dc Na+/ K+. sangue fornece o Na+ extraceíular necessário à atividade elétrica dos neurônios e remove o K+ que se acumula no meio intersticial como resultado dela. Funções da barreira hematoencefálica garantir o equilíbrio iônico do compartimento intersticial do tecido nervoso; mediar a entrada controlada de substâncias de importância fisiológica possibilitar a saída de substâncias que se acumulem no tecido nervoso com potencial risco de neurotoxicidade metabolizar as aminas circulantes, inativando-as para que não penetrem no tecido nervoso e interfiram com a transmissão sináptica. Essa função metabólica da barreira requer a existência de sistemas enzímáticos especiais no interior da célula endotelial. O primeiro a ser encontrado foi o sistema de degradação da dopamina, capaz de transformar a L-DOPA1' em dopamina, e esta em DOPAC" Como a L-DOPA chega aos neurônios dopaminérgicos associando-a a um inibidor da enzima DOPA-descarboxilase, que a transforma em dopamina dentro do endotélio. A barreira hematoencefáliea existe em quase todas as regiões do SNC, exceto algumas que desempenham funções neurossecretoras ou quimiorreceptoras. Essas regiões permeantes, isto é, sem barreira, situam-se geralmente próximas à parede dos ventrículos, sendo por isso chamadas de órgãos circunventriculares Em algumas dessas regiões os capilares são fenestrados, em outras, as células endoteliais apresentam abundante transporte vesicular inespecífico. O sangue que sai do sistema nervoso Drenagem venosa favorecida pela ação da gravidade. a parede das veias do sistema nervoso é geralmente fina e quase sem musculatura lisa A drenagem venosa O sangue dos capilares é coletado pelas vênulas do parênquima; estas vão-se reunindo em vênulas maiores, depois em veias mais calibrosas A drenagem da medula e da porção caudal do bulbo é realizada por vênulas do tecido que desembocam em veias superficiais. Estas emergem junto com os nervos espinhais e se incorporam diretamente à circulação venosa sistêmica que leva o sangue de volta ao coração. A drenagem venosa do encéfalo é indireta Inicialmente, o sangue dos capilares é também coletado em vênulas do parênquima, e estas vão-se reunindo em veias mais calibrosas - superficiais ou profundas - que levam o sangue a um conjunto de estruturas tubulares formadas pelas meninges, conhecidas como seios venosos Seios venosos Sua existência parece ter sido uma solução engenhosa da natureza para acoplar à drenagem venosa a eliminação do liquor, que é feita através das células das vilosidades arac- nóideàs Recebem tanto o sangue venoso que emerge da rede capilar que irriga o encéfalo, como o liquor que flui pelos ventrículos e o espaço subaracnóideo. O sistema dos seios venosos 1)os seios da abóbada craniana 2) os seios da base do crânio. Seios da abóboda craniana situam-se na superfície dorsolateral do encéfalo O seio sagital superior, que drena a face dorsolateral dos hemisférios, o seio occipital, que drena as regiões ventrais dos hemisférios, seio reto, que traz o sangue venoso das veias profundas através da veia magna Seio sagital superior e reto convergem a uma “encruzilhada ’ chamada confluência dos seios venosos. A veia magnarecebe das veias profundas que drenam o diencéfalo e os núcleos da base. O sangue que chega à confluência, então, é conduzido aos seios transversos, que se continuam com os seios sigmoides. Estes, finalmente, conduzem o sangue a cada uma das veias jugulares internas do pescoço, e assim de volta ao coração. Os seios da base são como um conjunto de tubos e espaços intercomunicantes. Alguns drenam para os seios sigmoides, outros, diretamente para as veias jugulares internas outros ainda, para o sistema venoso vertebral. O mais importante dos seios da base é o seio cavernoso, que realiza a drenagem venosa dos olhos e de algumas regiões encefálicas. Sua importância é grande especialmente para os médicos, porque as artérias carótidas e alguns nervos cranianos passam por dentro deles, não sendo incomum a ocorrência de sangramentos arteriovenosos nessa região delicada. A medula espinhal não tem seios, sendo a drenagem venosa realizada apenas por veias
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