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Resenha da peça Lisístrata, de Aristófanes Enredo: As mulheres gregas, cansadas do sofrimento decorrente das guerras criadas pelos homens, recorrem à greve de sexo, forçando-os a encerrarem seus conflitos. Tempo: A peça decorre em tempo cronológico. Há saltos temporais, especialmente notados durante as trocas de cenários. O tempo decorrido durante tais saltos é, em alguns casos, indicado no texto (por exemplo, há um salto temporal de “alguns dias” antes da entrada de Cinésias). Em geral a transição das cenas se dá sem interrupção. Espaço: Tudo se passa na cidade de Atenas. A ação inicial (incluindo o juramento) se dá em frente à casa de Lisístrata. No entanto, a maior parte do espetáculo ocorre em torno dos portões da Acrópole da cidade. Sequência de ações: 1 – Lisístrata reúne as mulheres gregas e as convence a absterem-se de fazer sexo com seus respectivos parceiros, de modo a forçá-los a desistirem das guerras que tanto sofrimento lhes causa. As mulheres juram manter a greve de sexo pelo tempo que for necessário. 2 – Escuta-se o grito de comemoração. As mulheres tomam a Acrópole e controlam o tesouro que financiaria a guerra. 3 – Um coro de homens velhos se aproxima e tenta incendiar os portões da Acrópole, mas as mulheres apagam o fogo com vasos de água. 4 – Um comissário de polícia chega aos portões da Acrópole com quatro soldados, que são intimidados pelas mulheres e obrigados a deixarem o local. 5 – O comissário e Lisístrata debatem o papel feminino na sociedade grega. O comissário acaba deixando o local, ofendido pelo tratamento recebido. 6 – Nota-se alguma inquietação entre as mulheres, que também começam a sentir os efeitos da greve de sexo. Lisístrata restaura a disciplina entre as grevistas. 7 – Cinésias chega aos portões da Acrópole desesperado por sexo. Sua esposa, Mirrina, o leva a crer que terá seu desejo atendido. No entanto, após excitá-lo bastante (saindo várias vezes a buscar objetos que aumentariam o conforto do “ato”), volta correndo para dentro dos portões da Acrópole. Os outros homens lamentam a situação de Cinésias. 8 – Um embaixador (com o órgão sexual ereto) chega de Esparta, e a paz é negociada. 9 – Aos homens é apresentada uma linda mulher, chamada Conciliação. 10 – Homens e mulheres, agradecendo aos deuses, se juntam em dança em comemoração ao fim da guerra e da greve. Parecer: A peça é uma comédia que se apoia bastante no uso de duplos sentido e da exploração visual dos corpos em cena para chegar a um efeito cômico. Pessoalmente não me agrada enquanto narrativa em razão do roteiro exacerbadamente linear. Imagino que a peça deve ter sido bastante popular na época de sua elaboração por ser de fácil apreciação por espectadores de diferentes níveis sociais (não é entediante para o “populacho”, e certamente não devia situar-se aquém dos níveis de exigência dos integrantes da elite Referência: ARISTÓFANES. Lisístrata – A greve do sexo. Trad. Millôr Fernandes. Porto Alegre: L&PM, 2003. grega da época). No entanto, comparando com produtos de entretenimento contemporâneos, eu situaria a peça no nível de produções como American Pie – produtos pensados para consumo rápido, cujo humor depende quase que exclusivamente das situações sexuais envolvidas. No entanto, por apresentar alguns elementos culturais da sociedade grega e personagens bastante caricatos, posso também aproximá-la de gêneros cinematográficos como a pornochanchada e a comedia scollacciata. É inevitável imaginar que textos clássicos como Lisístrata influenciaram bastante o desenvolvimento desses gêneros com características bawdy. Concluo afirmando que respeito a peça enquanto clássico influenciador, mesmo sem apreciar incondicionalmente os elementos da narrativa e o tom do humor.
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