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TÉCNICAS AVANÇADAS DE ANÁLISE DE CUSTOS AULA 1 Profª Neide Borscheid Mayer 2 CONVERSA INICIAL Olá! Seja bem-vindo à disciplina de Técnicas Avançadas de Análise de Custos. O objetivo desta disciplina é promover a compreensão de que há diferentes formas para se estruturar um sistema de custeio, procurando sempre a maneira mais adequada de fazer com que cada empresa gere informações úteis e tempestivas, que permitam o efetivo controle e, como consequência, ajudem a organização a alcançar seus objetivos estratégicos. Ao longo desta aula, analisaremos as possibilidades de implementar um sistema de custeio com enfoque no produto ou no departamento e, a partir dessa perspectiva, a classificação dos custos por nível de responsabilização. Veremos, ainda, que a informação gerada deve permitir a comparação do desempenho com base tanto nos dados históricos quanto nas estimativas futuras, tendo em vista que qualquer desvio precisa ser constatado rapidamente de forma a implementar ações de correção, quando necessário, ou de adequação das previsões realizadas. Da mesma forma, há metodologias que permitem comparar esse desempenho com indicadores de mercado. O indicador de que trataremos nessa aula é o que chamamos de Inflação da Empresa, que viabiliza a medição rápida das alterações nos custos e despesas da empresa (Padoveze, 2010, p. 454). Desejamos a você um excelente aproveitamento da disciplina. Bons estudos! CONTEXTUALIZANDO Vivenciamos, já há algum tempo, um crescente nível de competitividade entre as organizações de contextos nacional e internacional. Essa competitividade leva as empresas a uma constante busca de diferenciais e de otimização de processos necessários à manutenção de índices adequados de qualidade, rentabilidade, eficiência e produtividade. Nesse contexto, a gestão de custos e a própria atividade intrínseca à contabilidade das empresas assume um papel importante no processo decisório, pois subsidia os usuários com informações, sejam financeiras ou não, precisas e tempestivas para a tomada de decisão. Por isso, o objetivo desta aula é contextualizar os aspectos estruturais da gestão e análise de custos. 3 Para que a gestão de custos consiga cumprir com o seu propósito e atuar efetivamente em um contexto estratégico, deve acompanhar e gerenciar informações de todos os níveis produtivos, além de conhecer com profundidade as atividades e os processos das organizações. Com base nessas informações geradas, a instituição deve ter clareza em relação à margem de lucro praticada por produto ou serviço vendido, identificar se o preço de venda adotado está ou não adequado, qual é a contribuição no resultado por cada unidade de negócio ou departamento, dos índices de perdas produtivas, entre muitas outras informações do negócio. TEMA 1 – ABORDAGENS INICIAIS DE CUSTOS PARA PLANEJAMENTO E CONTROLE Para que as organizações consigam cumprir seus objetivos com níveis de eficiência e eficácia adequados, as atividades são divididas e estruturadas em funções administrativas. Essas funções são classificadas em planejamento, organização, direção e controle. A gestão de custos corresponde a uma das partes dessas funções, vamos descobrir de que forma? 1.1 O que significa planejamento? Planejar é definir com antecedência as ações a serem desenvolvidas e a forma como serão estruturadas as atividades para que a empresa consiga atingir os seus objetivos. Drucker (2006) diz que “plano é uma direção”. Nesse sentido, são analisados os possíveis cenários futuros para se definir o melhor caminho a ser seguido a fim de alcançar o resultado esperado. Na fase de planejamento, a alta administração das empresas define o resultado ou a rentabilidade que se espera para os períodos analisados. A partir desses dados, a gestão de custos tem a responsabilidade de atuar junto das demais equipes da empresa para analisar a capacidade produtiva e a força de vendas disponível, e definir, por exemplo, os volumes de produção, as horas de trabalho necessárias para conseguir atender a demanda esperada, bem como gerar informações detalhadas e precisas dos custos e margens de lucro individualizados de cada produto ou processo. Utilizando ferramentas de gestão, ocorrerá que, no orçamento, por exemplo, na fase de planejamento, serão definidos os volumes de venda de cada 4 item da empresa e, para conseguir atender a essa demanda, a quantidade de matéria-prima, mão de obra e demais insumos e estrutura necessários. Vamos utilizar como exemplo uma confeitaria. Na fase de planejamento, é definida a quantidade de bolos, por sabor, que se pretende vender em determinado período, para que se consiga atingir a lucratividade esperada. Com base nessa informação, é necessário apurar quantos confeiteiros precisarão trabalhar nessa atividade, os turnos de trabalho, a quantidade de equipamentos para produção e armazenamento, além, da matéria-prima e dos insumos (ingredientes para produção) que devem ser adquiridos a cada período para viabilizar a demanda de venda prevista. 1.2 E depois do planejamento, qual é o próximo passo? Uma vez que a empresa já definiu os objetivos a serem atingidos, é necessária uma estruturação nos processos e nas atividades para que isso, de fato, possa ser alcançado. Essa é a fase a que se refere à Organização. Nesse momento, trabalha-se de forma integrada e consultiva com todas as áreas da empresa, tendo em vista que os processos das diferentes áreas acabam se interligando uns aos outros e influenciando seus resultados. Nesse momento, entramos no aspecto diretivo, ou seja, a função de Direção, que tem o propósito de gerir as atividades em si, direcioná-las como o próprio nome indica, para garantir que os processos sejam desenvolvidos de acordo com a estruturação e definição realizadas. Essas atividades são desenvolvidas por cada departamento ou área em si, de acordo com as responsabilidades que foram previamente estabelecidas na fase de organização. Depois vem a fase de controle, que, para Martins (2010, p. 305), “significa conhecer a realidade, compará-la com o que deveria ser, tomar conhecimento rápido das divergências e origens e tomar atitudes para correção”. Esse é o momento em que a equipe responsável pela gestão de custos das organizações mais atua, pois fica constantemente acompanhando se aquilo que foi previsto e pré-definido como meta efetivamente foi realizado. Identificadas as divergências, são estabelecidas medidas tempestivas para correção dos desvios. Ainda de acordo com Martins (2010), por mais completo que seja o sistema de custeio, sempre serão identificadas divergências entre o realizado e o previsto, porque ocorrem influências do mercado que não são controláveis pela empresa. Porém, é essencial que esses desvios sejam identificados de forma 5 rápida e que se atue para correção, evitando, assim, perdas e prejuízos desnecessários. TEMA 2 – CUSTOS POR PRODUTO VERSUS CUSTOS POR DEPARTAMENTO Como pudemos constatar, a atividade de controle é um dos pontos vitais para uma adequada gestão de custos. Nesse sentido, ao se implementar um sistema de custeio, é preciso analisar as várias possibilidades de estruturação das informações para garantir que, efetivamente, contribuam com o controle e a gestão. Uma das visões de custo que deve ser definida diz respeito ao sistema de acumulação por produto ou por departamento. Sistema de acumulação de custos representa a forma com que os custos são transferidos aos produtos. (Portal de auditoria, S.d.)Saiba mais Leia mais sobre sistemas de acumulação de custos em <http://www.portaldeauditoria.com.br/tematica/contabilidade-gerencial_sistema- acumulacao-custos.htm>. Entendemos como departamento, em contabilidade de custos, “uma unidade operacional representada por um conjunto de homens e/ou máquinas de características semelhantes, desenvolvendo atividades homogêneas dentro de uma mesma área” (Perez Junior; Oliveira; Costa, 2008, p. 50). Essa definição tem relação direta com a responsabilização, porque, para cada departamento, deve haver um responsável com poder de gestão sobre os custos dessa unidade operacional. Segundo Martins (2010), normalmente, um Departamento é um centro de custos, porque nele são acumulados os custos para posterior alocação aos produtos ou a outros Departamentos. Qual o melhor cenário, dentro dessas duas visões: produto ou departamento? Na apuração do custo dos produtos para avaliação de estoques, uma das possibilidades é o de apropriar os custos diretos diretamente nos produtos ou serviços, e os custos indiretos, nos departamentos para, depois, passarem a compor o custo do produto ou serviço em si. 6 Quando se opta pelo enfoque mais centrado no custo por produto, deve- se ter em mente que esse produto passa por diversos departamentos, até que esteja disponível para venda, ou seja, o custo será acumulado pelas diferentes fases de produção, não havendo necessariamente uma responsabilidade única identificável por ele, o que poderia dificultar a atividade de controle. Isso ocorre porque, para determinar o custo de cada produto, a acumulação ocorre pelos setores, departamentos e fases de produção e, posteriormente, é rateada ou alocada para cada quantidade produzida. Ratear significa alocar os custos acumulados de forma proporcional aos produtos ou aos centros de custo. Por outro lado, a análise dos custos por departamento simplifica o sistema de apuração porque, de acordo com Martins (2010), ocorre numa fase do processo normal. Nesse sistema de acumulação, tanto os custos diretos quanto os indiretos são alocados ao departamento e somente depois são apropriados ao produto. Vamos a um exemplo: a empresa Delta apurou, no mês de setembro/20XX, os custos de produção apresentados a seguir para compor os custos dos produtos em estoque: Figura 1 – Exemplo de custos de produção Fonte: Adaptado de Martins, 2010, p. 307. 7 Da tabela apresentada, verificamos que o custo total de produção do período foi de R$ 5.700.000,00, além disso, há custos que podem ser identificados diretamente no Departamento Alfa (R$ 2.460.000,00) e há custos que foram gerados em outros departamentos e não são gerenciáveis ou controlados pelo Departamento Alfa (R$ 240.000,00 e R$ 3.000.000,00). Nesse cenário, a empresa Delta pode fazer as seguintes opções de análise: 1. Cada setor faz o controle e a gestão dos custos incorridos diretamente no seu departamento. Assim, haveria relatórios com a informação dos custos gerenciáveis pelo Departamento Alfa (R$ 2.460.000,00) e outros dos custos a serem rateados (R$ 240.000,00), analisados no departamento de origem (administrativo, almoxarifado, manutenção etc.). Ao optar por essa visão, as análises dos custos incorridos com as projeções são realizadas em cada um dos departamentos. Caso sejam identificadas distorções significativas, a identificação da origem e responsabilidade fica facilitada. A vantagem que podemos destacar nessa forma de controlar os custos é de que a apuração não sofre influência de critérios de rateio muitas vezes arbitrários. 2. Outra opção seria a de analisar os custos em sua totalidade, somando, nos relatórios, os custos gerados diretamente no Departamento Alfa com os custos gerados por outros departamentos e rateados ao Departamento Alfa (R$ 2.460.000,00 + R$ 240.000,00). Em relação a essa opção, a vantagem é a de que seriam analisados, de fato, todos os custos consumidos, porém, o nível de assertividade nesse modelo dependerá da identificação e escolha dos direcionadores de custos adequados e reais (critérios de rateio). Se isso não for possível, a primeira opção trará uma qualidade melhor das informações. TEMA 3 – CUSTOS POR RESPONSABILIDADE E CUSTOS CONTROLÁVEIS Como vimos, sob o enfoque de controle e nível de identificação de responsabilidades da gestão de custos, o sistema de acumulação por departamento permite uma gestão mais facilitada. Dentro desse contexto, é possível detalhar e qualificar ainda mais as informações geradas, classificando os custos como controláveis e não controláveis. 8 Esse detalhamento não gera um novo sistema de acumulação, mas sim, dentro do sistema escolhido (por exemplo, departamentalização), relatórios auxiliares com a abertura da classificação em custos controláveis e não controláveis. Os custos não controláveis são aqueles gerados no departamento, em função de decisões tomadas por nível hierárquico diferente do gestor direto da unidade operacional em análise (Martins, 2010). Esse é o caso, por exemplo, dos custos com depreciação. A depreciação corresponde ao reconhecimento da perda de vida útil dos bens, por obsolescência ou desgaste. O investimento nesses bens, como é o caso das máquinas e equipamentos, é definido pela alta administração, cabendo ao gestor direto do departamento somente a utilização desses equipamentos na produção. Nesse caso, a depreciação é uma consequência de uma decisão tomada por outra gestão e inevitável dentro do departamento. Os custos controláveis, por sua vez, de acordo com Martins (2010, p. 309), são os que estão diretamente sob responsabilidade e controle de determinada pessoa cujo desempenho se quer analisar e controlar. Um exemplo de custos efetivamente controláveis no departamento são as matérias-primas e os insumos utilizados na produção. Nesse exemplo, o gestor tem gerência direta sobre quando e como consumir esses custos, influenciando diretamente sobre a eficiência e eficácia desse consumo. A abertura das informações nos níveis mencionados caracteriza o Custeio por Responsabilidades, ou seja, é a separação dos custos pelos diferentes níveis de responsabilidade (Martins, 2010). TEMA 4 – BASES PARA COMPARAÇÃO E ESTIMATIVAS DE CUSTOS Seguindo na mesma linha de gestão de custos sob o enfoque de controle e responsabilização, uma vez definidos os sistemas de acumulação e as classificações dos custos incorridos, é essencial acompanhar de forma tempestiva o desempenho de cada departamento e dos centros de custos com os planejamentos e objetivos previstos. Uma das maneiras de avaliar o desempenho atual é confrontar o resultado de determinado período (mês, semestre, ano) com o realizado em períodos anteriores, ou com a média do desempenho dos períodos anteriores, por exemplo: 9 O Departamento Delta apurou os custos controláveis e não controláveis do mês de novembro/20XX e confrontou o resultado por unidade com o desempenho no mês imediatamente anterior: Figura 2 – Exemplo de apuração de custos Fonte: Adaptado de Martins, 2010. Como podemos constatar no exemplo apresentado, o foco maior da análise das variações está nos custos controláveis, uma vez que o departamento apresenta gestão sobre eles para implementar ações corretivas necessárias. Caso sejam identificadas variações significativas e desproporcionais por meio da base comparativa, é possível realizar ação assertiva para implementar medidas corretivas. Além disso, para que a base comparativa seja de fato efetiva, é preciso levar em consideração também a estimativa dos custos, que corresponde auma projeção dos recursos necessários para a produção em períodos futuros. Essa estimativa é elaborada considerando as expectativas de alteração nos volumes de produção, as mudanças previstas nos projetos dos produtos ou até mesmo dos materiais utilizados, a implementação de novas tecnologias, entre outros aspectos. Um ponto importante a ser destacado quando se trata de comparações de informações é o de que se deve adotar sempre o mesmo critério e/ou métrica para apuração dos valores (passados, atuais e estimados). Dessa forma, se garantirá que a análise será realizada sempre com a mesma base de informações. Nas próximas aulas, falaremos mais a respeito de como essa estimativa é elaborada. DEPARTAMENTO DELTA REALIZADO PLANEJADO DIFERENÇA REALIZADO por unidade PLANEJADO por unidade DIFERENÇA por unidade REALIZADO por unidade PLANEJADO por unidade DIFERENÇA por unidade CUSTOS CONTROLÁVEIS 2.200.000R$ 2.105.960R$ 94.040R$ Materiais - Compras Diretas 1.800.000R$ 1.728.000R$ 72.000R$ 250R$ 240R$ 10-R$ 235R$ 240R$ 5R$ Mão-de-obra Direta 150.000R$ 161.250R$ 11.250-R$ 200R$ 215R$ 15R$ 216R$ 215R$ 1-R$ Despesas Variáveis 250.000R$ 216.710R$ 33.290R$ 150R$ 130R$ 20-R$ 145R$ 140R$ 5-R$ CUSTOS NÃO CONTROLÁVEIS 180.000R$ 180.000R$ -R$ Depreciação 50.000R$ 50.000R$ -R$ Aluguel 80.000R$ 80.000R$ -R$ Manutenção preventiva definida pelo departamento Beta 50.000R$ 50.000R$ -R$ CUSTOS TOTAIS DO DEPARTAMENTO 2.380.000R$ 2.285.960R$ 94.040R$ NOVEMBRO / 20XX OUTUBRO / 20XX 10 TEMA 5 – INFLAÇÃO DA EMPRESA Outra forma de medir o desempenho da empresa em determinado período é calcular a inflação interna gerada pela empresa. De acordo com Padoveze (2010, p. 454), “a inflação da empresa é a variação média ponderada dos preços dos custos e despesas em determinado período”. Para que se consiga apurar esse índice, é necessário que a empresa apresente um sistema de custos bem detalhado, porque o cálculo deve ser inicialmente realizado item a item e, depois, consolidado em grupos maiores dos quais esses custos e despesas fazem parte (materiais diretos, mão de obra direta etc.). 5.1 Qual é a finalidade desse índice? A utilização da inflação da empresa é interessante para fins comparativos com os índices oficiais do país ou do setor onde atua, ou seja, compara-se a inflação da empresa com a inflação geral do mercado econômico em que a empresa está inserida. A partir dessa análise, é possível avaliar se (Francischetti; Padoveze; Farah, 2006): a. O aumento ou a manutenção dos preços de venda está acompanhando a desvalorização do dinheiro. b. O aumento ou a manutenção dos preços de venda está acompanhando o aumento dos custos dos produtos. c. O aumento dos preços de venda é maior do que o aumento médio ponderado dos custos e despesas da empresa. Para que essa comparação seja assertiva e tempestiva, é recomendada a apuração mensal da inflação interna e a acumulação em períodos maiores, para que se tenha uma visão, além da mensal, anual e semestral, por exemplo. 5.2 Cálculo da inflação da empresa O primeiro passo para calcular a inflação é definir o escopo da análise que se pretende realizar. Esse escopo, conforme Padoveze (2010), pode ser da inflação geral da empresa, de um departamento ou uma divisão, por linha de produtos etc. 11 Para facilitar a compreensão do cálculo da inflação da empresa, iniciamos com um exemplo simples. Vamos utilizar somente uma matéria-prima para esse cálculo, de acordo com os dados apresentados a seguir: Preço unitário pago em outubro/20XX (Preço Médio Ponderado) R$ 3,00. Preço unitário pago em novembro/20XX (Preço Médio Ponderado) R$ 3,30. Inflação Interna = [(R$ 3,30 – R$ 3,00 ) / R$ 3,00] . 100. Em nosso exemplo, a Inflação interna apurada no mês foi de 10%. Como você pode notar, o cálculo é relativamente simples, porém, torna- se mais complexo quando aplicado a todos os demais custos e as despesas da empresa. Nesse caso, é necessário considerar o índice de participação dos materiais no todo para que a análise esteja mais próxima da realidade, ou seja, efetua-se a ponderação, também, dos custos e despesas. Para ficar mais claro, vamos exemplificar o cálculo da inflação dos materiais diretos, considerando hipoteticamente que essa empresa utiliza três tipos de materiais diretos na sua produção, conforme a imagem apresentada a seguir: Figura 3 – Cálculo da inflação Fonte: Adaptado de Martins, 2010. A partir das informações apresentadas na imagem, podemos calcular a inflação interna desses materiais, considerando a variação de preços e o peso que cada material tem no valor total despendido. 12 Figura 4 – Inflação interna Fonte: Adaptado de Martins (2010). Como você pode verificar no desenvolvimento do exemplo, a inflação interna dos materiais diretos dessa empresa no mês de novembro foi de 5%. Sendo a variação no preço calculada da mesma maneira que no primeiro exemplo apresentado e o percentual de participação do material no total adquirido no mês calculado considerando: % Participação = (valor total de cada material / valor total) . 100 Para calcular a inflação geral da empresa, é possível utilizar a metodologia demonstrada no nosso exemplo, ou, conforme Padoveze (2010), considerar a participação de cada produto no mix de vendas. Para que o índice apurado efetivamente represente a empresa, é importante garantir que as informações estejam bem estruturadas e que espelhem, de fato, a realidade da empresa. Quando ocorrer uma variação muito significativa nos custos e nas despesas, é prudente fazer uma avaliação da acurácia do percentual apurado. Outro cuidado destacado por esse autor diz respeito ao repasse do índice inflacionário ao preço de venda, porque há uma variável que também precisa ser considerada, a produtividade. Enquanto a inflação aumenta o custo dos produtos, a produtividade o diminui, por isso, precisa ser considerada proporcionalmente no cálculo final do preço de venda. TROCANDO IDEIAS Ao longo desta aula, conseguimos perceber que, quando se trata de gestão de custos nas organizações, não há, necessariamente, um modelo que possa ser considerado melhor ou pior, uma vez que todas as empresas têm especificidades e características próprias, por isso o acompanhamento e o 13 controle são fundamentais. Existem várias ferramentas que podem ser utilizadas para que o controle ocorra de maneira mais assertiva e tempestiva possível e que, quando for identificado algum desvio significativo do que havia sido previsto, as ações corretivas sejam implementadas. Compartilhe com seus colegas as metodologias que você conhece nessa gestão dos custos e mencione os pontos positivos e negativos desse modelo. Saiba mais Caso você não tenha experiência ou conhecimento sobre esse tipo de ferramentas, você pode conhecer alguns modelos nos links a seguir: O uso do orçamento na gestão de custos: <https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/educacao/orcamento-de- custos-como-instrumento-de-planejamento-e-controle-da-empresa/16359>. O uso do PDCA na gestão de custos: <http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/as-contribuicoes-do- metodo-pdca-no-gerenciamento-de-custos-e-riscos-de-projetos/82512/>.O uso de dashboards de indicadores-chave na gestão de custos: <https://pmisp.org.br/document-repository/15sigp/179-15sigp-proposta-de- dashboard-aplicado-a-operacao-de-indicadores-de-custo-e-prazo-em- gerenciamento-de-projetos-de-engenharia-com-aplicacao-de-um-estudo-de- caso/file>. NA PRÁTICA Imagine-se como responsável pela definição do sistema de acumulação de custos de determinada empresa do ramo alimentício e que apresenta os seguintes dados para apuração de custos: Figura 5 – Dados para apuração de custos Fonte: Adaptado de Martins, 2010. 1.1. Custos Diretos 270.000,00R$ Matérias-primas (ingredientes) 100.000,00R$ Embalagens 20.000,00R$ Mão-de-obra direta (cozinheiros e assistentes de cozinha) 150.000,00R$ 1.2. Custos Indiretos 17.000,00R$ Depreciação (forno, geladeira, congelador, etc) 5.000,00R$ Consumo de materiais Indiretos (limpeza, manutenção, etc) 12.000,00R$ 1.1. Custos Diretos 270.000,00R$ Matérias-primas (ingredientes) 100.000,00R$ Embalagens 20.000,00R$ Mão-de-obra direta (cozinheiros e assistentes de cozinha) 150.000,00R$ 1.2. Custos Indiretos 17.000,00R$ Depreciação (forno, geladeira, congelador, etc) 5.000,00R$ Consumo de materiais Indiretos (limpeza, manutenção, etc) 12.000,00R$ 1.1. Custos Diretos 270.000,00R$ Matérias-primas (ingredientes) 100.000,00R$ Embalagens 20.000,00R$ Mão-de-obra direta (cozinheiros e assistentes de cozinha) 150.000,00R$ 1.2. Custos Indiretos 17.000,00R$ Depreciação (forno, geladeira, congelador, etc) 5.000,00R$ Consumo de materiais Indiretos (limpeza, manutenção, etc) 12.000,00R$ 1.1. Custos Diretos 270.000,00R$ Matérias-primas (ingredientes) 100.000,00R$ Embalagens 20.000,00R$ Mão-de-obra direta (cozinheiros e assistentes de cozinha) 150.000,00R$ 1.2. Custos Indiretos 17.000,00R$ Depreciação (forno, geladeira, congelador, etc) 5.000,00R$ Consumo de materiais Indiretos (limpeza, manutenção, etc) 12.000,00R$ 14 Quais seriam os possíveis direcionadores de custos (critérios de rateio) que poderiam ser utilizados para alocar o custo ao produto em relação aos valores comuns a todos os itens produzidos de forma que o valor do custo do produto seja o mais próximo do real? FINALIZANDO Ao longo desta aula, vimos a importância da gestão de custos nas funções de planejamento e controle das organizações, auxiliando a tomada de decisão por meio do fornecimento de informações úteis e tempestivas de seu desempenho econômico-financeiro, previsto e realizado. Vimos, ainda, que, para cumprir com esse propósito, há diferentes formas para promover a acumulação de custos, podendo, por exemplo, ser por departamento ou por produto. A escolha dependerá da realidade de cada empresa frente à robustez do sistema de controle vigente e do nível de responsabilização por ela já utilizado. Essa definição impactará na eficiência da análise e tomada de decisão, que deve ser realizada frente às variações identificadas daquilo que foi previsto para o atingimento dos objetivos estratégicos das empresas e do que, de fato, foi realizado. Outro aspecto importante tratado no tema 5 diz respeito à inflação interna gerada, que é uma opção interessante de análise, frente ao desempenho da empresa com ela mesma e com o mercado de forma geral, uma vez que os índices oficiais do país tratam essa inflação de forma genérica, sem levar em consideração as particularidades de cada empresa. Assim, a inflação interna espelha exatamente o comportamento das variações de preços dos insumos especificamente dessa organização. 15 REFERÊNCIAS BORNIA, A. C. Análise gerencial de custos: aplicação em empresas modernas. 3. ed. São Paulo: Altas, 2010. DRUCKER, P. HSM Management. São Paulo, n. 54, ano 10, v.1, jan.-fev. 2006. FRANCISCHETTI, C. E.; PADOVEZE, C. L.; FARAH, O. E. Porquê e como calcular a inflação interna da empresa. Disponível em: <http://www.redalyc.org/html/2737/273720539003/>. Acesso em: 13 nov. 2017. MARTINS, E. Contabilidade de Custos. 10 ed. São Paulo: Altas, 2010. PADOVEZE, C. L. Contabilidade Gerencial: um enfoque em sistema de informação contábil. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2010. PEREZ JR., J. H.; OLIVEIRA, L. M. de; COSTA, R. G. Gestão Estratégica de Custos. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2008. REDAÇÃO Indústria Hoje. O que são custos diretos e indiretos de produção? Disponível em: <https://www.industriahoje.com.br/o-que-sao-custos-diretos-e- indiretos-de-producao>. Acesso em: 20 nov. 2017. SCHIER, C. U. da C. Gestão de Custos. 2 ed. Curitiba: Ibpex, 2011. SISTEMAS de acumulação de custos. Portal de auditoria. Disponível em: <http://www.portaldeauditoria.com.br/tematica/contabilidade-gerencial_sistema- acumulacao-custos.htm>. Acesso em: 10 abr. 2018.
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