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PRINCÍPIOS DO PROCESSO DO TRABALHO

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Processo do Trabalho
Princípios
Introdução
Princípios: São normas jurídicas que dão unicidade e coerência ao Direito, sinalizando finalidades a serem buscadas pelo intérprete, possuindo conteúdo aberto que poder ser concretizado de várias formas. Dão sustentação às normas jurídicas. Possuem 04 funções:Colisão de princípios: Resolve-se através do método de ponderação. 
Colisão de regras: Revolve-se pelo critério da especialidade, temporalidade e hierarquia. 
Integrativa: Art. 4º, LINDB: Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
Normativa direta: Incidindo diretamente sobre os casos concretos, independentemente da existência de regra mais específica;
Interpretativa: Serve de vetor interpretativo, não podendo o intérprete se distanciar deles;
Inspiradora do legislador;
Regras: São normas jurídicas de pauta mais objetiva, possuem maior determinação de sentido. Contudo, toda regra pode ser reconduzida a um princípio.
Princípios informativos:
Devido processo legal. Princípio da adequação: O devido processo legal é sobreprincípio dentro da ótica processual-constitucional. Diz-se sobreprincípio uma vez que abrange diversos outros. Não há como se falar sem devido processo legal sem observância das regras de contraditório, ampla defesa, publicidade etc.
Do devido processo legal, extrai-se a adequação, pelo qual o procedimento e a tutela jurisdicional devem ser adequados às peculiaridades da relação jurídica de direito material que se pretende proteger por meio do processo. 
Como o objetivo do princípio do Juiz Natural é garantir de proteção à parte, parcela da doutrina entende que é possível abrir mão dele, sendo direito disponível, podendo ponderá-lo, em certos casos, com o princípio da duração razoável do processo.
Juiz natural e Promotor Natural: Ambos são retirados diretamente da CF/88. O art. 5º, LIII determina que ninguém será processado ou julgado senão pela autoridade competente. O inciso XXXVII, por sua vez, determina que não haverá juízo ou tribunal de exceção. Já o inciso LIII, declara que ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente.
Publicidade: Decorre do devido processo legal. Todos os julgamentos do poder judiciário serão públicos e fundamentados, sob pena de nulidade, art. 93, IX, CF. Contudo, a lei pode em limitar a presença, certos atos, às partes e seus procuradores, quando a preservação da intimidade assim o exigir. A CLT traz regra acerca da publicidade. 
Art. 770 - Os atos processuais serão públicos salvo quando o contrário determinar o interesse social, e realizar-se-ão nos dias úteis das 6 (seis) às 20 (vinte) horas. 
O CPC, por sua vez, é mais minucioso. Segundo o art. 189, os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os processos: I - em que o exija o interesse público ou social; II - que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes; III - em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade; IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo. O segredo de justiça pode ser determinado apenas quanto à um ou alguns atos, não necessariamente sobre o processo inteiro.
Exemplo de aplicação: Dissídio em que a empregada diz ser vítima de abuso sexual perpetrado por preposto da empresa. Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa.
Acesso à Justiça / inafastabilidade da jurisdição: Conforme determina o inciso XXV, do art. 5º da CF, a lei não excluirá lesão ou ameaça a direito da apreciação do poder judiciário. Dele decorre o princípio da primazia do julgamento de mérito, art. 4º do CPC.
Contraditório. Ampla defesa e Fundamentação das Decisões: O contraditório, previsto no art. 5º, LIV da CF, se desdobra em 02 aspectos:
Necessidade de cientificação dos atos processos e da própria existência do processo;
Possibilidade de manifestação quanto a esses atos.
Modernamente, afirma-se que do contraditório decorre o dever de fundamentar as decisões, pois é na fundamentação que o juiz demonstra que enfrentou todos os argumentos e provas de ambas as partes (imparcialidade). Extraído do CPC, temos:O STJ, em atenção ao princípio da duração razoável do processo, possui entendimento de que não é omissa a decisão que não se pronunciou sobre determinado argumento que era incapaz de infirmar a conclusão adotada. (STJ, 1º Seção. EDcl no MS21.315-DF). 
Art. 489. São elementos essenciais da sentença: § 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador.
Do contraditório também é extraído o princípio da vedação às decisões surpresas, positivado no CPC: Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.
Isonomia e princípio da proteção: A isonomia material é o fundamento do princípio da proteção. A proteção determina um tratamento favorável ao trabalhador, eis que parte hipossuficiente da relação jurídica. Desdobra-se em:
In dubio pro operário
Aplicação da norma mais favorável ao empregado, independentemente de sua posição hierárquica
Princípio da condição mais benéfica
Duração razoável e economia processual.
Iniciativa das partes / Inércia e Impulso oficial.
Oralidade: Imediatidade, concentração, irrecorribilidade das decisões interlocutórias e identidade física do juiz: Modernamente, a doutrina tem afirmado que a oralidade possui o sentido de que o juiz deve estar aberto ao diálogo humanizado, que aperfeiçoará o contraditório. 
O Subprincípio da Concentração os atos processuais devem ser praticados de modo sequencial e imediato. Assim, no processo trabalhista diversos atos são praticados na mesma audiência, como a tentativa de conciliação, recebimento de defesa, instrução, oferecimento de razões finais e prolação da sentença. 
As decisões que versem sobre questões incidentais somente poderão serem apreciadas em eventual recurso contra a decisão final (art. 893, § 1º da CLT).
O princípio da identidade física do juiz determina que o juiz que colhe as provas está vinculado ao processo, devendo proferir a sentença. Trata-se de decorrência do princípio da oralidade. A doutrina discute se após o CPC/15 tal princípio ainda existe, uma que não mais há previsão expressa. 
A doutrina favorável à sua existência possui embasamento no sentido que o CPC/15 o adota de forma implícita no art. 366, o qual dispõe que encerrado o debate ou oferecidas as razões finais, o juiz proferirá sentença em audiência ou no prazo de 30 (trinta) dias. Dessa forma, ao menos tem tese, o juiz que conclui a instrução da causa deve julgá-la.
Instrumentalidade e Simplicidade: O processo não é um fim em si mesmo, sendo, em realidade, um instrumento para que se faça justiça, dando a cada um o que é seu. 
A simplicidade decorre da instrumentalidade, da economia e da duração razoável do processo. Dessa forma o processo, para que alcance seu fim, deve ser conduzido da forma mais simples possível, sem formalismos exacerbados.
Duplo grau de jurisdição: Há divergência doutrinária acerca de sua existência. Analisando o ordenamento de forma sistemática, conclui-se que é princípio implícito. A própria CF/88 dá competência recursal aos tribunais, não sendo possível concluir que a não existência de recurso seja regra. Contudo, como toda regra não absoluta, pode sofrer restrição do legislador constitucional e ordinário.
Boa-fé processual: Encontra-sepositivada no art. 5º do CPC, dividindo – se em:
Objetiva: Sendo norma de conduta que deve basear toda relação processual, devendo as partes se comportarem de acordo com o que se razoavelmente espera no meio social. Pode ser violada mesmo sem intenção. 
Subjetiva: Pressupõe o animus de prejudicar / abusar de direito. 
A boa – fé possui 03 funções: 
Interpretativa: A interpretação de todo o processo deve ser feita com observância do princípio;
Integrativa: A boa – fé cria os deveres anexos de informação, lealdade, probidade, cooperação etc. 
Limitadora do exercício de direito: Exemplo clássico é o recurso meramente protelatório. É direito da parte recorrer, contudo, incorrerá em má – fé se o fizer apenas para protelar o processo. 
Cooperação: Derivado da boa – fé e do princípio da solidariedade social (art. 3º, I CF/88), encontra-se positivado no art. 6º do CPC. Reforça o princípio da instrumentalidade, uma vez que amplifica a ideia de que o processo é instrumento ético para a busca da verdade e da justa composição da lide, a mera existência do litígio não inibe as partes de cooperarem.
Conciliação: Modernamente, a conciliação é amplamente incentivada, seja no processo civil seja no do trabalho, uma vez que é o melhor instrumento para a pacificação social. Dispõe a CLT que:
Art. 850 - Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões finais, em prazo não excedente de 10 (dez) minutos para cada uma. Em seguida, o juiz ou presidente renovará a proposta de conciliação, e não se realizando esta, será proferida a decisão.
Art. 764 - Os dissídios individuais ou coletivos submetidos à apreciação da Justiça do Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação.
§ 1º - Para os efeitos deste artigo, os juízes e Tribunais do Trabalho empregarão sempre os seus bons ofícios e persuasão no sentido de uma solução conciliatória dos conflitos.
§ 2º - Não havendo acordo, o juízo conciliatório converter-se-á obrigatoriamente em arbitral, proferindo decisão na forma prescrita neste Título.
§ 3º - É lícito às partes celebrar acordo que ponha termo ao processo, ainda mesmo depois de encerrado o juízo conciliatório.
O CPC, por sua vez determina que: Art. 359. Instalada a audiência, o juiz tentará conciliar as partes, independentemente do emprego anterior de outros métodos de solução consensual de conflitos, como a mediação e a arbitragem. 
No entanto, a homologação de acordo encontra limite quando em confronto com a proteção ao trabalhador, devendo o juiz verificar caso a caso a validade da avença. Art. 114, §2º da CF: Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente. Súmula nº 418 do TST MANDADO DE SEGURANÇA VISANDO À HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO (nova redação em decorrência do CPC de 2015) - Res.  217/2017 - DEJT  divulgado em 20, 24 e 25.04.2017: A homologação de acordo constitui faculdade do juiz, inexistindo direito líquido e certo tutelável pela via do mandado de segurança.
Deve-se interpretar a súmula no sentido de que, em certos casos, havendo prejuízo ao empregado ou fraude, o juiz não estará obrigado a homologar o acordo.

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