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Introdução à Epidemiologia e Epidemiologia-Descritiva

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Introdução à Epidemiologia
•Surgimento: Jon Snow, meados do século XX, desenvolveu a Teoria do Contagio (derrubou Teoria Miasmática e foi comprovada por Pasteur e Kock), através do estudo da distribuição de um surto de cólera em Londres.
• Epidemiologia: 
Ciência básica da Saúde Coletiva e maior instrumento da Saúde Pública.
Estuda a distribuição e os determinantes do processo saúde-doença. 
Busca medidas específicas para prevenção, controle ou erradicação das doenças.
Fornece indicadores que servem de suporte a avaliação e planejamento das ações em saúde.(Estabelece prioridade para alocação de recursos Lei Orgânica 8080)
• Processo Saúde-Doença – o modo específico pelo qual ocorre, nos grupos, o processo biológico de desgaste /funcionamento biológico diferente, com consequências para o desenvolvimento regular das atividades cotidianas.
• Distribuição – estudo da variabilidade de frequências das doenças em função de variáveis ambientais e populacionais, ligadas ao tempo e espaço.
• Fatores Determinantes – sua análise envolve a aplicação do método epidemiológico ao estudo de possíveis associações entre um ou mais fatores suspeitos e um estudo característico de ausência de doença.
• Prevenção – visa o emprego de medidas de profilaxia, afim de impedir que os indivíduos sadios venham a adquirir a doença.
• Controle – visa a diminuição da incidência.
• Erradicação – consiste em na não ocorrência da doença, mesmo quando as medidas de controle estão ausentes.
•Outras funções da Epidemiologia:
fornece pistas para a diagnose doenças; 
traça o perfil de saúde-doença de uma população, estimando os riscos de adoecer para cada grupo;
realiza teste de eficácia e inocuidade de vacinas; 
desenvolve a vigilância epidemiológica (Lei 8080 – SUS – conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detectação ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle de doenças e agravos);
analisa fatores ambientes e socioeconômicos que possam ter alguma influência na eclosão de doenças;
elo de ligação saúde/governo;
não se limita a situação sanitária e socioeconômica existente ->avalia tendências futuras;
• Epidemiologia Social: Dá se ênfase no estuda da estrutura socioeconômica a fim de se explicar o processo de saúde-doença;
•A Clínica se baseia na Patologia para curar a doença do indivíduo. A epidemiologia dedica-se ao coletivo e pretender melhor o nível de saúde da comunidade.
•Eixos da Epidemiologia: Medicina Social, Medicina Clínica e Estatística.
• História Natural da Doença: as inter-relações do agente, do suscetível e do meio ambiente que afetam o processo global e seu desenvolvimento, desde as primeiras forças que criam o estímulo patológico no meio ambiente, passando pela resposta do homem ao estímulo, até as alterações que levam a um defeito, invalidez, recuperação ou morte. – Função: descreve enfermidades, base para compreensão e operacionalização da prevenção do patógeno;
•Período Pré-patogênese: interesse as relações suscetível-ambiente; estudo dos condicionantes (Fatores sociais, socioeconômicos, políticos, culturais, psicológicos, físicos, químicos e biológicos) que levaram a doença. Indivíduo não está acometido pela doença.
•Fatores intrínsecos: hereditários, congênitos e resultantes de doenças anteriores.
•Fatores socioeconômicos: privilegiados estão menos sujeitos aos fatores ambientais; pobres – duas a três vezes mais propensos a enfermidades/alta tx. De mortalidade infantil, desnutrição, parasitoses intestinais, nanismo;
•Fatores culturais: hábitos, comportamentos, valores e crendices. População rurais que defecam no solo, perto de mananciais (Esquistossomose). 
•Fatores ambientais: situação geográfica, solo, clima, recursos hídricos, topografia, agentes químico e físicos. Podem ser categorizados: agentes habituais de convivência natural ao ser humano; agentes pouco comuns que passam a ser perceptíveis, resultantes de alterações impostas por novos hábitos na maneira de viver ou por má administração de meios e recursos (pesticidas, aditivos alimentares e hormônios, emissão de poluentes, medicamentos novos, ações que favorecem aumento de vetores e reservatórios de patógenos).
•Multifatorialidade: todos esse fatores não são simplesmente somados quando estão em conjunto, eles acabam sendo multiplicados, atuando de modo sinérgico para aparecimento da doença;(TEORIA MULTIFATORIAL derrubou Teoria do contágio).
•Período Patológico: interessa as relações suscetível-agente patológico. Se inicia com primeiras ações que os patógenos exercem sobre os afetados>perturbações bioquímicas em nível celular (dectável por exames laboratoriais – diagnóstico precoce)>perturbações na forma e função com manifestações clínicas (demarca termino do período de incubação)>defeitos permanentes, cronificação, morte ou cura.
•Prevenção: a saúde pública atua evitar doenças eliminando elos do patógeno ao ambiente e hospedeiro, prolongar a vida e desenvolver a saúde física e mental, além eficiência junto a comunidade para o saneamento, controle de infecções, organização dos serviços médicos para o diagnóstico precoce e tratamento preventivo. 
• Prevenção Primária: Medidas de Promoção da Saúde (medidas de ordem geral – melhorias na escolarização, habitação, alimentação, lazer, atividade física e saneamento) e Medidas de Proteção Específica (Imunização, Saúde Ocupacional, Higiene Pessoal, Proteção contra acidentes, Aconselhamento genético, controle de vetores e reservatórios, estimulo ao uso de preservativos e seringas descartáveis). PÉRIODO PRÉ-PATOGÊNICO.
•Prevenção Secundária: Medidas para Diagnóstico Precoce (Inquérito para descobertas de casos, Campanhas de Exames para detecção precoce da doença, Isolamento p evitar propagação) e Medidas para Limitação da Incapacidade (Evitar futuras complicações, evitar sequelas e reduzir o risco de transmissão da doença). PÉRIODO PATOGÊNICO.
•Prevenção Terciária: Reabilitação para impedir incapacidade total (Fisioterapia, Melhoria da qualidade de vida do sequelado, Emprego para o reabilitado). PÉRIODO PATOGÊNICO.
Epidemiologia Descritiva:
Detalhamento do perfil epidemiológico em pessoa, tempo e lugar.
Avalia tendências com comparação de dados de diferentes locais.	
Monitoração de doenças e identificação de problemas emergentes.
Base para avalição e planejamento.
• Pessoa: varia em idade, sexo, hereditariedade, grupo étnico – ex: negros: maior risco a doença falciforme, hipertensão e câncer de próstata/menor risco a síndrome de Down, condição socioeconômica, religião e estado civil)
•Tempo: importante para eventos sazonais cíclicos, apesar de haver variações atípicas onde a lei de variação não tem relevância cronológica.
•Espaço: Ambiente Físico (Clima, ar, água), Biológico (fauna e flora) e Socioambiental(tipos de ocupação e tradições culturais).
Caso Autócne: é gerado naquele lugar;
Caso Alóptone: um gerado em outro lugar e trazido até determinado local. Ex: Vírus Zyka.
Região Indene: não há casos e há baixo risco para esse evento.
Região Endene: os casos são recorrentes e alto risco para esse evento.
Surto: aumento das doenças em uma área delimitada.
Epidemia: aumento do número de casos além do esperado (pandemia – aumento a nível mundial).
Medidas de Saúde Coletiva:
Metáfora Facilitadora – a vida é uma estrada, as medidas de saúde (morbidade) indicam as condições (Fatores Determinantes) dessa estrada e as medidas de vida (mortalidade) indicam o quanto se avançou nessa estrada e se as metas da gestão em saúde foram cumpridas ou precisam ser redirecionadas, para esses indivíduos alcançassem uma maior distância. – Cada índice, coeficiente ou taxa releva alguma informação sobre o ambiente ou as condições de saúde de determinado local e por isso são chamados de Indicadores, a epidemiologia utiliza desses coeficientes para planejar suas intervenções estruturantes da saúde.
*quantificam e descrevem determinados agravosà saúde, doença e morte.
*sintetizam os efeitos dos determinantes de saúde e das ações das políticas sobre a situação de saúde da população;
*avalia o comprimento de metas e prevê tendências futuras.
*guia a gestão em saúde (Avaliação e Planejamento da Saúde)
• Índices: medidas primárias, todo termo numérico utilizado para se obter a noção de grandeza existente ou prevalente. Indica o valor absoluto. Indica eventos de três naturezas: nascimentos, doenças e óbitos. Medidas para AVALIAÇÃO em saúde: são úteis para saber a proporção da ação tomada para o enfretamento de determinada situação em sua grandeza, frequência e incidência. Avalia quantos casos acontecem a cada ano e sua distribuição no tempo e no espaço. Ex: número de casos de incidência.
• Coefiecientes: medidas secundárias geradas pelo quociente de medidas primárias. Vantagem: deixam de sofrer influência do tamanho da população e da amplitude do intervalo de tempo, passando a representar somente a intensidade e quantificação do risco, possibilitando a comparação com dados de locais com número de população diferente e em diferentes períodos de tempo. São próprias para o PLANEJAMENTO da saúde, ajudam na seleção de ações para promoção da saúde e elaboração de projetos para implementação dessas ações. Ex: coeficiente de mortalidade
• Taxas: é uma razão de duas grandezas da mesma dimensão e natureza, são as medidas de risco aplicadas para cálculos de estimativas e projeções. Ex: mortalidade proporcional.
•Indicadores de Morbidade:
*Estima frequência com que os problemas de saúde acontecem.
*Avalia o nível de saúde e o estado sanitário da população exposta a doença;
*Aponta ações específicas para controle de determinada doença (estudo da análise causa/efeito)
*Seus dados são obtidos por meio de Inquérito de Entrevista (direto da população), Inquérito por Registro (Registros hospitalares de instituições públicas e privadas) ou Inquérito Epidemiológico (Vigilância Epidemiológica/notificação compulsória/ datasus). Registros Policiais (Agravos e Acidentes)
•Vigilância Epidemiológica - conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com finalidade de recomendar e adotar medidas de prevenção e controle de doenças e agravos. 
•Prevalência: é o número de casos existentes, casos novos e doentes que imigram para um determinado período em uma determinada população. Não leva em conta o número de curas, óbitos ou doentes que emigraram. Mede a força de determinadas doenças para subsistir (mede carga de doenças crônicas). Vantagem: planejacão da ação em saúde em função do número de doentes/indica fatores de risco, pois a doença prevalece nos grupos que possuem determinados comportamentos.
•Incidência: é o número de casos novos, recidivas e doentes imigrados para um determinado período de tempo e de população. Leva em consideração curas e óbitos. Mede a intensidade com que a doença atinge uma população e probabilidade que cada indivíduo tem de ser atingido por ela (doenças agudas). É dinâmica e expressa mudança no estado de saúde.
*Caso-Índice: primeiro caso notificado de determinada doença. Os outros casos serão Casos Secundários.
• Indicadores de Mortalidade: conjunto de indivíduos que morreram em um determinado intervalo de tempo e local.
*capaz de relacionar o estado de saúde e a condição de vida de determinada área;
*Não é bom indicador para comparar populações;
*Bom indicador para agravos letais e de curta duração;
*um problema que afeta a mortalidade são subnotificações de óbito e subregistros(quando não há causa de morte no prontuário). Em 2008, 30% dos municípios brasileiros cobriam menos de 80% de seu território. – ações de combate: busca ativa de óbitos e capacitação dos médicos – acurácia de diagnóstico- para preenchimento da causa básica de morte na declaração de óbito.
*conhecimento das principais causas de morte e seu lugar no tempo e no espaço.
*avaliam a efetividade das políticas públicas e se elas foram capazes de provocar mudanças;
•Número de nascimentos – quantifica dados sobre abortamentos, natimortos, nascidos vivos a termo ou pré-termo, malformações congênitas. O planejamento da organização estrutural dos serviços de saúde se baseiam na proporção de crianças nascidas vivas.
•Coefieciente geral de fecundidade: Gera a estimativa média de filhos que uma mulher tem até o fim de sua idade reprodutiva. Usado para calcular a taxa de reposição natural. Avalia tendência demográficas para planejamento dos serviços de saúde, educação e previdência.
 As exigências de uma formação mais completa da mulher e eliminação de sua restrição ao ambiente doméstico, diminuíram sua disponibilidade para reprodutividade.
•Coefieciente geral de mortalidade: os óbitos identificados pelo local de ocorrência refletem as condições de assistência médica e o risco de morrer devido a determinado ambiente.
Coeficiente de mortalidade por determinada causa: dimensiona a magnitude de determinada doença como problema de saúde. Identifica desigualdades regionais (Polarização Epidemiológica).
•Coefiente de mortalidade infantil: fase de grande vulnerabilidade físicas as condições ambientais, bom indicador de estruturas precárias de saúde e baixa condições socioeconômicas (Espelho Social). Índice alto: terapia de reidratação oral, boa cobertura vacinal, incentivo ao aleitamento materno, saneamento e atenção á saúde ampliados, assistência pré-natal, suporte para problemas congênitos e complicações no parto.
Coeficiente de mortalidade perinatal – é o mais indicado para avaliar a assistência obstétrica e neonatal nos serviços de saúde.
O estudo do mortalidade proporcional propicia o conhecimento das principais causas de morte e prevenção dos fatores de risco para estes.
Morte neonatal geralmente depende de problemas congênitos e materno e complicações no parto, causas de fator biológico e assistencial.
Morte pós-neonatal e a mortalidade em menores de 5 anos se relaciona as condições socioeconômicas e ambientais da família dessa criança (disponibilidade de serviços de saúde, desnutrição, acidentes domésticos, incidência de infecções respiratórias, intestinais e parasitárias).
•Letalidade – mede o risco de se morrer por determinada doença. Varia com a idade, o sexo, as condições socioeconômicas, principais - a imunidade do indivíduo, a virulência do patógeno e a eficácia do tratamento (avalia resolutividade dos serviços de saúde). Existe doenças cuja letalidade esperada é 100% como a raiva humana e outras como o resfriado 0%. 
Em períodos epidêmicos as pessoas procuram mais os serviços de saúde, os profissionais estão mais alertas aos sinais dessa doença para diagnosticar precocemente e a letalidade diminui. O oposto acontece em períodos não-epidêmicos.
Caso especial – dengue: indivíduos imunizados para as formas mais brandas da doença, se tornam mais suscetíveis as formas mais graves, com isso a letalidade aumenta. Dengue hemorrágica vem aumentando sua letalidade nos últimos anos, porque as pessoas já adquiriram as formas mais brandas.
•Esperança de vida ao nascer: tempo que se espera que um indivíduo venha a viver. Avalia as condições de saúde e vida. Para o cálculo da exp. de vida utiliza-se tábuas de vida, a partir de uma geração inicial de nascimentos (declaração de nascimento), determina-se o tempo cumulativo vivido por essa mesma geração até a idade limite (declaração de óbito), a seguir calcula-se sua média. 
Países subsaarianos tiverem sua expectativa de vida diminuída com o advento da AIDS.
No Brasil e em vários países, os homens têm menor coeficiente de vida do que as mulheres, pois estão mais sujeitos a acidentes e doenças que potencializam a precocidade da morte.
• Indicadores de Transformação (3) –tem papel relevante na descrição do nível de desenvolvimento de cada país ou região e da sua qualidade de vida, podendo servir como indicador nível saúde e das condições sanitárias de determinadolocal.
RMP>75% - países desenvolvidos.
50%<RMP<75% - países com certo desenvolvimento e serviços de saúde regulares.
25%<RMP<50% - países subdesenvolvidos.
RMP<25 – países extremamente pobre com alta proporção de mortes entre os jovens.
Brasil – 74.39% (2010)
*Curvas de Mortalidade Proporcional – representação gráfica da mortalidade proporcional segundo grupos etários (inclui Swaroop & Uemara)
*Quantificação de Guedes – atribui-se pesos as porcentagens encontradas em cada grupo etário: < 1 ano (-4), 1 a 4 anos (-2), 5 a 19 anos (-1), 20 a 49 anos (-3) e 50 ou mais anos (+5)
•Mortalidade Materna – a morte da mulher da gestante durante o parto ou puerpério (42 dias após o termino da gestação). Morte por qualquer doença ou condição causada, relacionada ou agravada pela gravidez. Incluem intervenções, omissões e tratamentos incorretos. Espelho Social – acesso ao serviço de saúde( pré-natal e pós-natal), condições socioeconômicas.

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