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Analise as frases propostas e marque FALSO ou VERDADEIRO. Em seguida, justifique todas as alternativas. a) ( V ) A leitura de mundo que fazemos cotidianamente tem como base pressupostos particulares, ideológicos, sem vinculação a uma filiação teórica. “Nem sempre prestamos atenção ao que nos rodeia, nem no que fazemos cotidianamente. Ou, ao contrário, podemos notar com mais atenção determinados detalhes que, para outros, podem passar desapercebidos. Podemos, por exemplo, entrar em um supermercado para fazer compras e, de um modo mecânico, pegar sempre a mesma marca de arroz, por puro hábito. Porém, em um dado momento, é possível que percebamos, em outra prateleira, outra marca de arroz e, então, paramos para comparar as duas marcas. Dessa forma, deixamos de fazer algo de forma automática e passamos a prestar atenção nos detalhes, não apenas dessa marca de arroz, mas de todas as outras variedades que estão nas prateleiras. É nesse sentido que diremos que estamos lendo, pela primeira vez, não apenas as marcas de arroz, mas o supermercado como um todo, ou seja, passamos a verificar as marcas, os rótulos e a variedade e disposição das mercadorias nas prateleiras. Assim, lemos o supermercado de forma indagativa, crítica. E por quê? Porque passamos a significar, a dar sentidos ao que vemos e compramos. O mesmo pode ocorrer com tudo o que nos rodeia: família, amigos, local de trabalho, lazer, estudos... Em dado momento, prestamos atenção, por motivos pessoais que nem sempre são conscientes, a aspectos do que nos cercam, e passamos a simbolizá-los, ou seja, a dar-lhes os sentidos que têm a ver com nossa história e com as circunstâncias imediatas e históricas que nos cercam. Nesse sentido, fazemos a leitura do mundo, uma leitura que dá sentidos e, portanto, é uma leitura atenta, questionadora, crítica.” (Aula 1: p. 16 e 17) b) ( F ) De acordo com Paulo Freire, a leitura da palavra escrita vem antes da leitura do mundo. Os analfabetos, nesse caso, saem prejudicados nesse processo. Paulo Freire afirmou que: “A leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura daquele. [...] este movimento do mundo à palavra e da palavra ao mundo está sempre presente. Movimento em que a palavra dita flui do mundo mesmo através da leitura que dele fazemos. De alguma maneira, porém, podemos ir mais longe e dizer que a leitura da palavra não é apenas precedida pela leitura do mundo, mas por uma certa forma de “escrevê-lo” ou de “reescrevê-lo”, quer dizer, de transformá-lo através de nossa prática consciente.” (FREIRE, 1983, p. 22). “Qual a relação disso tudo com o texto escrito? Vimos, com Paulo Freire, que essa leitura do mundo precede a leitura da palavra escrita e que a leitura da palavra escrita retorna para o mundo. Em outras palavras, quanto mais compreendemos e damos sentido ao mundo que nos cerca, mais podemos fazer relações com os textos que lemos. Ao mesmo tempo, os textos que lemos podem contribuir muito no modo como passamos a ler o mundo que nos rodeia. Quando começamos a organizar os conhecimentos adquiridos, a partir das situações que a realidade impõe e da nossa atuação nela; quando começamos a estabelecer relações entre as experiências e a tentar resolver os problemas que se nos apresentam – aí então estamos procedendo leituras, as quais nos habilitam basicamente a ler tudo e qualquer coisa. Esse seria, digamos, o lado otimista e prazeroso do aprendizado da leitura. Dá-nos a impressão de o mundo estar ao nosso alcance; não só podemos compreendê-lo, conviver com ele, mas até modificá-lo à medida que incorporamos nossas experiências de leitura (MARTINS, 1988, p. 17).” (Aula 1: p. 16 e 17) “muitas vezes significamos de acordo com os sentidos dominantes que nos cercam em nosso período histórico. Não é condição prévia ser alfabetizado para que isso aconteça, ou seja, para simbolizar, para significar o mundo basta vivermos em sociedade. Aqui fica uma pergunta importante: Que diferenças se produzem quando entramos na escola e somos alfabetizados? A palavra analfabeto traz em si essa divisão social entre os alfabetizados e os não alfabetizados. Assim, podemos dizer que esta palavra divide o mundo entre aqueles que podem ler um texto escrito e os que não podem.” (Aula 2, p. 28) c) ( ) Podemos pensar que a leitura e a compreensão dependem da leitura de um determinado momento histórico. “Quando lemos textos escritos, podemos atribuir sentidos a textos literários, científicos, jornalísticos, religiosos, jurídicos, e também a textos técnicos, como bulas de remédios, manuais de instrução, avisos ou, também, textos que circulam nas ruas de nossas cidades, como pichações e outdoors. Na maioria das vezes, sem nos darmos conta, significamos o texto lido de acordo com valores dominantes na nossa época histórica. No entanto, sempre é possível atribuir mais de um sentido à leitura de um texto, ou seja, todo texto pode ter mais de um sentido, e esse é um aspecto importante da leitura, em seu sentido amplo, que precisa ser realçado na escola.” “Por exemplo, os sentidos atribuídos aos contos de fadas podem variar de acordo com o período histórico em que eles são lidos. No século XIX, atribuía-se sobretudo um caráter religioso e moral: as leis não podiam ser transgredidas; caso contrário, alguma forma de punição aconteceria. Lembremos da história da Chapeuzinho Vermelho que, ao não obedecer a sua mãe, quase foi comida pelo Lobo Mau! Já nos anos 1990, ao contrário, é justamente o sentido de transgressão que é valorizado.” (Aula 2, p. 25) d) (F ) A definição de sujeito na abordagem de A. J. Greimas como leva em consideração a ideologia e o inconsciente. “Vamos retomar um pouco alguns aspectos teóricos relevantes da Análise do Discurso (de agora em diante, também chamada de AD) para seguirmos adiante com o conceito de sujeito, conforme mencionamos no início da aula. Um dos pressupostos cruciais desta teoria está em ela reconhecer que o sujeito não preexiste, mas é um efeito de linguagem. Um sujeito é, ao mesmo tempo, atravessado pelo inconsciente e interpelado em sujeito pela ideologia. Essa disciplina de entremeio foi fundada na França por Michel Pêcheux e reterritorializada no Brasil por Eni Orlandi.” Aula 5, p.112 e 113 “Segundo Barros (2001), a semiótica procura conciliar uma concepção que abarque um texto como objeto de significação e como objeto de comunicação. O que isso significa? De acordo com o autor, ao considerar o texto como objeto de significação, há uma atenção à descrição dos mecanismos internos que amarram seu sentido. Pode-se dizer, em outras palavras, que essa definição implica a “análise interna ou estrutural do texto” (BARROS, 2001, p. 7, grifo do autor). Considerar o texto como objeto de comunicação, por sua vez, implica o que se comunica entre sujeitos. Dessa maneira, conforme explica Barros, o texto “encontra seu lugar entre os objetos culturais, inserido numa sociedade (de classes) e determinado por formações ideológicas específicas” (BARROS, 2001, p. 7). (Aula 4, p.79) “podemos retomar a teoria semiótica, afirmando que esta se caracteriza, de acordo com Barros (2001) e Fiorin (2011), como uma teoria da significação que propõe um método de leitura para diferentes linguagens. É esse método que permite que o(s) sentido(s) seja(m) depreendido(s) de uma determinada textualidade.” (Aula 4, p.81) “compreendemos que nossas leituras acontecem a todo tempo em nosso contato com o mundo. Vimos que a semiótica francesa apresenta uma metodologia de leitura que empreende uma análise de uma determinada textualidade a partir de três níveis: o fundamental, o narrativo e o discursivo. A partir desses níveis, é possível encaminhar um percurso de leitura que parte das bases mais abstratas e profundas até aquelas mais superficiais e concretas. Trata-se de uma metodologia que, como toda teoria, não serestringe ao que aqui foi apresentado, mas permitiu compreender que, quando seguimos um campo disciplinar, há caminhos que, ancorados por determinados conceitos e métodos, ancoram o trajeto de leitura.” (Aula 4, p.98) “que tal metodologia se apoia na análise do texto considerando três níveis: o fundamental, o narrativo e o discursivo. O primeiro se marca por ser o mais profundo e abstrato, até chegar ao último, que é o mais superficial e concreto. Estudamos ainda o que marca cada um desses percursos no que concerne à leitura semiótica: no primeiro, compreendemos que a leitura visa depreender a oposição que fundamenta uma determinada textualidade; o nível narrativo, por sua vez, visa apontar para as transformações do sujeito e os valores que este investe sobre o objeto; no terceiro nível, o discursivo, compreendemos que a dimensão sintática está voltada à análise das marcas da enunciação, como se constituem a pessoa, o tempo e o espaço; já a dimensão semântica analisa os níveis de tematizaçãotematização e figurativização, que concretizam o sentido de um determinado texto.” (Aula 4, p.100) e) (V ) O conceito de história que consta na AD (Análise de discurso) está associado à ideia de que, em uma formação social, “os diversos acontecimentos, resultantes de conflituosas relações entre os homens, reclamam sentidos que vão povoando o imaginário e a memória” (MARIANI, 1994). “Podemos adiantar que o interesse do analista do discurso pela leitura está em analisar os processos de construção de sentidos resultantes da relação entre linguagem e história (MARIANI, 1994). Em outras palavras, o discurso – objeto da Análise do Discurso – está situado “no campo das relações entre o linguístico e o histórico, buscando, no interior deste campo, as determinações sociais, políticas e culturais da constituição dos sentidos na linguagem” (MARIANI, 1994, p. 99). Isso requer uma conceituação própria de linguagem e de história que será priorizada nesta aula. (Aula 5, p.104) Você certamente deve se lembrar, pelo que estudou nas Aulas 1 e 2, que é sempre possível atribuir mais de um sentido ao texto. No processo de leitura, o texto funciona como mediador de relações históricas entre sujeitos (MARIANI, 1994, p. 100). Como nos mostra Indursky (2010), todo texto é atravessado por diferentes vozes que vêm de diferentes lugares, de outros textos, outros discursos. (Aula 5, p.107) Qualquer que seja a leitura que o aluno faz de um texto, é preciso entender que ela está sempre relacionada às suas experiências históricas, sociais e culturais, competindo ao professor, enquanto um mediador, auxiliá-lo, demonstrando a possibilidade de realizar outras releituras, discutindo os sentidos atribuídos e outros possíveis, que podem até mesmo discrepar, entrar em contradição. O aluno pode, a partir disso, resistir, romper, deslocar e transformar os sentidos dominantes. (Aula 5, p.107) Dessa maneira, permanece encoberto que falar em leitura é referir-se “a uma prática visceralmente impregnada de linguagem” (MARIANI, 2002, p. 108), bem como, quando se fala em leitor, ainda segundo Mariani (2002), trata-se de um sujeito que é afetado pela ideologia e, ao mesmo tempo, por processos inconscientes, o que implica assumir, definitivamente, que toda leitura e todo leitor têm suas histórias, e que: São histórias que precisam ser contadas para que o sujeito, em sua condição de leitor, possa entender de que modo está produzindo sentidos para aquilo que lê, seja pelo reconhecimento (crítico) de sua inscrição em processos ideológicos que naturalizam determinados sentidos, gerando a ilusão de que se trata de sentidos óbvios, seja pela possibilidade de sua filiação a outros processos de produção de sentidos, promovendo, deste modo, novos gestos de significação na leitura (MARIANI, 2002, p. 108). Essa definição de sujeito como descentrado, dividido, afetado pelo inconsciente e interpelado pelo ideológico (ORLANDI, 2012) é basilar para a Análise do Discurso. (Aula 5, p.109) f) ( V ) Alguns fatores (como a posição desses sujeitos leitores) devem ser priorizados em propostas de trabalho na escola que tomem a leitura como processo e o aluno como agente na construção de sentidos para um texto. Você já parou para refletir sobre o que pode estar sendo apagado nesse tipo de reclamação? Trata-se sempre e tão simplesmente de uma deficiência na alfabetização, de incapacidade cognitiva e/ou falta de atenção e dedicação desses alunos? Quando o caso está ligado ao desinteresse, perguntamo-nos a que ele pode estar associado? Costumamos nos perguntar se o aluno sabe o que e por que está lendo? Sabemos bem que pode haver certos entraves e limitações, mas será que esse tipo de generalização não acaba contribuindo para a alimentação de um imaginário que se impõe/sobrepõe às necessidades de reflexão contínua acerca do que provoca empecilhos em práticas (re)produzidas no ambiente escolar, tal é a maneira como se dogmatiza que os alunos não sabem ler ou que eles não interpretam o que leem? O valor de verdade que esse imaginário acaba adquirindo, por sua repetição, é um dos fatores que têm bloqueado a entrada para importantes questionamentos a respeito do que já está tão enraizado nas maneiras como “se ensina e se aprende a ler” em todos os ciclos da formação escolar. (Aula 5, p.105 e 106) “ é crucial que nós, professores, avaliemos constantemente qual têm sido o alcance e a eficácia de tais discussões, em prol de necessárias transformações no modo como se planejam e se executam as práticas pedagógico-educacionais voltadas para a leitura. Os enfoques estão sempre se alterando, e os currículos e livros didáticos, em virtude de mudanças históricas, buscam adaptar-se cada vez mais ao universo da era digital e adequar-se a diferentes perfis de leitor e de leitura contemporâneos. Mas isso tem sido suficiente para transpor as barreiras com que se deparam a escola e o professor? (Aula 5, p.107 e 106) Não valeria a pena considerar também que, por inúmeras vezes, os sentidos construídos pela criança ou adolescente, ou até o estranhamento diante de textos pré-selecionados, apenas não se ajustam ao leque de previsões e possibilidades idealizadas pela escola, por autores de livros didáticos e pelos professores? Quando há um movimento de repúdio à leitura por parte dos alunos, ele não seria fruto de uma espécie de internalização da incapacidade de corresponder a determinadas expectativas? Esta leitura e este leitor ideais são amoldados por quem e para quê? (Aula 5, p.107) O que alguns autores de livros didáticos e a escola têm feito, com todos os dispositivos de que se valem para “ensinar a ler e interpretar”, é construir um perfil de leitor e um modelo de leitura do lugar de uma tradição cultural que coloca o sujeito na origem do dizer, supondo que a linguagem nasce no próprio sujeito, por força de sua vontade (MARIANI, 2002). (Aula 5, p.108) O professor que coloca a questão de encontrar ou não o significado de uma palavra, de um enunciado ou de um texto como mera questão de capacidade, pensa a linguagem como instrumento e o leitor como sujeito passivo do ato de ler, a quem cabe descortinar o texto, para poder enxergar um sentido escondido, único, verdadeiro. (Aula 5, p.108) Como futuro professor, você precisa se perguntar sobre o impacto das tecnologias de linguagem na sua formação e na formação dos seus alunos. (V) Questão 2 Em nossas aulas, aprendemos que algumas expressões nos permitem pensar de uma forma mais ampla sobre a leitura. Por exemplo: “leitura corporal”, “leitura do olhar”, “leitura da mão”, ou ainda, ler o céu, ler o tempo, ler a cidade. Isso é possível porque leitura quer dizer atribuição de sentidos (V) Questão 3 De acordo com Paulo Freire, a leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra, e a leitura da palavra implica a continuidade da leitura do mundo. Em nossas aulas, acrescentamos que podemos ir mais longe, ouseja, podemos dizer que a leitura da palavra não é APENAS precedida pela leitura do mundo, mas por uma forma de “escrevê-lo” ou de “reescrevê-lo”, uma forma de transformá-lo em nossas práticas sociais mediadas pela história. (V) Questão 4 Nas nossas práticas sociais cotidianas, não lemos. No supermercado, por exemplo, apenas relacionamos o que é o nome de um alimento com uma palavra. (F) Questão 5 Quando prestamos atenção ao mundo que nos rodeia, passamos a simbolizar, ou seja, a dar sentidos que têm a ver com nossa história e com as circunstâncias imediatas e históricas que nos cercam. (V) Questão 6 Ler é apenas decifrar palavras escritas! (F) Questão 7 Todo texto pode ter mais de um sentido e esse é um aspecto importante da leitura, em seu sentido amplo, que precisa ser realçado na escola. (V) Questão 8 A relação do professor com o texto de sua sala de aula não deve ser automática, ela precisa ter algum sentido para quem está dando aula. (V) Questão 9 É importante que você se prenda ao livro didático e ensine aos alunos que os seriados, as revistas sobre games, os comentários sobre futebol ou alguma atriz na internet, as músicas como rap ou funk não fazem parte do ambiente escolar. (F) A noção de leitura será diferente conforme a teoria linguística empregada. (V) Em diferentes épocas, foram diferentes as concepções de leitura. Em um ensino tradicional, tivemos a leitura sendo trabalhada como: codificação, avaliação e autoritária. (V) Durante um tempo, as ciências cognitivas trabalharam a leitura com o foco de estudo em um leitor inteligente, imprevisível e criativo. Esse leitor criativo é capaz de antecipar-se ao “estímulo” (modelo behaviorista). (V) Questão 13 O uso do termo semiótica no campo científico dos signos possui diferentes autorias: • a primeira, anglo-saxã, por Charles Peirce; • a segunda, francesa, também nomeada Semiótica, por Ferdinand de Saussure. (V) Posteriormente, diferentes correntes teóricas se desenvolveram: a) semiótica anglo-saxã, fundada por Peirce; b) outra filiada ao pensamento de Bakhtin e ao formalismo russo; c) a terceira, a abordagem de Algirdas Julien Greimas, que segue os preceitos teóricos de Saussure e Hjelmslev. (V) Questão 14 A semiótica se interessa apenas pela linguagem escrita! (F) Questão 15 A semiótica empreende um método de leitura do texto a partir de diferentes níveis, cada um deles constituídos de componentes sintáticos e semânticos. (V) Questão 16 Para a Análise de Discurso, não há sentido literal, o que há são sentidos dominantes em determinadas épocas históricas. (V) Questão 17 Na perspectiva da Análise de discurso o sujeito é plenamente consciente e consegue controlar tudo o que diz. (f)
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