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Instituto Federal de Brasília Campus Riacho Fundo Graduação em Letras - Inglês (Licenciatura) PAULO OTÁVIO CARDOSO BORGES JANE EYRE : Um recorte da mulher na sociedade. Brasília 2019 Um recorte da mulher na sociedade: Jane Eyre. PAULO OTÁVIO CARDOSO BORGES Charlotte Brontë, filha de um pastor metodista e órfã de mãe, passou a maior parte da sua infância no presbitério de Haworth, foi educada em um colégio vitoriano, chamado Cowan Bridge cuja desumanidade é conhecida, e supostamente denunciada em Jane Eyre, suas irmãs mais velhas morreram por conta das condições insalubres. Em 1839 Brontë começou a trabalhar como preceptora de crianças. Brontë morre em 1855 por conta de uma hiperêmese gravídica, a qual enfrentou durante a gravidez , que deixou sua saúde frágil ainda mais fraca. Jane Eyre, publicado em 16 de outubro de 1847, traz importantes questões acerca da mulher e a sociedade, segundo SOUZA(2016) “ A luta pela igualdade da mulher era algo necessário e fica visível na obra de Charlotte Brontë.” apresentando as inúmeras injustiças que a personagem sofreu durante sua infância, Jane Eyre sofre constantes agressões físicas e psicológicas do seu primo, e mesmo sobre denúncia de tais atos, é colocada como mentirosa, sendo até punida com um dos seus piores pesadelos quando resolve denunciar o seu agressor. A personagem não tem crédito durante a obra, por ser uma figura feminina, a qual na época sua função primordial é pontuada por PITANGUY apud SOUZA (2016): “ sua “função primordial”, [...] a reprodução da espécie humana, a mulher não só gerava, amamentava e criava os filhos, como produzia tudo aquilo que era diretamente ligado à subsistência do homem: fiação, tecelagem, alimentação.” Jane é enviada a Lowood, um monastério vitoriano, no qual ainda é considerada uma pecadora mentirosa, e que precisa de correção, dentro do monastério Jane ainda luta pela sua vida, em um cenário insalubre, local onde houve um surto de febre tífica e matou muitas meninas que viviam ali, mostrando não só o papel da mulher na sociedade, mas também os problemas sociais que assolavam o país. Todavia, Jane sempre se mostra como uma figura que tenta lutar por sua independência, e dentro do monastério, Jane aprende o suficiente para ser preceptora e governanta, consegue um emprego então em Thornfield Hall, no qual acompanha Adèle. A figura de Adèle, como uma criança que se interessa pelas artes, música, e é colocada como uma figura fútil pelo próprio pai. Naquele lugar Jane anseia por ser um ser livre. A personagem é surpreendida por conta de alguns acontecimentos,todavia se deixa levar pelo sentimento que ali estava surgindo, conquistando Mr. Rochester, que era desiludido do amor, a personagem ainda tem medo que Rochester o manipule, então ela se encontra em um conflito em que segundo SOUZA (2016) : “luta pela independência, representando assim, um querer libertar-se e ao mesmo tempo um desejo de se entregar a um homem.” Jane descobre no dia de seu casamento que Rochester ainda era casado, e que sua mulher, tinha distúrbios mentais, a qual é colocada pela autora a nível de “ um vulgar e selvagem animal” , o qual descrita como “"a hiena vestida", a "maníaca", a "lunática". Talvez esperado de uma sociedade em que os problemas mentais da mulher eram encarados como histeria. Jane então foge, e é acolhida em vários sítios, posteriormente, descobre-se que deixou grande herança para ela. Jane resolve voltar a Thornfield Hall e descobre que Bertha incendiou onde Rochester morava, Jane então procura por Rochester, encontrando-o em um local isolado, e descobre que tal incêndio provocou a cegueira no personagem, Jane na condição de escolha e liberdade retorna a Rochester e decide acompanhá-lo como esposa. Jane Eyre demonstra então um “mundo colonialista, machista e moralista da Inglaterra sob o reino da Rainha Vitória, sendo uma obra canônica de grande importância para a representação do papel da mulher naquele contexto, mostrando então uma mulher lutadora que não estava ali presente. Todavia, a autora mostra a personagem caribenha como a lunática, enquanto a mulher europeia era a sã e virtuosa, mostrando um retrato eurocêntrico e nos colocando a pensar sobre a busca de igualdade entre os indivíduos, que viriam algumas décadas depois.