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Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 299 CAPÍTULO 11. VENTO Ednaldo Oliveira dos Santos Rafael Coll Delgado 11.1. Introdução A atmosfera se movimenta em resposta a diferenças de pressão atmosférica entre duas regiões distintas. A causa principal do aparecimento de pressões diferentes é a incidência e absorção da radiação solar de maneira distinta nas duas regiões. Na macroescala, pela posição relativa entre a Terra e o Sol e a declinação solar, os raios solares são mais intensos e mais absorvidos na região Equatorial em relação aos Pólos. Essa diferença em disponibilidade de energia gera superfícies mais aquecidas nas regiões intertropicais (Pereira et al., 2007). Sabe-se que o ar é um fluido cujas características resultam em expansão volumétrica à medida que a temperatura aumenta. Isto significa que um volume de ar mais quente é menos denso que o mesmo volume de ar mais frio. Ar menos denso tende ascender, exercendo menos força sobre a superfície. A força vertical exercida pela atmosfera sobre a superfície terrestre é denominada de pressão atmosférica como definido no Capítulo 10. Como mencionado anteriormente, a verticalidade da atmosfera é mais expandida na região do Equador e mais contraída nos Pólos. A parte ensolarada da Terra (dia) também tem atmosfera mais espessa que a parte escurecida (noite). A espessura da atmosfera varia continuamente ao redor da Terra. Portanto, a região Equatorial sempre apresenta menor pressão atmosférica que os Pólos. É por esse motivo que, na superfície, as massas frias (alta pressão) sempre avançam para as regiões mais aquecidas (baixa pressão). Em altitude, a circulação é no sentido contrário, formando uma célula. Essa movimentação redistribui a energia em excesso no Equador para as regiões polares. Portanto, define-se vento como sendo deslocamentos de ar na horizontal e na vertical, originários de gradientes de pressão (Alta Pressão para Baixa Pressão). O movimento do ar é governado pela 2ª Lei de Newton. A força que origina o vento, decorrente de diferenças de pressão, é denominada força do gradiente de pressão. A Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 300 velocidade e a direção dos ventos são determinadas pela variação espacial e temporal do balanço de energia na superfície terrestre, que causa variações no campo de pressão atmosférica, gerando os ventos (Pereira et al., 2007). A velocidade do vento é afetada, também, pela rugosidade da superfície (rugosidade aerodinâmica) e pela distância vertical acima da superfície em que ela é medida. Quanto mais próximo da superfície, maior o efeito do atrito imposto pelo terreno, desacelerando o movimento e diminuindo a velocidade de deslocamento do ar. Essa força é denominada força de atrito e atua no sentido contrário a do vento, ou seja, para diminuir a sua velocidade. O bloqueio imposto pela superfície faz com que “bolhas de ar” de maior velocidade se desloquem para baixo gerando um impulso repentino no ar próximo a superfície. A esse aumento brusco na velocidade do vento denomina-se de rajada. A direção dos ventos é resultante da composição das forças atuantes (gradiente de pressão, atrito, Coriolis), mas o relevo predominante na região também afeta a direção próximo à superfície. O ar se deslocando sobre uma região de relevo acidentado gera ondas de montanha devido à força de gravidade. Em altitude, a atmosfera flui livremente, sem obstáculos, ou seja, sem a presença da rugosidade da superfície, e os ventos têm grande velocidade horizontal (praticamente não há atrito). À medida que se aproxima da superfície a velocidade do vento diminui rapidamente em consequência da força de atrito próxima a superfície (efeito da rugosidade aerodinâmica). Assim, junto à superfície, o deslocamento da atmosfera é dificultado pela irregularidade do relevo (árvore, plantações, cidades, etc.). Quanto mais rugosa for a superfície maior será sua influência sobre os regimes de ventos. Consequentemente, a velocidade é menor junto à superfície, mas a presença dos obstáculos cria redemoinhos (vórtices) que são proporcionais ao seu tamanho. A ocorrência de redemoinhos caracteriza escoamento turbulento (caótico). Por exemplo, uma cidade cria mais turbulência com seus arranha-céus que uma floresta; mas esta cria mais turbulência que um canavial, e assim sucessivamente. Essa turbulência é de origem mecânica. Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 301 11.2. Características do Vento Como visto anteriormente, à medida que a radiação solar incide a superfície e essa se aquece, resulta numa força de flutuação térmica, que propicia o aparecimento dos ventos. Esse deslocamento vertical interfere com o deslocamento horizontal da atmosfera aumentando o movimento caótico. Essa turbulência é de origem térmica e a atmosfera é dita instável. Acontece que nas horas mais frias do dia a força de flutuação térmica inibe o desenvolvimento vertical, suprimindo a turbulência. Nestas condições a atmosfera está estável. Portanto, a contribuição térmica pode ser tanto no sentido de aumentar (condição instável) como de reduzir (condição estável) a turbulência. Por exemplo, esse fato tem grande importância agronômica, pois os defensivos agrícolas devem ser aplicados nas horas de menor turbulência possível para permitir que tais produtos se depositem sobre a área alvo. É por esse motivo que a aplicação aérea sempre é feita na madrugada, um pouco antes do nascer Sol (hora mais fria do dia), para se evitar o espalhamento de produto (tóxico) para fora da área de aplicação (Pereira et al., 2007). O vento é uma grandeza vetorial, e como tal pode ser representada por um vetor, possuindo um módulo, sentido e direção (Figura 11.1). As componentes do vento são denominadas de vento zonal (escoamento na direção oeste-leste) e vento meridional (escoamento na direção norte-sul). Figura 0.1. Exemplo mostrando a variação do vetor vento no Brasil. Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:VentosBrasil.png. Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 302 Outro aspecto interessante da estrutura dos ventos é que a direção muda à medida que se afasta da superfície. Esse fenômeno é devido ao decréscimo do atrito com altura. Logo, a força de Coriolis vai mudando a direção do vento conforme o atrito diminui. A força de Coriolis desvia o vento para a direita de seu curso no Hemisfério Norte e para a esquerda no Hemisfério Sul. A força de Coriolis age em ângulos retos em relação ao vento, somente influenciando sua direção e nunca intensidade (Ahrens, 2005). Plotando-se a direção do vento em cada altura obtém-se uma espiral, chamada de espiral de Ekman (Figura 11.2). Esse mesmo fenômeno ocorre com correntes marítimas com velocidades maiores próximas à superfície e menores no fundo dos oceanos. Assim, há um acoplamento entre correntes marítimas e circulação atmosférica. Figura 0.2. Estrutura da Camada Limite Planetária, mostrando a camada de Ekman. Fonte: http://www7.uc.cl/sw_educ/contam/atm/atm03.htm. O centro de uma massa aquecida possui baixa pressão (Capítulo 10). Ao se afastar do seu centro a pressão vai aumentando. A tendência natural é de o vento convergir em direção ao centro de baixa pressão; ou seja, um centro de baixa pressão é uma região de convergência de ventos. Em virtude da influência da força de Coriolis, que atua perpendicularmente à direção dos ventos, a direção final dos ventos passa a ser oblíqua às isóbaras e no sentido horário no Hemisfério Sul e anti-horária no Hemisfério Norte, caracterizandouma circulação ciclônica. Portanto, no Hemisfério Sul, os ciclones (baixa pressão) têm circulação no sentido horário. Tornados e furacões têm circulação desse tipo. Os furacões, por serem fenômenos de grande escala, aparecem nitidamente nas imagens dos satélites meteorológicos, mostrando o sentido de sua circulação, trajetória, e velocidade de deslocamento. Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 303 Um centro de alta pressão, ou seja, um centro de divergência de vento tem circulação anti-horária no Hemisfério Sul e horária no Hemisfério Norte, caracterizando um anticiclone. Num anticiclone os gradientes de pressão não são tão elevados como num ciclone, daí as menores velocidades de ventos associados ao primeiro em relação ao segundo. 11.2.1 – Velocidade do Vento A velocidade do vento expressa a distância percorrida pelo vento em um determinado intervalo de tempo. É medida a 10 m de altura (para fins meteorológicos) ou 2 m (para fins agronômicos). Normalmente é expressa em metros por segundo (m/s), quilômetros por hora (km/h) ou knots (kt) conforme as relações matemáticas abaixo: 1 kt = 0,514 m/s ou 1 m/s = 1,944 kt 1 m/s = 3,6 km/h ou 1 km/h = 0,278 m/s Além disso, a velocidade do vento aumenta exponencialmente com a altura. Isso se dá em função da redução do atrito conforme o escoamento se distancia da superfície (Figura 11.3). Figura 0.3. Relação do Vento com a altura acima da superfície. Fonte: Sentelhas & Angelocci (2012). Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 304 Um determinado valor da velocidade do vento é característico da altura que ocorreu a medição. Algumas vezes é necessário converter a velocidade do vento medida em uma altura para outra altura. Em vista disso, utiliza-se a seguinte equação abaixo: 7 1 1 2 1 2 Z Z V V (11.1) em que, V (m/s) é a velocidade do vento nos níveis 1 e 2, e Z (m) é a altura nos níveis 1 e 2. Ressalta-se que o nível 2 sempre será aquele em que a velocidade do vento foi obtida na maior altura. Para facilitar o referido cálculo pode-se usar a tabela abaixo. Tabela 11.1. Valores entre níveis diferentes de alturas e sua relação exponencial. 11.2.2 – Direção do Vento Em Meteorologia, a direção do vento é indicada pela direção de onde o vento é proveniente, ou seja, “de onde ele vem”. A direção é expressa tanto em termos da direção de onde ele provém como em termos do azimute, isto é, do ângulo que o vetor da direção forma com o Norte geográfico local. Assim, um vento de sudeste (SE) terá um ângulo variando entre 112,5 e 157,5º. Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 305 A indicação da direção do vento é feita pelos pontos Cardeais (N, S, E, W) e/ou Colaterais (NE, NW, SE, SW), onde é conhecida pela Rosa-dos-Ventos (Figura 11.4). Figura 0.4. Rosa dos Ventos mostrando os pontos cardeais e colaterais. Fonte: http://todanovidade.com.br/ciencia/rosa-dos-ventos/. A direção predominante é aquela que ocorre com uma maior frequência. Cada localidade, durante o ano, possui diferentes direções predominantes que são decorrentes: Posição do local em relação aos centros de pressão atmosférica; Obstáculos naturais junto ao solo; Relevo; Proximidade do ambiente costeiro. O vento predominante é importante no planejamento das cidades, das áreas industriais, casas e aeroportos. 11.3. Escala Espacial de Formação do Vento O vento, que é a atmosfera em movimento, se desloca de áreas de maior pressão (áreas mais frias) para áreas de menor pressão (áreas mais quentes) e quanto maior a diferença entre as pressões dessas áreas, maior será a velocidade. Em vista disso, o vento ocorre simultaneamente nas três escalas características da Meteorologia: Macro, Meso e Microescala. Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 306 11.3.1. Macroescala Nessa escala os ventos estão associados à circulação geral da atmosfera (CGA), sendo função dos gradientes de pressão. Apesar da variação temporal e espacial dos ventos sobre a superfície, é possível verificar certa tendência originando-se assim os ventos predominantes em cada faixa de latitude, como veremos a seguir. 11.3.2. Mesoescala Os ventos oriundos da circulação geral modificam-se acentuadamente na escala de tempo e espaço devido ao aquecimento diferenciado, e consequente diferença de pressão, entre continentes e oceanos, entre grandes lagos, rios e as terras circundantes, configuração da encosta, sistema orográfico e topografia, variando diariamente ou sazonalmente. Os principais tipos de vento na mesoescala são: Brisa Terrestre (noite) e Brisa Marítima (dia); Brisa de Montanha ou Catabática (noite) e Brisa de Vale ou Anabática (dia); Ventos Foehn ou Chinook. 11.3.3. Microescala Nessa escala o processo é semelhante ao da mesoescala, porém, com menor magnitude do fenômeno. Exemplos desse tipo de contraste são: áreas ensolaradas e sombreadas; objetos com diferentes coeficientes de absorção de radiação solar; áreas irrigadas e não irrigadas, entre outras. Em resumo, os fatores da Macroescala são responsáveis pela formação dos ventos predominantes, enquanto que os fatores de mesoescala e de microescala têm influências na formação dos ventos locais. Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 307 11.4. Circulação Geral da Atmosfera (CGA) Na macroescala, os ventos de superfície estão associados à circulação geral da atmosfera, sendo função dos gradientes horizontais de pressão. Embora os campos de pressão e de ventos variem continuamente ao longo do tempo sobre a superfície, é possível verificar certa tendência, com ocorrência de faixas de alta e de baixas pressões. Na região do Equador existe uma faixa de baixas pressões, cujo centro fica, em média no ano, um pouco acima do círculo Equatorial. Em torno da latitude de 30 o , nos dois hemisférios, existe uma faixa de altas pressões (latitude de Cavalos). Entre as latitudes de 60º e 70º, nos dois hemisférios, existe uma faixa de baixas pressões, e os Pólos constituem-se em centros de alta pressão (Figura 11.5). Entre as faixas de pressões descritas acima, formam-se células de circulação em macroescala. Os ventos formam-se devido às diferenças de pressão entre dois pontos, escoando no sentido de maior para o de menor pressão. Nas regiões de transição, o ar ou se eleva (baixa pressão) ou desce verticalmente (alta pressão), formando as células com ramo superior em sentido contrário ao da superfície. Figura 0.5. Representação Esquemática simplificada da circulação geral da Atmosfera. Fonte: Pereira et al. (2007). Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 308 O movimento de rotação da Terra faz com que os ventos sofram deflexão (desvio) em seu sentido, devido à força de Coriolis, como mostra o esquema abaixo: Assim, a força de Coriolis (F) modifica o sentido dos ventos, defletindo-os para a esquerda no hemisfério Sul, e para a direita no hemisfério Norte, originando-se assim os ventos predominantes em cada faixa de latitude: • Entre os Trópicos e o Equador: ALÍSIOS de NE (Hemisfério Norte) e de SE (Hemisfério Sul); • Entre os Trópicos e as Regiões Subpolares: Ventos de OESTE; • Regiões Polares: Ventos de LESTE. Nas regiões de transição das células de circulação, normalmente, ocorrem calmarias. Na região equatorial, onde os ventos Alísios dos dois hemisfériosconvergem, forma-se a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT). Há também a formação da Zona de Convergência Extratropical (ZCET), onde ocorre a convergência dos ventos de leste e de oeste. • ZCIT - elevação do ar quente e úmido, pouco vento, formação de um cinturão de nuvens e chuva convectiva; • ZCET- encontro do ar frio e seco com ar quente e úmido, originando os sistemas frontais. Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 309 11.5. Circulação na América do Sul Devido à um gradiente horizontal de pressão, as massas de origem polar se movimentam em direção ao Equador, em direção aos centros de baixa pressão. A força de Coríolis muda a trajetória dessas massas para o oeste. A presença de massas quentes situadas sobre o continente resiste a essa tentativa de avanço das massas frias, deslocando-as para o oceano Atlântico. Algumas vezes as massas frias avançam rapidamente pela Cordilheira dos Andes deslocando a massa continental quente para norte e mesmo leste, chegando até a Amazônia ocidental. Esses avanços causam as chamadas “friagens” na Amazônia. Quando elas acontecem, significa que a massa de ar fria é muito forte, e geralmente provoca geada na região Sul e Sudeste. Essa circulação sul-norte é influenciada pela presença de um caudal de ventos fortes situados a cerca de 10 km de altitude (próximo a Tropopausa), e que flui continuamente de oeste para leste, oscilando ao redor do globo. Esse caudal descreve uma senóide, sendo denominado de corrente de jato (jet stream). A posição do jet stream varia continuamente com a radiação solar, fazendo com que as frentes frias avancem mais ou menos pelo continente. Algumas vezes a posição da corrente de jato bloqueia o avanço da massa fria, tornando-a estacionária sobre uma região por alguns dias, causando excessos de chuvas na região do bloqueio, e de estiagem nas áreas imediatamente acima dessa região. Isso explica as enchentes ora no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, ora no Paraná e São Paulo, ora mais acima. Essa circulação geral é extremamente modificada por uma série de fatores ao longo do ano (presença de oceanos e continentes, rugosidade da superfície, entre outros), tendo grande variação temporal e espacial. Um exemplo disso seriam as modificações da circulação devido aos fenômenos El-Niño e La-Niña. 11.6. Circulação e Ventos Locais A CGA, discutida no item anterior, modifica-se acentuadamente na escala de tempo e espaço, devido ao aquecimento diferenciado entre continentes e oceanos, configuração de encostas, sistemas orográficos e topografia. Assim, os ventos de superfície, que são função da circulação geral da atmosfera, podem ser modificados pelas circulações em menor escala, variando tanto diariamente como sazonalmente. Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 310 11.6.1. Brisas Terra-Mar Ocorrem devido às diferenças de temperatura e pressão entre a terra (Continente) e Mar (Oceano), na escala diária, formando uma célula de pequena circulação. Durante o período diurno ocorre a Brisa Marítima, sentido Mar-Terra, porque o Mar, demora mais para se aquecer (alto calor específico da água), torna-se um centro de alta, e a Terra ao se aquecer mais rapidamente (baixo calor especifico) torna-se um centro de baixa pressão, e faz com que o vento escoe do Mar para a Terra (Figura 11.6a). Mas durante a noite, o sentido da brisa muda sendo da Terra para o Mar (Brisa Terrestre), porque a Terra se resfria mais rapidamente do que as águas do Mar, invertendo os centros de alta e baixa pressão (Figura 11.6b). Figura 0.6. Representação esquemática das Brisas marítima (a) e terrestre (b). Fonte: http://www.estacao.iag.usp.br/didatico/index.php. Esse mecanismo existe, também, em escala anual (sazonal) que envolve oceano e continente, com circulação na superfície ocorrendo do oceano para o continente na estação quente (Verão), e o contrário na época fria (Inverno), constituindo as monções. A influência das monções é maior sobre o regime de chuvas do que sobre o de ventos, pelo transporte de vapor d’água do Oceano para o Continente. Embora os sistemas de monções ocorram em várias regiões os mais conhecidos são os do subcontinente Indiano até o sudeste asiático (oceano Índico), sendo que a agricultura dessa região depende da regularidade das chuvas, que têm efeito sazonal pronunciado. Deve ser ressaltado que a brisa terrestre e marítima não só ocorre em litorais, mas pode ocorrer perto de lagoas e rios de grande extensão. (a) (b) Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 311 11.6.2. Brisas de Montanha e de Vale Ocorrem devido às diferenças de temperatura entre pontos em distintas localizações do relevo. Durante o dia forma-se a Brisa de Vale (anabática), porque em virtude do aquecimento a tendência do ar é subir (Figura 11.7a). Durante a noite forma- se a Brisa de Montanha (catabática), em decorrência do escoamento do ar frio, mais denso, para as baixadas (Figura 11.7b). Figura 0.7. Representação esquemática das Brisas de Vale (a) e de Montanha (b). Fonte: http://www.estacao.iag.usp.br/didatico/index.php. É muito comum quando o ar se desloca em direção ao topo da montanha, ele se condensa na forma de nuvens Cumulus. 11.6.3. Vento Foehn ou Chinook São ventos fortes, quentes e secos, que se formam a sotavento das montanhas, escoando encosta abaixo (Figura 11.8). Esse fenômeno se dá em regiões montanhosas, onde o ar quente e úmido sobe pela encosta, resfriando-se em decorrência da diminuição de pressão e redução da temperatura com a altitude. Acima de um determinado nível ocorre condensação, havendo formação de nuvens, com ocorrência de chuva. Após atingir o topo da montanha, o ar desce pela outra encosta (sotavento) com baixa umidade, o que provoca um aquecimento maior do que o resfriamento da subida. Esse fenômeno é também chamado de “sombra de chuva”, pois os totais de chuva são maiores a barlavento em relação à sotavento. (a) (b) Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 312 Figura 0.8. Ventos Foehn ou Chinock. Fonte: Sentelhas & Angelocci (2012). 11.7. Efeitos do Vento Em vista das escalas discutidas acima, o vento tem efeitos favoráveis e desfavoráveis, dependendo da circunstância de sua ocorrência, como veremos a seguir. 11.7.1. Efeitos Favoráveis Entre os efeitos favoráveis destaca-se a atuação do vento como agente de transporte de algumas propriedades, tais como: Distribuição de calor de regiões mais quentes para as mais frias; Distribuição de vapor d’água de regiões mais úmidas para as mais secas; Dispersão de gases e partículas suspensas no ar diminuindo suas concentrações, sendo muito importante no inverno; Remoção de calor de plantas e animais durante as épocas quentes; Remoção (renovação) de ar próximo às plantas mantendo o suprimento de CO2 para as folhas durante a fotossíntese; Dispersão de esporos, sementes, pólen, facilitando a diversificação das espécies; Remoção de vapor d’água próximo às plantas, interferindo na taxa de transpiração. Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 313 11.7.2. Efeitos Desfavoráveis Ventos intensos e contínuos resultam em danos, pois causam: Erosão eólica e deformação da paisagem; Eliminação de insetos polinizadores; Desconforto animal, devido à remoção excessiva de calor, fazendo com que o metabolismo fique acelerado para produzir calor e manter a temperatura corporal constante, diminuindo o ganho de peso; Deformação de plantas; Abrasão de partículas do solo danificando tecidos vegetais; Fissura dos tecidos vegetais pela agitação contínua, permitindo a penetração de microorganismos; Desfolha por efeito mecânico do vento; Aumento da transpiração, e caso as raízes não extraiam água do solo na mesma taxa haverá fechamento dos estômatos; Fechamento dos estômatos resultará em queda na taxa de fotossíntese; Para manter as taxas de transpiração e fotossíntese, a planta desenvolve sistema radicular profundo, o que resulta em redução do crescimento da parte aérea (nanismo); Para minimizar a perda de água por transpiração a planta reduz a área foliar (folhas pequenas e em menor número) o que resulta em redução na taxa de fotossíntese; Parte da energia armazenada (produzida) pela fotossíntese é destinada aos processos de reconstrução dos tecidos danificados, diminuindo, assim, a energia disponível para crescimento e desenvolvimento; A agitação pelo vento acelera o metabolismo (respiração). Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 314 Segundo Pereira et al. (2007) em consequência do efeito desfavorável, em geral, plantas submetidas continuamente a ventos de 10 km/h ou mais, apresentam: Redução no crescimento e atraso no desenvolvimento (Figura 11.9); Internódios menores e em menor número; Nanismo da parte aérea; Menor diâmetro; Menor número de folhas; Folhas menores e mais grossas; Menor número de estômatos por área foliar e estômatos menores, resultando em redução de produtividade. Figura 0.9. Efeito do vento sobre plantas de tomate. Fonte: Pereira et al. (2007). Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 315 11.7.3. Práticas Preventivas contra Efeitos Desfavoráveis do Vento Escolha de Local Ao se instalar uma cultura, ou atividade agropecuária, dentro de uma propriedade agrícola, se possível, deve-se escolher as áreas da propriedade com menor incidência de ventos frios, contínuos e intensos. Nas regiões Sul e Sudeste devem-se evitar os terrenos com faces voltadas para o sul, sudeste e sudoeste, que são as faces onde a predominância de incidência é dos ventos de sudeste e também pelos ventos frios provenientes da entrada de frentes frias. No caso de abrigos zootécnicos, não deve ter portas ou janelas voltadas para o sul. Essas recomendações acima podem mudar em função da topografia do local. Uso de Quebra-Ventos (QV) Os QV são estruturas físicas, altas que servem para reduzir a velocidade do vento a níveis suportáveis pelos seres vivos. Utiliza-se como QV plantas de porte maior do que aquelas que se quer proteger. Outras estruturas como telados (sombrite) e ripados também são utilizadas como QV. Os QV servem tanto para proteção vegetal como animal, e ajudam também na contenção de dunas, minimizando o processo de desertificação, principalmente em regiões planas. Os QV podem ser formados de vegetais ou artificiais (Figura 11.10): • Vegetais: utilizados para grandes áreas: Temporário: plantas anuais ou semiperenes. Ex.: milho, sorgo, cana-de-açúcar, bananeira, capim. Permanente: árvores. Ex.: grevillea, eucalipto, pinus, seringueira. Misto: combinação de árvores e plantas anuais. Ex.: grevillea e milho. • Artificiais: utilizados para plantas de pequeno porte em cultivo intensivo e com alto valor econômico: Temporário: depende da durabilidade do produto empregado. Ex.: sombrite e ripados. Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 316 De acordo com resultados experimentais, Pedro Jr. et al. (1998) mostraram que foi eficiente o uso de sombrite (malha de 50%, altura de 4m e comprimento de 40m) como quebra-ventos para proteção da cultura da videira, em Jundiaí, SP. Houve redução na velocidade dos ventos na ordem de 50% a 4m do QV, 40% a 8m do QV, e 30% a 16m do QV. Além disso, houve aumento de 15 a 30% na produtividade, e de 22% na área foliar da cultura, quando comparada com videira em área não protegida. Figura 0.10. Tipos de quebra-ventos: a) vegetal; b) artificial (sombrite). Fonte: Pereira et al. (2007). 11.8. Importância Agroecológica do Vento O ambiente em que as plantas e animais crescem nem sempre é o ideal ou ótimo para sua produção. Várias são as condições adversas do clima que interferem no seu crescimento e desenvolvimento. A manipulação do solo, a irrigação e o uso de ambientes parcialmente protegidos são algumas das técnicas utilizadas com a finalidade de alterar o microclima de um local, proporcionando melhores condições para a produção. O vento é um elemento do clima que influi diretamente no microclima de uma área, e assim, influencia no crescimento de culturas e animais, tendo tanto efeitos favoráveis como desfavoráveis. Ventos excessivos e contínuos representam um grande problema nas áreas rurais, sendo necessária a proteção de culturas agrícolas, principalmente, através da utilização de quebra-ventos, sejam eles naturais ou artificiais, para que as atividades agrícolas sejam viáveis. Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 317 11.9. Variação Diária e Anual do Vento Devido à velocidade do vento ser diretamente proporcional aos valores do balanço de radiação, a mesma é maior durante o dia. Com o início da noite a velocidade do vento começa a diminuir. Ao nascer do sol, onde o balanço de radiação passa de negativo para positivo, ocorre um período de baixas velocidades do vento (Figura 11.11). Figura 0.11. Exemplo de Variação Média Horária da Velocidade do Vento. Fonte: Tubelis & Nascimento (1980). Este padrão diário da massa de ar se desloca lentamente ou está estacionária sobre o local. Caso o local esteja sob influência de uma massa de ar com considerável velocidade de deslocamento, o curso diário é definido pela posição do local em relação ao centro da massa de ar. À medida que o centro se aproxima do local, a velocidade do vento diminui, ocorrendo calmaria quando o centro da massa de ar passa pelo local. Contudo, no tocante a variação da velocidade do vento durante o ano, para cada local do Planeta o padrão anual do vento é próprio de cada localidade, dependendo do domínio dos diversos centros de pressão existentes. Por exemplo, para o Sudeste do Brasil, a velocidade média dos ventos atinge valores máximos na primavera e mínimos no outono. Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 318 Ao analisar a Figura 11.12, no Rio de Janeiro os máximos valores ocorrem em novembro e os mínimos em junho. As velocidades médias mensais situam-se entre 2,7 a 3,9 m/s e média anual de 3,2 m/s. Figura 0.12. Exemplo de variação anual da velocidade do vento para duas cidades da região sudeste do Brasil. Fonte: Tubelis & Nascimento (1980). 11.10. Escala de Beaufort A Escala de Beaufort classifica a intensidade dos ventos, considerando a sua velocidade e os efeitos resultantes das ventanias no mar e em terra. Foi estabelecida pelo meteorologista anglo-irlandês Francis Beaufort em 1806. No ano de 1830, a escala de Beaufort já era amplamente utilizada pela Marinha Real Britânica. A escala quantifica a intensidade dos ventos, através da velocidade máxima do vento (rajadas) medidos nas estações meteorológicas convencionais (a 10 m de altura), conforme tabela abaixo. Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 319 Tabela 11.2. Valores da Escala de Beaufort para força do vento e seus efeitos. 11.11. Fenômenos MeteorológicosIntensos ligados ao Vento Dentre os principias fenômenos meteorológicos relacionados à intensidade do vento, destacam-se os tornados e os furacões. Um tornado é um fenômeno meteorológico que se manifesta como uma coluna de ar que gira de forma violenta e potencialmente perigosa, estando em contato tanto com a superfície da Terra como com uma nuvem cumulonimbus (Cb) ou, excepcionalmente, com a base de uma nuvem cumulus. Sendo um dos fenômenos atmosféricos mais intensos que se conhece, os tornados se apresentam sob várias formas e tamanhos, mas geralmente possuem formato cônico, cuja extremidade mais fina toca o solo e normalmente está rodeada por uma nuvem de pó e outras partículas. A maioria dos tornados apresentam ventos que chegam a velocidades entre 65 e 180 km/h, mede aproximadamente 75 m de altura e translada- se por vários metros, senão quilômetros, antes de desaparecer. Os mais extremos podem ter ventos com velocidades superiores à 480 km/h, medir até 1,5 km de altura e permanecer no solo, percorrendo mais de 100 km de distância (Figura 11.13). Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 320 Dentre as diversas classificações existentes para determinação da intensidade dos tornados, a escala Fujita é uma das mais aceitas, sendo utilizada desde 1971. Esta escala é utilizada para medir a intensidade dos tornados, avaliando-os pelos danos causados, mas tem sido substituída em alguns países por uma nova versão da escala, a escala Fujita melhorada. Um tornado F0 ou EF0, o mais fraco da categoria, danifica árvores, mas não estruturas de grande porte. Já um tornado F5 ou EF5, o mais forte da categoria, consegue arrancar edificações de suas fundações e podem danificar seriamente arranha-céus. Figura 0.13. Foto mostrando a atuação de um tornado. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Tornado#mediaviewer/File:F5_tornado_Elie_Manitoba_2007.jpg. Outro fenômeno relacionado a grande intensidade do vento é o furacão. O furacão é um ciclone (uma depressão) tropical de forte intensidade. É um sistema formado por grandes tempestades e é caracterizada por ser uma região onde a pressão atmosférica é significativamente menor e a temperatura é ligeiramente maior do que suas vizinhanças. É uma área de baixa pressão atmosférica com uma circulação fechada de ventos e diferencia-se dos ciclones extratropicais por ter um núcleo quente e um centro bastante definido em sistemas mais intensos, conhecido como olho (Figura 11.14). Dependendo de sua localização geográfica e de sua intensidade, pode ganhar várias outras denominações, tais como tufão, depressão tropical ou simplesmente ciclone. Ele pode estender-se até 2.000 km de diâmetro e alcançar ventos de até 300 km/h Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 321 Figura 0.14. Imagem de Satélite mostrando a atuação do furacão Catarina no litoral de Santa Catarina (Brasil). Fonte: http://visibleearth.nasa.gov/view_rec.php?id=6288 Escala de Furacões de Saffir-Simpson É uma escala que classifica os furacões segundo a intensidade do vento, desenvolvida em 1969 por Herbert Saffir e Bob Simpson. As categorias são definidas abaixo. Categoria Velocidade do vento (km/h) 1 119 - 153 km/h 2 154 - 177 km/h 3 178 - 209 km/h 4 210 - 249 km/h 5 ≥ 250 km/h Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 322 11.12. Instrumentos Medidores e Registradores de Vento O vento é medido e registrado por meio de instrumentos conhecidos como anemômetros, cataventos e anemógrafos. As unidades utilizadas são: metro por segundo (m/s), quilômetro por segundo (km/s), quilômetro por hora (km/h), milha por segundo (mi/s), milha por hora (miph) e nós (Varejão-Silva, 2006). O anemômetro mede a velocidade do vento (em m/s) e, em alguns tipos, também a direção (em graus). O anemógrafo registra continuamente a direção (em graus) e a velocidade instantânea do vento (em m/s), a distância total (em km) percorrida pelo vento com relação ao instrumento e as rajadas (em m/s). 11.12.1. Medidores Catavento de Wild Finalidade: Medir a velocidade e a direção do vento no momento da observação (Figura 11.15). Constituição: O catavento é constituído por um detector da direção e um indicador da velocidade do vento. Esses sensores, chamados de placa regular e conjunto haste-aletas (uma haste horizontal orientada por um par de aletas), instalados na extremidade de um mastro são os órgãos sensíveis do catavento. Funcionamento: A velocidade do vento é dada pela posição da placa retangular móvel, em relação a escala de 8 pinos colocados sobre um arco de metal e a leitura é realizada na escala de 8 pinos, conforme o quadro abaixo. Pino n° 1 2 3 4 5 6 7 8 Velocidade (m/s) 0 2 4 6 8 11 14 20 A direção do vento é dada pelo conjunto haste-aletas em relação a quatro hastes fixas que indicam os pontos cardeais (N, S, E e W). Leitura: As leituras, tanto da velocidade quanto da direção são visuais e são feitas diariamente em todas as observações. Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 323 Instalação: O catavento é instalado a 6 m de altura, contando do centro da placa retangular. Figura 0.15. Catavento de Wild. Fonte: http://www.dca.iag.usp.br/www/estacao/Instrumentos.htm. Anemômetro de Canecas. Finalidade: Utilizado para medir a velocidade e a direção vento. Constituição: Consiste em um rotor com 3 ou 4 conchas hemisféricas que aciona um mecanismo onde é instalado um sensor totalizador ou eletrônico. A vantagem deste sistema é que ele independe da direção do vento, e possui um dispositivo de alinhamento, conforme Figura 11.16. Funcionamento: A velocidade do vento é obtida pelo giro do conjunto das 3 ou 4 conchas que estão ligadas a um único eixo. A direção do vento é obtida pelo conjunto haste-aletas. As leituras são feitas em um mostrador. Leitura: As leituras, tanto da velocidade quanto da direção são feitas diariamente em todas as observações. Instalação: O anemômetro de canecas é instalado a 10 m de altura (órgão sensível) e o mostrador deverá está abrigado e a 1,5 m do solo. Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 324 Figura 0.16. Anemômetro de Canecas. Fonte: http://www.meteo6.com/anemometri1_ita.htm. Anemômetro Ultrassônico Finalidade: Medir a velocidade e a direção do vento em uma, duas ou três dimensões, com uma qualidade de dados elevada (resolução e frequência de medição). Constituição: Ele é projetado para emitir pulsos ultrassônicos entre os transdutores opostos, a fim de medir o efeito de um meio de vento em energia mecânica de vibrações acústicas (Figura 11.17). Funcionamento: Através de ondas sonoras, a velocidade do som varia segundo temperatura do ar (t, ºC), pressão do vapor d´água (e, kPa) e pressão atmosférica (p, kPa), realizando medidas de alta frequência (várias medições por segundo). Três conjuntos de emissores e receptores nas direções x, y e z são usados para determinar as componentes ortogonais da velocidade do vento simultaneamente (duas horizontais e uma vertical). Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 325 Leitura: As leituras, tanto da velocidade quanto da direção são realizadas com boa exatidão e resposta rápida e feitas normalmente por segundo. Instalação: O anemômetro é instalado em torres micrometeorológicas, para diversas aplicações. (a) (b) Figura 0.17. Procedimento matemático (a) e foto do Anemômetro Ultrassônico(b). Fonte: http://nossoclima-inmet.blogspot.com.br/2011/11/instalacao-de-uma-estacao-meteorologica.html. Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 326 11.12.2. Registradores Anemógrafo Universal Finalidade: Registrar a velocidade e a direção do vento, fornecendo informação gráfica e contínua de todas as variações do vento (Figura 11.18). Constituição: O anemógrafo é constituído por um conjunto de 3 ou 4 conchas ou canecas ligadas a um único eixo e por um conjunto haste-aletas (uma haste horizontal orientada por um par de aletas). Funcionamento: É composto de um tambor de relojoaria, 4 penas e um diagrama. O diagrama do anemógrafo é denominado de anemograma e é diário. Para registrar são utilizadas 4 penas: uma pena para registrar a velocidade instantânea, outra usada para registro da velocidade percorrida ou acumulada e 2 penas para o registro da direção (cada uma atua nas direções correspondentes a metade da rosa- dos-ventos, N-E-S e S-W-N). Anemograma: O Anemograma é trocado diariamente antes da primeira observação (12:00 h GMT). Instalação: O anemógrafo é instalado a 10 m de altura e a unidade registradora deverá estar abrigada e a 1,5 m do solo. Figura 0.18. Anemógrafo Universal. Fonte: http://www.galeon.com/osniurkis/medicionvel2.htm. Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 327 Referências do Capítulo AHRENS, D.C. 2005. Essentials of Meteorology (An invitation to the Atmosphere).4ª edition, 443p. PEREIRA, A. P.; SENTELHAS, P. C.; ANGELOCCI, L. R., 2007. LCE METEOROLOGIA AGRÍCOLA. (Edição Revista e Ampliada), ESALQ/USP. TUBELIS, A.; NASCIMENTO, F. J. F., 1980. Meteorologia Descritiva: Fundamentos e Aplicações Brasileiras. São Paulo: Nobel, 374p. VAREJÃO-SILVA, M.A., 2006. Meteorologia e Climatologia. Versão Digital. Acesso: www.asasdaamazonia.com.br/.../Meteorologia_Climatologia.pdf. 552p. VIANELLO, R. L.; ALVES. A. R., 2002. Meteorologia Básica e Aplicações. Viçosa, Universidade Federal de Viçosa, 2ª Reimpressão, 449p. Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 328 Exercícios Resolvidos Teóricos 1) Cite as forças que atuam no vento: Resposta: A força do Gradiente de Pressão, força de Coriolis e força de atrito. 2) Cite algumas práticas para reduzir os efeitos dos ventos: Resposta: Evitar as faces do terreno mais atingidas pelos ventos; Construção de quebra- ventos arbóreos; Construção de cercaduras e plantios de culturas intercalares. Práticos 3) Sabendo-se que placa de um catavento Wild instalado a 10 m de altura, estava posicionada sobre o pino 3, qual seria a velocidade estimada do vento em Km/h a 2 m de altura? 7 1 1 2 1 2 z z V V 71 2 104 1 V 7 1 5 4 1 V 26,1 4 1 V 26,1 4 1 V smV /17,31 hkmhkmsm /42,11/6,3/17,3 4) A velocidade do vento a 5 m de altura era de 8 m/s. Pergunta-se: (a) Qual seria a velocidade do vento a 10 m de altura 7 1 1 2 1 2 z z V V 71 5 10 8 2 V 7 1 2 8 2 V 10,1 8 2 V smV /80,82 Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 329 Exercícios Propostos 1) O que é direção predominante? Cite os fatores que condicionam a predominância do vento em determinada direção: 2) Qual a velocidade do vento a 2 m de altura, sabendo-se que sua velocidade a 10 m de altura foi de 4,5 m/s? 3) Qual a velocidade do vento em km/h a 3 m de altura, sabendo-se que sua velocidade a 10 m de altura foi de 11 m/s?
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