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9
CENTRO UNIVERSTÁRIO ESTÁCIO DE SÃO PAULO
PEDAGOGIA
ANTONIA MARIA BRAGA DA SILVA
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NAS SÉRIES INICIAIS
SÃO PAULO
2018
ANTONIA MARIA BRAGA DA SILVA
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NAS SÉRIES INICIAIS
Trabalho de conclusão de apresentado ao Centro Universitário Estácio de São Paulo como pré-requisito para obtenção parcial de grau licenciada em Pedagogia sob orientação da professora Maria Luiza Arruda.
SÃO PAULO
2018
ANTONIA MARIA BRAGA DA SILVA
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NAS SÉRIES INICIAIS
Trabalho de conclusão de apresentado ao Centro Universitário Estácio de São Paulo como pré-requisito para obtenção parcial de grau licenciada em Pedagogia sob orientação da professora Maria Luiza Arruda.
 São Paulo,
Banca Examinadora
______________________________________________________
Prof(a).
_________________________________________________
Prof(a). 
_________________________________________________
Maria Luiza de Arruda
SÃO PAULO
2018
Dedico este trabalho aos meus avôs maternos.
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao Centro Universitário Estácio de São Paulo.
À Banca Examinadora.
À Professora Maria Luiza Arruda por sua orientação e dedicação.
Ao meu esposo por todo o incentivo.
“Loucura é querer resultados diferentes
 “Fazendo tudo exatamente igual.”
 ALBERT EINSTEIN
RESUMO
 O assunto abordado no presente trabalho tem sido muito estudado e pesquisado, mas acredito que poucos docentes têm atentado para o uso de recursos que podem auxiliar de maneira extraordinária o processo de alfabetização, no caso, os jogos e brincadeiras. Através deste trabalho pretendo mostrar que aprender a ler e escrever podem ser tarefas prazerosas e não enfadonhas, que a sala de aula pode e deve ser um lugar que a criança se sinta pertencente. No primeiro momento falamos sobre a alfabetização e letramento, aprofundamos o assunto se tratando das séries iniciais e apresentamos propostas lúdicas sabendo fará toda a diferença que a sala de aula se torne um ambiente alfabetizador e letrado nas séries iniciais. Acreditamos que o assunto abordado servirá de reflexão para quem já tem muitos anos a área e para quem vai ingressar e deseja um fazer diferente, inovador, levando em consideração que o lúdico é fundamental para o desenvolvimento da criança, sabendo que a mesma é um ser criativo, pensante e muito ativo.
PALAVRAS-CHAVE: Alfabetização, Letramento, Ludicidade e Aprendizagem. 
INTRODUÇÃO	
Este trabalho tem como alvo ressaltar a importância de usar jogos e brincadeiras como recursos didáticos no processo de alfabetização nas séries iniciais e como se dá esse processo de alfabetização e letramento. Sob esse olhar, acentuamos que o brincar é algo próprio da criança, aliás, é o que melhor ela sabe fazer. Quando se estabelece uma relação entre o aprender e o brincar a aprendizagem acontece de forma prazerosa, e esse processo árduo de aprender pode se tornar mais leve. Inserir esses recursos tornará o ambiente mais acolhedor, pois a criança não estará abrindo mão de sua essência. O modelo de ensino tradicional vem sendo rompido, porém a aprendizagem lúdica é mais uma teoria que uma prática vivenciada. Aprender a ler e escrever muitas vezes se torna uma tortura para a criança, mas não precisa ser assim. A criança precisa de um espaço favorável ao seu aprendizado e ferramentas que lhe permita fazer, experimentar, errar, descobrir, acertar, vivenciar, criar... O professor é o responsável por reunir elementos que motivem seus alunos e oferecer aos mesmos uma aprendizagem significativa. O trabalho apresenta conceitos de como se dá a alfabetização, o nível de desenvolvimento da escrita que é o processo que a criança vive até que se aproprie da mesma segundo Emília Ferreiro, e como realizar um ambiente alfabetizador. 
	Partimos do princípio que aprender a ler e escrever não é mera decodificação e registro de letras, palavras e frases, vai além do que registramos no papel, ou em qualquer outro veículo de comunicação. Contudo, observa-se que os professores ainda enfatizam as práticas citadas acima no cotidiano escolar. Observamos que os primeiros contatos com a leitura e a escrita ainda não são vistas no ambiente educacional como fonte de prazer, como propulsores da capacidade criativa e reflexiva dos alunos desde tenra idade. As necessidades das crianças atualmente são diferentes das crianças que aprendiam com a cartilha e o b+a: ba. Atualmente elas têm muitos estímulos que podem fazer da escola um fardo caso não haja uma reflexão por parte do professor em sua prática. A escola tradicional centra em transmitir os conteúdos, muitas vezes de maneira insignificativa, dificultando o aprendizado eo interesse em querer aprender. O professor tornar suas aulas significativas para o aluno despertando nele a paixão pelo conhecimento. Os alunos precisam vivenciar atividades que tenham caráter lúdico. A ludicidade é um assunto que vem ganhando espaço cada vez mais por reconhecer que é algo essencial para a criança por trazer uma nova proposta de ensino diferente da que fomos ensinados.
	A autora Marlene Carvalho (2012, p.17) explica que não existe uma receita para alfabetizar e cita que professores maduros mesmo tendo uma base tradicional são capazes de fazer adaptações, criar recursos e inovar em sua prática. A autora fala sobre variados métodos de alfabetização fazendo observações sobre o mesmo. Aborda a questão do letramento, no sentindo de saber usar a escrita e leitura na vida social, apresentando sugestões para a formação de sujeitos efetivamente letrados. 
Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998) enfatiza vários fazeres para uma prática que envolva a essência do mundo da criança, relata que um ambiente alfabetizador é aquele que dá condição para o indivíduo viver experiências reais, tendo a oportunidade de vivenciar uma aprendizagem significativa. 
Segundo Silvia Colello (2014, p.103), para aquele que se propõe a alfabetizar encontrará muitos desafios, ressalta, porém, que quando o professor rompe com o artificialismo pedagógico tudo se torna possível, pois, a criança não pode se distanciar do seu mundo.
	A pesquisa tem como objetivo geral propor uma reflexão sobre a necessidade de alfabetizar e letrar de maneira lúdica, usando os jogos e brincadeiras como estratégias na mediação do aprendizado, contribuindo assim, um ambiente alfabetizador facilitando a aprendizagem.
	Decidi escrever sobre o tema por sentir que precisava de um maior conhecimento na área, visto que como pedagoga pretendo trabalhar de maneira atrativa com os alunos, despertando neles a paixão para aprender e socializar esse aprendizado e o prazer em estudar, e por entender o quanto o processo de alfabetização e letramento são importantes nas séries iniciais. A criança, mesmo ser ter ido à escola pode ser considerada uma pessoa letrada e a alfabetização é a base de um mundo de descortinará diante dela, um processo que exigirá dedicação e muito trabalho por parte do professor. O trabalho apresenta conceitos de como se dá a alfabetização, o nível de desenvolvimento da escrita que é o processo que a criança vive até que se aproprie da mesma segundo Emília Ferreiro, e como realizar um ambiente alfabetizador.
CAPÍTULO I – ALFABETIZAÇÃO
 A autora Marlene Carvalho diz que diferentes teorias da aprendizagem buscam explicar como a criança aprende. Elas assimilam e associam, é observado e estudado a ação da criança sobre o objeto de conhecimento, e a interação da mesma com o objeto de conhecimento sendo intermediado por outros sujeitos. Essas teorias se fundamentamou condenam alguns métodos de técnicas da alfabetização. Segundo a autora alfabetizar é uma reponsabilidade que assusta e preocupa pois família e colegas de trabalho aguardam os resultados; reputação valiosa ganha aquele que tem êxito, porém para quem fracassa não há uma boa expectativa para o ano seguinte.
 Existem algumas hipóteses sobre o porquê de muitos professores considerarem difícil alfabetizar. Uma delas é o excesso de alunos por classe, de 28 a 30, cada um com sua particularidade, seu ritmo de aprendizagem próprio, sua dificuldade. Os ritmos de aprendizagem têm uma grande variedade, assim como experiências anteriores dos alunos com a escrita e a leitura. A turma tem vida social intensa, vigorosa, amizades se constroem e se desfazem. Há muitos conflitos e disputas entre os alunos e a professora além de ensinar a ler e escrever deve ainda ser mediadora, juíza, apaziguadora, estimuladora e ainda se preocupa com a integridade física do aluno diz a autora. A harmonia na sala de aula é uma preocupação, assim como outros questionamentos: Como alfabetizar? O que usar?
A partir de 1980 o construtivismo tem sido bastante divulgado e tem sido destaque nos cursos de formação inicial e continuada. Baseados no construtivismo de Jean Piaget, Emília Ferreiro e seus colaboradores forneceram uma base teórica para a compreensão de como as crianças aprendem a língua escrita, mas não propuseram recomendações metodológicas ficando então esse assunto para a didática da alfabetização. 
A metodologia não é sob a vista do construtivismo a questão central, mas quem se propõe alfabetizar, independente se está baseado no construtivismo ou não, precisa ter um conhecimento básico sobre os princípios teóricos metodológicos da alfabetização, já que não há um método milagroso eficiente para todos. A maioria dos professores experientes trilham seu próprio caminho: A partir de um método tradicional, adapta, cria recursos para inovar em sua prática pedagógica buscando um aprendizado significativo e prazeroso, considerando que a geração do século XXI está á frente do seu tempo. Não são apenas os alunos que constroem o conhecimento, mas para os professores também há lugar para inovação e criatividade e de refletir sobre sua prática. A autora destaca a importância de o docente ter o domínio da prática, por meio da qual os professores modificam, enriquecem o que aprenderam teoricamente, valendo-se da experiência e da observação. Dentro dessa perspectiva é que passa em revista os métodos de alfabetização.
A autora Magda Soares diz que a origem do termo alfabetização tem como significado “levar à aquisição o alfabeto”, ou seja: ensinar o código da língua escrita e as habilidades de ler e escrever. A alfabetização é um processo de representação de grafemas e fonemas, e vice-versa, mas também é um processo de compreensão e expressão de significados por meio do código escrito. A autora diz que o conceito de alfabetização pode depender de características culturais, econômicas e tecnológicas e que a alfabetização é um conjunto de habilidades fazendo-a assim muito complexa, daí o motivo para ser estudada por diferentes profissionais que focam em uma dessas habilidades. A autora destaca que uma teoria coerente da alfabetização teria que exigir uma conexão e incorporação dos estudos e pesquisas a respeito de suas diferentes facetas; facetas estas que se referem ás perspectivas psicológicas, psicolinguística, sociolinguística e linguística do processo. 
 Tem predominado nos estudos e pesquisas de alfabetização a perspectiva psicológica. Estudam-se os processos psicológicos considerados essenciais como pré-requisitos para alfabetização, e os processos psicológicos por meio dos quais a pessoa aprende a ler e escrever. Essa forma de ver a alfabetização dominou durante muito tempo os estudos e as pesquisas na área e foi dominada pela ênfase nas relações de inteligência (QI) e alfabetização, tratando também das relações entre os aspectos neurológicos e fisiológicos, diz a autora; que mais recentemente o foco da análise psicológica da alfabetização passou a fazer abordagens cognitivas. A autora cita Emília Ferreiro que vem investigando sobre os estágios de conceitos da escrita e o desenvolvimento da “lecto-escrita” na criança. Sob esse olhar, o sucesso ou fracasso da alfabetização tem relação com o estágio de compreensão da natureza simbólica da escrita em que a criança se encontra.
A autora diz que a perspectiva cognitiva da alfabetização tem uma grande aproximação dos estudos psicolinguísticos a respeito da leitura e escrita e podem ser até confundidos. Explica a autora que os estudos psicolinguísticos dão ênfase para a análise de problemas como por exemplo a caracterização da maturidade linguística da criança para que possa ler e escrever, dá ênfase também as relações de memória e linguagem, a interação da criança entre a informação não visual e visual no processo da leitura. Olhando sob a perspectiva sociolinguística, a alfabetização é um processo relacionado com os usos sociais da língua, segundo a autora uma questão fundamental colocada sob essa visão é o problema das diferenças, da variedade linguística. O processo da alfabetização ocorre de maneiras diferentes no país e pesa também o fato de que o processo de alfabetização das classes favorecidas é bem diferente do processo de alfabetização de classes populares, pois, contrário a classe favorecida, dominam geralmente um dialeto distante da língua escrita e têm pouco ou nenhum acesso a material escrito. A autora segue dizendo que é necessário considerar os aspectos políticos e sociais que possibilitam a aprendizagem da leitura e escrita na escola. 
Segundo a autora o processo de alfabetização na escola passa por um sofrimento maior que qualquer outra aprendizagem escolar devido a descriminação que favorece as classes socioeconomicamente privilegiadas. Por suas condições de existência a criança de classes privilegiadas tem mais facilidade de adaptar-se às expectativas da escola, tanto com relação ao padrão culto de língua oral quanto as relações de funções e usos da língua escrita. Em contrapartida, a língua oral culta valorizada e a língua escrita constituem uma linguagem própria bem diferentes das práticas linguísticas das crianças de classes populares e por vezes essas práticas são rejeitadas na escola e atribuídas a um “déficit linguístico”, acrescentado a um “déficit cultural”, mas esses conceitos não se sustentam quer do ponto de vista ideológico ou científico. A autora diz que aprender a ler e escrever para a escola parece significar simplesmente a conquista de um “instrumento” para obter futuramente conhecimentos, a escola não reconhece a alfabetização como forma de pensamento e processo de construção de saber. 
Autora Marlene Carvalho cita que Magda Soares diz que há uma relevância no processo de alfabetização por sua natureza complexa e com muitas facetas e por seus condicionantes sociais, culturais e políticos, devido ao material disponível e também da formação do alfabetizador. 
 “Finalmente, tudo o que foi dito nos permite concluir que a formação do alfabetizador –que ainda não tem sido feito sistematicamente no Brasil- tem uma grande especificidade, e exige uma preparação do professor que o leve a compreender todas as facetas (psicológica, psicolinguística, sociolinguística e linguística) e todos os condicionantes (sociais, culturais, políticos) do processo de alfabetização, que o leve a saber operacionalizar essas diversas facetas (sem desprezar seus condicionantes) em métodos de preparação para a alfabetização e em métodos e procedimentos da alfabetização, em elaboração e uso adequados de materiais didáticos, e, sobretudo, que o leve a assumir uma postura política diante das implicações ideológicas do significado e do papel atribuído a alfabetização.” (p.24,25)
A autora faz menção de um termo pouco conhecido: O Alfabetismo, que segundo a mesma, é entendido como um estado ou condição e tange a um conjunto de comportamentos que seevidenciam por sua variedade e por ser complexo. Uma análise desses comportamentos permite que sejam agrupados em duas dimensões: a dimensão social e individual. Tendo foco na dimensão social o alfabetismo é visto como um fenômeno cultural, fazendo alusão a um conjunto de atividades sociais que envolvem além da língua escrita um conjunto de exigências sociais de uso da língua escrita, ao contrário da dimensão individual onde o alfabetismo é visto como uma particularidade pessoal, alegando a posse individual de habilidades de leitura e escrita.
Uma questão central deriva-se do fato que dois processos diferentes envolvem o alfabetismo: ler e escrever. As habilidades de leitura são diferentes das habilidades da escrita, assim como é considerado diferente os processos de aprendizagem das mesmas. A autora cita que apesar das diferenças, geralmente o alfabetismo é conceituado desprezando as particularidades e diferenças entre leitura e escrita, considerando assim que uma pessoa pode dominar a leitura sem necessariamente dominar a escrita, e que pode saber ler sem escrever; podendo escrever mal e ler muito bem.
	As pesquisadoras Emília Ferreiro e Ana Teberosky partem do princípio de que a obtenção da escrita se baseia no contato e na interação com a mesma, desenvolvendo assim esquemas de assimilação com relação ao objeto escrito em processo contínuo resultante de seu desenvolvimento cognitivo. A escola tem tratado de forma mecânica o ensino da escrita, usa-se técnicas motoras que estão relacionadas ao desenho das letras, a memorização e associação de formas sonoras á formas gráficas. O debate sobre a alfabetização de acordo com as pesquisadoras até então, se limitava a percussão entre os métodos de ensino. Esse debate não explicava os níveis elevados de evasão e repetência nas séries iniciais da escolarização, na escola pública especialmente.
	Autora Marlene Carvalho cita que Ferreiro e Teberosky criticam as práticas alfabetizadoras que buscam definir um método eficaz da escrita e da leitura, as mesmas observam que não é o método que conduz ou que introduz aprendizagem, mas sim, o sujeito da aprendizagem que está no centro do processo. Para essas autoras está bem distinguido o que acontece na cabeça do sujeito que aprende e os passos que um método propõe, e acrescentam que a discriminação auditiva é crucial para a “boa aprendizagem” da escrita. As mesmas opõem-se a idéia do código da escrita como sendo um sistema de representação estabelece-se as particularidades do objeto que é representado. Inicialmente as crianças fazem uma idéia da escrita deformando a representação do objeto por causa do caráter de seus instrumentos cognitivos que possuem esquemas assimilativos que são ainda primitivos. Piaget, Ferreiro e teberosky chegaram à conclusão de que as crianças constroem “hipóteses” ou “teorias” sobre a linguagem escrita que acontecem de forma progressiva e formam o que chamam de níveis ou fases de aquisição. A criança se desenvolve alfabeticamente em um ambiente social, e quando a mesma busca meios para compreender, elas alteram o conteúdo que receberam e isso se faz necessário, transformam a informação para que consigam registrar. Esse é o processo de assimilação na teoria piagetiana. As crianças buscam interpretar os mais variados textos a seu redor (anúncios de televisão, história em quadrinhos, embalagens comerciais, livros, cartazes de rua, etc.). No ato da leitura se concebe um processo de coordenação de informações e seu objetivo é obter o significado manifesto linguisticamente.
CAPÍTULO II - ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NAS SÉRIES INICIAIS
O processo de alfabetização é algo complexo, não podemos ignorar esse fato. Parece simples, mas conhecer as letras e associá-las inclui vários aspectos tais como pedagógicos, linguísticos, psicológicos, sociológicos, emocionais e psicomotores que são responsáveis pela apropriação da língua escrita. Tratar distintamente de cada um dos aspectos citados acima são estudos teóricos para que possamos compreender melhor a realidade; sabemos que na prática eles são inseparáveis por fazer parte de um mesmo processo. Teoricamente a língua escrita tem avançado de forma considerável, mas na prática não há efetivamente um ensino moderno, onde o professor faz a mediação do conhecimento e há prazer em aprender, descobrir, buscar respostas. Muitos professores não conseguem se libertar da sua velha prática, o ensino totalmente tradicional, o que Paulo Freire chama de educação bancária onde o aluno precisa unicamente sentar e decorar tudo o que o professor está ensinando. É um grande desafio o professor se reinventar, entender que os tempos mudaram e que sua prática precisa ser modernizada trazendo o lúdico para sala de aula, saindo de dentro da sala, usando recursos que possam despertar o interesse e a vontade em aprender, um espaço onde o aluno se torne pertencente.
 Não existem fórmulas milagrosas, fórmulas mágicas, cartilhas promitentes que garantam a eficácia de um método ou de outro. Quem se dispõe a ensinar precisa se dispor a aprender, a se aperfeiçoar, dar oportunidade para o novo, buscar novas práticas, conhecer sua sala de aula bem como individualmente os seus alunos e organizar uma forma de melhor atendê-los. A prática pedagógica exige um conhecimento, uma compreensão melhor acerca da criança e de todos os processos que envolvem a aprendizagem, o processo mental de percepção da criança para aquisição da língua escrita. A criança primeiramente precisa aprender que há relação estreita entre a oralidade e a escrita, e em um segundo momento ter a compreensão da diferença, das características e distâncias entre esses sistemas de linguagem diz a autora Silvia Colello (2004). Quando é desconsiderado a hipótese da escrita como transcrição pura sonora da fala, falta somente que haja compreensão da natureza e de como funciona o sistema de representação que é a escrita. Tudo isso precisa ter um significado para a criança que ao entrar na escola tem o domínio da linguagem oral popular, informal e cotidiana e ao se deparar com uma escola que direciona suas atividades todas para a aquisição da linguagem escrita e formal se vê obrigada a abandonar seu universo.
Como já foi dito, o processo de construção e aquisição da língua escrita é uma fase muito complexa porque não é simplesmente ensinar o alfabeto, as famílias silábicas e fazer associação de letras para compor palavras, textos. É necessário que se compreenda como funciona a língua escrita e o modo de usar e não meramente somar pedaços da escrita. 
Autora Marlene Carvalho cita que Ferreiro e Teberosky (1986) descreveram e classificaram as etapas sucessivas de produção de escrita, procurando entender e explicar como funciona o processo de aprendizagem da língua escrita. Juntas concluíram que há quatro momentos básicos pelos quais as crianças em sua maioria passam. São os seguintes:
Escrita pré-silábica: A criança não faz relação entre a pronuncia e a escrita. Sua escrita é expressa através de desenhos, letras usadas de maneira aleatória, faz rabiscos. Para coisas grandes acha necessário usar muitas letras e para as coisas pequenas poucas letras. Aqui, a criança não tem conhecimento das letras convencionais, portanto cria seu próprio jeito de escrever, ou, faz uso de algumas letras, mas sem qualquer valor sonoro.
 Escrita silábica: Aqui há um avanço considerável; a criança descobre, percebe que há uma lógica na forma de escrever e que há relação entre a representação escrita das palavras e as especificidades sonoras das letras, mas pensa que cada letra representa uma sílaba.
Escrita silábico-alfabético: A criança nesse nível compreende o funcionamento da escrita bem como sua organização, mas não tem domínio do sistema alfabético. Nesse nível, ela pode se aproximar tanto da escrita silábica quanto alfabética.
Escrita alfabética: Quando finalmente a criança compreende o valor sonoro de cada letra ela conquista a escrita alfabética, no entanto, se for considerado a ortografia, acentuação, pontuação,parágrafos entre outras particularidades do sistema, há um longo caminho para se percorrer com muitos outros desafios
Segundo a autora Marlene Carvalho cita que Emília Ferreiro (1986) diz que aprendizagem é um processo pessoal porque pode ter muitos estímulos e ainda assim dependerá do indivíduo. É caracterizada a aprendizagem do indivíduo pelas oportunidades de contatos que o mesmo teve ou tenha com a leitura e a escrita. Falando em outras palavras, os passos dados para a aquisição da leitura e escrita depende das circunstâncias, das condições necessárias para experimentar as suas hipóteses, se surpreender e se deparar com motivos para deixar de lado concepções iniciais por novas concepções mais elaboradas e mais próximas do sistema convencional da escrita.
 O processo de alfabetização é longo, e, pedagogicamente falando é de fundamental importância saber como podemos fazer para estimular a evolução das concepções e a testagem das hipóteses. Não podemos esquecer-nos de considerar o potencial de cada indivíduo para que estes evoluam proporcionar-lhes desafios e atividades que o façam refletir sobre sua aprendizagem, suas convicções. Muitos professores em sua prática acabam aprisionando o aluno propondo atividades específicas sem desafios ou dificuldades que não desequilibram as conquistas de suas concepções.
Não podemos esquecer que em cada etapa de evolução e avanços a criança em suas tentativas de acertos ela ‘erra’. Foi no início da carreira de Piaget, diz Silvia Gasparian, que nasceu a tentativa de entender a lógica do erro e sua relação com o construir o conhecimento. A conclusão que a autora chegou após anos de estudos é que existe um grande esforço cognitivo que precisa ser levado em consideração as respostas que julgamos estranhas, respostas essas que a criança apresenta em momentos diferentes da sua evolução.
 Ainda que não estejam corretas ao atentarmos para o padrão convencional de sistema ou comportamento, podemos observar que suas respostas não são ignorantes, com um olhar mais profundo percebemos que há uma lógica, há um porquê para cada ‘erro’. Na verdade, podemos considerar que são construtivos além do que é obviamente natural e vital nesse processo de construir o conhecimento. Acontece com integralmente, com todas as crianças, por isso é natural. E é vital por possibilitar que haja evolução no processo em questão. Então compreendemos o que diz Piaget 1987, p.60-1)
(...) do ponto de vista da invenção, um erro corrigido pode ser mais fecundo que um êxito imediato, porque a comparação da hipótese falsa e suas consequências proporciona novos conhecimentos e a comparação entre erros dá lugar a novas ideias.
 Podemos encontrar-nos mais aspectos mais diversos do conhecimento humano, independente que sejam na esfera pessoal ou no trajeto da humanidade, erros que foram construtivos. Ao atentarmos para a biografia da ciência constatamos que é cheia de passagens onde erros foram essenciais para se chegar a grandes descobertas. Ferreiro diz que ao analisarmos em termos de errado ou certo (com relação ao padrão adulto) os esforços feitos pela criança inicialmente para que haja compreensão, é rejeitar ver os processos e os pensamentos que possibilitam que os resultados sejam avaliados.
 O docente precisa se dispor a compreender como o discente faz a representação ou interpretação da escrita, facilmente irá se deparar com muita criatividade e algo muito singular e particular. Existem muitas concepções na cabeça das crianças que aos poucos vão sendo desconstruídas e dando lugar ao novo, aproximando-se assim da norma padrão. 
Elas conseguem superar concepções que tem e reformular-se. Ao analisarmos a fundo os erros das crianças veremos que eles se sustentam por hipóteses que muitas vezes elas mesmas criaram na tentativa de solucionar seus problemas, e como já ditos antes, são muito criativas e peculiares. 
As metodologias tradicionais de alfabetização pretendiam repreender o erro, mas ao longo do tempo e com muitos estudos, percebeu-se que erros antes soavam de maneira estranha na alfabetização infantil agora pode até ser interpretada como sendo algo genial se atentado para o ponto de vista de conhecimento e avanço linguístico. É um conceito novo do saber, diferente dos convencionais padrões, mas que merecem respeito de forma igual. Alfabetizar é algo complexo... a criança se depara com várias letras maiúsculas e minúsculas, silabas e palavras simples e complexas e outros tantos desafios até que se apropriem definitivamente da linguagem escrita. O grande desafio para a criança é saber usar as informações disseminadas, significativas peças para considerar suas hipóteses. Cada criança de acordo com suas aptidões cognitivas faz proveito das informações que recebem e seus descobrimentos.
As crianças aprendem de maneiras diferentes. Umas levam menos tempo, outras precisam de um tempo mais longo, precisam de estímulos e requerem mais atenção. Não há uma forma única de alfabetizar, predeterminar esse processo é impossível! A autora Silvia Gasparian diz que cabe ao professor alfabetizador o papel de criar oportunidades para o conhecimento e o ciclo que o envolve, através das hipóteses testadas ou a forma infantil de pensar e resolver seus problemas; o nível de dificuldade precisa ser equilibrado. Devem-se propor atividades considerando o que o indivíduo já conseguiu conquistar; considerar o erro cometido pela criança como uma oportunidade para avançar em seus conhecimentos, assegurar durante o processo de alfabetização o aluno tenha condições para descobrir o estreito vínculo entre o fazer e o compreender.
 Uma alfabetização mal dirigida causará prejuízos em uma esfera de extrema importância: a organização que a criança faz do seu próprio pensamento. É fundamental considerar as relações existentes entre o aprendizado e como o aluno, como a criança internamente, processa as informações, e isso vai sendo construído na medida em que a linguagem escrita se caracteriza como uma forma de expressão nova para o indivíduo. É de se lamentar que o ensino tradicional é amparado por suposições ilusórias, que conserva uma forma da ação, que condicionam a didática da ação pedagógica. Desconsideram-se os conhecimentos prévios dos alunos, bem como suas necessidades e linguagens. A Escola Tradicional aplica muitas normas, comportamentos e conteúdos, pois dentro de sua política se acha a responsável por todo o saber, aquela que detém uma verdade sem igual por tanto, indubitável. Os professores iniciam seus trabalhos partindo do princípio que seus alunos são como uma tabula rasa, sem conhecimentos prévios e partem então do ‘marco zero’ de conhecimento, e pensam que seu papel é apenas transmitir conhecimentos, preenchendo cabeças supostamente vazias, esquecem-se completamente de levar em consideração todos os processos cognitivos que aquele que aprende processa. Crianças com idade igual a outras, tem diferentes respostas para uma mesma pergunta e diferentes soluções para o mesmo problema. Mesmo estando na mesma sala de aula, seus saberes são diferentes, talvez tenham iniciado sua vida estudantil na escola com variados níveis de compreensão linguística, e isso também precisa ser levado em consideração. O aluno precisa fazer relação do que está aprendendo com a sua realidade. Muitos não demonstram interesse em estar em uma sala de aula por não conseguirem fazer essa ligação entre teoria e prática, quando tudo começa a fazer sentido, quando começa a compreender que a leitura está em seu cotidiano, e quando se apresenta recursos que despertem o interesse, a paixão por aprender, por descobrir, se descortina um novo mundo diante da criança.
 Existe uma necessidade que o professor conheça seu aluno um pouco melhor, conhecer sua necessidade e os processos cognitivos que são singulares de cada criança, para estudar e/ou fazer adaptações melhores da sua ação e prática pedagógica atendendo como já foi dito as necessidades de cada aluno. Sem esses conhecimentos o professor não conseguirá de um modoeficaz, fazer as intervenções pedagógicas necessárias. 
O professor precisa pensar em como propiciar um ambiente, um clima pedagógico que facilite o processo de aprendizagem, alimentando a curiosidade que naturalmente as crianças nutrem e o prazer em sua nova conquista: ser um indivíduo alfabetizado, e mais que alfabetizado, letrado! Hoje, existe uma preocupação em ir além do código da escrita. Além de conhecer todo o sistema da escrita, é preciso saber fazer uso da mesma. 
O indivíduo é considerado alfabetizado quando consegue ler e escrever, quando domina a tecnologia da escrita, cita Silvia Gasparian, e é considerado letrado quando assume um exercício ativo e eficaz da tecnologia da escrita. A escrita é importantíssima na escola, mas é bem verdade que é fora da escola que será exigido do indivíduo essa ferramenta. O saber ler é importantíssimo, mas muito mais importante é que o aluno aprenda interpretar o que leu. Ter as ferramentas nas mãos não é o suficiente, a diferença está exatamente em saber como usá-las adequadamente. São pequenos detalhes que farão a diferença em todo esse processo na vida do aluno especialmente fora da escola.
 O professor alfabetizador precisa deixar de lado pensamentos que o levem a uma prática pedagógica onde o aluno questione se é relevante ou não o que está sendo lhe apresentado. Muitos alunos não se convencem da importância de tal aprendizado porque o próprio docente não lhe passa segurança, não lhes mostra em que será útil, quando será útil e isso é um dos motivos para que se sintam desmotivados. O professor precisa abrir mão de tanto autoritarismo, do ensino superficial e da aprendizagem nenhum pouco significativa. O professor da atualidade precisa entender que o funcionou no passado hoje pode não ter a mesma eficácia. Hoje, as necessidades são outras! Para a criança é insuportável passar toda uma tarde sentada em uma cadeira ouvindo, muitas vezes, coisas para elas não tem significado algum, coisas que fogem da sua realidade. Não é de admirar, se ao fazermos uma pesquisa nas séries iniciais sobre qual a disciplina que eles mais gostam, eles responderão que Educação Física e Informática. Não é necessário discutirmos os porquês, basta que haja uma reflexão...
 Voltando a falar sobre a alfabetização e o letramento nas séries iniciais, hoje, diferente de algum tempo atrás, as crianças, em sua maioria já tem contato com língua escrita através de diferentes portadores de textos, como por exemplo, embalagens, livros, cartazes, placas, etc., e isso antes mesmo de começarem a frequentar a escola. Elas iniciam seu aprendizado a partir de informações que provém de variados intercâmbios sociais e também de suas ações, isso acontece quando presenciam atos de escrita e leitura diferentes por seus familiares, ao fazerem uma lista de compras, ou agenda telefônica, ao ler um livro de histórias, ao lerem uma receita culinária ou medicamentosa, ao digitar algo no telefone celular, enfim, são muitas as estimulações fora do ambiente escolar. As crianças começam a elaborar hipóteses sobre a escrita através desses contatos intensos. Logicamente depende da importância que a escrita e a leitura tenham no meio em que vivem, da frequência do acesso e qualidade da interação com esse meio. Crianças que vivem em uma família onde o hábito de ler e escrever são marcantes haverá uma facilidade maior de compreensão para elas, diferentes daquelas que não tem em seu cotidiano tais estimulações, ou tem pouco contato. A criança para aprender a ler e escrever, há uma necessidade de que ela entenda não somente o que a escrita representa, mas além disso, de que forma se representa graficamente a linguagem. Com isso, compreendemos que alfabetizar não é desenvolver capacidades referentes à memorização, percepção e muito menos treinar um conjunto de habilidades sensório-motoras.
 São elaboradas pelas crianças várias hipóteses e idéias temporárias antes da compreensão de toda complexidade do sistema escrito, isso, como já mencionado, pode ser diferente mesmo dentro de uma mesma faixa etária, pelo motivo de dependerem da cultura onde estão inseridas e isso envolve as oportunidades ou não de contato com a leitura e escrita. A aquisição da leitura e da escrita é um processo extenso que tem uma ligação muito forte com a participação de sua aplicação em práticas sociais. Quando as crianças têm acesso à uma leitura de qualidade elas estão adquirindo informações culturais que alimentam a imaginação despertando nelas o prazer pelo mundo da leitura. Ler não é decodificar palavras. Existe na leitura uma construção de significado do texto. Ao ouvir ou ler histórias as crianças são enriquecidas por vocabulários. A leitura proporciona ao aluno várias experiências como conhecer outras culturas, outras linguagens e cada criança tem a sua própria interpretação. Tudo isso é possível quando há um clima que seja favorável. Um ambiente onde a criança tenha prazer em estar e sinta à vontade para descobrir, experimentar e aprender.
CAPÍTULO III - COMO REALIZARMOS UM AMBIENTE ALFABETIZADOR E LETRADO NA NAS SÉRIES INICIAIS
 Há várias fontes mediadoras da aprendizagem. A sala de aula, diferente do que muitos pensam, não é o único ambiente de aprendizagens. A aprendizagem existe na relação participativa entre o indivíduo e a cultura que se encontra inserido. O que a criança conhece em sua cultura, muitas vezes é mais atrativo do que a escola... carteiras e mesas sempre enfileiradas, só o professor falando e muitas vezes gritando. Como a criança vai se sentir à vontade de aprender em um ambiente assim? O aprender, o descobrir devem ser tarefas leves, encantadoras, especialmente para o mundo da criança que é cheio de fantasias e sonhos. 
 A criança não é só cabeça, é corpo também! O professor deve lembrar –se que a criança possui além da fala, um conjunto de comportamentos motores quer representa de igual modo uma linguagem própria. A linguagem verbal é uma das muitas formas de comunicação, a linguagem corporal é tão importante quanto. O corpo, igualmente as palavras comunica maneiras de pensar e de ser, formas de interação e de se mostrar presente no mundo. Desconsiderar esses fatos é literalmente desprezar o que há de mais evidente no mundo infantil: a indispensabilidade de movimento e de vivência corporal. Autores como Wallon, Vygotsky e Piaget, compreendem atividade motora como um meio de relacionamento da criança e seu mundo, de adaptação e de transformação.
 A autora Gasparian (2004, p.19-20) enfatiza que o jogo, o movimento, a vivência de sensações e a ação corporal estabelecem uma ligação entre o eu, o mundo e os outros e que este é o primeiro esquema para uma fazer expressivo e mental. A autora menciona também que durante a infância toda, a atividade corporal manifesta nos jogos de expressão como por exemplo dramatização e mímica, atividades da vida cotidiana como saltar, pular, empurrar, puxar, correr, movimentos com características específicas como empilhar, pintar, desenhar, recortar, encaixar, ou mesmo as brincadeiras infantis como queimada, jogos da roda, esconde-esconde, estabelecem meios que são imprescindíveis para o desenvolvimento pessoal no âmbito cognitivo, motor e afetivo. 
 A especialidade da criança é exatamente o brincar, e já sabemos que o brincar tem seu papel fundamental na vida de uma criança. Crianças são enérgicas, precisam movimentar-se e os docentes quando entendem que é uma necessidade da criança, tem um olhar diferente, um olhar crítico sobre como agirá dentro de sua sala de aula, proporcionando para seus alunos um ambiente alfabetizador. Esse ambiente alfabetizador seria quando as crianças participam efetivamente de situações de usos da leitura e escrita. Algumas tarefas podem ser feitas com as crianças, e não em sua ausência como é tradicionalmente feito, podemos citar a preparação de convites para eventos na escola ou reunião de pais, escrever carta para uma criança que está doente, etc., a participação da criança precisa ser ativapara que seja um ambiente realmente alfabetizador.
 Não são enchendo as paredes da sala de aula com textos, letras, etiquetas com nomes dos objetos e móveis e outras imagens que estará construindo um ambiente alfabetizador, e sim, quando à criança é exposta as práticas de leitura e escrita podendo participar em situações na qual seja necessário o uso da leitura e escrita. Para trabalhar nas séries iniciais podemos destacar alguns dos textos considerados adequados para se trabalhar a linguagem escrita, por exemplo, regras de jogos, rótulos, anúncios, cartas, textos impressos em embalagens, bilhetes, cartões de aniversário o de natal, parlendas, canções, trava-línguas, contos, adivinhas, quadrinhas, contos, fábulas, etc. Contar histórias e permitir que eles recontem. Relatos de livros lidos, caça- palavras, forca, cruzadinha, fazer teatros sendo alunos mesmo os atores, e muitas outras formas existem de tirar a criança da situação de tédio na sala se aula.
 Existem vários recursos didáticos que podem auxiliar o professor que facilitarão a aprendizagem dos alunos. O professor deve ir além do uso do material básico que é o caderno e o livro didático. Entre outros, existe o jogo. Ao ensinar usando os jogos o professor estará aplicando o lúdico que é essencial nas séries iniciais, propiciando ao aluno um momento de interação e socialização, e desenvolvendo habilidades, a compreensão de regras... O jogo nesse caso precisa ter um fim pedagógico. Para que a situação do jogo se torne mais prazerosa, é vital que os alunos estejam cientes das regras e tenham compreendido como funciona o jogo. Sempre que houver necessidade o professor poderá fazer as intervenções necessárias para fixação do aprendizado. O professor não somente pode como deve criar ou usar variações de jogos, propondo desafios para que sejam mais atraentes para os alunos com vários níveis de apropriação da escrita alfabética. Os jogos são aliados poderosos para que o educando seja capaz de refletir sobre o sistema da escrita sem que se sintam forçados a executar tarefas monótonas e sem sentido. Enquanto os alunos jogam, tornam mais fixos os conhecimentos, as aprendizagens que já foram realizadas e se apropriam de novos conhecimentos nessa área. Durante o tempo do jogo, tempo em que os alunos brincam e aprendem, há a oportunidade de compreensão sobre como funciona o sistema alfabético e que haja uma socialização de saberes com a turma, ou com colegas. Vejamos alguns jogos que podem auxiliar o professor no processo de alfabetização dos alunos.
Caça-rimas
Meta do Jogo:
Vence o jogo quem localizar corretamente mais figuras cujas palavras rimam com os nomes das figuras que estão numa cartela.
Jogadores: 4 (indivíduos ou duplas)
Componentes:
- 4 cartelas iguais com 20 figuras;
- 20 fichas pequenas com uma figura em cada.
Regras:
- Cada jogador recebe uma cartela.
- As 20 fichas de figuras são distribuídas igualmente entre os jogadores. (Cinco 
 fichas para cada jogador).
- Dado o sinal de início do jogo, cada jogador deve localizar, o mais rápido possível, na sua cartela, as figuras cujas palavras rimam com as das fichas que estão em suas mãos. Cada ficha deve ser colocada em cima da figura correspondente na cartela.
- O jogo é finalizado quando o primeiro jogador encontra o par de todas as fichas que recebeu. Esse jogador deve gritar ‘ parou’ e todos devem contar quantas fichas foram colocadas corretamente por cada jogador.
Repertório de palavras usadas no jogo:
 AVIÃO – LEÃO
 RATO – GATO
 FACA – VACA
 JARRO – CARRO
 MAMADEIRA – CADEIRA
 BORBOLETA – CHUPETA
 DINHEIRO – BRIGADEIRO
 GARRAFA – GIRAFA
 OVELHA – ABELHA
 RAINHA – GALINHA
 DENTE – PRESENTE
 PISCINA – BUZINA
 VASSOURA – TESOURA
 MOLA – BOLA
 TIJOLO – BOLO
 ANEL – PINCEL
 JANELA – PANELA
 MEIA – TEIA
 LAÇO – PALHAÇO
 LUVA – CHUVA
 O jogo acima possibilita ao educando descobrir que diferentes palavras podem apresentar o mesmo ‘pedaço’ sonoro final que é a rima. O professor pode pedir que os alunos falem outras palavras que rimem com os pares por eles encontrados. É interessante pedir ainda que os alunos escrevam as palavras que rimam circulando de cada palavra as partes que possuem as mesmas letras. O aluno precisa perceber que ao mudarmos a sequência das letras haverá mudança no som de cada palavra. Logo depois do jogo, o educador pode usar as palavras do jogo para fazer uma cruzadinha deixando espaços para que os alunos completem com as rimas, o que pode ter apoio de imagens ou não.
Batalha de palavras
Finalidade:
Vence o jogo quem tiver mais fichas ao final.
Componentes:
- 30 fichas com figuras cujos nomes variam quanto ao número de sílabas.
.
Regras:
- As fichas devem ser distribuídas igualmente entre os dois jogadores. Estes as organizam de forma que fiquem com as faces viradas para baixo, uma em cima da outra, formando um monte.
- O primeiro jogador desvira a primeira ficha de seu montinho ao mesmo tempo que o seu adversário também desvira uma ficha do montinho do dele.
- O jogador que desvirar a ficha cuja palavra contiver maior quantidade de sílabas ganha a sua ficha e a ficha desvirada por seu adversário.
- Se duas palavras coincidirem quanto ao número de sílabas, cada jogador deve desvirar mais uma ficha do seu montinho até que haja uma diferença quanto ao número de sílabas. Nesse caso o jogador que desvirar a ficha cuja palavra tiver maior número de sílabas leva todas as fichas desviradas na jogada.
- O vencedor será quem, ao final do jogo, conseguir ficar com o maior número 
 de fichas. 
 Uma atividade indispensável para os alunos que estão sendo alfabetizados é poder contar quantas sílabas tem as palavras e comparar o tamanho das palavras. O aluno vai tomando consciência de que as palavras são formadas por unidades silábicas. Os alunos terão oportunidade de observar por quantas letras são formadas as sílabas, especialmente deve-se enfatizar isso para alunos que pensam as sílabas são formadas apenas por uma letra. Esse jogo pode ser usado para que os alunos segmentem as palavras em sílabas.
Troca Letras 
Meta do jogo:
Ganha o jogo quem acertar a maior quantidade de palavras formadas a partir da troca de letra.
Jogadores: 2, 3 ou 4 grupos
Componentes:
- Um quadro de pregas
- 20 fichas com figuras (10 pares de figuras cujas palavras são semelhantes, com diferença apenas em relação a uma das letras)
- Fichas com as letras
Regras:
- São formados 2, 3 ou 4 grupos e decide-se qual grupo iniciará o jogo.
- O desafiador (professor) coloca, no quadro de pregas, 5 fichas de figuras e, ao
 lado, forma, com as fichas das letras, as palavras correspondentes a essas figuras e deixa na mesa as demais fichas de letras.
- Coloca, em cima de uma das fichas, outra ficha com uma figura cuja palavra é muito semelhante à palavra representada pela figura que primeiramente foi colocada(por exemplo, se, antes, tinha a ficha da figura pato, coloca-se a ficha que tem a figura do rato).
- Faz o desafio ao grupo que estiver na vez de jogar: “Que letra devo trocar para que a palavra PATO vire RATO?”
- O grupo escolhe a letra e a coloca no lugar certo, em cima da letra que considera que precisaria ser modificada para formar a nova palavra.
- Se o grupo acertar, ganha cinco pontos e a professora prossegue com a equipe seguinte.
- O jogo termina quando o desafiador (professor) fizer 8, 9 ou 10 substituições (desafios): 4 grupos, são feitos dois desafios; 3 grupos são feitos três desafios; e 2 grupos, são feitos cinco desafios.
 Com o jogo Troca Letras o aluno poderá compreender, se necessário, com a intervenção do professor que se trocarmos uma letra apenas de uma palavra, formaremos outra palavra. Será possível identificar diferenças sonoras e semelhanças sonoras entre as mesmas. É muito importante que o aluno compare palavras no seu processo de alfabetização. Ao buscar semelhanças e/ ou diferenças, eles estarão consolidando correspondências entre os fonemas ou unidadessonoras e as letras que são as unidades gráficas. Aqui, ao trocar as letras das palavras, haverá a necessidade que se esforcem para que possam identificar o fonema, único som, diferente entre as palavras. Por esse motivo precisarão fazer a segmentação das palavras focando com cuidado no interior da sílaba.
Bingo da Letra Inicial
Finalidade:
Ganha o jogador que completar primeiroa cartela com as letras que formam 
 as palavras representadas pelas figuras.
Jogadores: 4 a 9 jogadores ou duplas
Componentes:
-9 cartelas com figuras e palavras faltando as letras iniciais.
-Fichas com as letras que completam todas as palavras de todas as cartelas.
-Saco escuro para colocar as fichas das letras.
Regras
-Cada jogador (ou dupla) recebe uma cartela
-Um dos jogadores (ou outra pessoa) retira uma letra do saco e diz o nome da letra.
-Os jogadores verificam se estão precisando da letra para completar alguma das
palavras e, caso algum deles precise, grita o nome da letra.
-O jogador recebe o nome da ficha com a letra sorteada e a coloca na célula correspondente à palavra.
-Nova letra é sorteada, e o jogo prossegue até que um dos jogadores completem 
 a sua cartela.
Repertório de palavras que poderão ser usadas:
GATO/ PATO/ RATO
PANELA /JANELA/ CANELA
COLA/ BOLA/ MOLA
FACA/ JACA/ MACA
TELA/ SELA/ VELA
ROLHA/ FOLHA/ BOLHA
CÃO/ MÃO/ PÃO
CARRO/ JARRO/ BARRO
MEIA/ VEIA, TEIA.
Por meio do Jogo Bingo Inicial das Letras os alunos poderão conhecer as letras do alfabeto, para o aluno que está com dificuldade em aprender os nomes das letras é uma boa oportunidade para aprender brincando. Esse jogo não explora somente o conhecimento das letras, mas é também uma oportunidade para que o aluno reflita sobre os sons aos quais as letras correspondem, tendo em vista que terão de escolher a letra que deverá ser usada para completar as palavras que muitas vezes são diferentes somente no fonema inicial, tendo então uma semelhança na sequência de sons. O Bingo Inicial das Letras é uma forma de trabalhar com os alunos palavras com lacuna de maneira que não seja algo cansativo e usando um recurso diferente do giz e a lousa. O professor deverá intervir dentro das necessidades que surgirem, inclusive quanto as regras do jogo.
Palavra dentro de palavra
Meta do jogo:
Ganha o jogo quem formar mais pares de palavras usando as fichas que recebeu.
Jogadores: 2, 3 ou 4 jogadores ou grupos.
Componentes:
- 12 fichas de cor azul contendo figuras e as palavras correspondentes.
- 12 fichas de cor vermelha, contendo figuras cujos nomes se encontram dentro das palavras das fichas azuis.
Regras:
- As 12 fichas de cor vermelha são distribuídas igualmente entre os jogadores.
- As fichas de cor azul devem ficar em um monte, viradas para baixo, no meio da mesa.
- Decide-se quem iniciará o jogo e a ordem das jogadas.
- Dado o sinal de início do jogo, o primeiro jogador deve desvirar uma ficha de monte e verificar quais, entre as suas fichas vermelhas apresenta ‘a palavra dentro da palavra’ da ficha azul que foi desvirada. Caso encontre um par, o jogador deve baixa-lo sobre a mesa; se nenhuma das suas fichas vermelhas tiver uma ‘palavra dentro de palavra’ que foi desvirada ou o jogador não perceber o par, ela é colocada no final do monte, e o jogo continua.
- Ganha o jogo quem se livrar das suas cartelas primeiro.
Repertório de Palavras usadas no jogo:
MAMÃO- MÃO
CASA-ASA
LAMPIÃO-PIÃO
LUVA-UVA
SACOLA-COLA
FIVELA-VELA
GALHO-ALHO
SAPATO-PATO
GALINHA-LINHA
TUCANO-CANO
REPOLHO-OLHO
SOLDADO-DADO
Esse jogo possibilita aos alunos fazer uma análise das partes que constitui as palavras, por essa razão os mesmos decompõem cada uma das palavras. Ao compor e descompor as palavras é possível analisarem e refletirem sobre como são formadas as palavras. O professor, dependendo do nível em que o aluno se encontra, pode aumentar o grau de dificuldade e vice-versa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
 O desenvolvimento do presente trabalho nos possibilitou analisar e refletir sobre como oferecer aos alunos que estão sendo alfabetizados um ambiente que seja realmente alfabetizador, usando recursos lúdicos como é o caso de jogos e brincadeiras para que a aprendizagem seja efetuada de maneira prazerosa e significativa. 
Ficou evidente o quanto o professor contemporâneo deve refletir sobre sua prática, considerando que o ambiente educacional deve ser visto como uma fonte de prazer para a criança, facilitando assim sua aprendizagem.
O professor deve proporcionar à criança a oportunidade de aprender sem desconectar-se do seu mundo, sem precisar que a mesma venha a ser um mini adulto. Observa-se que ainda existe muito tradicionalismo em nossas salas de aula, professores que querem que seus alunos tenham uma evolução, mas não se disponibilizam para facilitar o processo de alfabetização na vida das crianças. Apenas cobram das crianças uma boa leitura e uma linda caligrafia, e as crianças não descobrem o prazer que há em uma leitura porque não a vê como algo prazeroso, mas simplesmente como uma obrigação, algo chato para fazer.
É necessário que a postura do professor alfabetizador seja diferente! É necessário que ele desperte em seu aluno prazer em cada aula, prazer em aprender. Os alunos precisam se sentir motivado. Para a criança é muito difícil passar um longo período sentado em uma carteira, ouvindo o professor exigir a todo instante que se faça silêncio e enchendo o quadro de atividades que muitas vezes não tem significados algum, se tornam apenas copistas. Não sabem o que estão fazendo, o porquê estão fazendo e quanto menos significado as coisas têm para as crianças, menos é as chances de querer aprender.
Através de um ambiente que seja realmente alfabetizador e facilitador da aprendizagem, e quando a aprendizagem se torna significativa para a criança existe evolução.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO, Marlene. Alfabetizar e letrar: um diálogo entre a teoria e a prática. 9° edição. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.
COLELLO, Silvia M. Gasparian. Alfabetização em questão. 2°edição, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2004.
Manual Didático. Ministério da Educação. Diretoria de Concepções e Orientações curriculares para a Educação Básica. Coordenação Geral de Ensino Fundamental. BRANDÃO. 2009. 
Referencial Curricular nacional para a educação infantil. Ministério da Educação e do Desposto, Secretaria da Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF,1998, volume 3. p 117-157.

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