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1 Disciplina: Novas metodologias do ensino de Literatura Autores: M.e Mônica Runfe Revisão de Conteúdos: Esp. Marcelo Alvino da Silva Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso Ano: 2017 Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 2 FICHA CATALOGRÁFICA RUNFE, Mônica. Novas metodologias do ensino de Literatura / Mônica Runfe. – Curitiba, 2014. 38 p. Revisão de Conteúdos: Marcelo Alvino da Silva. Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso. Material didático da disciplina de Novas metodologias do ensino de Literatura – Faculdade São Braz (FSB), 2017. 3 Novas metodologias do ensino de Literatura ANO 2017 4 PALAVRA DA INSTITUIÇÃO Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão Universitária. A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas também brasileiros conscientes de sua cidadania. Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e estudantes. Bons estudos e conte sempre conosco! Faculdade São Braz 5 Apresentação da disciplina Nesta disciplina serão abordadas temáticas relacionadas as novas metodologias do ensino da Literatura, buscando a compreensão das distintas formas de abordagem para o ensino da literatura. A disciplina também abordará a análise na temporalidade da obra literária, a compreensão da interação semiótica, o conceito de intermidialidade e os conceitos de mediação do conhecimento, visando a compreensão do de forma clara do sistema de linguagens e da compreensão do conceito da pintura icônica. 6 Aula 1 – Diferentes formas de abordagem no ensino da literatura Apresentação da aula 1 Nesta aula o foco será na compreensão das diferentes formas de abordagem para o ensino da literatura segundo Bakhtin. Também será evidenciada a importância da temporalidade da obra literária. 1. Diferentes formas de abordagem no ensino da literatura Bakhtin (2003), afirma que: “A ciência literária é uma ciência jovem que não dispõe de métodos sólidos e comprovados pela prática, como os das ciências exatas” (BAKHTIN, 2003, P. 361). De acordo com o pensamento de Bakhtin (2013), a ciência literária precisa ter estreita relação com a história da cultura, não sendo possível compreender literatura fora do contexto global da cultura numa dada época (a literatura está interligada à cultura e aos fatores socioeconômicos que influenciam os contextos de épocas diferentes). Cada época traça ao seu modo a literatura. A literatura tem grande diversidade de procedimentos, nesse contexto Bakhtin (2013), reforça que: Não se pode valorizar uma metodologia qualquer que seja um remédio milagroso. A diversidade dos procedimentos é justificada, até mesmo indispensável, contanto que tais procedimentos deem provas de seriedade e descubram novos aspectos no fenômeno literário, contanto que contribuam para aprofundar sua compreen- são”. (BAKHTIN, 2003, p. 364). Importante Como professores de literatura devemos nos aventurar nos diferentes tempos e literaturas produzidas no decorrer das épocas. As raízes do passado sempre estão presentes na literatura coetânea. 7 Contentar-se em compreender e explicar uma obra a partir das condições de sua época, a partir das condições que lhe proporcionou o período contíguo é condenar-se a jamais penetrar as suas profundezas de sentido [...] As obras rompem as fronteiras de seu tempo, vivem nos séculos, ou seja, na grande temporalidade, e, assim, não é raro que essa vida (o que sempre sucede com uma grande obra) seja mais intensa e mais plena do que nos tempos de sua contemporaneidade [...] Ora, muitas vezes a obra aumenta em importância mais tarde, ou seja, insere-se na grande temporalidade. Uma obra não pode viver nos séculos futuros se não se nutriu dos séculos passados. Se ela nascesse por inteiro hoje (em sua contemporaneidade), se não mergulhasse no passado e não fosse consubstancialmente ligada a ele, não poderia viver no futuro. Tudo quanto pertence somente ao presente morre junto com ele. (BAKHTIN, 2003, p. 364). Após a obra ser produzida, valorizada e atravessar o tempo, isto é, ser criada numa época e revivida em outra, ocorre ressignificações enriquecedoras. Quando estudada em outro tempo, a obra adquire novos sentidos e supera a si mesma, mas sem esquecer-se que deve-se sempre pensar que a obra tem sua grande temporalidade. A nova época a fez ter novo valor de superação e passa a ser assimilada e interpretada de forma muito diferente ao do período em que foi criada, podendo-se contextualizar a historicidade da literatura por meio da mídia e das intermídias. Vocabula rio Intermídia é um termo cunhado em meados dos anos 1960 por Dick Higgins (1984), um dos fundadores do Grupo Fluxus, para caracterizar o que ele chamava de "obra intermídia", ou seja, obras de arte que se construíam na interseção de dois ou mais meios. Os gêneros literários reúnem um conjunto de obras que apresentam características análogas de forma e conteúdo. Essa classificação pode ser feita de acordo com critérios semânticos, sintáticos, fonológicos, formais, contextuais, entre outros. A intermidialidade permite trabalhar de maneira mais dinâmica a contextualização do gêneros literários através da amostragem em formatos diferenciados. 8 A respeito dos gêneros literários Bakhtin (2003), aponta que: Os gêneros, principalmente, têm uma importância especial. Os gêneros (tanto da literatura como da língua), ao longo dos séculos de sua existência, acumulam as formas de uma visão do mundo e de um pensamento. Se o escritor-artesão serve-se do gênero como clichê externo, o grande artista, por sua vez, revela as virtualidades do sentido latentes no gênero [...] O autor e seus contemporâneos veem, compreendem e julgam, acima de tudo, o que está mais perto de sua atualidade presente. O autor é um prisioneiro de sua época, de sua contemporaneidade. Os tempos que lhe sucedem o libertam dessa prisão e a ciência literária tem a vocação de contribuir para esta libertação.” (BAKHTIN, 2003, p. 266). 1.1 Temporalidade Sabe-se que a obra literária tem sua revelação por meio da diferenciação que ocorre pela totalidade cultural de uma determinadaépoca em que o autor a faz nascer. A obra literária tem data de nascimento, mas não tem data póstuma. Nada pode encerrar a obra literária em sua época. As obras de Shakespeare (1564-1616), foram produzidas à longa data, mas sua plenitude é atemporal. Nada encerra suas obras (desde a época em que nasceu), pois elas revelam- se tão-somente na grande temporalidade. Muito Barulho por Nada (Much Adoe About Nothing - 1598/1599.) - William Shakespeare Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/b/bd/Much_Ado_Quarto. JPG/180px-Much_Ado_Quarto.JPG 9 1.2 Cultura de uma época Antes se imaginava que a cultura de uma época era um círculo fechado. Nesse contexto Bakhtin (2003), reforça que: As ideias de Spengler sobre os mundos culturais fechados e acabados continuam até agora a exercer uma forte influência sobre os pesquisadores dos campos da história e da literatura. (BAKHTIN, 2003, p. 366). Esse pensamento deve ser transformado. A hodiernidade não permite mais tal reflexão cultural. A cultura de uma época não pode ser encerrada em seu nascimento, por mais longe que esteja do tempo atual, pois nada está totalmente concluso ou acabado, encerrado no passado ou morto. A cultura de uma época não pode ser mais considerada como um ciclo fechado. A cultura de antes e de hoje fazem parte de um círculo aberto e transmutável. Vocabula rio Hodiernidade é a qualidade de hodierno (modernidade, atualidade). Resumo da aula 1 Nesta aula evidenciou-se as diferentes formas de abordagem para o ensino da literatura segundo Bakhtin, evidenciando a contribuição cultural e a importância da temporalidade da obra literária. Atividade de Aprendizagem Discorra a respeito das atemporalidade das obras e qual a contribuição cultural das obras literárias. 10 Aula 2 – Reflexões e conceitos de obra literária (segundo Bakhtin) Apresentação da aula 2 Nesta aula serão apresentadas reflexões e conceitos de obra literária, introduzindo o conceito de intermidialidade, semiótica e gramaticidade. 2. Reflexões e conceitos de obra literária (segundo Bakhtin) 2.1 Unidades culturais As unidades culturais são os contextos históricos, são as épocas da humanidade e representam toda a cultura produzida pelo homem no decorrer dos tempos. A história define essas unidades como: Antiguidade, Modernidade, período histórico antes de Cristo e depois de Cristo. São os processos da história e suas épocas decorrentes, com valores de sentidos temporais. Para Bakhtin (2013): Cada uma dessas unidades (a Antiguidade, por exemplo), sem nada perder de sua originalidade, toma parte (ainda que indiretamente) do processo único da elaboração da cultura da humanidade. Toda cultura encerra inumeráveis virtualidades de sentido que não foram descobertas, elucidadas ou exploradas durante a vida histórica dessa cultura. A Antiguidade nada sabia de si mesma, nada da Antiguidade tal como a conhecemos agora. [...] os gregos antigos ignoravam o essencial de si mesmos - não sabiam que eram gregos antigos e jamais se denominavam assim. E é verdade que a distância temporal, que transformou os gregos em gregos antigos, teve uma considerável importância modificadora: esta distância é marcada pela descoberta de sentidos de valores sempre novos que os gregos efetivamente não conheciam, embora fossem seus próprios criadores. (BAKHTIN, 2003, p. 367). Spengler (1993), ao analisar cultura antiga, percebeu novas profundidades do sentido. Ao estudar a Antiguidade, podem-se libertar seus sentidos para os ares da contemporaneidade. Portanto, estudar o antigo, não é estudar o velho, e sim, assimilar a experiência dos séculos e ressignificar os valores. Dentro desse contexto pode- se evidenciar a influência do teatro grego no contexto atual. O teatro grego teve início em Atenas, na Grécia, por volta de 550 a.C. e surgiu a partir das celebrações realizadas sobretudo, para o Deus Dionísio, divindade das festas, 11 fertilidade e vinho. Nas celebrações Dionisíacas, que duravam cerca de uma semana, as pessoas bebiam, cantavam e dançavam. Da mesma forma que ocorre com o teatro, o jogos olímpicos, os quais originaram também na antiga Grécia, mantem-se vivo até hoje, apesar de ter formas, regras, estruturas transmutadas pela atualidade. 2.2 Literatura e a temporalidade As produções artísticas humanas invadem universos pessoais e cosmogonias de todas as épocas. É impossível dissociar literatura de produção artística, mídia, intertextualidade, cinema ou teatro. Imagem e literatura são interconectadas. Santana (S/d), contextualiza o tempo na literatura: [...] sugere a vigência de um tempo psicológico, fundamentado na durabilidade interna de imagens que fluem na alma. O tempo é constituído por uma parte passageira – a sequência dos fatos – e outra duradoura. A consciência humana absorve as duas e as organizam enquanto marco espacial e precedência temporal. A ação narrativa conta com várias temporalidades: O tempo cronológico ou o da história é aquele no qual as atividades dos personagens se desenvolvem. O tempo histórico, por sua vez, alude à era ou ao instante da história no qual as ações se desdobram. O psicológico é de natureza íntima, vivenciado ou percebido pelos seres fictícios. Ele escoa em harmonia com suas condições psíquicas. O tempo do discurso é fruto do cuidado ou da tessitura temporal da trama pelo narrador, o qual tem a liberdade de contar os fatos na sequência linear, constituindo uma isocronia. Ou de impor modificações à ordenação do tempo, configurando uma anisocronia; para isso ele utiliza a analepse, ou seja, o retrocesso a eventos pretéritos, ou a prolepse, isto é, a antecedência dos fatos que estão por vir. O contador da história pode igualmente recorrer à cadência do tempo, calculada pela interação entre o decurso da narrativa, cronometrada em minutos, horas, dias, e daí por diante, e a durabilidade da linguagem discursiva, calculada em linhas e páginas. Esse compasso pode ser idêntico ou similar, e aí novamente ocorre a isocronia. Outra opção é a ocorrência de uma temporalidade distinta, a anisocronia. Com esta alternativa o narrador tem a possibilidade de se valer de elipses ou exclusões de eventos; de pausas, no caso do tempo ser suspenso para que se possa, por exemplo, descrever algo; e de sínteses ou sinopses. (SANTANA, S/d.). 2.3 Intermidialidade A intermidialidade constitui novos métodos do ensino da literatura e trabalha o universo de mídias possíveis para o trabalho da produção literária e 12 suas interconexões. A partir do uso de diversas mídias para o ensino da literatura, permite-se que o estímulo da cognição e da expressão artística de forma multifacetada. A intermidialidade conceitua-se como a inter-relação entre as diferentes mídias que compõem o universo literário e as obras artísticas. Assim como o intertexto é a conexão e o diálogo entre os textos, a intermidialidade é o diálogo entre as mídias. Atualmente, pode-se considerar mídia tudo o que existe expressão, produção e interpretação (história em quadrinhos, charge, um poema, uma pintura, dentre outros). Assim como tudo o que nossos olhos analisam pode ser considerado um texto. A mídia é a pintura, o livro, o teatro, o cinema, a internet; tudo o que compõe o mundo globalizado integra a mídia. Trabalhar as diferentes mídias na literatura e produção textual, atualiza o aluno e o permite tornar-se reflexivo, crítico e criativo. Saiba Mais Para saber mais a respeito da intermidialidade, leia o artigo Além da literatura, aquém do cinema?Considerações sobre a intermidialidade, de autoria de Aldalberto Müller. O artigo traz importantes considerações a respeito da Literatura e cinema, os quais devem ser entendidos como mídias, dentro de um sistema midiático bastante amplo, que inclui a tradição oral, a canção popular, o rádio, a imprensa escrita, a televisão, as artes visuais, dentre outros. O artigo traz também o estudo das relações dentro desse sistema, o qual configura o campo da intermidialidade. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/Outra/article/view/11974/1 1239 2.4 Os fenômenos interativos Sabe-se que existe relação constante entre imagem, significado e contexto. A imagem faz interpretações da linguagem verbal e escrita de diferentes formas midiáticas, através de fenômenos interativos. 13 2.4.1 Interação semiótica Os fenômenos de interação semiótica entre as diversas linguagens, a colagem, a montagem, a interferência, as apropriações, integrações” (PLAZA, 2008, p. 12) produzem amplas formas reflexivas e interpretativas. Semiótica Fonte: realissimum.wordpress.com A interação semiótica é a interação de significados gera as interfaces da arte contemporânea. O leitor-espectador tem diferentes perspectivas de interpretação, cada qual de acordo com o sistema de signos e ressignificações de sua ótica. Para Clüver (2006): O ato de fala literário, como qualquer outro ato de fala, é um exemplo de sistema de signos de segunda ordem baseado na linguagem natural, a qual é ela própria um sistema semiótico [...] tudo dependerá da inserção que o leitor faz da marca no sistema de signos de um alfabeto, da construção de estrada, da representação pictórica, ou de jogos de rua infantis. Uma mudança de cor ou formato ou textura poderá afetar o significado de um desses sistemas [...] (CLÜVER, 2006, p. 115). As superposições de tecnologias rasgam o véu de separação entre as metodologias das produções intermidiáticas. Tanto a pintura, quanto a imagem cinematográfica, seja ela em longa ou em curta-metragem, desnuda um 14 sistema semiótico, com distintas unidades significantes, cujas “regras devem ser deduzidas a partir de cada obra” (CLÜVER, 2006, p. 115). Quanto ao sistema semiótico é importante esclarecer seu conceito, pois esse sistema equivale ao conjunto de símbolos culturais, sistemas organizacionais de informação (TV, rádio, artes plásticas, cinema, teatro, linguagem verbal, por exemplo). 2.5 Sistema modelizante Todo código é um sistema modelizante, pois trata-se de uma forma de regulação necessária para a organização e desenvolvimento da informação. Os códigos culturais são definidos como sistemas semióticos, pois são estruturas de grande complexidade que reconhecem, armazenam e processam informações com um duplo objetivo: regular e controlar as manifestações da vida social, do comportamento individual ou coletivo. A cultura é um sistema de signos, repleto de textos a serem lidos e relidos, em disposição perceptiva que armazena e transmite informações. Esses processos evocam o complexo cognitivo humano, no qual se configuram estruturas de memória, assimilação, acomodação e organização daquilo que foi apreendido. No contexto da memória coletiva, ao ser apresentado um texto, seja literário, pictural ou fílmico, existe uma orientação textual de análise, que induz o público a ler a mensagem transmitida na forma representada, dando origem à cultura, de maneira a induzir uma interpretação global. Ou seja, a literatura, a arte, a produção humana de uma sociedade, em determinado tempo, produz a cultura desse período. O signo torna-se mediado como ser social arraigado numa comunidade, contextualizando que “[...] a linguagem é necessariamente social, pois todo o conhecimento é mediado pela linguagem que não é propriedade individual, mas coletiva” (PLAZA, 2008, p. 19). A representação expressiva transita do pensamento para o mundo exterior em que o signo é intermediado pelo “processo de semiose (ação do signo) como transformação de signos em signos [...] é uma relação de momentos num processo sequencial-sucessivo ininterrupto”. (PLAZA, 2008, p. 17) 15 Para Machado (2012) apud Runfe (2013), “modelizar é ler os sistemas de signos a partir de uma estrutura: a linguagem natural.” Vinculada à estruturalidade está a gramaticidade (a qual organiza a linguagem). [...] no processo de decodificação do sistema modelizante, não se volta para o modelo da língua, mas para o sistema que a partir dela foi construído. Modelizar traduz, portanto, um esforço de compreensão da signicidade dos objetos culturais. Modelizar é semioticizar. Mito, religião, arte e literatura foram os sistemas modelizantes para os quais, inicialmente, se voltaram os semioticistas russos. Na tradição do ícone medieval, por exemplo, Boris Uspênski encontrou fundamentos teóricos sobre a modelização na pintura. [grifos nossos] (MACHADO, 2012, p.1). 2.6 Gramaticidade Para Medrado (2008), gramaticidade é: [...] a característica da língua que possibilita um falante compreender o outro que compartilhe das mesmas correlações entre significados e sequências de sons. A construção de uma sentença compreensível por outros é a demonstração dessa característica. Ocorre a agramaticalidade quando não são respeitadas características essenciais que possibilitam a comunicação, por exemplo, não obediência de ordem obrigatória entre os elementos ou omissão de elementos indispensáveis. (MEDRADO, 2008, p.1). Resumo da aula 2 Nesta aula apresentaram-se reflexões e conceitos de obra literária (segundo Bakhtin), introduzindo o conceito de intermidialidade, semiótica e gramaticidade. Atividade de Aprendizagem Discorra a respeito do sistema modelizante. 16 Aula 3 – Mediação do conhecimento Apresentação da aula 3 Nesta aula o foco será no conceito da mediação do conhecimento, enfatizando os sistemas de linguagens. 3. Mediação do conhecimento Para Plaza (2008), o conhecimento é mediado coletivamente e gera complexas significações. Nesse contexto, Machado (2012), reforça que: [...] essas complexidades de informação e transmissão de linguagens são, portanto, compreendidas por modelizações impostas pelo sistema organizacional [...] no processo de decodificação do sistema modelizante, não se volta para o modelo da língua, mas para o sistema que a partir dela foi construído. Modelizar traduz, portanto, um esforço de compreensão da signicidade dos objetos culturais. Sabe-se que modelizar é semioticizar. Mito, religião, arte e literatura foram os sistemas modelizantes para os quais, inicialmente, se voltaram os semioticistas russos. Na tradição do ícone medieval, por exemplo, Boris Uspênski encontrou fundamentos teóricos sobre a modelização na pintura. (MACHADO, 2012, p.1). Todas essas regras e conceitos estruturam a língua, na qual é sustentado e organizado o conjunto de signos elementares no mecanismo semiótico de transmissão de mensagens. Ao analisar a língua natural como sistema modelizante, deve-se considerar a fonação, o grafismo e convenções culturais como variantes constitutivas. Sob o pódio sociocultural a língua transmite costumes, regras sociais e tradições. A “língua é considerada como objeto de poder e controle” (MEDRADO, 2008, p.1), a qual tem características distintas, e contêm informações coletivas, geradoras de regras e particularidades que modelizam e geram a organização. Esses moldes eram os signos simbólicos de uma sociedade. As informações são transmitidas a ponto de processara organização. Após essa organização, difundem-se determinados conteúdos, de forma a criar parâmetros de regularização, que objetivam manter a inteireza do sistema. 17 Nesse contexto Oliveira (2012), reforça que: A contínua retroalimentação realizada pelas trocas informacionais garante a eficiência das mensagens no intuito de assegurar uma série de invariáveis dentre um conjunto de variáveis mantidas no interior de um sistema. (OLIVEIRA, 2012, p.1). O complexo de padrões sociais tem sistemas de códigos culturais que mantêm a organização comportamental. “Ivanov ressalta que o homem não só usa signos, mas também é regulado por eles. Portanto, os códigos culturais funcionam como programas de controle” (OLIVEIRA, 2012, p.1). Para Machado (2012), gênero é um conceito central para os estudos semióticos russos, sobretudo depois que Bakhtin o tornou chave da poética histórica à luz do dialogismo, onde não é classe nem cabe nos limites da poética aristotélica. Gênero define as infinitas possibilidades de uso da linguagem na produção de mensagens no tempo e no espaço das culturas. (BAKHTIN, 2003 apud MACHADO, 2012, p.1). Bakhtin (2003), buscou entender as formas comunicativas, a formulação dos gêneros do discurso, no qual diferentes âmbitos da linguagem, por meio do processo combinatório, passa a acionar o “mecanismo semiótico da modelização” (MACHADO, 2012, p. 1). 3.1 Gêneros discursivos Os gêneros discursivos dividem-se em gêneros primários e secundários. Existem diferentes formas de uso da linguagem, que organizam a comunicação oral e escrita, sendo os gêneros primários. Desses, surgem os gêneros secundários, que formam os sistemas discursivos mais complexos. Nesse contexto Bakhtin (2003), esclarece que: [...] literatura, documentos oficiais, jurídicos, empresariais; relatos científicos; jornalismo (oral e escrito). (BAKHTIN, 2003, apud MACHADO, 2012, p.1). 18 Machado (2012), reforça que: Na recente abordagem semiótica das mídias, os gêneros discursivos têm o poder de definição da própria mídia como sistema de signos na cultura. (MACHADO, 2012, p.1). 3.2 Sistema figurativo picturial No sistema figurativo pictural, percebe-se que as imagens têm distintos níveis de significações. A pintura icônica, por exemplo, quando analisada como um sistema modelizante, serve de aparato para constituir a linguagem de uma época. Ao ler uma pintura sob um olhar profundo, os paradigmas e regularizações didáticas são despidos: perspectiva inversa, moldura e cores; como também os sintagmas, que permitem analisar a função do conjunto: disposição das figuras, recodificação do significado dessas e a sintaxe geométrica. Tanto paradigma quanto sintagma formam o alfabeto pictural icônico. 3.3 Paradigma e sintagma Paradigmas são as regras e sintagmas são as disposições dos signos icônicos, em que cada signo ou ícone. Segundo Peirce (2005), tem suas próprias características de significados. Esses ícones podem ser considerados como textos ou signos de um discurso, no qual são elaborados atos interlocutivos, enunciação e referência a algo que se deseja transmitir. 3.4 ícones Para Peirce (2005), ícones: [...] substituem tão completamente seus objetos a ponto de se distinguirem deles com dificuldade. Assim são os diagramas da geometria [...] Assim, quando contemplamos uma pintura, há um momento em que perdemos a consciência de que ela não é a coisa, a distinção entre o real e a cópia desaparece, e ela é para nós, por um momento, um puro sonho – não uma existência particular, nem geral. Nesse momento, nós estamos contemplando um ícone. (PEIRCE, 2005, apud SANTAELLA, 2006, p. 144). Peirce (2005), esclarece essa interconexão entre imagem, signo e seu significado. As barreiras perceptivas são transpostas de forma a ocorrer a 19 íntima relação entre a realidade e a representação. Os olhos permitem a ação mútua cognitiva (na qual ocorre assimilação, interpretação e adaptação dos objetos e seus significados) entre o real e o ícone. Para Eco (1978), aponta que o pensamento reflexivo ao perceber que, enquanto ocorre um discurso, ocorrem equivalências verbais, o texto penetra o horizonte interpretativo, as palavras descrevem seus significados. Eco (1978), esclarece que signo icônico: [...] é um texto, sendo prova disso o fato de o seu equivalente verbal não ser uma simples palavra, mas, no mínimo, uma descrição ou um enunciado e, por vezes mesmo, todo um discurso, um ato referencial ou um ato locutivo. (ECO, 1978, p. 164). A constituição básica do texto ou imagem e seu significado absorve o comportamento do objeto a ser representado ou descrito, e o reconstrói de forma a manter a essência de sua natureza, sendo isso o conceito de semelhança ou similaridade. Resumo da aula 3 Nesta aula focou-se na mediação do conhecimento, enfatizando os sistemas de linguagens. Atividade de Aprendizagem Discorra a respeito do sistema figurativo picturial. 20 Aula 4 – Intermidialidade aplicada na prática de sala de aula Apresentação da aula 4 Nesta aula será evidenciado o conceito de pintura icônica e de semiótica visual. Também será contextualizada a aplicabilidade da intermidialidade para a prática de sala de aula. 4. Intermidialidade aplicada na prática de sala de aula 4.1 A Arte A arte em sua onisciência tem o poder de espelhar, ultrapassar, transpor e enaltecer o mar de significâncias, sendo o substrato infinito do ato criativo. Rambures Master, Annuciation with Prototypes (Temptation of Eve and Gideon and the Fleece) from, Biblia pauperum Northern France (Hesdin of Amiens), 1470 The Hague, Museum Moormano-Westentrianum MS MMW 10A 16, fol. 21r A arte é permeada pelo significado intrínseco “que constitui o mundo de valores ‘simbólicos’” (SANTAELLA, 2006, p. 98). Além disso, as condições culturais e históricas junto com as facções tendenciosas da mente humana desenvolvem o processo semiótico em suas dimensões (imagem e literatura). 21 Bonaparte atravessando os Alpes (1801), de Jacques-Louis David Museu de Versalhes, Paris A semiótica visual – ou a semiologia da imagem – não é, com frequência, senão um catálogo de nossas perplexidades ou de falsas evidências. (GREIMAS, 2001, p. 75). Greimas (2001), esclarece que a semiótica visual tem três divisões ou categorias: [...] a topológica, indicativa da disposição das categorias referente à localização das formas e ordenação do suporte; a cromática, que é a arte de compor as cores e a dispersão da luz (cromatismo); e a eidética, condizente à disposição dos pontos, figuras, linhas, formas e traços de uma imagem. [grifos nossos] (GREIMAS, 2001, p. 75- 76). 22 A música (1910), de Henri Matisse Museo dell'Ermitage, San Pietroburgo A semiótica estuda a mensagem feita pelo emissor para o receptor através de um amplo processo de significação. Isso lembra, por exemplo, à historicidade da transmissão criacionista, em que o meandro de crença propaga a mensagem bíblica através da narrativa de Gênesis. Desse modo, essa narrativa tem exercício efetivo na linguagem histórica, já que existem “as crenças, os sentimentos e as atitudes que cada sociedade adota frente às suas linguagens”. (FLOCH, 2001, p. 10). 4.2 Aplicabilidade da intermidialidade em sala de aula ATIVIDADEA História de Gênesis INSTRUMENTOS • O texto Bíblico; • A obra renascentista Criação de Adão, de Michelangelo; • O conto Adão e Eva, de Machado de Assis; • Curta-metragem de L’animateur, de Nick Hilligos. 23 4.2.1 Introdução da atividade A introdução da atividade deverá focar na apresentação de Gênesis, questionado se o mesmo é um livro que pode ser considerado cheio de mitos, contos de fadas, sagas, anedotas e fábulas. Reforçando que essas multifaces motivam artistas a interpretarem suas histórias de forma rica e cheia de imaginação. 4.2.2 A abordagem literária bíblica A Bíblia hebraica é uma coleção de textos escritos ao longo de um período que se estende por sete ou oito séculos, refletindo a prática literária de um cânone religioso. Esse estudo se concentra na obra de Gênesis, período anterior ao exílio, no início dos capítulos, antes do Pentateuco, no qual estão relacionados os primeiros Profetas. 4.2.3 As personagens de Gênesis (capítulo 2 e 3) Adão e Eva são os principais personagens de Gênesis, nos capítulos 2 e 3 e a construção desses personagens dá a ideia do primitivismo humano, o início da habitação da Terra. Esses personagens tem características técnicas peculiares (medo, tristeza, anseios, sua linguagem comunicativa, expectativas, movimento, sentimentos, submissão e revolta, entre tantas outras características humanas). 4.2.4 A Arte em Gênesis É importante lembrar que a arte dessa narrativa está num Deus que faz o papel de personagem onisciente, e seus protagonistas Adão e Eva, com personagem antagonista que é a serpente. A arte aqui é maquinada como um ritual que poderia ser transformado desde uma peça teatral poética até o desenvolvimento de um filme. 24 4.2.5 A Literatura Nessa atividade poderá ser apresentado ao aluno o conto Adão e Eva, de Machado de Assis, obra na qual o autor recria a narrativa bíblica estabelecendo um diálogo polêmico, projetando no jogo de contrários e ambiguidades, característico do autor, provocando certa tensão em relação à tradição cristã. Adão e Eva [...] — Aqui está como as cousas se passaram. Em primeiro lugar, não foi Deus que criou o mundo, foi o Diabo… — Cruz! exclamaram as senhoras. — Não diga esse nome, pediu D. Leonor. — Sim, parece que… ia intervindo frei Bento. — Seja o Tinhoso. Foi o Tinhoso que criou o mundo; mas Deus, que lhe leu no pensamento, deixou-lhe as mãos livres, cuidando somente de corrigir ou atenuar a obra, a fim de que ao próprio mal não ficasse a desesperança da salvação ou do benefício. E a ação divina mostrou-se logo porque, tendo o Tinhoso criado as trevas, Deus criou a luz, e assim se fez o primeiro dia. No segundo dia, em que foram criadas as águas, nasceram as tempestades e os furacões; mas as brisas da tarde baixaram do pensamento divino. No terceiro dia foi feita a terra, e brotaram dela os vegetais, mas só os vegetais sem fruto nem flor, os espinhosos, as ervas que matam como a cicuta; Deus, porém, criou as árvores frutíferas e os vegetais que nutrem ou encantam. E tendo o Tinhoso cavado abismos e cavernas na terra, Deus fez o sol, a lua e as estrelas; tal foi a obra do quarto dia. No quinto foram criados os animais da terra, da água e do ar. Chegamos ao sexto dia, e aqui peço que redobrem de atenção. Não era preciso pedi-lo; toda a mesa olhava para ele, curiosa. Veloso continuou dizendo que no sexto dia foi criado o homem, e logo depois a mulher; ambos belos, mas sem alma, que o Tinhoso não podia dar, e só com ruins instintos. Deus infundiu-lhes a alma, com um sopro, e com outro os sentimentos nobres, puros e grandes. Nem parou nisso a misericórdia divina; fez brotar um jardim de delícias, e para ali os conduziu, investindo-os na posse de tudo. Um e outro caíram aos pés do Senhor, derramando lágrimas de gratidão. “Vivereis aqui”, disse-lhe o Senhor, “e comereis de todos os frutos, menos o desta árvore, que é a da ciência do Bem e do Mal.” Adão e Eva ouviram submissos; e ficando sós, olharam um para o outro, admirados; não pareciam os mesmos. Eva, antes que Deus lhe infundisse os bons sentimentos, cogitava de armar um laço a Adão, e Adão tinha ímpetos de espancá-la. Agora, porém, embebiam-se na contemplação um do outro, ou na vista da natureza, que era esplêndida. Nunca até então viram ares tão puros, nem águas tão frescas, nem flores tão lindas e cheirosas, nem o sol tinha para nenhuma outra parte as mesmas torrentes de claridade. E dando as mãos percorreram tudo, a rir muito, nos primeiros dias, porque até então não sabiam rir. Não tinham a sensação do tempo. Não sentiam o peso da ociosidade; viviam da contemplação. De tarde iam ver morrer o sol e nascer a lua, e contar 25 as estrelas, e raramente chegavam a mil, dava-lhes o sono e dormiam como dous anjos. Naturalmente, o Tinhoso ficou danado quando soube do caso. Não podia ir ao paraíso, onde tudo lhe era avesso, nem chegaria a lutar com o Senhor; mas ouvindo um rumor no chão entre folhas secas, olhou e viu que era a serpente. Chamou-a alvoroçado. — Vem cá, serpe, fel rasteiro, peçonha das peçonhas, queres tu ser a embaixatriz de teu pai, para reaver as obras de teu pai? A serpente fez com a cauda um gesto vago, que parecia afirmativo; mas o Tinhoso deu-lhe a fala, e ela respondeu que sim, que iria onde ele a mandasse, — às estrelas, se lhe desse as asas da águia — ao mar, se lhe confiasse o segredo de respirar na água — ao fundo da terra, se lhe ensinasse o talento da formiga. E falava a maligna, falava à toa, sem parar, contente e pródiga da língua; mas o diabo interrompeu-a: — Nada disso, nem ao ar, nem ao mar, nem à terra, mas tão- somente ao jardim de delícias, onde estão vivendo Adão e Eva. — Adão e Eva? — Sim, Adão e Eva. — Duas belas criaturas que vimos andar há tempos, altas e direitas como palmeiras? — Justamente. — Oh! detesto-os. Adão e Eva? Não, não, manda-me a outro lugar. Detesto- os! Só a vista deles faz-me padecer muito. Não hás de querer que lhes faça mal… — É justamente para isso. — Deveras? Então vou; farei tudo o que quiseres, meu senhor e pai. Anda, dize depressa o que queres que faça. Que morda o calcanhar de Eva? Morderei… — Não, interrompeu o Tinhoso. Quero justamente o contrário. Há no jardim uma árvore, que é a da ciência do Bem e do Mal; eles não devem tocar nela, nem comer-lhe os frutos. Vai, entra, enrosca-te na árvore, e quando um deles ali passar, chama-o de mansinho, tira uma fruta e oferece-lhe, dizendo que é a mais saborosa fruta do mundo; se te responder que não, tu insistirás, dizendo que é bastante comê-la para conhecer o próprio segredo da vida. Vai, vai… — Vou; mas não falarei a Adão, falarei a Eva. Vou, vou. Que é o próprio segredo da vida, não? — Sim, o próprio segredo da vida. Vai, serpe das minhas entranhas, flor do mal, e se te saíres bem, juro que terás a melhor parte na criação, que é a parte humana, porque terás muito calcanhar de Eva que morder, muito sangue de Adão em que deitar o vírus do mal… Vai, vai, não te esqueças… Esquecer? Já levava tudo de cor. Foi, penetrou no paraíso, rastejou até a árvore do Bem e do Mal, enroscou-se e esperou. Eva apareceu daí a pouco, caminhando sozinha, esbelta, com a segurança de uma rainha que sabe que ninguém lhe arrancará a coroa. A serpente, mordida de inveja, ia chamar a peçonha à língua, mas advertiu que estava ali às ordens do Tinhoso, e, com a voz de mel, chamou-a. Eva estremeceu. — Quem me chama? — Sou eu, estou comendo desta fruta… — Desgraçada, é a árvore do Bem e do Mal! — Justamente. Conheço agora tudo, a origem das coisas e o enigma da vida. Anda, come e terás um grande poder na terra. — Não, pérfida! — Néscia! Para que recusas o resplendor dos tempos? Escuta-me,faze o que te digo, e serás legião, fundarás cidades, e chamar-te- ás Cleópatra, Dido, Semíramis; darás heróis do teu ventre, e serás Cornélia; 26 ouvirás a voz do céu, e serás Débora; cantarás e serás Safo. E um dia, se Deus quiser descer à terra, escolherá as tuas entranhas, e chamar-te-ás Maria de Nazaré. Que mais queres tu? Realeza, poesia, divindade, tudo trocas por uma estulta obediência. Nem será só isso. Toda a natureza te fará bela e mais bela. Cores das folhas verdes, cores do céu azul, vivas ou pálidas, cores da noite, hão de refletir nos teus olhos. A mesma noite, de porfia com o sol, virá brincar nos teus cabelos. Os filhos do teu seio tecerão para ti as melhores vestiduras, comporão os mais finos aromas, e as aves te darão as suas plumas, e a terra as suas flores, tudo, tudo, tudo… Eva escutava impassível; Adão chegou, ouviu-os e confirmou a resposta de Eva; nada valia a perda do paraíso, nem a ciência, nem o poder, nenhuma outra ilusão da terra. Dizendo isto, deram as mãos um ao outro, e deixaram a serpente, que saiu pressurosa para dar conta ao Tinhoso. Deus, que ouvira tudo, disse a Gabriel: — Vai, arcanjo meu, desce ao paraíso terrestre, onde vivem Adão e Eva, e traze-os para a eterna bem- aventurança, que mereceram pela repulsa às instigações do Tinhoso. E logo o arcanjo, pondo na cabeça o elmo de diamante, que rutila como um milhar de sóis, rasgou instantaneamente os ares, chegou a Adão e Eva, e disse-lhes: — Salve, Adão e Eva. Vinde comigo para o paraíso, que merecestes pela repulsa às instigações do Tinhoso. Um e outro, atônitos e confusos, curvaram o colo em sinal de obediência; então Gabriel deu as mãos a ambos, e os três subiram até à estância eterna, onde miríades de anjos os esperavam, cantando: — Entrai, entrai. A terra que deixastes, fica entregue às obras do Tinhoso, aos animais ferozes e maléficos, às plantas daninhas e peçonhentas, ao ar impuro, à vida dos pântanos. Reinará nela a serpente que rasteja, babuja e morde, nenhuma criatura igual a vós porá entre tanta abominação a nota da esperança e da piedade. E foi assim que Adão e Eva entraram no céu, ao som de todas as cítaras, que uniam as suas notas em um hino aos dous egressos da criação… … Tendo acabado de falar, o juiz-de-fora estendeu o prato a D. Leonor para que lhe desse mais doce, enquanto os outros convivas olhavam uns para os outros, embasbacados; em vez de explicação, ouviam uma narração enigmática, ou, pelo menos, sem sentido aparente. D. Leonor foi a primeira que falou: — Bem dizia eu que o Sr. Veloso estava logrando a gente. Não foi isso que lhe pedimos, nem nada disso aconteceu, não é, frei Bento? — Lá o saberá o Sr. juiz, respondeu o carmelita sorrindo. E o juiz-de-fora, levando à boca uma colher de doce: — Pensando bem, creio que nada disso aconteceu; mas também, D. Leonor, se tivesse acontecido, não estaríamos aqui saboreando este doce, que está, na verdade, uma cousa primorosa. É ainda aquela sua antiga doceira de Itapagipe? (ASSIS, 1896) 4.2.6 O curta metragem L’animateur Nicki Hilligoss reinventou a história da criação do homem até sua queda em um curta-metragem intitulado L’animateur. 27 O animador foi motivado a desenvolver o curta por um desafio Haiku para usar as palavras “árvore, queda e maçã.” Vocabula rio Haiku é uma forma curta de poesia japonesa geralmente caracterizada pelo “corte” (a frase e o fragmento – o haiku deve fazer um corte claro entre essas duas partes através do uso apropriado da gramática) em sua estrutura curta e por sua sazonalidade (referências), possuindo em sua forma poética um vasto conjunto de técnicas de construção. O haiku tradicional consiste de 17 on (também conhecida como mora ou sílabas), em três frases de 5, 7 e 5 on respectivamente. Um kigo (referência sazonal), normalmente gerado de um saijiki, uma lista extensiva e definitiva de tais palavras. A queda da humanidade foi escrita numa criação imagética em que um visitante interplanetário animador de marionetes visita um planeta. L’Animateur simboliza o poder de todos os animadores sobre seus sujeitos e objetos. Ví deo Deve-se apresentar o curta-metragem L’animateur (2006), de Nicki Hilligoss. O curta-metragem L’Animateur ficou em primeiro lugar no Festival de Berlim de 2008, na categoria: curtas-metragens. Disponível no acesso: https://www.youtube.com/watch?v=_bl-MynjnCU Esse curta-metragem provoca estranhamento, instiga a reflexão, satiriza e dessacraliza a história criacionista. 4.2.7 O jogo semiótico Quando o tema sobre a Queda da Humanidade foi interpretado por Hilligoss, o jogo da ambiguidade entra em cena. 28 Segundo Alter (2007), ao se interpretar a narrativa bíblica, deve-se focalizar as perspectivas das relações humanas. Sendo assim, Hilligoss teve como alvo exatamente esse ponto, estruturando sua história nos motivos pelos quais o animador criou Adão e Eva, e como ocorreu o jogo da queda do casal no Jardim do Éden do caixeiro viajante. Durante essa abordagem deverá se privilegiar a percepção entre os dois textos (intermidialidade). Na Bíblia, Deus manda e a história obedece, a própria percepção das profundezas divinas e potencialidades insondáveis para o bem ou mal da natureza humana pode gerar outras percepções em quem a interpreta. A interpretação de Hilligoss numa visão pós-moderna, de 2006, em pleno Século XXI, gera a desestabilidade de causa e efeito. Cria o movimento instável entre diferentes ordens de causalidade, em que algumas percepções se completam ao texto original e outras o contradizem. 4.2.8 As interfaces da Arte Apresentar aos alunos A Criação de Adão de Michelangelo e a imagem do curta-metragem L’Animateur. A Criação de Adão (1511), de Michelangelo Buonarroti Fonte:https://pt-static.z-dn.net/files/d8b/11a832de69724bea16fcc0db759d0bcf.jpg 29 L’Animateur (2006), Hilligoss Nick Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=_bl-MynjnCU 4.2.9 As duas interpretações De um lado o texto bíblico mostra o Jardim do Éden como local sagrado em que Adão e Eva podem viver em harmonia e felizes, porém não podem tocar na Árvore do Conhecimento (não necessariamente a maçã). Enquanto são obedientes estão bem, mas no momento em que ambos caem em tentação e comem da fruta, então são lançados para fora do Jardim e passam a ter que viver de seu trabalho. O filme de Nick Hilligoss expressa Deus como um caixeiro viajante e animador de marionetes, que chega num planetoide. Abre sua cabine e do pó faz o homem e de sua costela Eva, como na Bíblia. O Éden é o parque de diversões do bobo da corte, vestido de um chapéu de pontas que pode ter um sentido às vezes interpretado como sexual e, por outras como um chapéu clerical, de santidade e sacerdócio. A trilha sonora de John Garden acrescenta a sensação de um espetáculo circense, conduzindo o público à sua interpretação sarcástica. Num mistério persistente da criação do homem, os personagens concebidos em Gênesis foram transmutados em stop motion, numa versão interpretativa particular de Hilligoss. O humor e desestabilidade pós-moderna demonstra a perspectiva atual de que o ser humano pode estar sendo manipulado por uma divindade brincalhona, ou por outro lado, esta versão apenas coloca uma posição variada e divertida da conjugação homem e Deus. 30 Vocabula rio Stop Motion é uma técnica de animação muito usada, com recursos de uma máquina fotográfica, ou de um computador. Utilizam-se modelos reais em diversos materiais, sendo os mais comuns a madeirade árvore que tenha troncos e a massa de modelar para produção de seus modelos. A Intermidialidade verificada ocorre pelo processo da conjunção e interação do texto bíblico e do stop motion. Essa mídia do cinema junto com a literatura reúne e veicula o aparato artístico, social e pós-moderno gerando novos discursos, os quais contagiam outras mídias, e isso vai além da capacidade expressiva só do meio, pois faz a interação e o movimento de um pensamento para outro modo de fazer e ser, dando a continuidade daquela arte (porém mantendo a diferença e o intervalo entre elas). O curta-metragem L’animateur reinterpreta de maneira particular o texto de Gênesis, e isso, segundo Back (2004), é muito bom, pois “quanto maior a traição, melhor o resultado”. Nesse contexto, “aquilo que apresenta-se” é representado (signo) causa efeito ou modifica uma ideia, exterioriza o pensamento. “O representado é seu objeto; o comunicado, a significação; a ideia que provoca, o seu interpretante” (PLAZA, 2008, p. 17). Para Plaza (2008), ao transpor uma ideia, traduz-se uma ação provocativa e sem reservas, com interação das linguagens. O pensamento é contínuo e está em processo de constante transformação e ressignificação. Para Consoante Kehrwarld (2008), o que torna a significação rica em uma obra, seja texto, imagem ou música, “não tem nada a ver com o tempo passado para realizá-la, nem mesmo para concebê-la, o que exclui aspectos da vida pessoal do artista”. (KEHRWALD, 2008, p. 64). 31 Resumo a aula 4 Nesta aula evidenciou-se o conceito de pintura icônica e de semiótica visual, contextualizando a aplicabilidade da intermidialidade para a prática de sala de aula, com exemplo de atividade. Atividade de Aprendizagem Desenvolva um plano de aula em que utilizem-se análises intermidiáticas (textos, filmes, poesia, pinturas, dentre outros). 32 Resumo da disciplina Nesta disciplina abordaram-se as temáticas relacionadas as novas metodologias do ensino da Literatura, buscando a compreensão das distintas formas de abordagem para o ensino da literatura. A disciplina também abordou a análise na temporalidade da obra literária, a compreensão da interação semiótica, o conceito de intermidialidade e os conceitos de mediação do conhecimento, visando a compreensão do de forma clara do sistema de linguagens e da compreensão do conceito da pintura icônica. Para finalizar serão apresentadas propostas de atividades que contextualizarão a intermidialidade para aplicabilidade prática em sala de aula. 33 Referências ALAVARCE, C.S. A ironia e suas refrações: um estudo sobre a dissonância na paródia e no riso. São Paulo: UNESP; Cultura Acadêmica, 2009. ALGAR VIVO. Constantino. 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