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Trabalho - Seguridade Social - A RESPONSABILIDADE DO EMPREGADOR DENTRO DO LIMBO JURÍDICO PREVIDENCIÁRIO-TRABALHISTA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA 
INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS 
CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO 
DISCIPLINA: DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL 
2019.1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A RESPONSABILIDADE DO EMPREGADOR DENTRO DO LIMBO JURÍDICO 
PREVIDENCIÁRIO-TRABALHISTA 
Anne Amélia de Araújo Cunha1 
Leon Vitor de Brito Francelino2 
Maria Carolina de Oliveira Camargo3 
 
Coordenador: Prof. Raimundo Paulino Cavalcante Filho 
 
 
RESUMO: O limbo jurídico previdenciário-trabalhista ocorre diante da constatação do 
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) da capacidade laborativa do empregado, cessando 
o recebimento do auxílio doença, e o exame médico da empresa, por sua vez, conclui pela 
incapacidade do trabalhador de exercer suas funções. Desta forma, o empregado fica impedido 
de voltar a seu cargo e de receber o auxílio. Neste artigo busca-se estudar o conceito de limbo 
previdenciário trabalhista, definindo os limites de responsabilidade do empregador dentro dele, 
tal como as soluções que podem ser adotadas diante desta situação. 
 
Palavras-chaves: direito do trabalho, seguridade social, limbo jurídico. 
 
ABSTRACT: The social-security legal limbo occurs when the National Social Security 
Institute (INSS) deems the employee capable of working, ceasing their sickness aid, while the 
 
1 Acadêmica de Direito da Universidade Federal de Roraima. anneaacunhaa@gmail.com 
2 Acadêmico de Direito da Universidade Federal de Roraima. leon.97.lf@gmail.com 
3 Acadêmica de Direito da Universidade Federal de Roraima. maria.camarg@gmail.com 
company's medical examination finds the worker incapable of exercising their functions. The 
employee is prevented from returning to his job and, at the same time, to receive the 
government’s aid. This paper seeks to study the social-security legal limbo, defining the limits 
of the employer’s responsibility within it, as well the solutions that can be adopted in this 
situation. 
 
Key words: labour law, social security, legal limbo. 
 
SUMÁRIO: 1. INTRODUÇÃO; 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 
Artigo realizado sob a orientação do Prof. Raimundo Paulino Cavalcante Filho, 
apresentado como requisito para a conclusão da disciplina de Direito da Seguridade Social, do 
curso de Bacharelado em Direito da Universidade Federal de Roraima. 
Os objetivos da pesquisa concentram-se em analisar o fenômeno denominado de limbo 
jurídico previdenciário-trabalhista, buscando entender as consequências deste limbo para o 
empregado e qual deve ser a responsabilização do empregado no âmbito trabalhista. 
Para realização de tal estudo, será feita uma análise, explicando de forma sucinta o 
funcionamento do auxílio-doença dentro da seguridade social, a suspensão do contrato de 
trabalho, a conceituação do limbo jurídico trabalhista-previdenciário e finalmente, a 
responsabilidade do empregador. 
Busca-se responder quais as consequências de tal fenômeno, desdobramentos jurídicos 
e fáticos, e meios de responsabilizar o empregador, de forma a amparar o empregado, que se 
encontra vulnerável diante do limbo jurídico. 
Pesquisa acadêmica realizada utilizando método qualitativo e conceitual, através de 
pesquisa bibliográfica dos materiais publicados sobre o tema, jurisprudência e análise da 
legislação, em especial a Consolidação das Leis do Trabalho. 
 
 
SEGURIDADE SOCIAL 
 
A Seguridade Social está prevista e conceituada no caput do artigo 194 da Constituição 
Federal, como um "um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da 
sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência 
social". 
Dentro desta seara estão previstos vários dispositivos para amparar o cidadão que se 
encontra em alguma situação que necessite do apoio do sistema de Seguridade Social como por 
exemplo a aposentadoria para os idosos, a proteção ao trabalhador em situação de desemprego 
involuntário por meio do seguro desemprego, a licença maternidade, a pensão por morte 
percebida pelos parentes pelo trabalhador, o auxílio reclusão fornecido aos familiares dos 
presos que possuem baixa renda, e por fim o instituto que será abordado no presente artigo o 
auxílio-doença. 
 
SUSPENSÃO E INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO 
Para os fins do presente artigo se faz necessário a compreensão dos dois conceitos 
supracitados principalmente para a análise do conceito de auxílio-doença, que está 
diretamente ligado ao tema do limbo jurídico previdenciário trabalhista. 
Na Consolidação das Leis do Trabalho os institutos da Suspensão do Contrato de 
trabalho e da Interrupção do contrato de trabalho são tratados de forma conjunta no Capítulo 
IV do Título IV, entre os artigos 471 e 476 - A. Isto ocorre em decorrência das características 
em comum dos institutos, ambos abordam uma situação na qual o trabalhador estará 
temporariamente fora da disposição do seu empregador sendo mantida, no entanto, a relação 
jurídica de emprego. A legislação estabelece: 
Art. 471. Ao empregado afastado do emprego, são asseguradas, por ocasião de sua volta, 
todas as vantagens que, em sua ausência, tenham sido atribuídas à categoria a que pertencia 
na empresa. 
E da mesma forma a doutrina elucida: 
“No curso do contrato de trabalho, este pode sofrer certos eventos que signifiquem a ausência 
de prestação de serviços, mas sem acarretar a cessação do vínculo de emprego. São as 
hipóteses de suspensão e interrupção do contrato de trabalho, conforme terminologia 
indicada no Capítulo IV, do Título IV, da Consolidação das Leis do Trabalho. Embora os 
referidos termos possam receber certas críticas por parte de alguns autores na doutrina, 
encontram-se adotados em nosso sistema de direito positivo. Na realidade, o que fica 
suspenso não é o contrato de emprego em si (que permanece em vigor), mas sim os seus 
efeitos principais, especialmente quanto à prestação do trabalho.” (GARCIA, Gustavo 
Filipe Barbosa)¹ 
Especificamente sobre a interrupção observa-se a especificação: 
“Desta forma, pode-se inferir que, durante a interrupção contratual, não há trabalho, mas há 
salário, e o tempo de afastamento do trabalhador é considerado como de serviço para os 
efeitos legais.” (SILVA, Natália Augusta Sampaio.) ² 
Em resumo, na suspensão não ocorre o pagamento de salários da mesma forma em 
que não será computado o tempo de afastamento como tempo de serviço, sendo conhecida 
doutrinariamente como suspensão total, pois paralisa temporariamente além da prestação dos 
serviços, as obrigações patronais e qualquer outro efeito do contrato enquanto perdurar a 
paralisação dos serviços. Enquanto a interrupção é considera uma suspensão parcial, por 
suspender apenas a prestação do serviço sendo mantidas as demais obrigações por parte do 
empregador. 
Alguns exemplos de Interrupção e Suspensão do contrato de trabalho são: 
INTERRUPÇÃO SUSPENSÃO 
 Licença-maternidade; 
 Repousos semanais remunerados e 
feriados; 
 Gozo de férias anuais; 
 Faltas justificadas pelo 
empregador; 
 Falecimento do cônjuge, 
ascendente, descendente, irmão ou 
pessoa que, declarada em sua 
CTPS, que viva sob sua 
dependência econômica (até 2 
dias); 
 Casamento (até 3 dias); 
 Doação voluntária de sangue 
devidamente comprovada (um dia 
em cada 12 meses de trabalho); 
 Alistamento como eleitor (até 2 
dias consecutivos ou não); 
 
 Faltas injustificadas ao serviço; 
 Período de suspensão disciplinar; 
 Período em que o empregado 
estiver recebendo auxílio-doença 
ou aposentadoria por invalidez 
(enquanto não se tornar definitiva 
a aposentadoria), pagos pela 
Previdência Social; Tempo em que o empregado se 
ausentar do trabalho para 
desempenhar as funções de 
administração sindical ou 
representação profissional, que 
será considerado como de licença 
não-remunerada, salvo 
assentimento da empresa ou 
cláusula contratual; 
 
 
 
AUXÍLIO DOENÇA 
O auxílio-doença está previsto na legislação brasileira nos artigos 476 da CLT e 
no artigo 60 da lei 8.213/91, com destaque do parágrafo 3º, que estabelecem: 
Art. 476 - Em caso de seguro-doença ou auxílio-enfermidade, o empregado é considerado 
em licença não remunerada, durante o prazo desse benefício. 
Art. 60. O auxílio-doença será devido ao segurado empregado a contar do décimo sexto 
dia do afastamento da atividade, e, no caso dos demais segurados, a contar da data do início 
da incapacidade e enquanto ele permanecer incapaz. [...] 
§ 3o Durante os primeiros quinze dias consecutivos ao do afastamento da atividade por 
motivo de doença, incumbirá à empresa pagar ao segurado empregado o seu salário 
integral. 
Como fica claro na análise dos artigos supracitados em caso em enfermidade o 
pagamento dos vencimentos do empregado é feito pelo empregador até o 15º dia de 
afastamento se tratando de uma interrupção no contrato de trabalho, a partir do 16º dia o 
empregado está apto para receber o auxílio-doença propriamente dito e é feito pelo INSS, 
desobrigando assim o empregador deste ônus, se tratando de uma suspensão do contrato de 
trabalho. 
LIMBO JURÍDICO PREVIDENCIÁRIO-TRABALHISTA 
 
 Popularmente o termo “limbo” compreende um significado de estar incerto ou 
indefinido. Por tais razões foi o termo utilizado para a denominação, a qual então temos uma 
problemática que é ignorada, tanto no âmbito doutrinário quanto no jurisprudencial. Em síntese 
ocorreria uma ausência de trabalho, como também de salário e benefício previdenciário. A 
problemática supracitada nos proporciona a observância de que a ausência de uma solução para 
o entrave desta ausência de assistência ao trabalhador, que não pode receber o benefício 
previdenciário e também não pode retornar ao seu trabalho como normalmente remunerado. 
 A ausência de uma resolução destes conflitos, ocasiona um grande vulto processual, 
com significativo número de litígios, tende a findar em aumento dos conflitos judiciais 
observando que o trabalhador fica desassistido, numa situação de incerteza, o que acaba por 
gerar uma situação de questionamento da efetividade real dos direitos fundamentais sociais e 
da reinserção e solidariedade na sociedade. 
 
“os direitos sociais de cunho prestacional encontram-se a serviço da 
igualdade e da liberdade material, objetivando a proteção da pessoa 
contra as necessidades de ordem material e a garantia de uma existência 
com dignidade, isto é, com um “mińimo existencial”, compreendido aqui 
de forma conexa ao princiṕio da dignidade e que abrange não apenas “um 
conjunto de prestações suficientes apenas para assegurar a existência (a 
garantia da vida humana - aqui seria o caso de um mińimo apenas vital) 
mas, mais do que isso, uma vida com dignidade, no sentido de uma vida 
saudável, como deflui do conceito de dignidade”. (SARLET, Ingo 
Wolfgang)³ 
 
 Compreende-se então de modo mais claro que ocorreria o limbo jurídico-
previdenciário quando o trabalhador tendo sido afastado para o recebimento de auxílio-doença, 
entretanto tendo findado o benefício ainda se compreende por análise médica comum que o 
referido trabalhador não estaria apto ao laboro. Por tais razões fica desassistido por ambas as 
partes, tanto pelo INSS quanto pelo seu empregador. 
 O fato de não haver uma legislação específica voltada ao tema, que defina a 
divergência sobre o responsável pelo empregado em limbo causa uma questão relevante de 
insegurança na área do direito do trabalho e previdenciário. Dentre os questionamentos estão a 
existência ou não de uma obrigação das empresas receberem o funcionário que foi liberado pelo 
INSS e também a motivação real da não continuidade do benefício por parte da autarquia 
notando-se que o funcionário não possui condições reais de retorno ao labor. 
 As hipóteses seriam sobre a possibilidade de o empregador determinar se aquele 
funcionário poderia voltar ao trabalho, ou se ele deve adimplir o salário neste período de 
discussão, ou se deveria buscar por meio judicial o ajuizamento de ação contra o INSS com 
busca de uma revisão da referida. 
 A compreensão que geralmente as Cortes trabalhistas estão a apresentar é a da 
responsabilidade pelo funcionário caber ao empregador se liberado para as atividades laborais 
pela autarquia previdenciária, devendo então o empregador adimplir o salário mesmo não 
havendo efetivo retorno as atividades como dispõe o a CLT no Art. 476. Por tais razões após a 
alta médica o contrato do referido empregado tem retorno dos efeitos, de modo que teria o 
direito de ser readaptado ou de retornar ao exercício da sua função anterior. 
 
LIMBO JURÍDICO PREVIDENCIÁRIO TRABALHISTA. RESPONSABILIDADE 
DO EMPREGADOR PELOS SALÁRIOS E DEMAIS VANTAGENS 
DECORRENTES DO VINCULO DE EMPREGO. Após a alta médica do INSS, a 
suspensão do pacto laboral deixa de existir, voltando o contrato em tela a produzir todos 
os seus efeitos. Se o empregador impede o retorno ao labor, deve tal situação ser vista 
como se o empregado estivesse à disposição da empresa esperando ordens, onde o 
tempo de trabalho deve ser contado e os salários e demais vantagens decorrentes o 
vinculo de emprego quitados pelo empregador, nos termos do art. 4º da CLT, salvo se 
constatada recusa deliberada e injustificada pelo empregado em assumir os serviços. 
(TRT-2 - RO: 7152120125020 SP 00007152120125020461 A28, Relator: MAURILIO 
DE PAIVA DIAS, Data de Julgamento: 17/09/2013, 5ª TURMA, Data de Publicação: 
24/09/2013) 
RECURSO DE REVISTA. AUXÍLIO-DOENÇA. ALTA PREVIDENCIÁRIA. 
CONTROVÉRSIA QUANTO À SAÚDE DO EMPREGADO. 
RESPONSABILIDADE PELOS SALÁRIOS. O que se discute nos autos é se a 
empresa é responsável pelo pagamento dos salários em situações nas quais há um 
impasse entre o INSS e a empregadora, quanto à capacidade laboral do empregado. 
Considerando-se que a dignidade da pessoa humana e o valor social do trabalho estão 
entre os fundamentos da República, nos termos do art. 1º, incisos III e IV, da CF, não 
há como conceber que o trabalhador, que depende do salário para sua subsistência e 
de sua família, seja dele privado em razão da divergência de entendimento entre o 
órgão previdenciário e o serviço médico do empregador , quanto à sua real condição 
de saúde. Assim, diante da alta médica apresentada à empresa, cabe a ela reintegrar o 
empregado e, caso não concorde com a avaliação previdenciária, questioná-la por 
meio das medidas cabíveis. Dessa forma, a responsabilidade pelo pagamento dos 
salários relativos aos períodos em que a reclamante estava de alta médica do INSS é 
da empregadora. Há precedentes. Recurso de revista conhecido e não provido. (RR-
691-17.2011.5.12.0051, Relator Ministro: Augusto César Leite de Carvalho, 6ª 
Turma, DEJT 26/02/2016) 
 
RETORNO AO TRABALHO APÓS ALTA PREVIDENCIÁRIA. RECUSA 
INJUSTIFICADA DO EMPREGADOR. LIMBO JURÍDICO PREVIDENCIÁRIO. 
É incontroverso nos autos que a reclamada, com fundamento em atestados médicos, 
impediu que a reclamante retornasse às suas atividades laborais tampouco procedeu 
à readaptação da trabalhadora em outras funções, embora a demandante tenha sido 
considerada apta para o trabalho pela perícia médica do INSS. Cumpre enfatizar que, 
nos termos do art. 2º da Lei 10.876/2004, o perito médico do INSS possui 
competência exclusiva para emissão de parecer conclusivo sobre a capacidade de 
retorno ao trabalho do empregado. Assim,pareceres médicos, ainda que emitidos por 
profissional da empresa, não têm o condão de respaldar a recusa da empresa em 
permitir o retorno do empregado ao seu posto de trabalho. Isso porque, embora a 
empregadora tenha o dever de preservar a integridade física e a saúde do trabalhador, 
não pode privá-lo de seu direito ao recebimento de salário. Dessa forma, a conduta da 
empresa, ao impedir o retorno do empregado à atividade laboral e, consequentemente, 
inviabilizar o percebimento da contraprestação pecuniária, mesmo após a alta 
previdenciária, se mostra ilícita, nos termos do art. 187 do Código Civil. Ressalte-se, 
ainda, que, segundo os termos do art. 476 da CLT, com o término do benefício 
previdenciário, o contrato de trabalho voltou a gerar todos os efeitos, permanecendo 
com o empregado o dever de prestar serviços e, com o empregador, o de pagar 
salários. Assim, impedido de retornar ao emprego, e já cessado o pagamento do 
benefício previdenciário, o empregado permanece no "limbo jurídico previdenciário 
trabalhista", como denominado pela doutrina. Com efeito, a jurisprudência desta 
Corte vem se consolidando no sentido de que, nessas hipóteses, há conduta ilícita do 
empregador em não permitir o retorno do empregado ao trabalho, pois evidenciada 
afronta ao princípio da dignidade da pessoa humana, inserto no art. 1º, inciso III, 
da Constituição Federal. Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido. 
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. A indicação de violação à 
Lei 1.060/50 não viabiliza a revista, uma vez que o mencionado dispositivo contém 
diversos artigos, incisos e parágrafos, não tendo a reclamante apontado 
especificamente qual deles teria sido vulnerado, a fim de permitir o confronto com a 
decisão recorrida. Incide, pois, a Súmula nº 221 desta Corte como obstáculo ao 
prosseguimento da revista. Já o único aresto apresentado é oriundo do mesmo tribunal 
prolator da decisão recorrida, nos termos do art. 896, a da CLT. Recurso de revista 
não conhecido. (RR - 128-68.2013.5.09.0008 , Relator Ministro: Breno Medeiros, 
Data de Julgamento: 07/03/2018, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT 16/03/2018) 
 
 Como referido nas decisões constantes acima de anos diferentes, constando um lapso 
temporal razoável com 2013, 2016 e 2018 nota-se uma continuidade do entendimento. Por tais 
razões compreendendo que a alta médica é um ato administrativo que possui uma legitimidade 
presumida, cabendo então ao empregador o ônus de comprovar as características seja no âmbito 
administrativo ou em uma ação própria contra a autarquia previdenciária. Por tais razões, se 
constatado por avaliação médica que o referido funcionário não possui condições de retorno as 
funções deverão informar a empresa que por sua vez poderá apresentar recurso ou uma Ação 
Acidentária contra o INSS. Por tais razões, havendo impossibilidade de realizar uma 
readaptação do referido funcionário, ele deve auferir licença remunerada enquanto não for 
solucionada a situação não desprestigiando a parte hipossuficiente da referida relação de 
contrato. 
 Os procedimentos referidos mostram-se necessários a prevenção do agravamento da 
saúde do funcionário, assim como situações ainda mais graves para a contratante, tendo em 
vista que caso o empregado desempenhe as funções indevidas antes de estar apto possa vir a 
ser indenizado por tal razão em virtude de o empregador contribuir ao agravamento da doença 
ou situação. 
 
 
A RESPONSABILIDADE DO EMPREGADOR 
 
 
Considerando a existência do limbo jurídico previdenciário-trabalhista, cabe o 
questionamento sobre qual será a responsabilidade do empregador dentro da problemática 
apresentada. 
Compreende-se que a alta previdenciária acarreta o fim da suspensão do contrato de 
trabalho, devendo o empregador, portanto, remunerar o empregado, honrando o contrato de 
trabalho, uma vez que o mesmo volta a sua vigência. 
A decisão do INSS que atesta a aptidão do empregado para o exercício de suas funções 
goza de presunção de legitimidade e veracidade, motivo pelo qual cabe ao empregador 
demonstrar que apesar de a alta previdenciária ter sido concedida, o empregado permanece 
inapto para o trabalho. 
O Tribunal Superior do Trabalho tem jurisprudência no sentido de que em função do 
princípio da dignidade humana e conforme o valor social do trabalho (art. 1º, III e IV, da CF), 
o empregador deve remunerar o empregado de acordo com o período trabalhado, pois, a 
consequência do pagamento é a inexistência de renda mínima para sua subsistência. Da mesma 
forma entendem os tribunais: 
INCAPACIDADE LABORATIVA. LER/DORT. EMPREGADA CONSIDERADA 
APTA PELO INSS E INAPTA PELO MÉDICO DA EMPRESA. NAO-
RECEBIMENTO DE SALÁRIO OU DO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. 
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. ART. 1º, III E IV C/C ART. 170 DA 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DANO MORAL E MATERIAL. 
RESPONSABILIDADE SUBJETIVA DO EMPREGADOR. OMISSAO 
VOLUNTÁRIA. COMPROVAÇAO. DEFERIMENTO. Não se pode olvidar que é 
fundamento basilar da República Federativa do Brasil a dignidade da pessoa 
humana e os valores sociais do trabalho (art. 1º, incisos III e IV da CF). Ademais, 
a valorização do trabalho humano, sobre que é fundada a ordem econômica, tem 
o fim de assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social 
(art. 170 da CF). Neste caso, o ato ilícito e a culpa do reclamado pelo dano moral e 
material decorrem da omissão voluntária em não conduzir a reclamante à função 
compatível com sua capacidade laborativa, custeando seus salários enquanto negado 
o benefício previdenciário e, ainda, em não emitir nova CAT, buscando no Órgão 
competente o restabelecimento do auxílio- doença acidentário. Assim, o nexo de 
causalidade entre a omissão ilícita da empresa reclamada e a lesão imaterial e material 
suportada pela reclamante é evidente, pois não há dúvida de que - tomando-se em 
consideração a percepção do homem médio - na situação de total desamparo 
vivenciada pela autora, permanecendo dez meses sem receber o auxílio 
previdenciário, porque considerada apta ao trabalho pelo INSS, e sem perceber seus 
vencimentos, porque não aceito o retorno ao trabalho pela empresa, sem ter como 
prover a si e à sua família e diante da indefinição do quadro narrado; a dor pessoal, o 
sofrimento íntimo, o abalo psíquico e o constrangimento tornam-se patentes. (TRT-
14 - RO: 68220084011400 RO 00682.2008.401.14.00, Relator: JUIZ FEDERAL DO 
TRABALHO CONVOCADO SHIKOU SADAHIRO, Data de Julgamento: 
26/08/2009, PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DETRT14 n.0160, de 
28/08/2009). (Grifo nosso) 
 
Interpretando o artigo 476 da CLT em conjunto com o artigo 63 da lei 8213/91, que 
estabelece: “O segurado empregado, inclusive o doméstico, em gozo de auxílio-doença será 
considerado pela empresa e pelo empregador doméstico como licenciado.”, entende-se que a 
licença não remunerada ocorre apenas na percepção do auxílio doença. Como este não é o caso 
configurado, uma vez que se deu fim ao benefício recebido pelo empregado, volta a valer o 
contrato de trabalho, tornando-se obrigação do empregador remunerar o empregado. Nesse 
sentido, decide o TST: 
DANOS MATERIAIS E MORAIS - BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO NEGADO 
AO EMPREGADO - INAPTIDÃO PARA O TRABALHO - RESPONSABILIDADE 
DO EMPREGADOR PELO PAGAMENTO DOS SALÁRIOS. 
Após a alta previdenciária, e consequente fim do período de suspensão do contrato de 
trabalho, a regra impositiva de pagamento de salários volta a ter eficácia, ainda que a 
empresa, contrariando as conclusões da Previdência Social, considere o empregado 
inapto ao trabalho. Com efeito, deve o empregador responder pelo pagamento dos 
salários devidos no período em que o empregado esteve à disposição da empresa 
(art.4º da CLT), sobretudo diante do seu comparecimento para retorno ao trabalho. 
Estão configurados os elementos que ensejam o dever de reparação, nos termos da 
teoria da responsabilidade subjetiva: o dano moral (sofrimento psicológico decorrente 
da privação total de rendimentos por longo período), o nexo de causalidade (dano 
relacionado com a eficácia do contrato de trabalho) e a culpa (omissão patronal no 
tocante ao pagamento dos salários) (RR-142900-28.2010.5.17.0011. Relator 
Desembargador Convocado João Pedro Silvestrin, 8ª Turma, j. 20/11/2013, DEJT 
22/11/2013). (Grifo nosso) 
 
Considera-se que a melhor solução viável para as partes é readaptação do empregado a 
uma função compatível com seu atual estado de saúde. É a melhor solução pois, o empregado 
não pode voltar a uma função para o qual está inapto, tal medida vai contra aos princípios do 
direito trabalhista, ademais, é adequado porque será pago o salário a um funcionário que está 
efetivamente trabalhando, embora em outra função. Desta forma se posiciona a jurisprudência: 
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. CESSAÇÃO DE 
BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. RETORNO AO TRABALHO. APTIDÃO 
RECONHECIDA PELO INSS E NEGADA POR MÉDICO DA EMPRESA. 
EFEITOS DO CONTRATO DE TRABALHO. 
Ocorrendo divergência entre a conclusão da perícia previdenciária e o atestado 
médico da empresa, competia ao reclamado diligenciar junto ao INSS solução 
para o deslinde da questão ou até mesmo realocar o empregador em setor diverso 
daquele que antes laborava, enquanto não houvesse reforma da decisão 
administrativa. Não se pode atribuir ao obreiro o ônus de suportar os prejuízos 
decorrentes do impasse entre as decisões, ficando desemparado sem percepção de 
nenhum meio de subsistência. Assim, comprovada a tentativa do obreiro de 
retorno ao trabalho, tendo sido negada pelo reclamado, incumbe a este a 
responsabilidade pelo pagamento dos salários e demais verbas compreendidas a 
partir da cessação do auxílio-doença. Inocorrência de violação aos dispositivos 
legais e constitucionais a ensejar o processamento da revista com supedâneo no art. 
896, -c-, da CLT. Agravo de instrumento desprovido. (AIRR - 753-
72.2012.5.04.0333, Relator Ministro: Arnaldo Boson Paes, Data de Julgamento: 
20/08/2014, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 22/08/2014) (Grifo nosso) 
 
No entanto, para algumas empresas não é possível realizar a readaptação, devido a seu 
porte e a falta de vagas adequadas em tal situação, sendo adequado que o empresário forneça 
meios de assistência para que o empregado consiga o benefício previdenciário. O empregador 
deve manter seu salário até que o benefício seja concedido mediante recurso administrativo ou 
decisão judicial. 
 
CONCLUSÃO 
 
 Como exposto no decorrer do trabalho o legislativo ainda não alcançou a solução para 
os casos concretos em que o trabalhador se encontra desemparado tanto pelo Estado quanto 
pelo seu empregador, por isso o temo jurídico limbo jurídico. Portanto, o judiciário vem 
suprindo parcialmente estes casos como observado pela jurisprudência reiterada sobre o tema. 
 Entende-se inicialmente que o empregador deve sempre tentar realizar a readaptação do 
funcionário caso se encontre na situação em questão e caso isto não seja possível deve adimplir 
com o pagamento do auxílio-doença até que consiga por via administrativa ou judicial que o 
pagamento do auxílio seja realizado pelo Estado. 
 Entretanto, é evidente que ausência de previsão legal para os casos que configurem este 
limbo sobre o amparo financeiro do empregado enfermo gera muito prejuízo ao detentor do 
direito em questão, gerando uma insegurança quanto ao recebimento dos seus vencimentos 
somado à já grave enfermidade que o aflige. 
 Desta forma, urge-se por uma posição do legislativo que traga uma solução ao dilema 
posto, seja esta a confirmação da aplicação já utilizada pelo judiciário ou outra que os membros 
do parlamento entendam como mais adequada para a solução do problema. 
 
 
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