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Prática Profissional Do Serviço Social E Acolhimento Institucional Na Casa Santa Luiza De Marillac

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PRÁTICA PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL E ACOLHIMENTO 
INSTITUCIONAL NA CASA SANTA LUIZA DE MARILLAC. 
SOMER, Diana Galone (estagio I), e-mail: dianassomer@gmail.com 
BOMFATI, Adriana (supervisor), e-mail: adribomfati@hotmail.com 
NADAL, Isabela Martins (orientador), e-mail: isabela_nadal@hotmail.com 
 
Palavras-chave: adolescente, risco pessoal, prática profissional 
 
Resumo: Este trabalho tem por objetivo apresentar a prática do serviço social 
na instituição Casa Santa Luiza de Marillac, que atende adolescentes do sexo 
feminino de 12 a 18 anos, que se encontram em situação de vulnerabilidade e 
risco pessoal e social. O acolhimento das adolescentes ocorre devido alguns 
determinantes como: violência doméstica (física, sexual, psicológica e a 
negligência), uso e abuso de substâncias psicoativas, evasão escolar, 
vivência na rua, abandono familiar, entre outros. Essas adolescentes são 
afastadas da família e encaminhadas pelo Conselho Tutelar e Vara da 
Infância e Juventude da Comarca de Ponta Grossa/ PR para a Casa Santa 
Luiza de Marillac temporariamente, até que sua família tenha condição de 
cuidar e de protegê-las. A instituição está tipificada na Política de Assistência 
Social como Alta Complexidade, na modalidade de Acolhimento Institucional, 
visando restabelecer os direitos violados e o vínculo familiar. Este 
acolhimento visa assegurar a integridade física, segurança, privacidade, 
higienização, entre outros. Estão acolhidas na Instituição doze adolescentes, 
destas observou-se que oito encontram-se com atraso escolar e somente 
quatro estão em situação regular, pode ser considerado um número baixo, 
pois corresponde a apenas 1/3 das adolescentes acolhidas. O desafio do 
Serviço Social é estimular a participação da família na instituição, visando à 
reintegração familiar e a manutenção do vínculo. Quando a adolescente é 
acolhida na entidade é realizada uma visita domiciliar aos seus familiares, 
para que se possa observar o contexto e o convívio familiar bem como as 
situações que o permeiam. A assistente social desenvolve projetos com o 
intuito de promover, desenvolver e descobrir habilidades das adolescentes. 
 
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Anais da IX Jornada de Estagio de Serviço Social: formação e prática 
profissional do Serviço Social. 04 e 05 de Novembro de 2013. ISBN 
22371362 
Introdução 
Neste trabalho apresentaremos brevemente a instituição Casa Santa Luiza de 
Marillac, que é uma entidade de acolhimento temporário para adolescentes do sexo 
feminino. Será pontuada a prática profissional do assistente social na instituição, 
visando demonstrar a importância deste profissional, e a relevância do trabalho 
interdisciplinar no espaço de acolhimento. 
A casa Santa Luiza de Marillac foi inaugurada no dia 08 de fevereiro de 1996 
sendo seu principal objetivo acolher adolescentes do sexo feminino. Começou 
assim, no mesmo ano, dia 12 de fevereiro, acolhendo adolescentes em situação de 
risco pessoal e social. A entidade é filantrópica de cunho religioso, e é coordenada 
pela Pia União das Irmãs da Copiosa Redenção. Têm como finalidade atendimento 
temporário as adolescentes do sexo feminino que tenham idade entre 12 e 18 anos 
e que estejam em situação de vulnerabilidade e risco pessoal e social. De acordo 
com Deslandes (1994, p.10 apud SAGAZ, 2008) a violência doméstica contra 
criança e adolescente traz em si elementos culturais e socialmente estabelecidos de 
hierarquia e de dominação do mais forte, de castigo como instrumento de ensino e 
traz no arcabouço a noção de proteção. A violência doméstica cometida pelos pais 
ou responsáveis é baseada no poder que é utilizado abusivamente contra a criança 
e o adolescente, desconsiderando o direito de expressarem seus sentimentos e 
opiniões. 
Os projetos realizados na Casa Santa Luiza de Marillac proporcionam o 
desenvolvimento pessoal, as habilidades das adolescentes em atividades como: 
aula de balé que trabalha expressões corporais, pintura em madeira desenvolve a 
criatividade, aula de violão onde ampliam a percepção e atenção, entre outros. 
Esses projetos proporcionam o crescimento da confiança e a maturidade, elevando 
sua autoestima. 
 
Relato da Prática Profissional 
O assistente social para desenvolver suas ações na Casa Santa Luiza de 
Marillac precisa conhecer as seguintes normativas que envolvem diretamente a 
criança e adolescente como: Estatuto da Criança e do Adolescente-ECA, e a Lei 
Orgânica da Assistência Social – LOAS; Política de Nacional de Assistência social- 
PNAS; Sistema Único da Assistência Social – SUAS; Norma Operacional Básica de 
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Anais da IX Jornada de Estagio de Serviço Social: formação e prática 
profissional do Serviço Social. 04 e 05 de Novembro de 2013. ISBN 
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Recursos Humanos do SUAS NOB-RH/ SUAS; Norma Operacional Básica do 
SUAS-NOB/SUAS;Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de 
Crianças e Adolescente à Convivência Familiar e Comunitária; Tipificação Nacional 
de Serviços Socioassistenciais; Orientações Técnicas: Serviços de Acolhimento para 
Crianças e Adolescentes; Projeto de Diretrizes das Nações Unidas sobre Emprego e 
Condições Adequadas de Cuidados Alternativos com Crianças. 
Destacam-se algumas atuações entre as atividades realizadas na prática 
profissional desenvolvida pelo Serviço Social na instituição: captar recursos através 
de projetos para realizar atividades culturais para as adolescentes e para custear os 
gastos da entidade; estimular a participação da família na Instituição visando à 
reintegração familiar e a conservação do vínculo, na qual realiza atendimento 
individualizado através da entrevista, no atendimento grupal das adolescentes, 
colhendo elementos para o estudo social da família por meio da visita domiciliar; 
encaminhamento diversos das adolescentes para escola (cursos profissionalizantes 
e semi-profissionalizantes), atendimento médico, psicológico, psiquiátrico e 
odontológico; providenciar os documentos que são necessários para a cidadania das 
adolescentes. Mediante o que foi dito, percebe-se que o Serviço Social emprega 
vários instrumentais técnicos, esses dão subsídios para sua intervenção. 
Para Guerra (2013, s/p) “a instrumentalidade é uma propriedade e/ou capacidade 
que a profissão vai adquirindo na medida em que concretiza objetivos. Ela possibilita 
que os profissionais objetivem sua intencionalidade em respostas profissionais.” 
Assim, a visita domiciliar é um instrumento técnico-operativo que Amaro (2003, p.13) 
define como “uma prática profissional, investigativa ou de atendimento, realizada por 
um ou mais profissionais, junto ao indivíduo em seu próprio meio social ou familiar.” 
 Portanto, durante a visita domiciliar a assistente social da instituição tem uma 
abordagem cuidadosa com os familiares. Esse cuidado estende-se as adolescentes 
mostrando interesse em suas dificuldades relatadas, ganhando confiança e 
respeitando a sua realidade. É necessário destacar que a assistente social participa 
desde o ano de 2009 como conselheira do Conselho Municipal dos Direitos da 
Criança e do Adolescente (CMDCA), estando inserida nas discussões e decisões. 
Um dos benefícios alcançados com essa participação é obter informação sobre os 
novos editais (norma e prazos) dos projetos. 
 
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Anais da IX Jornada de Estagio de Serviço Social: formação e prática 
profissional do Serviço Social. 04 e 05 de Novembro de 2013. ISBN 
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Resultados e Discussão 
Algumas das adolescentes participam do projeto “O Jovem aprendiz”, esse 
ano foram encaminhadas seis e destas duas foram inseridas no mercado de 
trabalho, as adolescentes passam por um período de aprendizagem e na sequênciacomeçam a fazer as entrevista. As adolescentes também fazem outros cursos 
profissionalizantes, como por exemplo, no CEBRAC. 
Quando as adolescentes chegam à entidade o primeiro encaminhamento 
realizado pela assistente social é para a escola, atendendo o art. 53 do Estatuto da 
Criança e do Adolescentes (ECA) que relata que toda criança e adolescente têm 
direito à educação. Observa-se na entrevista realizada pela assistente social quando 
a adolescente é acolhida que na maioria das vezes possui atraso escolar. Através 
dos dados coletados da ficha das adolescentes percebeu-se que das doze 
adolescentes que estão acolhidas, quatro encontram-se em situação regular, o que 
significa que estão na idade escolar correta. Pode ser considerado um número 
baixo, pois corresponde a apenas 1/3 das adolescentes acolhidas. Vemos que cinco 
das adolescentes estão com um ano de atraso escolar, uma adolescente está com 
três anos de atraso, outra está com quatro anos e a última adolescente está com 
cinco anos de atraso escolar. 
Percebemos a partir dos dados supracitados mais uma das vulnerabilidades 
dessas adolescentes que sofreram violação de seus direitos, e que estão acolhidas 
temporariamente na instituição. Há um acompanhamento do rendimento escolar 
pela assistente social e pela psicóloga. Quando necessário são feitas reuniões com 
as pedagogas das escolas. É relevante destacar a importância do trabalho 
interdisciplinar realizado na Casa Santa Luiza de Marillac, tanto nos pareceres das 
visitas domiciliares enviados para juíza, como em todas as atividades da instituição. 
O trabalho do Serviço Social tem dado frutos, neste ano foram reintegradas 
nove adolescentes ao convívio familiar e comunitário. 
 
Considerações/Notas Conclusivas 
Mediante os fatos expostos compreendemos que a prática profissional do 
assistente social é dinâmica, e que é de fundamental importância a utilização dos 
instrumentais para sua realização bem como o conhecimento das normativas. Uma 
das atividades da profissional é como membro do Conselho Municipal dos Direitos 
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da Criança e do Adolescente (CMDCA) na qual participa das discussões e da rede 
de atendimento no município. Atualmente um dos desafios da instituição é seguir 
uma das normas das orientações técnicas: serviços de acolhimento para crianças e 
adolescentes referente a equipe de profissional mínima (grau escolar). Também se 
torna um desafio para o Serviço Social a reintegração das adolescentes, visto que a 
realidade de cada família tem sua particularidade, e o assistente social precisa 
proporcionar a promoção humana das adolescentes e de seus familiares. O trabalho 
desenvolvido proporciona uma compreensão e reflexão tanto para os acadêmicos 
como para os demais profissionais, pois traz o agir da assistente social nas 
atividades realizadas, os desafios e demonstra o potencial do Serviço Social na 
Instituição. 
 
Referências 
 AMARO, Sarita. Visita Domiciliar: Guia para uma abordagem complexa. 
Porto Alegre. Ed. AGE. 2003. 
 
BRASIL. Estatuto da criança e do adolescente: Lei federal nº 8069, de 13 de 
julho de 1990. 
 GUERRA, Yolanda. A instrumentalidade no trabalho do assistente social. 
Disponível em: 
<http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAmAMAE/instrumentalidade-servico-social> 
acesso em: 03 de out. de 2013. 
SAGAZ, V. R. Crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual e o 
processo de resiliência: perspectiva de compreensão a partir da abordagem 
ecológica do desenvolvimento humano de Bronfenbrenner. 2008. 185 f. Dissertação 
(Mestrado em Educação, Linha de Pesquisa: Ensino-aprendizagem) – Programa de 
Pós Graduação em Educação, Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta 
Grossa, 2012.

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