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Contestação à Ação Civil Pública em Cerejeiras

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Prefeitura Municipal de Cerejeiras
CNPJ/MF: 04.914.925/0001-07
Avenida das Nações, 1919 – Centro – CEP: 76.997-000
Cerejeiras – Rondônia
	
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA GENÉRICA DA COMARCA DE CEREJEIRAS – RO
Autos n. 7000665-05.2019.822.0013
Pedido com Urgência.
		O MUNICIPIO DE CEREJEIRAS – RO, pessoa jurídica de direito público, inscrita no CNPJ sob o nº 04.914.925/0001-07, situado a Avenida das Nações, nº 1919, bairro centro, Cerejeiras – RO, CEP 76997000, neste ato representado pela Prefeita Municipal, LISETE MARTH, brasileira, casada, portadora da Célula de Identidade RG sob nº. 3.198.751-2 SSP/RO, inscrita no CPF/MF sob nº. 526.178.310-00, residente e domiciliado na Rua Sergipe, nº.989, bairro centro, nesta cidade de cerejeiras/RO, CEP 76997000 por meio de seu procurador instituído pela Portaria n. 119/2018, segue em anexo, pessoa jurídica de direito público interno, vem, tempestivamente, perante Vossa Excelência apresentar CONTESTAÇÃO à Ação Civil Pública em epígrafe, por todos os propósitos factuais e jurídicos doravante aduzidos:
		
1 – BREVE RELATÓRIO DO NECESSÁRIO
			O autor, em sua petição inicial, alega:
Que o Município de Cerejeiras não observou os procedimentos previstos na Lei 8.666/93, que dispõe sobre alienação de bens públicos. Violação ao disposto no Art. 37, inciso XXI da CF/88 e lesão ao contido no Art. 17, I, c, da Lei 8.666/93.
Que as permutas oriundas dos processos administrativos n. 2048/2016 e 3189/2017, autorizados pelas Leis Municipais n. 2535/2016 e 2767/2018, estão revestidas de interesse privado.
Que desde a aprovação da Lei n. 2535/2016, “passados mais de dois anos” a prefeitura não realizou a instalação da farmácia popular no prédio permutado.
Que a segunda permuta, processo administrativo n. 3189/2018, por se tratar de imóveis sem construções, terras nuas, era necessário prévia licitação, visando “ampla concorrência”.
Que as avaliações imobiliárias foram executadas de forma deficiente, sem observância das normas da ABNT NBR 14653-1 e 14653-2.
Que todas as permutas realizadas não atendem o interesse público, revelando assim, atos administrativos “materialmente inconstitucionais”.
O Ministério público na inicial requereu a concessão da tutela de urgência para que as rés abstenham-se de prosseguir com qualquer obra nos imóveis permutados;
Também requereu a suspensão dos efeitos dos atos administrativos, suspendendo as permutas realizadas através dos processos administrativos de n. 2048/2016 e 3189/2017, e requereu a constrição judicial dos imóveis sub judice.
No mérito, o Ministério Público, requereu que seja a ação civil pública julgada totalmente procedente, confirmando-se a tutela de urgência concedida e declarando-a estável.
No fim, A cota ministerial, requer que seja decretado a anulação dos atos administrativos inerentes às permutas dos imóveis referentes aos processos administrativos nº 2048/2016 e 3189/10/2017, determinando o desfazimento de todos os atos registrais a elas inerentes;
 A condenação do Município de Cerejeiras, sob pena de multa diária, no valor de R$ 1.000,00, a recair sobre o prefeito, na obrigação de não fazer, consistente em abster-se de realizar novas permutas, dispensando-se os procedimentos previstos nas normas de regências e desatenção ao princípio da supremacia do interesse público.
Todavia, a pretensão que em juízo se deduz, não merece nenhuma acolhida, como se demostra a seguir:
2 – DO MÉRITO
2.1 – DA EXISTÊNCIA DE INTERESSE PÚBLICO
		Conforme mencionado o Ministério Público alega na sua inicial, que a Prefeitura Municipal de Cerejeiras, não demostrou o interesse público, necessário para realização das permutas. Afirma veementemente que as intenções das permutas realizadas eram de favorecer os interesses privados da ACIC e SICOOB.
		Vossa Excelência, as duas permutas realizadas não apresentam mácula de inconstitucionalidade ou de qualquer ilegalidade, tampouco, é subsidiada pelo interesse privado.
		Todos os dois processos administrativos foram feitos em observância aos requisitos legais para alienação de que trata o caput e o inciso I, alínea c, do Art. 17 da Lei de Licitações. Quais sejam: a existência de interesse público expressamente justificado, realização de avaliação prévia do respectivo bem, e autorização legislativa. 
		O interesse público se exterioriza em toda atividade administrativa que busca o interesse geral, coletivo, diversamente, pois, do que ocorre com o interesse do particular, que está voltado à própria satisfação.
		
		O interesse público deve, portanto, observar dentre outros princípios, o da economicidade, relacionado à obtenção da melhor proposta para a administração, evitando-se, destarte, medidas administrativas que se apresentem antieconômicas ao erário.
				
		O prefeito da época, Senhor Airton Gomes, apresentou documento administrativo “DA JUSTIFICATIVA DO INTERESSE PÚBLICO NA PERMUTA DE IMÓVEL PÚBLICO MUNICIPAL COM IMÓVEL DE PARTICULAR (ACIC)” (segue em anexo. DOC. 00), onde ali está apresentado e comprovado todo o interesse público necessário para realização da permuta.
		Não houve qualquer demonstração de que as permutas dos imóveis tenham acarretado prejuízo material ao erário, notadamente, que se considerarem as avaliações imobiliárias realizadas, o valor do imóvel do particular referente à primeira permuta é de R$ 580.000,00, e o valor do imóvel da prefeitura municipal, terra “crua” é de R$ 390.000,00. Não houve desembolso aos cofres públicos.
		Sobre a primeira permuta, processo administrativo n. 2048/2016, o interesse público se concretiza visto a vantagem econômica, uma vez que o imóvel publico não possuía edificação, e o imóvel do particular/ACIC, é edificado e se encontra no centro da cidade, local ideal para implantação da farmácia básica municipal, condicionada assim, ao serviço público essencial. 
		Na inicial, o parquet menciona que “passados mais de dois anos desde a edição da referida lei, n. 2535/2016, a prefeitura não procedeu com a mudança das instalações da referida farmácia para o prédio permutado”.
		Indaga ainda “o interesse público, justificativa que ensejou aquisição do imóvel em que está instalada a ACIC, somente será atendido quando a entidade inaugurar sua nova sede, permitindo que o Município de Cerejeiras inicie a reforma do espaço para instalar a farmácia municipal?”.
		A ACIC encaminhou ofício de n. 026/2017, solicitando autorização para permanecer em parte do imóvel permutado, colocando a disposição à outra parte do imóvel para o Município instalar a farmácia básica.
		
		A morosidade em face da instalação da farmácia básica no local ora permutado é devida a vários fatores inerentes a Administração Pública, tais como: problemas orçamentários, lavraturas da escritura pública do imóvel, confecção do projeto de engenharia para reforma do espaço destinado a farmácia básica, implantação de divisórias, atendimento as normas do Conselho Federal de Farmácia no Brasil, e alguns outros casos de força maior.
		Segue abaixo cronograma sobre os acontecimentos inerentes ao prédio permutado para farmácia básica, segue em anexo documentos de comprovação dos fatos expostos abaixo:
CRONOLOGIA DOS FATOS
	DATA
	DESCRIÇÃO DO FATO
	21/07/2016
	Memorando 049/2016/GAB – Solicitando parecer quanto à legalidade de realizar uma permuta de imóveis entre o Município e a Associação Empresarial de Cerejeiras - ACIC e Informando que no “café da manhã empresarial” da ACIC foi abordado o assunto de que a mesma havia realizado uma parceria com a SICOOB Credisul para construção de uma nova sede no local do prédio da Associação e que para isso precisaria demolir o imóvel ali existente, diante disso o Presidente da Câmara sugeriu que o município adquirisse o imóvel da ACIC, pois o prédio ali construído seria de grande utilidade para o poder público, como o município não tinha recursos disponíveis e a ACIC também não tinha o interesse de vender,pois o projeto era construir um novo imóvel, houve a proposta de realizar uma permuta entre o imóvel construído da ACIC e um terreno vazio do Município ambos localizados na mesma região central da cidade.
	04/07/2017
	Lavratura da escritura de permuta dos imóveis.
	09/08/2017
	Ofício 026/2017 – ACIC solicitando autorização para permanecer em parte do imóvel permutado com o município e colocando a disposição a outra parte do imóvel para o município instalar a Farmácia Básica.
	Setembro/2017
	Entrega do Projeto para reforma do espaço que será destinado a Farmácia Básica.
	19/01/2018
	Abertura de processo (200/2018) para contratação de empresa para implantação de divisórias e adequação elétrica da Farmácia Básica, com recurso próprio.
	11/05/2018
	Assinatura do contrato com a empresa vencedora da licitação – Vigência 90 dias.
	08/05/2018 à 08/11/2018
	Farmacêutica Responsável pela Farmácia Básica sai de licença maternidade, ocorrem substituições temporárias que devido à falta de experiência e grande volume de atendimentos na farmácia não consegue se organizar para realizar a mudança.
	11/08/2018
	Encerramento do contrato.
	21/02/2019
	Montagem de processo (507/2019) para aquisição e materiais para realizar a pintura do imóvel, visando atendimento do princípio da economicidade, a mão de obra utilizada na pintura foi da própria prefeitura.
	Março de 2019
	Realização da Pintura e identificação de goteiras no telhado.
	02/04/2019
	Processo (906/2019) para aquisição de materiais para realizar manutenção no telhado. 
	22/04/2019
	Embargo Judicial.
	
		
	Excelentíssimo Senhor Juiz, sobre a primeira permuta - processo administrativo n. 2048/2016 -, o mesmo já foi alvo de denúncias perante o TCE/RO, sendo que O PRÓPRIO TRIBUNAL DETERMINOU O ARQUIVAMENTO DO FEITO, visto que NÃO VISLUMBROU A EXISTÊNCIA DE IRREGULARIDADE que macule o processo de permuta, segue abaixo, síntese da determinação (anexo – doc. 02):
“6. Dessa forma, a partir dos documentos apresentados, não vislumbro a existência de ato ilegal ou irregular que justifique a atuação fiscalizatória desta Corte de Contas, de modo que seria contraproducente mover a estrutura técnica e os demais setores administrativos para que haja a instrução necessária a merecer um julgamento, quando de antemão não se vislumbra elementos que configurem lesão formal ou material ao ordenamento pátrio.
7. Diante do exposto, acompanhando o posicionamento adotado pela Secretaria Geral de Controle Externo, assim DECIDO:
I – Determinar, com fundamento no artigo 92 da LC nº 156/96, combinado com o artigo 79, §1º, in fine, do Regimento Interno deste Tribunal, o arquivamento, sem análise de mérito, da presente documentação, relacionada à denúncia sobre possíveis irregularidades3 no âmbito do Poder Executivo do Município de Cerejeiras, relativas à permuta de bem público, tendo em vista que, na análise preliminar realizada pela Unidade Técnica, não se vislumbrou a existência de irregularidade capaz de motivar a atuação fiscalizatória desta Corte de Contas, bem como em face de não restar configurada a existência dos critérios seletivos de risco, materialidade e relevância para a autuação processual, de modo que afastado o interesse de agir deste Tribunal;
II – Determinar ao Assistente de Gabinete que promova a publicação da presente Decisão Monocrática e, após, remeta a documentação ao Departamento de Documentação e Protocolo - DDP para arquivamento. Francisco Carvalho da Silva, Conselheiro Relator.”
	 
		No tocante a segunda permuta, processo administrativo n. 2538/2018, o interesse público está escancarado. 
A Prefeitura Municipal de Cerejeiras foi contemplada com um convênio oriundo do Governo Federal através do Ministério da Educação para construção de uma creche/pré-escola.
		Houve um estudo entre os gestores da educação juntamente com os gestores da área de planejamento e o Prefeito Municipal da época para buscar um local ideal e que fosse desassistido para construção da creche acima mencionada.
		O local estratégico encontrado para construção dessa creche é o bairro Anchieta, considerando o número elevado de crianças naquela região, bem como, tendo sido constatado que a distância desse bairro para a creche mais próxima é de aproximadamente 1,5 km (um quilômetro e meio) ou mais - o que pode ser facilmente comprovado com uma simples diligência -, caso assim este D. Juízo queira.
		Após, a Prefeitura procurou alguns terrenos para realizar a aquisição e posterior construção da creche municipal, tendo tomado ciência de que o SICOOB possuía 06 terrenos atrás da escola estadual de ensino fundamental Governador Jerônimo Garcia de Santana.
		As escolas de educação infantil com recursos do FNDE – fundo nacional de desenvolvimento da educação seguem padrões arquitetônicos, conforme orientações da NBR 9050 da ABNT.
		Assim, o FNDE, possui dois modelos de projetos a serem seguidos pelas prefeituras:
	Projeto arquitetônico tipo B — Para construir a escola, a prefeitura precisa dispor de terreno com dimensões mínimas de 40 por 70 metros para área construída de 1.323,58 metros quadrados. O espaço tem capacidade para 240 crianças em dois turnos ou 120 em turno integral. O prédio, térreo, tem cinco blocos, distribuídos entre as funções administrativa, de serviços e multiuso e blocos pedagógicos, um pátio coberto e área externa para playground, torre de água e estacionamento.
	Projeto arquitetônico tipo C — O terreno deve ter dimensões mínimas de 45 por 35 metros para área construída de 781,26 metros quadrados. O espaço tem capacidade para atender 120 alunos em dois turnos ou 60 em tempo integral, em quatro blocos: administrativo, de serviços e dois pedagógicos, com pátio coberto. Na área externa ficam o playground, caixas d’água e estacionamento. Os equipamentos e o uso dos espaços do projeto tipo C são iguais ao do tipo B. 
		
		
		Conforme já dito, para construir a creche foram realizadas buscas no Bairro Anchieta, para encontrar terrenos que atendesse a medida necessária de 45m x 35m, e que fosse a localização estratégica para atingir o público alvo, e centralizar a creche no meio do Bairro.
		Sendo estas as razões, o Prefeito Municipal encaminhou o ofício n. 206/2018/GAB, propondo uma permuta junto ao SICOOB que era proprietário dos terrenos.
		O imóvel pertencente à Prefeitura, terreno vazio, com área total de 359,20m² foi avaliado em R$ 275.445,50. 
O imóvel pertencente ao SICOOB, terreno vazio, com área total de 2.700,00m², foi avaliado em R$ 215.387,87.
		Segue em anexo os documentos de cadastro dos imóveis tais que se referem ao local de intenção da construção da creche/pré-escola junto ao MEC, a fim de realizar o convênio com o Governo Federal (doc. 03)
		O particular, SICOOB, por sua vez, realizou o repasse da diferença de R$ 60.057,63 aos cofres públicos.
		Sobre a análise do interesse público, e os questionamentos do parquet, a interferência do Poder Judiciário, in casu, é uma afronta direta ao princípio da Separação dos Poderes, preceituados no Art. 2º, da Constituição Federal:
Art. 2º - São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”.
 
		É de competência do Executivo, PREFEITURA MUNICIPAL, a administração e gestão do Município, os motivos de conveniência e oportunidade são atos discricionários da Administração Pública, de modo que o Poder Judiciário não deve ingerir e determinar o que é interesse público, ou onde e quando o poder executivo vai executar qualquer obra.
		O judiciário não deve ir além do exame da legalidade para emitir um juízo de mérito sobre os atos da administração, nem tampouco pode formular politicas públicas, que constituem em matéria do poder Executivo, atos funcionalmente políticos.
		Sobre o Interesse Público, tema de discussão do caso em análise, a manifestação politica da comunidade também comprova a existência de interesse público. Sobre o tema, Segue decisãoem 2º grau, do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul:
REMESSA NECESSÁRIA. SÚMULA N. 423 DO STF. AÇÃO POPULAR JULGADA IMPROCEDENTE NA ORIGEM. PRETENSÃO DE ANULAÇÃO DA DESAFETAÇÃO E SUBSEQUENTE DOAÇÃO DO BEM IMÓVEL MUNICIPAL PARA ASSOCIAÇÃO CIVIL SEM FINS LUCRATIVOS. OBSERVÂNCIA DO DEVIDO PROCESSO LEGISLATIVO. INTERESSE PÚBLICO DEVIDAMENTE JUSTIFICADO.
A desafetação e subsequente doação do bem público pelo ente municipal, levada a efeito mediante a observância do devido processo legislativo, consagra a manifestação da vontade politica da comunidade. Não havendo lesão ao patrimônio publico, não se reclama a intervenção repressiva do poder Judiciário. Sentença confirmada em reexame necessário. (reexame necessário nº 70079954186, Vigesima Segunda Camara Civel, Tribunal de Justiça do RS, relator: Miguel Angelo da silva, julgado em 21.03.2019.
		No tocante ao caso em tela, cabe aos poderes Legislativo e Executivo a decisão sobre qual será a destinação dada aos recursos públicos, locais a serem feitos e executados as obras, construção ou não de estacionamento para os feirantes, locais para implantação de creche, farmácia popular, políticas públicas, políticas sociais, é ingerência dos poderes Executivo e Legislativo.
		Sobre os problemas encontrados no prédio permutado para farmácia básica, a Prefeitura Municipal não se manteve inerte, buscou a realização da adequação do prédio conforme os requisitos legais para instalação e manutenção dos produtos fármacos, segue decisão do Superior Tribunal de Justiça:
RECURSO DE AGRAVO. ATO DISCRICIONÁRIO. JUÍZO DE CONVENIÊNCIA E OPORTUNIDADE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. LESÃO À ORDEM PÚBLICA RECURSO IMPROVIDO. DECISÃO UNÂNIME. 1. Não cabe ao Judiciário, sob pena de ofensa à separação dos poderes, rever o juízo de conveniência e oportunidade da Administração, ao determinar a imediata realização de políticas públicas. 2. O controle judicial dos atos administrativos discricionários deve-se limitar ao exame de sua legalidade, eximindo-se o judiciário de adentrar na análise de mérito do ato impugnado. Precedentes. 3. Não cabe ao Judiciário determinar a execução de atividades de natureza administrativa, como a prestação de serviços públicos, configurando, assim, afronta à ordem pública, nela compreendida à ordem administrativa. 4. Agravo improvido.
(TJ-PE - AGR: 175809 PE 01758096, Relator: Presidente, Data de Julgamento: 16/10/2009, Corte Especial, Data de Publicação: 105)
		
“(...) As atividades de realização dos fatos concretos pela administração dependem de dotações orçamentárias prévias e do programa de prioridades estabelecidos pelo governante. Não cabe ao Poder Judiciário, portanto, determinar as obras que deve edificar. (...). O juiz não pode substituir a Administração Pública no exercício do poder discricionário. Assim, fica a cargo do Executivo a verificação da conveniência e da oportunidade de serem realizados atos de administração, tais como a compra de ambulância e de obras de reforma de hospital público. O princípio da harmonia e independência entre os Poderes há de ser observado, ainda que, em tese, em ação civil pública, possa o Município ser condenado à obrigação de fazer.” (STJ, REsp nº 169.876/SP, Rel. José Delgado, Dj 21.09/98, RSTJ11/98, RJTE 173/103 e AGREsp nº 252.083/RJ, Rel. Nancy Angrighi, Dj de 16.03.2001).
“ADMINISTRATIVO. PROCESSO CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.1. O Ministério Público está legitimado para propor ação civil pública para proteger interesses coletivos. 2. Impossibilidade do juiz substituir a Administração Pública determinando que obras de infra-estrutura sejam realizadas em conjunto habitacional. Do mesmo modo, que desfaça construções já realizadas para atender projetos de proteção ao parcelamento do solo urbano. 3. Ao Poder Executivo cabe a conveniência e a oportunidade de realizar atos físicos de administração (construção de conjuntos habitacionais, etc.). O Judiciário não pode, sob o argumento de que está protegendo direitos coletivos, ordenar que tais realizações sejam consumadas. 4. As obrigações de fazer permitidas pela ação civil pública não têm força de quebrar a harmonia e independência dos Poderes. 5. O controle dos atos administrativos pelo Poder Judiciário está vinculado a perseguir a atuação do agente público em campo de obediência aos princípios da legalidade, da moralidade, da eficiência, da impessoalidade, da finalidade e, em algumas situações, o controle do mérito. 6. As atividades de realização dos fatos concretos pela administração depende de dotações orçamentárias prévias e do programa de prioridades estabelecidos pelo governante. Não cabe ao Poder Judiciário, portanto, determinar as obras que deve edificar, mesmo que seja para proteger o meio ambiente. 7. Recurso provido.” (STJ, IN RESP nº 169.876, Rel. Min. José Delgado).
		Assim, ao contrário do alegado na exordial, a permuta dos terrenos se mostrou plenamente favorável ao interesse público. 
2.2 – DA AVALIAÇÃO PRÉVIA
		Destarte, importa observar que, por tratar-se de meio técnico que visa à apuração do valor real de quaisquer bens, inclusive direitos e obrigações, correspondendo a uma atividade de natureza técnica, deverá as avaliações ser sempre consubstanciadas em um laudo, em regra, realizado por técnico devidamente habilitado para tal, especializado no ramo de avaliação, uma vez que o avaliador é quem ficará pessoalmente responsável pela idoneidade de suas conclusões. 
		Tal afirmação decorre do fato de a avaliação estar incluída entre as provas periciais, ao lado do exame e da vistoria, conforme dispõe o artigo 420 do Código de Processo Civil brasileiro, sendo certo que, na medida em que é considerada "perícia", sua utilidade e validade pressupõem o conhecimento técnico ou científico do avaliador, configurando motivo de substituição do mesmo a ausência de tais qualidades, conforme preceitua o inciso I do artigo 424 do CPC, dado que o objetivo precípuo de qualquer avaliação é a apuração de um valor que corresponda à realidade, apoiando-se em dados objetivos, comprovados e ponderados tecnicamente no laudo.
		A rigor, o perito ou os peritos, no caso da necessidade de a avaliação ter de ser concluída através de parecer coletivo, podem ser, ou não, servidores da Administração Pública. 
No caso de ser necessária a contratação de um profissional ou entidade profissional especializada para proceder à avaliação exigida, muito comum no caso de avaliação de bens imóveis, se o contratado for de notória especialização e o objeto da avaliação apresentar complexidade que exija um profissional ou empresa com tal gabarito, a licitação será inexigível.
		
		As avaliações realizadas na permuta entre Prefeitura e ACIC, referente à farmácia básica, foram confeccionadas por profissionais regulamentados, devidamente credenciados atuantes no mercado imobiliário local, seguindo a ABNT – NBR 14.653-2-2014.
		A prefeitura realizou dispensa de licitação para contratação de profissional para as avaliações imobiliárias. Os laudos de avaliações também levaram em conta as especulações imobiliárias da época.
		A avaliação realizada na permuta entre Prefeitura e SICOOB, referente à construção da creche municipal, foi feita através da comissão de avaliação, decreto Lei n. 604/2013.
		As teses apontadas pelo parquet, da inconsistência dos laudos de avaliação, não merecem prosperar, haja vista que elas foram assinadas por PROFISSIONAIS COMPETENTES DA ÁREA, corretores de imóveis devidamente cadastrados no CRECI/RO e no CONFECI, NÃO HAVENDO FUNDAMENTOS PARA QUESTIONAR A COMPETÊNCIA DOS MESMOS, inexistindo qualquer indício de inabilitação dos corretores.
		Sobre os questionamentos das avaliações realizadas, se existirem qualquer evidência de incongruência entre os valores imobiliários, que seja determinado pelo juízo à realização de avaliação através de perito judicial.
2.3 – DA AUTORIZAÇÃO LEGISLATIVA
		Ambas as permutas, através dos processos Administrativos n. 2538/2018 e 2048/2016, foram precedidas de autorização legislativa.Permuta entre Prefeitura e ACIC em face da implantação da farmácia popular no centro da cidade, foi autorizada pela Lei Municipal n. 2535/2016.
		Permuta entre Prefeitura e SICOOB, que dispõe sobre a construção da creche municipal no bairro Anchieta, foi autorizada pela Lei Municipal n. 2767/2018.
		As permutas realizadas atenderam o Artigo 17, inciso I, aliena c, da Lei Federal n. 8666/93. 
		Não há que se falar em ilegalidade e nem em lesão ao patrimônio público, visto que as permutas foram precedidas de autorização legal e prévia avaliação dos bens a serem permutados.
3 – DA DISPENSA DE LICITAÇÃO PARA REALIZAÇÃO DAS PERMUTAS
		Não merece prosperar a alegação feita pelo autor de que teria havido burla ao Art. 17, inciso I, alínea “c”, da Lei Federal nº 8.666/93, isso porque, compulsando os autos, tenho por preenchido de maneira adequada o suporte fático do art. 24, inciso X da mesma Lei.
		Igualmente, o legislador ordinário previu a possibilidade de realização de permuta pela Administração Pública através da Lei federal de Licitações e Contratos, como forma de alienações de bens imóveis e móveis, segundo infere-se de seu artigo 17, inciso I, alínea "c" e inciso II, alínea "b". Confira-se:
	Art. 17 – A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de interesse público devidamente justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às seguintes normas (grifamos):
I – quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos da administração direta e entidades autárquicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades paraestatais, dependerá de avaliação prévia e de licitação na modalidade de concorrência, dispensada esta nos seguintes casos (grifamos):
(...)
c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos constantes do inciso X do art. 24 desta Lei (grifamos);
		A Lei nº 8.666/1993 prevê em seu art. 24, inc. X, a dispensa de licitação para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das finalidades precípuas da Administração, cujas necessidades de instalação e localização condicionem a sua escolha, desde que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo avaliação prévia, segue in verbis:
	Art. 24. É dispensável a licitação:
(...)
X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das finalidades precípuas da administração, cujas necessidades de instalação e localização condicionem a sua escolha, desde que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo avaliação prévia.
		Em termos doutrinários, conforme destaque do livro ‘’Contratação Direta Sem Licitação’’, trata-se - em verdade -, de hipótese de inexigibilidade de licitação, visto que, uma vez existindo apenas um imóvel que satisfaça ao interesse da Administração, estará caracterizada a inviabilidade jurídica de competição.
		No caso em tela, os imóveis objetos das permutas, foram alienados para atender as finalidades precípuas da Administração Pública. 
As necessidades de instalação e de localização já foram comprovadas, ambas condicionam a escolha da Administração, e os preços apontados seguem os valores de mercado, conforme as avaliações demonstradas nos autos.
Sobre a dispensa de licitação para permuta de imóvel, segue decisão do Tribunal Regional Federal da 1º Região, Apelação Cível AC: 39701 MG 2001.01.00.039701-3:
		ADMINISTRATIVO E PROCESSO CIVIL. AÇÃO POPULAR. PERMUTA DE IMÓVEIS PÚBLICOS - LICITAÇÃO x DISPENSA. AÇÃO TEMERÁRIA. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. 1. A alienação de imóveis públicos se faz, regra geral, mediante prévia licitação, nos termos do art. 17, I, da Lei 8.666/93 . 2. A licitação pode, entretanto, ser dispensada quando se trate de permuta com imóvel destinado ao atendimento das finalidades precípuas da administração, cujas necessidades de instalação e localização condicionem a sua escolha, desde que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo avaliação prévia (art. 17, I, c, c/c art. 24, X, ambos da Lei 8.666/93). 3. Caso concreto em que diversos imóveis pertencentes ao INSS eram alugados a preços muito abaixo do mercado, enquanto, ao mesmo tempo, a Autarquia precisava alugar prédios com valor elevado para manter suas agências de atendimento ao público. Válida a decisão conseqüente, estribada no art. 2o, da Lei 8057/90, em permutar os imóveis do INSS por outros que melhor lhe servissem, dentro de determinada localidade e atendendo a determinadas características. 4. Os imóveis particulares e da autarquia foram submetidos à avaliação pela CEF e por empresa particular, chegando-se à conclusão de que seus preços de mercado eram compatíveis, tornando-se viável a permuta. 5. Posterior necessidade de obras de adaptação, mesmo com elevado valor, é irrelevante, pois todo e qualquer prédio que a Administração venha a tomar para si por qualquer forma de aquisição sempre precisa passar por adaptações das mais diversas visando acomodar pessoal, equipamentos e o serviço que ali será especificamente sediado. A Lei 8.666/93 não leva em consideração a necessidade de adaptações futuras, mas apenas o valor de mercado segundo o estado atual do imóvel, para efeito de comparação visando permuta. 6. A temeridade da ação e a litigância de má-fé do particular Apelante não estão cabalmente demonstradas e caem diante do simples fato de que o MPF em primeiro grau se colocou a seu lado e inclusive apelou contra sentença de improcedência, mostrando, assim, que a ação não era descabida e, apesar de não merecer procedência em seu mérito, baseou-se em fatos questionáveis e geradores de dúvida fundada sobre a legalidade e o prejuízo para o patrimônio público. 7. O fato de a Apelante ser também advogada dos inquilinos do INSS que tiveram por extintos seus contratos de locação não é suficiente para deduzir a litigância de má-fé. Um advogado que no exercício de sua profissão fica sabendo a respeito de fato que pensa ser uma ofensa ao patrimônio público, tem o dever cívico de agir e não fica impedido de fazê-lo apenas porque um seu cliente tem problemas conexos com o objeto da ação popular . 8. Apelação da parte Autora provida parcialmente, acolhendo-se também em parte o parecer do MPF em segundo grau, para afastar a condenação em litigância de má-fé e em custas por temeridade da ação . Apelação do MPF improvida .
(TRF-1 - AC: 39701 MG 2001.01.00.039701-3, Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL FAGUNDES DE DEUS, Data de Julgamento: 04/10/2006, QUINTA TURMA, Data de Publicação: 09/11/2006 DJ p.38)		
		Como já mencionado, em consulta, após denúncia, o Tribunal De Contas Do Estado De Rondônia NÃO ENCONTROU IRREGULARIDADES no processo administrativo de n. 2048/2016, referente aos procedimentos adotados para permuta com a ACIC para instalação da farmácia básica (segue em anexo – doc. 02).
Assim, quando o próprio órgão de controle, A QUEM COMPETE à análise e controle dos gastos públicos, entende que os procedimentos foram regulares, que outro teria competência para contrariar tal entendimento?
Portanto, considerando que não há irregularidades nos procedimentos adotados que aqui se discutem, não restam dúvidas de que não houve nenhum tipo de falcatrua ou tentativa, de tentar beneficiar o particular, e que as indisponibilidades dos bens referidos acarretam graves problemas para conclusão dos procedimentos.
Certo é que não houve lesão alguma ao patrimônio público, ao contrário, houve uma soma de valores, onde o Município através do princípio da economicidade alcançou o interesse público, e o mesmo encontra-se devidamente justificado.
Não há que se falar em ilegalidade ou improbidade nas permutas realizadas pelo ente municipal.
4 – DO PEDIDO
		Em face da liminar requer que r. decisão que concedeu o pedido do parquet ao tornar indisponíveis os bens imóveis permutados seja RECONSIDERADA, analisando-se os fundamentos de fato e de direito aqui apresentados, para conceder e manter DISPONÍVEIS os bens imóveis, tendo em vista a continuidade dos serviços públicos prestados por esta Administração PúblicaMunicipal, que por essência presta atender ao interesse público que claramente se demonstra neste instrumento à luz deste e dos demais princípios que regem a Administração Pública.
		Diante de todo o exposto, requer que seja a presente ação extinta sem resolução do mérito, julgando improcedentes os pedidos do autor, na medida em que foram contestados pela ré.
		Protesta provar o alegado por todos os meios possíveis.
		
Cerejeiras, 16 de julho de 2019.
Fernando Henrique Alves Rossi
Procurador Geral do Município

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