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RESUMO ACAO CIVIL PUBLICA

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Princípio da indisponibilidade temperada das ações coletivas
	O Ministério Público tem o dever de agir – se ele não for autor, ele atuará como fiscal da lei – se presentes os elementos para a promoção da defesa desses direitos, sendo que ele pode ser instado a agir (representação junto ao Ministério Público por qualquer cidadão). A promoção pelo arquivamento deve ser homologada pelo Conselho Superior em razão da preocupação com o direito em jogo. Mas, se não houver os elementos necessários de convicção, ele não terá como agir. Por isso, fala-se em indisponibilidade temperada.
	Esse princípio também se aplica à Advocacia Pública (na representação dos entes federativos e das autarquias e fundações públicas) e à Defensoria Pública, quando presentes os pressupostos processuais para sua atuação e se constatada a lesão ou a ameaça de lesão a direitos coletivos em sentido amplo. Isso porque o Ministério Pública, conquanto seja a instituição mais atuante em tema de processos coletivos, não é e não pode ser o único guardião do interesse público.
Princípio da continuidade das ações coletivas
	Dever do Ministério Público de assumir o polo ativo caso o autor abandone a causa. Mas não se obrigará o Ministério Público a assumir o polo ativo se se tratar de uma causa impossível. A continuidade está prevista tanto na LACP quanto na LAP. Na ação popular, mesmo que o cidadão seja o único legitimado ativo, o Ministério Público poderá assumir se o autor popular abandonar o feito.
	Assim como o princípio da indisponibilidade temperada, esse princípio se dirige a todas as entidades legitimadas à proteção dos direitos coletivos em juízo. Do mesmo modo, também é cabível um juízo de conveniência e oportunidade, já que não faria sentido exigir o prosseguimento de demanda manifestamente infundada ou temerária.
Princípio da reparação integral do dano
	Busca-se sempre, quando possível, a tutela específica e a reparação por toda a extensão do dano – seja ele material ou moral. Há danos extrapatrimoniais também (exemplo: lesão ao patrimônio cultural). O problema é em relação ao dano incerto, dano futuro, devido à impossibilidade de se avaliar toda a extensão do dano, como no caso de desastres ambientais, questões concorrenciais com fusão de empresas, segurança alimentar com a questão dos transgênicos. Por isso, há a previsão de possibilidade de reavaliação. Além disso, se não houver prova suficiente, poderá haver extinção do processo sem coisa julgada material.
Microssistema
	Não se fala em um sistema, porque não há uma codificação para dar uma estrutura básica. Mas há um microssistema que apresenta uma coerência. Alguns dos diplomas legais que integram esse microssistema são: Lei 4.717/65 (Lei de Ação Popular), Lei 7.347/85 (Lei de Ação Civil Pública), CDC, ECA, Estatuto do Idoso, Lei 12.016/09 (Mandado de Segurança Coletivo) Lei 12.529/11 (Lei do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência), Lei 12.288/12 (Estatuto da Igualdade Racial).
Há, por exemplo, questões características, como a legitimação ativa de determinados entes. Diante da indivisibilidade dos direitos, desenvolve-se a ideia de extensão dos efeitos da decisão (erga omnes ou ultra partes, a depender da natureza do direito). Há elementos que se preocupam com a continuidade da tutela coletiva (exemplo: possibilidade de o Ministério Público acompanhar a ação popular e até de assumir o polo ativo em caso de abandono por parte do autor; na ação civil pública também há essa preocupação). Também quanto às provas, diante da dificuldade de colhê-las em muitos casos, prevê-se que o processo extinto por insuficiência de provas não fará coisa julgada material.
	Observando-se os diplomas normativos, percebe-se também que eles dialogam. Exemplo: art. 21, LACP, e artigos 90 e 117, CDC. O ECA e o Estatuto do Idoso, por exemplo, fazem referência à LACP, determinando como solucionar eventuais lacunas dentro do próprio microssistema.
	O CPC também estabeleceu mecanismos de resolução de demandas repetitivas, que interessam à tutela dos direitos transindividuais, eis que também visam à coerência das decisões, à economia processual. Além disso, o CPC será aplicado subsidiariamente naquilo que não for conflitante com o processo coletivo.
	Há discussão quanto à possibilidade ou não do Ministério Público de ajuizar ação civil pública para a tutela de direitos individuais homogêneos, porque a CF fala em direitos difusos e coletivos e só o CDC trouxe essa ideia de direitos individuais homogêneos. O STF afirmou que era possível, devido à extensão social, ainda que, muitas vezes, não se trate de direitos indisponíveis (cuja proteção, segundo a CF, incumbe ao Ministério Público). Há interesse social em economia processual, em não haver decisões conflitantes. Mas há causas em que se pode questionar a legitimidade do Ministério Público, já que envolvem um menor número de pessoas, sem envolver grandes interesses sociais (exemplo: defeito mínimo em um produto de luxo).
Há discussão quanto à possibilidade ou não do Ministério Público de ajuizar ação civil pública para a tutela de direitos individuais homogêneos, porque a CF fala em direitos difusos e coletivos e só o CDC trouxe essa ideia de direitos individuais homogêneos. O STF afirmou que era possível, devido à extensão social, ainda que, muitas vezes, não se trate de direitos indisponíveis (cuja proteção, segundo a CF, incumbe ao Ministério Público). Há interesse social em economia processual, em não haver decisões conflitantes. Mas há causas em que se pode questionar a legitimidade do Ministério Público, já que envolvem um menor número de pessoas, sem envolver grandes interesses sociais (exemplo: defeito mínimo em um produto de luxo).
legitimidade de parquet 
a legitimidade do Ministério Público Estadual para a propositura de reclamações constitucionais nas hipóteses de afronta a preceitos consagrados em súmulas vinculantes, editadas pelo Supremo Tribunal Federal a partir de reiteradas decisões sobre matéria constitucional. Para tanto, ocupa-se em examinar a natureza jurídica da reclamação constitucional e o papel desempenhado pelo Ministério público na sistemática jurídica e democrático-constitucional, como forma de sustentar a legitimidade ad causam do Parquet estadual, a quem foi estabelecida a precípua vocação constitucional de zelar pela defesa da ordem jurídica e do regime democrático. 
PROCESSO COLETIVO
O processo coletivo, portanto, vem como resposta às demandas sociais relativas à tutela jurisdicional de direitos metaindividuais em uma sociedade pluralista, considerando, ainda, o processo como instrumento da defesa social, notadamente pelo princípio da inafastabilidade da jurisdição. Seu objeto é amplo, podendo envolver proteção a hipossuficientes, grupos vulneráveis, minorias, interesse público primário (isto é, complexo de interesses que prevalecem na sociedade), proteção e realização dos valores e objetivos constitucionais, controle e realização de políticas públicas pelo processo.
	A relevância da tutela coletiva se dá justamente em razão da natureza jurídica do bem tutelado (que será sempre uma lide de interesse público), sendo o processo um instrumento de defesa social. Para que ele seja um instrumento efetivo, há previsões que garantem a adequada representatividade (eis que os legitimados ativos atuarão representando direitos alheios, devendo, pois, reunir as condições necessárias para uma adequada atuação), bem como a extensão da tutela coletiva. Quanto a esse ponto, os diplomas legais preveem a extensão da coisa julgada a terceiros: ações versando sobre direitos difusos e direitos individuais homogêneos terão efeitos erga omnes; ações visando a proteger direitos coletivos em sentido estrito terão efeitos ultra partes. Além disso, pode haver previsão legal específica, como é o caso da ação popular, cuja sentença também terá efeitos erga omnes.
	Assim, os elementos para a configuração da ação coletiva são: (i) legitimidade para agir, (ii) objeto do processo e (iii) coisa julgada.
CUMULAÇAODE PEDIDOS NA ACP
Pela leitura do art. 3º, LACP (“A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer”), houve, inicialmente, discussão quanto à possibilidade ou não de cumulação de pedidos. Hoje, depois de evolução doutrinária e jurisprudencial, já há entendimento consolidado quanto a esta possibilidade. Caso contrário, a questão da efetividade das decisões seria muito mais complicada, já que um dos princípios da tutela coletiva é a reparação integral do dano. Outra base para a cumulação é o princípio da atipicidade, segundo o qual todas as medidas adequadas devem ser utilizadas para a proteção dos direitos transindividuais. Considerando, também, a lógica de microssistema, pode-se aludir ao art. 83, do CDC, segundo o qual “para a defesa dos direitos e interesses protegidos por este código são admissíveis todas as espécies de ações capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela”.
DIREITOS DIFUSOS
Os direitos difusos são aqueles cujos titulares são indeterminados, com objeto indivisível. Há ausência de relação jurídica base, já que os titulares estão ligados por uma situação fática, havendo um interesse comum, sendo, pois, impossível a fruição exclusiva por apenas um indivíduo. Desse modo, a satisfação de um só implica ao mesmo tempo a satisfação do direito dos demais titulares, enquanto a lesão de um acarreta a lesão a todos. Um titular não pode impedir a fruição pelos demais. Isso leva à questão se todos poderiam ingressar em juízo para pleitear a sua tutela, levando à criação de mecanismos para a sua proteção.
Direitos coletivos em sentido estrito
	O objeto dos direitos coletivos em sentido estrito é indivisível, mas há relação jurídica ligando os titulares, que são passíveis de determinação (determinados ou determináveis), dizendo respeito a uma classe, um grupo, uma categoria. Essa relação jurídica base é pré-existente. Exemplos: integrantes de um consórcio que querem evitar aumento indevido nas prestações; trabalhadores de determinada fábrica submetidos a um grau elevado de barulho; trabalhadores sindicalizados de determinada categoria funcional. A satisfação de um também afetará todo o grupo.
Direitos individuais homogêneos
	Teori Zavascki, por exemplo, identifica os direitos individuais homogêneos como acidentalmente coletivos. Não são como os direitos difusos ou coletivos, marcados pela indivisibilidade. Não há relação jurídica base; eles nascem por um fato comum, seja uma lesão, seja um risco de lesão. A lesão não tem que acontecer instantaneamente a todos, isto é, a origem comum não precisa ser uma unidade factual e temporal. Exemplo: compra de medicamentos de um lote que apresenta uma falha. Apesar de haver uma origem comum, que impacte um grupo de pessoas, o direito será divisível. Devido à divisibilidade, pode-se levar a uma pluralidade de demandas judiciais. O tratamento coletivo, portanto, evita decisões díspares, além de desafogar o Judiciário. O tratamento individual se dará apenas no momento da liquidação e da execução, mas após um representante legitimado ter movido a ação em prol do grupo atingido. Por isso, é da essência do processo coletivo a publicização. Contudo, justamente em razão da divisibilidade dos interesses individuais homogêneos, “não haverá, a priori, tratamento unitário obrigatório, sendo factível a doção de soluções diferenciadas para os interessados” (Aluízo Mendes).
AÇAO CIVIL PUBLICA
legitimidade
A legitimidade na Ação Civil Pública é plúrima, já que há um rol com muitos legitimados. Ela é também concorrente disjuntiva, já que qualquer um pode atuar independentemente da atuação do outro, podendo haver, inclusive, mais de uma ACP sobre o mesmo assunto, caso em que haverá litispendência se o polo passivo e o objeto forem o mesmo (isso porque, no polo ativo, há um substituto processual que atua em nome da sociedade). Se não for hipótese de litispendência, pode haver conexão. Art. 5º, LACP. Art. 82, CDC.
Há julgados, ainda, que reconhecem a legitimidade do Ministério Público para propor ações civis públicas em hipóteses de improbidade administrativa
Legitimidade da Defensoria Pública e das associações: ver parte do princípio da representatividade adequada. Muito embora haja ações importantes ajuizadas por associações, pelos entes federativos ou por Defensorias Públicas, a maioria das ACPs são ajuizada pelo Ministério Público.
Quanto às associações, há possibilidade também de impetrar mandado de segurança coletivo para a defesa de direitos individuais homogêneos de seus associados, caso em que a decisão produzirá efeitos para os associados à época da impetração do mandamus. Trata-se de hipótese de legitimidade extraordinária. Já a legitimidade das associações para ajuizar ACP é diferente; é mais do que defender direitos individuais de seus associados, não havendo exigência de autorização assemblear. O objetivo é proteger todos, mesmo os associados futuros. Trata-se, pois, de hipótese de substituição processual.
Quanto à legitimidade passiva, o polo passivo da ACP é amplo: qualquer um que tenha causado lesão ou ameace causar lesão poderá figurar como réu. Na Ação Popular, como o objeto é mais reduzido (desconstituição do ato administrativo), o polo passivo também será reduzido (responsável pelo ato e terceiros beneficiados).
OBS: Diferenças entre a ação civil pública e o mandado de segurança coletivo. 
- O mandado de segurança coletivo necessita de prova pré-constituída. Inicialmente, ele havia sido previsto para a proteção de direitos coletivos em sentido estrito e individuais homogêneos, o que excluiria os direitos difusos. Há autores, contudo, que entendem que o objeto do mandado de segurança coletivo seria mais amplo, incluindo os direitos difusos. O problema é que, na prática, a tutela de muitos direitos difusos vai depender de produção de prova principalmente para se verificar a extensão da lesão, o que torna a sua proteção incompatível por meio de uma ação que depende de prova pré-constituída. 
- Também há diferença com relação aos legitimados para a propositura de ação civil pública e para a impetração de mandado de segurança coletivo. Quanto a este, a Constituição inclui como legitimados ativos partidos políticos (alínea a do inciso LXX, do art. 5º) e organizações sindicais, entidades de classe ou associações (alínea b), exigindo aos legitimados da alínea b a defesa dos interesses de seus membros ou associados – o que implica, portanto, a necessidade de se comprovar a pertinência temática, tal como ocorre na ação civil pública. Em relação aos partidos políticos, contudo, houve discussão acerca da necessidade ou não de se comprovar pertinência temática, eis que a alínea a não menciona “defesa dos interesses de seus filiados”. Para tanto, deve-se pensar na própria finalidade dos partidos políticos, estabelecida em sua lei própria. Concluiu-se, pois, que sua finalidade não é apenas a defesa dos interesses de seus filiados, cabendo-lhes a defesa dos interesses de todos. 
Poderes do Ministério Público
	O MP tem participação atuante mesmo fora da esfera judicial. Ele pode, por exemplo, falar nos processos administrativos junto ao CADE nos casos de concorrência. O art. 8º, LACP, apresenta os instrumentos importantes que o MP tem à sua disposição para amparar a sua atuação: inquérito civil, poder de requisição, possibilidade de notificação para que sejam tomadas providências (em casos de violação, isso já servirá como meio probatório). Tais instrumentos também estão previstos na Lei Complementar 75/93 (art. 8º) e na Lei 8.625/93 (art. 26).
	No caso do poder de requisição, o MP pode oficiar diretamente os indivíduos para requisitar informações, esclarecimentos e documentos, sob pena de crime de desobediência.
	Em razão desses poderes do MP, muitas associações optam por representar junto ao MP, para que ele tome providências, com a instauração de um inquérito civil – que é apenas um procedimento administrativo (não se trata de processo administrativo). O inquéritocivil (art. 129, III, CF) está previsto na legislação apenas para o MP, para obtenção de informações, documentos, provas. Havendo risco de lesão, o MP deve atuar, mas não pode propor lide temerária. Não havendo elementos suficientes, o promotor promoverá pelo arquivamento, devendo haver homologação pelo Conselho Superior. Se o Conselho Superior entender que há elementos suficientes, ele enviará a outro promotor para o ajuizamento da ACP.
	Mesmo que haja arquivamento do inquérito civil, outro legitimado pode mover ACP sobre o mesmo objeto, em razão da legitimidade plúrima e concorrente disjuntiva. Afinal, o inquérito civil é apenas um procedimento administrativo, não se tratando nem de processo. Inclusive, o próprio MP também poderá ajuizar ACP se obtiver novas informações ou se houver novos fatos. 
	Sendo o inquérito civil um procedimento administrativo, não há necessidade de contraditório. Mas há limites ao inquérito civil, ligados ao art. 5º da CF. O MP deve respeitar a privacidade, bem como o que for reserva de jurisdição. Não pode haver abuso por parte do MP. Dependendo, o indivíduo pode até impetrar habeas corpus preventivo para que não seja responsabilizado pelo crime de desobediência.
	Há também possibilidade de o MP realizar audiências públicas para ouvir a sociedade. Pode também fazer recomendações, conforme a LC 75/93 e a Lei 8.625/93. A função da recomendação é chamar atenção para um fato, recomendando providências ou abstenções, dando ciência da situação. O descumprimento da recomendação não gera sanção, mas será um forte elemento de prova, já que a pessoa já estava ciente da possibilidade de lesão ao direito coletivo. Exemplo: grandes eventos que estão para ser realizados e o MP percebe que medidas de segurança não estão sendo adotadas, podendo, nesses casos, recomendar providências.
ACAO POPULAR
Art. 5º, LXXIII, CF. Lei 4.717/65 (recepcionada pela CF). A fim de que não haja barreira econômica a um instrumento considerado essencial ao controle externo da administração pública, não se exige adiantamento de custas pelo autor, garantindo-se, assim, o acesso à justiça. O autor também não tem que recolher previamente honorários periciais ou custas para interpor recurso. É claro, todavia, que ele próprio deverá pagar o advogado e, eventualmente, um assistente técnico. Contudo, se houver má-fé por parte do autor popular, ele pode ser condenado aos ônus sucumbenciais. Não sendo caso de má-fé, por outro lado, ainda que a ação popular seja julgada improcedente, não haverá condenação ao pagamento de verbas de sucumbência.
	O único legitimado ativo é o cidadão, com comprovação da cidadania ativa pelo título de eleitor. O menor de idade, entre 16 e 18 anos, que já tenha título de eleitor pode ajuizar ação popular sem assistência de seus responsáveis. Não é necessário que o cidadão resida no domicílio eleitoral do local onde será proposta a demanda; basta estar no gozo dos direitos políticos, já que o interesse é de todos e o autor popular representa a coletividade.
O objeto da ação popular é a anulação do ato administrativo viciado, conforme o art. 2º, LAP. Há entendimento de que a ilegalidade por si só já é suficiente, porque já representa lesão à moralidade, não sendo necessária a comprovação do prejuízo ao erário. A lesividade, portanto, seria presumida. “O ato emanado de autoridade incompetente, portanto, ilegítimo, pode ser anulado pela AP mesmo que dele não tenha tido como consequência prejuízo ao erário, sempre será lesivo à moralidade administrativa” (MANCUSO, Ação Popular, 2001, p.94). Exemplos: contratação sem licitação, concurso público com requisitos fraudados para privilegiar determinados candidatos (ferindo, pois, a isonomia e, consequentemente, a moralidade).
Polo passivo: art. 6º, LAP. É restrito aos próprios administradores e autoridades públicas, bem como aos terceiros diretamente beneficiados. 
O art. 6º, § 3º, LAP, prevê a possibilidade de reversibilidade de posição facultada ao ente ou à entidade da administração pública que figure no polo passivo, dando-lhe ainda a opção pela abstenção de contestar. Isso porque, tratando-se de administração pública, deve ser dada a oportunidade de o próprio ente (ou a própria entidade) buscar a anulação do ato inválido em nome do interesse público – o que se justifica, também, pelo princípio da autotutela. Por outro lado, o agente direto responsável pelo ato não poderá mudar de polo. Essa possibilidade de reversibilidade está prevista tanto na LAP quanto na Lei de Improbidade (art. 17, § 3º, Lei 8.429/92, que remete ao art. 6º, § 3º, LAP). Também em nome do interesse público, o art. 17, LAP, estabelece que, ainda que o ente ou a entidade tenham contestado, eles poderão posteriormente promover a execução, caso o autor popular não a promova.
	Prazo para contestar: 20 dias, sendo o prazo comum para todos os réus (art. 7º, § 4º, LAP). Para a professora, aplica-se o CPC/15 quanto à contagem do prazo em dias úteis. 
 Segundo o art. 9º, LAP, 	se o autor desistir da ação, outro cidadão ou o Ministério Público poderão promover a continuidade, em nome dos princípios da continuidade e da indisponibilidade temperada das ações coletivas. O Ministério Público também poderá promover a execução da sentença, caso o autor popular não o faça em 60 dias (art. 16, LAP).
A sentença, na ação popular, terá efeitos oponíveis erga omnes, nos termos do art. 18, LAP, à exceção de extinção da causa por insuficiência de prova, caso em que não se fará coisa julgada material.
Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta (TAC)
A ideia do TAC é adequar a conduta; trata-se de método que deve ser adequado à solução do caso concreto. Não é sinônimo de abrir mão do direito da coletividade, até porque o legitimado está agindo em nome de outrem. As cláusulas que vão ser fixadas devem buscar a reparação integral e a tutela específica para reparar ou evitar a lesão (admitem-se medidas preventivas, como uma obrigação de não fazer, por exemplo, e não apenas repressivas, mas, na prática, a maioria acaba sendo firmada quando já houve algum dano). O compromisso de ajustamento de conduta também não configura confissão por parte do interessado.
A conciliação não está fora do processo coletivo e o compromisso de ajustamento de conduta é uma solução conciliada que pode acontecer no âmbito tanto judicial quanto no extrajudicial, sendo que, na hipótese de ser firmado extrajudicialmente, o respectivo termo servirá como título executivo extrajudicial. Tudo que puder ser objeto de ACP poderá ser objeto de TAC, que poderá ser firmado a qualquer momento do processo. Se o compromisso for tomado durante o inquérito civil público, ele deverá ser homologado pelo Conselho Superior do Ministério Público, após o que o inquérito será arquivado. Se for tomado no curso do processo judicial, extingue-se o feito e o termo servirá de título executivo judicial em hipótese de descumprimento.
O termo envolverá apenas as questões de responsabilidade civil, não incidindo sobre as esferas penal e administrativa. Contudo, há quem entenda que o TAC suspende a ação penal por ausência de justa causa e, uma vez cumpridas as obrigações constantes do termo, a ação seria trancada. Isso é defendido com base nos artigos 59, § 5º e 60, do Código Florestal (Lei nº 12.651/2012). Mesmo que o art. 59, § 5º aborde especificamente sanções no âmbito administrativo, há quem use o dispositivo para abranger a esfera penal. Por outro lado, há quem alegue a inconstitucionalidade dos dispositivos – sendo, inclusive, objeto de ADI, sem decisão do STF ainda –, defendendo a independência das instâncias, o que tornaria impossível a produção de efeitos nas esferas penal e administrativa.
De todo modo, na esfera cível, uma vez tomado o compromisso do interessado, não há fundamento para o ajuizamento de ação civil pública pelo órgão responsável, por falta de interesse de agir. Isso não representa violação ao princípio da indisponibilidade temperada das ações coletivas, justamente porque não se trata de indisponibilidadeabsoluta, mas sim temperada.
Os legitimados para tomar o compromisso dos indivíduos e das empresas são os órgãos públicos com legitimidade para ajuizar ação civil pública, nos termos do art. 5º, § 6º, da Lei nº 7.347/1985. As associações, portanto, estão excluídas da possibilidade de tomar compromisso, por mais que sejam legitimadas ativas para ACP. Não haverá necessidade de assinatura de testemunhas para que seja conferida ao TAC força de título executivo extrajudicial, visto que os órgãos públicos são dotados de fé pública e qualquer ação em conluio será punida em uma ação de improbidade.
Cláusulas e requisitos obrigatórios: obrigações (fazer, não fazer, indenizar), astreintes (para garantir o ânimo de cumprimento). Há também aspectos formais. As cláusulas devem ser claras e de fácil compreensão, com previsão específica de prazos. É preciso haver também a fundamentação, apontando os dispositivos legais. Nesse sentido, os considerandos iniciais serão muito importantes para estabelecer a base legal. Deve haver pertinência e razoabilidade quanto às obrigações, que devem visar à tutela específica e à busca da reparação integral, restaurando-se, na medida do possível, o status quo ante. 
Outras formalidades são as seguintes: forma escrita, identificação das partes e do objeto (de forma clara), para que possa funcionar como título executivo extrajudicial. Quanto ao objeto, é essencial que ele seja bem delimitado, para que não haja problemas de interpretação posteriormente, até porque, muitas vezes, há possibilidade tanto de dano ricochete (isto é, a lesão afeta não só dano coletivo, como também afeta danos individuais, o que acontece bastante no dano ambiental) quanto de danos futuros (e incertos), como é o caso de poluição no mar, cujos efeitos são desconhecidos. Nem sempre haverá condições de avaliação a extensão do dano no futuro, motivo pelo qual pode se inserir cláusula que possibilite nova obrigação ou nova ação caso se verifique dano futuro.
Também a publicidade será fundamental, até porque o termo é feito em nome da coletividade. Embora a Lei de Ação Civil Pública não seja muito clara quanto a isso, outros diplomas realçam a importância da publicidade
Nos casos de TAC tomado por órgãos outros que não o MP, há discussão quanto à obrigatoriedade de se ouvir o MP ou não. Alguns autores fazem analogia com a própria ACP. Mas também ninguém quer celebrar um TAC que será questionado por outro legitimado depois (o próprio MP poderia questionar a validade do TAC e ajuizar ACP por julgá-lo inválido). Na prática, chamam-se todos os interessados e os outros legitimados poderão atuar como intervenientes.
Se for firmado um compromisso de ajustamento de conduta que negocie direito indisponível, caso o objeto ofenda a Constituição, pode haver ACP anulatória e até mesmo uma ação popular para desconstituir o ato.
Durante o cumprimento do compromisso, por mais que se preveja multa cominatória (astreintes), há situações que podem justificar o atraso, sem imposição da multa. Nesses casos, o órgão deve ser imediatamente notificado, para que não haja incidência de multa. Afinal, em que pese se falar em responsabilidade objetiva, deve haver razoabilidade. Assim, em hipóteses de força maior completamente imprevisíveis e alheios ao âmbito de ingerência do interessado, não seria razoável impor multa por atraso a que não deu causa.
A Lei nº 7.347/1985 não fala em possibilidade ou não de se firmar um novo compromisso com o mesmo interessado por outro fato. Isso deve ser analisado caso a caso, sendo certo que a lei não proíbe. Mesmo que tenha havido descumprimento anterior, pode-se considerar a celebração de um novo compromisso para evitar a fase de conhecimento e, consequentemente, ganhar tempo.
A Lei da Concorrência (art. 85, Lei 12.259/2011) traz instituto semelhante, o compromisso de cessação, para fazer cessar o abuso do poder econômico. O compromisso dirá respeito à responsabilidade administrativa. No entanto, o CADE não é obrigado a dar essa opção às empresas, já que a própria lei fala em juízo de conveniência e oportunidade quanto ao oferecimento ou não de proposta de compromisso de cessação. Prevê-se a necessidade de publicidade – o que decorre da natureza do direito tutelado –, salvo casos excepcionais (art. 85, § 7º). O termo de cessação também terá força de título executivo extrajudicial (art. 85, § 8º). Os parágrafos do art. 85 estabelecem os requisitos que devem ser observados no compromisso de cessação. Há previsão de multa em caso de descumprimento, a fim de estimular o cumprimento dentro do prazo, assim como no TAC da ACP.

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