Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV Professora: MARGARET DA SILVA PERES NUNES DOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS AÇÃO DE EXIGIR CONTAS (artigos 550 a 553 do CPC/2015) 1.Generalidades A atual Ação de Exigir Contas foi extraída da denominada Ação de Prestação de Contas que estava regulada pelos artigos 914 a 919 do CPC/1973. Tal medida ainda permanece sob a ótica de procedimento especial para o CPC/2015, encontrando cabimento quando existe entre as partes algum liame jurídico criado por lei ou por contrato (admitido também na forma verbal), que obrigue uma delas a realizar despesas, mediante a obtenção de receitas pagas pelo próprio interessado na prestação das contas, ou por terceiro. Assim, sempre que houver interesse da parte na descrição das contas, com esboço das entradas e saídas dos recursos financeiros, administrados pelo réu ou por terceiros, a única medida processual útil para obrigar a prestação das contas é aquela disciplinada nos artigos 550 a 553 do CPC/2015. As contas deverão ser prestadas, especificando-se as receitas e a aplicação das despesas, bem como o respectivo saldo; e serão instruídas com documentos justificativos. A inovação do CPC/2015 está em eliminar a possibilidade de propor a medida aquele que pretende oferecer as contas para quem tem o poder de exigir a prestação. Por isso, no NCPC, só existe a possibilidade de propor a Ação de Exigir Contas àquele que pode exigir a prestação de outrem. Essa demanda de procedimento especial pode gerar, por sentença transitada em julgado, saldo credor em favor do autor ou do réu (CPC/2015, artigo 552). Esse crédito deverá ser obtido sua satisfação por meio do cumprimento de sentença. Ressalta-se que, apesar de sua manifesta carga declaratória (já que o juiz declara se as contas estão corretas ou não) o eventual crédito resultante das contas será executado como valor líquido e certo, o que empresta certa carga constitutiva à decisão, visto que constitui o credor (como dito antes pode ser o autor ou o réu) no direito de executar o valor devido e verificado nas contas prestadas. 2. Das prestações de contas em outras modalidades processuais Outras pessoas também podem ter o dever de prestar contas, através de autos judiciais em curso. É o caso dos inventariantes, dos curadores ou dos tutores, dos depositários ou dos administradores nomeados em processo judicial. Nesses casos não existe um procedimento especial para a prestação de contas. O que a legislação vigente exige, em cada caso, é que se faça a prestação das contas – em apenso ao processo que justificou a designação dessas pessoas para suportar os respectivos cargos. Se houver saldo devedor apurado nas contas desses terceiros, serão compelidos a pagar. Não o fazendo, poderão ser destituídos dos cargos que foram nomeados em juízo, além de ter seus próprios bens sequestrados ou ter seus pagamentos retidos para a satisfação do crédito. O juiz também poderá determinar medidas executivas para recompor o prejuízo causado por estes administradores designados em demanda judicial (CPC/2015, artigo 553).
Compartilhar