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Sistema Nervoso Central Profª Drª Amanda Leite Bastos-Pereira Lages, novembro de 2017 Universidade do Estado de Santa Catarina Centro de Ciências Agroveterinárias Departamento de Medicina Veterinária Disciplina de Farmacodinâmica • Anestésicos injetáveis ANESTESIA GERAL OBJETIVOS da ANESTESIA GERAL Preservar a vida do paciente Fornecer ao cirurgião um campo de trabalho adequado Minimizar efeitos deletérios e indiretos potencialmente deletérios dos agentes e técnicas anestésicas Manter a homeostase fisiológica durante procedimentos cirúrgicos Aliviar ou inibir a dor Melhorar os desfechos pós-operatórios Analgesia Relaxamento muscular Hipnose TRÍADE ANESTÉSICA Anestésico Geral Ideal Indução rápida e suave Produzir inconsciência e ausência de responsividade Produzir amnésia Bloquear reflexos Relaxar m. esqueléticos mas não os m. respiratórios Recuperação suave, rápida, sem efeitos adversos ESTÁGIOS ANESTÉSICOS Guedel (1920) com éter etílico Hoje: tipo da respiração, resposta cardíaca pressora ao estímulo cirúrgico, reflexos sensitivos profundos ESTÁGIOS ANESTÉSICOS Estágio I:“estágio de analgesia” Até perda da consciência Início da analgesia Reflexos presentes Pupila normal Estágio II: “estágio de excitação” Olhos se movem Reflexo fotomotor sensorial Midríase Estágio III:“estágio cirúrgico” Plano 1: respiração regular, movimentos globo ocular, pupila retorna ao normal Plano 2: respiração menos profunda, ausência de movimentos no globo ocular, miose Plano 3: respiração com esforço abdominal, início de midríase Plano 4: respiração só abdominal, pupilas dilatadas, fotomotor -, midríase Estágio IV:“morte iminente” Paralisia respiratória Midríase completa Colapso vasomotor https://image3.slideserve.com/6067206/slide3-n.jpg EFEITOS DA ANESTESIA GERAL Efeitos hemodinâmicos HIPOTENSÃO!!! Ação vasodilatadora direta, depressão do miocárdio, embotamento do controle barorreceptor, diminuição generalizada no tônus simpático central Mesmo os anestésicos com tendências hipotensivas mínimas (etomidato e cetamina) devem ser usados com cautela em vítimas de traumatismo, nos quais a depleção de volume intravascular está sendo compensada por uma intensa descarga simpática. EFEITOS DA ANESTESIA GERAL Efeitos respiratórios Quase todos os anestésicos gerais reduzem ou eliminam o impulso ventilatório e os reflexos que mantêm essa desobstrução A escolha da conduta em relação às vias respiratórias baseia-se no tipo de procedimento e nas características do paciente. EFEITOS DA ANESTESIA GERAL Hipotermia Baixa temperatura ambiente, exposição das cavidades corporais, líquidos intravenosos frios, alteração do controle termorregulatório e redução da taxa metabólica. EFEITOS DA ANESTESIA GERAL Náuseas e vômitos Recuperação anestésica: hipertensão, taquicardia, dor ANESTÉSICOS GERAIS DROGAS DE USO PARENTERAL Histórico 1657 - ópio – Chirstopher Wren Criação da seringa por Riynd em 1845 Pirigoff – éter por via iv – 1846 1872 – hidrato de cloral ◦ 1874 – Cyprien – humanos ◦ 1875 – Humbert - equinos ◦ 1905 – Meltzer – associado a sulfato de magnésio 1920 / 30 – barbitúricos 1970 – etomidato 1980 - propofol Histórico - MedVet Humbert – hidrato de cloral – 1875 ◦ Junto a sulfato de magnésio Barbitúricos – a partir de 1936 ◦ Pentobarbital - equinos Cetamina – 1960 Etomidato Propofol Anestésicos Parenterais Indução anestésica Infusão contínua Procedimentos mais rápidos 1) Barbitúricos uréia + ácido malônico ácido barbitúrico derivados do ácido malônico: propriedades depressoras tiobarbitúricos (Ex.: tiopental) ◦ Enxofre aumenta a lipossolubilidade do fármaco oxibarbitúricos (Ex.: pentobarbital e fenobarbital) BARBITÚRICOS FARMACOCINÉTICA: uso intravenoso ◦ Quando feito de forma rápida – efeito maciço lipossolúveis: tempo de latência muito curto e ação rápida Ácidos fracos ligação com proteínas plasmáticas - hipoalbuminemia aumenta a concentração cerebral captação tecidual é influenciada pela vascularização biotransformação hepática (relativamente lenta) Baixa depuração – efeito cumulativo Aumento do efeito com a idade Gestantes – maiorVd e t1/2 BARBITÚRICOS MECANISMO DE AÇÃO: depressão do córtex, tálamo e áreas motoras do SNC efeitos: sedação, sono, anestesia geral alteram condutibilidade iônica: reduzem condutância do Na+, Ca++, K+ interagem com receptores GABAérgicos: aumentam ação do GABA ação periférica diminuem ação da ACh na pós- sinapse: induzem relaxamento muscular https://basicmedicalkey.com/wp-content/uploads/2017/01/B9781416066279000196_gr2.jpg BARBITÚRICOS Barbitúricos mais usados: tiopental (Thyonembutal®):AG pentobarbital (Hypnol®):AG fenobarbital (Gardenal®): anticonvulsivante Classificação pelo Período de Ação tiopental ultracurta 10 - 20 min pentobarbital curta 60 - 120 min fenobarbital longa 6 - 12 h barbital longa 6 - 12 h BARBITÚRICOS Considerações: alcalinos ◦ necrose perivascular tiopental: “droga da eutanásia”na 2ª guerra atravessam barreira placentária BARBITÚRICOS Utilização em MedVet Evitar administrações repetidas Utilizar MPA ◦ Evita bloqueio vagal, ◦ Evita fases excitação ou delírio ◦ Redução de dose Cardio, nefro e hepatopatias – evitar Potenciação do efeito ◦ Acidose ◦ Anemias ◦ Hipoproteinemias 2) Propofol Alquil-fenol – diisopropil fenol Uso intravenoso Líquido oleoso esbranquiçado e termossensível Baixa solubilidade em água ◦ Hidrófobo a tº ambiente ◦ Emulsão fina – aspecto oleoso Óleo de soja, fosfolipídeos de ovo, lecitina de ovo, glicerol Propofol NANOEMULSÃO ◦ Óleo em água ◦ Combinação do fármaco com surfactantes biocompatíveis ◦ Resultados: Termodinamicamente estável Menos dor à aplicação Maior vida de prateleira Reduzida propensão ao crescimento bacteriano Propofol curta duração usado para indução e manutenção anestésica ◦ Indução rápida e suave ◦ Infusão contínua – não acarreta recuperação prolongada Dose leva a depressão CV e respiratória pobre analgesia e médio relaxamento muscular não causa necrose tecidual Diminui pressão intracraniana e PIO Propofol Induz alterações respiratórias, mas não hepáticas Biotransformação hepática ◦ Sítios extra-hepáticos de biotransformação ◦ Em felinos – danos hepáticos se usados por muitos dias seguidos ◦ Associação com opioides Eliminação renal Atravessa B.P. recuperação rápida excreção renal dos metabólitos (inativos) Propofol Mecanismo de ação: Interfere com a transmissão GABAérgica ◦ Potencializa a ação e R GABA A ◦ Induz corrente de cloro na ausência do GABA ◦ Inibe taxa de disparos de neurônios dopaminérgicos e não dopaminérgicos – ação pro-GABAérgica 3) Etomidato é um composto imidazólico hipnótico excreção renal Mec. ação: ◦ parece aumentar o número de receptores GABAérgicos (??) ◦ aumenta o tempo de abertura de canais de cloreto pacientes cardiopatas: ausência de alterações CV Etomidato sem ação analgésica e miorrelaxamento alto custo Dor local, tromboflebites, náusea, vômito, mioclonias Em infusão contínua – inibe a 11-β- hidroxilase Hemólise aguda em cães – veículo Para pacientes em alto risco4) Derivados da Fenciclidina tiletamina cetamina anestesia dissociativa usados em associações cloridrato de tiletamina + zolazepam (ZoletilR) cloridrato de cetamina + cloridrato de xilazina ou detomidina cloridrato de cetamina + diazepam cloridrato de cetamina + EGG Anestesia dissociativa Estado de catalepsia ◦ Rigidez muscular ◦ Perda do tono postural ◦ Ataxia ◦ Amnésia ◦ Analgesia ◦ Manutenção de reflexos Dissociação entre o tálamo e sistema límbico • Aumento da atividade do SNC • Alucinação • Dessincronia entre mesencéfalo e córtex frontal Derivados da Fenciclidina Farmacocinética: ação rápida biotransformação e excreção hepática (exceto gatos - renal) norquetamina: metabólito ativo atravessam barreira placentária Derivados da Fenciclidina Mecanismo de ação: bloqueio de R do tipo N-metil-D-aspartato (NMDA) antagonistas de R colinérgicos agonistas de R opióides (sigma) aumento de dopamina e serotonina (catatonia) analgesia ( ação central) tronco cerebral e vias medulares não são bloqueados convulsões Derivados da Fenciclidina Considerações: alguns reflexos continuam presentes (pálpebras abertas) hipertonicidade muscular analgesia intensa de músculos taquicardia excitação no despertar convulsões depressão fetal em cesareanas (não em caprinos) Derivados da Fenciclidina Considerações: Fármacos versáteis ◦ Segurança relativa ◦ Associação ◦ Animais silvestres Evitar ◦ Como agente único (excitação do SNC – pp// equinos, suinos, ruminantes) ◦ Epilepsias Cetamina S Maior afinidade a R NMDA Afinidade por receptores MOP Maior eficácia Menos efeitos adversos Maior depuração – recuperação mais rápida ASSOCIAÇÃO ANESTÉSICA DE CETAMINA / XILAZINA Uso consagrado – praticidade ◦ Segurança CV e respiratória ◦ Efeito analgésico somático Analisar vantagens e desvantagens “Vantagens” Via de administração (IV, IM) O paciente permanece com reflexos protetores presentes, alguns anestesiologistas não a consideram uma anestesia geral O período anestésico hábil obtido por aplicação única é suficiente para o profissional que apresenta destreza cirúrgica (30 a 50 minutos) A repetição das doses (metade da dose-mãe) permite a continuidade do ato cirúrgico O próprio cirugião pode aplicá-la, dispensando o anestesista. Desvantagens A xilazina causa bradicardia com arritmia sinusal e até bloqueios atrioventriculares (na associação, tardiamente) Necessita de emprego prévio de atropina Os parâmetros fisiológicos se alteram de maneira exarcebada Em casos de sobredoses, o tratamento é duvidoso, por não contar com fármacos antagonistas específicos Em casos de doses complementares, a recuperação é tardia (por causa da xilazina) O preço da associação, em termos de hora, de anestesia, é mais oneroso que o da anestesia volátil Podem ocorrer convulsões (quetamina – diminui limiar convulsivo) Muito além do “ketapum” Muito além do “ketapum” Muito além do “ketapum” CAUTELA NO USO Muito além do “ketapum” http://www.drugrehab.org/wp-content/uploads/2017/01/Ketamine_-1024x532.jpg amanda.pereira@udesc.br Obrigada!