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Planejamento Estratégico na Gestão de Pessoas W B A 0 2 3 8 _ V 1. 0 2/239 Planejamento Estratégico na Gestão de Pessoas Autoria: José Mário Roncari Como citar este documento: RONCARI, José Mário. Planejamento estratégico na gestão de pessoas. Va- linhos: 2016. Sumário Apresentação da Disciplina 04 Unidade 1: Planejamento estratégico: conceitos e contextualização 05 Assista a suas aulas 26 Unidade 2: O papel das pessoas e a sua influência no planejamento estratégico 34 Assista a suas aulas 53 Unidade 3: A estrutura organizacional sob a ótica da gestão de pessoas 61 Assista a suas aulas 81 Unidade 4: Integração de processos, programas e atividades de recursos humanos 89 Assista a suas aulas 112 2/239 3/2393 Unidade 5: A tecnologia da informação a favor da gestão de pessoas 120 Assista a suas aulas 141 Unidade 6: Competências, preenchimento de cargos, desenvolvimento e linhas de sucessão 150 Assista a suas aulas 174 Unidade 7: Dimensionamento e orçamento estratégico de pessoal 183 Assista a suas aulas 203 Unidade 8: Métodos de avaliação do desempenho na gestão de pessoas 211 Assista a suas aulas 231 Sumário Planejamento Estratégico na Gestão de Pessoas Autoria: José Mário Roncari Como citar este documento: RONCARI, José Mário. Planejamento estratégico na gestão de pessoas. Va- linhos: 2016. 4/239 Apresentação da Disciplina Esta disciplina tem o intuito de estimular o pensamento estratégico e uma visão inte- grada e empreendedora dos processos que envolvem o capital humano na estrutura or- ganizacional. Nesse sentido, faz-se necessário entender o papel dos principais atores presentes na trama organizacional e como se estabelece a relação entre eles, com maior foco na área específica de Recursos Humanos. Definir o papel da área de Recursos Humanos como especialista na gestão de pessoas e como seu pensar estratégico pode tornar-se cada vez mais representativo para os negócios. 5/239 Unidade 1 Planejamento estratégico: conceitos e contextualização Objetivos 1. A partir da conclusão da disciplina, você de- verá ser capaz de conceituar planejamento e estratégia contextualizando os conceitos no ambiente de negócios das empresas. 2. Entender e estar apto a atuar de forma direcio- nada e sistemática nas questões que envolvem planejamento estratégico voltado às pessoas. 3. Conhecer as possibilidades e conseguir propor soluções que possam significar ganho nos re- sultados do seu trabalho como gestor de pes- soas. Unidade 1 • Planejamento estratégico: conceitos e contextualização6/239 Introdução Para darmos maior especificidade ao tema sem, no entanto, fugir da realidade das or- ganizações e das suas grandes e prementes necessidades, é importante que consigamos conceituar (definir) e contextualizar (enten- der o papel), além, é claro, de entender a re- lação entre estratégia e planejamento, no- tadamente na área de Recursos Humanos, nossa área de estudos. Nesse sentido, parte-se inicialmente para a conceituação de planejamento e de estra- tégia, para depois estudar-se o conceito de planejamento estratégico e, por fim, con- textualizar os termos na moderna adminis- tração, mais especificamente na gestão de pessoas. De acordo com o dicionário Priberam (2013) da língua portuguesa, um dos significados de estratégia é a: “combinação engenhosa para atingir um fim; ardil, astúcia, manha”; e de acordo com o mesmo dicionário, o pla- nejamento significa: “serviço de preparação do trabalho ou das tarefas”. Assim, vejamos: o planejamento estratégi- co seria então preparar o trabalho a ser fei- to, através de uma combinação engenhosa e para atingir um fim específico. Conforme defende Moura et al. (2014), na moderna administração as organizações focam o crescimento, a lucratividade e a sustentabilidade, e para que isso ocorra como premissa é necessário que haja por parte dessas organizações planejamento e estratégia orientados para as competên- cias essenciais dos negócios. Nesse sentido, se as empresas, como organismos comple- Unidade 1 • Planejamento estratégico: conceitos e contextualização7/239 xos que são, se organizam para focar suas competências essenciais, pode-se afirmar que as áreas que compõem as empresas, ou seja, a estrutura organizacional também atue no sentido de focar suas competências essenciais. Cada área da estrutura deve focar sua com- petência essencial, sem, no entanto, esque- cer da razão de ser da empresa, da impor- tância dos negócios, da lucratividade e do seu papel para os diversos stakeholders. Assim, considerando puramente o aspecto organizacional, a estratégia estaria ligada especificamente à forma mais adequada que determinada organização possui para gerar valor. O planejamento estratégico, por sua vez, estaria mais voltado à forma como a empresa se prepara para colocar em prá- tica, ações que façam acontecer essa gera- ção de valor. No entanto, para alguns auto- res, como Mintzberg et al. (2007), estratégia não está exatamente ligada a planejamen- to. Ela decorre muito mais de diversas forças dentro da organização que se comunicam constantemente, como: vértice estratégico; média gestão; operações; tecnoestrutura; logística e valores organizacionais. Mintzberg et al. (2007), em sua obra O pro- cesso da estratégia: conceitos, contextos e casos selecionados, afirmam que as forças citadas anteriormente – vértice estratégico; média gestão; operações; tecnoestrutura; logística e valores – são responsáveis pelo posicionamento da empresa no ambiente de negócios. A estratégia tem maior ligação com essas forças e com aspectos não téc- Unidade 1 • Planejamento estratégico: conceitos e contextualização8/239 nicos, como intuição, por exemplo, do que especificamente com planejamento. Nesse sentido, planejamento é apenas uma atividade, que pode se encontrar em qual- quer lugar da organização e que nem sem- pre está ligado à estratégia ou tampouco ao processo decisório. 1. O papel da estratégia na ges- tão de pessoas Muito tem se falado em gestão estratégi- ca de pessoas, mas antes é imperioso que se estabeleça o conceito de gestão de pes- soas. Na atual economia, cada vez mais as pessoas precisam estar preparadas para as mudanças que ocorrem, em uma veloci- dade jamais vista. Pessoas sempre tiveram papel decisivo na história das organizações e sempre foram objeto de estudo dos cien- Link A abordagem da estratégia deve ser um processo dinâmico, que combine teoria e prática. O livro que fala sobre esse assunto pode ser encontrado em: <https://books.google.com. br/books?hl=pt-BR&lr=&id=1De7yPNT9s 0C&oi=fnd&pg=PA9&dq=abordagem+est rat%C3%A9gica+de+mintzberg&ots=yQ6 Xewn74p&sig=CfyUFYtvqgeBi_0UZYWnD ImIHpQ#v=onepage&q=abordagem%20 e s t r a t % C 3 % A 9 g i c a % 2 0 d e % 2 0 mintzberg&f=false>. Acesso em: 24 jun. 2017. Unidade 1 • Planejamento estratégico: conceitos e contextualização9/239 tistas da administração. Com os grandes avanços da tecnologia, e até em virtude de- les, as pessoas se tornaram ainda mais fun- damentais. Aspectos como talento individual, prontidão para mudança, atitude positiva frente aos de- safios, facilidade de relacionamento, negocia- ção e liderança formam um conjunto de ha- bilidades que podem fazer com que as or- ganizações se destaquem das suas concor- rentes e agreguem valor aos seus clientes, criando diferencial estratégico. É a esse conjunto de habilidades que se convencio- nou chamar de competências essenciais. A velocidade com que as mudanças acon- tecem, a obsolescência de tecnologias que praticamente acabaram de aparecer, a am- pla automatização dos processos de tra- balho, a facilidade de comunicaçãopelos mais diversos meios, lança a todos os pro- fissionais de Recursos Humanos um desafio: gerir pessoas nessa nova realidade. Link Até mesmo aspectos relacionados à concentração e gestão do tempo podem significar diferencial estratégico da força de trabalho das empresas. Veja o artigo disponível em: <http://epocane- gocios.globo.com/Inspiracao/Carreira/no- ticia/2015/10/sete-estrategias-para-man- ter-o-foco-em-um-ambiente-de-trabalho- -frenetico.html>. Acesso em: 24 jun. 2017. Unidade 1 • Planejamento estratégico: conceitos e contextualização10/239 Conseguir enxergar novas formas de con- duzir processos dentro das organizações maximizando fatores de produtividade, de lucratividade e de inovação provavelmente será o divisor de águas entre o profissional do passado e o profissional do futuro em RH. No entanto, quem acompanha o mundo corporativo tem verificado uma tendência massificadora. Apesar de existir uma neces- sidade premente de inovação, criatividade, novas formas de cumprir papéis, desempe- nhos superiores, resultados consistentes, não se vê, espalhados pelas organizações, gestores capazes de conduzir pessoas com essas capacidades, de liderar esse impor- tante processo de mudança. As empresas têm investido vultuosas cifras e se debruçado sobre programas de treina- mento e capacitação que focam a liderança: desses programas muito bem preparados, invariavelmente faz parte o tema de gestão de pessoas. O que se ouve, e não raras ve- zes, é que as empresas possuem necessida- des de formação de líderes, que têm difi- culdade com a atuação adequada da média gerência na condução dos negócios. Link As empresas acreditam que possam formar líde- res a partir da discussão e capacitação em habi- lidades específicas. Veja o que pensam os espe- cialistas. <http://epocanegocios.globo.com/ Inspiracao/Carreira/noticia/2013/04/pro- fessora-de-harvard-define-tres-pilares-pa- ra-formacao-de-lideres.html>. Acesso em: 24 jun. 2017. Unidade 1 • Planejamento estratégico: conceitos e contextualização11/239 Muitas vezes a empresa é altamente depen- dente do modo de pensar e da forma de de- cidir do seu fundador ou do seu presidente. Como consequência dessa dependência, verificam-se organizações despreparadas ou sem um plano consistente para eleger e preparar sucessores nos mais diversos níveis da estrutura. Nesse sentido, parece que há uma tendência de posturas centralizadoras, apesar do grande investimento em forma- ção e capacitação nos mais diversos níveis. A centralização a qual nos referimos, está muito mais ligada à decisão do que propria- mente à operacionalização de processos. Assim, se fossemos estabelecer uma rela- ção entre os níveis de execução do trabalho ou mesmo da estrutura organizacional e a estratégia, poderíamos dizer que a estraté- gia está sempre mais próxima dos níveis de decisão do que dos níveis de operação. Dessa forma, podemos estabelecer um de- senho organizacional em que fiquem distin- tos aspectos estratégicos e táticos, e ainda relacionar a eles aspectos que remetam à eficiência e eficácia de determinada ope- ração de negócios. Ora é importante então que se conceitue de forma clara os conceitos de Eficiência e Eficácia para somente depois partirmos para o desenho e a relação entre os conceitos. De forma bastante simples, eficiência está diretamente relacionada ao foco que se dá à tarefa, enquanto que eficácia está direta- mente relacionada ao foco que se dá ao re- sultado; vejamos a Figura 1: Unidade 1 • Planejamento estratégico: conceitos e contextualização12/239 Figura 1 | Diferenciação entre eficiência e eficácia Fonte: elaborada pelo autor. Dessa forma é possível afirmar que uma determinada operação numa empresa pode ser abso- lutamente eficiente, sem, no entanto, ser eficaz. Significa dizer que a operação atendeu a uma série de ritos que eram esperados para aquela tarefa, mas ao final não atingiu o seu resultado. Imaginemos uma outra situação, que pode ser bem próxima da nossa realidade de estudantes: imagine que você vai fazer uma avaliação (prova) com dez questões; para ser aprovado, precisa acertar pelo menos sete questões. Você faz a prova toda, responde às dez questões, mas só acer- ta três delas. Apesar de eficiente, você não foi eficaz, porque o resultado não estava adequado à sua necessi- dade. Imagine, no entanto, que na mesma prova você não respondeu às dez questões, mas ape- nas sete delas; porém, acertou cirurgicamente todas as sete. Apesar de não ter sido eficiente, foi altamente eficaz, pois o resultado que você precisava foi atingido perfeitamente. Unidade 1 • Planejamento estratégico: conceitos e contextualização13/239 Pensar no aspecto da eficiência e da eficácia nos fará relacionar, com toda certeza, a efi- cácia à estratégia, enquanto que a eficiên- cia ficará restrita ao campo da tática: • Entenda-se estratégia, portanto, como o que se vai fazer no longo pra- zo, a ação que será planejada a partir de uma leitura do ambiente e das suas correlações. • Tática, contudo, é o movimento que se faz, reagindo a um acontecimen- to qualquer. Está muito mais ligada à oportunidade do que propriamente a ações planejadas específicas. É como se disséssemos: na tática você olha um lance e na estratégia o tabuleiro. Veja o fluxo na Figura 2: Unidade 1 • Planejamento estratégico: conceitos e contextualização14/239 Figura 2 | Fluxograma de estratégia e tática Fonte: elaborada pelo autor. O que se discute efetivamente é se as empresas têm à sua disposição, nos seus quadros, profis- sionais que possam ser mais estratégicos, e não somente táticos. Veja que não se está aqui ne- gando as necessidades de tática, de ações eficientes e tampouco das tarefas. O que se espera é que haja profissionais em quantidade e qualidade para assumir papéis mais estratégicos quando estes forem necessários. Espera-se ainda que as empresas estejam preparadas para trabalhar com alto grau de delegação a fim de que os processos não se tornem fatalmente burocráticos ou hipercentralizados, o que, sem dúvida, pode diminuir a velocidade com que se faz negócios. Unidade 1 • Planejamento estratégico: conceitos e contextualização15/239 Há que se inferir que a diminuição da velo- cidade pode custar importantes posições para as organizações nos mercados em que atuam e, consequentemente, ser a diferen- ça entre estar à frente da concorrência ou a reboque dela. Para Porter (1989), a concorrência está li- gada efetivamente ao sucesso das organi- zações e pode determinar questões estraté- gicas, como o processo de inovação, imple- mentação de ideias, produtos ou serviços. O problema da burocracia, da hipercentrali- zação das decisões e da falta de velocidade para tomá-las é, sem dúvida, um ponto de atenção para as empresas atualmente. Entender as necessidades estratégicas, as necessidades táticas, conhecer a efetiva diferença entre decisão e operação e con- Para saber mais Para Michael Porter (1989), o sucesso ou fra- casso depende da vantagem competitiva obtida pela empresa. Ele entende vantagem competiti- va como sendo a ação de oferecer um produto ou serviço com benefícios exclusivos ao cliente, sem, no entanto, perder competitividade na gestão dos custos. Unidade 1 • Planejamento estratégico: conceitos e contextualização16/239 seguir alocar o pessoal na estrutura organi- zacional olhando para essas necessidades e para as competências das pessoas é um ponto importante para a atual administra- ção. O descompasso entre as necessidades e as competências dos colaboradores pode comprometer decisivamente o sucesso dos negócios. Há, no entanto, duas formas de encarar a questão das necessidades versus as competênciasdas pessoas: • Uma forma é pensar que seremos en- golidos pela mudança, que a área de RH será apenas uma área de apoio, sem grande influência nos negócios e com pouca ou nenhuma influência nas decisões corporativas. Seremos apenas operacionais e táticos, quan- do muito, reagindo de forma não mui- to veloz àquilo que o mercado e a con- corrência acabarão por nos impor. • A outra é entender que o RH deve ser uma área que, a partir do seu profundo conhecimento de como gerir o capital humano, utilize esse conhecimento posicionando-se como área técnica e contribuindo efetivamente para os re- sultados. Para tanto, é imprescindível que a área se prepare para posicionar- -se de maneira efetivamente estraté- gica, firmando suas convicções a res- peito da gestão de pessoas e também da gestão dos negócios. É muito importante estar preparado! A se- guir estão relacionados alguns pontos que Unidade 1 • Planejamento estratégico: conceitos e contextualização17/239 devem ser considerados para posicionar- -se de forma estratégica, quando estiver à frente da gestão de pessoas e participar de momentos importantes, como reuniões de trabalho ou reuniões de decisão: • Conhecer o negócio da empresa em seus detalhes. • Entender o posicionamento mercado- lógico do negócio. • Saber como andam as questões finan- ceiras e orçamentárias. Não é porque você é um gestor de pessoas que não tem nada a ver com os números. Os números da empresa são sempre im- portantes para todas as áreas. Lem- bre-se: o gestor que não sabe lidar com números já está em grande des- vantagem. • Não tenha medo de ter dúvidas e nem de manifestar suas convicções. Se você está participando de um momento que é mais estratégico, espera-se que suas convicções sejam manifestadas para contribuir com o grupo. • Baseie sua participação em fatos e dados. Apesar da intuição ser impor- tante, quando ela está acompanhada Para saber mais Posicionamento mercadológico, segundo Kotler (2000), é a ação de projetar seus produtos ou ser- viços, ou ainda, a imagem da organização, nor- malmente através da marca, buscando se dife- renciar e assim poder ser escolhido pelo seu pú- blico-alvo. Unidade 1 • Planejamento estratégico: conceitos e contextualização18/239 de fatos e dados que lhe dão supor- te, torna-se muito mais palatável aos seus interlocutores. • Pense sempre em capacitação. A quantidade de informação disponível no mundo é absurdamente grande. Nunca saberemos tudo sobre tudo. É importante cercar-se de recursos que possam trazer à força de trabalho da sua empresa uma formação consis- tente sobre os assuntos que tem maior relevância ao “core business”. 2. A utilização da tecnologia no posicionamento estratégico Quando falamos em tecnologia, atualmen- te, temos a tendência de remeter o nosso pensar à tecnologia da informação (TI), har- dwares e softwares. No entanto, tecnologia é muito mais que isso e precisamos enten- dê-la de forma mais ampla a fim de poder- mos estabelecer o seu real valor e utilidade para as empresas quando precisam posicio- nar-se estrategicamente, notadamente nos mercados e economias em que atuam. Antes, porém, vamos conceituar tecnologia, tentando estabelecer um sentido em que o termo não restrinja o conceito apenas ao campo da eletrônica ou ao desenvolvimen- to de computadores e seus aplicativos. Vamos considerar que Tecnologia é igual a todo e qualquer conhecimento aplicado. E isso, dependendo da empresa, do tipo de economia, do mercado ou do produto, pode significar desde um projeto altamente com- Unidade 1 • Planejamento estratégico: conceitos e contextualização19/239 plexo de robótica a uma simples receita de bolo. Entender esse conceito pode ser a di- ferença entre administrar com tecnologia ou estar a reboque dela; pode significar a diferença entre obter grandes resultados com tecnologia ou apenas correr atrás dos concorrentes. Em sua clássica obra O Novo Estado Indus- trial, Galbraith (1988) enumera seis conse- quências imediatas da divisão e subdivisão das tarefas na aplicação da tecnologia. Faz uma correlação entre o ciclo do trabalho e a utilização da tecnologia propriamente dita. Para ele, há seis pontos importantes que devem ser considerados nesse assunto: 1º. Há maior investimento de tempo apli- cado na produção de um bem ou serviço, quanto mais tecnologia se aplica. 2º. Há maior investimento de capital para a produção de um bem ou serviço, quanto mais tecnologia se aplica. Para saber mais John Kenneth Galbraith, canadense radicado nos Estados Unidos, além de professor de economia em diversas universidades, inclusive em Harvard, foi também importante figura política. Participou como conselheiro econômico em diversos gover- nos democratas dos Estados Unidos. Defendia que a economia precisa ser encarada não apenas pelos seus constructos teóricos, mas também a partir da sua aplicação prática, no dia a dia da sociedade. Unidade 1 • Planejamento estratégico: conceitos e contextualização20/239 3º. Quanto mais se aumenta a tecnologia e, por conseguinte, mais tempo e capital é aplicado à produção, menores se tornam as possibilidades de erro, aumentando a ne- cessidade por desempenho. 4º. A tecnologia e sua respectiva divisão de tarefas passam a requerer mão de obra es- pecializada. Conhecimento organizado só pode ser aplicado por aqueles que possuem conhecimento. Além disso não apenas a execução e aplicação tecnológica neces- sitam de mão de obra especializada como também o planejamento das tarefas. 5º. A contrapartida inevitável da especial- ização é a organização do trabalho e do ambiente. Não há como aplicar tecnologia especializada em um ambiente desorgani- zado, caótico. 6º. Resumindo, à medida que cresce a ne- cessidade de aplicação tecnológica, cresce também a necessidade de planejamento. O que se consegue depreender das ideias de Galbraith (1988)? Ora, é relativamente simples: observando o modelo econômi- co calcado no capital e na produção, o au- tor nos remete a uma ideia de que há uma relação direta entre o aumento da tecnolo- gia aplicada ao trabalho e a necessidade de planejamento. Vejamos: a aplicação de tec- nologia, de conhecimento aplicado, deve ser também de conhecimento organizado, uma vez que, conforme defende Galbraith (1988), não há possibilidade dessa apli- cação em ambiente caótico. Nesse sentido, estabelece-se uma relação entre planejamento e tecnologia, sobre a Unidade 1 • Planejamento estratégico: conceitos e contextualização21/239 qual podemos concluir que quanto maior for a tecnologia empregada, maior deverá ser a visão estratégica de negócios. Essa afir- mativa nos leva a concluir que as decisões devidamente planejadas sejam as mais ad- equadas à manutenção de vantagem com- petitiva. Unidade 1 • Planejamento estratégico: conceitos e contextualização22/239 Glossário Automatização de processos: Forma através da qual processos de trabalho e rotinas que eram realizados e controlados exclusivamente por pessoas passam a ter apoio eletrônico, principal- mente por meio da utilização de softwares. Capital humano: É o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes pertencentes às pes- soas e que são colocados a favor da execução do trabalho, produzindo resultados econômicos ou de inovação. Esse conjunto é adquirido pelas pessoas através de educação e experiência. Stakeholders: Vocábulo inglês que define as partes interessadas ou envolvidas num negócio ou empreendimento, como acionistas, sociedade, funcionários e governo, por exemplo. Questão reflexão ? para 23/239 A partir da sua leitura do texto e pensando na sua ex- periência, como classifica a sua atuação profissional? Como poderiaatuar de forma mais estratégica, contri- buindo consistentemente para os resultados do negócio da empresa onde trabalha, a partir da atividade que de- senvolve? Como faria isso? 24/239 Considerações Finais • Planejamento estratégico está voltado à preparação do trabalho com o ob- jetivo de atingir um resultado específico. • Estratégia está invariavelmente ligada aos resultados e, consequentemente, ao processo decisório. • A qualidade das decisões estabelece o grau de crescimento, lucratividade e sustentabilidade das modernas organizações. • Há uma demanda essencial por profissionais que, mesmo atuando em ativi- dades operacionais, consigam pensar em como essas atividades podem con- tribuir para a estratégia da empresa. • A área de Recursos Humanos deve ser um ator importante, à medida que es- tabeleça programas e políticas que preparem os níveis de comando para se- rem, cada vez mais, gestores de pessoas. Unidade 1 • Planejamento estratégico: conceitos e contextualização25/239 Referências BOHLANDER, George W. Administração de recursos humanos. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. BOHLANDER, G. SNELL, S. SHERMAN, A. Administração de recursos humanos. São Paulo: Pio- neira Thomson Learning, 2003. GALBRAITH, John Kenneth. O novo estado industrial. São Paulo: Nova Cultural,1988. KOTLER, Philip. Administração de marketing. 10. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2000. MINTZBERG, Henry et al. O processo da estratégia: conceitos, contextos e casos selecionados. Porto Alegre: Artmed, 2007. MOURA, L. M. et al. Integração entre pesquisa, desenvolvimento e planejamento estratégico: um estudo em montadoras automobilísticas. Gestão & Regionalidade, Universidade Munici- pal de São Caetano do Sul, São Caetano do Sul. 2014. Disponível em: <http://www.spell.org.br/ documentos/ver/32548/integracao-entre-pesquisa-desenvolvimento-e-planejamento-estrate- gico--um-estudo-em-montadoras-automobilisticas>. Acesso em: 24 jun. 2017. PORTER, Michael. Vantagem competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. Rio de Janeiro: Campus, 1989. 26/239 Assista a suas aulas Aula 1 - Tema: Planejamento Estratégico: Con- ceitos e Contextualização. Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/c48c102c80dc0d1708616962b9cf- d47a/bbdfa52c54c91f077a87c104a19a1140>. Aula 1 - Tema: Planejamento Estratégico: Con- ceitos e Contextualização. Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/c48c102c80dc0d1708616962b9cf- d47a/ccc9105ec391f460fb5c3982c62b1ed1>. 27/239 1. O conceito de Planejamento Estratégico está ligado, invariavelmente, a: a) Questões de ordem operacional que acontecem no dia a dia das empresas. b) Preparar e dar forma ao trabalho ou a um conjunto de atuações de uma organização, de for- ma a atingir um resultado esperado em termos de lucratividade e sustentabilidade. c) Estabelecer exclusivamente critérios de recrutamento e seleção de pessoas. d) Definir de forma indireta o investimento em treinamento de pessoal. e) Formar, a partir de uma orientação da alta diretoria, gestores de pessoas. Questão 1 28/239 2. O papel dos profissionais é decisivo para as organizações. Aspectos como talento individual, prontidão para mudança, atitude positiva fren- te aos desafios, facilidade de relacionamento, negociação e liderança são considerados: a) Um conjunto de habilidades denominado competências essenciais, que podem destacar as organizações das suas concorrentes, agregando valor aos seus clientes. b) Muito importantes, pois agradam os recrutadores nos processos de seleção. c) Um fator de diferenciação frente a outros profissionais, mas sem importância na diferencia- ção das empresas. d) Um aspecto sem nenhuma relevância no mundo corporativo. e) Fatores importantes apenas para o relacionamento entre pares nos processos de trabalho em equipe. Questão 2 29/239 3. Se pensarmos na questão da eficiência e da eficácia, poderíamos afir- mar que: a) Ambas estão ligadas aos processos de decisão. b) Eficiência está voltada a resultados enquanto eficácia está ligada à operação. c) Eficiência tem foco na tarefa enquanto eficácia tem foco no resultado. d) Não há nenhuma relação entre os conceitos. e) Eficácia está restrita ao campo da tática. Questão 3 30/239 4. Ao estabelecer a concorrência como fator importante para a definição do planejamento estratégico, como as empresas devem organizar os seus pro- cessos de trabalho visando aumentar estrategicamente seu poder no am- biente de negócios? a) De forma minuciosa, independentemente do tempo que isso possa levar, organizando as decisões de acordo com a estrutura. b) Através de um processo de forte controle burocrático, evitando que haja erros no processo decisório. c) Centralizando as decisões nas posições mais altas da hierarquia organizacional, como presi- dentes e diretores executivos. d) Diminuindo sempre a velocidade das decisões no sentido de que possam ser amplamente analisadas a fim de que sejam tomadas de forma mais adequada. e) De forma a estabelecer alto grau de delegação a fim de que os processos não se tornem bu- rocráticos ou hipercentralizados, o que sem dúvida geraria perda de velocidade e por conse- quência desvantagem estratégica concorrencial. Questão 4 31/239 5. Alguns pontos devem ser considerados quando o momento exigir po- sicionamento estratégico, notadamente se você for um gestor de pessoas; são eles: a) Conhecer genericamente o negócio, não manifestar convicções, não gastar dinheiro com treinamento. b) Não se importar com questões financeiras, basear-se sempre na sua intuição, conhecer o negócio em detalhes. c) Pensar em capacitação, não opinar sobre questões orçamentárias, cuidar da seleção de no- vos talentos. d) Conhecer o negócio em detalhes, entender o posicionamento de mercado, conhecer ques- tões orçamentárias e financeiras, manifestar suas convicções, utilizar sempre fatos e dados além da intuição, pensar em capacitação. e) Um gestor de pessoas nunca é instado a posicionar-se estrategicamente. Questão 5 32/239 Gabarito 1. Resposta: B. O conceito de planejamento estratégico está ligado invariavelmente à preparação do trabalho com vistas a atingir um resulta- do específico de lucratividade e sustentabi- lidade esperado para a empresa. 2. Resposta: A. As pessoas sempre tiveram papel decisi- vo na história das organizações e aspectos relacionados a suas capacidades e quali- dades individuais, como talento, prontidão para mudança, atitude positiva frente aos desafios, facilidade de relacionamento, ne- gociação e liderança, formam um conjunto de habilidades denominado competências essenciais, que atuam de forma importan- te no processo de concorrência, agregando valor aos clientes. 3. Resposta: C. Há uma intensa relação entre os conceitos de eficiência, eficácia, estratégia e tática. Eficiência possui foco na tarefa e está nos domínios da tática, do como fazer, enquanto eficácia possui foco no resultado e pertence aos domínios da estratégia, notadamente à qualidade do processo decisório que deve, invariavelmente, estar atento aos objetivos da organização como premissa. 33/239 Gabarito 4. Resposta: E. Ao estabelecer a concorrência como fator importante para a definição do planeja- mento estratégico, espera-se que as em- presas estejam preparadas para trabalhar com alto grau de delegação a fim de que os processos não se tornem burocráticos, que não haja necessidade de centralização, que haja empoderamento nos diversos níveis da estrutura organizacional e, com isso, au- mente-se estrategicamente a velocidade com que se faz negócios, ganhando posi- ções frente à concorrência. 5. Resposta:D. É muito importante estar preparado para posicionar-se de forma estratégica, quan- do estiver à frente da gestão de pessoas, e participar de momentos importantes, como reuniões de trabalho ou reuniões de deci- são. Para tanto, há que se conhecer aspec- tos importantes dos negócios e da empre- sa: o negócio em seus detalhes; o posicio- namento mercadológico do negócio e as questões financeiras e orçamentárias. Além disso, algumas características relacionadas aos seus posicionamentos pessoais são im- portantes: seja convicto; baseie-se em fatos e dados e pense sempre em capacitação. 34/239 Unidade 2 O papel das pessoas e a sua influência no planejamento estratégico Objetivos 1. Discutir o papel que a força de traba- lho desempenha na estratégia das or- ganizações. 2. Entender como as pessoas e aquilo que desenvolvem no dia a dia das em- presas pode significar estratégia. 3. Discutir modelos de desenvolvimento estratégico de pessoas. 4. Discutir modelos de posicionamento de RH na estratégia dos negócios. Unidade 2 • O papel das pessoas e a sua influência no planejamento estratégico35/239 Introdução Neste capítulo, vamos trabalhar a questão da contextualização da área de Recursos Humanos e das pessoas no âmbito do pla- nejamento estratégico. Para tanto, é impor- tante nos atentarmos às principais questões que envolvem o assunto, a saber: • O papel que as pessoas desenvolvem nas ações estratégicas. • Como a gestão de pessoas pode e deve fazer parte da estratégia organi- zacional. De acordo com Porter (1989) em sua obra clássica Vantagem competitiva, a estrutu- ra organizacional tem papel importante na definição da estratégia, uma vez que são as particularidades do desenho da estrutura que conseguem fazer com que o core com- petence esteja efetivamente traduzido para as diversas áreas da organização. O conceito de core competence surgiu na década de 1990, através do artigo denomi- nado The core competence of the corpora- tion, publicado na Harvard Business Review. Link Conheça o artigo original de Prahalad e Ha- mel (1990) acessando o link: <https://www. profrandes.com.br/userfiles/37e2f78e- 93b640608ec17b8de1b6d4b5.pdf>. Acesso em: 24 jun. 2017. Nesse artigo, os gurus da administração, professores Gary Hamel e C. K. Prahalad (1990), afirmam que o núcleo de especia- Unidade 2 • O papel das pessoas e a sua influência no planejamento estratégico36/239 Para Porter (1989), a cadeia de valores pode ser um item determinante na definição do tamanho e da forma da estrutura das orga- lidades denominado de competências es- senciais deve ser amplamente considerado para compor o plano estratégico de negó- cios. Para saber mais Na época da publicação do artigo The core com- petence of the corporation, C. K. Prahalad era pro- fessor de estratégia corporativa e de negócios in- ternacionais na Universidade de Michigan e Gary Hamel era professor de política comercial e de gestão da London Business School. Ambos con- tinuam sendo professores e conferencistas acla- mados no mundo dos negócios. nizações. Há organizações cuja cadeia de valor requer maior complexidade estrutural por possuírem mais particularidades. Nes- se sentido, a organização se vê obrigada a criar uma estrutura com diversos níveis de diferenciação a fim de responder às neces- sidades impostas pela cadeia de produção de bens ou serviços. É importante lembrar que quanto maior e mais complexo o desenho da estrutura, tanto maior será o grau de dificuldade em estabelecer níveis confiáveis de integração entre as áreas. Unidade 2 • O papel das pessoas e a sua influência no planejamento estratégico37/239 Vale ressaltar que a estrutura, desenhada a partir de um conceito de especialização, com áreas de marketing, finanças, opera- ções, produção etc., cada uma dessas áreas deve desenvolver atividades bastante espe- cíficas a fim de criar valor na cadeia de pro- dução de bens ou serviços. Nesse sentido, a dificuldade em estabele- cer integração e coordenação entre as áre- as deve gerar maior esforço da corporação. Para saber mais Michael Porter é professor aclamado da Harvard Business School onde desenvolveu cursos de mes- trado em Administração voltados à Estratégia Competitiva, além disso foi consultor de grandes corporações em todo o mundo. Como a empresa possui uma estratégia de negócios, é importante observar se o es- forço para manter as áreas integradas não compromete a própria estratégia. Para Por- ter (1989), informações e dados necessários para manter o padrão de atuação nos negó- cios e manter viva a estratégia corporativa raramente são coletados por toda a cadeia, dificultando a otimização e podendo preju- dicar os resultados. 1. Gestão de pessoas e o proces- so estratégico Para Moura et al. (2014), tratar o processo estratégico requer que se leve em conside- ração que o processo é singular para cada organização. A partir desse preceito, e tam- Unidade 2 • O papel das pessoas e a sua influência no planejamento estratégico38/239 bém quando falamos das pessoas na defi- nição e acompanhamento do processo es- tratégico, podemos entender que este está diretamente ligado a: i. Competências essenciais da organi- zação – seu “core competence”. ii. Aspectos relacionados a idiossincra- sias organizacionais, como cultura, modelos de gestão e posicionamento frente à concorrência. iii. Ao planejamento que, em suas espe- cificidades traduza o que se deve rea- lizar a longo prazo. iv. Respostas que a estratégia possa dar às realidades dos problemas da orga- nização e eventuais oportunidades de melhoria de resultados. De acordo com Moura et al. (2014), adap- tando artigo da Harvard Business Essencials Para saber mais Cultura organizacional pode ser definida como o conjunto de hábitos e comportamentos de seus colaboradores, bem como os valores morais e éti- cos, e também o conjunto de políticas que orien- tam qual o padrão de fazer negócios de uma em- presa no seu ambiente concorrencial. Unidade 2 • O papel das pessoas e a sua influência no planejamento estratégico39/239 (2005), há um importante papel do proces- so decisório e das táticas de implementação na criação da estratégia. A Figura 1 estabelece um resumo do pro- cesso estratégico adotado pelas organi- zações. Nessa figura, há que se destacar o papel da criação da estratégia ao centro. As táticas de implementação devem ser enca- radas como a execução, o fazer acontecer do processo de decisão. Figura 1 | Táticas de criação e implementação da estratégia Fonte: Moura et al. (2014, p. 102). A partir da análise da Figura 1, presente no artigo de Moura et al. (2014), conseguimos depreender que a criação da estratégia es- Unidade 2 • O papel das pessoas e a sua influência no planejamento estratégico40/239 tabelece relações com os ambientes interno e externo. Nesse sentido, pode-se afirmar que ao relacionar-se com o ambiente exter- no, a estratégia tem maior ligação com as- pectos da concorrência, e ao relacionar-se com o ambiente interno, relaciona-se com os atores da estrutura organizacional. De acordo com Porter (1989), conseguir es- tabelecer vantagem competitiva depende também de aspectos relacionados à gestão estratégica de pessoas. As alterações ocorridas no sistema produti- vo a partir da década de 1980 começaram a forçar as empresas a olharem com mais cui- dado para o perfil dos trabalhadores. Dessa forma, as áreas de RH sofreram transforma- ções importantes no sentido de responder a esse movimento rumo à estratégia. Essas alterações sofridas pelas áreas de RH das empresas surgiram com a alteração do foco econômico da produção manufatu- reira para a economiade serviços, em que aspectos como força física e conhecimento técnico específico, anteriormente requeri- dos, foram substituídos por conhecimento genérico, necessidade de formação em ní- vel superior, habilidades de relacionamento. É importante notar que as empresas pas- saram por alterações significativas, nota- damente a descentralização das responsa- bilidades, o achatamento dos níveis da es- trutura organizacional, a redução dos níveis do staff, o qual passa a desenvolver papéis mais estratégicos, como o de criar e disse- minar conhecimento. Unidade 2 • O papel das pessoas e a sua influência no planejamento estratégico41/239 Muito importante também é relacionar o desenvolvimento da estratégia das corpo- rações com a capacidade ou competência dos colaboradores e com as questões que geram vantagem competitiva. Nesse sen- tido, a inovação figura como um excelente exemplo. Vale ressaltar que a área de Recur- sos Humanos tem o papel de desenvolver os colaboradores estabelecendo políticas que premiem as ações individuais ou de equipes que sejam aderentes aos objetivos e estra- tégias da organização. Para Bohlander et al (2003), os principais desafios competitivos da gestão de recur- sos humanos são: i. Tornar-se global. ii. Adotar sempre novas tecnologias. iii. Gerenciar mudanças. iv. Desenvolver o capital humano. v. Reagir ao mercado. vi. Conter custos. Link Para conhecer melhor os conceitos de globalização, leia o artigo que versa sobre globalização no pós- guerra, disponível em: <http://www.scielo.br/ scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2236- 99962015000100265&lng=pt&nrm=iso&tlng =pt>. Acesso em: 24 jun. 2017. Unidade 2 • O papel das pessoas e a sua influência no planejamento estratégico42/239 Nesse sentido, vale refletir sobre como as áreas de Recursos Humanos das empresas, suas políticas, programas e projetos podem ser utilizados para que o capital humano es- teja, pelo menos na maioria do tempo, e ain- da que realizando tarefas operacionais, vol- tado aos aspectos estratégicos do negócio. 2. A área de RH e o seu papel na definição da estratégia Muito tem se discutido sobre a questão do papel da área de Recursos Humanos no pla- nejamento estratégico, mas acredita-se que a área, mais do que possuir um papel no planejamento, possui também um papel na definição da estratégia. Esse aspecto foi discutido no bloco anterior, qual seja a dife- rença entre a estratégia, o plano estratégi- co e o plano operacional/tático, bem como a importância de todos para o desenvolvi- mento dos negócios. Entender como a área de recursos huma- nos deve se posicionar para estar próxima da estratégia e, consequentemente, con- tribuir para alcançar resultados consisten- tes é uma tarefa que as empresas precisam realizar. Assim, o posicionamento de RH, no sentido de atuar de forma mais estratégica, se prende a todas as ações corporativas que buscam obter os resultados desejados atra- vés das pessoas. Na verdade, uma questão que deve ser leva- da em consideração é o conhecimento que o principal executivo de RH possui sobre o negócio da empresa, e também suas con- Unidade 2 • O papel das pessoas e a sua influência no planejamento estratégico43/239 vicções a respeito da forma de atuação da área de RH. Nesse sentido, entender como o principal executivo de RH de uma empresa aplica os programas e as políticas, que aju- dam na consecução dos objetivos corpora- tivos, sem se descuidar da gestão dos cus- tos, é tarefa imprescindível para saber se o RH dessa empresa é de fato estratégico. Realizar essa tarefa é um dos fatores que direciona a organização para o caminho da obtenção de vantagem competitiva, pre- missa da estratégia organizacional. Para melhor entendimento da função de RH no desenho estratégico, observe a representa- ção na Figura 2: Figura 2: A relação entre estratégia, vanta- gem competitiva e gestão de RH Fonte: elaborada pelo autor. O que se depreende da Figura 2 é que a es- tratégia recebe influência e responde ao ambiente externo, notadamente na ques- tão da concorrência e da vantagem com- petitiva. Da mesma forma, as definições estratégicas impactam o ambiente interno Unidade 2 • O papel das pessoas e a sua influência no planejamento estratégico44/239 que se traduz nas áreas da estrutura orga- nizacional. Dentre essas áreas da estrutu- ra organizacional, o foco será em Recursos Humanos, que deve estabelecer os forma- tos para gestão de pessoas, traduzidos em Políticas, Programas e Projetos. Assim, pode-se dizer que o processo de ges- tão de pessoas deve atuar no sentido de im- pactar diretamente a administração a fim de gerar vantagens competitivas e, conse- quentemente, ser um balizador das estraté- gias corporativas. Sendo interpretado como área de apoio, Re- cursos Humanos deverá preparar a força de trabalho da organização para que, conhe- cendo e se posicionando ao lado da estra- tégia corporativa, atue de forma engajada para que haja coordenação e integração entre todas as áreas da organização. É importante e necessário dar atenção es- pecial a algumas políticas, a alguns progra- mas e projetos, tecnicamente dominados pela área de RH e que devem ser comprados em primeiro lugar pelo board; na sequência, devem ser disseminados por toda a estrutu- ra organizacional, gerando os impactos es- tratégicos necessários. A partir do princípio de que os programas precisam de patrocínio dos mais altos es- calões da estrutura, é importante estabe- lecer quais seriam os mais importantes e aderentes à estratégia. Como Recursos Hu- manos é uma área de atividades-meio, ou seja, prestadora de serviços para as demais Unidade 2 • O papel das pessoas e a sua influência no planejamento estratégico45/239 áreas da organização, e também uma área de integração entre elas, vale ressaltar que muitos dos programas e políticas propostos pelo RH acabam, por necessidade, focando questões de infraestrutura. Da mesma forma, após conseguir estabili- zar a questão da infraestrutura é importan- te para o RH estabelecer ações específicas que viabilizem a implantação de progra- mas que ataquem questões motivacionais, lembrando que, para a estratégia, ambas as abordagens são importantes. Nesse senti- do, vale recordar a visão clássica de Herz- berg, Mausner e Snyderman (1959), em sua obra clássica The motivation to work, sobre a teoria da motivação. Para ele, a questão deve ser abordada por meio de um quadro que separa os fatores que impactam a força de trabalho em higi- ênicos e motivacionais; vejamos: Link Conheça o livro original do professor Herzberg, Mausner e Snyderman acessando: <http://www. cra-rj.adm.br/the-motivation-to-work-a- no-1959/>. Acesso em: 24 jun. 2017. Unidade 2 • O papel das pessoas e a sua influência no planejamento estratégico46/239 Figura 3 | Teoria dos dois fatores Fonte: adaptado de Herzberg (1959). Unidade 2 • O papel das pessoas e a sua influência no planejamento estratégico47/239 Glossário Board: Expressão retirada do vocabulário utilizado nas empresas de Sociedades Anônimas, sig- nifica o conselho de administração. O termo é muitas vezes utilizado em outros tipos de empre- sa para designar a diretoria ou o comitê executivo, composto por presidente, vice-presidentes, diretores, gerentes executivos e/ou outros tipos de cargos executivos de decisão. Core Competence: Significa, resumidamente, um núcleo de especialidades e/ou competências que diferenciam uma empresa das demais. Staff: É um termo inglês que denomina o pessoal ou a equipe de colaboradores; especificamen- te as equipes administrativas pertencentes a uma organização. Questão reflexão ? para 48/239 Pensando como profissional de RH, quais seriamas suas principais ações para fazer com que as pessoas fossem cada vez mais engajadas em relação à estratégia da or- ganização? 49/239 Considerações Finais (1/3) A partir das questões discutidas neste capítulo, pode-se estabelecer al- gumas conclusões importantes, que passamos a elencar a fim de definir um cenário em que se consiga delinear o papel das pessoas na condução dos processos estratégicos: • Para as organizações, conseguir definições estratégicas nos negócios está invariavelmente ligado às vantagens competitivas. • Nas definições estratégicas tem que ser levado em consideração o core competence da organização. • No processo estratégico as áreas da empresa apresentam-se de for- ma especializada. Deve haver uma área que realize o trabalho de in- tegração dessas especialidades em direção ao plano estratégico; ge- ralmente essa área é a de Recursos Humanos. • Aspectos específicos como cultura organizacional são extremamente significativos para a condução do planejamento estratégico corporativo. 50/239 • Aspectos mercadológicos e econômicos podem ser determinantes na escolha da estratégia, ou mesmo na mudança dos planejamentos de longo prazo. • A estratégia responde ao ambiente externo, e as definições estraté- gicas impactam o ambiente interno traduzido na estrutura organiza- cional. • A área de RH deve ser um implementador de programas que auxiliem a organização no engajamento estratégico sem deixar de ser líder de custos dentro da corporação. • O processo de gestão de pessoas deve atuar no sentido de impactar diretamente a administração, gerar vantagem competitiva e ser um balizador de estratégias. Considerações Finais (2/3) 51/239 • A área de Recursos Humanos deve estabelecer os formatos para ges- tão de pessoas, traduzidos em Políticas, Programas e Projetos, de- sempenhando o papel de propositor dessas ferramentas, sempre mais aderentes à estratégia. • Sem descuidar-se das questões estratégicas, Recursos Humanos deve propor políticas e programas que foquem tanto questões higiênicas como motivacionais – conforme teoria dos dois fatores de Herzberg, Mausner e Snyderman (1959). • Recursos Humanos deve ser a área que organiza o trabalho de cria- ção, implantação e acompanhamento de ações, através de políticas e programas que coloquem, além do próprio RH, toda a organização trabalhando em prol do mapa estratégico. Considerações Finais (3/3) Unidade 2 • O papel das pessoas e a sua influência no planejamento estratégico52/239 Referências BOHLANDER, G. SNELL, S. SHERMAN, A. Administração de recursos humanos. São Paulo: Pio- neira Thomson Learning, 2003. HERZBERG, Frederick; MAUSNER, Bernard; SNYDERMAN, Barba B. The motivation to work. John Wiley & Sons Inc. Library of Congress USA, 1959. MOURA, L. M. et al. Integração entre pesquisa, desenvolvimento e planejamento estratégico: um estudo em montadoras automobilísticas. Gestão & Regionalidade, Universidade Municipal de São Caetano do Sul, São Caetano do Sul. 2014. Disponível em: <http://www.spell.org.br/docu- mentos/ver/32548/integracao-entre-pesquisa-desenvolvimento-e-planejamento-estrategico- --um-estudo-em-montadoras-automobilisticas>. Acesso em: 24 jun. 2017. PORTER, Michael. Vantagem competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. Rio de Janeiro: Campus, 1989. PRAHALAD, C. K.; HAMEL, Gary. The core competence of the corporation. Boston: Harvard Business Review. Cambridge, 1990. Disponível em: <https://www.profrandes.com.br/user- files/37e2f78e93b640608ec17b8de1b6d4b5.pdf>. Acesso em: 4 nov. 2016. 53/239 Assista a suas aulas Aula 2 - Tema: O Papel das Pessoas e a sua Influ- ência no Planejamento Estratégico. Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/64e6d95d301f1b1d0be98980cba0cb7d>. Aula 2 - Tema: O Papel das Pessoas e a sua In- fluência no Planejamento Estratégico. Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ 0311491fcebe75b4c9f25b972708482a>. 54/239 1. Para Porter (1989), a estrutura organizacional é importante na definição da estratégia, porque: a) É a estrutura que define quais e quantos serão os cargos de gestão. b) As particularidades do desenho da estrutura traduzem o core competence nas diversas áreas da organização. c) O tamanho da estrutura define o mapa estratégico da organização. d) É a estrutura organizacional a responsável pela implementação de toda a estratégia organi- zacional. e) A estratégia é parte integrante da estrutura organizacional. Questão 1 55/239 2. Para desenvolver o processo estratégico é importante levar em conta a singularidade de cada organização, inclusive quando se trata de pessoas. A definição e o acompanhamento do processo estratégico estão diretamente ligados a alguns fatores. São eles: Questão 2 a) O core competence e as decisões da alta gerência relacionadas ao planejamento. b) A cultura organizacional e o posicionamento da empresa nas redes sociais. c) O core competence, as idiossincrasias organizacionais, o planejamento e as respostas que a estratégia possa dar às realidades organizacionais. d) Os resultados das pesquisas de clima e as decisões da presidência e do board relacionadas ao planejamento de curto prazo. e) As respostas que a estratégia possa dar às expectativas dos clientes frente ao lançamento de novos produtos ou serviços. 56/239 3. Para Bohlander et al (2003), os principais desafios competitivos da gestão de recursos humanos são: Questão 3 a) Conter custos, vigiar a concorrência, manter tecnologias vencedoras, desenvolver o capital humano, reagir ao mercado. b) Focar o mercado local, conseguir levar a empresa para o mercado de ações, treinar as lide- ranças. c) Investir nas pessoas independentemente do custo, vigiar a concorrência, manter tecnologias vencedoras. d) Seguir o mercado, evitar mudanças, conter despesas evitando novas tecnologias, desenvol- ver o capital humano. e) Tornar-se global, adotar sempre novas tecnologias, gerenciar mudanças, desenvolver o ca- pital humano, reagir ao mercado, conter custos. 57/239 4. O principal executivo de RH deve adotar algumas posturas importantes a fim de conseguir que a área seja relevante na consecução dos objetivos estratégi- cos corporativos. São elas: Questão 4 a) Saber o resultado das pesquisas salariais, utilizar a seu favor o conhecimento que possui do conselho de administração. b) Estar preparado para a aplicação de pesquisas de clima; lutar por um excelente programa de treinamento com uma universidade norte-americana. c) Estar update com as ferramentas das principais consultorias e headhunters do mercado; co- nhecer técnicas de coaching. d) Conhecimento do negócio, convicções a respeito da implantação de programas e políticas, vigilância com a questão do custo. e) Desenvolver processo de coaching com as lideranças, fazendo ele mesmo o processo para reduzir custos. 58/239 5. A área de RH tem funções bastante específicas na gestão de pessoas. Quais são as principais e mais importantes quando o assunto é Estratégia? Questão 5 a) Estabelecer formatos, criar políticas, programas e projetos, propor a implantação dessas ferramentas, ser o líder e o balizador para adesão da empresa à estratégia. b) Preparar os principais eventos corporativos, montar os treinamentos e capacitações. c) Secretariar as reuniões do board e preparar as atas; desenvolver processos de seleção de executivos. d) Administrar a folha de pagamento e os recolhimentos de impostos; preparar a contabiliza- ção da folha de pagamento. e) Cuidar das pesquisas de remuneração e atuar no sentido de equiparar os benefícios ao mer- cado.59/239 Gabarito 1. Resposta: B. Para Porter (1989), as particularidades do desenho da estrutura traduzem o core com- petence da organização. Por exemplo, uma empresa com o core competence comercial bastante forte provavelmente irá possuir na estrutura uma área comercial maior, com posições importantes, um representante no board. Detalhes da estrutura organizacional desse tipo traduzem o core competence da organização, segundo Porter (1989). 2. Resposta: C. O processo estratégico é desenvolvido sem- pre levando em consideração as singulari- dades da organização, inclusive no quesito gestão de pessoas. A definição e o acompa- nhamento da estratégia estão ligados a fa- tores específicos, como as competências es- senciais da organização, às idiossincrasias organizacionais, como cultura e modelos de gestão, ao modelo de planejamento adota- do que possa traduzir a visão e também às respostas que a estratégia dará a problemas do dia a dia, estabelecendo oportunidades de melhoria consistente de resultados. 3. Resposta: E. Para Bohlander et al (2003), os principais desafios competitivos, e portanto estraté- gicos da gestão de recursos humanos são manter-se atualizado, através da adoção constante de novas tecnologias, fazer a ges- 60/239 Gabarito tão competente da mudança, uma vez que a mudança nos cenários de negócios é a maior certeza que se possui nas organizações, de- senvolver o capital humano, pois é nele que reside o desenvolvimento da tecnologia, re- ger as reações corporativas ao mercado e à concorrência e, claro, fazer tudo isso com absoluto princípio da austeridade, conten- do custos. 4. Resposta: D. O principal executivo de RH deve adotar posturas importantes a fim de colocar a área de RH num patamar de protagonismo frente às estratégias de negócio. Para con- seguir esse protagonismo é primordial que possua vasto conhecimento do negócio e firme suas convicções a respeito da implan- tação de programas e políticas, além de ser absolutamente vigilante com a questão do custo, principalmente no que diz respeito ao custo com mão de obra. 5. Resposta: A. A área de Recursos Humanos deve estabe- lecer os formatos para gestão de pessoas, por meio da criação e implementação de Políticas, Programas e Projetos, propondo o formato de utilização dessas ferramentas no sentido de impactar diretamente a orga- nização, gerar vantagem competitiva e ser um balizador do planejamento altamente aderente à estratégia. 61/239 Unidade 3 A estrutura organizacional sob a ótica da gestão de pessoas Objetivos 1. Conceituar estrutura organizacional. 2. Entender os modelos de estrutura mais comuns e a sua importância nos processos de gestão de pessoas. 3. Entender aspectos relacionados ao custo da estrutura. 4. Relacionar aspectos da estrutura com subsistemas de Recursos Humanos. Unidade 3 • A estrutura organizacional sob a ótica da gestão de pessoas62/239 Introdução Para que se consiga estabelecer uma noção clara sobre o papel da estrutura organiza- cional na definição da estratégia empre- sarial, é preciso entender que esse papel, o da estrutura organizacional, é bastante im- portante para a área de Recursos Humanos e também para as demais áreas da organi- zação. Como dissemos, a questão da estrutura or- ganizacional está ligada à definição da es- tratégia, uma vez que é a partir da estrutura que são estabelecidos: • O tamanho da organização – em quantidade de colaboradores. • O desenho das especificidades, já tra- tado no bloco anterior, que diz respei- to a como a organização se dividirá em áreas. • Os modelos de gestão de pessoas, cal- cados especificamente em políticas, normalmente criados e implementa- dos pela área de RH. Isso se faz, via de regra, utilizando-se o desenho da es- trutura organizacional. • A liderança de custos como fator es- tratégico importante, uma vez que é na força de trabalho, ou seja, na es- trutura organizacional, que se con- centram os custos com pessoal. Unidade 3 • A estrutura organizacional sob a ótica da gestão de pessoas63/239 Para saber mais Para Porter (1989), liderança de custos é uma das três estratégias genéricas para todas as organi- zações independentemente da indústria/merca- do em que atuam. As outras duas são diferencia- ção e enfoque. • O acompanhamento das despesas re- correntes de pessoal da organização, notadamente salários, benefícios, en- cargos sociais. Para saber mais Despesas recorrentes referem-se ao tipo de gas- tos que ocorrem a uma variação de tempo defini- da e sem interrupção. Por exemplo, despesas com salários que ocorrem todos os meses. Assim, estudar a estrutura organizacional sob a ótica da gestão de pessoas é neces- sário, pois proporciona uma visão concreta de como as coisas acontecem no dia a dia das organizações e, portanto, faz com que o assunto estratégia fique, a cada passo dos nossos estudos, mais desmistificado. Unidade 3 • A estrutura organizacional sob a ótica da gestão de pessoas64/239 1. Conceituação Para darmos início ao estudo da estrutura organizacional, vamos realizar a conceitua- ção do tema. De acordo com o minidicioná- rio Aurélio (FERREIRA, 2004, p.303), estru- tura é: “reunião de partes ou elementos, em certa ordem ou disposição. O modo como as partes ou elementos se relacionam e que de- termina as características ou funcionamento do todo [...]”. Assim como na definição linguística, para a administração a estrutura também se ba- seia no princípio da reunião de partes que se relacionam. A forma e o funcionamento da estrutura organizacional são determina- dos pelo funcionamento das partes, geral- mente divididas em áreas de especialidade, como marketing, operações, finanças etc.; e também é a estrutura que se revela como a sustentação do negócio da empresa. Como estamos falando de Recursos Huma- nos, vale acrescentar ainda o conceito de que a empresa é formada pela estrutura, a estrutura pelas áreas, as áreas pelas pesso- as. É nesse sentido que se estabelece a má- xima de que a empresa é essencialmente formada por pessoas. Vejamos a Figura 1: Unidade 3 • A estrutura organizacional sob a ótica da gestão de pessoas65/239 Figura 1 | A estrutura organizacional a partir das pessoas Fonte: elaborada pelo autor. As organizações costumam definir suas estruturas de forma hierarquizada, mas é importante saber que não existe apenas esse modelo, apesar de ser o mais comum, principalmente nas em- presas brasileiras. Esse modelo, o hierarquizado, leva em consideração os cargos em seus diversos níveis e também respeita a divisão por especialização funcional das áreas. Conforme já estudado anteriormente, a divisão por especialização refere-se àquilo que a área desenvolve no ciclo da cadeia produtiva de bens ou serviços da organização. Unidade 3 • A estrutura organizacional sob a ótica da gestão de pessoas66/239 Para a organização, de uma maneira geral, a estrutura é todo o investimento realiza- do a fim de que o ciclo de produção de bens ou serviços aconteça e, consequentemente, a posição da organização no ambiente da concorrência, obedecendo às especificida- des determinadas pelos consumidores. Num certo sentido, pode-se entender es- trutura organizacional de uma forma ainda mais ampla, para além das pessoas, como as estruturas físicas (imóveis, por exemplo), equipamentos e maquinários (se for o caso), além de hardwares e softwares necessários à produção e ao controle da atividade de- senvolvida pela empresa. Além disso, todo o material envolvido no processo de comer- cialização, como divulgação e distribuição. Refere-se ainda a todo o investimento in- tegralizado no backoffice para controle das operações. No entanto, o que trataremoscom mais foco na nossa disciplina é um conceito um pouco mais específico, direcionado para Recursos Humanos. Nessa visão, o que irá nos impor- tar são os investimentos realizados nas pes- soas, para que ocupem os espaços funcio- nais em toda a sua capacidade e plenitude, e consigam, através do seu know-how, fazer com que os processos de produção de bens e/ou serviços aconteçam. Resumindo, para o RH e, portanto, para o nosso caso em tela, a estrutura são as pes- soas que compõem as áreas e é desse tipo de estrutura organizacional que tratare- mos. Unidade 3 • A estrutura organizacional sob a ótica da gestão de pessoas67/239 2. Os modelos de estrutura Conforme dissemos anteriormente, não existe apenas um modelo de estrutura or- ganizacional. Assim, vamos conhecer algu- mas, especialmente as mais utilizadas pelas empresas brasileiras. Vale ressaltar que é absolutamente possível que uma empresa mescle a utilização de mais de um tipo de estrutura, dependendo das necessidades do negócio e das condições de mercado que vier a enfrentar. Estruturas funcionais São aquelas que se dividem em departa- mentos, sendo que nos departamentos re- únem-se os profissionais que desenvolvem atividades relacionadas à função daquele departamento. Bastante utilizadas nas em- presas brasileiras e em modelos familiares de gestão. Estruturas divisionais São modelos em que um líder concentra a responsabilidade por todas as operações e funções de uma determinada divisão ou, como é comum dizer, de uma unidade de negócios. Esse líder geralmente é responsá- vel pelo resultado da unidade, e não apenas pela sua operação. Comumente encontrado em empresas de capital internacional, no- tadamente alemãs e americanas, e também em empresas que produzem diversos tipos de produtos e/ou serviços, nas quais as di- visões são geralmente adotadas para um produto/serviço específico. Unidade 3 • A estrutura organizacional sob a ótica da gestão de pessoas68/239 Estruturas matriciais As estruturas matriciais são caracterizadas pela presença de profissionais, geralmente especialistas, de diversas áreas da organi- zação, em equipes multidisciplinares que, via de regra, são conduzidas por líderes de projeto. De acordo com Robbins (2005), a estrutura matricial combina duas formas de divisão, por função e por produto ou projeto. Com certeza, os tipos de estrutura que fo- ram elencados aqui possuem aspectos po- sitivos e negativos e cabe à empresa, a par- tir do seu mapa estratégico, decidir qual é o melhor desenho a escolher. Conforme dis- cutido anteriormente, é bastante possível que haja uma combinação entre os dese- nhos de estrutura. O que se espera é que o desenho da estrutura não seja um item de burocratização dos processos internos, mas sempre um alavancador de resultados con- sistentes e de crescimento organizacional. 3. Aspectos relacionados ao cus- to da estrutura Um ponto de bastante atenção, menciona- do por Porter (1989), é a questão da geração Para saber mais As estruturas matriciais possuem um aspecto par- ticular importante que é o da dupla subordinação. Esse tipo de estrutura é mais comum em empre- sas complexas e orientadas a projetos, como é o caso de algumas empreiteiras que tocam grandes obras, por exemplo. Unidade 3 • A estrutura organizacional sob a ótica da gestão de pessoas69/239 de vantagem competitiva. Nesse sentido, é indispensável para o plano estratégico a li- derança de custos. As organizações têm se debruçado sobre questões de redução de custos que possam gerar essa liderança. Com certeza, o custo impacta o preço, e o preço, por sua vez, im- pacta o mercado. Dependendo do tipo de produto ou serviço que a organização co- mercializa, de como a sua marca é perce- bida pelo mercado e de como está posicio- nada no ambiente concorrencial, o aspecto custo pode significar desde margens mais atraentes até a própria sobrevivência da or- ganização. De acordo com Bohlander et al (2003), as organizações estão buscando dar mais efe- tividade às suas estruturas, dividindo-as em unidades menores, em que o processo de produção de bens ou serviços fique mais horizontal, reduzindo dessa forma os níveis hierárquicos da estrutura e, por consequên- cia, os custos. A redução de níveis hierárquicos, como a que temos experimentado notadamente nas empresas brasileiras a partir do início do século XXI, parece querer introduzir al- guns aspectos na administração das orga- nizações: • A diminuição dos níveis cria equipes em que chefes e subordinados são mais próximos. • As diferenças salariais são diminuídas. Unidade 3 • A estrutura organizacional sob a ótica da gestão de pessoas70/239 • O trabalho, antes bastante especiali- zado, começa a dar lugar ao trabalho com abordagem mais generalista. • As decisões são mais ágeis. O espaço e consequentemente o tempo entre a ocorrência do problema e a decisão sobre sua solução são menores. • Os líderes de equipe são, via de regra, conclamados a participarem das deci- sões e das operações através de uma postura mais hands-on. • Dessa forma, menos gente faz mais trabalho e, portanto, a estrutura fica mais barata, ainda que os salários se- jam maiores. De acordo com Porter (1989), a cadeia de valor, condição importante para a criação e manutenção da vantagem competitiva, portanto, ocupante de peso do mapa es- tratégico, deve desempenhar papel funda- mental no estabelecimento do modelo de estrutura organizacional. Para Porter (1989), as atividades simila- res, segundo a sua especialidade, devem ser agrupadas, no sentido de que se possa ganhar maior sinergia entre elas e, assim, diminuir o custo da estrutura. Outro ponto a se considerar é que para a geração con- sistente de valor aos clientes, os limites da estrutura, muitas vezes, não serão muito claros. Para Porter (1989), mais importante que os limites definidos pelo desenho da es- trutura é a forma como esta funciona; deve agregar atividades e energia nos pontos em que se concentrem as maiores possibilida- des de problemas. Unidade 3 • A estrutura organizacional sob a ótica da gestão de pessoas71/239 É importante que as áreas possuam um ca- nal de comunicação, para processos e in- formações e que haja líderes, e até mesmo áreas, que funcionem como links, respon- sáveis por realizar, de forma eficaz, o trân- sito do trabalho, dos processos e da infor- mação valiosa. Porter (1989) elenca a área de recursos humanos como área de apoio e como uma das responsáveis pela integra- ção entre os diversos atores da estrutura, no sentido de que o processo de trabalho, a aplicação da tecnologia e do conhecimento e, consequentemente, de geração de valor ao cliente esteja sempre otimizado. Nesse sentido, se mantida a geração de va- lor na cadeia de produção de bens e/ou ser- viços, pode-se estabelecer a correlação en- tre o desenho da estrutura organizacional com o seu adequado funcionamento, como sendo fator primordial para a definição da estratégia. Link Para ter informações mais completas a respei- to do valor do conhecimento, leia na íntegra o artigo Valoração do conhecimento nas organi- zações: as concepções dos indivíduos no contex- to do trabalho. Disponível em: <http://www. scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi- d=S1984-92302016000200307&lang=pt>. Acesso em: 24 jun. 2017. Unidade 3 • A estrutura organizacional sob a ótica da gestão de pessoas72/239 4. Os subsistemas de RH e a es- trutura organizacional Conforme já discutido anteriormente, a es- trutura organizacional é um elemento im- portante na definição e na condução do pla- no estratégico. Parte dessa importância está ligada aos aspectos relacionados às pessoas e, portanto, diretamenteà área de RH. Devemos entender que a área de RH atua para definição e condução do plano estra- tégico através de políticas e programas que direcionam os esforços da força de trabalho aos objetivos estratégicos. Para conseguir realizar esse direcionamento, a área de RH lança mão da divisão da própria área em subsistemas, visando que cada subsistema atue nos programas e políticas com a maior especialidade possível. A fim de deixar esse assunto ainda mais claro, vamos entender o conceito de sub- sistema. De acordo com o dicionário Auré- lio (FERREIRA, 2004, p. 664), sistema é um “conjunto de elementos entre os quais haja alguma relação; disposição das partes ou dos elementos de um todo, coordenados entre si e que formam uma estrutura organizada”. Nes- Link Quer ver um exemplo de Política de Recursos Hu- manos? Acesse o link e veja um exemplo da Nes- tlé, do ano de 2012. Disponível em: <https:// empresa.nestle.pt/conhecaanestle/docu- ments/politica%20de%20recursos%20hu- manos%20da%20nestle.pdf>. Acesso em: 24 jun. 2017. Unidade 3 • A estrutura organizacional sob a ótica da gestão de pessoas73/239 se sentido, partindo dessa definição de sis- tema, subsistema nada mais é do que uma parte do todo. Para Chiavenato (2016), os subsistemas possuem temas que apesar de distintos são interligados, e o resultado do funcionamento desses subsistemas é tanto melhor quanto mais coordenados e articu- lados entre si eles estiverem. Assim, poderíamos então afirmar que cada subsistema, dentro da área de RH está li- gado a uma especialidade em termos de processos de trabalho, projetos e políticas. Utilizando ainda o conceito de Chiavenato (2016), os subsistemas de RH estão assim divididos: • Subsistema de provisão. • Subsistema de aplicação. • Subsistema de manutenção. • Subsistema de desenvolvimento. • Subsistema de monitoração. Numa visão ainda mais simples, a utiliza- ção da divisão por subsistemas serviria para facilitar o direcionamento dos projetos de RH, no sentido de estabelecer quais os mais importantes para que a organização atinja o que foi planejado no mapa estratégico. Vale lembrar que já discutimos a importân- cia das pessoas, presentes na estrutura or- ganizacional, para colocar de pé a estratégia traçada. As configurações dos subsistemas variam um pouco de empresa para empresa mas adotaremos aqui o modelo mais comumen- te encontrado nas organizações nacionais, proposto por Chiavenato (2016): Unidade 3 • A estrutura organizacional sob a ótica da gestão de pessoas74/239 Provisão – Recrutamento, Seleção e Plane- jamento de Pessoal: é o subsistema re- sponsável pela captação da mão de obra e que procura adequar o perfil profissional dos candidatos às necessidades estratégi- cas e também operacionais da organização. Aplicação – Desenho e Avaliação de Cargos e Avaliação do Desempenho: é o subsiste- ma responsável por desenhar a estrutura organizacional a partir da hierarquia e im- Link Para aprofundar-se na questão dos subsistemas de RH, consulte: <http://www.jrmcoaching. com.br/blog/quais-sao-os-subsistemas-de- -rh/>. Acesso em: 24 jun. 2017. portância dos cargos, além de avaliar o de- sempenho das pessoas. Manutenção – Remuneração & Benefícios e Saúde & Segurança: é o subsistema re- sponsável pela gestão dos pontos mais sensíveis da organização, quais sejam o din- heiro e a saúde das pessoas. Nesse sentido, o subsistema atua, em certo grau, num con- flito entre os interesses dos colaboradores e a necessidade da gestão efetiva dos custos com pessoal. Desenvolvimento – Treinamento & Capaci- tação, Desenvolvimento Organizacional – é o subsistema responsável pela implemen- tação de ferramentas que visam atualizar os colaboradores, sempre com foco na lucra- tividade e sustentabilidade dos negócios, bem como estabelecer programas que colo- Unidade 3 • A estrutura organizacional sob a ótica da gestão de pessoas75/239 quem toda a organização update (atualiza- da) com o plano estratégico. Monitoração – Banco de dados, KPIs (Key Per- formance Indicators – Indicadores-Chave de Desempenho): é o subsistema responsável pela emissão e gerenciamento de relatóri- os de indicadores. Realiza a integração da área de RH a partir da leitura e análise dos indicadores de cada um dos subsistemas. É a partir desses relatórios, que se pode con- tribuir com fatos e dados, provendo as de- mais áreas da organização com informações relevantes sobre gestão de pessoas. Unidade 3 • A estrutura organizacional sob a ótica da gestão de pessoas76/239 Glossário Backoffice: É a parte da atividade de uma empresa que não está diretamente em contato com o cliente. São as denominadas áreas de retaguarda, como Contabilidade, Recursos Humanos, Compras (por exemplo). Forma hierarquizada: É o desenho de estrutura que respeita a hierarquia dos cargos, ou seja, a subordinação. Seu desenho geralmente segue um modelo piramidal em que o cargo de co- mando fica no topo da pirâmide e o cargo subordinado no nível imediatamente abaixo, e assim sucessivamente. Hands-on: Expressão da língua inglesa que significa literalmente “mãos em”. Para o mundo cor- porativo, a expressão é utilizada para designar o profissional que se coloca à disposição para fazer, que está sempre pronto, que denota proatividade, que, mesmo sendo líder, não se furta a realizar tarefas operacionais. Know-how: Termo da língua inglesa que significa literalmente “saber como”. Consiste no con- junto de conhecimentos e experiências de determinada empresa ou pessoa que podem dife- renciá-la das demais. Questão reflexão ? para 77/239 Coloque-se no lugar de um gestor de RH e responda: qual é a questão mais importante que envolve a defini- ção da forma e do tamanho da estrutura organizacio- nal? Por quê? 78/239 Considerações Finais (1/2) Como vimos, a estrutura organizacional, e notadamente a estrutura de Recur- sos Humanos estão intrinsicamente ligadas ao plano estratégico na medida em que são as pessoas, em última análise, que realizam o plano. Nesse conte- údo, você estudou: • Que a estrutura organizacional é um importante elemento do desenvolvi- mento da estratégia. • Que o RH representa a estrutura organizacional, atuando com políticas e projetos de direcionamento estratégico, sempre com foco nos negócios e através das pessoas. • Que a área de RH lança mão, para cumprir a estratégia, da divisão em sub- sistemas. • Que cada subsistema responde por um conjunto de especialidades, o que, em tese, gera maior foco. 79/239 • Que os principais subsistemas de RH são: • Subsistema de provisão. • Subsistema de aplicação. • Subsistema de manutenção. • Subsistema de desenvolvimento. • Subsistema de monitoração. • Que a área de RH, além de ser representante da estrutura, é um importante prestador de serviços internos e deve desenvolver práticas que direcionem as demais áreas sempre para o plano estratégico organizacional. Considerações Finais (2/2) Unidade 3 • A estrutura organizacional sob a ótica da gestão de pessoas80/239 Referências BOHLANDER, G. SNELL, S. SHERMAN, A. Administração de recursos humanos. São Paulo: Pio- neira Thomson Learning, 2003. CHIAVENATO, I. Administração de recursos humanos. São Paulo: Manole, 2016. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário Aurélio da língua portuguesa. Curitiba: Positivo, 2004. PORTER, Michael. Vantagem competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. Rio de Janeiro: Campus, 1989. ROBBINS, Stephen P. Administração: mudanças e perspectivas. São Paulo: Saraiva, 2005. 81/239 Assista a suas aulas Aula 3 - Tema: A Estrutura Organizacional Sob a Ótica da Gestão de Pessoas. Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/c48c102c80dc0d1708616962b9cf- d47a/63e934b92097c3f1bb7f71b008c04f55>. Aula 3 - Tema: A Estrutura Organizacional Sob a Ótica da Gestão de Pessoas. Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/c48c102c80dc0d1708616962b9cf- d47a/abfbfcca15caa8372df62dbf62a6187c>. 82/239 1. A área de RH é importante para a definição e acompanhamento do plano estratégico. A área cumpre essa tarefa por meio: a) De políticas e programas que direcionem os esforços das equipes aos objetivos estratégicos. b) Do reajuste consistente dos salários dos colaboradores. c) Do recrutamento de um grande número de candidatos para cada vaga em aberto. d) Da perfeita negociação com os sindicatos. e) De políticas agressivas de benefícios. Questão 1 83/239 2. Os subsistemas de RH são responsáveis por: a) Entender as necessidades dos colaboradores, estabelecendo políticas unicamente a partir dessas necessidades. b) Desenvolver especialidades em termos de políticas, práticas e processos de trabalho que ajudem na condução da organização em direção à estratégia. c) Desenvolver o planejamento estratégico da organização. d) Estabelecer os princípios e critérios para treinamento das lideranças da organização. e) Montar os relatórios financeiros da área de RH. Questão 2 84/239 3. De acordo com o que estudamos neste bloco, a configuração de subsis- temas e das áreas ligadas a cada um deles varia de empresa para empresa. No exemplo que exploramos, e de acordo com a proposição de Chiavenato (2016), os subsistemas estão assim divididos (escolha a alternativa correta): a) Contabilidade, Finanças e Desenvolvimento Organizacional. b) D.O., Remuneração e Benefícios e Administração de Pessoal. c) Provisão, aplicação, manutenção, desenvolvimento, monitoração. d) Pagadoria, Treinamento e KPIs. e) D.O., Remuneração, Contas a Pagar, Treinamento. Questão 3 85/239 4. Um importante subsistema de RH é o de Manutenção, responsável, entre outras coisas, pela remuneração. Esse assunto gera um certo conflito por- que: a) Estabelece valores a serem pagos a fiscais como propina. b) A empresa fica sempre a mercê das reivindicações dos sindicatos. c) Os sindicatos pressionam a empresa para maiores reajustes e isso gera conflito interno. d) O conflito se dá porque há interesses opostos dos colaboradores, na busca por melhores condições de remuneração, e a necessidade da gestão efetiva dos custos com pessoal. e) Não há disponibilidade financeira para todos os reajustes a serem feitos. Questão 4 86/239 5. O subsistema de Monitoração é responsável pela emissão e análise de re- latórios de indicadores. Na organização, esse material é útil para: a) Contribuir com fatos e dados, provendo as demais áreas da organização de informações re- levantes sobre gestão de pessoas. b) Contribuir com opiniões a respeito do custo de mão de obra. c) Contribuir com a análise das ações dos gestores das demais áreas. d) Contribuir com notícias sobre política econômica. e) Contribuir com visões de mercado sobre os produtos e serviços dos concorrentes. Questão 5 87/239 Gabarito 1. Resposta: A. A área de RH é um parceiro de negócios que deve representar a estrutura organizacional e auxiliar na definição e no acompanhamen- to do planejamento estratégico através da implementação de políticas que direcionem as áreas da organização para a estratégia. 2. Resposta: B. Os subsistemas de RH são responsáveis por organizar-se de modo a concentrar-se numa especialidade, a fim de que seus pro- cessos de trabalho, políticas e práticas aju- dem a organização a trilhar o caminho tra- çado pelo mapa estratégico/planejamento estratégico. 3. Resposta: C. Os subsistemas formam o todo que denomi- namos RH e, para Chiavenato (2016), pos- suem temas que, apesar de distintos, são interligados; os resultados do seu funcio- namento são tanto melhores quanto mais coordenados e articulados estejam entre si. Para Chiavenato (2016), os subsistemas de RH estão divididos em subsistemas de pro- visão, de aplicação, de manutenção, de de- senvolvimento e de monitoração. 4. Resposta: D. O subsistema de Manutenção, responsá- vel entre outros assuntos pela Remunera- ção, faz, provavelmente, a gestão de um dos pontos mais sensíveis da organização, que 88/239 Gabarito é a administração do dinheiro das pessoas e também do dinheiro da empresa. Nesse sentido, o subsistema atua, em certo grau, num conflito entre os interesses dos cola- boradores, que sempre buscam e desejam melhores níveis de remuneração, e a neces- sidade que a empresa sempre enfrenta de fazer a gestão efetiva dos custos com pes- soal. 5. Resposta: A. O subsistema de Monitoração, responsável por Banco de dados e KPIs, realiza a emissão e o gerenciamento de relatórios de indica- dores. A análise desses indicadores contri- bui com fatos e dados, provendo as demais áreas da organização com informações re- levantes sobre gestão de pessoas. 89/239 Unidade 4 Integração de processos, programas e atividades de recursos humanos Objetivos 1. Introdução e conceituação de proces- sos, programas e atividades. 2. Discutir e elencar os principais os pro- cessos, programas e atividades em Recursos Humanos. 3. Relacionar processos, programas e atividades de Recursos Humanos com planejamento estratégico. Unidade 4 • Integração de processos, programas e atividades de recursos humanos90/239 Introdução Muito se tem discutido sobre o papel do RH nas organizações modernas, notadamen- te sobre como desempenha suas funções e como pode auxiliar no processo estratégi- co. Discute-se, na verdade, se o RH tem sido ou não estratégico na sua missão enquan- to área da corporação. Notadamente, es- sas questões estarão sempre mais voltadas às atividades, programas e processos que a área desempenha e como as desempenha. O minidicionário Aurélio (FERREIRA, 2004, p. 577, p. 579, p. 73), entre outras classifi- cações, denomina os três termos da seguin- te forma: • Processo – “sucessão de estados ou de mudanças. Modo que se realiza ou exe- cuta uma coisa; método, técnica.” • Programa – “lista detalhada de com- promissos por atender, de projetos ou planos a executar, em ordem preferen- cial.” • Atividade – “qualidade de estado ativo, meio de vida.” Trazendo a questão para os aspectos ad- ministrativos, vamos estabelecer uma rela- ção entre atividade, programa e processo, olhando com mais atenção para como es- sas questões acontecem efetivamente na área de RH. É muito importante lembrarmos que rea- lizar a gestão de pessoas não é uma tare- fa apenas da área de RH. O RH sem dúvida detém a competência técnica desse assun- to, mas a gestão das pessoas é uma ativi- Unidade 4 • Integração de processos, programas e atividades de recursos humanos91/239 dade de toda a organização. De acordo com Bohlander et al (2003), tratar questões re- lacionadas à gestão das pessoas é resulta- do de uma parceria entre a área de RH e os gestores de linha. Bohlander et al (2003) afirma ainda que os gestores de RH têm tomado posições mais representativas no planejamento e nas to- madas de decisão corporativa, o que os classificaria, segundo o que já estudamos em blocos anteriores, como gestores estra- tégicos, isto é, aqueles que podem influen- ciar de forma decisiva nos negócios e no su- cesso da organização. Assim, vamos estudar de forma mais detida, os papéis desempenhados pelos gestores de RH e pelo RH como área. Vamos enten- der também como as atividades, processos e programas, coordenados pela área de RH, contribuem para a consecução dos objeti- vos estratégicos. Para saber mais George Bohlander, Scott Snell e Arthur Sherman, respectivamenteprofessor de Administração na Arizona State University, professor de Adminis- tração na Pennsylvania State University e profes- sor de Psicologia na Califórnia State University, Sacramento. Unidade 4 • Integração de processos, programas e atividades de recursos humanos92/239 1. Discussão de processos, pro- gramas e atividades em recursos humanos Para estabelecermos uma discussão a res- peito das atividades, processos e progra- mas em RH, é importante elencarmos antes as responsabilidades do gestor de RH. Para Bohlander et al. (2003), ainda que deva haver uma parceria entre os gestores de RH e os gestores de linha, as responsabilidades de ambos são bastante distintas, bem como as competências requeridas. Para Bohlan- der et al. (2003), o gestor de RH deve ser responsável por: • Orientação e aconselhamento – Fun- cionando como consultor interno para gestores de linha e demais executivos da organização. Suas competências e conhecimento diferenciados a respei- to das estratégias da organização, das tendências de mercado, bem como referências legais e econômicas a res- peito de gestão de pessoas, devem auxiliar os gestores de linha no pro- cesso de tomada de decisão. Unidade 4 • Integração de processos, programas e atividades de recursos humanos93/239 • Serviços – através da dedicação e do engajamento no trabalho de recru- tamento & seleção, treinamento de pessoal, planejamento de remunera- Para saber mais Orientação e aconselhamento são conceitos oriundos do mundo da psicologia. Orientação sig- nifica facilitar a análise e proporcionar a adoção de caminhos ou direções com base em experiên- cias pessoais. Aconselhamento refere-se a indi- car, criar condições para que a pessoa faça, por si própria, julgamento das alternativas e identifique as opções mais adequadas. Fonte: <https://psi- cologado.com/atuacao/aconselhamento- -psicologico/sobre-o-aconselhamento-psi- cologico>. Acesso em: 24 jun. 2017. ção, entre outros. Esse trabalho é es- sencialmente técnico e deve ser total- mente dominado pela área de RH na pessoa dos seus gestores. Para saber mais Engajamento – O termo tem sido utilizado como medida de clima organizacional. Algumas corpo- rações têm feito pesquisas de engajamento em vez de pesquisas de clima, que são mais ampla- mente conhecidas no mundo corporativo de Re- cursos Humanos. Formulação e implementação de políticas – nesse quesito, a criação e principalmente a implementação, por meio da divulgação maciça das políticas voltadas à gestão de pessoas. As políticas devem ser um recurso Unidade 4 • Integração de processos, programas e atividades de recursos humanos94/239 através do qual se corrijam eventuais dis- torções, ou então se previnam outras. Têm caráter corretivo e preventivo. lidade, evitando demandas trabalhis- tas e prevenindo riscos financeiros e de imagem à organização e à marca. Link Quer saber mais sobre implantação de políticas em empresas? Leia o artigo Implantação da políti- ca de gestão de pessoas em uma empresa de grande porte. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs. br/handle/10183/40148>. Acesso em: 24 jun. 2017. • Defesa dos colaboradores – a área de RH deve ser guardiã das relações de trabalho saudáveis. Não se trata aqui de tomar partido, mas sim de defen- der relações honestas e a sustentabi- Link Quer saber um pouco mais sobre relacionamen- tos saudáveis no trabalho? Então acesse: <http:// www.menthes.com.br/como-construir-re- lacoes-saudaveis-no-ambiente-de-traba- lho/>. Acesso em: 24 jun. 2017. Para Bohlander et al. (2003), há que se ob- servar ainda as competências essenciais para o gestor de RH, uma vez que a empre- sa espera deles que assumam cada vez mais um papel estratégico na organização: Unidade 4 • Integração de processos, programas e atividades de recursos humanos95/239 • Domínio do negócio – como já trata- mos anteriormente, estar update (atu- alizado) com os negócios da empresa é fator preponderante, uma vez que é a partir dessa visão que o gestor de RH poderá colaborar para a consecução dos objetivos estratégicos. • Domínio de RH – somente com pro- fundo domínio da área, o gestor de RH poderá funcionar como consultor interno, apoiando os demais gestores no processo de gestão de pessoas. • Prontidão para mudança – como o ambiente de negócios é bastante di- nâmico, ser capaz de gerenciar mu- danças constantes bem como possuir criatividade e dinamismo é impres- cindível. Link Para aprofundar-se no assunto da mudança or- ganizacional leia o artigo disponível em: <http:// www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttex- t&pid=S0102=37722015000200259-&lang- pt>. Acesso em: 24 jun. 2017. • Credibilidade pessoal – fator impor- tante no trato com clientes internos, deve estar baseada no rol de valores da organização bem como em valores e posições pessoais que priorizem as boas relações e a justiça no trato com os outros. Essa rápida abordagem sobre o papel do gestor de RH é importante porque ele deve ser o responsável pela integração dos pro- Unidade 4 • Integração de processos, programas e atividades de recursos humanos96/239 cessos, programas e atividades de recursos humanos, em consonância com as defini- ções do planejamento estratégico. As atividades de RH são todas as ações que direta ou indiretamente constroem a razão de ser da área. São as ações que se desen- volvem no dia a dia da área e que contri- buem para os planos operacional e estra- tégico. Ansoff (1977), em sua clássica obra Estratégia empresarial, defende que há, na verdade, três tipos de decisões e as deno- mina como estratégicas, administrativas e operacionais. Ansoff (1977, p. 4) esclarece ainda que: “do ponto de vista das decisões, o problema geral das atividades da empresa consiste em configurar e dirigir o processo de conversão de recursos de maneira a otimizar a consecução dos objetivos”. Ora, então pode- mos afirmar que o gestor de RH busca dire- cionar os seus recursos, materiais e huma- nos para atividades que visem à consecução dos objetivos da área de RH. É importante estabelecermos uma visão em que, nos pro- cessos de RH, a atividade seja a menor parte e os programas, a maior parte. Vejamos essa definição na Figura 1: Figura 1 | Representação da relação entre ati- vidade, programa e processo em RH Fonte: elaborada pelo autor. Unidade 4 • Integração de processos, programas e atividades de recursos humanos97/239 Assim, olhando a Figura 1, deduz-se que, num processo qualquer em RH, os progra- mas são feitos pela sequência de diversas atividades e, por sua vez, estes fazem par- te de um processo. Para sermos ainda mais claros, podemos exemplificar: • Num programa de estagiários, que é parte do processo de Recrutamento & Seleção da organização, existem al- gumas atividades, a saber: • Atividade 1 – definição de empresa parceira de recrutamento de esta- giários. • Atividade 2 – palestras de apresen- tação da empresa. • Atividade 3 – participação em di- nâmicas de grupo com candidatos. • Atividade 4 – entrevistas com can- didatos finalistas. Veja os exemplos na Figura 2 Unidade 4 • Integração de processos, programas e atividades de recursos humanos98/239 Figura 2 | Representação das atividades em um programa específico da área de RH – Programa de Estagiários Fonte: elaborado pelo autor. Unidade 4 • Integração de processos, programas e atividades de recursos humanos99/239 Utilizando outro exemplo: num programa de sucessão, parte do processo de Avalia- ção, existem algumas atividades, a saber: • Definição dos níveis da estrutura que participam do programa. • Preparação do material a ser entre- gue aos gestoresresponsáveis. • Realização de reuniões com os ges- tores para levantamento do perfil dos eventuais sucessores. • Realização de reuniões de defini- ção dos sucessores com o board (comitê executivo) da organização. Veja os exemplos na Figura 3: Unidade 4 • Integração de processos, programas e atividades de recursos humanos100/239 Figura 3 | Representação das atividades em um programa específico da área de RH – Plano de Sucessão Fonte: elaborado pelo autor. Unidade 4 • Integração de processos, programas e atividades de recursos humanos101/239 Como conseguimos identificar, há um certo encadeamento entre as atividades, os pro- gramas e os processos. Resta saber como essas atividades, programas e processos se relacionam com a estratégia da organi- zação; é desse assunto que trataremos no próximo tópico. 2. A relação dos processos, pro- gramas e atividades de Recursos Humanos com planejamento es- tratégico Muito se discute a respeito da importância estratégica de Recursos Humanos para as modernas organizações. Algumas empre- sas, mais que outras, têm se destacado no aproveitamento sistemático das compe- tências dos seus RHs, como contribuição efetiva para consecução de seus objetivos, e também para a melhoria consistente dos seus resultados de negócio. Parece correto afirmar que aspectos como tamanho da empresa, cultura, tipo de com- posição societária (familiar, sociedade limi- tada, sociedade anônima de capital fecha- do, sociedade anônima de capital aberto) etc., influenciam no posicionamento e ação de RH frente aos objetivos estratégicos das organizações. De acordo com Bohlander et al. (2003), ape- sar das pessoas terem sido sempre funda- mentais no ambiente corporativo, parece que nos últimos anos têm desempenhado um papel ainda mais importante, notada- mente se pensarmos na questão da tec- Unidade 4 • Integração de processos, programas e atividades de recursos humanos102/239 nologia. Conforme já discutido em blocos anteriores da nossa disciplina, a tecnolo- gia deve ser entendida como conhecimen- to aplicado. Somente os seres humanos são capazes de gerar conhecimento, então é natural que a sua importância venha sendo percebida como primordial para as corpo- rações. Outro aspecto relevante a ser considerado é que a área que tem especialização para con- duzir os processos de identificação, contra- tação, aprimoramento e gestão das pessoas é Recursos Humanos. Na busca por posicio- nar-se de forma cada vez mais estratégica, olhando para as estruturas organizacionais, os gestores de RH, segundo Bohlander et al. (2003), deverão impor-se critérios que dife- renciem sua mão de obra: a) Os recursos humanos devem ter valor – uma vez que são fonte de vantagem competitiva, os recursos humanos têm mais valor quando aprimoram a eficácia, aspecto diretamente ligado aos resultados da empresa. Também quando encontram meios para dimi- nuir custos ou então quando oferecem algo especial aos clientes. Nesse sen- tido, os processos de empowerment, ou ainda, os programas de capacita- ção da força de trabalho buscam au- mentar a influência que os recursos humanos representam nos resulta- dos, principalmente, mas não exclusi- vamente, nos resultados financeiros. b) Os Recursos Humanos devem ser dife- renciados – seus conhecimentos ha- Unidade 4 • Integração de processos, programas e atividades de recursos humanos103/239 bilidades e atitudes (CHA) devem ser superiores aos que estão à disposição dos concorrentes. c) Os recursos humanos devem ser di- fíceis de imitar – buscar manter um quadro de colaboradores que produ- zam um resultado que o concorrente não consiga imitar com facilidade. d) Os recursos humanos devem ser orga- nizados – somente se consegue obter vantagem estratégica quando a força de trabalho, por meio da cooperação ou do trabalho em equipe, possa estar organizada para atuar em frentes que estejam sujeitas a mudanças cons- tantes. Conforme Bohlander et al. (2003), é neces- sário perseguir os critérios elencados aci- ma, a fim de que a gestão de RH fique cada vez mais próxima das definições estratégi- cas. Conforme afirma Porter (1989), a van- tagem competitiva será sempre a diferença entre as corporações no ambiente da con- corrência e a decisão estratégica será sem- pre baseada na vantagem competitiva. As- sim, só há uma forma de estar sempre perto da estratégia da organização: entendendo qual é o negócio, como o ambiente concor- rencial está desenhado e como RH pode, a partir das suas especialidades técnicas, da implantação de seus processos, programas e atividades, oferecer à organização subsí- dios que a coloquem à frente na luta por es- paço no mercado. Unidade 4 • Integração de processos, programas e atividades de recursos humanos104/239 Vejamos, na Figura, como Bohlander et al. (2003) estabelecem o posicionamento de RH frente a duas questões bastante importantes – de um lado as preocupações com os colaboradores, e de outro, os desafios competitivos. Figura 4 | Estrutura geral de RH frente aos desafios corporativos Fonte: adaptado de Bohlander et al. (2003, p. 4). Unidade 4 • Integração de processos, programas e atividades de recursos humanos105/239 Analisando a Figura 4, consegue-se facil- mente perceber que a área de RH sofre uma certa pressão. De um lado os desafios da concorrência, e de outro, os aspectos rela- cionados exclusivamente aos colaboradores. Num certo sentido, é preciso entender que, para conseguir estabelecer uma equação em que se atendam as demandas de ambas as partes, as atividades, os programas e os processos devem estar sempre voltados a um olhar específico para resultados e outro direcionado para a constante melhoria das relações de trabalho. O mundo moderno e também as modernas organizações não suportam mais o antago- nismo que esteve presente até há algumas décadas e ainda hoje é visto em algumas em- presas espalhadas pelo Brasil, do capital ver- sus o trabalho. Nesse sentido, é importante que o RH seja um divisor de águas, quebran- do esse antigo paradigma e aproximando essas duas forças tão necessárias ao desen- volvimento da economia. Se por um lado o capital é importante fator de investimento e mobilidade econômica, o trabalho, por sua vez, constantemente aperfeiçoado e dignifi- cado, representa a força motora que faz com que o capital se transforme em riqueza. Sem querer estabelecer um discurso ideológico, é sim adequado que a área de RH se coloque sempre como ponto de equilíbrio, promovendo a adequada relação entre essas duas forças (capital e trabalho) através da implantação competente dos seus programas e processos integrados, entre si e com a realidade da organização. Unidade 4 • Integração de processos, programas e atividades de recursos humanos106/239 Glossário Cultura: O complexo dos padrões de comportamento e das crenças, das instituições das mani- festações intelectuais transmitidas coletivamente – no nosso caso específico, essa transmissão coletiva se dá nos ambientes da empresa. Empowerment: Termo da língua inglesa que significa literalmente fortalecimento; pode ser tra- duzido, no mundo corporativo, como empoderamento. Significa as ações das empresas para permitir que as decisões possam ser tomadas por diversos níveis na estrutura organizacional, impedindo a centralização e desburocratizando o processo decisório. Gestor de linha: São os profissionais que exercem a chefia imediata de um grupo de trabalho. Podem estar nos níveis de supervisão/coordenação ou mesmo gerência dentro das organiza- ções. Para eles é que o grupo se reportará sobre todos os assuntos, operacionais ou administra- tivos. Questão reflexão ? para 107/239 Se, como afirma o texto, o antagonismo entre capital etrabalho de fato não é mais permitido nas organizações contemporâneas, como você, sendo gestor de RH, pode se posicionar frente à diferença entre esses importantes atores organizacionais? 108/239 Considerações Finais (1/3) Neste bloco, vimos que: • Os gestores de RH não são os únicos responsáveis pela gestão de pessoas. • Os seus parceiros nessa importante atividade são os gestores de linha. • Cientes da real importância do capital humano para as organizações, os gestores de RH têm se posicionado de forma cada vez mais estratégica. • Bohlander et al. (2003) definem as reponsabilidades específicas do gestor de RH como sendo quatro: Orientação e aconselhamento, Serviços, Formulação e Implementação de Políticas e Defesa dos colaboradores; sendo que esta úl- tima responsabilidade diz respeito ao equilíbrio das forças Capital e Trabalho por meio da condução de programas que melhorem as relações de trabalho. • As competências que se espera do gestor de RH são: Domínio do negócio, Domínio de todos os assuntos de RH, Prontidão para mudança e Credibilida- de Pessoal. 109/239 • Os processos de RH são os resultados de diversos programas que, por sua vez, são formados por diversas atividades. • Atividades, programas e processos são encadeados entre si. • Muitas empresas, na moderna administração, têm utilizado as competên- cias de seus RHs no sentido de contribuírem efetivamente para a definição e posterior consecução dos objetivos traçados pela estratégia. • O fator humano é bastante importante para as organizações à medida que somente ele consegue gerar conhecimento. • De acordo com Bohlander et al. (2003), os Recursos Humanos, para serem competitivos, devem ter valor, devem ser diferenciados, devem ser difíceis de imitar e devem estar organizados. Considerações Finais (2/3) 110/239 • Conforme afirma Porter (1989), a decisão estratégica será sempre baseada na vantagem competitiva e assim só há uma forma de atuar estrategica- mente: conhecendo o negócio, a concorrência e subsidiando a organização no seu posicionamento frente a essa concorrência. • A área de RH deve permanentemente procurar o equilíbrio entre as forças do capital e do trabalho, fomentando uma saudável relação entre elas a fim de proporcionar ganhos substantivos à organização e aos colaboradores. Considerações Finais (3/3) Unidade 4 • Integração de processos, programas e atividades de recursos humanos111/239 Referências ANSOFF, Igor H. Estratégia empresarial. São Paulo: McGraw-Hill, 1977. BOHLANDER, G. SNELL, S. SHERMAN, A. Administração de recursos humanos. São Paulo: Pio- neira Thomson Learning, 2003. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário Aurélio da língua portuguesa. Curitiba: Positivo, 2004. PORTER, Michael. Vantagem competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. Rio de Janeiro: Campus, 1989. 112/239 Assista a suas aulas Aula 4 - Tema: Integração de Processos, Progra- mas e Atividades de Recursos Humanos. Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ dd179ccef9a927c4e94a0999fe871f56>. Aula 4 - Tema: Integração de Processos, Progra- mas e Atividades de Recursos Humanos. Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/684671eef7555da8153df2c634d064c7>. 113/239 1. Quando se trata da questão da gestão de pessoas, podemos afirmar que: a) Os gestores de RH são os únicos responsáveis pelo assunto na organização. b) Os gestores de linha são os únicos responsáveis pela gestão de suas equipes. c) Gestores de RH e gestores de linha devem desenvolver uma parceria, pois a gestão de pesso- as é uma atividade de toda a organização. d) Cada colaborador é responsável pela gestão do seu colega de trabalho. e) Não há responsabilidade definida sobre esse assunto nas organizações. Questão 1 114/239 2. De acordo com Bohlander et al. (2003), as responsabilidades requeridas de um gestor de RH são: a) Orientação e aconselhamento, serviços, formulação e implementação de políticas, defesa dos colaboradores. b) Formulação de programas de diversão para lideranças, implementação de políticas e fisca- lização de políticas. c) Definição das empresas de recrutamento, defesa dos colaboradores, orientação sobre pro- gramas de paternidade responsável. d) Definição de benefícios, definição de remuneração das lideranças e fiscalização de políticas. e) Definição das condições dos eventos corporativos, definição das empresas de recrutamento, implementação de política de treinamento. Questão 2 115/239 3. De acordo com Bohlander et al. (2003), as principais competências que se espera de um gestor de RH são: a) Capacidade de raciocínio lógico, domínio de finanças, credibilidade pessoal e prontidão para mudanças. b) Boa noção de línguas, administração do tempo, domínio de finanças e credibilidade pessoal. c) Logística, marketing, administração do tempo, credibilidade pessoal. d) Domínio do negócio, domínio de RH, prontidão para mudança e credibilidade pessoal. e) Capacidade de raciocínio lógico, administração do tempo, credibilidade pessoal. Questão 3 116/239 4. Para que o RH esteja sempre perto da estratégia da organização, ofere- cendo subsídios que proporcionem vantagem competitiva à organização, ele precisa: a) Estabelecer um criterioso processo de licitação para fornecedores de programas de treina- mento de líderes. b) Conhecer as melhores formas de pesquisa de remuneração para colocar a empresa sempre próxima do mercado. c) Entender qual é o negócio, como o ambiente concorrencial está desenhado e como o RH pode apoiar as demais áreas a partir das suas especialidades técnicas, da implantação de seus processos, programas e atividades. d) Definir as melhores formas de recrutamento e seleção de trainees. e) Estabelecer junto aos fornecedores as melhores formas de realizar eventos de convenção de vendas. Questão 4 117/239 5. Cada vez mais entende-se que a junção entre capital e trabalho pode gerar a força motora de transformação da sociedade por meio da geração e distribuição de riqueza. O papel da área de RH nesse contexto é: a) Ser um defensor ferrenho do capital, pois é o capital que paga os salários. b) Posicionar-se ao lado do trabalho, pois é o trabalho que gera a riqueza das nações. c) Posicionar-se sempre como ponto de equilíbrio, evitando discursos ideológicos e promo- vendo a adequada relação entre essas duas forças (capital e trabalho) por meio da implanta- ção competente de programas e processos integrados com as realidades dos colaboradores e da organização. d) Estabelecer workshops e mesas redondas para discutir a profunda crise entre capital e tra- balho. e) Definir um mediador que possa contrabalancear o conflito entre capital e trabalho. Questão 5 118/239 Gabarito 1. Resposta: C. De acordo com Bohlander et al. (2003), tratar questões relacionadas à gestão das pessoas é resultado de uma parceria entre a área de RH e os gestores de linha. Obviamente o RH detém competência técnica sobre o assun- to, mas a gestão das pessoas é uma ativida- de de toda a organização. 2. Resposta: A. Para Bohlander et al. (2003), as responsa- bilidades do gestor de RH são Orientação e aconselhamento, quando funciona como consultor interno para gestores de linha; Serviços, engajando-se nas atividades liga- das aos subsistemas de RH; Formulação e Implementação de Políticas, criando e im- plementando políticas de gestão de pes- soas, por meio da divulgação sistemática; Defesa dos colaboradores, no sentido de portar-se como guardião das relações de trabalho saudáveis. 3. Resposta: D. Para Bohlander et al. (2003), as competên-cias essenciais para o gestor de RH, são Do- mínio do negócio, pois conhecer os negócios da empresa é fator preponderante para a consecução dos objetivos estratégicos; Do- mínio de RH, pois somente com domínio da sua área o gestor funcionará como um con- sultor, apoiando os demais gestores; Pron- tidão para mudanças em virtude do dina- 119/239 Gabarito mismo presente no ambiente de negócios; e Credibilidade pessoal, pois o trato com clientes internos deve estar baseado em confiança. 4. Resposta: C. Para Porter (1989), a organização preci- sa estar sempre em vantagem competitiva frente aos demais concorrentes. Essa é a premissa do posicionamento estratégico. Para tanto, a área de RH pode subsidiar as demais áreas quando o assunto é gestão de pessoas, por meio do conhecimento do ne- gócio, do conhecimento do funcionamento do ambiente da concorrência e da utilização segura de suas especialidades técnicas, da implantação de seus processos, programas e atividades. 5. Resposta: C. É sempre importante entender que a rela- ção capital trabalho pode ser menos confli- tuosa do que já foi no passado. De um lado, o capital, fator importante de investimento e mobilidade econômica; do outro o traba- lho cada vez mais aperfeiçoado e dignifica- do, fator que representa a força motora de transformação. Nesse cenário, o RH deve evitar a todo custo um discurso ideológico, e deve posicionar-se como ponto de equilí- brio, promovendo a adequada relação entre essas duas forças por meio da implantação dos seus programas e processos integrados. 120/239 Unidade 5 A tecnologia da informação a favor da gestão de pessoas Objetivos 1. Contextualizar a parceria entre Recur- sos Humanos e Tecnologia da Infor- mação. 2. Discutir ferramentas de TI que podem ajudar nos processos de gestão de pessoas. 3. Relacionar aspectos de utilização de tecnologia como estratégia de gestão. 4. Elencar as principais ferramentas de TI para gestão de pessoas. Unidade 5 • A tecnologia da informação a favor da gestão de pessoas121/239 Introdução Conforme temos dito nos diversos blocos desta disciplina, as organizações contem- porâneas precisam cada vez mais que seu capital humano e a gestão das pessoas es- tejam alinhados aos objetivos estratégicos, que seu foco esteja direcionado aos resulta- dos, notadamente àqueles que colocam as organizações em posição de liderança fren- te à concorrência. De acordo com Primo, Oliva e Kubo (2014), o capital humano tem sido um diferencial competitivo, pois é dele que surgem as ideias, as inovações e tam- bém a inspiração, nos níveis tático, opera- cional e estratégico. Nesse sentido, Primo, Oliva e Kubo (2014) referem-se à gestão do capital humano como uma ação integrada que, juntamente com aspectos idiossincráticos, como cultu- ra e valores, deve contribuir para o direcio- namento estratégico. Assim, as organiza- ções devem propor políticas e práticas, e preparar estruturas de serviço capazes de sustentar a gestão do capital humano. Se levarmos em consideração que as estru- turas de serviços possuem responsabilida- de de atuar para facilitar os processos de gestão de pessoas, conforme afirmam Pri- mo, Oliva e Kubo (2014), é fácil supor que parte dessa estrutura de serviços está liga- da à Tecnologia da Informação (TI) voltada a Recursos Humanos. Unidade 5 • A tecnologia da informação a favor da gestão de pessoas122/239 1. Contextualizando Recursos Humanos e Tecnologia da Infor- mação Segundo Primo, Oliva e Kubo (2014), é im- portante para as organizações realizar uma análise comparativa entre os investimentos feitos para que as pessoas obtenham maior desempenho e os investimentos que não es- tão diretamente ligados à gestão do capital humano. Para os autores, os investimentos não relacionados ao capital humano estão ligados à tecnologia, publicidade e compra de ativos. Dessa forma, defendem que é im- portante que haja investimento específico no processo de gestão do capital humano, uma vez que é inviável o crescimento das organizações sem a gestão dos processos de trabalho, das relações de trabalho e das pessoas. Para Luz et al. (2016), a área de Tecnologia da Informação tem sido cada vez mais im- portante, tanto para a manutenção quanto para o crescimento da organização. Nesse sentido, os serviços oferecidos pelo TI de- vem focar a garantia da sustentabilidade da organização. Link Para aprofundar-se mais no tema sustentabilida- de e ações relacionadas, acesse: <http://www. suapesquisa.com/ecologiasaude/sustenta- bilidade.htm>. Acesso em: 24 jun. 2017. Unidade 5 • A tecnologia da informação a favor da gestão de pessoas123/239 De acordo com Luz et al. (2016), o modelo de aplicação adotado pela área de TI nas organizações demonstrará o quanto esta está sendo bem empregada e em que pro- porção está conseguindo atingir os obje- tivos e metas estratégicos traçados, de- monstrando princípios de governança. Para os autores, a utilização e a comple- xidade dos recursos de TI têm crescido na mesma proporção. Por isso, é importante que a organização lance mão de práticas que orientem gestores e colaboradores na utilização das ferramentas. Apesar de já termos discutido em blo- cos anteriores, vale lembrar que, tomando como base o desenho de estrutura por es- pecialidades, ambas as áreas, RH e TI, figu- ram como parte importante da gestão da estratégia. Estabelecidos os parâmetros de atuação de cada uma delas, é importante entender como as ferramentas de TI inter- ferem na atuação de RH e no seu trabalho de gestão do capital humano. Nesse sentido, conseguimos depreender que para que a área de RH consiga estabe- lecer um modelo de gestão de pessoas, cal- cado em boas práticas que poupem tempo, dinheiro e aumentem consideravelmente o nível de alcance dos objetivos e metas es- tratégicas, precisa contar com o auxílio da área de tecnologia da informação. O papel da área de TI, portanto, no desenho e imple- mentação da gestão estratégica de pessoas, é oferecer ferramental que possa facilitar o fluxo da informação de valor, principalmen- te aquela que afeta ou é afetada pelas pes- soas, em toda a organização. Unidade 5 • A tecnologia da informação a favor da gestão de pessoas124/239 De acordo com Bohlander et al. (2003), so- mente o conhecimento compartilhado pode gerar desenvolvimento. A demanda por vantagem competitiva por meio das pes- soas aumenta significativamente, e investir em ferramentas que facilitem a geração e o compartilhamento de tecnologia pode ser o diferencial estratégico das organizações. 2. As ferramentas de TI que po- dem ajudar nos processos de gestão de pessoas Já é sabido que a área de RH, com seus sub- sistemas, processos e políticas, procura es- tabelecer formas de fazer a gestão estraté- gica das pessoas. Para conseguir estabelecer princípios de trabalho de elevado desempe- nho, utiliza, de acordo com Bohlander et al. (2003), um conjunto de quatro vetores que garantem elevado desempenho e, portanto, o alcance dos objetivos estratégicos. Esses vetores podem ser observados na Figura 1: Figura 1 - Vetores da Gestão Estratégica de Pessoas Fonte: adaptado de Bohlander et al. (2003, p. 472). Conforme se observa na Figura 1, adaptada de Bohlander et al. (2003), os vetores para Unidade 5 • A tecnologia da informação a favor da gestão de pessoas125/239 alcançar princípios de trabalho com eleva- do grau de desempenho das pessoas, e as- sim alcançar os objetivos estratégicos, são: Igualdade, Compartilhamento de Informa- ção, Conhecimento e Desempenho & Re- compensa. E é justamente para estabelecer meios de facilitar a implantação desses ve- tores que a TI figura como área de apoio na busca pelo alcancedos objetivos estratégi- cos organizacionais. Vejamos de maneira mais detalhada as for- mas de participação da TI como área de apoio para a criação e implantação das po- líticas de gestão de pessoas. Vamos estabe- lecer a relação entre os vetores e as ações da área de tecnologia da informação. O vetor de Igualdade estabelece o conceito de que as relações de trabalho precisam ser cada vez mais amigáveis. Bohlander et al. (2003) explicam que o poder, ainda nas es- truturas mais verticalizadas, não pode ser fator determinante, mas sim a colaboração. Nesse sentido, a área de TI, através princi- palmente dos softwares: • Organiza agendas de processos de feedback. • Cria sistemas para controle de perío- dos de negociação com sindicatos de empregados. • Monta bancos de dados que consigam mapear quais os principais motivos de reclamatórias trabalhistas movidas por ex-colaboradores. • Prepara sistemas que organizem a manifestação e denúncia sobre des- Unidade 5 • A tecnologia da informação a favor da gestão de pessoas126/239 respeito e má conduta de gestores na condução das equipes. O vetor de Desempenho & Recompensa é apresentado por Bohlander et al. (2003) como aquele no qual se foca a recompensa do desempenho. Vale lembrar aqui a dife- rença entre reconhecimento e recompen- sa, sendo que a recompensa está direta- mente ligada a ganhos monetários. Para saber mais Feedback: A palavra inglesa significa realimentar, mas em administração tem o sentido de dar res- posta ou dar devolutiva. É bastante utilizado nos processos de avaliação em que, geralmente, os líderes dão devolutiva aos liderados sobre ques- tões vinculadas ao desempenho. Nesse sentido, o modelo de desempenho recompensado traduz a ideia de que de- sempenhos superiores devem ter ganhos maiores que os demais. Assim, as ferramen- tas de TI podem ser especialmente úteis no sentido de estabelecer modelos sistêmicos de avaliação de desempenho ou compe- tência, bem como ferramentas de controle, baseadas em políticas da organização para recompensa de empregados. Para saber mais Diferença entre reconhecimento e recompensa – em geral, reconhecimento tem um caráter de elogio, sem a presença de um fator monetário, enquanto recompensa tem um caráter de pre- miação, no qual o fator monetário está presente. Unidade 5 • A tecnologia da informação a favor da gestão de pessoas127/239 O vetor das Informações Compartilhadas está diretamente ligado, segundo Bohlan- der et al. (2003), às iniciativas de empower- ment (empoderamento) e também ao en- volvimento dos colaboradores com os ne- gócios. São tratados nesse vetor canais de comunicação oficial, em que as principais notícias a respeito da empresa são veicula- das por uma estrutura de comunicação in- terna, geralmente presente no RH. Considerando esse aspecto, o papel do TI é oferecer alternativas em ferramentas de comunicação que sejam acessíveis a todos, mas estejam sempre no controle da orga- nização. Softwares de colaboração, assim como redes sociais de domínio corporativo, são amplamente utilizados pelas empresas e geralmente veiculados pelo RH. O vetor Conhecimento, de acordo com Bohlander et al. (2003), está intimamente ligado ao vetor do compartilhamento de in- formações. Está também relacionado à cria- ção e disponibilização de tecnologia – lem- brando que o conceito de tecnologia aqui é conhecimento aplicado, conforme defende Galbraith (1988). Para Bohlander et al. (2003), à medida que as empresas percebem que há grandes oportunidades de mudarem suas possibili- dades competitivas por meio das pessoas, aumentam na organização as necessidades de investimentos em Capacitação. Colabo- radores não capacitados não conseguem gerar vantagem competitiva através do seu trabalho. Nesse sentido, o TI entra como um importante coadjuvante, na medida em que Unidade 5 • A tecnologia da informação a favor da gestão de pessoas128/239 pode oferecer ferramentas que viabilizam ações de capacitação, como treinamento a distância, por exemplo. Pode auxiliar ain- da no desenho de portais colaborativos, de disseminação de conhecimento e de con- trole de qualidade das operações. Como vimos, as diversas alternativas que o TI pode oferecer ao processo de gestão de pessoas passam quase sempre pela mate- rialização de conceitos e pela possibilidade de controle de ações nas mais diversas áre- as de Recursos Humanos. É a partir dessas alternativas e das parcerias firmadas que ambas as áreas, TI e RH, conseguem dire- cionar esforços e investimentos no sentido do alcance de resultados estratégicos. 3. A relação entre aspectos e uti- lização de tecnologia como es- tratégia de gestão Como já é amplamente sabido e conforme defende Luz et al. (2016), as funções de- mandas da área de TI deixaram de ser ex- clusivamente a instalação de hardwares e softwares, notadamente através de redes de computadores. A área passou a ser o su- porte, através de serviços de tecnologia da informação que agreguem valor ao negócio, tendo como foco as necessidades organiza- cionais e as necessidades estratégicas. Nesse sentido, assim como o RH tornou-se estratégico através das possibilidades que pode oferecer ao negócio por meio das pes- soas, o TI tornou-se estratégico através das Unidade 5 • A tecnologia da informação a favor da gestão de pessoas129/239 possibilidades que pode oferecer ao negó- cio por meio das ferramentas em tecnolo- gia da informação. A definição estratégica dos serviços oferecidos pelo TI passa, via de regra: • Pela economia de tempo para execu- ção. • Pela alta capacidade de integração entre as diversas áreas da organiza- ção. • Pela possibilidade de intercâmbio de informações entre as diversas áreas. • Pela possibilidade de economia de re- cursos. • Pela garantia da segurança da infor- mação, entre outros. Conforme defende Bohlander et al. (2003), os recursos devem ser difíceis de imitar, o que, por definição, gera vantagem competi- tiva. Para Luz et al. (2016), os serviços de TI devem ser caracterizados por entregar valor aos clientes, portanto, são parte integran- te da estratégia. Nesse sentido, a área de TI parece tornar-se um protagonista, à medi- da que, conforme defende Luz et al. (2016, p. 124), atua Unidade 5 • A tecnologia da informação a favor da gestão de pessoas130/239 facilitando o alcance dos resultados pretendidos, envolvendo a combina- ção de tecnologia da informação (recursos computacionais e tecnológi- cos), pessoas (provedores dos serviços) e processos (para desenhar, im- plantar e fornecer serviços aos usuários). Como podemos perceber, o posicionamento estratégico da área de TI vincula-se a todos os ser- viços oferecidos à organização. Também se presta aos serviços de desenho, implementação e manutenção de programas de gestão de pessoas, oriundos dos heads de RH. Para todos os efeitos, conceber e desenhar softwares, preparar hardwares, direcionar redes in- ternas de computadores e facilitar o acesso à comunicação e à informação qualificadas fazem do TI um parceiro estratégico de negócios, para o RH e também para todas as demais áreas da organização. É através desses serviços que a área de TI pode desempenhar um papel importante nos processos de governança e nos processos estratégicos. Pode gerar vantagem competitiva e diferenciação, ajudando a organização a posicionar-se de forma favorável no ambiente da con- corrência. Unidade 5 • A tecnologia da informação a favor da gestão de pessoas131/239 4. As principais ferramentas de TI para gestão de pessoas As organizações contemporâneas são gran- des usuárias das ferramentas de Tecnologia da Informação. A necessidade de ganhos de tempo, de facilitação das operações, de maiorcontrole do negócio têm feito as or- ganizações pensarem mais sobre investi- mentos em tecnologia da informação. Para a área de RH, como parte integrante da organização, isso não é diferente. São olha- res importantes para uma realidade em que nunca se experimentou tamanha quantida- de de avanços em tecnologia da informação como agora. Na verdade, o mundo, e con- sequentemente a realidade dos negócios, tem se tornado mais digital e para que não se perca nenhuma vantagem competitiva já alcançada, o RH tem se debruçado sobre ferramentas que podem manter essa van- tagem ou mesmo ampliá-la. Para saber mais Negócios Digitais – O termo é utilizado para de- signar os negócios que são feitos utilizando-se recursos da Tecnologia da Informação e também da rede mundial de computadores, a internet. Nesse sentido, o RH observa a área de TI como um parceiro de operações que pode ajudá- -lo a tornar-se cada vez mais estratégico. A experiência tem mostrado que as principais ferramentas, sejam elas de infraestrutura, de hardware, de software ou mesmo de redes e comunicação, são as seguintes: Unidade 5 • A tecnologia da informação a favor da gestão de pessoas132/239 • Sistemas de Folha de Pagamento as- sociados a um Sistema ERP – Defini- do como sistema de pagadoria, útil no lançamento da movimentação de sa- lários e benefícios e na contabilização de valores salariais de cada emprega- do. Além disso, na parametrização de cálculos relacionados a encargos so- ciais, que, como todos bem sabem, no Brasil tem alta complexidade e repre- sentam alto volume financeiro. • Softwares de Recrutamento – Definido como meio de comunicação com can- didatos e útil para acompanhamento de processos de seleção, visa também facilitar os processos de busca de no- vos talentos e apoiar os processos de seleção, para mitigar a incidência de falhas no processo. • Software para Remuneração Fixa e Variável – Para dar suporte à política de remuneração, as empresas têm in- vestido nesse tipo de ferramenta, que organiza tabelas salariais, políticas de carreira e valoração de cargos, siste- mas de cálculo para ICP e ILP. Link Entenda melhor o conceito de Sistema ERP. Aces- se: <http://portalerp.com/erp/5-entenda- -erp>. Acesso em: 24 jun. 2017. Unidade 5 • A tecnologia da informação a favor da gestão de pessoas133/239 • Softwares de Capacitação – Conheci- dos como LMS (Learning Management System – Sistema de Gerenciamento de Aprendizagem), são úteis para or- ganizar material de treinamento, vei- cular ações de treinamentos a distân- cia, bem como para controlar a parti- cipação e o aproveitamento dos co- laboradores. São ferramentas impor- Link Conheça pesquisas relacionadas à remunera- ção total, incluindo ICP (Incentivo de Curto Pra- zo) e ILP (Incentivo de Longo Prazo) acessando: <http://www.revistamelhor.com.br/empre- sas-brasileiras-pagam-mais/>. Acesso em: 24 jun. 2017. tantes no desenho e na administração das Universidades Corporativas. • Softwares de Saúde Ocupacional – Para auxiliar os departamentos médi- cos e de segurança a realizar acompa- nhamento de saúde dos colaborado- res. • Softwares de Comunicação – Utiliza- dos para facilitar a comunicação dos colaboradores entre si, e também na comunicação oficial, que parte da or- ganização para os colaboradores. Esses são os principais, mas sem dúvida não são os únicos. Há um grande número de fer- ramentas e diversos prestadores de serviços nessa área. Cabe ao TI realizar a mediação entre a necessidade do seu cliente interno Unidade 5 • A tecnologia da informação a favor da gestão de pessoas134/239 (no nosso caso, o RH) e definir qual a ferra- menta com o melhor custo benefício. Além disso, estabelecer um processo de trabalho calcado no acompanhamento da eficácia das ferramentas, sempre tendo como norte a estratégia da organização. Unidade 5 • A tecnologia da informação a favor da gestão de pessoas135/239 Glossário Estruturas verticalizadas: Para administração, estrutura verticalizada é aquela cuja principal característica é a hierarquia dos cargos. Via de regra, há uma maior distância entre o cargo de maior valor e o de menor valor salarial da estrutura. Governança: Segundo Gonçalves, apud Banco Mundial, governança “é a maneira pela qual o poder é exercido na administração dos recursos sociais e econômicos de um país visando o de- senvolvimento e a capacidade dos governos”. Na administração contemporânea, o termo se aplica também às organizações. Head: Palavra inglesa que significa “cabeça”. Na gestão, é o termo utilizado para designar o de- cisor, gestor ou líder de um grupo de trabalho, área ou departamento. Questão reflexão ? para 136/239 Sendo um gestor de RH, você possui responsabilida- de sobre o capital humano que significa um diferencial competitivo. Como a estrutura de RH deve utilizar as ferramentas de tecnologia da informação de modo sus- tentável? 137/239 Considerações Finais (1/3) Neste bloco, você viu: • Que o capital humano é diferencial competitivo. • Que as estruturas de serviços têm a responsabilidade de facilitar os proces- sos de gestão de pessoas e que como o TI é uma área de serviços, também possui essa responsabilidade. • Que os investimentos em capital humano dizem respeito, entre outras coi- sas, à aquisição ou desenvolvimento de tecnologia da informação. • Que a aplicação da Tecnologia da Informação deve respeitar os princípios de governança e sustentabilidade da organização. • Que a área de RH precisa de ferramentas econômicas e que aumentem o nível de alcance dos objetivos e metas estratégicas. • Que para conseguir essas ferramentas, conta com a parceria do TI. 138/239 • Que Bohlander et al. (2003) elencam quatro vetores que garantem eleva- do desempenho e alcance dos objetivos estratégicos, na gestão de pessoas, quais sejam: • Igualdade. • Desempenho e recompensa. • Conhecimento. • Informações compartilhadas. • Que o posicionamento estratégico da área de TI passa por oferecer serviços à organização, incluindo implementação e manutenção de programas de gestão de pessoas. • Que as principais ferramentas de TI utilizadas pelo RH são: • Sistemas de folha de pagamento associados a um sistema ERP. Considerações Finais (2/3) 139/239 • Softwares de recrutamento. • Softwares para remuneração fixa e variável. • Softwares de capacitação. • Softwares de saúde ocupacional. • Softwares de comunicação. • Que o papel do TI é buscar a melhor relação custo x benefício para implan- tação das ferramentas elencadas, tornando-se, para o RH e para a organi- zação, parceiro estratégico. Considerações Finais (3/3) Unidade 5 • A tecnologia da informação a favor da gestão de pessoas140/239 Referências BOHLANDER, George W.; SNELL, S.; SHERMAN, A. Administração de recursos humanos. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. Dicionário Priberam da língua portuguesa. Disponível em: https://www.priberam.pt/dlpo/. Aces- so em: 10 out. 2016 GALBRAITH, John Kenneth. O novo estado industrial. São Paulo: Nova Cultural,1988. Gonçalves, A. O Conceito de Governança. Disponível em: <http://www.publicadireito.com.br/ conpedi/manaus/arquivos/anais/XIVCongresso/078.pdf>. Acesso em: 10 out. 2016 LUZ, T. A. et al. Avaliação de desempenho de serviços de tecnologia da informação: identificação do estado da arte por meio de um processo de pesquisa construtivista e análise bibliométrica. Revista Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, n. 2, v. 21, abr./jun., 2016. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413=99362016000200120-&lang- pt>. Acesso em: 21 out. 2016. PRIMO, P. P.; OLIVA, E. C.; KUBO, E. K. M. Gestão estratégica de pessoas parapesquisadores em administração nas universidades privadas. Revista Eletrônica de Administração, Escola de Ad- ministração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, n. 2, maio/ ago., 2014, p. 371-396. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/read/v20n2/1413-2311-read-20-02-0371. pdf>. Acesso em: 20 out. 2016. 141/239 Assista a suas aulas Aula 5 - Tema: A Tecnologia da Informação a Favor da Gestão de Pessoas. Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ 2feee55058d984bef567abf817795821>. Aula 5 - Tema: A Tecnologia da Informação a Favor da Gestão de Pessoas. Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/4c298cc38051e9e0247b556d7bc6c0b3>. 142/239 1. De acordo com Primo, Oliva e Kubo (2014), o capital humano tem sido um diferencial competitivo porque: a) É dele que surgem as ideias, as inovações e também a inspiração. b) O capital humano é responsável por realizar a economia. c) O capital humano é fonte de conflitos que levam às soluções. d) Os conflitos entre as pessoas são o diferencial das empresas. e) Nada é tão importante quanto o capital humano para realizar as operações. Questão 1 143/239 2. As estruturas de serviços têm, segundo Primo, Oliva e Kubo (2014), res- ponsabilidades bem definidas. Quais são elas? Questão 2 a) Responsabilidade por manter a empresa sempre funcionando e limpa. b) Responsabilidade de atuar no sentido de facilitar os processos de gestão. c) Responsabilidade pela geração de caixa e controle do orçamento de pessoas. d) Responsabilidade pelos sistemas de cotação, compras e distribuição interna. e) Responsabilidade pela segurança patrimonial. 144/239 3. Segundo o que você pôde acompanhar no texto, a área de TI tem sido cada vez mais importante, quer seja para a manutenção, quer seja na ga- rantia da sustentabilidade e dos princípios de governança. Isso se dá de que maneira? Questão 3 a) Através da aquisição dos softwares mais baratos para a organização. b) Através da utilização de um menor número de horas de consultoria, o que em si é um fator de economia de tempo e dinheiro. c) Através da demonstração da boa aplicação dos recursos no sentido de atingir os objetivos e metas estratégicos traçados, bem como na disponibilidade das ferramentas de gestão. d) Através do cumprimento dos SLAs exigidos pelas áreas de projeto. e) Através do respeito rígido às políticas de aquisição de software. 145/239 4. A participação do TI para a criação e implantação das políticas de gestão de pessoas, no apoio direto ao RH, faz-se através de quatro vetores impor- tantes, nos quais as ferramentas de TI são condição essencial de operacio- nalização. São eles: Questão 4 a) Vetor de desempenho e reconhecimento, vetor das informações sigilosas, vetor do conheci- mento, vetor da igualdade. b) Vetor de desempenho financeiro, vetor das informações em big data, vetor conhecimento, vetor da igualdade. c) Vetor de desempenho e recompensa, vetor das informações compartilhadas, vetor do trei- namento operacional, vetor da igualdade. d) Vetor do esforço recompensado, vetor das informações update, vetor do conhecimento, ve- tor da igualdade. e) Vetor de desempenho e recompensa, vetor das informações compartilhadas, vetor do co- nhecimento, vetor da igualdade. 146/239 5. Para a área de RH, diversas ferramentas podem manter a vantagem competitiva ou mesmo ampliá-la. Nesse sentido, a área de TI é um parcei- ro que auxilia o RH nas suas operações. As principais ferramentas são as seguintes: Questão 5 a) Sistemas de folha de pagamento, software de seleção, software para benefícios, softwares para organização e controle de ações de capacitação, softwares de controle médico, softwa- res de comunicação. b) Sistemas de contabilização, software de recrutamento, software para remuneração fixa e variável, softwares para produção de conteúdos, softwares de controle médico, softwares de comunicação. c) Sistemas de games, software de seleção, software de benefícios, softwares para organiza- ção e controle de ações de capacitação, softwares de controle médico, softwares de comu- nicação. d) Sistemas de folha de pagamento associados a um sistema ERP, software de recrutamento, software para remuneração fixa e variável, softwares para organização e controle de ações de capacitação, softwares de controle médico, softwares de comunicação. 147/239 Questão 5 e) Sistemas de folha de pagamento, software de seleção por competências, software para re- muneração fixa e variável, softwares para organização e controle de ações de capacitação, softwares de controle médico, softwares de comunicação. 148/239 Gabarito 1. Resposta: A. De acordo com Primo et al. (2014), o capital humano tem sido um diferencial competi- tivo porque é dele que surgem as ideias, as inovações e também a inspiração nos níveis táticos, operacionais e estratégicos dos ne- gócios, sendo os efetivos responsáveis pelo sucesso das organizações. 2. Resposta: B. Para Primo et al. (2014), as estruturas de ser- viços, dentro das organizações possuem res- ponsabilidades bem definidas, quais sejam: atuar no sentido de facilitar os processos de gestão de pessoas, do que se consegue de- duzir que, sendo uma área de serviços, a área de TI também possui essa responsabilidade. 3. Resposta: C. Para Luz et al. (2016), a área de TI tem sido cada vez mais importante para a manuten- ção e o crescimento da organização, bus- cando que seus serviços foquem garantia da sustentabilidade e dos princípios de go- vernança da organização. Faz isso através do emprenho em aplicar de forma adequa- da os recursos a fim de atingir objetivos e metas estratégicos traçados. 4. Resposta: E. A área de RH com seus subsistemas, proces- sos e políticas, procura estabelecer formas de fazer a gestão estratégica das pessoas e o faz através de um conjunto de quatro 149/239 Gabarito vetores em que a atuação de apoio de TI é fundamental. Esses vetores são vetor de de- sempenho e recompensa, vetor das infor- mações compartilhadas, vetor do conheci- mento, vetor da igualdade. 5. Resposta: D. As organizações contemporâneas são bas- tante dependentes de ferramentas de Tec- nologia da Informação. Para a área de RH, isso não é diferente. Num mundo em que a realidade dos negócios tem se tornado mais informatizada, o RH tem buscado ferramen- tas que possam manter e ampliar a vanta- gem competitiva. Essas ferramentas são de infraestrutura, de hardware, de software ou mesmo de redes e comunicação. As princi- pais são: sistemas de folha de pagamento associados a um sistema ERP, software de recrutamento, software para remuneração fixa e variável, softwares para organização e controle de ações de capacitação, softwa- res de controle médico, softwares de comu- nicação. 150/239 Unidade 6 Competências, preenchimento de cargos, desenvolvimento e linhas de sucessão Objetivos 1. Conceitos básicos de cargo, carreira e sucessão. 2. Discutir ferramentas específicas para construção de estruturas de cargos. 3. Discutir a relação cargos e carreira. 4. Planos de sucessão – olhando para o futuro da organização. Unidade 6 • Competências, preenchimento de cargos, desenvolvimento e linhas de sucessão151/239 Introdução De todos os subsistemas de Recursos Hu- manos, um dos mais delicados é aquele que cuida dos aspectos relacionados aos car- gos, à carreira, aos salários e à sucessão. De acordo com Malferrari (1970), a avaliação de cargos e a administração de salários são partes importantes na administração das empresas. De acordo com o autor, as dire- trizesdessa área variam entre empresas e na mesma empresa em ocasiões distintas. Nesse sentido, a fim de evitar grandes in- certezas para a administração desse assun- to, é importante estabelecer um modelo de gestão de remuneração que atenda à orga- nização. Os temas cargo, carreira e remuneração pa- recem estar intimamente ligados e, ao bus- car um trabalho, o candidato quase que na totalidade das vezes está bastante interes- sado nas perspectivas para sua carreira, nas possibilidades de melhoria da sua remune- ração e no seu eventual crescimento na es- trutura organizacional. É bem verdade tam- bém que nem todos chegarão a ocupar pos- tos mais altos na hierarquia organizacional, e nem é obrigação da empresa estabele- cer critérios para que essa movimentação aconteça. No entanto, é bastante louvável que as organizações busquem criar oportu- nidades para que as pessoas possam, a seu tempo, no seu ritmo e na exata medida das suas competências, obter sucesso profis- sional. Vale ressaltar, no entanto, que sucesso pro- fissional pode significar coisas diferentes para pessoas diferentes, mas em linhas ge- Unidade 6 • Competências, preenchimento de cargos, desenvolvimento e linhas de sucessão152/239 rais deve ser um conceito que diga respeito à forma como as pessoas conseguem maior destaque na carreira. Nesse sentido, o des- taque pode ou não vir acompanhado de re- muneração maior. Este capítulo busca entender essa questão e como as ações da área de RH podem aju- dar a empresa e os colaboradores no trata- mento desse assunto. Os colaboradores na sua busca por maior desenvolvimento na carreira; as empresas na perseguição pelas vantagens competitivas que a concorrência impõe. 1. Conceitos básicos de cargo, carreira e sucessão As organizações têm enfrentado grandes mudanças no ambiente de negócios em que atuam. A velocidade das comunicações e as facilidades trazidas pela tecnologia da informação têm estabelecido novas formas de conduzir as operações. No entanto, a Link Quer obter dicas para a sua carreira profissional? Então acesse o link e conheça seis conselhos do presidente do HSBC Brasil: <http://exame.abril. com.br/carreira/6-conselhos-do-presiden- te-do-hsbc-brasil-para-a-carreira-do-jo- vem/>. Acesso em: 24 jun. 2017. Unidade 6 • Competências, preenchimento de cargos, desenvolvimento e linhas de sucessão153/239 maior parte das estruturas organizacionais nas empresas brasileiras ainda respeita um desenho hierarquizado e por divisão de es- pecialidades. Para esse tipo de desenho, o cargo é um fa- tor importante. Vale lembrar que o cargo é a nomenclatura que se dá a um posto de tra- balho que responde por uma série de ativi- Para saber mais Divisão da estrutura organizacional por especia- lidades diz respeito às especialidades de negócio, como Marketing, Recursos Humanos, Finanças, Operações, entre outras. Essas áreas especialis- tas são responsáveis pelo comportamento estra- tégico da organização. dades. O cargo é sempre impessoal e pode acontecer de organizações distintas ado- tarem nomes de cargos diferentes para um conjunto de atividades similares. Mais importante do que a nomenclatura do cargo é o conjunto de atividades que são atribuídas a ele, ou seja, a função. É a fun- ção que, via de regra, é objeto de análise, a fim de que se atribua valor àquele cargo, na- quela organização. Essa análise é a base de grande parte dos modelos de construção de estruturas de cargos e remuneração. É atra- vés da análise da função, ou seja, das ati- vidades desenvolvidas que o cargo recebe maior valor e importância do que um outro qualquer. Essa valoração, está intimamente ligada às características da organização e também ao plano estratégico Unidade 6 • Competências, preenchimento de cargos, desenvolvimento e linhas de sucessão154/239 2. Ferramentas específicas para construção de estruturas de car- gos Em primeiro lugar, é importante ressaltar que não é possível falar em estruturas de cargos sem falarmos também em estrutu- ras de salários. Na verdade, ambas as infor- mações, relacionadas a cargo e salário, fa- zem parte de um mesmo conjunto de infor- mações. Esse conjunto chama-se estrutura de remuneração. As estruturas de remune- ração das empresas são responsáveis pela organização e distribuição dos cargos nas áreas de especialidade, pela hierarquização e também pela atribuição de importância relativa do cargo, tanto para a área como para o negócio. É pouco provável, e na verdade até contra- producente, que uma empresa construa uma estrutura apenas de cargos; geralmen- te a estrutura contempla: • Cargo. • Área. • Pontuação relacionada à avaliação. • Faixa de remuneração ou classe salarial. • Salários propostos em uma amplitude salarial, geralmente composta por sa- lário inicial, médio e máximo. • Outras informações que possam ser relevantes para aquela organização. Na Figura 1, todos esses elementos que acabamos de citar são contemplados. É im- portante saber que esse é apenas um exem- plo fictício, para ilustrar o tema. Unidade 6 • Competências, preenchimento de cargos, desenvolvimento e linhas de sucessão155/239 Figura 1 | Exemplo de estrutura salarial de uma empresa do segmento industrial Fonte: elaborado pelo autor. Unidade 6 • Competências, preenchimento de cargos, desenvolvimento e linhas de sucessão156/239 As ferramentas mais comumente utilizadas pelas empresas para construir suas estru- turas de remuneração são quase todas, se- não todas, provenientes de uma metodolo- gia surgida nos Estados Unidos, na primei- ra metade do século XX, e vinda a público através do artigo de Merryl R. Lott intitula- do Wage scales with a reason, e posterior- mente através do livro Wage scales and a job evaluation. Esse é o método denominado comumente como método de pontos, amplamente uti- lizado para a avaliação e valoração de car- gos, pois além de fornecer excelentes resul- tados, requer poucos recursos, uma vez que a tecnologia já está em domínio público. Através do método de pontos a avaliação é feita por meio de fatores que podem ser comuns para grupos de cargos. Tanto esses fatores de avaliação como a ponderação es- pecífica que recebem podem ser diferentes entre empresas, o que dá grande flexibilida- de à ferramenta. Link Quer conhecer melhor a utilização da metodo- logia de pontos? Então acesse o link a seguir e veja uma reportagem sobre o tema no caderno de economia do Estadão: <http://economia. estadao.com.br/noticias/sua-carreira,em- presas-usam-metodo-de-pontos-para-sa- larios,32177e>. Acesso em: 25 jun. 2017. Unidade 6 • Competências, preenchimento de cargos, desenvolvimento e linhas de sucessão157/239 Os fatores recebem pontuação de acordo com a significância que possuem para os cargos. As somas dos diversos fatores, bem como sua ponderação, resultam em uma medida quantitativa que é disposta numa estrutura e depois transformada em valores financeiros, que vão representar os salários. O principal atrativo da ferramenta é fun- cionar no sentido de transformar questões qualitativas, como Requisitos Intelectuais ou Responsabilidades, em fatores numé- ricos mensuráveis, ou seja, quantitativos. Nesse sentido, o trabalho de venda do con- ceito aos “heads” (cabeças, líderes) da orga- nização é facilitado, uma vez que estabele- ce padrões quantificáveis, tão valorizados no mundo dos negócios. Importante lembrar que um cuidado a ser tomado na implantação da metodologia de pontos é que os cargos sejam, ao menos, sumariamente descritos, e posteriormente agrupados, visando obter fatores de avalia- ção que sejam de certa forma comparáveis. Caso contrário, os fatores não terão signifi- cado e não serápossível construir a estru- tura. Na Figura 2, um resumo dos passos para a correta aplicação da metodologia de pon- tos. Figura 2 | Fluxo do pro- Unidade 6 • Competências, preenchimento de cargos, desenvolvimento e linhas de sucessão158/239 cesso de construção de estrutura de remuneração pela metodologia de pontos Fonte: elaborada pelo autor. Conforme se pode observar na Figura 2, o processo de montagem da estrutura de remuneração, pela metodologia de pontos, segue uma série de passos e gera uma série de resultados, que de- vem ter sua efetividade observada pela área de RH. Vejamos: Descrição sumária dos cargos – Resulta no documento de descrição de cargos ou manual de descrição de cargos: útil para que se consiga estabelecer as atividades realizadas pelo cargo e facilitar o trabalho de avaliação. Unidade 6 • Competências, preenchimento de cargos, desenvolvimento e linhas de sucessão159/239 Eleição dos fatores de avaliação – Resul- ta na tabela de fatores de avaliação: im- prescindível para o trabalho de avaliação de cargos, pois definirá quais fatores serão utilizados para a avaliação dos grupos de cargos. Ponderação dos fatores – Resulta na tabela de avaliação ponderada: esse passo definirá os pesos e os respectivos pontos que cada grau de avaliação pode gerar. Avaliação dos cargos – Resulta no manu- al de avaliação de cargos em que constarão todos os cargos avaliados e seus respecti- vos valores em pontos. Conversão matemática dos pontos em va- lores financeiros – Resulta na estrutura de remuneração, na qual constarão os valores de salário nas suas posições inicial, média e final de todos os cargos avaliados, quiçá de todos os cargos da organização. De acordo com Marras (2002), a análise da função é um estudo realizado em toda a estrutura organizacional, no sentido de Link Quer conhecer mais detalhes sobre sistemas de avaliação de cargos e como funcionam os fatores de avaliação? Então acesse o link a seguir e leia o artigo: <http://qmkeditora.blogspot.com. br/2011/06/artigo-sistemas-de-avaliacao- -de-cargos.html>. Acesso em: 24 jun. 2017. Unidade 6 • Competências, preenchimento de cargos, desenvolvimento e linhas de sucessão160/239 obter detalhes sobre as responsabilidades, competências e demais características dos cargos daquela estrutura. Nesse sentido, estabelecer um conjunto de atividades que tenha um determinado valor para a organi- zação é, talvez, a forma mais adequada de se pensar na estrutura de remuneração. Como se pode observar, a metodologia, apesar de relativamente antiga, é uma base poderosa para a construção de estruturas de remuneração em que figurem, além de cargos, também salários. A partir da estrutura de remuneração, po- de-se estabelecer uma rotina de verificação dos comportamentos do mercado no que- sito remuneração e, assim, municiar a com- panhia de informações que ajudem no posi- cionamento estratégico em gestão de pes- soas, no tocante a cargos, salário e carreira. 3. A relação cargos e carreira A administração contemporânea tem es- barrado em algumas questões conceituais a respeito de como os cargos respondem a uma lógica natural do dia a dia dos negó- cios. Na verdade, tem-se verificado que a velo- cidade exigida para a tomada de decisões, sejam elas operacionais ou estratégicas, tem feito com que a simples nomenclatura do cargo não seja uma determinante para as atividades e responsabilidades. De acor- do com Ruzzarin e Simionovschi (2010), a administração contemporânea não se pre- Unidade 6 • Competências, preenchimento de cargos, desenvolvimento e linhas de sucessão161/239 ocupa com a delimitação das atividades dos cargos na execução das suas atividades porque as barreiras de delimitação são cer- cadas de subjetividade, o que, por definição, seria muito difícil de mensurar. Nesse sentido, as organizações têm se pre- ocupado mais com a carreira e com as com- petências necessárias para poder trilhá-la do que propriamente com o conjunto de atividades, a que se convencionou chamar cargo. Para Ruzzarin e Simionovschi (2010), as competências exigidas são praticamente as mesmas, dentro da mesma carreira, in- dependentemente dos cargos. Da mesma forma, quando a descrição de cargo é feita cargo a cargo, os pilares técnicos e compor- tamentais se repetem nos cargos seguintes da estrutura, alterando apenas a maturida- de exigida. Essa abordagem implica que, apesar de existir uma relação íntima entre as ativida- des e a carreira, uma não limita outra, pois o aspecto da competência exigida para o de- sempenho das funções tem ocupado papel de destaque na gestão de pessoas. Estabelecer um desenho de carreira possível para as organizações parece ser um desafio, notadamente nas empresas da iniciativa privada. A flexibilidade dos colaboradores passa a ser um ponto importante e a per- formance, mais que a descrição dos cargos, ocupa posição de destaque nas preocupa- ções dos gestores de pessoas. Importante notar a diferenciação entre a avaliação do cargo e a avaliação da perfor- mance. Na avaliação do cargo, a impessoa- lidade é o ponto crucial; não importa quem Unidade 6 • Competências, preenchimento de cargos, desenvolvimento e linhas de sucessão162/239 seja o ocupante, mas o valor e a importân- cia daquelas atividades para a corporação. Em contrapartida, na avaliação da perfor- mance, o foco é o desempenho da pessoa, as suas entregas, seu engajamento com o negócio e sua dedicação. Obviamente que o ponto de referência, via de regra, são as atividades que se espera que aquele car- go realize. No entanto, a intensidade com a qual são realizadas as atividades é sempre parâmetro da performance. O que as empresas têm tentado é estabe- lecer uma matriz em que figurem aspectos relacionados aos cargos, aos ocupantes e também à empresa. Aspectos como descri- ção das atividades, competências necessá- rias, performance e prontidão têm sido uti- lizados pelas empresas para que se consiga obter o mapa da carreira. 4. Planos de sucessão – olhando para o futuro da organização O plano de sucessão é o processo que visa criar ações de desenvolvimento e retenção dos profissionais, permitindo identificar po- tenciais sucessores para as posições-chave da organização. É um trabalho que visa en- volver as principais lideranças, no sentido de prepararem as suas áreas para processos de promoção, de deslocamento e transfe- rência, de fusões e aquisições, entre outros, e que requerem preparo dos profissionais para assumirem maiores responsabilidades, especificamente como tomadores de deci- sões estratégicos de negócio. O plano de sucessão precisa efetivamente ser um trabalho preventivo, em que alguns Unidade 6 • Competências, preenchimento de cargos, desenvolvimento e linhas de sucessão163/239 questionamentos relativos à organização precisam ser respondidos: • Haverá crescimento? • Se sim, o crescimento será orgânico ou através de fusões e aquisições? • Há possibilidade de crises no médio ou longo prazo? • Haverá mudanças significativas nos modelos adotados pela organização para fazer negócios? Para saber mais O plano de sucessão é efetivamente preventivo quando as posições de liderança ou de decisão são ocupadas por sucessores identificados no plano, revelando assim a sua eficácia. • A organização atuará de forma im- portante para se diversificar? • Diante do ambiente da concorrência, a empresa possui as competências ou vantagens competitivas que mante- rão a sua sustentabilidade? Se houver resposta afirmativa para pelo me- nos uma das perguntas, então a recomen- dação é que se pense no plano de sucessão. Vale lembrar o que já discutimos anterior- mente, que as alterações importantese a estratégia são conduzidas pelas pessoas. Nesse sentido, as lideranças, especifica- mente, têm responsabilidade preponde- rante nesse processo e o plano de sucessão deve ser feito para as posições-chave, no- tadamente as lideranças. Unidade 6 • Competências, preenchimento de cargos, desenvolvimento e linhas de sucessão164/239 O processo é relativamente simples, mas requer bastante maturidade da organiza- ção para que não haja nenhuma exposição desnecessária e nem tampouco nenhuma suscetibilidade ferida nos quadros da orga- nização. A área de RH precisa ter a sensibi- lidade necessária para conduzir o processo de forma lisa e profissional. O processo re- quer os seguintes passos: • Identificar potenciais sucessores. • Definir seu perfil, através de uma fer- ramenta de assessment. • Verificar seus indicadores (resultados frente a metas estabelecidas). • Traçar perfil ideal da posição que será foco da sucessão. • Comparar o perfil e os resultados do potencial sucessor com o perfil da po- sição, identificando os gaps (lacunas). • Definir o plano de desenvolvimento. Para saber mais Assessment – Termo em inglês que significa “ava- liação”, é utilizado para designar processos de avaliação de perfil utilizados em atividades de RH como recrutamento e seleção, plano de sucessão e treinamento, entre outros. Pode ser feito atra- vés de ferramentas já consagradas no mercado, ou ainda, por inventários elaborados pela própria organização nas suas áreas de RH. Unidade 6 • Competências, preenchimento de cargos, desenvolvimento e linhas de sucessão165/239 É sempre importante ter em mente que o futuro da organização pode ser impactado, positiva ou negativamente, por uma escolha de sucessor. Nesse sentido, é recomendável colegiar a decisão, através de um comitê de sucessão do qual os principais heads (líde- res) da organização participem. A fim de dar excelência ao programa, alguns requisitos são importantes aos participan- tes dos comitês de sucessão, a saber: • Que conheçam os executivos em to- das as posições de primeiro e segundo níveis da organização. • Que conheçam os potenciais sucesso- res de curto, médio e longo prazo em cada posição. • Que conheçam as potenciais altera- ções de estrutura organizacional de curto e médio prazo. • Que conheçam as lacunas entre pes- soas preparadas e necessidades de posições críticas (posições e prazos). • Que se comprometam com a confi- dencialidade do que for discutido nas reuniões de comitê de sucessão. Como o plano de sucessão é um trabalho de análise aprofundada de perfis, há alguns ganhos marginais que se obtém desse tra- balho, como identificação de problemas de performance, eventuais discussões sobre desligamentos, remuneração, retenção etc. Unidade 6 • Competências, preenchimento de cargos, desenvolvimento e linhas de sucessão166/239 O plano tem algumas particularidades que devem ser observadas para que a possibili- dade de atingir o sucesso seja ainda maior: • Confidencialidade – O plano de su- cessão em si não é comunicado aos potenciais sucessores. Somente o pla- no de desenvolvimento é comunica- do, dissociado do plano de sucessão. • Decisão compartilhada – O proces- so possibilita compartilhar decisões sobre promoções ou desligamentos para posições-chave. • Comprometimento – O compartilha- mento das decisões aumenta o apoio e suporte dos heads (líderes) da orga- nização em relação aos novos gesto- res que forem escolhidos no plano de sucessão, fazendo-os se comprome- terem com o sucesso deles. • Gestão de talentos – Com o plano de sucessão, a organização age com pro- atividade na gestão de talentos estra- tégicos. • Tomada de decisão – O plano de sucessão ajuda a embasar investi- mentos em treinamento, desenvolvi- mento, job rotations (rotatividade de atividades na área ou na empresa), desligamentos e remuneração. Unidade 6 • Competências, preenchimento de cargos, desenvolvimento e linhas de sucessão167/239 Glossário Amplitude salarial: É a denominação do espaço percentual entre duas posições salariais numa estrutura. Por exemplo, o salário inicial de uma faixa é de R$ 1.000,00 e o salário final dessa mesma faixa é de R$ 1.500,00, então a amplitude será de 50%. Avaliação de performance: Processo pelo qual se julga a eficácia dos colaboradores de uma or- ganização, frente aos objetivos e metas estabelecidos. Também conhecido como avaliação do desempenho. Descrição sumária: É a transcrição resumida do conjunto de atividades de um determinado cargo. Notadamente as atividades mais importantes e que emprestam ao cargo a maior rele- vância. Questão reflexão ? para 168/239 Faça uma reflexão, como gestor de Recursos Humanos, e imagine como se posicionaria para desenhar e imple- mentar um plano de sucessão eficiente. 169/239 Considerações Finais (1/4) Neste bloco, você estudou: • Que o subsistema de cargos, salários e carreira é um dos mais delicados das organizações, porque lida com dinheiro e com os sonhos das pessoas. • Que a estrutura de grande parte das empresas brasileiras ainda adota um modelo hierarquizado e que nesse tipo de desenho o cargo é um fator im- portante. • Que as estruturas de cargos estão, em grande medida, ligadas às estruturas de remuneração. • Que as estruturas de remuneração são responsáveis por uma gama de in- formações, a saber: cargo, área, pontuação relacionada à avaliação, faixa de remuneração, salários. • Que a ferramenta mais utilizada pelas empresas para suas estruturas de re- muneração é o método de pontos. 170/239 • Que a metodologia tenta transformar aspectos qualitativos em fatores nu- méricos mensuráveis, portanto, quantitativos. • Que a aplicação da metodologia de pontos para construção da estrutura de remuneração é composta pelos seguintes passos: • Descrição sumária dos cargos. • Eleição dos fatores de avaliação. • Ponderação dos fatores. • Avaliação dos cargos. • Conversão matemática dos pontos em valores financeiros. • Que as pesquisas de remuneração podem ser feitas com base na estrutura de remuneração. Considerações Finais (2/4) 171/239 • Que as competências são mais importantes atualmente do que propria- mente a definição das atividades (cargo) para a proposição de carreiras. • Que as competências exigidas para as mesmas carreiras são praticamente iguais, independentemente dos cargos. • Que apesar de existir relação entre atividades e carreira, uma não limita a outra. • Que plano de sucessão é o processo que visa criar ações de desenvolvimen- to e retenção dos potenciais sucessores da organização. • Que o plano de sucessão é um processo que deve respeitar regras, entre elas: • Confidencialidade. • Decisão compartilhada. • Comprometimento. Considerações Finais (3/4) 172/239 • Proatividade. • Tomada de decisão. Considerações Finais (4/4) Unidade 6 • Competências, preenchimento de cargos, desenvolvimento e linhas de sucessão173/239 Referências MALFERRARI, Carlos J. Métodos e fases da avaliação de cargos. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, 1970. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttex- t&pid=S0034-75901970000300001>. Acesso em: 25 out. 2016. MARRAS, Jean P. Administração da remuneração. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. RUZZARIN, Ricardo; SIMIONOVSCI, Marcelo. Competências: uma base para a governança corpo- rativa. Porto Alegre: AGE, 2010. 174/239 Assista a suas aulas Aula 6 - Tema: Competências, Preenchimento de Cargos, Desenvolvimento e Linhas de Suces- são. Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ c30f02abdd5764aaa6d0d2eeba43a193>. Aula 6 - Tema:Competências, Preenchimento de Cargos, Desenvolvimento e Linhas de Suces- são. Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/14e611c2895fa0bb4bc7f4335490c8a7>. 175/239 1. Ao pensar no planejamento de carreira, a empresa não possui obrigações de manter um plano estruturado, até porque a velocidade dos negócios e das inovações impede essa possibilidade e também porque parte da respon- sabilidade pela carreira é do colaborador. Assim, é louvável que a empresa: Questão 1 a) Busque criar oportunidades para que as pessoas possam obter crescimento profissional. b) Estabeleça um caminho rígido que deve ser percorrido pelos interessados na carreira. c) Estabeleça planos de remuneração agressivos que retenham as pessoas não pelas oportuni- dades de carreira, mas pelos ganhos diferenciados. d) Ofereça um plano de benefícios que possa substituir as oportunidades de carreira. e) Dedique tempo e energia dos gestores no trabalho de convencimento das pessoas a aceita- rem sua condição na estrutura. 176/239 2. Mais importante do que o cargo, ou seja, a nomenclatura recebida, é o conjunto de atividades que são atribuídas a esse cargo: Questão 2 a) A função é mais importante porque estabelece critérios de crescimento na carreira. b) A função é mais importante porque é item de vantagem competitiva. c) A função é mais importante porque será objeto de análise e é a esse conjunto de atividades que se atribui valor. d) A função é mais importante porque as atividades são sempre estratégicas. e) A função é mais importante porque detém toda a tecnologia da organização. 177/239 3. As ferramentas de construção de estruturas de remuneração mais co- mumente utilizadas pelas empresas são provenientes de uma metodolo- gia denominada: Questão 3 a) Metodologia da escolha forçada. b) Metodologia da curva normal. c) Metodologia weberiana. d) Metodologia de pontos. e) Escala de Ishikawa. 178/239 4. A montagem da estrutura de remuneração através da metodologia de pontos deve obedecer a uma série de passos, que respeita uma determi- nada ordem. São eles: Questão 4 a) Descrição detalhada dos cargos, eleição dos fatores de avaliação, ponderação dos fatores, distribuição dos cargos na estrutura por ordem alfabética. b) Descrição sumária dos cargos, valoração dos cargos pela experiência dos ocupantes, ponde- ração dos fatores, conversão matemática dos pontos em valores financeiros. c) Eleição dos fatores de avaliação, ponderação dos fatores, avaliação dos cargos, conversão matemática dos pontos em valores financeiros. d) Divisão dos cargos em operacionais e estratégicos, descrição sumária dos cargos, eleição dos fatores de avaliação, ponderação dos fatores, avaliação dos cargos, conversão matemá- tica dos pontos em valores financeiros. e) Descrição sumária dos cargos, eleição dos fatores de avaliação, ponderação dos fatores, avaliação dos cargos, conversão matemática dos pontos em valores financeiros. 179/239 5. O plano de sucessão é um processo de gestão de pessoas que tem ca- racterísticas muito particulares e visa: Questão 5 a) Criar ações de desenvolvimento e retenção dos profissionais, permitindo identificar poten- ciais sucessores para as posições-chave da organização, envolvendo as principais lideranças para prepararem a organização para o futuro. b) Criar ações de reajuste salarial agressivo, permitindo fixar potenciais sucessores nas posi- ções-chave da organização. c) Aplicar pesquisa de engajamento para identificar potenciais para as posições-chave da or- ganização. d) Implementar plano de carreira a fim de reter os profissionais potenciais gerentes de negócio. e) Criar condições salariais e de benefícios que fixem os profissionais-chave da organização nas suas posições de origem. 180/239 Gabarito 1. Resposta: A. É bastante louvável que as organizações busquem criar oportunidades para que as pessoas possam, a seu tempo, no seu ritmo e na exata medida das suas capacidades e competências, obter crescimento profissio- nal. Há que se criar critérios também, a fim de que sejam dadas iguais condições a todos para o crescimento na carreira profissional. 2. Resposta: C. Mais importante do que a nomenclatura, ou seja, o cargo, é o conjunto de atividades que serão atribuídas a ele, ou seja, a função. É a função que é objeto de análise e que resulta na atribuição de importância e valor. A aná- lise é a base da construção das estruturas de cargos e remuneração. 3. Resposta: D. As ferramentas mais comumente utiliza- das pelas empresas para construir suas es- truturas de remuneração são provenientes de uma metodologia surgida nos Estados Unidos, na primeira metade do século XX, denominada metodologia de pontos. Essa metodologia é de autoria de Merryl R. Lott e foi publicada no artigo de intitulado Wage scales with a reason e posteriormente no livro Wage scales and a job evaluation. 181/239 Gabarito 4. Resposta: E. O processo de montagem da estrutura de remuneração pela metodologia de pontos segue uma série de passos que devem ser observados: • Descrição sumária dos cargos, que resulta no manual de descrição de cargos. • Eleição dos fatores de avaliação, que resulta na tabela de fatores de avalia- ção, imprescindível para a avaliação de cargos. • Ponderação dos fatores, que resulta na tabela de avaliação ponderada. • Avaliação dos cargos, que resulta no manual de avaliação de cargos. • A conversão matemática dos pontos em valores financeiros, que resulta na estrutura de remuneração propri- amente dita, na qual constarão os va- lores de salário. 5. Resposta: A. O plano de sucessão é o processo que visa criar ações de desenvolvimento e retenção dos profissionais, permitindo identificar po- tenciais sucessores para as posições-chave da organização, envolvendo as principais lideranças, a fim de que preparem as suas áreas e, consequentemente, a organização para processos de promoção, deslocamen- to e transferência de colaboradores, fruto de fusões, aquisições, crescimento orgâni- 182/239 Gabarito co ou crise futura, em que seja necessário o preparo dos profissionais para assumirem maiores responsabilidades. 183/239 Unidade 7 Dimensionamento e orçamento estratégico de pessoal Objetivos 1. Apresentar conceitos básicos de orça- mento de pessoal. 2. Discutir dimensionamento de orça- mento de pessoas. 3. Destacar as linhas envolvidas no orça- mento de pessoas. 4. O trabalho de convencimento da or- ganização para o orçamento de pes- soal. Unidade 7 • Dimensionamento e orçamento estratégico de pessoal184/239 Introdução O orçamento empresarial é uma importan- te ferramenta de gestão organizacional. De acordo com Mucci, Frezatti e Dieng (2016), essa ferramenta é utilizada para propósitos variados, e é percebida de formas diferentes pelos executivos dentro de uma mesma or- ganização. Ainda de acordo com os autores, o orçamento pode, em medidas distintas, ser utilizado especificamente para realiza- ção de planejamento e também para fun- ções de diálogo, nas esferas e no processo de tomada de decisão. Mucci, Frezatti e Dieng (2016) afirmam que há indícios de que a peça orçamentária pos- sa ser vista pelos gestores não apenas como ferramenta estatística e de planejamento, mas fundamentalmente como uma ferra- menta de gestão, podendo ser explorada de forma mais intensa no ambiente da corpo- ração. 1. Conceitos básicos de orça- mento de pessoal Como deve ser do conhecimento de todos, o orçamento é um exercício que as empresas fazem, visando prever receitas e despesas para um determinado período. Esse exercí- cio pode possuir graus deprecisão variados, a depender de fatores que impactam dire- tamente a ferramenta; os principais são: • O cuidado com a preparação dos da- dos. • Fontes de informação confiáveis, que sirvam de base. Unidade 7 • Dimensionamento e orçamento estratégico de pessoal185/239 • Dedicação dos gestores na prepara- ção dos dados. • Premissas bem definidas. • Ferramenta eletrônica que auxilie na organização dos dados. Na verdade, a intenção do orçamento é re- alizar a demonstração da origem e da apli- cação dos recursos. Para as empresas, essa demonstração é sempre feita de forma fi- nanceira e/ou contábil. Vale lembrar que a peça orçamentária, resultado de uma ação administrativa, deverá servir como ferra- menta de gestão da organização. O orçamento corporativo nem sempre é uma ferramenta simples de interpretar. Pos- sui diversas particularidades relacionadas a questões financeiras e contábeis, que para muitos profissionais podem parecer estra- nhas. Para entendermos de forma simplifi- cada, veja um exemplo de composição bási- ca de uma peça orçamentária: Link Quer conhecer a visão de um engenheiro a res- peito do processo de orçamentação eletrônica? Acesse: <https://www.linkedin.com/pulse/ planejamento-e-or%C3%A7amento-ferra- mentas-de-gest%C3%A3o-com-dos-jo%- C3%A3o-carlos>. Acesso em: 24 jun. 2017. Unidade 7 • Dimensionamento e orçamento estratégico de pessoal186/239 a) Premissas básicas As premissas orçamentárias básicas são os elementos do cenário macroeconômico e microeconômico que podem impactar as projeções que serão feitas no orçamento da organização. Aspectos como condições da economia, comportamento da inflação e mesmo comportamento econômico da em- presa nos últimos exercícios são fatores que devem ser considerados. b) Projeção do faturamento A projeção do faturamento nada mais é do que a expectativa de tudo o que será rea- lizado financeiramente através das vendas de bens, produtos ou serviços. c) Projeção das despesas específicas sobre faturamento A projeção das despesas específicas sobre o faturamento está relacionada às despesas sobre as vendas, como impostos, despesas com logística, comissões, verbas de marke- ting, despesas com campanhas etc.Link Quer entender melhor a respeito de premissas orçamentárias? Então acesse: <http://www. cavalcanteassociados.com.br/utd/UpToDa- te105.pdf>. Acesso em: 24 jun. 2017. Unidade 7 • Dimensionamento e orçamento estratégico de pessoal187/239 d) Projeção dos custos de produção A projeção dos custos de produção diz res- peito a todas as despesas que a empresa precisará realizar para produzir o bem ou serviço que deverá entregar aos seus clien- tes. Para saber mais De acordo com a Revista Eletrônica Exame.com. (<http://exame.abril.com.br/marketing/ os-30-maiores-anunciantes-do-brasil- -em-2014/>) os investimentos publicitários no Brasil cresceram 8% em 2014 comparativamente ao ano anterior. Somados, os 30 maiores anun- ciantes do ano desembolsaram mais de R$ 40 bi- lhões em publicidade. e) Projeção para as despesas com pessoal Para os profissionais de RH, esse é o pon- to mais importante do orçamento. O orça- mento de pessoal é de responsabilidade dos gestores de Recursos Humanos e diz respei- to a todas as despesas que a empresa fará com a sua força de trabalho. Estão nesse rol as despesas com salários, encargos sociais e benefícios (folha de pagamento), despe- sas com recrutamento e seleção, com trei- namento e capacitação, com comunicação interna, além de todos os outros projetos. Unidade 7 • Dimensionamento e orçamento estratégico de pessoal188/239 f) Projeção para despesas operacionais As despesas operacionais dizem respeito à projeção de todos os gastos que a empre- sa terá que realizar para poder operar. São despesas recorrentes, como aluguel, água, luz, telefone, condomínio, papelaria, infor- mática etc. Para saber mais Encargos sociais: é o nome que se dá aos impos- tos pagos sobre a atividade remunerada. Para as empresas, isso pode variar bastante, mas o volu- me de impostos nunca é inferior a 33% sobre a fo- lha de salários. g) Projeção para investimento O investimento é uma conta que deve ser tratada de forma apartada, pois não é con- siderado despesa. Diz respeito ao volume financeiro que será utilizado para ações de crescimento da organização, ações de ino- vação e de rentabilização. 2. Dimensionamento do orça- mento de pessoas Para Nunes e Selito (2016), a gestão é um processo em que a capacidade e competên- cia dos indivíduos suporta as decisões utili- zando informações do ambiente, sejam elas qualitativas ou quantitativas, para resolver problemas. Nesse sentido, o orçamento se enquadra como uma ferramenta de gestão, Unidade 7 • Dimensionamento e orçamento estratégico de pessoal189/239 à medida que utiliza informações para las- trear decisões corporativas. Uma das partes mais importantes do orça- mento, para o foco do nosso estudo, é sem dúvidas o orçamento de pessoas. É através dele que o gestor de RH organizará seus es- forços no sentido de conseguir colocar em prática todo o seu planejamento para ges- tão de pessoas da organização. Link Entenda melhor a respeito de lastrear de decisões com base em informações lendo o artigo disponí- vel em: <http://www.upwa.com.br/servicos/ indicadores-desempenho-kpi/>. Acesso em: 24 jun. 2017. O orçamento de pessoas deve estar dimen- sionado para que as operações possam re- alizar o máximo de resultado com a menor despesa possível. Nesse sentido, é primor- dial que o gestor de RH lance mão de toda a sua experiência, competência e conhe- cimento da organização para encontrar as melhores soluções. Vale lembrar que o orça- mento de pessoas não deve estar apartado do orçamento do restante da corporação. Deve, juntamente com o orçamento das de- mais áreas, compor uma peça que oriente as ações da alta gestão e, por consequência, seja uma base sólida para a estratégia. O orçamento de pessoas e seu referido di- mensionamento deve considerar alguns aspectos importantes, notadamente o de manutenção do quadro de pessoal e o de Unidade 7 • Dimensionamento e orçamento estratégico de pessoal190/239 despesas operacionais de RH. O que precisa estar claro para o correto dimensionamento são questões que envolvam a visão estra- tégica, pelo menos a médio prazo. Tratar o orçamento como uma peça apenas de cur- to prazo pode fazer com que a empresa crie somente um ferramental tático-operacio- nal dos seus negócios. Um orçamento estratégico deve prever um lapso maior de tempo, em que previsões de crescimento, inovação, movimentos de fu- sões e/ou aquisições estejam ao menos pre- vistos. Nesse sentido, observar o comporta- mento e o humor do mercado no qual a em- presa está inserida, principalmente através da imprensa especializada e de agentes fi- nanceiros confiáveis, é uma alternativa que deve ser levada em consideração. Da mesma forma que o orçamento corpo- rativo completo, também o orçamento de pessoas deve estar vinculado ao plano es- tratégico da empresa. É importante que o gestor de RH conheça o que deve ser a re- alidade de negócios no curto, mas também no médio e no longo prazos, considerando para isso, inclusive, eventuais tendências. 3. Linhas envolvidas no orça- mento de pessoas O orçamento de pessoas está longe de ser um exercício trivial. São muitas particulari- dades que o envolvem e, portanto, é impor- tante que o gestor de RH possua conheci- mento generalista e profundo a fim de que possa liderar esse trabalho. Unidade 7 • Dimensionamento e orçamento estratégico de pessoal191/239 Nunca é demais lembrar que faz parte do orçamento de pessoasa folha de salários, uma despesa recorrente que, a depender do tipo de empresa, pode significar mais de 50% das despesas correntes. Essa represen- tatividade financeira, por si só, já é motivo mais que suficiente para que o gestor de RH empregue tempo e atenção na preparação da peça orçamentária. De toda forma, há outras linhas tão impor- tantes para a estratégia de RH e da corpora- ção, pois envolvem projetos a serem desen- volvidos com pessoas. Para a nossa aborda- gem também serão aqui contempladas. Fa- remos um apanhado, apenas resumido para que o aluno esteja alerta caso venha a se deparar com essa realidade na sua carreira profissional. Vejamos: a) Dimensionamento para o quadro de colaboradores em números absolutos de headcount. b) Dimensionamento do orçamento de salários fixos. c) Dimensionamento do orçamento de salários variáveis. d) Dimensionamento do orçamento de encargos sociais incidentes sobre sa- lários. e) Dimensionamento do orçamento dos benefícios. f) Dimensionamento do orçamento para projetos relacionados à recrutamento e seleção de pessoas. Unidade 7 • Dimensionamento e orçamento estratégico de pessoal192/239 g) Dimensionamento do orçamento para projetos de capacitação e treinamento. h) Dimensionamento do orçamento para projetos de comunicação corporativa. i) Dimensionamento do orçamento para projetos de desenvolvimento organizacional. Vale lembrar que o papel do gestor de RH deve ser o de ligar o trabalho de orçamento de pessoas ao planejamento estratégico. Não se pode falar em orçamento adequado se este não respeitar as premissas daquilo que estiver planejado para que a estratégia se realize. Vejamos a Figura 1, adaptada de Bohlander et al. (2003): Figura 1 | Orçamento como base da estratégia de pessoas Fonte: adaptada de Bohlander et al. (2003, p. 62). Unidade 7 • Dimensionamento e orçamento estratégico de pessoal193/239 4. O trabalho de convencimento da organização para o orçamen- to de pessoal Temos vivido ultimamente uma tendência de estabelecer sempre um viés financeiro para a maioria das ações e dos processos operacionais corporativos. Em geral as áre- as de planejamento financeiro, trabalham nos processos de orçamentação sem, no entanto, se valerem da expertise das outras áreas da organização, quer seja no levanta- mento dos dados, quer seja nas tomadas de decisão. Isso não é diferente com a área de RH. Não raras vezes as propostas de desenvolvimen- to de pessoas esbarram em questões finan- ceiras dentro das organizações. Com o intui- to de ajudar a empresa a conseguir e manter liderança de custos, os projetos somente são olhados pelo viés financeiro. Como en- tão conseguir emplacar projetos específi- cos em RH se, via de regra, eles representam algum dispêndio financeiro? Pode parecer quase impossível, mas não é! Tudo depende daquelas características que já foram estu- dadas nos blocos anteriores, e que têm que fazer parte do perfil do gestor de RH, quais sejam: • Domínio do negócio. • Domínio de RH. • Prontidão para mudança. Nesse sentido, ao conhecer profundamente o negócio, seus pontos fortes e suas fraque- zas, o gestor de RH conseguirá estabelecer Unidade 7 • Dimensionamento e orçamento estratégico de pessoal194/239 um paralelo de como os projetos que ora propõe na peça orçamentária podem aju- dar a melhorar os pontos fracos e oferecer alternativas para a melhoria consistente de resultados. Quando domina o RH, o gestor estabelece um discurso técnico em que sua especia- lidade pode até ser questionada, mas os seus argumentos sempre serão mais fortes quando o assunto for pessoal. Deverá ter em mente o quanto poderá trazer de retorno sobre o que for investido nos seus projetos. No quesito prontidão para mudanças, o gestor de RH precisa estabelecer um forma- to de pensar diferente daquilo que a empre- sa tem como tradição. Nada resiste ao tra- balho! Se trabalhar de forma adequada, os processos de mudança com certeza serão consistentes e conduzirão a empresa a um maior sucesso. Conforme defendem Nunes e Selitto (2016), controle gerencial é o mecanismo pelo qual gera-se influência de uns gestores sobre outros. Nesse sentido, ao pensar em Recur- sos Humanos, é importante vislumbrar o seu gestor exercendo influência sobre os de- mais, no sentido de estabelecer, através da obediência à estratégia, o aperfeiçoamen- to corporativo. Quando se posiciona dessa maneira ao realizar a sua proposta orça- mentária e construir sua peça, com a maior riqueza de detalhes possível, com todas as memórias de cálculo necessárias, o gestor de RH constrói uma ponte de confiabilidade de si para com os seus pares e para com a organização. Unidade 7 • Dimensionamento e orçamento estratégico de pessoal195/239 Essa confiabilidade asfalta um caminho no qual o RH passa a ser olhado não apenas como área de apoio, que efetivamente é, mas também como influenciador das de- cisões estratégicas de negócio. Ser gestor de RH e alcançar a condição de influenciador estratégico não só contribui para o sucesso profissional pessoal do ocu- Para saber mais Memórias de cálculo: Ferramenta largamente uti- lizada em engenharia, trata-se de uma narrativa detalhada de todos os materiais e suas respecti- vas especificações, quantidades e preços. Para o orçamento corporativo, utiliza-se a analogia ao se especificar uma verba na peça orçamentária. pante da cadeira. Eleva as pessoas a uma condição diferenciada, em que o capital hu- mano, por contribuir com a estratégia tão significativamente, passa a fazer parte dela. Unidade 7 • Dimensionamento e orçamento estratégico de pessoal196/239 Glossário Headcount: Termo corporativo em inglês, refere-se ao número de pessoas que trabalham em determinada empresa. Pode ser traduzido também como quadro de pessoal. Peça Orçamentária: Nome que se dá ao conjunto de informações de natureza econômico-fi- nanceiras, contábeis e operacionais de uma determinada empresa, que estão dispostos em um documento detalhado, geralmente eletrônico. É o orçamento em si, que deverá servir de bússo- la para um determinado período na operação da organização. Projeção: “Cálculo ou estimativa de uma situação futura, supondo-se a continuidade dos pro- cessos ou mudanças em curso” (FERREIRA, 2004, p. 580). No nosso caso específico, as estimati- vas da situação futura das operações de negócio das organizações. Questão reflexão ? para 197/239 Considerando que você é um gestor de RH, reflita: Quais projetos você elencaria no seu orçamento e como faria para convencer a empresa da sua importância? 198/239 Considerações Finais (1/4) Neste bloco, você estudou: • Que o orçamento é uma peça fundamental para a gestão das organizações. • Que se trata de uma ferramenta de controle importante. • Que o orçamento é um exercício que serve para prever receitas e despesas em um determinado período. • Que deve haver cuidado com a preparação dos dados, através de fontes de informação confiáveis. • Que deve haver dedicação dos gestores na preparação dos dados e que as premissas têm que ser bem definidas. • Que é importante haver uma ferramenta eletrônica que auxilie na organiza- ção dos dados. • Que o orçamento é responsável por dizer e demonstrar a origem e aplicação dos recursos. 199/239 • Que o orçamento deve possuir: a) Premissas básicas. b) Projeção do faturamento. c) Projeção das despesas específicas sobre faturamento. d) Projeção dos custos de produção. e) Projeção para as despesas com pessoal. f) Projeção para despesas operacionais. g) Projeção para investimento. • Que o orçamento de pessoas deve estar dimensionado para as operações com menor custo e melhor resultado. • Quedentro do orçamento de pessoas devem estar previstos os seguintes dimensionamentos: Considerações Finais (2/4) 200/239 • Dimensionamento do orçamento de salários fixos. • Dimensionamento do orçamento de salários variáveis. • Dimensionamento do orçamento de encargos sociais incidentes sobre salários. • Dimensionamento do orçamento dos benefícios. • Dimensionamento do orçamento para projetos relacionados à recruta- mento e seleção de pessoas. • Dimensionamento do orçamento para projetos de capacitação e treina- mento. • Dimensionamento do orçamento para projetos de comunicação corpo- rativa. • Dimensionamento do orçamento para projetos de desenvolvimento or- ganizacional. Considerações Finais (3/4) 201/239 • Que o perfil do gestor de RH, notadamente domínio do negócio, domínio de sua área de especialidade (RH) e prontidão para mudança, são importantes para que a organização se convença dos projetos elencados na peça orça- mentária. Considerações Finais (4/4) Unidade 7 • Dimensionamento e orçamento estratégico de pessoal202/239 Referências BOHLANDER, George W.; SNELL, S.; SHERMAN. A. Administração de recursos humanos. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. EXAME.COM. Disponível em <http://exame.abril.com.br/marketing/os-30-maiores-anunciantes- -do-brasil-em-2014/)> MUCCI, Daniel M.; FREZATTI, Fabio; MAMADOU, Dieng. As múltiplas funções do orçamento empre- sarial. Revista de Administração Contemporânea, Curitiba, v. 20. maio/jun., 2016. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415=65552016000300283-&lang- pt>. Acesso em: 11 set. 2016. NUNES, Adão A. B.; SELLITO, Miguel A. A controladoria como suporte à estratégia da empre- sa: estudo multicaso em empresas de transporte. RAM, Rev. Adm. Mackenzie, São Paulo, v. 17, n. 1, jan./fev., 2016. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi- d=S1678-69712016000100135&lang=pt>. Acesso em: 11 set. 2016. 203/239 Assista a suas aulas Aula 7 - Tema: Dimensionamento e Orçamento Estratégico de Pessoal. Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/02811984b7c79b379d456ba3fa726222>. Aula 7 - Tema: Dimensionamento e Orçamento Estratégico de Pessoal. Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ a7558d9a97694ed16d57217e35190fea>. 204/239 1. O orçamento empresarial é uma importante ferramenta de: Questão 1 a) Planejamento e controle da produção. b) Gestão organizacional. c) Redução de custos. d) Aumento das receitas operacionais. e) Medida de produtividade. 205/239 2. O orçamento é um exercício que as empresas fazem visando prever re- ceitas e despesas para um determinado período. Dos fatores que impac- tam diretamente essa ferramenta, os principais são: Questão 2 a) Controle de entrada de dados; cálculo da receita sempre maior que a despesa. b) O cuidado com a preparação dos dados; fontes de informação confiáveis; dedicação dos gestores na preparação dos dados. c) Premissas bem definidas; ferramenta eletrônica que auxilie na organização dos dados. d) Nenhuma das alternativas está correta. e) As alternativas “b” e “c” estão corretas. 206/239 3. O orçamento corporativo possui diversas particularidades relacionadas a questões financeiras e contábeis que são parte da sua composição bási- ca. As principais são: Questão 3 a) Premissas básicas; projeções de faturamento e das despesas específicas sobre faturamento. b) Projeções de custos de produção, de despesas com pessoal, de despesas operacionais e de investimento. c) Projeções para devedores duvidosos e projeção para despesas com aluguéis. d) As alternativas “a” e “b” estão corretas. e) Projeção para despesas com logística e armazenamento. 207/239 4. De acordo com o texto, o orçamento corporativo baseia a estratégia organizacional, assim como o orçamento de RH baseia os projetos de RH. Quais são os três pilares para definição da estratégia de RH baseada em orçamento? Questão 4 a) Contexto econômico, definição de metas de inflação, implantação de políticas e práticas em RH. b) Contexto político, definição de metas de absenteísmo, implantação de políticas de saúde ocupacional. c) Contexto corporativo baseado em pessoas, definição de estratégias e planos de ação em RH, implantação de políticas e práticas em RH. d) Definição de metas econômicas, implantação de projetos sociais e colaborativos, respeito ao orçamento plurianual. e) Definição de prazos para auditoria, definição de metas contábeis, implantação de políticas de fluxo de caixa positivo. 208/239 5. Temos vivido uma tendência nas empresas, ao elaborarmos orçamen- tos, em que as áreas de planejamento financeiro trabalham nos processos de orçamentação, sem, no entanto, se valerem da expertise das outras áreas na organização dos dados e nas tomadas de decisão. Que nome se dá a essa tendência? Questão 5 a) Tomada de decisão compartilhada. b) Tomada de decisão baseada em viés financeiro. c) Leitura de modelos culturais das organizações. d) Modelo contábil de decisão orçamentária. e) Tomada de decisão baseada em gestão por competências. 209/239 Gabarito 1. Resposta: B. O orçamento empresarial é uma ferramenta de cunho financeiro e contábel, que busca estabelecer controles para melhorar a ges- tão organizacional. 2. Resposta: E. O orçamento é um exercício preditivo e uma ferramenta de controle, que as empresas constroem a fim de prever receitas e despe- sas para um determinado período. Diversos fatores impactam diretamente a ferramen- ta, sendo que os principais são: o cuidado com a preparação dos dados, a utilização de fontes de informação confiáveis, a dedica- ção dos gestores na preparação dos dados, a construção de premissas bem definidas e uma ferramenta eletrônica que auxilie na organização dos dados. 3. Resposta: D. Por ser uma ferramenta de controle e gestão corporativos, o orçamento possui diversas particularidades relacionadas a questões financeiras e contábeis que são parte da sua composição básica. As prin- cipais particularidades relacionadas a essa característica são: a existência de um con- junto de premissas básicas, projeções de faturamento, de despesas sobre fatura- mento, de custos de produção, de despe- sas com pessoal, de despesas operacionais e de investimento. 210/239 Gabarito 4. Resposta: C. O orçamento corporativo baseia a estraté- gia organizacional, assim como o orçamen- to de RH baseia os projetos de RH. Nesse sentido, os três pilares para definição da es- tratégia de RH baseada em orçamento são o contexto corporativo baseado em pesso- as, a definição de estratégias e planos de ação em RH e a implantação de políticas e práticas em RH. 5. Resposta: B. Temos vivido uma tendência nas empresas em que as áreas de planejamento financeiro trabalham nos processos de orçamentação, sem se valerem da expertise das outras áre- as, na organização dos dados e nas toma- das de decisão. A essa tendência conven- cionou-se chamar de tomada de decisão baseada em viés financeiro. 211/239 Unidade 8 Métodos de avaliação do desempenho na gestão de pessoas Objetivos 1. Conceitos básicos de avaliação do de- sempenho. 2. Objetivos da avaliação de desempe- nho. 3. Definição de padrões estratégicos e cuidados ao avaliar. 4. Formas de avaliação no contexto or- ganizacional. Unidade 8 • Métodos de avaliação do desempenho na gestão de pessoas212/239 Introdução A realidade das organizações quanto ao sucesso das suas operações está, como já dissemos algumas vezes, vinculada direta- mente ao desempenhodas pessoas. São as pessoas que realizam as operações, que de- senvolvem os movimentos táticos da cor- poração, e mesmo que desenham e imple- mentam a estratégia da organização. De acordo com Lotta (2002), a área de Re- cursos Humanos deixou de ser apenas uma área de controle, registro e pagadoria, para cuidar, com um viés bem mais estratégico, de políticas, planejamento, treinamento, motivação e desenvolvimento de pessoas. Nesse sentido, entender aspectos motiva- cionais que podem influenciar direta ou indi- retamente a performance das pessoas deve ser um ponto de estudo neste nosso bloco. 1. Conceitos básicos de avalia- ção do desempenho A avaliação do desempenho não é uma no- vidade nos processos de gestão. Segundo Bohlander et al. (2003), o governo federal norte-americano começou a avaliar fun- cionários públicos em 1842. As empresas privadas vem fazendo isso de forma consis- tente há pelo menos 50 anos. A avaliação do desempenho tem mudado no decorrer do tempo. As profundas alterações ocorridas na economia e nos ambientes de negócio fizeram com que fatores que antes eram valorizados, como pontualidade, por exemplo, o deixassem de ser na maioria das corporações e, portanto, deixaram de fazer parte dos quadros de avaliação. Unidade 8 • Métodos de avaliação do desempenho na gestão de pessoas213/239 De acordo com Bohlander et al. (2003), grandes empresas de significativos seg- mentos da economia alteraram seus siste- mas de avaliação de desempenho. Passa- ram a reconhecer qualidade em vez de so- mente quantidade, passaram a adotar que- sitos como trabalho em equipe e melhoria de processos, o que desvincula a avaliação do cunho estritamente individual. Para que possamos conceituar a avaliação de de- sempenho, é importante que saibamos que existe um querer implícito da empresa de que o colaborador realize o seu trabalho de uma determinada forma, obtendo um de- terminado resultado. Quanto mais as inova- ções tecnológicas, notadamente no campo da informática, avançam, mais se alteram os padrões desejados pelas empresas como modelo de performance. Num certo senti- do, os sistemas de avaliação foram sendo alterados de acordo com essas mudanças ocorridas nos padrões desejados. As ferramentas para medir o desempenho são as mais diversas e não há nenhuma re- gra que as empresas adotem para realizar as avaliações. De qualquer modo, elas pro- curam mensurar a eficácia do trabalho das pessoas, frente aos objetivos corporativos estratégicos. Vale lembrar que o conceito de eficácia está sempre vinculado a resultado. Dessa forma, avaliar a eficácia do trabalho, ou seja, o desempenho, significa estabele- cer em que medida o colaborador conse- guiu atingir determinados resultados que eram esperados. Unidade 8 • Métodos de avaliação do desempenho na gestão de pessoas214/239 2. Objetivos da avaliação de de- sempenho Como já dissemos anteriormente, o princi- pal objetivo da avaliação de desempenho é comparar o que é esperado pela organi- zação com o que é efetivamente realizado pelo colaborador, ou seja, analisar se este está fazendo um bom trabalho ou não. No entanto, segundo Bohlander et al. (2003), a ferramenta é bastante versátil e pode ser utilizada para variados propósitos que be- neficiam colaboradores e organizações: • Possibilita aos colaboradores discuti- rem com o seu gestor, de forma regu- lar, a comparação entre o seu desem- penho efetivo e os padrões de desem- penho esperados pela organização. • Possibilita aos gestores que se edu- quem a identificar, para posterior- mente poder discutir com os colabo- radores, pontos fortes e fracos rela- cionados à performance. • Possibilita que, ao identificar um pon- to fraco, o gestor estabeleça imedia- tamente um plano de desenvolvi- mento individual para que o proble- ma seja sanado. Link Quer conhecer com mais profundidade as carac- terísticas e utilidades de um plano de desenvolvi- mento individual? Então, acesse: <https://www. napratica.org.br/pdi-plano-de-desenvolvi- mento-individual/>. Acesso em: 24 jun. 2017. Unidade 8 • Métodos de avaliação do desempenho na gestão de pessoas215/239 • Fornecer fatos e dados que possam justificar reajustes salariais, notada- mente aqueles motivados por meri- tocracia. Como se pôde observar, são diversas as pos- sibilidades que a avaliação de desempenho pode oferecer em termos de gestão. Talvez a principal delas seja, que os gestores não acreditem que correções de rota acontecem por osmose. Link Quer conhecer melhor o significado e as aplica- ções do termo meritocracia? Então, acesse: <ht- tps://www.significados.com.br/meritocra- cia/>. Acesso em: 24 jun. 2017. Há que se identificar quesitos específicos para avaliação, bem como períodos espe- cíficos nos quais se comuniquem as avalia- ções feitas. Sobre esse aspecto, vale ressal- tar que um dos objetivos das ferramentas é que a avaliação seja feita de forma continu- ada, ainda que a comunicação ou reunião de alinhamento seja feita apenas de forma periódica. Vejamos o que Bohlander et al. (2003) men- cionam como as principais falhas nos pro- cessos de avaliação de desempenho: • Os gestores não têm informações se- guras a respeito do desempenho e da forma de trabalhar de sua equipe. • Não há clareza sobre o padrão de de- sempenho, ou seja, o colaborador não sabe ao certo o que se espera dele. Unidade 8 • Métodos de avaliação do desempenho na gestão de pessoas216/239 • Os gestores não são preparados para as reuniões de alinhamento e, portan- to, tem dificuldade em conversar com os colaboradores sobre o desempenho. • O gestor não é honesto ou não tem habilidade suficiente para conduzir o processo. • Os processos de feedback não são contínuos e nem tampouco estrutu- rados. Link Gostaria de aprofundar-se no tema feedback? Então, acesse: <http://exame.abril.com.br/ carreira/as-8-regras-de-ouro-do-feedba- ck/>. Acesso em: 24 jun. 2017. • Não há nenhuma ferramenta corpo- rativa que permita recompensar o de- sempenho diferenciado. Outro ponto importante, em que pese que haja nas organizações ferramentas espe- cíficas para a avaliação de desempenho, é conhecer o grau de engajamento ou mes- mo de motivação dos colaboradores, com o trabalho e com a organização. Notadamente as pesquisas de clima e de engajamento são bastante eficazes em analisar quesitos de motivação numa cor- poração moderna. No entanto, se a empre- sa ainda não realiza esse tipo de pesquisa, começar por implementar uma ferramenta de avaliação de performance talvez seja um excelente passo, pois dará à organização diversas informações sobre gestão, clima e engajamento. Unidade 8 • Métodos de avaliação do desempenho na gestão de pessoas217/239 Como sabemos, toda organização é um sis- tema social e, portanto, o ser humano é parte importantíssima para a realização dos obje- tivos organizacionais. Da sua performance, ou seja, da performance individual, depende a performance da organização. Nesse senti- Para saber mais Clima organizacional: os estudos sobre clima or- ganizacional surgiram na primeira metade do século XX através dos preciosos estudos de pes- quisadores como Elton Mayo, Kurt Lewin, Chris Argyris, Frederick Herzberg, entre outros. Incor- porou-se à realidade das organizações no forma- to de inventário no final da década de 1970 nas empresas norte-americanas e, no Brasil, apenas na década de 1990. do, somente por meio do crescimento e da realização individual é que a organização poderá atingir a sua realização. É preciso observar o comportamento individual para poder entender o comportamento organi- zacional. Compreender como esse comportamento funciona, avaliando, numa via demão du- pla, a performance das pessoas e como essa performance pode ser colocada a serviço dos objetivos organizacionais é, possivel- mente, o grande objetivo da avaliação de desempenho. Unidade 8 • Métodos de avaliação do desempenho na gestão de pessoas218/239 3. Definição de padrões estraté- gicos e cuidados ao avaliar O contexto da avaliação está sempre ligado ao momento da empresa. Não há como se falar em avaliação desconectada das ques- tões que envolvem os sucessos e os fracas- sos organizacionais. Os padrões de desempenho esperados sem- pre levarão em consideração o momento econômico da empresa, sua situação frente aos acionistas ou investidores, a macroe- conomia do país em que está instalada, as perspectivas para o futuro, a estratégia cor- porativa. Bohlander et al. (2003) afirmam que os pa- drões de avaliação devem ser definidos com clareza e comunicados de forma consisten- te aos colaboradores. As pessoas precisam conhecer o que se espera delas e para so- mente depois serem cobradas pelo desem- penho. Para os autores, os padrões devem Para saber mais Macroeconomia: a macroeconomia estuda o comportamento dos grandes atores econômicos, como renda, produtos, níveis de preço, emprego e desemprego, estoque de moeda, taxa de juros, balança de pagamentos, taxa de câmbio. É impor- tante para as empresas, pois estabelece um cená- rio do mercado em que a empresa atua e para o qual vai traçar sua estratégia. Unidade 8 • Métodos de avaliação do desempenho na gestão de pessoas219/239 traduzir metas e objetivos organizacionais, bem como basearem-se, em certa medida, nas descrições de cargos. De acordo com Bohlander et al. (2003), existem algumas considerações para que se estabeleça de forma adequada os padrões de desempe- nho: • Relevância estratégica: os padrões de desempenho devem estar vinculados ao que o mapa estratégico está pre- vendo para a organização naquele momento. Dessa forma, traduz-se a estratégia em padrões de desempe- nho que deverão ser perseguidos por todos os colaboradores. Nesse senti- do, o desempenho torna-se um des- dobramento da estratégia. • Deficiência de critério: trata-se de um cuidado que se deve tomar na exten- são do padrão de desempenho espe- rado e suas inter-relações. Quando se estabelece um peso demasiado para um determinado critério, esque- cendo-se totalmente de outro que o complementa, então isso é uma defi- ciência de critério que se deve evitar. • Contaminação de critério: assim como podem estar deficientes, os critérios podem estar contaminados. Quando se estabelece um padrão de desem- penho que foge a responsabilidade e/ ou influência direta do colaborador, diz-se que o critério está contamina- do; condição que também deve ser evitada. Unidade 8 • Métodos de avaliação do desempenho na gestão de pessoas220/239 • Confiabilidade: refere-se à consistência de determinado padrão de desempenho quando avaliado ao longo do tempo, por diferentes avaliadores. Sua clareza e também a certeza de que determinado padrão de desempenho está absolutamente aderente ao que o colabo- rador, dentro das suas funções, pode realizar. A Figura 1 mostra de forma gráfica como estabelecer padrões de desempenho: Figura 1 | Estabelecendo padrões de desempenho Fonte: Bohlander et al. (2003, p. 219). Unidade 8 • Métodos de avaliação do desempenho na gestão de pessoas221/239 Ainda segundo Bohlander et al. (2003), há que se tomar alguns cuidados na implanta- ção e na gestão de um programa de avalia- ção, a fim de que seja eficaz, são eles: • Que os padrões de desempenho re- queridos estejam sempre de acordo com aquilo que o cargo requer, ou seja, que não estejam apartados da descri- ção e das responsabilidades do cargo. • Que a comunicação dos padrões seja efetiva. Todo avaliado deve conhe- cer antecipadamente o que se espera dele. • Que os gestores sejam capacitados para o trabalho de avaliação. Que esse trabalho seja facilitado com padrões o mais mensuráveis possível. • Que ao utilizar uma ferramenta, como um software, ou mesmo um formulá- rio, todos estejam capacitados a utili- zá-la de forma adequada. • Que as avaliações sejam sempre feitas de forma pessoal e que haja orienta- ção para melhoria de desempenho ou diminuição de gaps (lacunas). • Que haja um canal em que o avaliado possa manifestar a sua discordância com a avaliação, caso deseje. 4. Formas de avaliação no con- texto organizacional Há diversas formas de se estabelecer um processo de avaliação de desempenho/per- formance. Não existe uma regra e cada or- Unidade 8 • Métodos de avaliação do desempenho na gestão de pessoas222/239 ganização deve optar pelo modelo que for mais adequado à sua realidade, à sua situ- ação enquanto organização, ao seu modelo de gestão e às suas definições estratégicas. De acordo com Bennis (1972), as organiza- ções podem ser classificadas em dois gran- des modelos de sistemas, sendo que essas características estabelecem modelos espe- cíficos de gestão. Nesse sentido, se obser- varmos a diferenciação dos sistemas de ges- tão, podemos afirmar que as organizações adotam modelos diferenciados de avaliação da performance, conforme o grupo ao qual pertençam. Pode-se afirmar também que dependendo do grupo ao qual pertençam, as organiza- ções adotam ou não modelos e ferramentas de avaliação de performance. Vejamos a di- ferenciação dos sistemas proposta por Ben- nis (1972) na Figura 2: Unidade 8 • Métodos de avaliação do desempenho na gestão de pessoas223/239 Figura 2 - Diferença entre Sistemas Mecânicos e Sistemas Orgânicos Fonte: Bennis (1972, p. 15). Para saber mais O professor Warren G Bennis nasceu em 1925 e faleceu em 2014. Psicólogo, foi conselheiro de quatro presidentes norte-americanos. Considerado um dos gurus da liderança, ficou célebre pela frase: “Os ges- tores fazem as coisas de forma certa. Os líderes fazem as coisas certas.”. A sua definição favorita para lide- rança era “a capacidade de criar uma visão inspiradora e de transformá-la em acepção.” Unidade 8 • Métodos de avaliação do desempenho na gestão de pessoas224/239 Para deixarmos a questão ainda mais clara, vejamos então que tipo de ferramentas de avaliação de performance são mais pro- pensas para os tipos de sistema de gestão propostos por Bennis (1972): Para os sistemas mecânicos: nesse tipo de sistema, com ênfase na autoridade e na aval- iação das questões relacionadas ao desem- penho individual, há maior possibilidade de implantação de modelos de avaliação nos quais o chefe avalia o subordinado, geral- mente numa ferramenta de escolha forçada e com perspectivas quantitativas. Para os sistemas orgânicos: nesse tipo de sistema, com ênfase no compartilhamento de autoridade e na valorização do coletivo em detrimento do individual, há maior pos- sibilidade de implantação de modelos nos quais, além da avaliação chefe-subordina- do, também haja presença da avaliação en- tre pares, e até mesmo da avaliação subor- dinado-chefe, ou ainda um modelo em que o colaborador é avaliado pelo chefe, pelo subordinado, pelos pares e pelos clientes, conhecido como avaliação 360 graus. Como se pôde observar, a avaliação da per- formance deve estar intimamente ligada ao contexto da estratégia. Ela pode ser uma ferramenta poderosa para o alcance dos re- sultados propostos no mapa estratégico e, assim, colocar a organização no rol dos em- preendimentos de sucesso. Unidade 8 • Métodos de avaliação do desempenho na gestão de pessoas225/239 Glossário Osmose: Bastante utilizado no campo da química e da biologia, diz-se dos processos que não requerem energia e, portanto, são denominados processos passivos. No nosso caso específico, processos que eventualmenteaconteceriam de forma automática, sem a participação ativa do gestor, o que de fato não acontece. Pagadoria: Local onde se realizam os pagamentos. Em Recursos Humanos, a área que trabalha especificamente com a folha de pagamento, benefícios e encargos sociais. Performance: O termo performance vem do verbo em inglês to perform, que literalmente signi- fica “realizar”, “executar”. No âmbito das corporações, é utilizada para designar um conjunto de resultados obtidos por uma pessoa, por uma área ou pela corporação. Questão reflexão ? para 226/239 Pensando na sua posição como gestor de Recursos Hu- manos, imagine como seria o programa de avaliação de desempenho da sua empresa. 227/239 Considerações Finais (1/3) Neste bloco, você viu: • Que o sucesso das operações das empresas está vinculado diretamente ao desempenho das pessoas. • Que com a maior valorização da inovação e do conhecimento a área de Re- cursos Humanos passou a ter um viés bem mais estratégico nas organiza- ções. • Que a avaliação do desempenho não é uma novidade nos processos de ges- tão, fazendo parte da realidade das empresas há pelo menos 50 anos. • Que, para conceituarmos avaliação de desempenho, é importante saber que existe uma necessidade da empresa pelo desempenho do colaborador. • Que não há nenhuma regra para que as empresas adotem as ferramentas para avaliação de desempenho. • Que a ferramenta de avaliação de desempenho tem como principais obje- tivos: 228/239 • Possibilitar discussão entre aos colaboradores e gestores. • Possibilitar aos gestores que se eduquem no exercício de gestão de per- formance. • Estabelecer planos de desenvolvimento. • Fornecer fatos e dados para recompensa por meritocracia. • Que a avaliação de desempenho pode ser um primeiro passo para pesquisas de clima e engajamento. • Como sabemos, toda organização é um sistema social e, portanto, o ser hu- mano é parte importantíssima para a realização dos objetivos organizacio- nais. Da sua performance depende a performance da organização. • Que o formato da avaliação está sempre ligado ao momento da empresa. • Que os padrões de avaliação devem ser definidos com clareza e comunica- dos de forma consistente aos colaboradores. Considerações Finais (2/3) 229/239 • Que podem ser estabelecidos, de acordo com Bennis (1972), dois sistemas de gestão, os mecânicos e os orgânicos. • Que é do sistema de gestão adotado pela organização que depende o mo- delo de avaliação de desempenho que irá utilizar. Considerações Finais (3/3) Unidade 8 • Métodos de avaliação do desempenho na gestão de pessoas230/239 Referências BENNIS, Warren G. Desenvolvimento organizacional: sua natureza, origens e perspectivas. São Paulo: Edgard Blücker, 1972. BOHLANDER, George W.; SNELL, S.; SHERMAN. A. Administração de recursos humanos. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. LOTTA, Gabriela S. Avaliação de desempenho na área pública: perspectivas e propostas frente a dois casos práticos. RAE – eletrônica, v. 1, n. 2, jul.-dez., 2002. Disponível em: <http://www.scie- lo.br/pdf/raeel/v1n2/v1n2a12>. Acesso em: 11 nov. 2016. 231/239 Assista a suas aulas Aula 8 - Tema: Métodos de Avaliação do Desem- penho na Gestão de Pessoas. Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ 5428dfe9cd2c9a64f408d6b2b9613351>. Aula 8 - Tema: Métodos de Avaliação do Desem- penho na Gestão de Pessoas. Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ ce213775cec1dfe47880487e1ef4d1b2>. 232/239 1. De acordo com Lotta (2002), a área de Recursos Humanos deixou de ser apenas uma área de controle, registro e pagadoria para: a) Cuidar, de forma tática, das questões financeiras da organização. b) Cuidar, com um viés estratégico, de políticas e planejamento. c) Cuidar, com um viés estratégico, de treinamento, motivação e desenvolvimento de pessoas. d) Cuidar apenas dos processos de pagadoria. e) As alternativas “b” e “c” estão corretas. Questão 1 233/239 2. As ferramentas de avaliação de desempenho são as mais diversas e não há nenhuma regra que as empresas adotem para realizá-las. De um modo geral servem para: Questão 2 a) Medir a eficácia do trabalho das pessoas frente aos objetivos corporativos estratégicos. b) Medir o grau de relacionamento entre as pessoas. c) Conhecer as preferências dos colaboradores em relação ao trabalho. d) Entender como os gestores se relacionam com os colaboradores. e) Medir a produtividade das equipes. 234/239 3. A ferramenta de avaliação de desempenho é bastante versátil e pode ser utilizada para variados propósitos, os principais são: Questão 3 a) Possibilitar que colaboradores e gestores conversem sobre e que gestores se eduquem para identificar questões de desempenho. b) Identificar pontos fracos, pensar planos de desenvolvimento e fornecer fatos e dados que justifiquem recompensas. c) Estabelecer modelos de reconhecimento corporativo. d) Preparar a organização para compor o orçamento corporativo. e) As alternativas “a” e “b” estão corretas. 235/239 4. A avaliação de desempenho pode ser utilizada também para um outro tipo de levantamento. Qual é esse levantamento? Questão 4 a) Questões de relacionamento entre as áreas. b) Questões de incoerência na remuneração. c) Questões de motivação e engajamento. d) Questões relacionamento entre as pessoas. e) Questões de liderança. 236/239 5. De acordo com Bennis (1972), as organizações podem ser classificadas em dois grandes modelos de sistemas, são eles: Questão 5 a) Sistemas longitudinais e latitudinais. b) Sistemas piramidais e planos. c) Sistemas verticais e horizontais. d) Sistemas mecânicos e sistemas orgânicos. e) Sistemas moderados e conservadores. 237/239 Gabarito 1. Resposta: E. De acordo com Lotta (2002), a área de Re- cursos Humanos deixou de ser apenas uma área de controle, registro e pagadoria para cuidar, com um viés bem mais estratégico, de políticas, planejamento, treinamento, motivação e desenvolvimento de pessoas. 2. Resposta: A. As ferramentas para avaliação do desempe- nho são as mais diversas e não há nenhuma regra que as empresas adotem para realizar as avaliações. De qualquer modo, as avalia- ções procuram medir a eficácia do trabalho das pessoas frente aos objetivos corporati- vos estratégicos. 3. Resposta: E. De acordo com Bohlander et al. (2003), a avaliação de desempenho é um instrumento bastante versátil e pode ser utilizada para: • Possibilitar aos colaboradores que discutam com o seu gestor questões de desempenho. • Possibilitar aos gestores que se edu- quem para identificar performance dos colaboradores. • Identificar pontos fracos e propor pla- nos de desenvolvimento. • Fornecer fatos e dados que possam justificar recompensas. 238/239 Gabarito 4. Resposta: C. Conforme tem se provado na prática da gestão de pessoas, os instrumentos de ava- liação de pessoas podem ter partes da sua composição direcionadas para estabele- cer graus de engajamento ou motivação do corpo de colaboradores. Dessa forma, a ferramenta tem sido utilizada também para essa finalidade. 5. Resposta: D. De acordo com Bennis (1972), as organiza- ções podem ser classificadas em dois gran- des modelos de sistemas, sendo que essas características estabelecem modelos espe- cíficos de gestão: são eles os sistemas me- cânicos e sistemas orgânicos.