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PARTE 2 UNIDADE 3 - Marketing ............................................................................. 49 3.1 Fundamentos do Marketing .................................................................. 49 3.2 Os compostos Mercadológicos ............................................................. 52 3.2.1 4 P'S ........................................................................................................... 52 3.2.2 4 A'S ........................................................................................................... 52 3.2.3 4 C'S ........................................................................................................... 53 3.3 Comportamento do Consumidor ......................................................... 54 3.4 Macromarketing e Micromarketing ..................................................... 57 3.5 Marketing de Serviços .............................................................................. 59 3.6 O Diferencial Competitivo ....................................................................... 61 3.6.1 Preço .......................................................................................................... 62 3.7 Estratégias de Preço ................................................................................... 65 3.8 Estratégias de Marketing ......................................................................... 67 3.9 Qualidade em Serviços ............................................................................. 68 3.10 Monitoramento da Satisfação dos Clientes ...................................... 71 Resumo ..................................................................................................................... 71 Atividades ................................................................................................................. 72 UNIDADE 4 - Gerenciamento agroindustrial ......................................... 75 4.1 Definição de Gestão ................................................................................... 75 4.2 Funções da Gestão ..................................................................................... 76 4.3 Níveis de Gestão ......................................................................................... 77 4.4 Aptidões do Gestor ................................................................................... 79 4.5 Gestão de Pessoas ..................................................................................... 79 4.5.1 Treinamento e desenvolvimento ............................................................ 80 4.5.2 Processo de recrutamento e seleção ...................................................... 81 4.5.3 Remuneração por competência e habilidade ..................................... 83 4.5.4 Avaliação 360 graus .................................................................................. 84 4.6 Liderança ....................................................................................................... 85 SUMÁRIO 4.7 Trabalho em Equipe .............................................................................. 91 4.8 Características da Produção Agroindustrial .................................. 94 4.9 Gerenciamento Agroindustrial ......................................................... 96 Resumo ..................................................................................................................... 97 Atividades ................................................................................................................ 98 unidade MaRKeTinG ObjeTiVOS deSTa unidade • Entender e aplicar os con- ceitos de marketing; • Compreender a utilização do marketing nos negó- cios agroindustriais; • Conhecer os tipos de marketing e suas aplicações como estratégia de mercado. 3 3.1 Fundamentos do Marketing Hoje, se fala muito em marketing! Você já deve ter ouvido a expressão: “– Aquela pessoa é boa de marketing!”, ou, “– Foi o marketing que elegeu tal político”. Ao longo dos anos, o conceito de marketing foi se modiicando em função de sua área de abrangência. Na pré- história, confundia-se com vendas. Depois, passou a ser associado à propaganda. E muitos até hoje utilizam as duas palavras como sinônimo! Parece, mas não são! Agora, entende-se marketing como um processo que abrange desde a concepção do produto até as atividades de pós-vendas. Ele inclui, também, as atividades de instituições não lucrativas e até mesmo de indivíduos. É o chamado marketing pessoal e o marketing para o terceiro setor (ou marketing social), embora alguns autores não concordem com isso! Conira como o marketing é conceituado por algumas instituições e autores famosos: “O desempenho das atividades de negócios que dirigem o luxo de bens e serviços do produtor ao consumidor ou usuário.” (AMERICAN MARKETING ASSOCIATION, 1960); 50 TeCnOLOGia de aLiMenTOS “O processo na sociedade pelo qual a estrutura da demanda para bens econômicos e serviços é antecipada ou abrangida e satisfeita através da concepção, promoção, troca e distribuição física de bens e serviços.” (OHIO STATE UNIVERSITY , 1965); “O marketing deve limitar-se às atividades que resultam em transações de mercado.” (LUCK, 1969); “A criação, implementação e controle de programas calculados para inluenciar a aceitabilidade das idéias sociais e envolvendo considerações de planejamento de produto, preço, comunicação, distribuição e pesquisa de marketing.” (KOTLER; zALTMAN, 1969); “É o processo de descoberta e interpretação das necessidades e desejos do consumidor para as especiicações de produto e serviço, para criar a demanda para esses produtos e serviços e continuar a expandir essa demanda.” (HAAS, 1978); “Marketing industrial é o processo de descoberta e interpretação das necessidades, desejos e expectativas do consumidor industrial e das exigências para as especiicações do produto e serviço, continuando através da efetiva promoção, distribuição e assistência pós venda a convencer mais e mais clientes a usarem e continuar usando esses produtos e serviços.” (HAAS, 1978); “É o processo de planejamento e execução desde a concepção, preço, promoção e distribuição de idéias, bens e serviços para criar trocas que satisfação os objetivos de pessoas e organizações.” (KOTLER, 1997). Por im, o mais atual conceito de marketing pela AMERICAN MARKETING ASSOCIATION: “Marketing é uma função organizacional e uma série de processos para a criação, comunicação e entrega de valor para clientes, e para a gerência de relacionamentos com eles, de forma que beneicie a organização e seus stakeholders" (AMA, 2011). Seja uma ideia, uma ação ou uma venda, enim, os objetivos que devem ser alcançados com o marketing, necessariamente estão voltados para um público-alvo: o cliente. MaRKeTinG | unidade 3 51 “Cliente”, em marketing, é um termo utilizado em sentido muito amplo: é a pessoa que você deseja atingir com suas ações. Para elas serem ei cientes, é necessário satisfazer esse cliente. Justamente aí se encontra o segredo do sucesso de qualquer estratégia de marketing. Ou seja, o marketing começa antes mesmo de você conceber um produto ou serviço e vai bem além do fechamento de uma venda. Ele abrange relações econômicas e não econômicas e incorpora as diversas conexões que ocorrem na sociedade, antecipando tendências (DA SILVEIRA, 2006). Figura 1 - Elementos de inl uência no marketing O marketing detecta desa�os e oportunidades ...Pesquisa mercadológica Eu qué eti! Tá caro!!! Comportamento do consumidor Preço Enquanto isto, no escritório... Compras Distribuição Vamos negociar melhor com o fornecedor! Que tal uma promoção com os pontos-de-vendas? Melhor desenvolver um novo produto! Talvez outra embalagem... Gerência de produtos Investir em propaganda vai conquistar este cliente! Comunicação mercadológica Ótima escolha! E além disso, existem mais estes benefícios e blá, blá, blá Agora sim! Vamos levar... E os resultados das mudanças são monitorados... Administração de vendas Todos estes elementos devem ser considerados para se desenvolver um sistema de marketing e�ciente. Mas outros fatores não devem ser esquecidos, tais como o papel do marketing no desenvolvimento social, econômico e na preservação ecológica. São os fatores que conferem uma responsabilidade social ao marketing, uma responsabilidade que também é sua! Fonte: Da Silveira, 2006 52 TeCnOLOGia de aLiMenTOS 3.2 Os Compostos Mercadológicos 3.2.1 4 P’s Esse enfoque foi criado por Jerome McCarthy e difundido por Kotler (1998). Ele enfatiza as ações do marketing no produto, ponto de venda, preço e promoção (ou propaganda), que abrangem vários aspectos. Conira no esquema. Todos esses elementos estão em interação. Por exemplo: ao deinir um tipo de canal de distribuição, também se altera o composto da propaganda. É bem diferente colocar um produto no supermercado ou levá-lo diretamente até o cliente! Da mesma forma, a deinição do preço, se bem caro ou bem barato, afeta a imagem do produto ou serviço no mercado e o público que será conquistado. Lembre-se de que preço não é sinônimo nem de custo, nem de lucro. FIGURA 2 – Os 4 P’s do sistema do marketing ProdutoProduto PreçoPreço PromoçãoPromoçãoPonto-de-vendaPonto-de-venda Qualidade, Pradonização, Diversidade Apresentação Distribuição (direta, distribuidor, atacado, varejo). Transporte, Armazenagem, Acesso Promoção Publicidade Relações Públicas Promoção Venda pessoal Merchandising Assessoria de imprensa Preço, Formas de pagamento. Fonte: Da Silveira, 2006 3.2.2 4 A’s Essa abordagem foi desenvolvida por Raimar Richers (2001). O autor enfatiza não o que deve ser enfocado, mas sim, como. É um instrumento MaRKeTinG | unidade 3 53 metodológico para construir uma estratégia de marketing, abrangendo: análise, adaptação, ativação e avaliação. Como você pode perceber, também aqui os vários pontos estão em interação, permitindo ao processo um aperfeiçoamento contínuo. Pela avaliação é possível ajustar as fases de adaptação e ativação, por exemplo. Coni ra na Figura 3, a seguir: Figura 3 – Os 4 A’s do sistema do marketing nálisenálise Coleta e examina dados sobre o mercado, concorrência, insumos, público e a própria empresa para subsidiar as tomadas de decisão. daptaçãodaptação Ajustar as linhas de bens ou serviços ao meio ambiente, alterando design, embalagem e marca, preço e assistência ao cliente. valiaçãovaliação Controla os resultados do esforço de marketing, inclusive com auditorias. Regula a distribuição, a logística, a venda pessoal e o composto de comunição. tivaçãotivação Fonte: Da Silveira, 2006 3.2.3 4 C’s Esse modelo foi desenvolvido por Robert Lauterborn, em 1993. Ele procurou criar um modelo mais adequado à Era da informação, já que os primeiros sistemas foram elaborados tendo como referência uma economia baseada, principalmente, nos procedimentos de fábrica. Mas hoje o produto não é mais o astro principal, e sim, as pessoas. Dessa forma, os 4 C’s giram em torno do cliente (ou consumidor). O que importa não é o preço, mas o custo. Não é o ponto de venda, mas a conveniência. Não é a promoção ou propaganda, mas a comunicação. Coni ra na Figura 4. 54 TeCnOLOGia de aLiMenTOS Figura 4 - Os 4 C’s do sistema do marketing Existem vários tipos de clientes (ou consumidores). São grupos, com hábitos e interesses diversos. As empresas precisam focar no cliente; entender o que é importante para ele e produzir aquilo que deseja e que está disposto a pagar. Os canais de distribuição tradicionais já não são um diferencial competitivo. É importante inverter o sistema: o cliente não vai mais até o produto - o produto vai até o cliente, facilitando a sua vida. O conceito de preço é substituído pelo de custo para o cliente. Como um determinado público-alvo lida com o dinheiro? qual o signi�cado de custo para ele? Com isto, é posível fugir da predatória “guerra de preços”. Comunicação é mais do que propaganda e promoção, geralmente unilaterais. É saber ouvir, usando canais interativos, tais como serviços de atendimento ao cliente, telefones 0800, pesquisa de satisfação, etc. Fonte: Da Silveira, 2006 3.3 Comportamento do Consumidor De nada adianta ter um bom produto, serviço ou ideia se você não conhecer como o seu público age, o que o leva a tomar essa ou aquela decisão, comprar esse ou aquele produto ou serviço, elogiar ou criticar. Parece bem fácil, ai nal, são conceitos que todos utilizam – bom preço, qualidade, rapidez no atendimento etc. Você verá que, por trás dessas palavras, existe muito mais. Mesmo nas chamadas “compras técnicas”, os fatores motivacionais exercem uma forte inl uência no processo decisório. Ao conhecer esses aspectos você poderá utilizá-los a seu favor, impulsionando seu público-alvo a dizer o tão desejado “sim!” Vamos conhecer alguns fatores que inl uenciam no comportamento do consumidor, por etapas: Tensões Qualquer processo de compra envolve um conl ito: adquirir ou não o produto ou serviço? Comprar o produto A ou B? Será que o preço é justo? Será que o benefício é real? Será que satisfaz o desejo? Atualmente, o estresse causado pela necessidade de tomar decisões e fazer escolhas MaRKeTinG | unidade 3 55 tem crescido, pois também é crescente o número de opções e a competitividade existente no mercado global. Segundo Da Silveira (2006) nesse processo decisório, o consumidor se defronta com aspectos lógico-racionais e emocionais. Por exemplo: o preço de um produto acima das possibilidades de aquisição do consumidor pode torná-lo proibitivo para uma determinada camada da população. É um aspecto lógico racional, que delimita um im para aquela tensão (impossibilidade da compra). As análises de custo x benefício também podem ocorrer no patamar da racionalidade, tais como as decisões de poupar para adquirir um bem de custo maior em longo prazo, ou abrir mão de um determinado produto ou serviço em prol de outro. Se todas as decisões fossem racionais, seria fácil estabelecer as relações de venda: bastaria apregoar: “Compre este produto ou serviço por causa disso e daquilo!” Mas você sabe que isso não é verdade... Ou como se poderiam explicar as lindas paisagens, o mundo dos modelos que se inserem no cenário da propaganda de carros, cervejas e muito mais? É que estão em campo os fatores motivacionais. Por isso, o marketing incorpora as Ciências Humanas como Filosoia e Psicologia: o comportamento humano é que rege a forma de reações a determinados impulsos. Conhecendo as motivações, você poderá adotar uma estratégia especíica para seu cliente-alvo, despertando seu desejo para adquirir o seu produto ou serviço. As Motivações Quando você vê um comercial em que um ator famoso recomenda um determinado produto, pode ter certeza, estão sendo utilizados, nesse caso, fatores motivacionais. Ou seja, o anunciante estáagregando ao seu produto credibilidade, fama, esportividade, glamour, enim, elementos associados com aquele ator ou atriz. Mesmo que você não tenha uma necessidade imediata e lógica para utilizar tal produto, será estimulado a fazê-lo, pois existe uma necessidade humana de ser apreciado pelos outros, de sociabilizar-se, de ser aceito. Assim, de forma praticamente subliminar, o produto ou serviço é apresentado como algo que irá preencher tal necessidade e, portanto, você será motivado a adquiri-lo. 56 TeCnOLOGia de aLiMenTOS A Teoria das Ne- cessidades, que foi desenvolvida por Maslow (Fi- gura 5), como ob- servado na Figu- ra 5, demonstra que é importante você saber que tais necessidades nem sempre são percebidas de forma consciente pelo público-alvo. A motivação provém de impulsos conscientes e inconscientes. Ao utilizar tais motivações, você levará seu público-alvo, seu cliente, a desejar aquilo que você oferece, seja um produto, serviço ou mu- dança de comportamento (DA SILVEIRA, 2006). É claro que cada pessoa, ou grupo de pessoas, apre- senta diferentes necessidades e, portanto, diferen- tes motivações a serem explora- das. Além disso, uma necessidade pode ser satisfeita de formas varia- das. O importante é que a estratégia de marketing seja embasada no co- nhecimento dessas necessidades, mo- tivações e desejos (Figura 6). Figura 6 - Visualização do processo de decisão de compra Fonte: Adaptado de Cobra (1997) apud Da Silveira (2006) Figura 5 - Hierarquia das necessidades de Maslow Fonte: http://mood.com.br/piramide-de-maslow Necessidade de Auto-Realização Necessidade de Auto-Estima Necessidades Sociais Necessidade de Segurança Necessidades Fisiológicas MaRKeTinG | unidade 3 57 Coni ra como essa abordagem ocorre na prática. Você vê um determinado produto em uma vitrine, que pode lhe satisfazer alguma necessidade. Imediatamente ocorre uma tensão entre comprar ou não comprar o produto. Essa tensão acionará, imperceptivelmente, sua memória, resgatando situações favoráveis ou desfavoráveis à compra. Situações negativas dii cultam a decisão em favor de compra do produto. Por exemplo: a última vez que você gastou dinheiro com algum produto desse tipo, i cou com o saldo negativo no banco, ocasionando sérios problemas i nanceiros. Se a memória for positiva, contribuirá para que efetive a aquisição. Além disso, você será inl uenciado pelos fatores ambientais, negativa ou positivamente, como a classe social a qual pertence, ou à qual gostaria de pertencer, como se veste, que produtos utiliza etc. A família é outro ponto de influência extremamente forte no processo decisório. É ela que, comumente, forma a percepção de valores do indivíduo quando criança. Outras diferenças, individuais, são determinantes, tais como os recursos disponíveis. Todos os fatores podem conduzir para a efetivação da compra, entretanto, se você não possui poder de compra suficiente para adquirir o produto, ela não será efetuada. Esse esquema, no entanto, não é fechado e imutável. É possível alterar as percepções, influenciar o processo de decisão. 3.4 Macromarketing e Micromarketing As inl uências ambientais afetam tanto os novos clientes quanto os antigos. Segundo Da Silveira (2006) o estrategista de marketing deve estar atento a essas inl uências, pois elas irão interferir nas decisões a serem tomadas sobre produtos, preços, pontos-de-venda e propaganda. Essas inl uências também são conhecidas como macromarketing ou marketing externo. São elementos que o empresário não pode modii car em curto prazo ou individualmente, mas compõem o seu cenário de atuação (Figura 7). 58 TeCnOLOGia de aLiMenTOS Figura 7 - O macromarketing como mudança no comportamento do consumidor Fonte: Da Silveira, 2006 Assim, Cobra (1997) enfatiza que um comprador, seja pessoa física ou jurídica, está sujeito a estímulos que interferem no seu processo de decisão de compra, especialmente aqueles que fazem parte do chamado micromarketing, ou variáveis internas (Figura 8). Esses estímulos podem ser controlados e modiicados pelo empresário, tudo visando conquistar novos clientes ou ampliar o consumo. Destacam-se ações em relação ao produto, preço, promoção ou propaganda e pontos-de-venda. Figura 8 - O micromarketing como mudança no comportamento do consumidor Fonte: Da Silveira, 2006 MaRKeTinG | unidade 3 59 3.5 Marketing de Serviços Os serviços são caracterizados pela intangibilidade: é algo que você não pode tocar, produzir e armazenar. Em marketing, serviços também são considerados produtos, ou seja, algo que você compra e vende, pois produto engloba tudo que é entregue pela empresa, que é transferido, de uma forma ou de outra, para o cliente. Uma cadeira é um produto tangível. Uma consulta médica é um produto intangível. Ela é um serviço: não é um bem. Muitas vezes, os serviços também agregam alguns aspectos de produto. Coni ra as diferenças na Figura 9. Figura 9 - Diferenças entre bem de consumo e serviço BEM SERVIÇO O produto é transferido. É tangível. É material. Pode ser estocado. O benefício é transferido. É intangível. É imaterial (ato, esforço, know-how). Não pode ser estocado. Fonte: Da Silveira, 2006 Uma pizzaria, por exemplo, apresenta características dos dois tipos de marketing. A pizza é a parte tangível e o atendimento, ou seja, todo o processo de ser atendido, desde o momento do estacionamento na chegada até o pagamento e saída do recinto, constitui o serviço. A pizza pode ser estocada. No entanto, uma mesa vazia não poderá ser ocupada duplamente no dia seguinte! Aquela “venda” perdida não poderá ser recuperada. Os serviços podem ser divididos conforme o tipo de cliente a que se destinam. Nesse caso, existem dois grandes segmentos: • serviços de consumo – são prestados diretamente ao consumidor i nal; • serviços empresariais – são prestados para organizações industriais, comerciais ou institucionais, que os utilizarão para desenvolver outros bens ou serviços. 60 TeCnOLOGia de aLiMenTOS Você pode identiicar alguns serviços, como consultoria, crédito, transporte e distribuição, instalação, capacitação, logística e manutenção que se desenvolveram para atender ao segmento empresarial. Segundo Las Casas (2002), os serviços podem ser classiicados em relação à durabilidade e à tangibilidade. Conira nas iguras 10 e 11. Figura 10 – Classiicação quanto à durabilidade Fonte: Las Casas, 2001 apud Da Silveira, 2006 Figura 11 - Classiicação quanto à tangibilidade Fonte: Las Casas, 2001 apud Da Silveira, 2006 MaRKeTinG | unidade 3 61 3.6 O Diferencial Competitivo Vários são os fatores que caracterizam o novo peril do mercado, que está mais exigente, com maior demanda por serviços qualiicados para atender novas necessidades impulsionadas pelo: • desejo de melhor qualidade de vida; • mais tempo para o lazer; • movimento de urbanização; • mudanças demográicas, com aumento da expectativa de vida (crescimento do número de idosos); • mudanças socioeconômicas, com inclusão das mulheres no mercado de trabalho remunerado; • aumento da soisticação dos consumidores; e • mudanças tecnológicas (em especial nos setores de novos materiais e telecomunicações). É claro que, antes de sair oferecendo esse ou aquele benefício, é necessário avaliar se realmente vale a pena investir na implementação de um dado diferencial. O esquema a seguir mostra uma estratégia rápida para você mesmo identificar os pontos que podem agregar valor ao produto, que estão agrupadosem quatro grandes áreas: o produto em si, os serviços, o pessoal e a imagem. Como você poderá perceber, o valor de um determinado produto é a somatória desses elementos, e cada componente assume pesos diferentes conforme o produto ou serviço – e também conforme o cliente! As pessoas dão valores diferentes para cada item. O consumidor compõe o preço que acha adequado, somando o valor percebido e considerando, ainda, o desgaste psicológico (as tensões envolvidas na decisão de compra), a energia e o tempo despendido para a aquisição. Isso não é feito de uma forma racional, na ponta do lápis! Muitas vezes, é um processo inconsciente, que resulta nas expressões: “– Que barato!”, ou “– Que caro!” Mas será que o preço ofertado é justo ou injusto? 62 TeCnOLOGia de aLiMenTOS 3.6.1 Preço Ao falarmos em Preço, Da Silveira (2006) comenta que a adequação do preço, motivando o cliente a considerar o produto barato (ou seja, possui um valor maior do que aquele que é cobrado) é um dos fortes elementos impulsionadores da compra. Um simples cálculo permite veriicar se o produto é barato, caro ou justo. • Valor do produto igual ao preço cobrado - signiica que o preço é justo. • Valor do produto maior que o preço cobrado - signiica que o preço é barato. • Valor do produto menor que o preço cobrado - signiica que o preço é alto. As empresas esforçam-se para enfatizar valores que atraiam o consumidor, para que ele sinta que há vantagem em adquirir o produto ou serviço e considere o preço justo ou barato. Acompanhe o exemplo da escolha de um carro. Ela é realizada levando- se em consideração vários itens, tais como o automóvel em si (o produto tangível: desempenho, economia, design, etc.) e os serviços agregados (extensão da rede para manutenção, pronta-entrega, seguros adicionais etc.). O cliente também irá avaliar o atendimento (informações prestadas pelo vendedor, negociações, hábito e idelidade de compra no local), assim como o que aquela aquisição representa (status e imagem social: um carro esportivo? Um carro adequado para uma família? Um empresário de sucesso? São imagens sedimentadas pela propaganda). A soma dessas quatro áreas resultará no valor que o cliente acha justo empregar na aquisição do carro. E então, vai comprar ou não? Existem muitas decisões de compra que não são tomadas simplesmente pelo preço ou pela proximidade. Você, por exemplo, já deve ter se deslocado alguns quilômetros para comer em uma determinada pizzaria, e não em outra, mais próxima. Também resolveu não solicitar a entrega pelo “disque-pizza”. Por quê? Ora, porque ao saborear essa pizza você também estava “adquirindo” um ambiente especial, climatizado, uma experiência que envolveu a comodidade de ser servido à mesa, em um clima de descontração ou romantismo. A experiência inclui, também, receber a pizza recém-saída do forno e não precisar lavar copos e pratos. MaRKeTinG | unidade 3 63 Inclui cerveja ou chope gelados, opções de outras bebidas, sobremesas. Gente diferente. Você está comprando conveniência em conjunto com o produto tangível, a pizza. Está comprando bem-estar. Isso signiica que foi agregado valor à pizza, valor que é percebido pelo consumidor. A partir dessa percepção, ele, então, se dispõe a pagar uma quantia a mais para desfrutar desses bons momentos. Esse exemplo se estende para vários outros setores. Certamente, você já optou por comprar um produto em uma loja em função do bom atendimento do vendedor, ou, ao contrário, já se prometeu nunca mais retornar a um determinado estabelecimento comercial em função de um mau atendimento. O bom atendimento torna-se, assim, um grande diferencial competitivo. Ele é a estrela maior no setor de serviços. Estes dois pontos – preço e atendimento. Existem várias formas de designar preço: aluguel, subvenção, taxa, índice, juros, vencimentos, prêmio, honorários. Mas todas levam a um só fato: o montante que alguém deve pagar para obter um produto. Qualquer transação pode ser vista como uma troca de algo de valor – em geral, dinheiro (preço) – por uma determinada quantidade de satisfação (ou seja, o produto). A preciicação de serviços está diretamente relacionada com a avaliação da qualidade dos mesmos em função das expectativas criadas e da experiência vivenciada. Assim, o cliente, conforme sua expectativa, determina um valor base, o qual está disposto a pagar por aquele serviço (DA SILVEIRA, 2006). A chave para determinar o preço, portanto, reside em entender o valor que os consumidores atribuem a esse serviço. Esse valor sofre interferências de: • preços dos outros produtos; • demanda (número de pessoas que também desejam aquele produto); • renda; • gostos e preferências dos consumidores. A empresa, analisando tais elementos, veriica a estrutura do seu mercado, o valor da sua marca e sua estrutura de custos para, só então, deinir estratégias de preço. 64 TeCnOLOGia de aLiMenTOS Como os consumidores percebem o produto, orientando, assim, o valor que dão a ele? As perguntas a seguir podem esclarecer alguns pontos-chave para dei nir o preço daquilo que você oferece e o grau de sensibilidade de seu público- alvo em relação à variação de preços. Essa sensibilidade pode ser alta ou baixa. O consumidor percebe um grande diferencial no produto frente aos concorrentes? Se houver essa percepção, o produto terá um valor único, permitindo a prática de preços mais elevados, ou seja, baixa sensibilidade a variações de preços. O consumidor percebe que existem produtos substitutivos? Se houver essa percepção, a prática de preços elevados deve ser evitada. Caso o consumidor não perceba que o produto pode ser substituído por outro, então é possível uma estratégia de preços mais altos. O benefício i nal é claro? Em alguns casos, o consumidor não consegue perceber o benefício claramente, o que dii culta a percepção do valor. A percepção pode ser afetada por mudanças socioculturais. Por exemplo, o seguro de automóveis. Há algum tempo, o benefício oferecido não era nítido. Hoje, no entanto, com o aumento dos roubos de automóveis e o crescente número de acidentes de trânsito, o benefício i nal i cou perceptível, o que permite preços mais elevados. Qual o peso da compra nas despesas totais do consumidor? Quanto maior o peso, mais sensível o cliente é às alterações de preço. Qual o grau de dii culdade/facilidade para comparar o produto com os concorrentes? Se for difícil comparar o produto com outros, a sensibilidade a variações de é baixa. Quanto maior a complexidade de comparação, menor a sensibilidade. Existe algum custo compartilhado no produto? Custos compartilhados são aqueles que se agregam ao bem ou serviço. No exemplo do automóvel, ele apresenta vários custos compartilhados: a gasolina seria um deles. Quanto mais alto o preço da gasolina, maior a venda de carros a álcool ou biocombustível. MaRKeTinG | unidade 3 65 3.7 Estratégias de Preço Uma abordagem interessante é apresentada na Figura 12, que demonstra as várias estratégias de preço em relação à qualidade. Ela deine qual estratégia a empresa poderá adotar em função posicionamento da concorrência e da percepção preço x qualidade. Figura 12 – Preço x Qualidade Desconto Preço alto Premium Falsa economia Preço médio Alto valor Economia Valor médio Valor supremo Alto Médio Baixo Baixa Média Alta Preço acima da qualidade Preço justo Qualidade acima do preço Preço + Qualidade+ Fonte: Kotler, 1993 apud Da Silveira, 2006 As empresas selecionam seu posicionamentopor diferentes motivos. Por exemplo: a estratégia premium (produto mais caro) é utilizada para produtos altamente diferenciados e, assim, o preço é considerado justo, pois seu valor é avaliado como único, exclusivo. “Desnatação do mercado” é um termo utilizado para identiicar uma estratégia de ingresso com os preços extremamente altos. Aos poucos, quando surgem produtos concorrentes, a empresa reduz os seus preços. Normalmente, essa estratégia é adotada por líderes de mercado. A deinição do preço também envolve, além dos fatores que você já viu, os objetivos estabelecidos pela empresa como organização. Dentre os objetivos mais comuns, encontram-se: • sobrevivência no mercado; • maximização de lucros; 66 TeCnOLOGia de aLiMenTOS • maximização de faturamento; • aumento de vendas. É fácil confundir lucro, faturamento e vendas, mas são conceitos diferentes. A empresa pode vender mais, sem necessariamente ter maior lucro. Por exemplo, para vender mais, poderá precisar de mais funcionários, novos equipamentos etc. Esses investimentos reduzirão seus lucros! Conira algumas estratégias utilizadas para alcançar esses objetivos: 1) Sobrevivência: quando as empresas estão sofrendo forte ataque da concorrência, muitas vezes adotam estratégias drásticas para sobreviver. A mais usual é uma redução dos preços para aumentar as vendas. Essa estratégia, no entanto, deve ser cuidadosamente pesada, pois pode comprometer tanto a estrutura de custos da empresa, quanto sua imagem. O consumidor associa preço à qualidade. Preço alto é igual à alta qualidade. Preço baixo pode representar baixa qualidade!; 2) Maximização de lucros: os lucros podem ser maximizados conside- rando-se as estratégias de preço (e não de custos) de duas formas: au- mento de vendas ou aumento de faturamento. As consequências são diferentes, conforme a ação realizada; • Em geral, o aumento de vendas é impulsionado pela estratégia de preços baixos. • Já o aumento de faturamento pode ser impulsionado pela elevação de preços. 3) Maximização de faturamento: embora a maximização de fatura- mento possa levar à lucratividade, nem sempre isso ocorre. Aumentar o faturamento pode ser um objetivo “em si”, sem a preocupação com a lucratividade; 4) Aumento de vendas: o objetivo é conquistar mercado e clientes ou ampliar o consumo dos já existentes, impedindo que a concorrência cresça. Também, nesse caso, nem sempre existe aumento de lucros ou de faturamento. MaRKeTinG | unidade 3 67 3.8 Estratégias de Marketing O cliente vem desempenhando um papel cada vez mais importante no marketing. Hoje, as estratégias mercadológicas buscam uma aproximação com o público para poder conhecê-lo melhor e conhecer também as suas necessidades. Com isso, é possível superar suas expectativas e cativá-lo para manter uma relação de idelidade com a marca. Vejamos, algumas estratégias utilizadas por empresas no atendimento ao cliente. Marketing de Massa • apresenta uma oferta padrão satisfatória para a maioria dos consumidores; • apoia-se nos revendedores para alcançar o mercado;investe em grandes campanhas publicitárias e de promoção para liderar o mercado; utiliza estratégia de preços acessíveis. Marketing focalizado • apresenta diferentes ofertas para atender nichos de mercado (variados grupos com suas próprias preferências e comportamentos); • busca a liderança em um ou mais segmentos especíicos de clientes; • utiliza critérios próprios para selecionar o segmento de atuação, tais como: - tamanho; - crescimento; - ainidade com produção e capacidade da empresa; - potencial de volume e margem de lucro; - perspectiva para apoiar entrada em outros segmentos; - relação do marketing mix da empresa (os 4 Ps) com o segmento. Marketing do cliente • focaliza as atividades para atender e satisfazer às necessidades individuais dos clientes; • armazena informações importantes sobre os clientes, de forma individualizada e fácil de utilizar; • aplica a personalização maciça, com ofertas aos pequenos clientes; • emprega o marketing direto. 68 TeCnOLOGia de aLiMenTOS Marketing eletrônico • utiliza meios eletrônicos para alcançar o cliente e efetivar as vendas (televisão, Internet). • emprega uma logística de distribuição ágil e com poucos intermediários. • reverte a favor da empresa as características das vendas com uso da Internet: - compras 24h por dia; - economia de deslocamento; - transparência, pois há contato entre clientes para obtenção de opiniões; - diálogo acessível com vendedores especializados. • permite benefícios adicionais às empresas e empresários: - baixo investimento para implantação de um novo negócio (não há aluguel de imóvel ou aquisição de ponto e o estoque pode ser mínimo); - acesso ao mercado global; - agilidade para mudar estratégias de promoção, comunicação e preço; - contato direto com os consumidores, suas sugestões, queixas e dúvidas. 3.9 Qualidade em Serviços Qualidade em serviços está ligada à satisfação: à solução de um problema, ao atendimento de uma necessidade ou de qualquer outra expectativa. O cliente satisfeito percebe o serviço como de qualidade, portanto, qualidade é uma relação entre expectativas e resultados. Assim, é fundamental identiicar as expectativas e necessidades dos clientes, pois são elas que determinarão seu grau de satisfação. No entanto, é importante salientar que tais expectativas e necessidades não são constantes: elas modiicam-se em função de mudanças no marketing mix (tanto os aspectos externos, tais como cultura, política, concorrência, tecnologia etc; quando os aspectos do micromarketing – os 4Ps). MaRKeTinG | unidade 3 69 Cabe à empresa: • interagir com as necessidades dos clientes; • detectar diferenças entre o que é oferecido e o que os clientes desejam; • implementar um sistema de operações que atenda e, melhor, supere às expectativas. A igura a seguir mostra como as expectativas dos clientes são inluenciadas (Figura 13). Nela, você percebe que a pessoa, antes de tomar sua decisão, coloca na balança a experiência de outras pessoas (a chamada propaganda boca a boca), sua própria experiência e também a comunicação (publicidade, por exemplo) em relação aos diversos produtos ofertados. Esses elementos passam pelo iltro de suas necessidades e expectativas – e a decisão, então, é tomada. Figura 13 - Dinâmica das expectativas Produto A Produto B Decisão Necessidades Pessoais Expectativas do Cliente Comunicações externas Comunicações externas Experiência anterior Experiência anterior Comunicação boca a boca Comunicação boca a boca Serviços prestados para o próprio sujeito. Serviços prestados para o próprio sujeito. Serviços prestados para outros clientes. Serviços prestados para outros clientes. Propaganda. Eventos. Assessoria de imprensa Preço Propaganda. Eventos. Assessoria de imprensa Preço Fonte: Gianese e Corrêa, 1994, apud Da Silveira, 2006 Assim, propiciar uma boa experiência, atender e superar as necessidades e expectativas do grupo de inluência do cliente e investir em propaganda fornecem um sólido tripé para impulsionar o fechamento dos negócios. 70 TeCnOLOGia de aLiMenTOS A percepção da qualidade envolve todo o processo, todo o ciclo da experiência que deine um serviço – e isso inclui, por exemplo, o trajeto a ser percorrido até chegar aquele local (acessibilidade), facilidades de estacionamento, “embalagem”(decoração, uniformes, programação visual etc.) e uma série de outros detalhes, até o retorno para casa ou empresa. Toda a experiência é considerada no momento de se avaliar a prestadora de serviços. Se o restaurante tem uma boa comida, mas o seu atendimento é ruim, não serve. Se o atendimento é bom, a comida é boa, mas o ambiente é muito quente, também não serve e assim por diante. O exemplo abaixo mostra o ciclo de experiência para compras em um supermercado (Figura 14). Figura 14 - Ciclo de experiência em um supermercado Final do Ciclo Início do Ciclo Supermercad o EDED Guardar Descarregar Retornar à casa Carregar Localizar carro Transportar compras Empacotar Pagar Passar produtos Escolher caixa Entrar na fila Conferir lista Escolher produtos Decidir percurso Entrar no supermercado Conseguir carrinho Encontrar lugar Entrar no estacionamento Locomover-se Fonte: Gianese e Corrêa, 1994, apud Da Silveira, 2006 Cada um dos itens que constituem o ciclo de experiência contribui para formar a imagem de qualidade na mente do consumidor. A avaliação inicia-se no momento imediato em que surge a intenção de compra. Pode existir uma opinião pré-formada acerca do produto, seja por uma experiência passada ou por algum comentário vindo de conhecidos ou mesmo da propaganda. Essa opinião poderá se modiicar ou ser reforçada, conforme o desencadeamento do processo. Uma boa MaRKeTinG | unidade 3 71 experiência (percepção de qualidade) facilitará futuros negócios e incrementará a propaganda boca a boca. Uma experiência negativa diicultará a idelização do cliente e se transformará em um boca a boca prejudicial. Dois pontos são críticos: o primeiro contato e o inal do processo. Um impacto negativo no primeiro contato pode romper o ciclo de negócio. Por exemplo: falhas no atendimento para obter informações sobre um determinado curso. O momento inal é crucial também, pois, normalmente, é o que ica marcado na mente do cliente. Por exemplo: você pode ter feito compras excepcionais no shopping center, mas na hora de ir embora enfrenta uma ila enorme para sair do estacionamento. Esse momento será memorizado, repercutindo de forma negativa. 3.10 Monitoramento da Satisfação dos Clientes O monitoramento da satisfação dos clientes integra as áreas de pesquisa e desenvolvimento da empresa com os setores de produção, comercialização e administração. Para realizar o monitoramento, foram criados softwares (programas de computador) que facilitam a coleta e análise de dados, ao mesmo tempo em que estimulam o feedback (resposta) por parte do cliente. Os programas apresentam as seguintes características: • possibilidade de supervisão por consultoria externa ou empresa de auditoria; • coleta e disponibilização de dados quantitativos e qualitativos; • monitoramento da satisfação do cliente em todo o processo (com o produto, atendimento, entrega e serviços de pós venda, dentre outros) Resumo Nesta unidade você veriicou boa parte da fundamentação e conceituação de marketing e percebeu que é muito abrangente. Além disso, o marketing se transformou com o passar dos tempos, 72 TeCnOLOGia de aLiMenTOS acompanhando as mudanças socioculturais. No início, marketing e vendas confundiam-se. Hoje, marketing é considerado um processo que envolve inúmeras ações, começando por entender e conhecer o cliente. Ai nal, as estratégias de marketing são elaboradas para satisfazer o cliente! É claro que “cliente” em marketing é um termo também abrangente, pois o marketing envolve desde a venda de produto de campo até a chegada no consumidor i nal permeando toda a cadeia produtiva. Da pesquisa até o pós-venda (i delização do público), um longo caminho é percorrido, incluindo elementos como dei nição de preço, características do produto, distribuição, comunicação e muito mais – sempre respeitando aspectos éticos e sociais. Compare o modelo dos 4Ps e dos 4Cs e relacione as duas colunas, demonstrando a substituição de cada elemento pelo novo conceito. Como se classii cam os serviços quanto à durabilidade? Dê exemplos. Quais são os quatro tipos de marketing mais conhecidos em função do atendimento? A Rede Social. Dirigido por David Fincher. Ano: 2010. Quantas vezes você já entrou no Facebook hoje? Sua resposta, possivelmente, demonstra o potencial da ferramenta criada por Mark zuckerberg. A maior rede social do mundo é palco do trabalho de proi ssionais de comunicação de diversas áreas. O i lme é ideal para entender como esta ferramenta foi idealizada e como esse mecanismo funciona, além disso, compreender "a visão do criador dessa rede pode ajudar" na criação de ideias e inspirar o empreendedorismo. 1 2 3 MaRKeTinG | unidade 3 73 COBRA, M. Marketing Básico. São Paulo: Atlas, 1997. DA SILVEIRA, S.W. Gestão de Marketing. Programa de Capacitação em STT SENAI Florianópolis. SENAI/SC. 2006. GIANESI, I. G . N.; CORRÊA, H. L. Administração Estratégica de Servi- ços. São Paulo: Atlas, 1994. KOTLER, P. Administração de Marketing. 5 ed. São Paulo: Atlas, 1993. KOTLER, P.; AMSTRONG G . Princípios de Marketing. Rio de Janeiro: Prentice Hall, 1998. LAS CASAS A. L. Marketing de Serviços. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002. RICHERS, R. Marketing: uma visão brasileira. São Paulo: Ed. Negócio, 2001. SETTE, Ricardo de Souza. Marketing. Lavras: UFLA/FAEPE, 2003. 61p. : il. - Cursos de Pós-Graduação “Lato Sensu” (Especialização) a Distância. ObjETIVOS DESTA UNIDADE • Aprender os conceitos de gestão e suas aplicações; • Conhecer as operações de gestão de pessoas no agro- negócio; • Reconhecer o peril de ges- tor adequado às atividades agroindustriais; • Perceber a importância da aplicação adequada dos princípios de liderança e gestão nos diversos níveis da agroindústria. 4 UNIDADE GERENCIAMENTO AGROINDUSTRIAL 4 GESTÃO 4.1 Definição de Gestão Caros alunos, há um consenso de que chegar a uma deinição de gestão é um tarefa quase impossível, por isso, no máximo, escolhemos a teoria que julgamos melhor. Certamente, há ininitas deinições para gestão, selecionamos alguns exemplos dos autores, a seguir: Gestão é a coordenação e supervisão do trabalho de outros para que as suas atividades sejam desempenhadas eiciente e eicazmente (ROBBINS & COULTER, 2009); Gestão é o processo de tomada de decisão de como utilizar recursos limitados entre usos alternativos de modo a otimizar determinados objetivos (KAY, 2014); Dexter e Barber (1968) já tratavam a gestão na visão do agricultor com o objetivo principal da maximização de lucros e na visão de organização da empresa rural; 76 TECNOLOGIA DE ALIMENTOS Robbins e Coulter (2009) também dei nem gestão como a coordenação e supervisão do trabalho de outros para que as suas atividades sejam desempenhadas ei ciente e ei cazmente. Naturalmente que a dei nição de gestor, quem gere, está explícita nesta dei nição e é quem coordena e supervisiona o trabalho de outros para que as suas atividades sejam desempenhadas ei ciente e ei cazmente (MARQUES, 2012). No ponto de vista da empresa agrícola a visão de gerenciamento de suces- so é aquele que gera lucros no negócio agrícola. Isto não quer dizer que minimizaremos a importância de desenvolver boas práticas agrícolas e de fazer as coisas tecnicamente bem feitas. Pelo contrário, isso é muito impor- tante e raramente entrará em conl ito por fazer as coisas de forma lucrativa. Faz parte da sabedoria popular o conhecimento de que são os últimos pou- cos ovos, leitões,litros de leite ou quilos de milho que produzem o lucro. Chegamos, assim, a uma dei nição de gestão, que é, portanto: uma atividade complexa, que envolve a combinação e a coordenação de recursos humanos, físicos e i nanceiros, de forma que se produzam bens ou serviços que sejam simultaneamente procurados e que possam ser oferecidos a um preço que se pode pagar, tornando ao mesmo tempo agradável e aceitável o ambiente de trabalho de todos os envolvidos. 4.2 Funções da Gestão A fase do planejamento envolve a dei nição de objetivos para a organização e a forma como estes objetivos devem ser atingidos. Grande parte da informação necessária para completar esta etapa provém da análise externa, em que se procuram oportunidades e se identii cam as ameaças. No interior da organização, analisam-se as forças e as fraquezas. A visão e missão da organização sintetizam os objetivos gerais, a partir dos quais são dei nidos os objetivos especíi cos. A organização é o processo de estabelecer relações formais entre as pessoas e entre estas e os recursos, para atingir os objetivos propostos. Já a fase de direção é o processo de determinação, isto é, de inl uência sobre o comportamento dos outros. A direção envolve motivação, liderança e comunição. “A gestão agrícola preocupa- se com a organização e o emprego dos recursos no serviço do negócio agrícola – terra, trabalho e capital e aquele bem de extrema importância, ou seja, as capacidades e habilidades do agricultor. Não está, na nossa opinião, preocupada com os aspectos meramente técnicos da atividade agrícola nem, por outro lado, está preocupada com a melhor maneira de dar ordens ao pessoal às sete horas da manhã. Estas questões de fato existem, mas se subordinam à questão principal da organização da empresa no sentido da obtenção de lucros mais altos.” (DEXTER E BARBER, 1968) GERENCIAMENTO AGROINDUSTRIAL | UNIDADE 4 77 • Motivação – em termos gerais, pode ser entendida como reforço da vontade das pessoas, a im de que se esforcem por alcançar os objetivos da empresa. • Liderança – é a capacidade de conseguir que os outros façam aquilo que o líder quer que façam. • Comunicação – é o processo de transferência de informações, ideais, conceitos ou sentimentos entre as pessoas. Para se ter uma ideia da importância da comunicação na gestão, basta veriicar que a maior parte do seu dia, o gestor passa a falar. Por im, a fase de controle determina o processo de comparação do atual desempenho da organização com standars previamente estabelecidos, apontando as eventuais ações corretivas (veriicar desvios e analisar os problemas na sua origem). As ações de controle visam à correção dos desvios e à previsão, para que sejam evitados no futuro. A organização depende do planejamento elaborado, isto é, dos objetivos e das estratégias deinidas; o estilo de direção depende do tipo de organização, e o controle será exercido de forma diferente, consoante ao estilo de direção. Ou seja, as quatro funções da organização estão intimamente ligadas entre si, inluenciando-se mutuamente em todos os sentidos (AEISCAP, 2014). 4.3 Níveis de Gestão Conforme, ainda, aos autores da AEISCAP (2014), a gestão está dividida em 3 níveis: 1. Institucional – gestão caracteriza-se por um forte componente estratégico, ou seja, envolvimento da totalidade dos recursos disponíveis na determinação do rumo a seguir, e pela formulação de políticas gerais, que são deinidas de forma genérica e dizem respeito a toda a empresa, associada, por norma, a ações, com implicações a médio e longo prazo (administradores, gestores, conselho de gestão...). 2. Intermédio – predomina o componente tático, caracterizando-se pela motivação de recursos e elaboração de planos e programas 78 TECNOLOGIA DE ALIMENTOS especíi cos relacionados com a área do respectivo gestor a curto prazo (diretores de departamento, diretores de divisão...); 3. Operacionais – predomina o componente técnico, traduzindo-se na execução de rotinas e procedimentos (chefes de secção, chefes de serviço...). Figura 1 - Níveis de gestão Fonte: sistemasinformacao.com Mas gerir implica, acima de tudo, tomar decisões. Decidir que objetivos prosseguir e qual a sua hierarquia em termos de relevância. Saber qual o caminho a seguir, isto é, que estratégias e técnicas aplicar, como organizar os recursos humanos, i nanceiros e materiais, como dirigir os subordinários e i nalmente analisar se os objetivos estão ou não sendo cumpridos de acordo com o planeado. A tomada de decisões é a verdadeira essência da gestão (AEISCAP, 2014). A ei ciência está ligada à busca de economia (ou eliminação de desperdícios) no emprego dos recursos, enquanto atua no processo de produção. A ei cácia está ligada ao cumprimento dos objetivos da organização, bem como aos resultados que precisam ser alcançados sob pena de comprometer a competitividade da empresa no mercado. Quanto mais alto o grau de produtividade ou economia na utilização dos recursos , mais ei ciente é a organização. Missão Objetivos e Planos Estratégicos ( Organização como um todo) Objetivos e Planos Táticos ( Cada divisão ou unidade do negócio) Objetivos e Planos Operacionais (Cada tarefa ou operação) Nível Institucional Decisões e Planejamento Estratégicos Nível Intermediário Decisões e Planejamento Táticos Nível Operacional Decisões e Planejamento Operacionais GERENCIAMENTO AGROINDUSTRIAL | UNIDADE 4 79 4.4 Aptidões do Gestor Os gestores atuam, avaliando-se geralmente por padrões de eiciência e eicácia. Para ser eiciente e eicaz, o gestor deve possuir e continuamente desenvolver várias aptidões essenciais. Conforme MARQUES (2012), destacam-se três tipos de aptidões necessárias a qualquer gestor: Aptidão Conceitual (Saber Saber) - é a capacidade para apreender ideias gerais e abstratas em situações concretas. Engloba a capacidade de ver a organização como um todo. Um gestor com capacidade conceitual. • Percebe a forma como as várias funções da organização se complementam umas às outras; • Como a empresa se relaciona com o seu envolvente; • Como uma alteração numa parte da organização pode afetar a outra parte. Aptidão Técnica (Saber Fazer) - é a capacidade para usar conheci- mentos, métodos ou técnicas especíicas no seu trabalho concreto. Co- nhecimento e experiências em engenharia, informática, contabilidade, marketing ou produção são exemplos destes tipos de capacidade. Esta aptidão está relacionada com o trabalho e “com as coisas” (processos). Aptidão Humana ou Relações Humanas (Saber Ser) - é a capacidade de compreender, motivar e obter a adesão das outras pessoas. Envolve características relacionadas com as capacidades de comunicar, trabalhar e entender as atitudes e os comportamentos dos indivíduos e dos grupos. 4.5 Gestão de pessoas Segundo VIEIRA (2011), as funções tradicionais da área de Gestão de Pessoas, comumente denominadas de Recursos Humanos (RH), ainda são praticadas na maioria das organizações. E seguem o mesmo objetivo que é compor a área que se preocupa com os colaboradores da organização, cuja estrutura é composta das unidades organizacionais descritas a seguir e, é claro, na sua missão. 80 TECNOLOGIA DE ALIMENTOS 4.5.1 Treinamento e desenvolvimento O treinamento envolve basicamente quatro etapas: • diagnóstico; • desenho do programa de treinamento; • aplicação ou implementação; e • avaliação e acompanhamento. O diagnóstico visa levantar as necessidades (carências proissionais) passadas, presentes ou futuras por intermédio de pesquisas internas, aim de descrever o problema e prescrever uma intervenção. Envolve a coleta e o cruzamento de dados e informações, a deinição dos pontos fortes e fracos e o detalhamento dos problemas por meio de uma análise aprofundada, visando identiicar as suas causas e deinir ações para os pontos passíveis de melhoria (CLARO & NICKEL, 2014). O desenho do programa de treinamento refere-se ao planejamento das ações de treinamento a partir do diagnóstico das necessidades. Este deve estar associado às necessidades estratégicas da organização através de um plano de ação. Envolve identiicar o que fazer (metas); como (estratégias) e por que fazer (objetivos). A partir deste ponto, deine-se um calendário de treinamentos da organização. Ainda CLARO & NICKEL (2014) tratam que a aplicação ou implementação depende de alguns fatores, tais como: adequação do programa de treinamento às necessidades da organização e dos treinandos; qualidade do material de treinamento apresentado; cooperação dos gestores e dirigentes da empresa; motivação do treinando para aprender; capacidade de aprendizagem do treinando; aplicação prática e tempo para assimilação do que foi aprendido; elaboração do material de treinamento, o qual deve ser signiicativo, ou seja, os métodos devem ser variados, inovadores e transferíveis para o trabalho. A avaliação e acompanhamento é a etapa inal do processo de treinamento. Avalia-se, aqui, se o treinamento atingiu o objetivo, se atendeu às necessidades da organização e das pessoas envolvidas, se houve retorno do investimento, se as pessoas envolvidas se comprometeram e GERENCIAMENTO AGROINDUSTRIAL | UNIDADE 4 81 estão aplicando o aprendizado, se a produtividade aumentou e se o clima organizacional melhorou (CLARO & NICKEL, 2014). 4.5.2 Processo de recrutamento e seleção Você já deve ter passado por uma situação assim: trabalhar com um excelente técnico, uma pessoa que conhece profundamente seu ramo de atividade, mas possui péssimo humor, vive brigando ou está presa ao passado e não consegue acompanhar o avanço das novas descobertas. É alguém sem lexibilidade, alguém que não possui a competência para manter boas relações interpessoais. No entanto, as empresas hoje precisam, cada vez mais, de pessoas que saibam se relacionar e que também consigam se adaptar às mudanças frequentes de processos e produtos. É neste momento que o papel da seleção de pessoal revela-se essencial. Segundo CABRAL (2006) uma organização bem estruturada, com pessoal na medida certa, sem excessos ou carências, é relexo de um perfeito planejamento do quadro funcional. Esse planejamento permite que os colaboradores trabalhem sem sobrecarga, mas sejam constantemente desaiados a darem seu máximo, evitando tempo ocioso. Quando há necessidade de novas contratações, eles movimentam-se para indicar novos talentos, seja no mercado, seja dentro do próprio sistema. Inicia-se, assim, o processo de recrutamento e seleção. O mesmo autor airma que, se o processo de recrutamento e seleção for bem conduzido, permitirá adequar o potencial dos indivíduos às necessidades da organização, facilitando a negociação de metas de desempenho, ou seja, você pode dizer que a seleção de pessoal é o processo de escolha do candidato mais adequado para uma determinada função, em um dado local. A primeira etapa de um Processo Seletivo envolve o Recrutamento, pelo qual a organização comunica e divulga oportunidades de emprego e atrai os candidatos em potencial para o processo seletivo. O Recrutamento envolve um conjunto de técnicas que visa atrair candidatos potencialmente qualiicados, dentre os quais serão selecionados os futuros participantes da organização, com base na descrição e análise de cargos. O Recrutamento pode ser interno, externo ou envolver ambos (CLARO & NICKEL, 2014). 82 TECNOLOGIA DE ALIMENTOS O Recrutamento Interno envolve a promoção, transferência ou promoção e transferência. Apresenta como vantagens: o fato de ser uma fonte mais próxima, rápida e menos custosa; a obtenção de informações mais precisas e a possibilidade de preparação para a promoção e de melhoria do moral e das relações internas. Como desvantagens podemos citar: os recursos humanos internos às vezes não são suicientes; requer treinamento; pode gerar ressentimento por parte dos não promovidos; tende a reduzir a inovação no trabalho; a demasiada ênfase na promoção pode despertar o carreirismo. Já o Recrutamento Externo pode ocorrer por intermédio de anúncios, agência de recrutamento, escolas e universidades, cartas casuais de candidatos, banco de dados de candidatos, sindicatos e associações de classe, tabuletas, propagandas, murais, indicações, intercâmbio entre empresas, transferência, arquivos, rádio e televisão, congressos e convenções, associações religiosas e culturais. Esta forma de recrutamento tem como vantagens a pré-seleção, a possibilidade de renovar o ambiente e o investimento em novos talentos (CLARO & NICKEL, 2014). Como desvantagem, apresenta o fato de ser um processo demorado e caro. O Recrutamento culmina com a apresentação do currículo ou com o preenchimento da proposta de trabalho. O currículo funciona como um catálogo ou portfólio do candidato. Segundo CLARO & NICKEL (2014), o processo seletivo pode ser classiicado como: a) seleção de estágio inicial, em que as decisões são baseadas no resultado de um teste; b) seleção sequencial de dois estágios, em que uma decisão de investigação mais demorada pode ser tomada, quando as informações colhidas no primeiro estágio forem julgadas insuicientes para uma decisão deinitiva; c) seleção sequencial de três estágios, que se dê quando as decisões são tomadas numa sequência, com base em três técnicas de seleção. Agora, você pode perceber que o processo de recrutamento e seleção é uma parte importante no processo de Gestão de Pessoas de uma organização. É no momento da seleção em que se dá a partida para um relacionamento sério e duradouro entre indivíduo e organização. Saber escolher o indivíduo certo, para o lugar certo, no momento certo, exige ciência e competência. Segundo CABRAL (2006), são várias as etapas envolvidas, que começam no recrutamento (inclusive por indicação dos colaboradores já existentes) até chegar à efetivação, passando por comparações, coleta de informações, GERENCIAMENTO AGROINDUSTRIAL | UNIDADE 4 83 interpolação entre características do candidato e características do cargo/ empresa e muito mais. Dentre as técnicas mais utilizadas para realizar a escolha i nal, destacam-se as entrevistas, as provas de conhecimento (gerais e especíi cos), os testes psicológicos (psicométricos e de personalidade), as técnicas vivências e as avaliações de saúde. Figura 2 - Trajetória do Processo de seleção Fonte: Ethel Scliar Cabral, Gestão de Pessoas e Equipes (2007) 4.5.3 Remuneração por competência e habilidade A remuneração por competência ou habilidade consiste numa nova estratégia para administrar os cargos e os salários da empresa, que começa a ocupar espaço nos programas de gestão de pessoas. Essa nova estratégia privilegia, em primeiro lugar, o homem e, em segundo lugar, o cargo. Isto é o que a diferencia dos modelos tradicionais de remuneração. CLARO & NICKEL (2014) listam algumas vantagens da utilização da remuneração por competência: • direciona o foco para as pessoas e não para os cargos ou responsabilidades; • remunera o empregado com uma parcela i xa do salário a cada com- petência adquirida; Vários interessados são contados. Coleta de informação sobre a função a ser desempenhada, envolvendo descrição e análise do cargo, técnico de incidentes críticos, requisiçãode pessoal, hipóteses de trabalho e realidade de mercado; Coleta de dados sobre o candidato, envolvendo técnicas especializadas de seleção Interpolação do cargo x candidato; Comparação entre vários candidatos, realizado pela esquipe. Candidato selecionado ingressa no quadro funcional. RECRUTAMENTO ESCOLHA CONTRATAÇÃO 1 2 3 84 TECNOLOGIA DE ALIMENTOS • garante o reconhecimento aos empregados pela parcela de contri- buição especializada disponibilizada à empresa; • mantém o nível de proissionalização e especialização dos emprega- dos compatível com a competitividade; • encoraja as pessoas a ter responsabilidades plenas e à busca contí- nua do desenvolvimento proissional; • melhora a produtividade e a qualidade dos produtos e serviços prestados pela empresa; • facilita a seleção e a contratação de talentos humanos adequados aos requisitos do cargo; • aumenta a motivação dos empregados, uma vez que estes percebem claramente a relação de sua performance com os aumentos salariais. Para a obtenção de sucesso na construção de um sistema de remuneração por competência, devem-se observar alguns princípios, como: • utilizar uma metodologia participativa na construção do sistema de remuneração; a integração entre as áreas possibilita legitimar e obter o comprometimento de todos; • usar e abusar da comunicação interna para disseminar o sistema; este é um dos pontos cruciais para o sucesso desse sistema, pois procura garantir que todos compreenderam os seus parâmetros. CLARO E NICKEL (2014) destacam algumas vantagens na adoção da remuneração por habilidade, como: a) o foco da avaliação não está na função, e sim, na pessoa, o que faz com que o empregado procure cada vez mais adquirir habilidades, preocupando-se com o desenvolvimento contínuo; b) a área de recursos humanos passa a assumir um papel mais estratégico e menos operacional, integrando de forma mais signiicativa os programas de treinamento às necessidades da empresa; c) permite custo variável na folha de pagamento; e d) empregados multiespecializados e bem treinados ajustam-se mais facilmente às mudanças no processo produtivo, gerando maior lexibilidade. 4.5.4 Avaliação 360 graus Entende-se por Avaliação de Desempenho 360 graus aquela que pressupõe uma comparação entre a percepção dos pares no trabalho, do superior imediato, dos subordinados diretos, clientes, fornecedores, GERENCIAMENTO AGROINDUSTRIAL | UNIDADE 4 85 e a percepção que o ocupante do cargo tem de si mesmo, no exercício das atividades, fechando, assim, um círculo de 360 graus (CLARO; NICKEL, 2014). Contudo, esse instrumento não deve estar dissociado de outras práticas de gestão de pessoas numa empresa. Processos como remuneração, seleção desenvolvimento e avaliação de desempenho devem estar integrados e focados para a realização das estratégias organizacionais. Cabe à área de Recursos Humanos fazer uma análise dos dados obtidos na avaliação e iniciar o processo de feedback, em que cada participante toma conhecimento da sua avaliação. Tal feedback consiste na auto- avaliação e nos resultados dos questionários de avaliação respondidos pelas pessoas que estabelecem contato com o avaliado. 4.6 Liderança O peri l do líder proi ssional envolve três grandes áreas: a própria pessoa, os outros (ou a equipe) e a organização. O indivíduo tem suas características individuais. Cada membro da equipe também apresenta um conjunto de competências, habilidades, motivações e personalidade próprias. É no cenário da organização, que também possui sua própria cultura, que esses dois polos interagem e se encontram. A i gura a seguir permite que você visualize como ocorre o processo. Figura 3 - Processo de interação entre os indivíduos no cenário da organização LÍDER COLABORADORES/ CLIENTES ORGANIZAÇÃO Identi�ca seus próprios potenciais, suas limitações, motivações, necessidades, valores, expectativas e sonhos. Possui sua cultura, objetivos, estratégias, mercado, concorrências. Está inserida no composto de marketing. Apresentam suas próprias potencialidades, expectativas, anseios, limitações. Fonte: Ethel Scliar Cabral, Gestão de Pessoas e Equipes (2006) 86 TECNOLOGIA DE ALIMENTOS Existem muitas deinições de líder, pois os aspectos relacionados à liderança também são diversiicados. Segundo CABRAL (2006), o consenso de dois aspectos é necessário para constituir a verdadeira liderança: • existência de um grupo, ou seja, pelo menos duas pessoas: uma assu- mindo o papel de líder e outra de subordinado (embora esses papéis não sejam estáticos e possam se inverter, como você verá mais adiante); • participação espontânea, ou seja, o liderado adere por sua livre von- tade ao comando, ou seja, reconhece no papel do outro a capacida- de de ser um líder. As atitudes que compõem o líder devem se ajustar às características da orga- nização na qual ele atua e também aos membros de sua equipe. Mas algu- mas são importantes e estão presentes praticamente em todas as situações: • auto-motivação -o líder consegue motivar-se e motivar os que estão à sua volta. Mobiliza energias em função de um objetivo comum; • responsabilidade – o líder mantém-se comprometido com suas ações e assume responsabilidades e consequências das estratégias que adota; • sensibilidade – o líder consegue humanizar as relações no trabalho, favorecendo ao desenvolvimento de potencialidades e estimulando o processo de comunicação e relações interpessoais; • diplomacia – o líder é um bom gestor de conlitos, ao mesmo tempo em que respeita as diferenças e consegue obter decisões de consenso; • curiosidade – o líder está aberto às sugestões, às novas tecnologias, sempre se questionando sobre a possibilidade de melhorias em produtos, serviços e processos; • atitude de disseminador – o líder não retém a informação e o conhecimen- to. Ao contrário, repassa sua experiência para o grupo e estimula a livre co- municação para que todos aprendam uns com os outros; • visão estratégica – o líder consegue visualizar ações a curto, médio e longo prazo, compondo cenários amplos e complexos, sem se perder em detalhes secundários; • proatividade – o líder age antes que os problemas apareçam, tem visão de futuro e não necessita ser “cobrado” para realizar alguma coisa; • disciplina – o líder sabe planejar e projetar cronogramas, respeitando datas e propostas, levando a equipe a proceder da mesma forma; • ética – o líder respeita os direitos em todas as instâncias (individuais, da equipe, da instituição e da sociedade), agindo com transparência e sempre tendo em vista a melhoria da qualidade de vida e dos diversos ambientes nos quais está inserido (proissional e socialmente). GERENCIAMENTO AGROINDUSTRIAL | UNIDADE 4 87 Existem muitas formas de liderança: autoritária, democrática etc. O foco principal é atingir os resultados propostos, otimizando tempo e recursos. Como fazer isso? Imagine um jogo de futebol. Não existe um componente mais ou menos importante que o outro. Todos estão reunidos para conquistar a vitória: defesa, ataque, goleiro, técnico, assistentes. O técnico, neste caso, assume o papel de líder, mas esse papel também é exercido em campo pelo capitão do time. O goleiro também desempenha essa função, dando orientações essenciais, pois tem uma visão do conjunto, do que se passa em campo e cada jogador, em um momento ou outro, lidera e comanda a equipe. Cada minuto tem seu objetivo de curto prazo: realizar um bom passe, impedir ou fazer um gol, realizar uma marcação ou um drible, roubar a bola.Em longo prazo, a meta é conquistar o título, mudar de categoria, enim, alcançar aquilo que foi ixado pelo time. A responsabilidadeinal dos resultados – vitória ou fracasso - cabe ao técnico, mas ela é compartilhada com toda a equipe. Quando você entra em campo como líder, tem a oportunidade de colocar em ação suas competências e habilidades, que, segundo CABRAL (2006) são: • Múltiplas inteligências - não existe somente um tipo de inteligência, mas todo um composto de diversas inteligências, como foi descoberto pelo pesquisador Howard Gardner. As mais conhecidas são: lógico-matemática, linguística, espacial, musical, corpóreo- cinestésica, intrapessoal e interpessoal; • Conhecimento- domínio na sua área de atuação, que é demonstrado não apenas em palavras, mas também pela ação e exemplo dado aos integrantes da equipe; • Personalidade - conjunto de características que compõem a sua identidade, tais como: persistência, humildade, coragem, bom humor, entusiasmo, lexibilidade etc.; • Cultura - no sentido mais amplo, ou seja, características que foram constituídas na sua interação com a sociedade, tais como valores éticos, respeito aos direitos dos outros, responsabilidade etc. Além da oportunidade de desenvolver esses aspectos que promovem o seu crescimento como ser humano e proissional, o líder também enfrenta muitos desaios. 88 TECNOLOGIA DE ALIMENTOS Na medida em que você exerce a liderança, muitas armadilhas que podem afetar seu desempenho vão surgindo. É fácil percebê-las nos outros. Pense em alguns “chefes” ou “autoridades” com os quais conviveu e veriique se você já se deparou com alguns dos elementos discriminados a seguir: • Autopercepção - ao exercer o papel de líder é comum a pessoa superestimar seu próprio conhecimento, não percebendo os pontos que necessitam aprimorar. Com isso, deixa de delegar tarefas, não dando espaço para cada membro da equipe crescer. Às vezes, coloca como sendo suas opiniões e ideias dos outros, não fornecendo os devidos créditos à equipe. Além disso, demora em reconhecer seus erros, buscando sempre “culpados” quando algo não dá certo; • Relacionamento - no processo de cheia, o envolvimento com a equipe pode ultrapassar as fronteiras estritamente proissionais. Isso é comum, ainal, todos somos seres humanos! Tanto a empatia quanto a rejeição podem entrar em ação de forma inconsciente, sem que os envolvidos percebam claramente tais sentimentos. É possível que o líder deixe de agir com imparcialidade, torne-se exibicionista para chamar a atenção de quem gosta ou ignore e não motive os seus desafetos; • Postura - a forma de agir do líder também está diretamente relacionada com a sua postura em função da organização. Se for inseguro sobre seu papel e desconhecer aspectos organizacionais importantes, isto acabará repercutindo na equipe. Nesse caso, os comandos poderão ser confusos, incompletos e não alinhados com as diretrizes organizacionais. E mais: haverá espaço para desconiança e mistura de aspectos pessoais com os proissionais. Os colaboradores não terão oportunidades para aprender e colocar em cena seu próprio potencial, pois isso signiica, do ponto de vista do líder, uma ameaça. É importante lembrar que liderar não signiica guiar-se somente pela maioria. Muitas vezes, é a minoria que emite a melhor opinião para solucionar um problema. O importante, aqui, é ouvir a todos e conseguir destacar os elementos positivos que cada um dos envolvidos postula, tratando a todos com respeito. Finalmente, o líder deve colocar em prática o que teoriza. Aqui não vale o lema “façam o que eu digo, não o que eu faço”. O exemplo ainda é uma das formas de comunicação de maior impacto! Aplicando essas atitudes, o líder conseguirá realizar uma gestão de conlitos com o mínimo de estresse. Portanto, nos processos de liderança, coloque como palavras-chave: autocontrole, respeito às GERENCIAMENTO AGROINDUSTRIAL | UNIDADE 4 89 minorias, dar o exemplo e fazer a gestão de conlitos. Como? Sabendo motivar as pessoas. Um dos grandes investigadores sobre motivação foi Abraham Maslow, sociólogo e psicólogo. Ele construiu um modelo que até hoje é muito aplicado em recursos humanos, além de outras áreas, como marketing e propaganda. A partir do modelo das necessidades de Maslow, outros foram desenvolvidos, mais complexos, englobando diferentes tipos de motivação. No entanto, a estrutura proposta por Maslow, pela sua simplicidade, é muito útil para orientar as ações do líder. Maslow propôs que qualquer ser humano é movido por cinco necessidades básicas, que se agrupam em ordem hierárquica (CABRAL, 2006). A motivação é decorrente do anseio em satisfazer tais necessidades. De nada adianta apelar para uma motivação, se a necessidade anterior ainda não tiver sido satisfeita. A seguir, você poderá visualizar a estrutura proposta por Maslow: Figura 4 - Hierarquia de Maslow Moralidade, criatividade, espontaneidade, solução de problemas, ausência de preconceito, aceitação dos fatos Autoestima, con�ança, conquista, respeito dos outros, respeito aos outros Amizade, família, intimidade sexual Segurança do corpo, do emprego, de recursos da moralidade, da família, da saúde, da propriedade Respiração, comida, água, sexo, sono, homeostase, excreção Realização Pessoal Estima Amor/ relacionamento Segurança Fisiologia Fonte: www.poliscreen.com.br (2014) O líder deve interpolar a escala de motivações de Maslow com as características de cada indivíduo, para colocar em cena a motivação mais eiciente. Algumas perguntas básicas e diretrizes encontram-se a seguir: • Fisiológicas: a pessoa apresenta algum problema de saúde? Alimenta-se corretamente? Consegue manter sob controle seus níveis de estresse e angústia, ou está precisando de suporte e apoio para isto? Possui recursos suicientes para ter qualidade de vida? Como seria possível oferecer alternativas para que o indivíduo 90 TECNOLOGIA DE ALIMENTOS melhore sua qualidade de vida? Abonos e prêmios para ampliar a remuneração? Os aspectos inanceiros encontram-se diretamente relacionados com este nível; • Segurança: a pessoa percebe que existe no ambiente de trabalho uma relação transparente? Sente-se segura para reportar erros, sem medo de punições e injustiças? Sabe quais os critérios de promoção e de remuneração? Percebe que não será dispensada de uma hora para outra? Criar um clima de segurança é fundamental para que o indivíduo utilize seu potencial em benefício do grupo; • Sociais: o grupo demonstra afetividade? Ou existe um clima de “fofocas”, inveja e competição acirrada? Eliminar tais barreiras é importante para acionar as motivações sociais. As pessoas se apóiam mutuamente? Premiações não inanceiras, tais como viagens, almoços em grupo, medalhas, publicações, elogios e incentivos de reconhecimento operam no patamar da motivação social; • Estima: as pessoas sentem-se amadas? Possuem relacionamentos familiares estáveis? Sabem que podem contar com seus pares em um nível mais amplo, que não envolva somente o cenário proissional? Na Era da Informação, em um mundo globalizado e com o emprego telemático, a fronteira entre pessoal e proissional torna-se cada vez mais tênue. É comum o funcionário levar seus problemas para casa e vice-versa. A motivação que opera com estima reconhece esse fato e amplia seu raio de atuação, incluindo os fatores extra-trabalho; • Auto-realização: essa motivação, embora seja uma das mais fortes, é a mais difícil de ser alavancada, pois depende do próprio indivíduo. O que ele, no seu íntimo, deseja? O que o realiza? Muitas vezes, a realização pessoal está distante daquilo que a pessoa faz. Alguém pode se sentir totalmente feliz ao passear com seu cachorro, ao brincar com os ilhos, ao cozinhar uma gostosa refeição. São momentos únicos e raros. O ideal seria que o ambiente
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