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AVC Ana Carolina Dantas Bianca Brunetta Maiara Matias Definição O Acidente Vascular Cerebral é definido pelo aparecimento súbito de sintomas e/ou sinais causados por perda de uma função cerebral focal, as vezes global, com duração superior a 24 horas, ou que levem a morte, sem outra causa aparente a não ser a origem vascular. O Ataque Isquêmico Transitório é definido como uma perda focal aguda da função cerebral ou monocular, da qual, se considera ser causada por um fluxo sanguíneo cerebral ou ocular insuficiente, resultando trombose arterial, baixo fluxo ou embolia, associada a doença cardíaca, arterial ou hematológica. Estes ataques duram menos de 60 minutos. Os AVCs isquêmicos são diferenciados dos hemorrágicos pela falta de extravasamento de sangue no parênquima cerebral. Epidemiologia É a segunda maior causa de morte e a principal de incapacidade. Prevalência Mundial de 0,5% a 0,7% da população. Projeções (sem intervenção) mortes por AVC aumentará de 5,54 milhões para 7,8 milhões em 2030. Brasil: principal causa de óbito. DATASUS (2005-2009)- 170.000 internações AVC/ano e 17% de óbitos (36 milhões de óbitos). Fatores de Risco A hipertensão é o fator de risco mais importante no acidente vascular cerebral isquêmico e hemorrágico. Fumantes tem o dobro do risco para acidente vascular cerebral e após 2 a 5 anos de parar de fumar os riscos se tornam idênticos aos não fumantes. Diabéticos insulinodependentes possuem risco de duas a seis vezes maiores. Doentes com a doença falciforme possuem risco elevado. AVCs Completos versus Incompletos O AVC é completo se a área total do cérebro irrigada por um vaso ocluído for lesada. Nesse caso terapias profiláticas para impedir maior extensão não trazem benefícios. O AVC incompleto é quando há lesão celular, ou seja, perda de neurônios mas não pan-necrose cística. Nesse caso, deverá ser considerado profilaxia. Tipos de AVC Isquêmico AVCI Aterotrombótico ou Aterosclerose de grandes artérias Tem associação com importantes fatores de risco: Hipertensão arterial Diabetes Dislipidemia Tabagismo Há comprometimento de artérias maiores como a carótida. O infarto pode estar localizado na região cortical ou subcortical, apresentar tamanhos variáveis e estar relacionado com a circulação carotídea ou vertebrobasilar. A embolia arterial está relacionada com a presença de placas de ateroma nas artérias proximais. É importante documentar a presença de placas ou estenoses no território envolvido. AVCI Aterotrombótico ou Aterosclerose de grandes artérias AVCI lacunar ou Infarto de pequenas artérias As síndromes lacunares típicas incluem: síndromes motoras ou sensitivas puras Hemiparesia/hemiataxia Disartria associada a clumsy-hand Lesões isquêmicas menores que 15 milímetros no território dominante das pequenas artérias perfurantes, localizada normalmente na cápsula interna, tálamo e ponte. Corte axial- Imagem hipodensa na região lesionada. Cardioembolismo Paciente apresenta quadro clínico súbito, geralmente cortical, comprometendo a circulação anterior, especialmente a artéria cerebral média, ou a circulação posterior na região do topo da artéria basilar. É possível identificar fonte cardíaca de alto ou médio risco: estenoses e próteses valvares, fibrilação atrial, infarto recente do miocárdio, cardiomiopatia dilatada, doença de chagas, mixoma atrial, endocardite bacteriana, aneurisma do septo atrial e forame oval patente. Fontes de Alto Risco Fontes deMédioRisco Tabela 1. Fontes potenciais de grande e médio risco para cardioembolia, segundo a classificação do TOAST Prolapso valvar Calcificação do anel mitral Estenose mitral sem fibrilação atrial Turbulência atrial esquerda Aneurisma de septo atrial Forame oval patente Flutter atrial Fibrilação atrial isolada Prótese valvar biológica Endocardite asséptica Insuficiência cardíaca congestiva Segmento hipocinético do ventrículo esquerdo Infarto agudo do miocárdio com mais de 4 semanas e menos de 6 meses Ptotese valvar sintética Estenose mitral com fibrilação atrial Fibrilação atrial (que não isolada) Trombo atrial esquerdo séssil Doença do nó sinusal Infarto agudo do miocárdio recente (<4 semanas) Trombo ventricular esquerdo Cardiomiopatia dilatada Segmento acinético do ventrículo esquerdo Mixoma atrial Endocardite infecciosa AVCI de Outras Etiologias Observa-se casos de faixa etária, além de, displasia fibromuscular, doença de moyamoya, dissecção arterial, doenças infecciosas como sífilis e AIDS, vasculites inflamatórias focais e/ou sistêmicas. Deve realizar avaliação hematológica para identificar fatores trombóticos, como presença de anticorpos antifosfolipideos ou trombolias hereditárias e anemia falciforme. AVCI de origem indeterminada ou criptogênico Quando não se enquadra a nenhuma das categorias anteriores. Manifestações Clínicas As manifestações clínicas irão depender da região acometida podendo ser: Artéria Carótida Interna A bifurcação da artéria carótida comum na origem da artéria carótida interna é o local mais frequente para lesões ateroscleróticas da vasculatura cerebral. É em geral silenciosa sia oclusão É semelhante ao dano da artéria cerebral média A artéria oftálmica se origina da artéria carótida interna, os ataques isquêmico transitório pode apresentar como cegueira monocular transitória -amaurose fugaz. Artéria Cerebral Anterior A oclusão isolada da artéria cerebral anterior é relativamente rara. As principais manifestações são fraqueza do neurônio motor superior e déficits de sinais sensitivos corticais no membro inferior contralateral Pode-se ter incontinência urinaria, depressão generalizada da atividade psicomotora, afasia motora transcortical ( perda da fluência verbal, com preservação da capacidade de repetir Artéria Cerebral Média São os tipos mais comuns de AVC focal Causa infarto maciço e devastador de grande parte do hemisfério Edema com duração de 3 a 4 dias pode levar a aumento da pressão intracraniana e herniacoes Fraqueza contralateral Perda sensitiva na face e no membro superior Hemionopsia homônima no lado da fraqueza Depressão da consciência Desvio do olhar pro lado da lesão Artéria Cerebral Posterior Em cerca de três quartos das pessoas, ambas as artérias cerebrais posteriores se originam na artéria basilar, na maioria das outras, uma das artérias se origina da artéria basilar e a outra se origina da artérias cerebrais internas. Nos ramos perfurantes causam mais frequentemente hemianestesia completa naquele lado. Pode ocorrer dislexia e discalculia A recuperação é boa Complicações como a síndrome de Dejerine-Roussy é causado por dano ao tálamo Artérias Vertebral e Basilar A característica da oclusão da irrigação do tronco cerebral são síndromes cruzadas Perda contralateral de força, sintomas sensitivos contralaterais e ipsolaterais selecionados abaixo no nível da lesão Déficits motores e sensitivos ipsoilaterais ao nível da lesão A síndrome de weber é um hematoma mesencéfalo que produz paralisia ipsolateral do terceiro nervo craniano As artérias vertebrais são a irrigação principal do bulbo, lesões levam a síndromes bulbares A síndrome bulbar lateral é caracterizada por : vertigem, náusea, vomito, nistagmo, ataxia ipsolateral e síndrome de horner ipsolateral (ptose, miose e diminuição da sudorese). Diagnóstico Presença de déficit neurológico focal de inicio súbito, com piora progressiva nas primeiras 24 horas. A tomografia na fase hiperaguda é normal. Métodos diagnósticos para identificação dos subtipos de AVC isquêmico Anamnese A historia clínica em geral se inicia num momento claramente identificável. Deve-se saber o momento do inicio dos sintomas. Se os sintomas tiverem iniciados nas 3 horas precedentes, o paciente deverá ser tratado como emergência aguda. Os pacientes com hemorragia apresenta progressão rápida e cefaleia. Exame FísicoO exame neurológico é um método de custo eficaz para se iniciar uma avaliação diagnóstica e costuma ajudar a localizar o ponto da lesão O exame cardiovascular deve enfocar a medida da pressão arterial, incluindo a medida em ambos os membros superiores, para avaliar a possibilidade de dissecção aórtica ou anormalidades vasculares que resultem em redução do fluxo sanguíneo para o cérebro quando os membros superiores forem exercitados. Exame Físico Pulso pode revelar arritmias Fibrilação atrial Avaliação oftalmoscópica pode revelar colesterol ou êmbolos de plaquetas e fibrina na retina sugestivo de aterosclerose. Além de, poder revelar hipertensão crônica pelos vasos da retina. Exames de Sangue Exames de sangue: - Lipidograma(LDLeHDLcolesterol) - Triglicerídeos - Ácidoúrico - Glicemiadejejum - Hemogramacompleto - Urinálise - Uréiaecreatinina - SorologiaparaChagas:RIFparaChagas - Sorologia para Sífilis: VDRL e FT A ABS - Coagulograma: TP e TTP A - Velocidadedehemossedimentação - ProteínaCreativa Eletroforesedeproteínas(suspeita de arterite temporal) Eletrocardiograma Radiografia de tórax Avaliação Cardíaca O eletrocardiograma deve ser realizado em todo paciente com AVC isquêmico. ECG identifica causas de embolia, fibrilação atrial e pode sugerir algumas etiologias, como doença de chagas ou doença coronariana. Na suspeita de dissecção da aorta o ecocardiograma transesofágico ou a tomografia de tórax deve ser realizado com urgência. Exames de Doppler EcoDoppler de artérias vertebrais e artérias carótidas Doppler transcraniano Ecocardiograma transtorácico Ultrassonografia e Métodos Neurorradiológicos A tomografia de crânio é o exame inicial de escolha na maioria dos serviços e permite a diferenciação em lesão isquêmica e hemorrágica. A TC sem contraste em geral detecta hemorragia intracerebral. A TC pode ser normal de 3 a 24 horas depois de um AVC isquêmico A hipodensidade se torna cada vez mais aparente no decorrer das horas. Ultrassonografia e Métodos Neurorradiológicos A TC é o único método por imagem útil para decidir se a terapia trombolitica deve ser administrada ou não.. A ressonância magnética do encéfalo é um método mais sensível do que a tomografia de crânio para a detecção da lesão isquêmica aguda por meio de técnicas de difusão Esses métodos de imagem são úteis para identificar o território vascular envolvido e avaliar o tamanho da lesão isquêmica, auxiliando no esclarecimento do mecanismo do AVC. Escalas de AVC (NIH) Nível de Consciência 0 = Alerta; responde com estusiasmo 1 = Não alerta, mas ao ser acordado por mínima estimulação obedece, responde ou reage 2 = Não alerta, requer repetida estimulação ou estimulação dolorosa para realizar movimentos 3 = Responde somente com reflexo motor ou reações autonômicas, ou totalmente irresponsivo, flácido e arreflexo Perguntas de Nível de Consciência (questiona-se sobre o mês e sua idade) 0 = Responde ambas as questões corretamente 1= Responde uma questão corretamente 2 = Não responde nenhuma questão corretamente Comandos de Nível de Consciência (solicita-se que o paciente abra e feche os olhos e abra e feche a mão) 0 = Realizar ambas as tarefas corretamente 1= Realizar uma tarefa corretamente 2 = Não realizar nenhuma tarefa corretamente Melhor olhar conjugado (somente os movimentos oculares horizontais são testados) 0 = Normal 1 = Paralisia parcial do olho 2= Desvio forçado ou paralisia total do olhar Escalas de AVC (NIH) Visual (contagem de dedos ou ameaça visual) 0 = Sem perda visual 1 = Hemianopsia parcial 2 = Hemianopsia completa 3 = Hemianopsia bilateral Paralisia Facial (solicita-se que o paciente sorria e feche os olhos) 0 = Movimentos normais sistêmicos 1= Paralisia facial leve 2 = Paralisia facial central evidente 3 = Paralisia facial completa Escalas de AVC (NIH) Motor para braço (braço é estendido (palma para baixo) a 90° (se sentado) ou a 45° (se deitado)) 0 = Sem queda; mantém o braço por 10 segundo completos 1= Queda; mantém o braço porém este apresenta queda antes dos 10 segundos completos 2 = Alguns esforço contra a gravidade; baço não se mantém 3 = Nenhum esforço contra gravidade; baço despenca 4 = Nenhum movimento Motor para pernas (perna é estendida a 30° (sempre em posição supina)) 0 = Sem queda; mantém a perna por 5 segundos completos 1 = Queda; mantém a perna porém esta apresenta queda antes dos 5 segundos completos 2 = Alguns esforço contra a gravidade; perna não se mantém 3 = Nenhum esforço contra gravidade; perna despenca 4 = Nenhum movimento Escalas de AVC (NIH) Ataxia de membros (teste index-nariz e calcanhar joelho) 0 = Ausente 1 = Presente em um membro 2 = Presente em dois membros Sensibilidade (estimulo doloroso) 0 = Normal; nenhuma perda 1 = Perda sensitiva leve a moderada 2 = Perda sensitiva grave ou total Escalas de AVC (NIH) Melhor linguagem 0 = Sem afasia (formulação e compreensão da linguagem); normal 1 = Afasia (formulação e compreensão da linguagem) leve a moderada 2 = Afasia (formulação e compreensão da linguagem) grave 3 = Mudo, afasia (formulação e compreensão da linguagem) global; nenhuma fala útil ou compreensão auditiva Escalas de AVC (NIH) Escalas de AVC (NIH) Desatenção 0 = Nenhuma anormalidade 1 = Desatenção visual, tátil, auditiva espacial ou pessoal 2 = Profunda hemi-desatenção ou hemi-desatenção para mais de uma modalidade Disartria (dificuldade em articular as palavras) (ler ou repetir palavras) 0 = Normal 1 = Disartria leve ou moderada 2 = Disartria grave Tratamento do Acidente Vascular Cerebral Isquêmico Critérios de inclusão para uso de Ativador do Plasmiogênio Tissular Recombinante(rtPA) AVC isquêmico em qualquer território encefálico Possibilidade de se iniciar a infusão do rtPA dentro de 4,5 horas do início dos sintomas Caso os sintomas forem observados ao acordar, deve-se considerar o último horário no qual o paciente foi observado normal Tomografia computadorizada (TC) do crânio ou ressonância magnética (RM) sem evidência de hemorragia Idade superior a 18 anos Uso de anticoagulantes orais com tempo de protrombina (TP) > 1,7 Uso de heparina nas últimas 48 horas com Tempo de Tromboplastina Parcialmente Ativada (TTPA) elevado AVC isquêmico ou traumatismo cranioencefálico grave nos últimos 3 meses História pregressa de hemorragia intracraniana ou de malformação vascular cerebral TC de crânio com hipodensidade precoce > 1/3 do território da (Artéria Cerebral Média) ACM PA sistólica ≥ 185mmHg ou PA diastólica ≥ 110mmHg refratária ao tratamento anti-hipertensivo; Melhoria rápida e completa dos sinais e sintomas no período anterior ao início da trombólise Deficits neurológicos leves Cirurgia de grande porte ou procedimento invasivo nos últimos 14 dias Critérios de exclusão para uso de Ativador do Plasmiogênio Tissular Recombinante(rtPA) Punção lombar nos últimos 7 dias Hemorragia geniturinária ou gastrointestinal nos últimos 21 dias ou história de varizes esofagianas Punção arterial em local não compressível na última semana Coagulopatia com TP prolongado (RNI > 1,7), TTPA elevado ou plaquetas < 100.000/mm3; Glicemia < 50mg/dl com reversão dos sintomas após a correção Evidência de endocardite ou êmbolo séptico, gravidez Infarto do miocárdio recente (3 meses) Suspeita clínica de hemorragia subaracnoide ou dissecção aguda de aorta Critérios de exclusão para uso de Ativador do Plasmiogênio Tissular Recombinante(rtPA) Tratamento do AVCI agudo com rtPA endovenoso Transferir o paciente para a sala de urgência, unidade de tratamento intensivo, unidade de AVC agudo ou unidade vascular Iniciar a infusão de rtPA EV 0,9mg/kg administrando 10% em bolus em 1 minuto e o restante em 1 hora. Não exceder a dose máxima de 90mg Não administrar heparina, antiagregante plaquetário ou anticoagulante oral nas primeiras24 horas do uso do trombolítico Manter o paciente em jejum por 24 horas pelo risco de hemorragia e necessidade de intervenção cirúrgica de urgência Não passar sonda nasoentérica nas primeiras 24 horas Não realizar cateterização venosa central ou punção arterial nas primeiras 24 horas Não passar sonda vesical. Se for imprescindível o uso de sonda vesical, esperar até, pelo menos, 30 minutos do término da infusão do rtPA Manter hidratação com soro fisiológico. Só usar soro glicosado se houver hipoglicemia (neste caso, usar soro isotônico: SG 5% + NaCL 20% 40ml) Controle neurológico rigoroso: verificar escore de AVC do NIH a cada 15 minutos durante a infusão, a cada 30 minutos nas próximas 6 horas e, após, a cada hora até completar 24 horas Monitorize a pressão arterial a cada 15min nas duas primeiras horas e depois a cada 30 minutos até 24 a 36 horas do início do tratamento, mantendo a pressão arterial ≤ 180/105mmHg Se houver qualquer suspeita de hemorragia intracraniana, suspender o rtPA e solicitar TC de crânio com urgência, hemograma, TP, KTTP, plaquetas e fibrinogênio Após as 24 horas do tratamento trombolítico, o tratamento do AVC segue as mesmas orientações do paciente que não recebeu trombólise, isto é, antiagregante plaquetário ou anticoagulação Iniciar profilaxia para TVP (heparina de baixo peso ou enoxaparina) 24 horas pós-trombólise Tratamento do AVCI agudo com rtPA endovenoso Tratamento do AVCI agudo com rtPA endovenoso Volume de rtPA por peso Controle da pressão arterial antes, durante e após o uso de trombolítico PAS > 220mmHg ou PAD > 140mmHg Nitroprussiato PAS entre 180 – 220mmHg ou PAD entre 110 – 140mmHg Esmolol, Metoprolol ou Enalapril EV Controle da pressão arterial antes, durante e após o uso de trombolítico No pré-tratamento, monitore a PA a cada 15 minutos Após o início da infusão, monitore a PA a cada 15 minutos nas duas primeiras horas e a cada 30 minutos até completar 24 a 36 horas do início do tratamento Utilizar anti-hipertensivo endovenoso se PA ≥ 180/105mmHg. Monitorizar a pressão a cada 15 minutos durante o tratamento com anti-hipertensivos. Observar hipotensão Nitroprussiato de sódio (Nipride®) – 1 amp. = 50mg. Diluir em 250ml de SG 5%. Usar de 0,5 – 8mg/kg/min. Metoprolol (Seloken®) – 1 amp. = 5mg = 5ml. Aplicar 5mg EV a 1ml/min a cada 10 min, até o máximo de 20mg. Esmolol (Brevibloc) – 1 amp. = 2.500mg=10ml Diluir 1 amp. em 240ml de SF 0,9% = 10mg/ml. Dose de ataque: 0,5mg/kg em 1 minuto – paciente de 70kg = 3,5ml. Depois, infusão contínua de 0,05-3,0mg/kg/min (iniciar com a menor dose e ajustar a cada 4 minutos, repetindo a dose de ataque e aumentando a infusão até atingir a PA desejada. Controle da pressão arterial antes, durante e após o uso de trombolítico Administrar rtPA EV (0,9mg/kg, no máximo 90mg), com 10% da dose total em bolus inicial, seguido da infusão do restante em 60 minutos. A diluição do rtPA é de 1mg/ml (o diluente vem junto da apresentação). Deve-se utilizar vasos da extremidade superior e não correr em Y com nenhuma outra medicação. Controle da pressão arterial antes, durante e após o uso de trombolítico Suspeita de sangramento Piora do deficit neurológico ou do nível de consciência, cefaleia súbita, náuseas ou vômitos Se for durante a infusão, descontinuar rtPA TC de crânio urgente, colher HT, HB, TP, TTPA, plaquetas, fibrinogênio Se houver hematoma na TC de crânio è avaliação neurocirúrgica O sangramento pode ser atribuído ao rtPA se ocorrer em 24 a 36 horas Outros locais de sangramento deve-se tentar compressão mecânica. Em alguns casos de sangramentos importantes, descontinuar o rtPA Tipos de transformação hemorrágica Tratamento das complicações hemorrágicas O sangramento cerebral que se correlaciona com sintomas é o hematoma tipo 2 (e, eventualmente, o tipo 1) Se o fibrinogênio estiver baixo: crioprecipitado 6-8U EV (1 unidade aumenta o fibrinogênio em 5 a 10mg/dL – alvo: fibrinogênio sérico >100mg/dL) Plasma fresco congelado: 2 a 6U (se não houver crioprecipitado disponível) Se o nível de plaquetas estiver baixo: administrar 6 a 8U de plaquetas Concentrado de hemácias: manter hemoglobina > 10mg% Atendimento de Pacientes com Infarto Agudo Extenso da Artéria Cerebral Média e Indicação de Craniotomia Descompressiva Critérios de inclusão Evidência clínica de infarto da ACM (artéria cerebral média) Idade ≤ 60 anos (relativo). Evidência tomográfica de infarto agudo extenso da ACM (artéria cerebral média) (≥ 50% do território): Piora do NIH em relação à admissão ou história de deterioração neurológica desde o início dos sintomas. Critérios de exclusão Doenças incapacitantes prévias (musculoesqueléticas, neurológicas ou clínicas) Sinais de deterioração neurológica grave no momento da indicação da cirurgia (uma ou ambas as pupilas com midríase ou arreativas, sinais de decerebração ou decorticação) Complicações clínicas graves Doença terminal Distúrbio de coagulação Indisponibilidade de leito em UTI Instabilidade hemodinâmica no momento da indicação da cirurgia Atendimento de Pacientes com Infarto Agudo Extenso da Artéria Cerebral Média e Indicação de Craniotomia Descompressiva Anticoagulação com heparina Diluir 7500U de heparina em 150ml de Soro Glicosado 5% e correr em bomba de infusão contínua Aferir Tempo de Tromboplastina Parcial Ativa (TTPA) de 6h/6hr até 2 medidas estáveis consecutivas; então, aferir de 24 em 24 horas Atingindo-se o nível do TTPA com o uso de Heparina não Fracionada (HNF), introduz-se a warfarina na dose de 5mg Quando o valor do Razão Normalizada Internacional (RNI) estiver entre 2 e 3 (ideal 2,5), suspende-se a bomba de infusão de heparina e mantém-se a anticoagulação com warfarina Realizam-se controles periódicos em nível ambulatorial, com intervalos de, no máximo, 3 meses (idealmente mensais). O mesmo esquema pode ser realizado substituindo-se a heparina não fracionada pela heparina de baixo peso molecular (enoxaparina) Este esquema pode ser usado em pacientes com menos de 75 anos de idade, 30mg EV em bolus seguidas por 1,0mg/kg SC a cada 12 horas Para pacientes com mais de 75 anos, não utilizar o bolus inicial e reduzir a dose para 0,75mg/kg SC a cada 12 horas Caso o clearance da creatinina estimado seja menor que 30ml/min, utilizar a dose de 1,0mg/kg a cada 24 horas. Anticoagulação com heparina Anticoagulação com heparina Anticoagulação Ambulatorial com Varfarina (Antagonista da Vitamina K – AVK) Monitoramento do tratamento Deverá ser realizado por INR, obtido com a dosagem do tempo de protrombina. O INR deverá ser mantido dentro da faixa terapêutica entre 2 e 3 Manejo dos pacientes com INR dentro do alvo terapêutico Pacientes com INR no alvo terapêutico e sem necessidade de ajustes de dose nos últimos seis meses poderão realizar controle de INR a cada 12 semanas Pacientes com INR no alvo terapêutico e dose estável de Antagonistas de Vitamina K (AVK) há menos de seis meses poderão realizar controle de INR a cada 4-6 semanas Manejo dos pacientes com INR fora do alvo terapêutico Pacientes com histórico de diversas medidas de INR dentro do alvo com dose estável de Antagonistas de Vitamina K AVK apresentando medida alterada de INR deverão inicialmente repetir o exame para confirmação sem mudança na dose da medicação Anticoagulação Ambulatorial com Varfarina (Antagonista da Vitamina K – AVK) AVC- Hemorrágico AVC- SUBARACNOIDEO Aproximadamente 15% de todos os Acidentes Vasculares Cerebrais são hemorragias intracranianas. Pode ser difuso- Sangramento para o espaço subaracnóidea ou intraventricular. Causas: Aneurisma e malformações arteriovenosas. Hemorragia Subaracnoide Ocasionada pela ruptura de vasos na superfície ou nas proximidades do cérebro ou dos ventrículos. Sangramento predominante para o espaço do liquido cefalorraquidiano. Aneurismas Saculares Também conhecido como em baga, é equivalente a 80-90% de todos os aneurismas. São bolsas de paredes finas que fazemprotrusão das artérias do polígono de Willis. Os pacientes tendem a ter antecedentes familiares. Aneurisma fusiforme São dilatações alongadas das grandes artérias associadas a aterosclerose. Se desenvolvem tipicamente na artéria basilar, mais podem afetar as artérias carótida interna, cerebral média e anterior. Tipicamente, os aneurismas ectasicos da artéria basilar comprimem os nervos cranianos e causam dor facial (V), espasmo hemifacial (VII) e surdez com vertigem (VIII) Aneurismas Micóticos Êmbolos infectados, em geral originados numa valva cardíaca infectada. Se instalam e causam pequenas áreas de infarto ou de microabcessos. São múltiplos e se encontram distalmente Malformações Vasculares As malformações se baseiam em aspectos histológicos dos vasos e no parênquima. O MAV é o tipo mais frequente e tem um centro displásico (ninho) artérias de alimentação e veias para drenagem. As malformações cavernosas, angiomas ou hemangiomas cavernosos, são compostos por canais sinusoidais de pequeno calibre. Manifestações Clínicas Cefaleia grave de desenvolvimento rápido, “PIOR DOR DE CABEÇA DA MINHA VIDA” Cefaleias sentinelas são frequentemente graves e podem estar acompanhada de náuseas e vômitos. Pressão Arterial elevada Temperatura geralmente aumentada Rigidez nucal, irritação meníngea e fotofobia Diagnóstico Após apresentação do quadro clínico e exame físico Tomografia computadorizada de crânio sem contraste pode diagnosticar Quando a TC for negativa e houver forte suspeita, coleta de liquido cefalorraquidiano A realização da angio-tomografia computadorizada permite a localização do aneurisma e o planejamento terapêutico. PADRÃO –OURO : ANGIOGRAFIA CEREBRAL DIGITAL Escalas de avaliação Clinica e Tomográficas Tabela 159.4. Escala de Fisher Modificada. Grau 0 Sem hemorragia subaracnóidea, sem hemorragia intraventricular Grau 1 Hemorragia subaracnóidea focal ou difusa fina, sem hemorragia intraventricular Grau 2 Hemorragia subaracnóidea focal ou difusa fina, com hemorragia intraventricular Grau 3 Hemorragia subaracnóidea focal ou difusa espessa, sem hemorragia intraventricular Grau 4 Hemorragia subaracnóidea focal ou difusa espessa, como hemorragia intraventricular Tabela 159.1. Escala de Hunt e Hess. I Assintomático, cefaleia leve, mínima rigidez de nuca II Cefaleia moderada a grave, rigidez de nuca, sem dŽficits focais III Confusão mental, letargia e/ou sinais focais leves IV Estupor e/ou hemiparesia, distúrbios vegetativos V Coma profundo, descerebração, moribundo Exemplos de diferentes graus de hemorragia subaracnóidea. (A) Paciente com sangramento difuso que não representa coagulo homogêneo ou hemorragia subaracnóidea focal ou difusa fina, sem hemorragia intraventricular (Grupo 2 da escala original de Fisher ou grau 1 da escala de Fisher modificada). (B) Paciente com coágulos intraventriculares com a presença de apenas sangue difuso não espesso nas cisternas da base ou hemorragia subaracnóidea focal ou difusa fina, com hemorragia intraventricular (Grupo 4 da escala original de Fisher ou grau 2 da escala de Fisher modificada). (C) Paciente com hemorragia subaracnóidea focal ou difusa espessa (Grupo 3 da escala original de Fisher ou grau 3 da escala de Fisher modificada). (D) Paciente com hemorragia subaracnóidea focal ou difusa espessa, com hemorragia intraventricular (Grupo 3 da escala original de Fisher ou grau 4 da escala de Fisher modificada. 70 Hemorragia Intracerebral Primária Ocorre como consequência da hipertensão crônica malcontrolada Malformação vascular rota ou angiopatia amiloide pode ser uma causa Abuso de drogas – Diátese Hemorrágica É uma grande área de confluente de sangue que coagula. O fator de risco mais importante é a hipertensão arterial Hemorragia Intracerebral Primária Encefalopatia Hipertensiva Hipertensão maligna associada a anormalidades no sistema nervoso central. A hipertensão maligna é definida como uma pressão diastólica maiores de 130 mgHg e pressão sistólica excedendo 200 mmHg. É uma hipertensão grave de rápida evolução associada a cefaleia, náuseas, vômitos distúrbios visuais, crises convulsivas, confusão, estorpor e coma. Fisiopatologia É pouco esclarecida Observa-se achados patológicos de púrpura no cérebro, hemorragias retinianas, papiledema, lesões arteriolares fibrinoides dos glomérulos.. Necrose fibrinoides difusa e oclusão trombótica Manifestações Clínicas Os pacientes com hemorragias maciça no putamem ficam letárgicos ou comatosos com paresia contralateral, Hemionopsia e paresia do olhar. Hemorragias cerebelares possui a cefaleia occipital como primeiro sintoma. Os achados habituais são marcha instável, ataxia, náuseas e vômitos. Podem estar presentes várias anormalidades dos movimentos oculares. Manifestações Clínicas Cefaleia grave Náuseas Vómitos Confusão Estupor Crises convulsivas Alterações retinianas Papiledema Manifestações Clínicas Cefaleia grave Náuseas Vómitos Confusão Estupor Crises convulsivas Alterações retinianas Papiledema Diagnóstico Pode ser feito por meio da tomografia de crânio sem contraste. Existe a presença de área hiperdensa em núcleos da base, tálamo, cerebelo. Sangramentos lobares devem levantar hipótese de angiopatia amiloide. A ressonância magnética tem excelente sensibilidade e especificidade para hemorragia intraparenquimatosa. O volume do hematoma deve ser obtido no momento da realização da neuroimagem. Volume superior a 30mL tem maior mortalidade e incapacidade funcional. Angio-TC de hemorragia lobar espontânea com presença de spot-sign Corte axial Tratamento do Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico Tratamento Clínico O tratamento clínico tem o objetivo de controlar a pressão arterial, complicações como crises convulsivas e infecções. Manter a pressão arterial média abaixo de 130 mmHg. Pacientes monitorados com pressão intracraniana (PIC) devem manter pressão de perfusão cerebral acima de 70 mmHg Diuréticos osmóticos são com manitol intravenoso a 20%, associados inicialmente a furosemida, nos casos com progressivo aumento da PIC ou deterioração clínica associada ao efeito de massa do hematoma Hiperventilação deve ser alternativa de emergência e por curto período, uma vez que a vasoconstrição prolongada pode aumentar o sofrimento cerebral e o edema O controle da temperatura e da prevenção de crises convulsivas está indicado nesses casos. Utilizando –se Diazepam intravenoso - 10 mg Em caso de eclampsia sulfato de magnésio- 4 gramas por via intramuscular a cada 4 horas Tratamento Cirúrgico Atualmente, a abordagem cirúrgica deve ser considerada: Nos hematomas cerebelares com mais de 3 cm de diâmetro, quando há sinais de deterioração neurológica, compressão do tronco cerebral ou hidrocefalia obstrutiva. A craniotomia com drenagem do hematoma é a medida de emergência a ser adotada. Nestes casos, a derivação ventricular externa isoladamente pode, inclusive, favorecer uma herniação ascendente, não sendo uma medida recomendada Nos hematomas lobares com mais de 30 ml, superficiais, com até 1 cm de distância da calota craniana. Nesta situação, a drenagem com craniotomia aberta é a técnica recomendada Nas hemorragias intraventriculares volumosas, com inundação do III e IV ventrículos, por causa dos riscos de hidrocefalia obstrutiva e consequente hipertensão intracraniana Escore Aspects O escore Aspects subdivide o território da Artéria Cerebral Media (ACM) em 10 regiões padronizadas avaliadas em 2 cortes da TC de crânio: na altura do tálamo e dos núcleos da base e o próximo corte logo acima dos núcleos da base Cada uma das áreas marcadas em vermelho com hipodensidade precoce na TC sem contraste diminui 1 ponto no escore Uma TC normal tem escore Aspects de 10 Um escore zero indica isquemia difusa em todo o território da artéria cerebral média Pacientes com escore Aspects ≤ 7 têm risco maior de transformação hemorrágica epior evolução neurológica P = circulação posterior C = caudado L = núcleo lentiforme IC = cápsula interna I = insula; MCA = artéria cerebral média M1 = córtex anterior da ACM M2 = córtex da ACM lateral à insula M3 = córtex posterior da ACM M4, M5 e M6 são territórios da ACM anterior, lateral e posterior imediatamente superiores a M1, M2 e M3, rostrais aos núcleos da base. Prevenção Secundária do AVC Antiagregação plaquetária AVCI ou AITs não cardioembólico: AAS 100 – 300mg/dia ou clopidogrel 75mg/dia (se houver intolerância ao AAS ou recorrência do AVC com fatores de risco controlados). Hipertensão Iniciar tratamento após a fase aguda. Pressão-alvo a ser atingida: 120/80mmHg. A primeira escolha é diurético ou a combinação de diurético e inibidor da enzima conversora de angiotensina (leca) Diabete Pacientes com diabete devem ter um controle rigoroso de pressão arterial (com Ieca ou com os bloqueadores do receptor da angiotensina) e lipídios(alvo de LDL < 70mg/dL). A glicemia deve ser normal ou próxima do normal (alvode hemoglobina glicosilada ≤ 7%). Lipídios Utilizar estatina em pacientes com AVCI ou AIT com hipercolesterolemia (alvo LDL < 100mg/dL). Em pacientes com alto risco vascular, o alvo é de LDL< 70mg/dl. Pacientes com AVCI ou AIT de origem presumivelmente aterotrombótica devem usar estatina, mesmo que apresentem o colesterol normal Pacientes com HDL baixo são candidatos a tratamento com niacina ou genfibrozil Prevenção Secundária do AVC Fibrilação atrial Para pacientes com AVC isquêmico ou AIT com fibrilação atrial persistente ou paroxística devem iniciar profilaxia com anticoagulação oral com ajuste da dose da warfarina (RNI entre 2 e 3 – alvo 2,5) Casos moderados podem ser iniciados em 5 a 7 dias e, quando a área infartada é extensa Em pacientes com contraindicação social à anticoagulação oral (dificuldade em aderir ao controle do RNI), a profilaxia deve ser feita com AAS 100 + clopidogrel 75mg/dia ou, atualmente, preferivelmente com os novos anticoagulantes orais (dabigatram 150mg 2x/dia ou rivaroxaban 20mg 1x/dia) Em pacientes com contraindicação à anticoagulação oral, devido a um maior risco de sangramento cerebral, é recomendado AAS (300mg/dia). Prevenção Secundária do AVC Referências Bibliográficas Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada. Manual de rotinas para atenção ao AVC. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. NETO, J. P. B.; TAKAYANGUI, O. M. Tratado de neurologia da Academia Brasileira de Neurologia. 1° edição. São Paulo: Elsevier, 2013. GOLDMAN, Lee; AUSIELLO, Dennis. Cecil Medicina Interna. 24. ed. SaundersElsevier, 2012. HARRISON'S Principles of Internal Medicine. 18 th ed, McGraw-Hill Medical Publishing Division, 2012. GOLDMAN, L & SCHAFER, A.I. (eds)
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