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PENAL ESPECIAL Renato Brasileiro

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1
PENAL ESPECIAL – Renato Brasileiro
10/02/2009
DOS CRIMES CONTRA A VIDA
 a vida é um direito absoluto? Não. Pode haver morte em caso de legítima defesa; em caso de guerra declarada (ex: traição - fuzilamento).
Podemos trabalhar com a vida intra-uterina e extra-uterina.
A vida intra-uterina tem início a partir da nidação (que é a fixação do óvulo no útero, que ocorre em regra, 14 dias após a fecundação).
 quando se passa da vida intra-uterina e se passa para a vida extra-uterina? A partir do início do parto (no parto normal se dá com a dilatação do colo do útero preparando-se para a expulsão do feto; enquanto que na cesariana tem início com o rompimento da membrana amniótica).
A vida intra-uterina é tutelada pelos artigos 124, 125, 126, que são os crimes de aborto. Já a vida extra-uterina é tutelada pelo homicídio, participação em suicídio e infanticídio.
 com 8 meses uma gestante realiza uma manobra abortiva. Ocorre que o feto é expelido vivo, e morre com 2 meses. Qual o crime em que a gestante responde? Por aborto, uma vez que deve ser analisado o dolo da gestante. Caso o feto tivesse ficado vivo, responderia por tentativa de aborto.
 e se o feto é expelido com vida, e a gestante pega uma faca e o mata? Responde por homicídio, tendo havido progressão criminosa, uma vez que inicialmente só queria o aborto, e não tendo êxito neste, pratica o homicídio. Neste caso há uma substituição do dolo de aborto pelo dolo de homicídio (animus necandi). Pelo princípio da consunção, o delito de tentativa de aborto será absorvido pelo delito de homicídio consumado. 
HOMICÍDIO 
SUJEITOS DO DELITO
O crime de homicídio é crime comum (pode ser praticado por qualquer pessoa).
 e a hipótese dos irmãos xifópagos (irmãos siameses)?
Homicídio praticado por um dos xifópagos: o gêmeo responsável pelo delito deve ser condenado, mas a pena fica suspensa até sua prescrição, ou até que o outro irmão pratique um delito.
Homicídio praticado contra um dos xifópagos: Se o agente quer matar apenas um dos irmãos, mas acaba produzindo a morte de ambos, na medida em que eles tem órgãos em comum, responderá por 2 crimes de homicídio em concurso formal impróprio.
Concurso material: o agente por meio de 2 ou mais ações ou omissões, o agente pratica 2 ou mais crimes. Neste caso, aplica-se o cúmulo material (soma das penas – art 69, CP). Há o concurso material homogêneo, onde os delitos são semelhantes (ex: 2 homicídios); e o concurso material heterogêneo, onde os crimes são diferentes (ex: homicídio e estupro).
Concurso formal: o agente, mediante uma ação ou omissão, pratica 2 ou mais crimes. No caso de crimes de roubo praticados no interior de um ônibus, trata-se de uma única ação, desdobrada em vários atos.
Há o concurso formal próprio que está previsto no art 70, caput, 1ª parte; onde utiliza-se a exasperação da pena (1/6 a 1/2).
Por outro lado, há o concurso formal impróprio, quando se tem vontade de praticar cada um dos delitos, porém o faz mediante uma só ação ou omissão. Neste caso, as penas são somadas (art 70, caput, 2ª parte).
Crime continuado (art 71, CP): é uma ficção jurídica criada em favor do acusado. Os requisitos são: a) 2 ou mais ações ou omissões; b) praticar 2 ou mais crimes da mesma espécie; c) homogeneidade de circunstâncias de tempo, lugar, modus operante, etc. qual o intervalo máximo entre um crime e o outro? A jurisprudência aponta cerca de 30 dias.
 é possível crime continuado entre tipo simples (furto) e tipo derivado (furto qualificado)? Sim, basta que sejam do mesmo tipo penal (155, CP).
O critério do crime continuado é a exasperação da pena de 1/6 a 2/3.
 é possível continuidade delitivo em crimes contra a vida? Sim. A súmula 605 está ultrapassada diante da nova redação do § único do art 71.
“Súmula 605 - NÃO SE ADMITE CONTINUIDADE DELITIVA NOS CRIMES CONTRA A VIDA.”
“Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)”
 e se a esposa do lula o mata? Quando o sujeito passivo do delito de homicídio for o presidente da república, do senado federal, da câmara dos deputados, e do STF, e desde que o crime tenha sido praticado por motivos políticos, responde o agente pelo crime do art 29, da lei 7170/83.
“Art. 26 - Caluniar ou difamar o Presidente da República, o do Senado Federal, o da Câmara dos Deputados ou o do Supremo Tribunal Federal, imputando-lhes fato definido como crime ou fato ofensivo à reputação. Pena: reclusão, de 1 a 4 anos. Art. 29 - Matar qualquer das autoridades referidas no art. 26. Pena: reclusão, de 15 a 30 anos.”
 e se alguém tenta matar um cadáver? Crime impossível pela “absoluta impropriedade do objeto”.
O crime de homicídio é um crime material (que é aquele delito cujo resultado está inserido no tipo penal).
 como se prova a materialidade do crime de homicídio? Crime material que deixa vestígios deve ter sua materialidade provada mediante exame de corpo de delito. Porém, quando desaparecerem os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir a ausência do exame de corpo de delito direto. Logo, é possível a condenação de alguém por homicídio sem o cadáver (irmãos naves).
“Art. 158.  Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. Art. 167.  Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.”
Se um crime material deixou vestígios, a materialidade deste delito deverá ser comprovada por um exame de corpo de delito direto (regra).
Exceções:
1 – lei dos juizados especiais criminais, onde basta um simples boletim médico.
2 – lei Maria da penha, bastando um simples boletim médico.
3 – laudo preliminar de constatação, o qual deve ser confirmado posteriormente (lei de drogas – para efeitos de flagrante).
“§ 1o  Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e estabelecimento da materialidade do delito, é suficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade da droga, firmado por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea.”
Tipo subjetivo
É o dolo, que é composto por consciência e vontade. “Dolo é a consciência e vontade de praticar fato definido como infração penal”. O homicídio admite o dolo direto e o dolo eventual.
Dolo direito de 1º grau: trata-se do fim diretamente desejado pelo agente. Ex: inimigo preso que quero matar e jogo uma bomba em sua cela. 
Dolo direito de 2º grau (ou dolo de conseqüências necessárias): o resultado é desejado como conseqüência necessária do meio escolhido. Ex: morte dos demais companheiros de cela de meu inimigo.
Dolo eventual: o agente prevê a superveniência do resultado, assumindo o risco de produzi-lo.
Culpa: é a inobservância do dever objetivo de cuidado, causadora de um resultado não desejado, mas objetivamente previsível. A imprudência é culpa em sua forma comissiva; negligência é a culpa em sua forma omissiva; imperícia é a falta de aptidão técnica no exercício de arte, profissão ou ofício.
 jogando futebol e um sujeito diz que sabe o que fazer com o contundido, mas faz algo que o outro perde o pé. Qual modalidade de culpa? Imprudência, pois ele não é médico.
 motorista pega o celular e responde. Há conduta culposa? Não, não existe crime culposo sem resultado.
Consumação: consuma-se o delito de homicídio com o diagnóstico de morte encefálica (art 3º, da lei 9434/97).
“Art. 3º A retirada post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano destinados a transplante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefálica, constatada e registrada por dois médicos não participantesdas equipes de remoção e transplante, mediante a utilização de critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina.”
Tentativa: o elemento subjetivo do delito de tentativa de homicídio, para que possa ser diferenciado do elemento do crime de lesões corporais, deve ser comprovado a partir dos dados objetivos do caso concreto.
HOMICÍDIO SIMPLES: está no 121 caput.
“Art 121. Matar alguem:”
O homicídio simples será considerado hediondo quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente. Ocorre que na prática isso nunca acontece, uma vez que dificilmente um homicídio desse não seria qualificado. Ex: grupo que mata mendigos. Pelo princípio da especialidade, será homicídio qualificado.
Outro problema é saber quantas pessoas são necessárias para que haja um “grupo”? (3 correntes)
1ª corrente: 2 pessoas.
2ª corrente: 3 pessoas.
3ª corrente: 4 pessoas (prevalece, usando-se o conceito da quadrilha ou bando).
Neste homicídio exige-se impessoalidade, isto é, o homicídio é indeterminado ou impessoal em relação à vítima. A vítima simplesmente pertence a determinado grupo, classe social, racial...
 quem decide se configura-se esse homicídio (juiz ou jurados)? O juiz presidente, não devendo ser apresentado quesito específico aos jurados. É matéria referente a aplicação da pena.
GENOCÍDIO (lei 2889/56)
 o genocídio é crime contra a vida? Não, o bem jurídico tutelado pelo crime de genocídio é a existência de grupo racial, étnico, nacional ou religioso. Ex: exterminar grupo indígena.
Cuidado: a morte é apenas uma das formas de se praticar o genocídio, podendo, por exemplo, dar anticoncepcional para as índias, o que permite que aos poucos vá exterminando o grupo indígena (impedir nascimento). Pode-se também causar lesão grave ao grupo, transferência forçada para outros grupos, entre outras hipóteses.
 e se o agente começa a matar uma índia por dia, afim de acabar com o grupo? Caso o agente mate 10 índios com homogeneidade de circunstâncias, deverá responder pelos 10 crimes de homicídio (em continuidade delitiva), em concurso formal impróprio com o delito de genocídio. Não é possível a aplicação do princípio da consunção, na medida em que os bens jurídicos são distintos.
Competência criminal para julgar genocídio contra índios: em regra, crime cometido por ou contra índio é de competência da justiça estadual (140, STJ). Porém, caso o delito envolva “direitos indígenas” (art 231, CF), a competência será da justiça federal. Neste caso, o delito de genocídio deve ser julgado por um juiz singular federal, pois não se trata de crime doloso contra a vida. No entanto, caso o genocídio seja praticado mediante morte de membros do grupo, os homicídios deverão ser julgados por um tribunal do júri federal, que exercerá força atrativa em relação ao crime conexo de genocídio (STF RE 351487). 
“Súmula: 140 - COMPETE A JUSTIÇA COMUM ESTADUAL PROCESSAR E JULGAR CRIME EM QUE O INDIGENA FIGURE COMO AUTOR OU VITIMA.”
“Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.”
HOMICÍDIO PRIVILEGIADO
 a utilização desta expressão está correta (homicídio privilegiado)? Não. Tecnicamente é caso de homicídio com causa de diminuição de pena de 1/6 a 1/3. As qualificadoras e privilégios trazem um novo mínimo e novo máximo (não um percentual de aumento e diminuição).
 é possível homicídio privilegiado qualificado? Sim, desde que a qualificadora tenha natureza objetiva. Este não é considerado hediondo, pois a circunstância subjetiva prepondera sobre a objetiva (analogia ao art 67, CP).
 é correta a nomenclatura homicídio privilegiado qualificado? Não, o correto é homicídio qualificado privilegiado, pois no sistema trifásico de aplicação da pena, a qualificadora (mínimo e máximo antes das circunstancias judiciais) incide antes da causa de diminuição (3ª fase).
Porém, no júri, o quesito relativo ao privilégio antecede o quesito relativo às qualificadoras. Por este, o correto seria homicídio privilegiado qualificado.
Espécies 
1 - Relevante valor moral: é o valor que atende aos interesses do próprio cidadão. Ex: eutanásia (está na exposição de motivos do CP).
2 – relevante valor social: é o valor que atende aos interesses de toda a coletividade. Ex: matar um traidor da pátria; matar traficante de drogas que está deixando a cidadezinha inteira viciada.
3 – sob o “domínio” de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima: ex: sujeito mexe com sua namorada, te da um tapa na cara; em seguida você vai em casa, busca a arma, e em minutos mata o sujeito.
Logo em seguida: enquanto houver o domínio de violenta emoção, qualquer reação será imediata (logo em seguida). 
Cuidado: se for sob a “influência”, haverá mera atenuante, não havendo privilégio.
Elementares x circunstâncias (diferença)
Elementares: são dados essenciais da figura típica, cuja ausência pode gerar uma atipicidade absoluta (não será crime) ou relativa (desclassifica para outro crime).
Circunstâncias: são dados periféricos que gravitam ao redor da figura típica. Podem aumentar aumentar ou diminuir a pena, mas não interferem no crime.
Ex: funcionário público no art 312, CP (peculato) é elementar; Ex2: estado puerperal é elementar do infanticídio; Ex3: os privilégios do homicídio são circunstâncias.
Art 30, CP – conclusões:
“Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.”
- elementares se comunicam ao terceiro, desde que dela tenha consciência.
- circunstancias e condições de caráter pessoal não se comunicam.
- circunstancias de caráter objetivo se comunicam ao terceiro, desde que dela tenha consciência.
 particular responde pelo crime de peculato? Sim, desde que em concurso de pessoas e tenha consciência (ser funcionário público é elementar).
 marido que auxilia a parturiente que está sob a influencia do estado puerperal a matar o recém nascido? “Sob a influencia do estado puerperal” é uma elementar do crime de infanticídio, e portanto, comunica ao terceiro que auxilia a gestante, desde que tenha consciência quanto à elementar.
 a diminuição de pena do homicídio privilegiado é obrigatória ou facultativa? Uma vez reconhecido o privilégio pelos jurados, a diminuição de pena se torna obrigatória, limitando-se a discricionariedade do juiz ao quantum de diminuição de pena.
“§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.” 
HOMICÍDIO QUALIFICADO – próxima aula
Penal especial – 27/02/2009
HOMICÍDIO QUALIFICADO
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe:
Motivo torpe: é aquele que causa repugnância, causa desprezo.
Outro motivo torpe: isto é o que se chama interpretação analógica.
 Qual a diferença entre analogia e interpretação analógica?
A analogia é um método de integração (estes métodos servem basicamente para suprir lacunas). Na analogia aplica-se dispositivo legal para um caso concreto não regulado em lei. Em direito penal só se admite analogia in bonam partem. Ex: é permitido aborto em caso de AVP, sendo que a lei diz “estupro” (128, II, CP).
Já a interpretação analógica é. Trata-se de uma fórmula casuística, exemplificativa, seguida de uma formula genérica. No caso do “outro motivo torpe”, tudo que for tão repugnante, tão desprezível quanto o motivo torpe, se enquadrará na qualificadora. A interpretação analógica pode ser utilizada em direito penal, sendo inclusive muito comum. Há exemplos nos incisos I, III e IV.
Paga ou promessa de recompensa: para a corrente majoritária, essa promessa de recompensa deve ter caráter econômico. Alguns doutrinadores chamam de homicídio pormandato remunerado ou homicídio mercenário.
 e se essa promessa de recompensa não for efetivada? Mesmo assim o homicídio será qualificado. O que se deve levar em conta é a sua motivação (ter matado pelo dinheiro).
 a qualificadora é aplicada apenas ao executor ou também ao mandante? Para a doutrina (Rogério Greco), como o inciso I é uma circunstância de caráter pessoal, só se aplica ao executor. No HC 71582, STF, que é muito antigo, o supremo decidiu que a qualificadora se aplica ao mandante e ao executor (na decisão o STF disse que a qualificadora era uma elementar - errado).
II - por motivo fútil: aqui não há interpretação analógica.
Motivo fútil significa insignificante, sem importância. Ex: briga de transito, por 2 reais.
 a ausência de motivos qualifica o delito de homicídio? Prevalece que se o motivo fútil qualifica, o que dizer a ausência de motivos.
 o ciúme é motivo fútil? Há divergências.
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum. Aqui novamente há interpretação analógica.
Emprego de veneno (ou venefício): para que o delito seja qualificado pelo emprego de veneno, a vítima não pode saber que está sendo envenenada, devendo o veneno ser utilizado de forma dissimulada (sem que a vítima perceba). Porém, se o agente faz a vítima tomar o veneno, ela vê que está sendo envenenada, aplica-se a qualificadora do meio cruel. (ver fogo)
Homicídio qualificado pela tortura (121, § 2º, III) x tortura seguida de morte (art 1º, § 3º, 2ª parte, lei 9455): no homicídio sempre deve haver o animus necandi (vontade de causar a morte, e a tortura é o meio empregado); já na tortura, o dolo é de torturar, mas culposamente o agente mata (crime preterdoloso).
 e se o agente após torturar, obtendo a confissão, mata o agente dolosamente? Responderá pela tortura e homicídio (concurso material ou formal impróprio – adotar um entendimento). Porém, o homicídio não será qualificado pela tortura, mas poderá ser qualificado pelo inciso V (garantir a ocultação de outro crime).
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido:
Quando o tiro for efetuado “pelas costas” qualifica o homicídio; mas o simples tiro “nas costas”, por si só, não qualifica o homicídio (pode ter tido oportunidade de se defender).
 e o homicídio contra um idoso ou deficiente? A idade avançada ou eventual deficiência da vítima, não são recursos procurados pelo agente, mas sim, características inerentes à própria vítima. Portanto, isoladamente (por si só) não qualificam o delito de homicídio.
 homicídio premeditado será qualificado? Não, a premeditação por si só não qualifica o delito de homicídio.
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime
Homicídio duplamente qualificado: tecnicamente esta expressão é incorreta. Na verdade só será qualificado por um motivo, devendo as demais qualificadoras ser levadas em consideração na análise das circunstancias judiciais (prevalece). Há doutrinadores sustentando que serão consideradas como agravantes.
HOMICÍDIO CULPOSO (121, § 3º)
Cuidado, pois se o delito for praticado na direção de veículo automotor, enquadra-se no art 302, CTB.
 e se for bicicleta motorizada? (comum em cidades pequenas) se for acima de 50 cilindradas será veículo automotor (CTB), o que a bicicleta provavelmente não tem.
 e no caso do pai que esqueceu o filho no carro e morreu trancado? Homicídio do CP.
No CP a pena é de 1 a 3 anos; no CTB de 2 a 4 anos. na prática qual a diferença que isso irá trazer? No do CP será possível a suspensão condicional do processo (art 89, 9099/95), enquanto no CTB, não (pelo menos em tese). qual a justificativa? será que é possível aplicar a pena do CP ao CTB? A título de princípio da isonomia, não é possível que o julgador aplique a pena do homicídio culposo do CP ao do CTB (violaria o princípio da separação dos poderes – judiciário legislando). O que justifica a pena mais grave do CTB é o desvalor da conduta.
Para todo e qualquer delito é sempre importante analisar o desvalor da conduta e o desvalor do resultado. Um bom exemplo é o homicídio privilegiado (6 a 20; - 1/6 a 1/3) e qualificado (12 a 30 anos), pois em ambos o resultado (desvalor) é o mesmo. Assim, neste caso, o que faz a diferença é o desvalor da conduta (matou por dinheiro, por ex). O mesmo ocorre no caso do homicídio culposo do CTB, conforme justifica a jurisprudência.
Perdão judicial: tem natureza jurídica de causa extintiva da punibilidade (107, IX, CP). é possível analogia nas hipóteses de perdão judicial? Não, pois a lei só admite perdão judicial nos casos previstos em lei. Ocorre que, o § 5º, do art 121, foi criado para abranger os homicídios culposos para veículo automotor, que posteriormente passou a ser regulado por lei especial (CTB). Não há perdão judicial no CTB. Havia um dispositivo do CTB prevendo o perdão judicial que foi vetado, e nas razões do veto, o presidente justificou que vetou pois já estava previsto no CP. Logo, o perdão judicial também se aplica nos homicídios culposos do CTB.
“IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.”
O Perdão judicial é Instituto pelo qual o juiz, não obstante a prática de um injusto penal por um agente culpável, deixa de lhe aplicar a pena, nas hipóteses taxativamente previstas em lei.
Natureza jurídica da sentença concessiva do perdão judicial: trata-se de decisão declaratória da extinção da punibilidade (18, STJ).
“Súmula: 18 - A SENTENÇA CONCESSIVA DO PERDÃO JUDICIAL E DECLARATORIA DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE, NÃO SUBSISTINDO QUALQUER EFEITO CONDENATORIO.” 
Como não é condenatória, a decisão que concede o perdão judicial não pode ser executada (liquidada) no cível para a reparação do dano (redação final da súmula).
 qual o momento para a concessão do perdão judicial?
1ª corrente: O perdão judicial pressupõe o reconhecimento de uma conduta típica, ilícita e culpável. Portanto, só pode ser concedido ao final do processo, sob pena de violação ao princípio da presunção de inocência (pois caso conceda no início, estaria partindo da presunção que o réu é culpado) (prevalece - é majoritária principalmente na doutrina de direito penal). 
2ª corrente: o interesse de agir, que é uma condição da ação, é composto por necessidade, adequação e utilidade (qual seria a utilidade de se levar adiante um processo referente a um caso concreto no qual estivesse patente uma hipótese de perdão judicial?). Esta posição é majoritária na doutrina de processo penal.
HOMICÍDIO CULPOSO QUALIFICADO
“§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)”
Há causa de aumento de 1/3 quando (o correto é homicídio culposo majorado; e não qualificado):
1 - Inobservância de regra técnica de arte, profissão ou ofício.
 qual a diferença entre a hipótese 1 e a imperícia?
A imperícia é a falta de aptidão técnica; já na hipótese 1 o agente tem o conhecimento técnico, mas não o observa no caso concreto (é como se fosse uma negligência agravada). Ex: médico cirurgião que não faz a assepsia do material (mas sabe que devia fazer).
2 - Deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do ato, ou foge para evitar a prisão em flagrante.
Para a doutrina, esta majorante não se aplica em 3 hipóteses:
a) morte instantânea da vítima: chegou um caso deste no STF, e Gilmar Mendes sustentou que o autor do delito não é dotado de poderes advinhatórios, para prever se a vítima vai ou não, morrer; logo, mesmo assim incidirá a causa deaumento.
b) quando a vítima for socorrida por terceiros;
c) quando o agente se afasta do local por temor de represálias.
HOMICÍDIO DOLOSO MAJORADO praticado contra MENOR DE 14 anos e MAIOR DE 60 anos: haverá aumento de pena de 1/3.
 como se prova a idade de alguém? Nos termos da lei civil (certidão de nascimento, carteira de identidade, certidão de batismo); mas não se admite prova testemunhal para provar a idade.
Pelo fato de o CP adotar a teoria da atividade (4º, CP), se a execução (ação) se dá em vítima com 13 anos, e o resultado morte se dá quando a vítima tem 15 anos, aplica-se a causa de aumento.
PARTICIPAÇÃO EM SUICÍDIO (ou AUTOQUIRIA; ou AUTOCÍDIO) (Art 122, CP)
“Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio - Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça: Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. Parágrafo único - A pena é duplicada: I - se o crime é praticado por motivo egoístico; II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.”
 a conduta do suicídio é típica? Não, nem mesmo a tentativa de suicídio. Há alguns países no oriente médio que a tentativa de suicídio é punida.
A tentativa de suicídio é licita? Apesar de ser atípica, é ilícita. Isto porque, pode-se usar violência para evitar um suicídio que não haverá crime (pois se não fosse ilícita, poderia haver constrangimento ilegal – 146, § 3º, II) “§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo: II - a coação exercida para impedir suicídio.”
Tipo objetivo 
Induzir: criar uma idéia até então inexistente.
Instigar: reforçar uma idéia pré-existente.
 livros publicados disseminando o suicídio em razão da crise financeira, por exemplo (induzir/instigar)? Não, pois a vítima precisa ser certa ou determinada.
Auxiliar: ajudar materialmente.
Obs: não é possível a intervenção em atos executórios de matar alguém, sob pena do agente responder pelo crime de homicídio.
 e se a vítima for menor de idade? Depende. A doutrina entende que se a vítima é menor de 14 anos, não terá discernimento para perceber que está se matando, respondendo por homicídio. Se tem entre 14 e 18 anos, responde pelo 122, § único, II, CP (pena duplicada); se a vítima tem mais de 18 anos, responde pelo 122, “caput”, CP.
“Parágrafo único - A pena é duplicada: I - se o crime é praticado por motivo egoístico; II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.”
O art 122, § único, II, CP diz que se a vítima tem “diminuída” sua capacidade de resistência, será participação de suicídio com pena duplicada; se a vítima tem “suprimida” sua capacidade de resistência (garrafa inteira de whisky), responderá por homicídio.
Consumação e tentativa (3 correntes)
1ª corrente: o crime consuma-se com o induzimento, a instigação ou o auxílio, ficando a punibilidade condicionada ao implemento do resultado morte ou lesão corporal grave, que funcionam como condição objetiva de punibilidade. Por esta corrente, não se admite a tentativa.
2ª corrente: induzimento, instigação e auxílio não configuram consumação, mas sim, execução do delito. Na verdade, o crime se consuma com o resultado morte ou lesão corporal grave (Mirabete - prevalece). Se ocorrer lesão leve ou não sofre nada, o fato será atípico. Logo, não se admite tentativa.
 o crime do art 122, com resultado lesão grave é exemplo de um crime material plurissubsistente, que não admite tentativa? Sim.
3ª corrente: induzimento, instigação e auxílio configuram execução do delito, que se consuma com a produção do resultado morte. Se ocorrer lesão corporal grave, estaremos diante de um crime tentado (tentativa sui generis). Se não houver resultado, o fato será atípico (Bittencourt).
“Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.”
Pacto de morte
Ex1: A abre a torneira e só ele morre. B que sobrevive responde pelo art 122.
Ex2: B abre a torneira e só o A morre. B responde por homicídio.
Ex3: A e B estão dentro, B abre a torneira; aparece o R e tira o A de lá, sendo que nenhum morre. B responde por homicídio tentado, pois praticou atos executórios, não consumando o delito por circunstancias alheias. A não responde pelo 122, pois não houve morte nem lesão grave.
INFANTICÍDIO (Art 123, CP)
“Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após: Pena - detenção, de dois a seis anos.”
Este delito, nada mais é que um delito de homicídio com elementos especializastes. Por isso, aplica-se o princípio da especialidade (conflito aparente de normas).
Elementos especializastes
1 – é o delito da parturiente (por isso, trata-se de crime próprio – qualidade especial do sujeito ativo).
2 – praticado contra o nascente ou neonato. É também crime próprio em relação ao sujeito passivo. Logo, temos um crime bi-próprio (ativo e passivo).
3 – elemento temporal: deve ser praticado “durante ou logo após o parto”.
4 – sob a “influência do estado puerperal”.
 o marido que auxilia a parturiente reponde por qual delito? “Sob a influencia do estado puerperal” é uma elementar do art 123, logo, comunica-se ao terceiro, desde que ele tenha consciência (30, CP).
Obs: o infanticídio somente é punido a título de dolo, direito ou eventual. Assim, ainda que todas as características acima se configurassem, se a conduta da parturiente for culposa, não haverá infanticídio. Porém, responderá por homicídio culposo. Ex: adormecer em cima do bebê estando em estado puerperal.
 e se a parturiente mata o bebê errado? É caso de erro sobre a pessoa, respondendo como se tivesse atingido a pessoa que pretendia atingir (infanticídio).
Neste crime não se aplica a agravante do art 61, II, “e”, sob pena de bis in idem, pois já está dentro do delito de infanticídio.
“e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;”
06/09/2009 – penal especial
ABORTO
Três teorias sobre o concurso de pessoas:
I) teoria pluralística – existem tantos crimes quanto forem os co-autores e partícipes. Um delito para cada um dos acusados.
II) teoria dualística – haveria dois crimes: 01 crime para os co-autores e outro para os partícipes.
III) teoria monística – independentemente do número de co-autores ou partícipes o delito permanece único e indivisível. 
O Código Penal adota a teoria monística (artigo 29, CP), mas cada um vai responder na medida de sua culpabilidade. A palavra culpabilidade aqui deve ser entendida como juízo de reprovação.
A adoção da teoria monística não é adotada de forma absoluta pelo CP, assim alguns dizem que há a teoria monística temperada. Exceções a teoria monística: 
 - artigo 124 e 126, ambos do CP.
 - artigo 317 e 333, ambos do CP.
 - artigo 342, parágrafo 1º, e 343, ambos do CP.
 - artigo 235, caput, e 235, parágrafo 1º, ambos do CP.
 - artigo 33 e 36, Lei 11343/06.
 - artigo 36 e 37, Lei 11343/06.
Diferenças entre crime comum, crime próprio e crime de mão própria.
O crime comum não exige qualidade especial do agente, ou seja, pode ser praticado por qualquer pessoa. O crime comum admite tanto a co-autoria quanto a participação. 
O crime próprio exige uma qualidade especial do agente, como por exemplo, o peculato em que há exigência do agente ser funcionário público. O crime próprio admite tanto a co-autoria quanto a participação.
O crime de mão própria também exige uma qualidade especial do agente. É aquele crime cuja execução não pode ser delegada. O falso testemunho é um exemplo de crime de mão própria. O crime de mão própria não admite co-autoria, porém, nada impede a participação (como por exemplo, um advogado que induz seu cliente a prestar falso testemunho). 
O artigo 124 é exemplo de um crime de mão própria enquanto que os artigos 125 e 126 são crimes comuns.
É perfeitamente possível o concurso de pessoas no art124, porém, somente na modalidade de participação.
 gestante grávida de 2 semanas e o marido sem saber da gravidez, da um chute na barriga? Reponde por lesão corporal qualificada pela violência doméstica, pois não houve dolo nem culpa quanto à gravidez. 
Conceito de aborto: “é a interrupção voluntária da gravidez, com a morte do produto da concepção, dentro ou fora do útero” (fora pois pode ser que o feto sobreviva e morre 3 semanas depois – logo, a morte do feto, não deve obrigatoriamente, se dar dento do útero).
Aborto de gêmeos
 há quantos crimes de aborto? Responde o agente por 2 abortos em concurso formal impróprio.
 Prática de esportes radicais da gestante grávida. Qual delito a gestante responde? Nada, pois todas modalidades de aborto só admitem na forma dolosa.
Figuras majoradas de aborto (127, CP): este dispositivo somente se aplica aos arts 125 e 126, CP (isto porque, o 124 trata do auto-aborto ou consentimento da gestante, e se esta vem a morrer ou sofrer lesão, não pode ser punida). O art 127 é uma hipótese de crime preterdoloso, uma vez que o resultado lesão grave ou morte deve ocorrer a título de culpa. Por outro lado, caso o agente atire contra a gestante, matando esta e seu feto, responderá por homicídio e aborto sem consentimento da gestante em concurso formal impróprio.
“Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.”
O médico responsável pala prática do aborto não consegue interromper a gravidez, mas a mulher acaba falecendo. qual o crime? Neste caso, o dolo do agente era em relação ao aborto, ficando este na forma tentada. Porém, o resultado morte da gestante que é atribuído a ele a título de culpa acaba ocorrendo (crime preterdoloso). Por isso, há 2 correntes.
1ª corrente: reponde por aborto provocado com o consentimento da gestante, com a causa de aumento de pena do art 127, em sua modalidade consumada. Porém, criticam esta corrente pois como se pode falar em crime consumado se o feto sobreviveu? (é parecido com a situação do latrocínio).
2ª: o crime de aborto foi tentado, porém, incidirá a causa de aumento do art 127. seria possível a tentativa em crime preterdoloso? Não se admite tentativa em crime preterdoloso, quando o que ficar frustrado for o resultado, atribuído ao agente a título de culpa. Porém, quando o que ficar frustrado for a conduta do agente, praticada a título doloso, será possível tentativa em crime preterdoloso.
Excludentes de ilicitude no crime de aborto
1 – aborto necessário (ou terapêutico – 128, I) – requisitos:
- risco de morte da gestante;
- inexistência de outro meio para salvá-la.
- deve ser praticado por médico.
 e se for praticado por enfermeira? Não incide a excludente de ilicitude do art 128, I, CP; porém, pode haver a excludente do estado de necessidade se preenchidos os requisitos.
 precisa de autorização judicial e autorização da gestante? Não é necessária autorização judicial, nem autorização da gestante. O médico pratica o aborto estando em estrito cumprimento de dever legal (146, § 3º, I, CP – não caracterizando constrangimento ilegal).
“§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo: I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente perigo de vida;”
2 - Aborto sentimental (ou humanitário; ou ético) – requisitos:
- praticado por médico;
- depende do consentimento da gestante, ou representante legal.
- a gravidez deve ser resultante de estupro, admitindo-se o AVP por analogia (para Rogério Greco, no caso de AVP exclui-se a culpabilidade).
Obs: não depende de autorização judicial.
Para a doutrina, deve o médico, dentro do possível, certificar-se da ocorrência do crime sexual.
3 – aborto eugênico (ou eugenésico): um exemplo comum é o caso de anencefalia. Este não faz parte do rol dos abortos permitidos no art 128, porém, há projeto de lei prevendo este aborto.
No caso da anencefalia, para a doutrina, o fato seria típico e ilícito, mas não seria culpável, em virtude da presença de uma causa excludente da culpabilidade (inexigibilidade de conduta diversa) (ver ADPF 54).
4 – aborto miserável (ou econômico-social): se dá no caso de incapacidade financeira. Há crime.
LESÃO CORPORAL (129, CP): o bem jurídico tutelado é a integridade corporal ou saúde de outrem.
 a sua integridade corporal é um bem disponível ou indisponível? A integridade corporal é sim um bem disponível, desde que a lesão corporal seja de natureza leve. Ex: pircem. Ex2: autorizar cortar a perna não é possível.
Consentimento do ofendido
Natureza jurídica: em regra, o consentimento funciona como uma causa supra legal excludente de ilicitude. Porém, quando o dissentimento estiver inserido no tipo penal, afastará a tipicidade (no estupro, invasão de domicílio).
Requisitos
- o consentimento deve ser prévio ou concomitante à ação;
- o consentimento deve ser dado por pessoa capaz;
- deve recair dobre bem disponível.
Obs: no consentimento, às vezes pode haver erro de tipo, dependendo do caso concreto, uma vez que muitas vezes que a mulher diz “não” (estupro), no fundo pode significar um sim.
Auto-lesão: como regra não configura crime. Porém, se cometer auto-lesão para receber seguro responderá pelo art 171, § 2º, V, CP.
“Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro - V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as conseqüências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro;”
Art 184, CPM – é crime se auto-lesionar para não servir ao exército.
“Art. 184. Criar ou simular incapacidade física, que inabilite o convocado para o serviço militar:”
Cirurgia transexual (o médico responde por lesão corporal): há vários posicionamentos. Alguns (1ª) dizem que não haveria crime por ausência de dolo do médico. Para outros (2ª), o médico age em estrito cumprimento de dever legal. Outros (3ª) ainda sustentam que, como esse médico, através de sua conduta, cria um risco permitido e tolerável pela sociedade, sua conduta seria atípica (teoria da imputação objetiva).
O mesmo raciocínio da 3ª corrente, ocorre no casos das lesões desportivas, que seriam exercício regular de um direito, se dentro das regras do esporte.
Tipo objetivo
 Corte de cabelo; tapa na cara; jogar água na cara da pessoa?
Dependendo do dolo do agente pode haver injúria real (intenção de ofender sua dignidade ou decoro) 
“§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:” 
Para que haja lesão corporal, não há necessidade de dor, nem de efusão de sangue.
 é possível tentativa no crime de lesão corporal? Sim.
Tentativa de vitriolagem (Nelson Hungria): ex: prostituta joga ácido contra o rosto de uma pessoa. Se a prostituta não acerta, configura tentativa de lesão corporal grave (se acerta se consuma).
No art 129, “caput” há a lesão corporal leve, que é aferida por exclusão (quando não for grave nem gravíssima).
De acordo com o art 88, da lei 9099, a “lesão leve” é de ação penal pública condicionada à representação. De acordo com o art 41 da lei Maria da penha, não se aplica a lei 9099. Logo, se a lesão leve envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, a ação penal será pública incondicionada (cai).
LESÃO CORPORAL GRAVE (129, § 1º, CP)
“§ 1º Se resulta: I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; II - perigo de vida; III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; IV - aceleração de parto: Pena - reclusão, de um a cinco anos.”
Crime qualificado pelo resultado: enquanto no crime preterdoloso se tem dolo na conduta e culpa no resultado, no crime qualificada pelo resultado, esse “resultado” pode ser sido produzido tanto a título doloso, quanto culposo.Logo, o crime preterdoloso é uma espécie de crime doloso qualificado pelo resultado.
 no art 129, §1º, admite-se dolo ou culpa no resultado? 
Inciso I – dolo ou culpa.
Inciso II – perigo de vida: só admite culpa, pois se teve dolo, haverá tentativa de homicídio.
Inciso III – dolo ou culpa no resultado. Ex: pessoa fica parcialmente cega por um soco (culpa), ou facada no olho (dolo).
Inciso IV – aceleração de parto: só admite culpa, pois pelo contrário haveria tentativa de aborto.
Inciso I – incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias
 e se o ladrão o ladrão fica impedido de roubar; a prostituta?
Atividades ilícitas não estão abrangidas (ladrão). Já a prostituta pode ser vítima, pois apesar de imoral, sua profissão não é ilícita.
 criança impedida de ir ao parque? Também haverá lesão corporal grave.
Neste inciso será importante o exame complementar. Este exame deve ser de diagnóstico (atestar), e não de prognóstico (previsão).
 esse prazo de 30 dias é prazo penal ou processual penal? Há divergências, mas prevalece que é penal, pois é contado para a configuração de um crime.
 e se não for feito o exame complementar? Pode haver condenação sem este? A ausência deste exame complementar pode ser suprida por prova testemunhal (como no caso do exame de corpo de delito).
Inciso II – perigo de vida: de haver culpa no perigo de vida, pois se houver dolo, haverá tentativa de homicídio.
Transmissão “dolosa” do vírus da AIDS: configura o delito de tentativa de homicídio. Para MIRABETE seria lesão corporal gravíssima (enfermidade incurável).
 e se a transmissão ocorrer entre namorados (ex: namorado que é portador usa preservativo, mas este estoura)? Para a teoria da imputação objetiva, por mais que tenha havido a transmissão do vírus HIV, a conduta do agente produziu um risco permitido ou tolerado pela sociedade. Portanto, ao agente não pode ser imputado o resultado lesivo.
Art 129, § 2º, I, CP - essa incapacidade permanente é para o trabalho? A maioria da doutrina, essa incapacidade é para toda e qualquer atividade laborativa.
“§ 2° Se resulta: I - Incapacidade permanente para o trabalho; II - enfermidade incuravel; III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função; IV - deformidade permanente; V - aborto: Pena - reclusão, de dois a oito anos. Lesão corporal seguida de morte - § 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quís o resultado, nem assumiu o risco de produzí-lo: Pena - reclusão, de quatro a doze anos.”
Lesão corporal seguida de morte: art 129, § 3º.
06/04/2009 – penal especial
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMONIO
FURTO
1 - BEM JURÍDICO: o patrimônio. prevalece o entendimento de que o art 155 tutela a propriedade, a posse e a detenção (alguns dizem que somente a posse, a detenção...).
2 – SUJEITOS ATIVO E PASSIVO:
Sujeito ativo: crime comum.
 o proprietário do bem pode ser sujeito ativo do crime de furto?
Proprietário: não pode ser sujeito ativo do crime de furto, respondendo por furto de coisa comum (156, CP – 1ª corrente), que depende de representação. Porém, a 2ª corrente entende que responde por exercício arbitrário das própria razões (345 e 346, CP).
 o possuidor da coisa pode ser autor do crime de furto?
Possuidor: responde por apropriação indébita (é impossível haver subtração se já se tem a posse).
Estelionato x apropriação indébita: No estelionato exige-se o dolo “ab initio”; já na apropriação indébita o dolo é posterior à posse.
 funcionário público pode ser sujeito ativo do crime de furto? 
Funcionário público: se o agente se valer da facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário, responderá pelo crime de peculato furto (312, § 1º); caso contrário, responde pelo crime de furto.
 ladrão que rouba ladrão? É irrelevante qualquer consideração relativa à qualidade do sujeito passivo. Portanto, quem furta de um ladrão, responde normalmente pelo delito.
3 – TIPO OBJETIVO
 a subtração de um bem que tenha valor meramente sentimental é passível de furto (foto de filho falecido)? Sim.
Os bens podem ter:
- Valor de troca: valor economicamente apreciável. Em relação a estes aplica-se o princípio da insignificância.
- Valor de uso: valor sentimental da coisa. Neste caso, não se aplica o princípio da insignificância.
Princípio da insignificância (“de minimis non curat praetor” – judiciário tem coisas mais importantes) pressupostos (STF HC 84687):
a – mínima ofensividade da conduta do agente;
b – nenhuma periculosidade social da ação;
c – reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;
d – inexpressividade da lesão jurídica provocada.
Obs: portanto, para os tribunais não há falar em aplicação deste princípio ao 1) reincidente (STJ RHC 24326) e também na hipóteses de 2) furto qualificado (STF HC 94765).
O princípio da insignificância exclui a tipicidade material.
Administração: não se aplica o princípio da insignificância aos crimes contra a administração pública, pois nestes crimes o que está em jogo não é o valor da coisa, mas a violação ao dever de honestidade, moralidade, probidade (posição tradicional). Porém, para o STF é possível a aplicação do princípio da insignificância ao crime de “peculato” (no caso, um militar do exercito que ocupava uma casa do governo levou embora um fogão avaliado em 400 reais, quando desocupou a casa). Para o professor, a justificativa é que há outras medidas contra o funcionário nos demais ramos do direito (administrativo (demissão, suspensão), civil). Ademais, se não fosse aplicado, uma mera folha de papel ensejaria o crime de peculato.
Princípio da insignificância x porte de drogas em organização militar (290, CPM) - atenção para o HC 94685 (5 x 1 contrários à aplicação do referido princípio). Isto porque, antes, uma turma do STF estava aplicando o princípio. Em razão disso, a matéria está sendo discutida no pleno no HC acima.
Princípio da insignificância x suspensão condicional do processo (89, lei 9099/95): é possível para todo e qualquer delito cuja pena mínima seja igual ou inferior a 1ano. A pena prevista para o furto simples é de 1 a 4 anos, cabendo, assim, a suspensão do processo. Imagine que o agente comete furto de 1 lata de leite. O MP oferece denúncia, porém, fazendo a proposta de suspensão, a qual é aceita pelo acusado e seu defensor. neste caso, o acusado pode impetrar um HC pedindo o trancamento do processo (está suspenso)? Para o STJ, não cabe HC, pois não há risco potencial à liberdade de locomoção. Já para o STF, o fato de o acusado ter aceito a suspensão condicional do processo, não impede a impetração de HC buscando o trancamento do processo em virtude do princípio da insignificância (para o STF o juiz já teria que ter rejeitado a denúncia (HC 88393)).
Princípio da insignificância x roubo: não é possível a aplicação do princípio da insignificância, pois trata-se de crime complexo (atinge além do patrimônio, a integridade física ou liberdade da pessoa).
Coisa móvel: é tudo que pode ser objeto de deslocamento, podendo ser transportado de um local para outro sem destruição (não confundir com direito civil).
Coisa alheia
“res nullius” (coisa sem dono): não pode ser objeto do crime de furto, pois não é coisa alheia.
“res derelictae” (coisa abandonada): a coisa abandonada não pode ser objeto do crime de furto. e se subtrai valores depositados em uma fonte? Pode configurar furto, pois os valores podem ter uma destinação, como por exemplo, uma igreja.
“res desperdictae” (coisa perdida): responde por apropriação de coisa achada (169, § único, II, CP – crime a prazo). Neste delito, não posso saber quem é o dono, pois haveria furto (vê o celular cair do bolso de quem perdeu). 
“II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de 15 (quinze) dias.”
Subtração de cadáver: se esse cadáver está em um cemitério (velório), trata-se de crime de subtração de cadáver, previsto no capítulo dos crimes contra o respeitoaos mortos (211, CP). Porém, se esse cadáver está, em uma faculdade, por exemplo, e há disponibilidade do corpo em virtude de testamento, trata-se de coisa móvel alheia, podendo ser objeto do crime de furto.
Furto famélico: é o furto praticado em estado de necessidade (24, CP). Não é admitido pelos tribunais (só se admite em raríssimas exceções, em razão do que está grifado abaixo). 
“Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.”
4 – TIPO SUBJETIVO: além do dolo, caracterizado pela vontade livre e consciente de subtrair, deve conter um elemento subjetivo especial, que é o “para si ou para outrem” (animo de se tornar dono).
Furto de uso: não é tipificado no CP, mas sim no CPM (241). Para a jurisprudência, apesar do furto de uso não ser tipificado, responde o agente pelo crime de furto caso a coisa não seja devolvida no local em que estava e no mesmo estado (ex: se o agente pega o carro para dar volta e é parado na blitz responde por furto; ex2: pegar bicicleta emprestada e devolve).
5 - CONSUMAÇÃO E TENTATIVA – 4 correntes quanto à consumação dos crimes de FURTO e de ROUBO:
1 – teoria da “contrectatio”: a consumação ocorre com o simples contato entre o agente e a coisa alheia.
2 - teoria da “amotio” ou “apprehensio”: consuma-se o delito quando a coisa passa para o poder do agente, dispensando-se posse mansa e pacífica. Ultimamente tem prevalecido nos tribunais superiores (antes só prevalecia para roubo, e a 3ª para furto) (STJ 931733).
3 – teoria da “ablatio”: consuma-se o delito quando a coisa, além de apreendida, entra na posse mansa e pacífica do agente, ainda que por curto espaço de tempo.
4 – teoria da “ilatio”: exige para a consumação, que a coisa seja levada ao local desejado pelo agente.
 prisão em flagrante e furto consumado são incompatíveis? Nas hipóteses de flagrante impróprio e presumido, é possível a caracterização do furto consumado (STF HC 92450).
Ex: se o agente é surpreendido no interior de um supermercado ocultando objetos (ex: no bolso), trata-se de atos preparatórios enquanto não passar pelo caixa (em relação aos atos executórios, adota-se a teoria objetivo-formal, onde o agente ingressa na fase executória quando da início à prática do verbo núcleo do tipo).
Ex2: após entrar em uma residência o agente é surpreendido antes de se apoderar de qualquer objeto. Responderá apenas só violação de domicílio (teoria objetivo-formal – não deu início ao verbo (subtrair)).
Caiu no MP: para alguns a competência do juizado é absoluta; para outros, é relativa (pois para estes, a absoluta é aquela que em hipótese alguma pode ser desrespeitada, e o juizado admite que seja remetido ao juízo comum em 2 casos). No concurso do MP, foi exigido que se alegasse nulidade por violação a essa competência em contra-razões.
Obs: destruição da coisa subtraída. Quando houver a destruição ou perda do bem subtraído, o delito de furto estará consumado. Ex: deixa a garrafa cair no supermercado; consome o objeto dentro do supermercado (mas nestes casos, deve-se esperar o sujeito passar no caixa, pois se pagar, não configura o crime). Ex2: quando está matando a vaca do fazendeiro para pegar as carnes, é surpreendido. Estará consumado.
Crime impossível – ex: seguranças, câmera, corta gasolina, rastreamento. Para a jurisprudência, a utilização de dispositivos de segurança não caracteriza crime impossível, pois a ineficácia do meio seria apenas relativa.
Obs: se a vítima não traz “nenhum” objeto em seu poder, trata-se de crime impossível por absoluta impropriedade do objeto (punguista no metro). Por outro lado, se o agente enfia a mão no bolso errado, trata-se de circunstancia acidental, respondendo então, por tentativa de furto.
6 – DISTINÇÃO
Subtração por arrebatamento x Trombada
Subtração por arrebatamento (corrente, relógio): a violência é dirigida contra a coisa, e não contra a pessoa, havendo, portanto, furto (há posição minoritária entendendo ser roubo).
Trombada: como a violência é dirigida contra a pessoa, teremos o crime de roubo.
Furto x receptação x favorecimento real
Responde o agente pelo crime de favorecimento real se sua conduta aderir à do agente “após” a subtração; se “antes”, responde como partícipe do delito de furto.
No favorecimento real é prestado o auxílio ao criminoso. Na receptação o agente age em “proveito próprio ou de terceiro” (terceiro - qualquer pessoa, exceto o criminoso).
Posse vigiada x posse desvigiada
Posse vigiada: neste caso, configura-se furto. ex: livro da biblioteca.
Posse desvigiada: configura apropriação indébita.
Venda fraudulenta de coisa subtraída: para a jurisprudência, a venda fraudulenta da coisa subtraída será absorvida pelo delito de furto, sendo considerada mero exaurimento do crime (princípio da consunção). Há na doutrina quem entenda que se trata de bens distintos, da vítima do estelionato e o do furto, por isso haveria concurso material (se fosse furto e dano no objeto, caberia o princípio).
7 – FURTO PRATICADO DURANTE O REPOUSO NOTURNO
Repouso noturno: utiliza-se costumes como fonte interpretativa.
Não se aplica a majorante do § 1º, ao furto praticado durante o repouso diurno, sob pena de “analogia in malam partem”.
“§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.”
 pode ser estabelecimento comercial? casa tem que estar habitada? (há muita divergência)
Para o STJ, é irrelevante o fato de se tratar de estabelecimento comercial, ou de residência, habitada ou desabitada, bem como o fato de a vítima estar ou não efetivamente repousada (STJ HC 29153). Isto por conta do desvalor da conduta.
8 – FURTO PRIVILEGIADO (155, § 2º)
“§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.” 
Requisitos:
a – primariedade (quem não é reincidente);
b – pequeno valor da “res”: tudo que for inferior a 1 salário mínimo.
Ex: pratica estupro em 10 de março de 2004. Em 21 de maio de 2005 pratica furto de 45 reais. pode o juiz reconhecer o furto privilegiado? Sim, é primário, pois não foi falado se houve transito em julgado.
Presentes os pressupostos, trata-se de direito subjetivo do acusado.
 furto qualificado e privilegiado- é possível? 2 pessoa subtraem 25 reais (concurso de pessoas)? Para o STF, é possível o chamado furto qualificado privilegiado (STF HC 96843 2009; STJ HC 96140 2008).
Furto de energia 
“§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.”
Alteração do medidor: caracteriza estelionato (fraude de modo a obter vantagem ilícita).
Gato: furto de energia.
Subtração de sinal de TV a cabo: é equiparado a coisa móvel, podendo ser objeto material de furto. Para a jurisprudência, trata-se de crime permanente (STJ HC 17867) (Bittencourt entende que não é energia).
Obs: encontra-se sob a tutela penal a energia genética subtraída de reprodutores.
08/04/2009 – penal especial
FURTO QUALIFICADO
A pena é de 2 a 8 anos, e multa (“simples” é 1 a 4 anos e multa).
	Furto simples – 1 a 4 anos
	Roubo simples – 4 a 10
	Furto em concurso de pessoas – 2 a 8
	Roubo em concurso de pessoas – aumento de 1/3 a 1/2 
	A pena é duplicada
	Aumento de 1/3 a ½ - violação do princípio da isonomia (pois trata-se da mesma)
	
	
	
	
 ao invés de duplicar a pena do furto simples, poderia apenas aumentar em 1/3 a ½? A título de princípio da proporcionalidade e da isonomia, não pode o poder judiciário exercer juízo de valor sobre o quantum da sansão pena estipulada pelo legislador, sob pena de violação ao princípio da separação de poderes (há julgados no RS em sentido contrário) (STF RE 358315).
No art 180 “caput” (receptação simples) exige-se o dolo direito, tendo pena de 1 a 4 anos e multa (coisaque sabe ser produto de crime); no art 180, § 1º (receptação qualificada), que exige apenas dolo eventual, a pena é de 3 a 8 anos de reclusão. O § 1º foi alterado pela lei 9426/96.
“Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime: Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.”
Para o STJ deve-se aplicar ao crime de receptação qualificada a pena prevista no art 180, “caput” (1 a 4 anos) (STJ HC 101531 - 2008).
QUALIFICADORAS EM ESPÉCIE
Inciso I – destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa
Obstáculo: é todo objeto empregado pela pessoa para proteger a coisa sobre a qual pode recair a conduta. Se a violência for exercida contra o próprio objeto visado, não incide a qualificadora.
Para a “doutrina”, por uma questão de equidade e proporcionalidade, essa qualificadora não deve incidir, seja quando subtrai o carro, seja quando se subtrai um objeto no interior do veículo.
Para a “jurisprudência” a subtração de objetos que se encontram no interior do veículo, mediante rompimento de obstáculo, faz incidir a qualificadora do inciso I (STJ RESP 983291) (STF HC 77675).
Ligação direita – 2 corrnetes:
1ª corrente: não incide nenhuma qualificadora.
2ª corrente: furto qualificado pelo rompimento de obstáculo (não é chave falsa) (Rogério Greco).
Obs: em havendo destruição ou rompimento de obstáculo, há necessidade de exame pericial.
Inciso II – abuso de confiança; mediante fraude; escalada; destreza.
a) Abuso de confiança: o mais comum é o furto praticado pelo empregado doméstico. Todavia, para que incida a qualificadora deve-se provar que o patrão depositava confiança na doméstica (não haveria confiança em uma doméstica que está no 1º dia de trabalho); e que este tenha se aproveitado dessa confiança para cometer o delito.
Esse crime cometido pelo doméstico contra o empregador é conhecido como “famulato”.
b) furto mediante fraude: no furto qualificado pela fraude, o meio fraudulento serve para afastar a vigilância exercida sobre a coisa, a fim de que o agente possa subtraí-la (a transferência da posse é unilateral).
No estelionato a fraude é usada para enganar a vítima, fazendo com que esta entregue a coisa de forma voluntária ao agente (a transferência da posse é bilateral).
Fraude por meio da internet: se alguém coloca em um site falso uma promoção relâmpago e o agente deposita o dinheiro, é estelionato; se o trojan captura os dados e alguém com estes, realiza uma transferência, haverá furto mediante fraude.
Mediante fraude, o agente efetua saques com os dados da conta do correntista - Entende a jurisprudência que o sujeito passivo é a instituição bancária, que tem seu sistema de vigilância burlado pelo agente (neste caso, o correntista é um mero prejudicado) (se por exemplo, a conta for da caixa econômica federal, a competência será da justiça federal). O delito de furto consuma-se no local em que a coisa é retirada da esfera de disponibilidade da vítima, leia-se, onde está localizada a conta corrente (STJ CC 86241).
c) escalada: tem como pressuposto a ingresso do infrator no local, por meio anormal. Ex: cavar túnel, via subterrânea (STJ RESP 759039).
d) destreza: meio de peculiar habilidade física ou manual.
Obs: deve a vítima trazer o bem junto ao corpo. Ex: punguista.
- Se a vítima percebe, há tentativa de furto simples (pois notou o furto por falta de destreza).
- se um terceiro percebe, configura tentativa de furto qualificado pela destreza.
Inciso III – com emprego de chave falsa: chave falsa é todo o instrumento com ou sem a forma de chave, utilizado como dispositivo para abrir fechadura. Ex: arames, gazuas, michas, grampo, copia da chave verdadeira feita clandestinamente (STJ RESP 906685).
Obs: a chave verdadeira não configura o delito. Ex: manobrista que usa a chave verdadeira para subtrair o delito.
Inciso IV – mediante concurso de 2 ou mais pessoas: não é necessária a presença de 2 executores, incidindo a qualificadora em qualquer hipótese de concurso de pessoas. Dentre estes, pode haver inimputáveis. e se for um menor de 12 anos? Responde pelo furto qualificado em concurso material com o art 1º da lei 2252/54.
“Art. 1º Constitui crime, punido com a pena de reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa de Cr$1.000,00 (mil cruzeiros) a Cr$10.000,00 (dez mil cruzeiros), corromper ou facilitar a corrupção de pessoa menor de 18 (dezoito) anos, com ela praticando, infração penal ou induzindo-a a praticá-la.”
Para a jurisprudência este delito do art 1º é um crime formal, NÃO dependendo de demonstração de efetiva e posterior corrupção penal do menor (STJ RESP 1043849).
* Quadrilha é a associação estável e permanente de mais de 3 pessoas com o fim de praticar uma série indeterminada de crimes (288, CP).
”Art. 288 - Associarem-se mais de três pessoas, em quadrilha ou bando, para o fim de cometer crimes:”
Obs: consuma-se o delito de quadrilha independentemente da prática dos delitos para os quais os agentes de associaram. Se, porventura tais delitos forem praticados, os agentes deverão responder por esses crimes e pelo delito de quadrilha em concurso material.
Furto qualificado pelo concurso de pessoas x quadrilha
1ª correntes: para evitar o bis in idem, não se pode responsabilizar pela quadrilha ou pelo concurso. Assim, deverá responder pelo furto simples e pela quadrilha; ou então no art 155, § 4º, IV.
2ª corrente: o delito de quadrilha é um crime autônomo, independente, se consumando, bem antes dos outros delitos. Assim, não há problema nenhum responder pelo furto qualificado pelo concurso de pessoas e o crime de quadrilha ou bando (majoritária).
Quadrilha armada – 288, § único
“Parágrafo único - A pena aplica-se em dobro, se a quadrilha ou bando é armado.”
 os 4 elementos precisam estar armados? Basta que 1 só dos integrantes esteja portando arma, desde que os outros tenham consciência.
Quadrilha armada x roubo com uso de arma (157, § 2º, I, CP): para os tribunais, não configura bis in idem a condenação por crime de quadrilha armada e roubo majorado pelo emprego de arma, em virtude da autonomia e independência dos delitos (há outra posição que sustenta haver bis in idem). (STF HC 84669; STJ HC 54773)
“§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade: I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;”
Quadrilha para a prática de crimes hediondos e equiparados: a pena do 288 será de 3 a 6 anos.
 um bando seqüestrou criança de 13 anos, mantendo-a em cativeiro durante 30 dias, vindo essa a ser libertada com vida. qual o crime? 159, § 1º (extorsão mediante seqüestro – durou mais de 24 horas) + art 288 com a pena do art 8º da lei 8072/90, c/c 69, CP (concurso material).
“§ 1o Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o seqüestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)” pena de 12 a 20 anos.
Art 155, § 5º, CP - furto de veículo automotor: só incide se o veículo estiver transposto os limites do estado ou do território nacional.
ROUBO
Trata-se de crime complexo, pois resulta da fusão de 2 figuras típicas, que são art 155 + art 146 (para alguns, art 129).
ROUBO PRÓPRIO – art 157, “caput” (não se confunde com roubo impróprio do art 157, § 1º).
“Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:”
No roubo próprio a grave ameaça e a violência são exercidas antes da subtração;no roubo impróprio a grave ameaça e a violência são empregadas depois da subtração.
O roubo próprio pode ser praticado mediante:
1 - Grave ameaça (“vis compulsiva”): é a promessa de fazer mal à vítima. Ex: simulação do emprego de arma.
 deve ser analisada levando em consideração à vítima ou o homem médio? Sempre deve ser analisada em relação à vítima.
2 – violência (“vis corporalis”): emprego de força física sobre o corpo da vítima.
Ex: em viagem de ônibus o passageiro percebe que o outro foi ao banheiro, e o tranca para o lado de fora a fim de subtrair o dinheiro da carteira. qual o crime? Roubo, mediante violência imprópria.
3 – violência imprópria: é qualquer meio que afaste a possibilidade de resistência da vítima. Ex: trancar a pessoa em um cômodo; boa noite cinderela.
 e no caso do bêbado? Se a própria vítima se coloca em condições de incapacidade de oferecer resistência, o crime será o de furto.
 admite-se arrependimento posterior e a aplicação de PRD ao crime de roubo? É possível sua aplicação em relação ao crime de roubo próprio, praticado mediante violência imprópria. Admite-se também a aplicação de PRD.
“Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.”
“Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:”
Roubo de uso: para o STF e doutrina majoritária configura o crime de roubo. Para alguns doutrinadores, haveria constrangimento ilegal, pois falta a vontade de subtrair para si ou para outrem coisa alheia móvel (dolo específico).
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
Consuma-se o delito de roubo quando o agente se torna possuidor da coisa alheia móvel, ainda que a posse não seja mansa e pacífica (teoria da “amotio”).
Em relação ao crime de roubo próprio é possível a tentativa. Já quanto ao roubo impróprio, há 2 correntes:
1 – não é possível a tentativa (majoritária).
2 – é possível a tentativa (Rogério Greco). Ex: quando a pessoa grita, dá um soco mas a pessoa pega a mão.
Distinção entre ROUBO X EXTORSÃO
- no roubo o mal é iminente e a vantagem contemporânea (tudo acontece a uma fração de segundos); no crime de extorsão o mal prometido e a vantagem a que se visa, são futuros. Ex: ligo para a casa e digo que seqüestrei o filho exijo dinheiro.
- prescindibilidade do comportamento da vítima: se preciso de algum comportamento da vítima, como por exemplo, fornecendo a senha da conta, configura e extorsão; se não preciso da vítima, como por exemplo, para subtrair o relógio, o crime será de roubo, ainda que a vítima me entregue o objeto.
ROUBO MAJORADO – 157, § 2º
“§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade: I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma; II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância. IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)”
Obs: A pena sofre aumento de 1/3 a ½. Quanto maior o número de circunstancias no caso concreto (ex: concurso e arma), mais próximo da metade deve ser o aumento (STF).
Inciso I - Violência ou ameaça com o emprego de arma
 e se só mostrar a arma e dar um tapinha? Incide a majorante tanto para aquele que aponta a arma, quanto para aquele que sem retirá-la da cintura, anuncia o assalto com a mão sobre ela.
Este inciso abrange arma própria e imprópria.
Arma própria: fim precípuo de ataque e defesa.
Arma imprópria: não tem este fim, mas pode ser usada para tanto. Ex: faca, machado, caco de vidro.
Arma de brinquedo: configura grave ameaça, sujeitando o agente ao crime de roubo. e a causa de aumento? O STJ durante muito tempo admitia o aumento, vindo inclusive a editar a súmula 174. Porém, em 2001 a corte cancelou a súmula, não admitindo mais o aumento de pena e pacificando o assunto. Logo, responderá pelo roubo simples.
Obs: a antiga lei de armas trazia crime de usar arma de brinquedo para cometer crimes (art 10, § 1º, II). Houve abolitio criminis, pois o ED não repetiu o delito.
 para a incidência dessa causa de aumento de pena é imprescindível a apreensão da arma (joga a arma durante a fuga)? (cai)
Apreensão da arma
Arma branca (ex: faca): é importante para se fazer exame pericial. Se a arma branca não foi apreendida, admite-se que a prova testemunhal supra a ausência do exame direto (a vítima conta que cometeu com faca – exame de CD indireto) (STJ HC 96407).
Arma de fogo: (cai) Para o STF não é necessária a apreensão e realização de perícia na arma de fogo, desde que, por outros meios de prova, reste demonstrado o seu potencial lesivo (STF HC 96009) (para a corte, mesmo que esta não tinha potencialidade lesiva, poderia ser utilizada para bater na pessoa, etc. – basta aparecer a arma para incidir a majorante).
Para o STJ é indispensável a apreensão da arma de fogo para que possa incidir a majorante. Nos casos em que não há a apreensão, mas a vítima e demais testemunhas afirmam de forma coerente que houve disparo com a arma de fogo, não é necessária a apreensão para constatar-se que a arma possuía potencialidade lesiva (tem que aparecer a arma pois poderia ser uma arma de brinquedo) (STJ HC 99762; HC 89518).
Inciso II – concurso de 2 ou mais pessoas (idem furto).
Inciso III - 
15/04/2009 – penal especial
Inciso II – concurso de 2 ou mais pessoas (idem furto).
Inciso III – se a vítima está em “serviço” de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.
 o dono da mercearia que vai ao banco depositar o dinheiro?
O sujeito passivo dessa causa de aumento de pena não pode ser o proprietário dos valores transportados. A vítima é a que esta em serviço.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; (1996) (idem furto)
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, “restringindo” sua liberdade. (9426/96)
Obs: em se tratando de seqüestro relâmpago com a realização de saques em caixas eletrônicos, o delito será o de extorsão, onde não há previsão da causa de aumento de pena prevista no art 157, § 2º, V, CP.
Obs2: esta manutenção da vítima em poder do agente deve se dar em um breve espaço de tempo. Ex: rouba a pessoa, coloca ela no carro e deixa em uma estrada.
Por outro lado, se fica muito tempo com a vítima, haverá roubo em concurso material com seqüestro.
“§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa. (Lei nº 9.426, de 1996)”
Traz o roubo seguido de lesão grave e roubo seguido de morte. O latrocínio é só a segunda parte (morte). O latrocínio é crime hediondo.
Obs: este resultado agravador, pode ser atribuído ao agente tanto a título de dolo, quanto a título de culpa (preterdoloso).
 e se a vítima morre por conta da ameaça? 
O resultado agravador deve resultar da “violência”. Caso, entretanto, resulte de grave ameaça, o crime será o de roubo simples em concurso formal com o delito de homicídio, doloso ou culposo a depender do caso concreto (normalmente é culposo).
Obs: para uma prova de defensoria, pela teoria da imputação objetiva, não seria possível atribuir ao agente a produção do resultado morte, nem mesmo culposamente (o resultado não está dentro de uma linha natural de acontecimento, não é uma coisa comum).
Morte de um dos comparsas
- durante um assalto o agente vai efetuar o disparo contra uma das vítimas, e acerta o comparsa. Neste caso de erro na execução, responde como se acertasse quem pretendia; latrocínio (“aberratio ictus”).
- morte de um dos comparsasapós a subtração – para que se tenha latrocínio (ou lesão grave), a violência deve ser empregada durante o assalto (fator temporal) e em razão do assalto (nexo existente entre a violência e a subtração). Neste caso responde por roubo e homicídio qualificado em concurso material (cai).
Matador de aluguel que subtrai valores após o óbito da vítima: em razão do dolo do homicídio, responde por homicídio qualificado (paga ou promessa de recompensa) em concurso material com furto (a vítima são os sucessores).
Pluralidade de mortes e subtração única – quantos crimes de latrocínio? havendo uma única subtração, há um único latrocínio. Ex: subtrai dinheiro do posto de gasolina matando 3 funcionários.
A e B em concurso de pessoas. Ambos estão armados e sabem disso. Se a arma de “A” mata, B responde também por latrocínio? O co-autor que participa do roubo armado responde pelo delito de latrocínio, ainda que o disparo tenha sido efetuado só pelo comparsa (o resultado pode ser atribuído a título de dolo ou a título de culpa (preterdoloso)).
Obs: é desnecessário saber qual dos co-autores desferiu o disparo.
Consumação e tentativa
Morte tentada x subtração tentada – latrocínio tentado;
Morte consumada x subtração consumada – latrocínio consumado;
Morte tentada x subtração consumada – latrocínio tentado (**#);
Morte consumada x subtração tentada – latrocínio consumado (*);
* 1ª corrente: como o delito de latrocínio é um crime complexo, se o crime fim não restou consumado haveria tentativa de latrocínio (Rogério Greco).
2ª corrente: para o STF o latrocínio é consumado (610, STF). Esta prevalece.
“Súmula 610 - HÁ CRIME DE LATROCÍNIO, QUANDO O HOMICÍDIO SE CONSUMA, AINDA QUE NÃO REALIZE O AGENTE A SUBTRAÇÃO DE BENS DA VÍTIMA.”
**#
1ª corrente: trata-se de tentativa de latrocínio, pois este é crime complexo, e a morte não se consumou.
2ª Corrente: há tentativa de homicídio qualificado.
Subtração consumada e lesão corporal grave - nesta situação, haverá algumas possibilidades:
1ª – roubo qualificado pela lesão corporal grave (7 a 15 anos);
2ª – latrocínio tentado;
3ª – homicídio qualificado, na forma tentada, em concurso material com o delito de roubo qualificado pelo emprego de arma.
No HC 91585 o STF decidiu que, se considerado que o agente não tinha a vontade de matar, responde pelo delito de roubo qualificado pela lesão grave. Se evidenciado que a intenção seria a de matar a vítima, o delito será de o de homicídio qualificado na forma tentada em concurso material com o delito de roubo (absurdo – para o professor seria latrocínio tentado).
EXTORSÃO MEDIANTE SEQÜESTRO (159)
“Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90”
Trata-se de crime permanente, o que possibilita a prisão em flagrante a qualquer momento (outro exemplo é a quadrilha ou bando) (303, CPP).
“Art. 303.  Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto não cessar a permanência.”
 finjo ser manobrista, peço o porte e vou para casa (furto mediante fraude). Contratam um detetive e após 2 semanas, descobrem e vão a minha casa e pegam o carro. isto é lícito? Não, há violação de domicílio (prova ilícita), pois não é hipótese de crime permanente (não há mandado de busca e apreensão e não está em flagrante). Todavia, isto não impede a condenação, pois pode haver outras provas que não estejam contaminadas por esta prova ilícita (cuidado, se fosse receptação, este delito possui alguns núcleos de natureza permanente) (se fosse droga, manter em depósito, pode haver flagrante e a prova é lícita).
Outro reflexo do crime permanente é que, se entra em vigor lei mais gravosa durante a permanência, esta será aplicada (711, STF).
“Súmula 711 - A LEI PENAL MAIS GRAVE APLICA-SE AO CRIME CONTINUADO OU AO CRIME PERMANENTE, SE A SUA VIGÊNCIA É ANTERIOR À CESSAÇÃO DA CONTINUIDADE OU DA PERMANÊNCIA.”
O tipo diz “qualquer vantagem”. precisa ter natureza patrimonial? O art 159 está inserido no capítulo dos crimes contra o patrimônio, exigindo, portanto, que esta vantagem tenha natureza econômica ou patrimonial. Caso tenha seqüestrado alguém, e exigido como resgate, vantagem sexual, responderá por seqüestro ou cárcere privado (vítima seqüestrada) em concurso material com estupro.
Esta vantagem ocorre “como condição ou preço do resgate”. Trata-se do dolo específico (ou especial fim de agir). Isto é o que diferencia a extorsão mediante seqüestro do crime de seqüestro ou cárcere privado (que não possui elemento subjetivo especial – é tipo congruente).
Tipo congruente (ou simétrico): há uma perfeita adequação entre os elementos objetivos e subjetivos do tipo penal. Não há elemento subjetivo especial. Ex: tipo objetivo do homicídio é “matar alguém”; o elemento subjetivo é querer matar alguém (animus necandi). 
Tipo incongruente (ou assimétrico): caracteriza-se pela presença do dolo específico. Ex: extorsão mediante seqüestro; o tipo objetivo é seqüestrar, o subjetivo é seqüestrar (dolo genérico) com o fim de obter vantagem econômica (dolo específico).
O crime de “porte de drogas para consumo pessoal” (28) é tipo incongruente (exige finalidade de uso próprio); o tráfico de drogas (33) é congruente, pois só exige o dolo genérico, não precisando ser demonstrada a finalidade de comércio.
O delito do art 159 é crime formal (ou de consumação antecipada), pois se consuma no momento que se seqüestra a pessoa, mas exige-se que a intenção do agente seja obter vantagem como preço/condição de resgate.
 é possível a tentativa do crime de extorsão mediante seqüestro? Sim, pois o crime é plurisubsistente.
Causas de aumento de pena do art 9º da lei 8072
Se houve o resultado morte (menina de 13 anos), responderá pelo art 159, § 3º, CP (24 a 30 anos). No art 9º, 8072/90, há causa de aumento de metade, se a vítima estiver em qualquer das hipóteses do art 224, CP (violência presumida) (aplicável a qualquer das modalidades de extorsão mediante seqüestro). Todavia, o mesmo art 9º, limita em 30 anos a pena aplicada na sentença. Assim, poderá aumentar a pena, mas em razão dessa causa de aumento, não se pode ultrapassar 30 anos.
Para prova da defensoria (alguns doutrinadores), sustentar que este artigo 9º fere o princípio da individualização da pena, pois a pena de 30 anos será a única possível a ser aplicada neste caso. O juiz não conseguirá individualizar a pena.
Não confundir isto com unificação de penas, onde não se pode “cumprir” mais que 30 anos.
“§ 1º - Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 30 (trinta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo.”
“Súmula 715 - A PENA UNIFICADA PARA ATENDER AO LIMITE DE TRINTA ANOS DE CUMPRIMENTO, DETERMINADO PELO ART. 75 DO CÓDIGO PENAL, NÃO É CONSIDERADA PARA A CONCESSÃO DE OUTROS BENEFÍCIOS, COMO O LIVRAMENTO CONDICIONAL OU REGIME MAIS FAVORÁVEL DE EXECUÇÃO.”
Ex: sujeito pega 200 anos de prisão. Começa a cumprir pena em 2002, onde é feita a unificação. No ano de 2002 em diante, começa a cumprir os 30 anos. No ano de 2012, comete novo crime. Por este novo delito, pega mais 30 anos. É pegado os 20 anos que estava faltando e soma aos 30, fazendo nova unificação, tendo novamente que cumprir 30 anos.
“§ 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de pena já cumprido.”
ESTELIONATO (171, CP)
“Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:”
Sujeito passivo: a pessoa enganada pode ser diferente da pessoa que sofre o desfalque patrimonial. Ex: empregado de um estabelecimento comercial que é induzido a erro, pois quem sobre o desfalque é o comerciante.
 e se por acaso essa vítima for uma pessoa incapaz ou alienada? Responde pelo delito do art 173, CP.
“Abuso de incapazes - Art.

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