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UNIVERSIDADE PAULISTA CÁSSIO EMANUEL NAVARRETE DAISY TIEMI SUZUKI FERNANDES DIEGO FERREIRA NOGUEIRA GABRIELA MAYO ALVES GONÇALVES GUSTAVO PIRES DE OLIVEIRA MARCELO ROMEIRO DE ARAUJO NEGATIVA DE FORNECIMENTO DE PRÓTESE POR PLANO DE SAÚDE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2016 CÁSSIO EMANUEL NAVARRETE DAISY TIEMI SUZUKI FERNANDES DIEGO FERREIRA NOGUEIRA GABRIELA MAYO ALVES GONÇALVES GUSTAVO PIRES DE OLIVEIRA MARCELO ROMEIRO DE ARAUJO NEGATIVA DE FORNECIMENTO DE PRÓTESE POR PLANO DE SAÚDE Atividade prática Supervisionada apresentada à disciplina xxx do curso de Direito da Universidade Paulista – UNIP Orientador: Prof. Rogério SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2016 RESUMO O trabalho a seguir tem o objetivo de expor a análise sobre o caso de Marcos Orlando, que ao sofrer uma lesão necessitou de uma prótese para o joelho, e esta foi negada pelo convenio de saúde, cabendo então aos advogados emitir parecer de qual procedimento a ser adotado diante dos fatos apresentados. Para tal foram utilizados doutrinadores consagrados como Nelson Nery Junior dentre outros e de jurisprudências a fim de garantir o embasamento do exposto. Após a análise do caso foi possível chegar à conclusão de que se deve aplicar o novo código de processo civil, portanto devendo-se impetrar ação de tutela provisória de urgência em caráter antecedente assim obrigando o convenio medico a pagar a prótese. Palavras-chave: Prótese. Procedimento. Novo código de processo civil. ABSTRACT The paper then has the objective of expose the analysis of the case of Marcos Orlando, who after suffering a lesion needed a prosthesis for his knee, and this was denied by the health insurance plan, fitting then an opinion of what procedures to be adopted front of the facts presented. To do this were used as consecrated doctrinaires Nelson Nery Junior among others and jurisprudences of the courts to ensure the exactness of the exposed. After analyzing the case was possible to conclude that it should apply the new civil procedure code, and shall have standing to bring It act for interim protection of urgency antecedent nature so obliged health plan to pay for the prosthesis. Keywords: prosthesis. Procedure. New Code of Civil Procedure. 1. INTRODUÇÃO..................................................................................................... 6 2. CASO .................................................................................................................. 7 3. VIGÊNCIA DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ..................................... 8 3.1 Vigência da Lei Processual ............................................................................... 8 3.2Vacatio Legis ...................................................................................................... 8 O CPC/15 entra em vigor após decorrido 1 (um) ano da data de sua publicação (Art. 1045, CPC). ..................................................................................................... 8 4. APLICAÇÃO DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL .................................. 9 4.1 Irretroatividade .................................................................................................. 9 4.2 Aplicação da Nova Lei nas Relações Continuativas ......................................... 9 4.3 Comparando com Outras Relações Processuais .............................................. 9 4.4 Aplicação do Novo CPC no Caso...................................................................... 9 5. CONTRATOS DE SEGURO SAÚDE SÃO REGULADOS PELO CÓDIGO CIVIL OU POR LEGISLAÇÃO ESPECIAL?........................................................................ 10 6. DECISÃO DOS ADVOGADOS DE MARCOS ORLANDO A CERCA DA MELHOR SOLUÇÃO PARA O PROBLEMA. ............................................................ 12 8. A FORMA PELA QUAL AS DEMANDAS JUDICIAS TEM SIDO PROPOSTAS NOS CASOS DE PLANO DE SAÚDE E AS INOVAÇÕES JURÍDICAS TRAZIDAS PELO NOVO CPC. ................................................................................................... 20 9. CONCLUSÃO .................................................................................................... 23 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 24 1. INTRODUÇÃO O trabalho acadêmico a seguir avalia as medidas necessárias a serem tomadas diante do problema apresentado. No caso, Marcos Orlando contratante de um serviço de convenio medico individual no ano de 2014, com a empresa OMP seguros saúde, vindo a sofrer uma lesão no joelho esquerdo durante uma partida de futebol em 2015, acorrendo a necessidade de uma cirurgia e colocação de prótese, a OMP informa que pagará a cirurgia, porém segundo a empresa tal prótese não está sobre sua responsabilidade visto a existência de uma clausula expressa que a isenta de cobrir com o gasto. O trabalho discorrerá sobre as hipóteses para a solução do problema, apresentado a solução para tal utilizando doutrinadores como Junior (2015) que disserta sobre o novo código civil, Gregori (2007) que versa sobre planos de saúde e a relação com a proteção ao consumidor, Trettel (2010) que aborda a forma como os tribunais abordam o tema, dentre outros, além de utilizar a jurisprudência dos tribunais do estado de São Paulo e Paraná. Para iniciar alguns pontos deveriam ser esclarecidos, foram levantadas algumas questões. A primeira a ser respondida se refere a vigência do novo código de processo civil, quando ele passaria a produzir efeito. Levando ao próximo ponto. Sobre qual código de processo civil que deveria ser utilizado para a solução, o antigo de 1973 ou o novo de 2015. Para que se realize o procedimento correto. A última questão a ser respondida consiste em saber se contratos de convênios são regulados pelo código de defesa do consumidor ou por legislação especial. E diante das respostas destas questões qual o procedimento correto a ser adotado. Assim a partir das respostas destes pontos poderão ser tomadas as medidas corretas pela equipe de advogados de Marcos Orlando. 2. CASO Marcos Orlando contratou um seguro de saúde individual junto a OMP Seguros Saúde. O contrato foi assinado em 17 de março de 2014 com vigência renovada a cada ano e com o objetivo de fornecer procedimentos de saúde na rede de médicos e hospitais credenciados pela empresa. Em junho de 2015 Marcos Orlando teve conhecimento de que precisa realizar um procedimento de colocação de prótese no joelho esquerdo, cuja cartilagem foi fortemente prejudicada em um tombo que ele levou jogando futebol com os amigos. O médico informou que todas as despesas de cirurgia e hospitalização estão cobertas no contrato, porém a prótese não será fornecida pelo plano de saúde porque há cláusula expressa de não fornecimento. (UNIP, Problema Apresentado para APS do 6º semestre, 2016) 3. VIGÊNCIA DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL Em sessão plenária virtual extraordinária e 03 de março de 2016 o Conselho Nacional de Justiça decidiu, por unanimidade, que o novo Código de Processo Civil passa a vigorar em 18 de março de 2016.(MONTENEGRO, 2016). Havia quem defendia 18, 17 e até 16 de março, diante do empasse que poderia gerar insegurança jurídica, a Ordem dos Advogados do Brasil questionou o CNJ, que respondeu que a vigência do novoCPC começara em 18 de março. (MONTENEGRO, 2016). 3.1 Vigência da Lei Processual Segundo Nelson Nery Júnior e Rosa Maria Nery (2015, p.2234): “A lei processual tem vigência imediata e se aplica aos processos pendentes, mas rege sempre para o futuro”. 3.2Vacatio Legis O CPC/15 entra em vigor após decorrido 1 (um) ano da data de sua publicação (Art. 1045, CPC). A contagem do prazo de um ano se faz de acordo com a Lei Complementar 95 de 1998, art. 8º, §§ 1º e 2º. Inclui-se o dia da publicação, que foi 17/03/2015 e o dia da consumação do prazo, em 17/03/2016, portando entrando em vigor no dia seguinte da consumação, 18/03/2016. 4. APLICAÇÃO DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL A partir de sua entrada em vigor, o novo CPC, como uma lei processual, se aplica imediatamente às situações por ela reguladas, mas também tem que respeitar todos os efeitos jurídicos produzidos sob a égide da lei anterior. (JÚNIOR E NERY, 2015, p.224). 4.1 Irretroatividade No Processo Civil não ocorre o efeito retroativo, pois é vedada a aplicação da nova lei para os fatos ocorridos no passado. 4.2 Aplicação da Nova Lei nas Relações Continuativas Relações Continuativas são aquelas que se encontram em execução, estas, ainda que tenham sido geradas na vigência da lei antiga, também são atingidas pela nova lei. (JÚNIOR E NERY, 2015, p.224). 4.3 Comparando com Outras Relações Processuais No Processo Penal, as novas leis começam a vigorar45 dias após sua publicação (período de vacatio legis) e não retroagem.Tem aplicação imediata e geral respeitando a validades dos atos já realizados sob a vigência da lei anterior (Princípio do Tempus RegitActum). (TÁVORA E ROQUE, 2012, p. 11). No Direito Penal vigora o Princípio da Retroatividade Benéfica, ou seja, se a nova lei for benéfica, retroagirá, se for maléfica, não há retroação. (TÁVORA E ROQUE, 2012, p. 11). 4.4 Aplicação do Novo CPC no Caso O Novo Código de Processo Civil se aplica ao caso em estudo, visto que Marcos Orlando ainda não ajuizou ação. Portanto mesmo que o fato tenha ocorrido antes da entrada em vigor da nova lei, se aplica o CPC de 2015. 5. CONTRATOS DE SEGURO SAÚDE SÃO REGULADOS PELO CÓDIGO CIVIL OU POR LEGISLAÇÃO ESPECIAL? No Brasil, é recente o processo de implementação dos planos e seguros de saúde, no entanto, estes já passaram por constantes avanços até chegar ao modelo atual. Os planos de saúde existiam desde a década de 40, mas somente na década de 60 começaram a surgir as empresas de medicina de grupo, até que na década de 80 os planos de saúde dominaram o mercado brasileiro. (TRETTEL, 2010). Até o ano de 1998, não havia uma legislação específica para regular os planos de saúde e as suas relações jurídicas, sendo assim, as relações de plano de saúde eram regidas pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC). Foi criada então, neste ano, uma lei específica regulamentando os planos de saúde, a Lei 9656/98, que sofreu modificações através de medidas provisórias, mas atualmente dita as regras com relação às operadoras de planos e seguros de saúde (TRETTEL, 2010). A Lei 9656/98 foi criada para regulamentar aquilo que a Jurisprudência da Corte brasileira já tinha pacificado, desta forma, impôs às operadoras de planos e seguros de saúde a observação dos preceitos do CDC e da boa-fé nas relações contratuais. Anteriormente a criação desta Lei, os contratos eram divididos como aqueles celebrados antes da vigência do CDC e aqueles celebrados após a vigência deste. Os contratos celebrados antes da vigência do CDC, eram regulados pelo Código Civil. Existem ainda, os chamados contratos antigos, aqueles celebrados antes da Lei 9656/98, e os chamados contratos novos, aqueles celebrados com a vigência da Lei 9656/98. A relação estabelecida entre as operadoras de planos de saúde e os seus clientes é uma relação de consumo, sendo assim, devem respeitar as regras do Código de Defesa do Consumidor, bem como do Código Civil e também a Lei 9656/98. O contrato firmado entre a operadora do plano de saúde e o consumidor, é um contrato de adesão, pois o cliente apenas adere ao contrato imposto, sem poder modificar ou discutir as cláusulas ali previstas. (GREGORI, 2007). De acordo com Gregori (2007, p. 141), os contratos antigos, que são aqueles firmados antes da Lei 9656/98, devem respeitar as regras vigentes à época de sua celebração, que são a rigor, o CDC e a legislação anterior especial aos seguros. Mas houve um período de vacatio legis da Lei 9656/98, em que se permitiu a comercialização dos contratos de plano de saúde novos e também antigos. Os contratos novos, são aquele firmados em observância da Lei 9656/98, na forma de contrato familiar, individual e coletivo. No entanto, de acordo com a Jurisprudência, o plano de saúde é contrato sucessivo, por prazo indeterminado, tendo como característica principal a execução periódica ou continuada, ou seja os direitos e obrigações dele decorrentes são exercidos por tempo indeterminado e sucessivamente. Sendo assim, segundo a jurisprudência nos contratos antigos, aqueles iniciados em data anterior ao da vigência da nova lei, também aplica-se a Lei 9656/98. 6. DECISÃO DOS ADVOGADOS DE MARCOS ORLANDO A CERCA DA MELHOR SOLUÇÃO PARA O PROBLEMA. De acordo com caso concreto, o senhor Marcos Orlando contratou um seguro de saúde na data de 17 de março de 2014, com vigência renovada a cada ano, visando adquirir assistência médica e hospitalar, todavia em julho 2015 Marcos precisou colocar uma prótese em seu joelho esquerdo onde teve a cartilagem fortemente prejudicada em um tombo que levou jogando futebol, porém, ficou sabendo pelo seu médico que todas as despesas com a hospitalização estariam cobertas pelo seguro, mas a prótese que seria colocada não estava inclusa no plano, de acordo com uma cláusula expressa de não fornecimento. De acordo com fato apresentado, o grupo de advogados do Senhor Marcos Orlando adotou como solução do conflito, a impetração da Ação de Tutela Provisória de Urgência em Caráter Antecedente, contra a OMP Seguros Saúde, com o objetivo único de obter a tutela provisória do bem do material, para que a prótese seja fornecida imediatamente, com aplicação de multa caso haja descumprimento do comando judicial. O novo Código de Processo Civil de 2015 reformulou o sistema de tutela judicial fundada em cognição sumária, unificando em um mesmo regime geral, a chamada “tutela provisória”, que seria a antiga tutela antecipada ou tutela cautelar, ambas previstas de forma distinta no Código de Processo Civil de 1973. Previsto no artigo 300 do novo Código de Processo Civil de 2015, a Tutela Provisória de Urgência será concedida quando houver elementos suficientes que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. A probabilidade do direito, ou o fumus boni iuris, está evidenciada na citada lei 9656/ 1998,que regulamenta o setor de plano de saúde, juntamente com a Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS, onde estabelece um rol de procedimentos e eventos de saúde, atualmente vigente por intermédio da Resolução Normativa nº 349/2014, que constitui a cobertura mínima obrigatória a ser garantida pelos planos de saúde comercializados a partir de 02 de Janeiro de 1999, bem como para aqueles contratados anteriormente, desde que adaptados à Lei 9656/1998, nos termos do artigo 35 da referida Lei e respeitadas às segmentações assistenciais contratadas. As próteses cuja colocação exija a realização de procedimento cirúrgico têm cobertura obrigatória nos planos regulamentados pela Lei n.º 9.656/1998, não se aplicando nestes casos o disposto no artigo 10, inciso VII, da referida Lei, que permite a exclusão de cobertura a materiaisnão ligados ao ato cirúrgico, conforme estabelecido no artigo 19, §2º da Resolução Normativa 338/2013: prótese é entendida como qualquer material permanente ou transitório que substitua total ou parcialmente um membro, órgão ou tecido. O outro requisito para aplicação da Tutela Provisória de Urgência de Caráter Antecedente é o perigo da demora ou o risco ao resultado útil do processo, que está claramente demonstrado pelo laudo médico acostado à inicial que comprova que o autor possui a moléstia declinada, bem como que necessita da prótese reclamada, inconteste, outrossim, a urgência na obtenção da medida, à vista dos danos que o retardo no tratamento poderá acarretar à saúde do requerente. Logo, estando presentes a probabilidade de direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo, de rigor o deferimento do pedido de tutela provisória de urgência de caráter antecedente de modo a assegurar o direito à saúde, visando garantir a satisfação do demandante, abonando o maior conforto possível, em um momento de grande moléstia e incômodo, sendo que não havendo recurso pela seguradora de saúde, ocorrerá a estabilização da decisão que deferiu a liminar, extinguindo o processo. 7. JURISPRUDÊNCIA 1 BRASIL, TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO, VOTO Nº 14/22384, COMARCA: SÃO PAULO, APELAÇÃO Nº 1067305-24.2013.8.26.0100, APELANTE: GEAP - AUTOGESTÃO EM SAÚDE, APELADO: OSMAR FRANCISCO DOS SANTOS, RELATOR LUIZ ANTONIO COSTA São Paulo, 26 de agosto de 2014. Ementa – Plano de saúde – Recusa de fornecimento de prótese peniana inflável – Operadora tem dever de seguir prescrição do médico – Jurisprudência (precedentes do STJ e, por analogia, súmula 95 TJSP) – Precedentes da 1ª Subseção de Direito Privado garantindo cobertura da prótese – Recurso improvido. Recurso de Apelação interposto contra sentença que julgou procedente Ação proposta pelo usuário de plano de saúde Apelado em face da operadora de plano de saúde Apelante. O Apelado é usuário de plano de saúde operado pela Apelante e sofre de insuficiência arterial e doença venosa oclusiva (fuga venosa), doenças que lhe impossibilitam de ter ereções, razão por que lhe foi prescrito implante de prótese peniana inflável. Ante a recusa de cobertura pela Apelante, o Apelado propôs esta ação buscando a condenação no fornecimento da prótese. O Dr. Magistrado julgou a ação procedente, condenando a Apelante ao fornecimento da prótese pretendida, por entender que “uma vez a contratação do Plano de Saúde visa assegurar cobertura ao tratamento das doenças, bem como que o tratamento solicitado pelo médico responsável não é experimental ou de alta complexidade, não pode a ré [Apelante] negar cobertura à melhor terapêutica sob a alegação que atende ao beneficiário do plano com outros modelos de próteses”, sendo a lista de procedimentos obrigatórios exemplificativa e não exauriente. Em seu Recurso, a operadora de plano de saúde insiste que não tem dever de cobrir a prótese pretendida por ela não constar do rol de procedimentos da ANS, como a própria agência esclareceu em ofício (fls. 410). Recurso recebido e respondido. É o Relatório. A jurisprudência sedimentou o entendimento de que a operadora tem o dever de fornecer o tratamento ou material indicado pelo médico à doença coberta. Estando a doença do Apelado abrangida pelo plano, tendo o médico do Apelado ademais justificado amplamente a prescrição (fls. 34/7), a Apelante tem dever de fornecer o material necessário para o procedimento, como se depreende por analogia da seguinte súmula deste Tribunal: “Havendo expressa indicação médica, não prevalece a negativa de cobertura do custeio ou fornecimento de medicamentos associados a tratamento quimioterápico” (súmula 95 TJSP). Nesse sentido também a jurisprudência do STJ: “2. É nula a cláusula contratual que exclua da cobertura órteses, próteses e materiais diretamente ligados ao procedimento cirúrgico a que se submete o consumidor”. (Resp. 1421512/MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. pela 3ª T. em 11.02.2014.) Mais especificamente quanto à prótese pretendida pelo Apelante (implante peniano inflável), a 1ª Subseção de Direito Privado igualmente tem uma série de precedentes nesse sentido: Destarte, entendo correta a sentença, que proponho seja mantida, com ratificação de seus fundamentos como permite o art. 252 do RITJESP. Isso posto, pelo meu voto, nego provimento ao Recurso. Luiz Antônio Costa Relator JURISPRUDÊNCIA 2 BRASIL, SEGUNDA TURMA RECURSAL RECURSO INOMINADO Nº 17025- 90.2015. RECORRENTE: UNIMED FOZ DO IGUAÇU. COOP. DE TRAB. MÉDICO. RECORRIDO: FRANCISCO VITAL DANTAS ORIGEM: 1ºJUIZADO ESPECIAL CÍVEL DE FOZ DO IGUAÇU RELATOR: JUIZ MARCO VINICIUS SCHIEBE Foz do Iguaçu 17, fevereiro de 16 Ementa: plano de saúde – ação de obrigação de fazer cumulada com indenização por danos morais – negativa de cobertura para implante de próteses em membros inferiores – recusa ilegal e que viola o princípio dignidade humana - clausula abusiva – falha na prestação de serviços – dano moral configurado - precedentes da turma - sentença mantida. Recurso conhecido e desprovido. 1. Relatório. Cuidam os autos de Ação de Obrigação de Fazer cumulada com Indenização por Danos Morais e pedido de tutela aforada por Francisco Vital Dantas contra Unimed Foz do Iguaçu – Cooperativa de Trabalho Médico. 2. Alega o reclamante que possui plano de saúde da reclamada desde cinco de novembro de 1993, com alteração em 15 de outubro de 1997. Alega que no mês de setembro de 2014, quando realizou exames no membro inferior, foi informado, por seu médico especialista em ortopedia, Dr. André Pacagnan, que teria que realizar artoplastia total de joelho com implante em ambos os joelhos. Enfatiza que a reclamada não liberou a prótese necessária para a cirurgia, sob a alegação de que não haveria cobertura contratual. Requer a procedência dos pedidos. Despacho concessivo de tutela antecipada (mov. seq. 8.1). Devidamente citada, a reclamada ofertou contestação, alegando que o contrato do plano de saúde do reclamante exclui cobertura de despesas relativas à prótese de joelho. Pugnou pela improcedência dos pedidos. Sobreveio a sentença, que julgou procedentes os pedidos deduzidos na inicial, condenando a reclamada ao pagamento do valor de R$ 8.000,00 a título de danos morais. Utilizando-se dos mesmos argumentos anotados em sua peça de contestação, a reclamada objetiva através de Recurso Inominado a reforma da sentença. Passo ao voto. Satisfeitos os pressupostos processuais viabilizadores da admissibilidade do recurso, tanto os objetivos quanto os subjetivos, deve ele ser conhecido. A sentença despontada pelo digno Magistrado do 1º Juizado Especial Cível de Foz do Iguaçu culminou irrepreensível. Com propriedade, a sentença hostilizada analisou de modo total as provas ressumbradas no processo e outra não poderia ser a culminância da decisão guerreada, que está sedimentada no arcabouço legal consubstanciado no Código de Defesa do Consumidor e em compacta jurisprudência dos tribunais pátrio, e entendimento adotado nesta Turma Recursal. A recalcitrância da reclamada em custear procedimento recomendado pelo facultativo que atende o reclamante foi ilegal e agrediu a própria essência do objeto do Plano de Saúde, com grave violação da exegese do artigo 51, do Código Consumerista, máxime quando o direito à saúde e à vida do usuário do plano se sobrepõe ao direito obrigacional, notadamente em se tratando material que complementa a cirurgia, possibilitando ao conveniado maior qualidade de vida e caminhar com maior segurança. O arcabouço legal consubstanciado no Código de Defesa do Consumidor é arrimado em princípios básicos, dentre os quais o da boa-fé objetiva, exaltado noinciso III, do artigo 4º, e em gavinha com o artigo 51, que impõe às partes o dever de cuidado, objetivando garantir que o contrato atinja o fim desejado. Impende acrescer por imperioso acrescer por imperioso, que o contrato de prestação de serviços de saúde deve ser interpretado da maneira da maneira mais favorável ao consumidor, consoante se denota no artigo 47 do CDC. Mais ainda, devem ser consideradas nulas as cláusulas que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada ou que sejam incompatíveis com a boa fé e equidade (artigo 51, IV, § 1º). Assim “São nulas as cláusulas contratuais que excluem a cobertura de determinados tipos de tratamento médico, tendo em vista que o consumidor adere ao plano de saúde justamente para ter a garantia da assistência quando dela necessitar. Tais cláusulas, além de leoninas, ferem normas previstas tanto no texto constitucional como no Código de Defesa do consumidor”. In RT 787/335 Já está pacificado que as limitações constantes no contrato de Plano de Saúde constituem prática abusiva, sedimentado no abuso do poder econômico, em prejuízo da defesa e do respeito do consumidor, pois agride o princípio constitucional da dignidade humana, notadamente quando o direito à saúde é um bem previsto na Carta Magna e digno de tutela jurisdicional. A prótese foi indicada pelo expert credenciado do Plano de saúde, para o sucesso e êxito do procedimento cirúrgico. Cumpre informar, consoante já consolidado pela STJ, que o Plano de Saúde apenas estabelece quais doenças podem ser resguardadas, mas não pode reduzir os procedimentos de cura determinados pelo médico. É dever da prestadora de serviços de saúde preservar a substância primeira do ser humano – a vida, o direito à saúde e de ser tratado – o que evidentemente não foi respeitado pela referida prestadora de serviços de saúde, devendo indenizar a autora conveniada pelos danos morais que ocasionou à mesma. A conduta da reclamada/recorrente ocasionou susto, abalo psíquico, ansiedade e angústia ao reclamante em razão de sua falha na prestação de seus serviços, devendo indenizá-lo pelos danos morais que infligiu ao mesmo. Logo, a manutenção da sentença hostilizada se impõe. Condeno a recorrente ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, que arbitro em 20% sobre o valor da condenação, com arrimo no artigo 55 da LJE. É o voto que proponho. Do dispositivo Diante do exposto, resolve esta Turma Recursal, por unanimidade de votos, conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe provimento. O julgamento foi presidido pelo Juiz Dr. Marco Vinícius Schiebel, com voto, e dele participaram os Juízes Dra. Manuela Tallão Benke e Dr. Marcelo de Rezende Castanho. Curitiba, 16 de fevereiro de 2016. Marco Vinícius Schiebel Juiz Relator Conclui-se que: Em ambos os casos nota-se que a doutrina adota o mesmo parecer, a prótese quando vital ao paciente é parte integrante da cirurgia, uma vez que não há sentido em operar alguém sem todos os objetos necessários para o sucesso desta cirurgia. Tenha vista que ao contratar um plano de saúde o intuito é exclusivamente proteger a saúde bem como o bem estar mental, retirando qualquer tipo de anseio quanto a doenças, traumas ou lesões e seus transtornos. Site de busca: TJ-SP - APL: 10673052420138260100 SP 1067305-24.2013.8.26.0100, Publicação: 26/08/2014, São Paulo 7ª Câmara de Direito Privado, disponível em: http://tj-sp.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/136107371/apelacao-apl- 10673052420138260100-sp-1067305-2420138260100 . Acesso em 25/10/2016 visitado em 26/10/16 TJ-PR - PROCESSO CÍVEL - Recursos - Recurso Inominado : RI 001702590201581600300 PR 0017025-90.2015.8.16.0030/0, publicação: 22/02/16, Foz do Iguaçu 2 Turma Recursal, disponível em: http://tj- pr.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/307976087/processo-civel-e-do-trabalho- recursos-recurso-inominado-ri-1702590201581600300-pr-0017025- 9020158160030-0-acordao Visitado em 27/10/16 8. A FORMA PELA QUAL AS DEMANDAS JUDICIAS TEM SIDO PROPOSTAS NOS CASOS DE PLANO DE SAÚDE E AS INOVAÇÕES JURÍDICAS TRAZIDAS PELO NOVO CPC. A forma em que as demandas judicias têm sido propostas em casos semelhantes ao relatado no presente trabalho, é a de Pedido de Tutela Provisória de Urgência de Caráter Antecedente, inovação trazida pelo novo código de processo civil de 2015, conforme explanações a seguir. Na vigência do antigo CPC, de 1973, as partes para fazerem valer os seus direitos no que diz respeito a plano de saúde, tinham que ajuizar ação de conhecimento de Obrigação de fazer C/C Pedido Liminar de Antecipação dos Efeitos da Tutela, afim de se evitar o perecimento do direito no momento do provimento jurisdicional no final do processo. O que de certa forma, uma vez concedida a liminar no início do processo, mesmo não tendo as partes a intenção de sua continuidade, por já ter entregue a prestação jurisdicional principal, tinha-se a necessidade de se confirmar a antecipação da tutela, prolatando a sentença, analisando o mérito da questão, exaurindo o processo de conhecimento. Em outras palavras, tornava-se um processo completamente desinteressante para as partes, pois em muitos casos o autor já estava reabilitado ou curado de sua doença e o réu já não tinha mais argumentos para debater a ação judicial, ocasionando, ainda mais, a lotação de demandas na Justiça. (AMARAL, 2016) Por outro lado, com a vigência do novo CPC, surgiu a chamada Tutela de Urgência, que teve sua expressão inserida como gênero, subdividindo-se em tutela antecipada, ou melhor tutela satisfativa e a tutela cautelar (assecuratória), que, nos termos do art. 300, do novo CPC, somente serão concedidas quando presentes os elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo. (MARINONI, 2015, p. 312). Segundo Luiz Guilherme Marinoni (2015; p. 314), “toda e qualquer tutela idônea para a conservação do direito pode ser requerida pela parte a título de tutela cautelar”, ou seja, a tutela cautelar é aquela que visa assegurar o resultado útil do processo, sendo que se prestam a pleitear uma providência diversa do pedido final, mas que o protege contra o risco de perecimento, como por exemplo o arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem que estão estampados no art. 301 do Novo CPC. Já a tutela antecipada requerida em Caráter antecedente é aquela satisfativa, ou seja, quando a tutela jurisdicional visa realizar concretamente o direito da parte, diferente da tutela cautelar que tem seu conteúdo assecuratório, a satisfazer eventual e futuro direito da parte. Em outras palavras, a tutela de urgência entrega à parte no início do processo àquilo que foi pleiteado ao final do processo. (MARINONI, 2015, p.47). Logo, percebe-se que nos casos das demandas de saúde, o que se aplica é a Tutela Provisória de Urgência de Caráter Antecedente, em que a parte, nos termos do art. 303, do novo CPC, pode limitar-se ao requerimento da tutela antecipada e a indicação do pedido da tutela final, sem a necessidade de ajuizar um processo de conhecimento propriamente dito, como era no antigo CPC. E uma vez concedida a tutela antecipada, se a parte contrária não interpuser o recurso cabível, opera-se então a chamada estabilização da antecipação da tutela, ocorrendo a extinção do processo, inteligência do art. 304, e parágrafos seguintes, do novo CPC. (MARINONI, 2015, p. 315-316) Não se pode confundir estabilização da tutela antecipada com coisa julgada, pois as partes podem ajuizar outra ação para rever, modificar ou até mesmo invalidar a antecipação da tutela, no prazo de 2 anos, contados da ciência da decisão que extinguiu o processo, ou seja, pode a parte demandar a ação exauriente para aprofundar o debate iniciado sumariamente.(MARINONI, 2015, p. 316-317). Outra parte do novo CPC em que houve inovação jurídica processual, e que pode interferir substancialmente nas demandas envolvendo plano de saúde, inclusive no caso aqui discutido, foi a inclusão do Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas, que na verdade trata-se de uma valorização dos precedentes judiciais, que tem por finalidade evitar que demandas repetitivas que versem sobre a mesma questão de direito tenham decisões diferentes, assegurando assim a isonomia e a segurança jurídica. Havendo várias ações ajuizadas no mesmo sentido, pode ser instaurado o Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas, em que uma delas é escolhida para ser analisada e proferida a decisão, que servirá como solução também para os demais casos. No caso em apreço, o presente incidente pode ser aplicado nas controvérsias relativas à cobertura do plano de saúde, que já possui uma vasta jurisprudência no mesmo sentido, com novas demandas surgindo dia - a – dia, uniformizando as decisões, trazendo uma maior segurança jurídica. (MARINONI, 2015, p. 913-914). Por fim, com a entrada em vigor do novo CPC, pode-se concluir que houve uma grande inovação no que se refere ao procedimento adotado para aplicação do direito material (saúde) ao caso concreto, principalmente no que se refere a tutela de urgência de caráter antecedente, com a sua possível estabilização, evitando-se a indesejada perpetuação dos processos judiciais, assegurando uma tramitação processual mais enxuta, razoável, atendendo os anseios da sociedade, promovendo uma prestação jurisdicional mais adequada ao tema envolvendo a saúde. 9. CONCLUSÃO Pode se observar que os objetivos do trabalho foram atingidos tendo todas suas dúvidas sanadas, sabendo-se que contratos de convênios são regulados por legislação especial e este caso está sob a vigência do novo código de processo civil (CPC). Diante do exposto verifica-se que a OMP seguros saúde não pode se negar a cobrir o valor da prótese, sendo esta equiparada a órgão ou membro, cabendo assim independente do contrato a responsabilidade de seguridade por parte da empresa. A equipe de advogados de Marcos Orlando com base no novo CPC e com na legislação especial que regula os convenio médicos devera impetrar Ação de Tutela Provisória de Urgência em Caráter Antecedente e pedido de fixação de multa no caso de descumprimento por parte do plano de saúde, frente a urgência comprovada clinicamente da cirurgia e possível agravamento da lesão caso o procedimento não seja realizado. REFERÊNCIAS AMARAL, Carlos Eduardo Rios Do. Novo CPC traz mudanças nas demandas de saúde. JusBrasil, Espírito Santo, 20 jan. 2016. Disponível em: http://www.cnj.jus.br. Acesso em: 24 de outubro de 2016. GREGORI, Maria Stella. Planos de Saúde: a ótica da proteção do consumidor. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. JÚNIOR, Nelson Nery; NERY, Rosa Maria de Andrade. Comentários ao Código de Processo Civil: Novo CPC – Lei 13.105/2015. V. único. 18. ed. São Paulo, Revista dos Tribunais, 2015. MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo Curso de Processo Civil - Vol. 2 - 1ª Ed. 2015. MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO. Novo Código de Processo Civil Comentado - 1ª Ed. 2015. MONTENEGRO, Manuel Carlos. CNJ responde à OAB e decide que vigência do novo CPC começa em 18 de março. Congresso Nacional de Justiça, Brasília, 04 mar. 2016. Disponível em: 23 http://www.cnj.jus.br. Acesso em: 19 de outubro de 2016. TÁVORA, Nestor; ROQUE, Fábio. Código de Processo Penal Para Concursos: Doutrina, Jurisprudência e Questões de Concursos. V. único. 3. ed. Salvador, Editora JusPodium, 2012. TRETTEL, Daniela Batalha. Planos de Saúde na Visão do STJ e STF. São Paulo: Editora Verbatim, 2010.
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