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PETIÇÃO INICIAL - EXTRAVIO

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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE PORTO VELHO - RO
KATIANE , brasileira, solteira, Servidora Pública, portadora do RG nº XXX SSP/RO e do CPF nº XXX, residente e domiciliada na Rua X, nº X, Bairro X, CEP: X, em Porto Velho, telefone, (69) X, vem à presença de Vossa Excelência, através de seu advogado signatário, conforme procuração em anexo, com endereço profissional localizado nesta Capital, na Rua , propor a presente:
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL E MATERIAL
(EXTRAVIO DE BAGAGEM)
Em face de LATAM LINHAS AÉREAS S/A pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº. 33.937.681/0001-78, localizada na Avenida Lauro Sodré, s/nº., aeroporto Internacional Governador Jorge Teixeira, CEP: 78904-300, em Porto Velho, Rondônia, pelas razões a seguir expostas.
DO OLIGOPÓLIO DAS EMPRESAS AÉRAS, DAS ARBITRARIEDADES DAS CIAS E DA HIPOSSUFICIÊNCIA DO CONSUMIDOR 
 Antes de narrar os fatos, mister se fazem algumas considerações acerca do contexto em que estão inseridas as relações entre consumidor e cias aéreas.
 É de conhecimento público e notório que no Brasil há um oligopólio das empresas aéreas. Mais especificamente no Estado de Rondônia, há basicamente três cias que operam em seus aeroportos a LATAM (requerida), AZUL e GOL. 
 Por não haver concorrência real entre as empresas que prestam o serviço de transporte aéreo de passageiros no Brasil, o consumidor fica inexoravelmente a mercê das cias. 
 Os voos com saída ou destino a Porto Velho foram diminuindo ao longo dos anos e hoje, bem como houve um aumento significativo nas passagens.
 Mas o problema não está apenas no oferecimento de poucas opções de voos e a maioria delas com horas extenuantes. O problema está que, valendo-se de sua superioridade nesta relação de consumo, a cias aéreas se dão o direito de alterarem seus voos, DEPOIS DE ADQUIRIDAS AS PASSAGENS, sem a menor preocupação com os reflexos que as alterações podem gerar em seus consumidores. 
 Essas corriqueiras e sempre justificadas através de “alteração de malha aérea” frustram legítimas expectativas nos consumidores que adquirem suas passagens com a devida antecedência, após um planejamento prévio e preciso.
 Estamos falando de transporte aéreo de passageiros. De viagens. Ninguém entra num avião se não tiver algo realmente importante para fazer. Viaja-se a trabalho e de férias.
 As alterações de malha aérea são inerentes aos riscos da atividade de transporte aéreo. O consumidor não pode arcar com este ônus. 
 Assim, as constantes alterações de voos sem qualquer comprovação da real necessidade para tanto DEVE SER OBJETO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, sob pena de se premiar as arbitrariedades cometidas em detrimento da hipossuficiência do consumidor e com um único objetivo: o lucro! 
PRELIMINARES
A Requerente atualmente é servidora pública, tendo sob sua responsabilidade a manutenção de sua família, razão pela qual não poderia arcar com as despesas processuais. 
Nesse seguimento, a redação do art. 99 Código de Processo Civil é clara:
Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso.
§ 1º Se superveniente à primeira manifestação da parte na instância, o pedido poderá ser formulado por petição simples, nos autos do próprio processo, e não suspenderá seu curso.
§ 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos pressupostos.
§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural. (GRIFO NOSSO)
Assim, por simples petição, sem outras provas exigíveis por lei, faz jus a Requerente ao benefício da gratuidade de justiça:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. CONCESSÃO. Presunção de veracidade da alegação de insuficiência de recursos, deduzida por pessoa natural, ante a inexistência de elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão da gratuidade da justiça. Recurso provido. (TJ-SP 22259076620178260000 SP 2225907-66.2017.8.26.0000, Relator: Roberto Mac Cracken, 22ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 07/12/2017)(GRIFO NOSSO)
A assistência de advogado particular não pode ser parâmetro ao indeferimento do pedido:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. PEDIDO DE GRATUIDADE DE JUSTIÇA. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. HIPOSSUFICIÊNCIA. COMPROVAÇÃO DA INCAPACIDADE FINANCEIRA. REQUISITOS PRESENTES. 1. Incumbe ao Magistrado aferir os elementos do caso concreto para conceder o benefício da gratuidade de justiça aos cidadãos que dele efetivamente necessitem para acessar o Poder Judiciário, observada a presunção relativa da declaração de hipossuficiência. 2. Segundo o § 4º do art. 99 do CPC, não há impedimento para a concessão do benefício de gratuidade de Justiça o fato de as partes estarem sob a assistência de advogado particular. 3. O pagamento inicial de valor relevante, relativo ao contrato de compra e venda objeto da demanda, não é, por si só, suficiente para comprovar que a parte possua remuneração elevada ou situação financeira abastada. 4. No caso dos autos, extrai-se que há dados capazes de demonstrar que o Agravante, não dispõe, no momento, de condições de arcar com as despesas do processo sem desfalcar a sua própria subsistência. 4. Recurso conhecido e provido. (TJ-DF 07139888520178070000 DF 0713988-85.2017.8.07.0000, Relator: GISLENE PINHEIRO, 7ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE : 29/01/2018)(GRIFO NOSSO)
Cabe destacar que o a lei não exige atestada miserabilidade do requerente, sendo suficiente a "insuficiência de recursos para pagar as custas, despesas processuais e honorários advocatícios" (Art. 98, CPC), conforme destaca a doutrina:
"Não se exige miserabilidade, nem estado de necessidade, nem tampouco se fala em renda familiar ou faturamento máximos. É possível que uma pessoa natural, mesmo com bom renda mensal, seja merecedora do benefício, e que também o seja aquela sujeito que é proprietário de bens imóveis, mas não dispõe de liquidez. A gratuidade judiciária é um dos mecanismos de viabilização do acesso à justiça; não se pode exigir que, para ter acesso à justiça, o sujeito tenha que comprometer significativamente sua renda, ou tenha que se desfazer de seus bens, liquidando-os para angariar recursos e custear o processo." (DIDIER JR. Fredie. OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Benefício da Justiça Gratuita. 6ª ed. Editora JusPodivm, 2016. p. 60)(GRIFO NOSSO)
Por tais razões, com fulcro no artigo 5º, LXXIV da Constituição Federal e pelo artigo 98 do CPC, requer seja deferida a gratuidade de justiça ao requerente.
DOS FATOS
A Requerente adquiriu passagem aérea com a Requerida, para o dia 22/03/2019, com os seguinte trechos: voo 3467 com embarque às 19h20m em FOZ DO IGUAÇU/PR e desembarque às 21h05m em SÃO PAULO/SP, conexão no voo 3324, embarcando às 23h40m em SÃO PAULO/SP e desembarque no dia 23/03/2019, às 02h20m, em PORTO VELHO/RO, conforme itinerário anexo.
Para maior segurança e conforto, a Requerente ainda tratou de adquirir seguro oferecido pela Requerida a fim de obter proteção da bagagem e pertences contidos nela.
No primeiro trecho, tudo ocorreu perfeitamente, dentro do previsto. No segundo trecho, a requerente despachou sua mala contendo diversos perfumes (conforme notas fiscais anexadas), no valor total de R$887,67 (oitocentos e oitenta e sete reais e sessenta e sete centavos), que foram comprados no decorrer de sua viagem. 
Chegando em Porto Velho/RO, dirigiu-se a esteira para retirar as bagagens despachadas, mas não encontrou sua mala. Indignada, buscou auxílio da requerida para sanar o problema. 
Foi assim que a requerente passou a madrugada, cansada, aguardando ansiosamente por um bom desfecho dasituação, na expectativa de ir para seu lar com seus pertences em mãos.
Não foi o que aconteceu, o transtorno havia apenas começado. Depois de longa espera, a mala foi encontrada. Maravilha, certo? NÃO! A Requerente recebeu sua bagagem, ou melhor... pedaços dela, em UM SACO DE LIXO!!! 
Extremamente constrangida, ao retirar o que esperava ser sua mala de dentro do saco, diante de outros passageiros que observavam o cenário vexatório, ficou chocada ao perceber que esta não só foi aberta, como foi cortada e teve seus objetos retirados!
Em contato com os funcionários da empresa aérea, estes informaram que não sabiam o que havia acontecido com a bagagem da requerente. Ainda no aeroporto, a mesma procedeu com o preenchimento de um Relatório de Irregularidades com Bagagem – RIB, cópia anexa, procedimento padrão da requerida, onde descriminaram o ocorrido, os seus dados pessoais, e o objeto que estava dentro, bem como todos os telefones para contato.
Frustrada, cansada, e uma das últimas clientes a sair do aeroporto, foi para sua casa sem maiores explicações da companhia aérea. Disposta a resolver o problema sem litígios maiores, entrou em contato com a requerida, seguiu devidamente as orientações passadas, aguardou retorno... e nada! Ora, a Requerida, como interessada em manter um bom relacionamento com seus clientes e por consequência disso, aclarar da melhor forma possível ocorridos não previstos e de sua responsabilidade, sequer voltava a dar resposta quando prometia! O descaso é transparente!
O caso ocorreu no dia 23/03/2019. Ou seja, 4 (QUATRO) MESES SE PASSARAM E NADA FOI FEITO para que a requerente reouvesse seus pertences ou fosse ressarcida materialmente pelo que foi perdido.
Desta forma, não lhe restou alternativa, a não ser buscar na esfera judicial a reparação pelos danos sofridos, tanto morais como materiais.
Destacamos ainda, que episódios de negligência semelhantes a esse são de extrema reincidência da empresa prestadora do serviço.
Diante do acima citado, nota-se o descaso e a falta de perícia com a bagagem do Requerente por parte da REQUERIDA, pois constrangeu o Requerente em sua viagem com a entrega de restos da sua mala e extravio de seus pertences.
DO DIREITO
DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
	O Código de Defesa do Consumidor prescreve, em seu art. 2º, ser consumidor: “toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”. Sendo assim, inexistem maiores dificuldades em se concluir pela aplicabilidade do referido Código, visto que este corpo de normas pretende aplicar-se a todas as relações desenvolvidas no mercado brasileiro que envolvam um consumidor e um fornecedor.
	Desse modo, é perfeitamente aplicável ao caso em tela, o art. 14 do Código de Defesa do Consumidor, que estipula a responsabilidade do fornecedor de produtos e serviços pelos danos causados por defeitos relativos à prestação de serviços, conforme se pode verificar:
“Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.”
	Nesse sentido, o Superior Tribunal de Justiça já deliberou:
RECURSO. Extraordinário. Inadmissibilidade. Erro material. Reconsideração. Demonstrada a existência de erro material na decisão agravada, deve ser reapreciado o recurso. 2.	TRANSPORTE AÉREO. Má prestação de serviço. Reconsideração. Dano moral. Configurado. Aplicação do Código de Defesa do Consumidor. Ofensa indireta à Constituição. Agravo regimental não provido. Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor nos casos de indenização por danos morais e materiais por má prestação de serviço em transporte aéreo. (RE 575803 AgR Relator(a): Min. Cesar Pelusoi, Segunda Turma, julgado em 01/12/2019)
Com esse postulado, a Requerida não pode eximir-se das responsabilidades inerentes à sua atividade, dentre as quais prestar esclarecimentos e retificar sua conduta, visto que se trata de um fornecedor de produtos que, independentemente de culpa, causou danos efetivos a um de seus consumidores.
DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
	Saliente-se, que no caso em tela, é cabível a inversão do ônus da prova, em virtude de estarem devidamente satisfeitos os requisitos para a sua ocorrência. A coerência está comprovada por meio dos indícios apresentados nos fatos e a hipossuficiência é evidente, tendo em vista que a Requerida possui maiores condições técnicas de trazer aos autos elementos fundamentais para a resolução da lide. Nesse sentido, a inversão do ônus da prova trata-se de direito consagrado pelo Código de Defesa do Consumidor, que dispõe expressamente sobre esse instituto em seu artigo 6°, VIII, que prescreve:
"Art. 6° - São direitos básicos do consumidor:
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente segundo as regras ordinárias de experiências".
	Quanto à prestação de serviços, estipula o respectivo artigo 51 do mesmo diploma legal, que cláusulas prejudiciais aos ao consumidor, são nulas de pleno direito:
"Art. 51 - São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade.
VI - Estabeleçam a inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor".
	Diretamente ligado a este direito ressaltamos o princípio da isonomia, pois o consumidor hipossuficiente não tem condições a produzir provas suficientes e capazes de comprovar o alegado, com possibilidade de haver prejudicialidade da ação devido à impossibilidade da comprovação, sendo esta obrigação da Requerida de acordo com as regras que disciplinam os direitos do consumidor.
	Posto isso, Excelência, diante da falha na prestação do serviço no que se refere ao extravio da bagagem e furto dos objetos contidos nela, perante a hipossuficiência da Requerente, de acordo com os dispositivos acima citados, requer a Vossa Excelência, a inversão do ônus da prova, validando os direitos do consumidor.
DA RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA
A Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º, consagra a tutela do direito à indenização por dano material ou moral decorrente da violação de direitos fundamentais:
"Art. 5º(...)
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;"
	O ato ilícito é aquele praticado em desacordo com a norma jurídica destinada a proteger interesses alheios, violando direito subjetivo individual, causando prejuízo a outrem e criando o dever de reparar tal lesão. Sendo assim, o Código Civil define o ato ilícito em seu art. 186:
"Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito".
	Dessa forma, é previsto como ato ilícito, aquele que, cause dano, ainda que exclusivamente moral.
	O art. 186 do Código Civil, acima mencionado, define o que é ato ilícito, entretanto, observa-se que não disciplina o dever de indenizar. Essa matéria é tratada no art. 927 do referido Código.
"Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.”
	
	Nesse sentido, temos decisão do SuperiorTribunal de Justiça:
A responsabilidade do agente causador do dano moral opera-se por força do simples fato da violação; assim, verificado o evento danoso, surge a necessidade de reparação, não havendo que se cogitar a prova do prejuízo, se presente o nexo de causalidade e a culpa, pressupostos legais para que haja a responsabilidade civil. (STJ – 4ª Turma – Recurso Especial n. 23.575 – Relator César Asfor Rocha – julgado em 09/06/97 – RT 746/182).
	A Requerida não cumpriu com o contrato de prestação de serviços, o que caracteriza sua responsabilidade. Salienta-se que a empresa tem obrigação de devolver a bagagem despachada intacta, e, in casu, ainda assim, a Requerente realizou pagamento de seguro para ter maior garantia da integridade do seu bem.
DO DANO MORAL
Conforme demonstrado nos fatos narrados e provas que foram juntadas no presente processo, a Requerida, ao falhar na sua prestação de serviços, deixou de cumprir com sua obrigação primordial de zelo e cuidado com os clientes, expondo a Requerente a um constrangimento ilegítimo, gerando o dever de indenizar.
Segundo a jurisprudência, dano moral é:
"Lição de Aguiar Dias: o dano moral é o efeito não patrimonial da lesão de direito e não a própria lesão abstratamente considerada. Lição de Savatier: dano moral é todo sofrimento humano que não é causado por uma perda pecuniária. Lição de Pontes de Miranda: nos danos morais, a esfera ética da pessoa é que é ofendida; o dano não patrimonial é o que, só atingindo o devedor como ser humano, não lhe atinge o patrimônio." ( TJRJ. 1a c. - Ap . - Rel. Carlos Alberto Menezes - Direito , j. 19/11/91-RDP 185/198).
A Súmula 37 do Superior Tribunal de Justiça elucida o tema:
"O dano moral alcança prevalentemente valores ideais, não goza apenas a dor física que geralmente o acompanha, nem se descaracteriza quando simultaneamente ocorrem danos patrimoniais, que podem até consistir numa decorrência de sorte que as duas modalidades se acumulam e tem incidências autônomas." 
	De acordo com o exposto, verifica-se que a concessão do pedido da Requerente quanto aos danos extrapatrimoniais sofridos encontra-se amparado pelo entendimento consolidado pelo Tribunal e Turma Recursal do nosso Estado, como bem demonstram as ementas abaixo:
CONTRATO TRANSPORTE AÉREO. EXTRAVIO DE BAGAGEM. FALHA PRESTAÇÃO SERVIÇOS. DEVER DE INDENIZAR. DANOS MORAIS CONFIGURADOS. QUANTUM COMPENSATÓRIO. PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE.
-É firme a jurisprudência desta Corte no sentido de que a responsabilidade civil do transportador aéreo pelo extravio de bagagem.
-O extravio de bagagem e os problemas daí decorrentes geram danos à esfera psicológica do indivíduo, passíveis de compensação.
RECURSO INOMINADO CÍVEL, Processo nº 7007507-66.2017.822.0014, Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia, Turma Recursal - Porto Velho, Relator(a) do Acórdão: Juiz José Torres Ferreira, Data de julgamento: 09/07/2019 (GRIFO NOSSO)
Apelação cível. Ação indenizatória. Transporte aéreo de passageiros. Extravio temporário de bagagem. Dano moral configurado. Dano material. Ausência. Recurso parcialmente provido.
Ocorrendo extravio temporário de bagagem em viagem promovida por empresa de transporte aéreo, é devida a indenização por dano moral decorrente da falha na prestação de serviço.
A configuração do dano material depende de efetiva comprovação do prejuízo.
APELAÇÃO CÍVEL, Processo nº 7011954-61.2016.822.0005, Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia, 2ª Câmara Cível, Relator(a) do Acórdão: Des. Isaias Fonseca Moraes, Data de julgamento: 01/07/2019 
Apelação cível. Transporte aéreo de passageiro. Violação de bagagem. Extravio parcial de bagagem. Relação consumerista. Responsabilidade objetiva. Danos moral e material. Configuração. Valor. Parâmetros de fixação. 
A violação e o extravio parcial de bagagem constituem má prestação do serviço, devendo a empresa aérea ser responsabilizada pelos danos advindos aos consumidores. 
No tocante à fixação da indenização por dano moral, o julgador deve atender ao princípio da proporcionalidade e razoabilidade para que o valor arbitrado não seja considerado irrisório nem configure o enriquecimento ilícito.
APELAÇÃO CÍVEL, Processo nº 7057422-60.2016.822.0001, Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia, 2ª Câmara Cível, Relator(a) do Acórdão: Des. Marcos Alaor Diniz Grangeia, Data de julgamento: 19/06/2019.
Recurso inominado. Juizado Especial Cível. Falha na prestação do serviço. Nao entrega de produto. Dano moral e material. Ocorrência. Quantum indenizatório. Proporcionalidade.
1 – Ocorre dano moral quando demonstrada a falha na prestação do serviço, bem como ausente qualquer justificativa da empresa fornecedora quanto a não entrega do produto adquirido.
2 – O quantum indenizatório deve ser justo e razoável ao abalo sofrido pelo consumidor.
RECURSO INOMINADO CÍVEL, Processo nº 7001327-62.2016.822.0016, Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia, Turma Recursal - Porto Velho, Relator(a) do Acórdão: Juiz José Augusto Alves Martins, Data de julgamento: 25/06/2019 (GRIFO NOSSO)
Apelação cível. Extravio de bagagem. Inadequada prestação de serviços. Responsabilidade Civil. Danos material e moral. Valor adequado. Juros de mora.
É devida a indenização por danos materiais e morais ao usuário que teve a bagagem extraviada durante viagem, uma vez que ficou caracterizada a responsabilidade civil da empresa de transporte pela falha na prestação do serviço.
O valor da condenação, se suficiente para o equilíbrio da reparação, não deve ser alterado.
Em se tratando de responsabilidade contratual, os juros de mora sobre as indenizações por danos morais incidem a partir da citação. Precedentes do STJ.
Apelação, Processo nº 0001572-18.2013.822.0011, Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia, 1ª Câmara Cível, Relator(a) do Acórdão: Des. Sansão Saldanha, Data de julgamento: 30/01/2019 (GRIFO NOSSO)
		A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça já assentou o seguinte entendimento:
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO (ART. 544 DO CPC) - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - TRANSPORTE AÉREO - CANCELAMENTO DE VOO - EXTRAVIO DE BAGAGEM - QUANTUM INDENIZATÓRIO - VALOR ARBITRADO COM RAZOABILIDADE – DECISÃO MONOCRÁTICA QUE CONHECEU DO AGRAVO PARA DAR PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL. INSURGÊNCIA DA COMPANHIA AÉREA.
1. A empresa aérea responde pela indenização de danos materiais e morais experimentados objetivamente pelos passageiros decorrente do extravio de sua bagagem.
2. Não existem critérios fixos para a quantificação do dano moral, devendo o órgão julgador ater-se às peculiaridades de cada caso
concreto, de modo que a reparação seja estabelecida em montante que desestimule o ofensor a repetir a falta, sem constituir, de outro lado, enriquecimento sem causa. Assim, não há necessidade de alterar o quantum indenizatório no caso concreto, em face da razoável quantia, fixada por esta Corte Superior  em R$ 10.000,00 (dez mil reais).
3. Agravo regimental desprovido.
(AgRg no AREsp 261339 / RS, Ministro MARCO BUZZI, 17/11/2015)
		De tudo que foi relatado, é inequívoca a caracterização do dano moral, sendo certo, nos termos da jurisprudência dominante que, o cancelamento do voo, por si só, já configura dano, possibilitando a responsabilização civil objetiva da Requerida.
DO DANO MATERIAL
	Quanto aos danos materiais, conforme relatado, a Requerente, teve sua mala cortada (vide fotos anexadas), seus objetos furtados, e após 4 (quatro meses) não teve compensação adequada dos objetos comprados.
	De acordo as notas fiscais anexadas, o prejuízo que a Requerente teve ao ter seus objetos furtados foi no montante de R$ 887,64 (oitocentos e oitenta e sete reais e sessenta e quatro centavos).
Sobre a indenização por danos patrimoniais, a jurisprudência do Tribunal de Rondônia já proferiu:
Recurso inominado. Extravio de bagagem. Falha na prestação de serviços. Dever de indenizar. CDC. Danos materiais e morais configurados. Quantum Compensatório. Proporcionalidade e razoabilidade.
1 - Ante a omissão da empresa de transporte em exigira declaração de bens no momento do embarque, devem prevalecer os indícios de provas apresentados pelo consumidor e a lista de pertences extraviados. Ainda que não seja possível detalhar minuciosamente a natureza dos itens que estavam no interior da mala despachada, de modo a comprovar o quantum do dano material suportado, é notório que, em razão da viagem feita, existiam pertences pessoais da recorrida na bagagem, e a perda de tais bens configura decréscimo patrimonial cuja análise deve ser feita a partir do caso concreto.
2 - O extravio de bagagem e os problemas daí decorrentes geram danos à esfera psicológica do indivíduo, passíveis de compensação. Se a indenização por dano moral se mostra suficiente, ante a lesão causada ao ofendido, impõe-se a manutenção do valor fixado, sobretudo considerando que a reparação deve ser suficientemente expressiva a fim de compensar a vítima e desestimular o causador do dano, objetivando evitar a repetição de conduta do mesmo gênero, sem causar o enriquecimento sem causa do vencedor da demanda.
RECURSO INOMINADO CÍVEL, Processo nº 7026801-46.2017.822.0001, Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia, Turma Recursal - Porto Velho, Relator(a) do Acórdão: Juiz José Augusto Alves Martins, Data de julgamento: 03/07/2019.
Apelação Cível. Extravio temporário de bagagem. Inadequada prestação de serviço. Responsabilidade Civil. Dano material. Valor adequado. Recurso adesivo.
É devida a indenização por danos materiais e morais à parte que teve sua bagagem extraviada durante viagem. A responsabilidade civil está caracterizada e a empresa responde pela falha na prestação do serviço.
O valor da condenação suficiente para o equilíbrio da reparação, não deve ser alterado.
Apelação, Processo nº 0003901-67.2012.822.0001, Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia, 1ª Câmara Cível, Relator(a) do Acórdão: Des. Sansão Saldanha, Data de julgamento: 12/06/2019
Transporte aéreo. Extravio de bagagem. Indenização. Dano moral comprovado. Dano moral presumido. Quantum indenizatório. Critérios da razoabilidade e da proporcionalidade na fixação. Excesso não verificado.
É lícito ao transportador exigir dos passageiros a declaração do valor da bagagem com o escopo de limitar a indenização, no caso de perda e/ou extravio, conforme regra prevista no art. 734, parágrafo único, do Código Civil. Porém, assim não procedendo, o ressarcimento dos danos materiais é medida que se impõe.
O abalo moral sofrido por passageiro que teve sua bagagem extraviada pela companhia aérea é presumido, sendo desnecessária a comprovação do aborrecimento e dos transtornos que tal fato gera.
A indenização por danos morais deve ser fixada com ponderação, levando-se em conta o abalo experimentado, o ato que o gerou e a situação econômica do lesado; não pode ser exorbitante, a ponto de gerar enriquecimento, nem irrisória, dando azo à reincidência.
APELAÇÃO CÍVEL, Processo nº 0013592-97.2015.822.0002, Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia, 1ª Câmara Cível, Relator(a) do Acórdão: Des. Rowilson Teixeira, Data de julgamento: 06/06/2019. (GRIFO NOSSO)
Processo civil. Apelação. Responsabilidade civil. Empresa aérea. Extravio de bagagem. Sentença omissa. Preclusão. Embargos de declaração não interpostos. Danos materiais e morais. Comprovação. Valor da indenização. Proporcional e adequado. Recurso conhecido em parte e não provido.
A empresa aérea responde pela indenização de danos materiais e morais experimentados objetivamente pelos passageiros decorrentes do extravio de sua bagagem.
O consumidor, na qualidade de passageiro, ao entregar sua mala à empresa, espera recebê-la incólume em seu desembarque na cidade de destino. A obrigação de transporte é da empresa aérea, respondendo esta pela falha em seu serviço.
Somente em hipóteses excepcionais, quando irrisório ou exorbitante o valor da indenização por danos morais arbitrados na origem, a jurisprudência permite o afastamento do referido óbice, para possibilitar a revisão. O valor estabelecido pelo juiz de origem não se mostra desproporcional, a justificar sua reavaliação.
APELAÇÃO, Processo nº 7000480-93.2016.822.0005, Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia, 1ª Câmara Cível, Relator(a) do Acórdão: Des. Sansão Saldanha, Data de julgamento: 04/02/2019. (GRIFO NOSSO)
Portanto, há de se concluir, que a Requerente teve lesado o patrimônio material e moral, sendo digna a devida compensação, em decorrência das lesões materiais, psicológicas e morais sofridas pelos requerentes em sua viagem, pois até o momento, 4 (QUATRO) meses se passaram e a mesma continua sem os pertences que estavam em sua mala, conforme comprovado com os documentos em anexo.
DOS PEDIDOS

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