Prévia do material em texto
Brasília-DF. AvAliAção ClíniCA FACiAl e CorporAl, elAborAção de FiChA de AnAmnese, elAborAção de TCle, bioéTiCA e responsAbilidAde legAl por ClíniCA de esTéTiCA Elaboração André Luiz Siqueira da Silva Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APrESEntAção ................................................................................................................................. 5 orgAnizAção do CAdErno dE EStudoS E PESquiSA .................................................................... 6 introdução.................................................................................................................................... 8 unidAdE i BIOÉTICA NA BIOMEDICINA ESTÉTICA ..................................................................................................... 9 CAPítulo 1 EvOluçãO DA BIOÉTICA ......................................................................................................... 9 CAPítulo 2 HISTórIA, prINCIpAIS prINCípIOS BIOÉTICOS E ATuAçãO DA BIOÉTICA NA BIOMEDICINA ESTÉTICA .......................................................................................................... 14 unidAdE ii ASpECTOS GErAIS E CONFECçãO DO TErMO DE CONSENTIMENTO lIvrE E ESClArECIDO (TClE) ...... 25 CAPítulo 1 TErMO DE CONSENTIMENTO lIvrE E ESClArECIDO (TClE) ..................................................... 25 unidAdE iii rEAlIZAçãO DE ANAMNESE FACIAl E COrpOrAl ............................................................................... 31 CAPítulo 1 DEFINIçãO DE ANAMNESE E SEuS prINCípIOS ........................................................................ 31 CAPítulo 2 EquIpAMENTOS uTIlIZADOS NA ANAMNESE FACIAl ................................................................. 36 CAPítulo 3 prINCIpAIS DISFuNçõES ESTÉTICAS DA FACE .......................................................................... 40 CAPítulo 4 EquIpAMENTOS uTIlIZADOS NA ANAMNESE COrpOrAl .......................................................... 54 CAPítulo 5 prINCIpAIS DISFuNçõES ESTÉTICAS COrpOrAIS ..................................................................... 57 unidAdE iV rESpONSABIlIDADE lEGAl DO BIOMÉDICO(A) ESTETA .......................................................................... 65 CAPítulo 1 rEGulAMENTAçãO DA BIOMEDICINA ESTÉTICA...................................................................... 65 CAPítulo 2 rESpONSABIlIDADE CIvIl E rEGulAMENTAçãO DAS ClíNICAS DE ESTÉTICAS .......................... 68 rEfErênCiAS .................................................................................................................................. 73 5 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 6 organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para refl exão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao fi nal, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fi m de que o aluno faça uma pausa e refl ita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifi que seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As refl exões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, fi lmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Praticando Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer o processo de aprendizagem do aluno. 7 Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Para (não) � nalizar Texto integrador, ao fi nal do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 8 introdução A biomedicina estética é a mais recente área de atuação do biomédico(a), no entanto, apesar de a sua regulamentação ter ocorrido há pouco tempo, essa área já desponta como uma das mais promissoras da biomedicina. Por meio de comprovações científicas dos métodos empregados, o biomédico(a) esteta desenvolve e aplica os procedimentos para tratar as disfunções estéticas do corpo, tais como: rugas, estrias, gordura localizada, lipodistrofia ginoide, flacidez, entre outras, disponibilizando para o paciente o retorno da autoestima e confiança por meio dos tratamentos. Porém, para o profissional alcançar o sucesso nessa área tão concorrida, ele deve ter disposição para buscar constante atualização, por meio de cursos extracurriculares, congressos, simpósios e estágio prático em clínicas, pois todos os dias surgem novos procedimentos, cosméticos e equipamentos que prometem revolucionar o setor. Além disso, conhecer os princípios bioéticos, saber realizar uma anamnese com segurança e compreender quais são os aspectos jurídicos que regem a atuação do biomédico(a) esteta são fatores primordiais para alcançar o sucesso e satisfação profissional. Logo, por esta apostila o aluno terá a oportunidade de aprender sobre os fundamentos que compõem a biomedicina estética, bem como obter os conhecimentos necessários para começar a trilhar um caminho promissor e repleto de oportunidades. objetivos » Adquirir conhecimento sobre os principais princípios bioéticos e acontecimentos históricos que desenvolveram essa ciência. » Promover o conhecimento das principais técnicas utilizadas nas avaliações faciais e corporais. Ademais, aprender a elaborar um termo de conhecimento livre e esclarecido e identificar quais são os principais tipos de disfunções estéticas encontrados na rotina clínica. » Conhecer quais são as resoluções que regularizam a atuação do biomédico(a) esteta e os embasamentos jurídicos que auxiliam o profissional na execução da sua profissão. 9 unidAdE iBioÉtiCA nA BioMEdiCinA EStÉtiCA CAPítulo 1 Evolução da bioética linha do tempo da bioética no Brasil e no mundo A bioética passou por vários processos até ser consolidada como uma ciência. Para compreender melhor os fatos que regeram o seu surgimento, faz-se necessário ter um conhecimento prévio sobre tais processos. Para isso, a linha do tempo que se encontra a seguir lista os principais acontecimentos bioéticos. 1900: surgimento do primeiro documento que estabeleceu com clareza os princípios éticos relacionando à pesquisa com seres humanos. Foi formulado pelo Ministério da Saúde da Prússia. Nesse documento, está presente a integridade dos pesquisadores, assim como o consentimento formal do indivíduo que irá participar da pesquisa (SALLES et al., 2010). 1931: o documento confeccionado em 1900 teve uma baixa repercussão e os abusos nas pesquisas com seres humanos foram os motivos que levaram o Ministro do Interior da Alemanha estabelecer as “14 diretrizes para as pesquisas com seres humanos e para novos tratamentos” (SALLES et al., 2010). 1933 – 1945: durante a Segunda Guerra Mundial, com o advento do nazismo, três episódios importantes levaram as instituições de saúde a se envolverem em políticas racistas e eugenistas, de acordo com os princípios de Hitler, a partir do ano de 1964. Foram eles: a lei de 14 de junho de 1933, a respeito da esterilização, classificada como uma “prevenção contra uma descendência hereditariamente doente”; o memorando de outubro de 1939, permitindo a eutanásia em indivíduos portadores de doenças incuráveis e a constituição dos campos de extermínio, em 1941 (SALLES et al., 2010). 10 unidAdE i │ BioÉtiCA nA BioMEdiCinA EStÉtiCA 1947: criação do código de Nuremberg, devido aos fatos ocorridos durante a Segunda Guerra Mundial. Além disso, foi formando o Tribunal Internacional para julgar os nazistas responsáveis pelos experimentos com os prisioneiros nos campos de concentração (SALLES et al., 2010). 1948: é aprovada pela Organização das Nações Unidas (ONU) a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Ainda que não representasse um dever legal, serviu para a formação de dois tratados elaborados pela ONU, foram eles: o Tratado Internacional dos Direitos Econômicos Sociais e Culturais e o Tratado Internacional dos Direitos Civis e Políticos (SALLES et al., 2010). 1953: Watson e Crick descobrem a estrutura do DNA, abrindo novos caminhos para o desenvolvimento da Engenharia Genética. Consequentemente, questionamentos éticos a respeito das aplicações que essa descoberta poderia trazer foram discutidos (SALLES et al., 2010). 1954: o primeiro transplante renal do mundo foi realizado, trazendo questionamentos e polêmicas na esfera ética e jurídica, a respeito dos transplantes de órgãos (SALLES et al., 2010). 1960: criação do Comitê de Seleção de Diálise de Seatle (God Commission). Essa comissão tinha como objetivo selecionar os pacientes que iriam realizar hemodiálise, tratamento esse que tinha sido descoberto recentemente. No entanto, os integrantes do God Commission não eram especialistas da área de nefrologia. Este fato ficou marcado como a primeira referencia à “bioética” (SALLES et al., 2010). 1960: o Concílio Vaticano II foi convocado pelo Papa João Paulo XXIII para discutir uma reconstrução da igreja católica, pois ela iria se tornar mais aberta ao mundo moderno e aos problemas éticos (SALLES et al., 2010). 1960: a igualdade dos diretos civis para todas as pessoas (negros e brancos) é defendida por Martin Luther King. Além disso, ele pede o término da segregação racial e do preconceito trabalhista (SALLES et al., 2010). 1960: ascensão do movimento Hippie. Os integrantes do movimento defendiam a liberdade sexual, proteção à natureza, não toleravam qualquer tipo de violência física. Além disso, o capitalismo foi questionado e os hippies defendiam a partilha dos recursos (SALLES et al., 2010). 1961: a vida sexual e social das mulheres foi transformada com o advento da pílula anticoncepcional. Com isso, uma “Bioética Feminista” é criada para defender a autonomia da mulher sobre o seu corpo (SALLES et al., 2010). 11 BioÉtiCA nA BioMEdiCinA EStÉtiCA │ unidAdE i 1964: a Declaração de Helsinki foi aprovada pela Assembleia Médica Mundial. Esse documento é visto com uma melhoria realizada no Código de Nuremberg. Devido a isso, seus requisitos de ética médica são utilizados por vários países atualmente (SALLES et al., 2010). 1966: os periódicos científicos de renome no mundo acadêmico são analisados por um artigo intitulado: “NeW England Journal of Medicine”. O objetivo foi investigar as pesquisas com seres humanos. O artigo conclui que 12% dos estudos possuem vários desvios éticos (SALLES et al., 2010). 1967: o primeiro transplante cardíaco do mundo é realizado na África do Sul pelo cardiologista Dr. Christian. Devido a isso, o conceito de morte é revisto pela sociedade médica (SALLES et al., 2010). 1968: o “NeW Englad Journal of Medicine” apresenta uma nova definição de morte cerebral. Com isso, o conceito de parada cardiorrespiratória é questionado, estabelecendo intenso debate sobre a origem dos órgãos destinado aos transplantes. Os temas eutanásia e distanásia também são discutidos devido ao impacto causado pelo artigo (SALLES et al., 2010). 1969/1970: Daniel Callahan funda o “Hastings Center” nos Estados Unidos. O objetivo da entidade é encontrar soluções éticas para determinados problemas (SALLES et al., 2010). 1970/1971: a palavra “bioética” foi utilizada pela primeira em artigos publicados pelo oncologista, bioquímico e biólogo “Van Rensselaer Potter” intitulados: “Bioethics: The Science of Surviral e Biocybernetics and Survival”. Ademais, uma compilação de artigos foram publicados em forma de livro, “Bioethics: Bridge to the Future”. O cientista fazia parte do corpo docente da Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos. De acordo com muitos autores, foi a partir dos estudos de Potter que nasceu a Bioética (SALLES et al., 2010). 1971: sediado na Universidade de Georgetown nos Estados Unidos, o Instituto Kennedy é fundado. A entidade torna-se o primeiro centro do mundo destinado à leitura e à discussão de temas voltados para a bioética. Ademais, funda a primeira pós-graduação em bioética (SALLES et al., 2010). 1974: o termo “bioética” é introduzido na Livraria do Congresso Americano Estadunidense (SALLES et al., 2010). 1974: o Departamento de Saúde, Educação e Bem-Estar dos Estados Unidos apresenta o Relatório Belmont. Devido aos problemas oriundos do Estudo Tuskegge (1932 a 1972), 12 UNIDADE I │ BIOÉTICA NA BIOMEDICINA ESTÉTICA esse estudo realizou uma pesquisa sobre sífilis em uma população negra sem adotar os princípios éticos (SALLES et al., 2010). 1978: a reprodução humana assistida começa a ter renome após o nascimento do primeiro bebê de proveta, Louise Brown. Com isso, novos questionamentos éticos são levantados devido ao nascimento de Brown (SALLES et al., 2010). 1979: um livro que pertence a corrente bioética chamada de “Principialismo” é publicado pelos autores T. Beauchamp e J. Childress. O livro foi intitulado “Principles of Biomedical Ethic” (SALLES et al., 2010). 1979: o livro “Ética prática” é publicado por Peter Singer. A obra discute os motivos pelos quais a vida de todos os seres vivos precisa ser respeitada (SALLES et al., 2010). 1986: o livro “Fundamentos da bioética” é lançado por H. Tristam Engelhard. Na obra, as teorias religiosas estão presentes (SALLES et al., 2010). 1990: o Projeto Genoma Humano é iniciado (SALLES et al., 2010). 1992: na cidade de Amsterdã (Holanda), acontece o primeiro Congresso Mundial de Bioética. Foi patrocinado pela ”International Association of Bioethics” (SALLES et al., 2010). 1996: o Conselho Nacional de Saúde (CNS) doBrasil publica a resolução no 196/1996 com todas as normas e orientações para a realização de pesquisa com seres humanos (SALLES et al., 2010). 1997: o primeiro mamífero do mundo é clonado, uma ovelha chamada Dolly. A clonagem foi realiza popr meio da transferência nuclear. Devido a isso, uma grande discussão a respeito da clonagem humana foi realizada, pois a mesma metodologia poderia ser empregada para clonar seres humanos (SALLES et al., 2010). 2002: o Brasil sedia o VI Congresso Mundial de Bioética (SALLES et al., 2010). 2003: o Conselho Federal de Medicina publica a revista “Bioética”, abordando a bioética de maneira ampla e interdisciplinar (SALLES et al., 2010). 2004: o Centro Universitário São Camilo, sediado na cidade de São Paulo, cria o primeiro Mestrado em Bioética do Brasil (SALLES et al., 2010). 2005: a Universidade do Vale do Sapucaí (UNIVÁS), na cidade de Pouso Alegre, em Minas Gerais, cria o segundo Mestrado em Bioética do Brasil (SALLES et al., 2010). 13 BIOÉTICA NA BIOMEDICINA ESTÉTICA │ UNIDADE I 2008: o Conselho Federal de Medicina, em parceria com a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, em Portugal, cria o programa de Doutorado em Bioética (SALLES et al., 2010). 2010: a Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), situada na cidade do Rio de Janeiro, RJ, introduz o Doutorado em Bioética, Ética Aplicada e Saúde (SALLES et al., 2010). 14 CAPítulo 2 História, principais princípios bioéticos e atuação da bioética na biomedicina estética Processos históricos A bioética é a ciência que mais cresce em todo o mundo. Ela é um campo que integra várias matérias, chamada “transdiciplinaridade” pelos pesquisadores da temática, ou seja, é a junção de vários conceitos de disciplinas diferentes que, estimulada pela mídia, abrangem temas como células-tronco, clonagem, aborto, eutanásia, banco de órgão, entre outros. Acabam por despertar o interesse da sociedade e dos pesquisadores, pois os conhecimentos e reflexões sobre esses temas polêmicos se difundiram pelo mundo inteiro, transformando a bioética na ciência do momento (SAKAGUTI, 2007). Não existe um consenso entre os cientistas que trabalham com bioética a respeito de um acontecimento específico que deu origem a ela. No entanto, existem vários fatores e contextos históricos que somados levaram ao seu surgimento, dentre eles, podemos destacar a Segunda Guerra Mundial (SAKAGUTI, 2007). Além disso, a religião esteve presente no nascimento da bioética, por meio de análises realizadas e propostas geradas em torno dos avanços tecnológicos alcançados pela área médica. Na década de 1950, a grande maioria dos professores ou autores de bioética eram rabinos, pastores ou teólogos católicos (SAKAGUTI, 2007). Após a Segunda Guerra Mundial, entre os anos de 1950 e 1960, observamos o surgimento de movimentos de reivindicação dos direitos individuais, tais como: movimentos feministas, proteção à criança e à juventude, contra a segregação racial, revolução sexual, entre outros (SAKAGUTI, 2007). Todos esses movimentos foram fundados devido a dois documentos que surgiram com o término da Segunda Grande Guerra: O Código de Nuremberg (1947) e a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) (SAKAGUTI, 2007). O Código de Nuremberg surgiu em decorrência dos problemas éticos ocasionados devido às pesquisas com seres humanos durante a Segunda Guerra Mundial. Os nazistas foram julgados e condenados pelo Tribunal de Nuremberg por cometerem os mais perversos atos de crueldade contra a humanidade (SAKAGUTI, 2007). 15 BIOÉTICA NA BIOMEDICINA ESTÉTICA │ UNIDADE I Já a declaração Universal dos Direitos Humanos, criada pela então recém-constituída, Organização das Nações Unidas (ONU), em 1945, foi uma conquista da humanidade. Essa declaração promove a proteção contra os abusos de poderes autoritários e o direito ao livre-arbítrio. Outra diretriz muito importante realizada pela ONU foi a Declaração dos Direitos da Criança (1959), ressaltando a proteção daqueles que são mais frágeis e desprotegidos pela sociedade, as crianças. O Código de Nuremberg e as declarações formuladas pela ONU promulgam os mesmos objetivos, que são a liberdade e a dignidade de cada ser humano (SAKAGUTI, 2007). Outro fator de extrema importância que auxiliou o surgimento da bioética foi a alteração da relação entre o médico e o paciente, que muitos autores classificam com “desumanização do atendimento aos pacientes”. Ou seja, teríamos um afastamento do profissional responsável pelos cuidados individuais de cada doente (SAKAGUTI, 2007). Nos primórdios do século XX, a relação entre médico e paciente era de total confidencialidade. Era muito comum o fato de o profissional ir até a casa do enfermo realizar consultas e tratar de todos os membros da família. Devido a isso, as famílias consultavam-se com o mesmo médico durantes anos. No entanto, no começo da década de 1960 essa relação afetuosa mudou por causa ao aumento do número de hospitais, a inserção de equipamentos de diagnósticos e de análises clínicas, das pesquisas clínicas e o advento das especializações médicas. A facilidade e a comodidade, aliadas ao ponto de vista econômico de concentrar em um mesmo local todos os profissionais da saúde, onde poderiam trabalhar juntos para atingir os melhores resultados, ajudaram a mudar essa relação (SAKAGUTI, 2007). As residências médicas levaram os médicos a concentrar seus conhecimentos em uma determinada parte do corpo. Porém, ao mesmo tempo em que se especializavam, esqueciam-se de como tratar o conjunto, o corpo humano (SAKAGUTI, 2007). Dessa forma, o paciente passou a ser tratado como um número de série ou de acordo com a patologia que portava, perdendo a sua identidade. A mudança na forma de tratamento dos médicos não mais permitiu estreitar os laços na relação médico-paciente e a identificação de médico da família foi perdida por esses profissionais (SAKAGUTI, 2007). No ano de 1969, foi publicado, nos Estados Unidos, o Código de Direitos do Paciente Hospitalizado que ratificava os direitos do paciente. Tal declaração garantia que o enfermo seria respeitado e teria total autonomia sobre as decisões referentes ao seu corpo (SAKAGUTI, 2007). 16 unidAdE i │ BioÉtiCA nA BioMEdiCinA EStÉtiCA Durante o ano de 1969, foi realizada uma reunião organizada pelo psiquiatra Willard Gaylin e pelo fi lósofo Daniel Callahan. Eles reuniram psiquiatras e fi lósofos para estudar e elaborar normas a respeito das pesquisas e experimentação no campo biomédico. Esses atos levaram a formação do “Institute of Society, Ethics and Life Sciences”, com sede em Hasting on Hundson, Nova Iorque – EUA (SAKAGUTI, 2007). Esta entidade tinha como objetivo estudar sistematicamente a ética e as ciências da vida. Além disso, o instituto de pesquisa prezava em ser um centro de estudo totalmente laico, sem fi ns lucrativos, com uma alta atividade educativa com o público geral. Com isso, a instituição fi cou conhecida como “Hastings Center” (SAKAGUTI, 2007). Somente no ano de 1970 o termo “bioética” foi utilizado pela primeira vez. Esse fato ocorreu nos Estados Unidos, por meio da publicação do artigo intitulado “The sience of survivial”, escrito pelo oncologista Van Rensselaer Potter. Em 1971, o bioquímico, biólogo e oncologista publicou um artigo que virou referência na área – “Bioethics: bridge to the future” (SAKAGUTI, 2007). O processo de formação da palavra “bioética” é baseado na junção dos termos “bio”, que signifi ca saber biológico, com a palavra “ética”, que faz uma relação com os valores humanos. Porém, foi por uma reportagem realizada pela revista “Time” que o livro de Van Potter tornou-se conhecido pelo público em geral e, desde então, a palavra “Bioética” entrou no nosso vocabulário (SAKAGUTI, 2007). Figura 1. van rensselaerpotter. Fonte: <http://mcardle.wisc.edu/bio/potter_v.html>. Acessado em 5 de junho de 2015. 17 BioÉtiCA nA BioMEdiCinA EStÉtiCA │ unidAdE i Filme – Julgamento de Nuremberg - Com o fi m da Segunda Guerra Mundial, os países aliados reuniram-se em Nuremberg, na Alemanha, para decidirem o destino de ofi ciais nazistas, julgados por seus bárbaros crimes, cometidos nos campos de concentração, em nome da loucura do III Reich. Entre eles está o notório Hermann Goering (Brian Cox, de Coração Valente). Com os ombros pesados pela responsabilidade e todos os olhos do mundo voltados para aquela corte, o promotor Robert Jackson (Alec Baldwin, de O Sombra), questiona os direitos dos acusados. É como fazer valer a justiça no mais importante julgamento da história. Com ricos detalhes sobre O Julgamento de Nuremberg, este fi lme – cuja produção executiva é co-assinada por Alec Baldwin – manteve-se fi el até às transcrições das fi tas gravadas na corte, aqui também reproduzida fi elmente. Todo o drama e dilema dos acusadores foram minuciosamente recriados nesta produção inquestionavelmente perfeita. Princípios bioéticos Os fundamentos da bioética ou ética não são os seus princípios, no entanto, os princípios éticos norteiam o caminho referente à refl exão ética e representam um conglomerado de referências e meios que contribuem para a construção da ação ética. Existem diferentes modelos bioéticos, cada um propõe seus princípios, os apresentando em uma determinada ordem. Essa hierarquia não representa uma hegemonia entre um e outro princípio, representa apenas a ordem na qual foi construída a refl exão ética (RAMOS; JUNQUEIRA, 2007). No modelo personalista, os princípios bioéticos são distribuídos em: 1. Princípio da defesa da vida física: defende a vida física, pois se entende que a vida física é coessencial para promover os valores humanos, devido a isso, sempre deve ser preservada (RAMOS; JUNQUEIRA, 2007). 2. Princípio da liberdade e responsabilidade: ressalta a responsabilidade do profi ssional de saúde em tratar o paciente, como um fi m, uma fi nalidade, e jamais como um meio. Ademais, relata a responsabilidade do cuidador, médico ou não, de não aceitar um pedido do paciente, caso interprete a súplica como inaceitável por sua consciência moral (RAMOS; JUNQUEIRA, 2007). 3. Princípio terapêutico: este princípio é conectado com a proporcionalidade das terapias para avaliar os riscos e benefícios. 18 unidAdE i │ BioÉtiCA nA BioMEdiCinA EStÉtiCA De acordo com esse princípio, é permitido intervir sobre a vida de um paciente fazendo mutilações físicas em uma cirurgia quando isso permitir a manutenção da vida. Exemplo: amputação de um membro que foi dilacerado em um acidente ou remoção de tumor (RAMOS; JUNQUEIRA, 2007). 4. Princípio da sociabilidade e de subsidiariedade: sociabilidade respaldada na prerrogativa que cada indivíduo participe de uma sociedade, possuindo responsabilidade com essa. Cada pessoa possui sua incumbência na preservação da ordem social, permitindo que todos possam viver de forma adequada. Já a subsidiariedade relaciona-se com as responsabilidades dos organismos (governamentais) da sociedade com cada indivíduo. Por exemplo: um pequeno grupo social (ONG), associações, entre outros, está desenvolvendo um projeto social e necessita de ajuda; então, os gestores públicos devem apoiar essa iniciativa, oferecendo recursos para que aquela entidade possa se manter e se desenvolver (RAMOS; JUNQUEIRA, 2007). É importante ressaltar que na literatura podem ser encontrados outros modelos de princípios bioéticos, que nascem de diferentes escolas éticas. Entre os muitos existentes, será destaque aquele que é mais utilizado pelos bioeticistas brasileiros. Trata-se do modelo bioético intitulado de “Principialismo”, que foi proposto por Beauchamps e Childress, em 1989. Esses autores demonstram os seguintes princípios: autonomia, justiça, beneficência e não maleficência (RAMOS; JUNQUEIRA, 2007). Princípio da não maleficência Como o próprio nome já diz, este princípio da bioética obriga o profissional da saúde a não causar nenhum tipo de malefício ao paciente. Muitos autores consideram o princípio da não maleficência como o princípio fundamental da escola Hipocrática. Além disso, ele é utilizado constantemente para impor uma condição moral ao profissional da área da saúde. Tratando-se, portanto, do dever ético mínimo que um biomédico(a) esteta precisa ter para exercer sua profissão. O não cumprimento desse princípio coloca o profissional em uma situação de prática negligente da biomedicina estética (LOCH, 2002). Este princípio tem grande importância, pois, em muitos casos, os riscos de causar danos ao paciente são inseparáveis de um determinado procedimento que é destinado a tratar aquele tipo de disfunção. Pois, qualquer procedimento estético envolve riscos e o paciente tem que está ciente dos possíveis problemas. 19 BIOÉTICA NA BIOMEDICINA ESTÉTICA │ UNIDADE I Por exemplo, um procedimento de pelling pode causar uma queimadura na pele do paciente se ele for executado erroneamente. No entanto, do ponto de vista ético, esse malefício pode ser justificado se o benefício esperado com o procedimento é beneficiar o paciente por meio da regeneração tecidual ocasionado por uma queimadura controlada. Nesse exemplo, os danos ao paciente são relativamente pequenos e não oferecem risco de morte. Porém, se o paciente tiver algum tipo de alergia aos componentes utilizados pelo pelling o risco de ocasionar malefícios definitivos é elevado. Com isso, o procedimento não poderá ser realizado. Princípio da beneficência Este princípio da beneficência apoia-se na temática que devemos fazer o bem ao próximo. Quando utilizado por profissionais da área biomédica, o trabalhador tem o dever moral de zelar pela saúde do paciente. Não apenas no que diz respeito à assistência técnica, mas também deve ser levado em consideração à ética. Ou seja, todos os conhecimentos e habilidades adquiridos pelo profissional ao longo da sua formação devem ser usados para servir o paciente, visando sempre minimizar os riscos e potencializar os benefícios do tratamento (KOTTOW, 1995). O presente princípio obriga o profissional da saúde a não causar danos intencionais à saúde do paciente, obrigando o profissional a promover o bem-estar dos pacientes, por meio das seguintes ações (LOCH, 2002): 1. Prevenir ou remover algum malefício (LOCH, 2002), neste caso, seriam as disfunções estéticas. 2. Fazer o bem ao paciente. Ou seja, por procedimentos estéticos, devolver ao paciente a autoestima. Esse princípio necessita de ações positivas por parte do biomédico(a) esteta. Faz-se necessário que o profissional trabalhe para beneficiar o seu paciente. Ademais, os procedimentos que serão realizados precisam ser avaliados e analisados, levando em conta o benefício versus riscos e/ou custos (LOCH, 2002). Por exemplo, um determinado paciente deseja realizar um tratamento com toxina botulínica. No entanto, o biomédico(a) esteta deve alerta-lo deoquais são os riscos que o procedimento causa, assim como os seus benefícios. Além disso, o profissional deve argumentar o motivo pelo qual os benefícios são maiores que os malefícios, o que justificaria a realização do procedimento. 20 UNIDADE I │ BIOÉTICA NA BIOMEDICINA ESTÉTICA Princípio do respeito à autonomia O respeito à autonomia significa respeitar o livre-arbítrio de cada ser humano. Ou seja, uma pessoa deve julgar se aquele determinado tratamento estético é ou não bom para si mesmo. Mas, para que a pessoa possa exercer a autodeterminação, é imprescindível respeitar duas condições básicas (LOCH, 2002): 1. O paciente deve ter clareza intelectual para compreender as razões pela qualvai realizar o procedimento e deliberação para escolher com coerência entre as alternativas de tratamentos estéticos apresentados. 2. O paciente precisa ter liberdade. Ou seja, autonomia sobre as escolhas cabíveis (BEAUCHAMP; CHILDRESS, 1994). O princípio da autonomia baseia-se na relação de proximidade entre paciente e profissional da saúde. Este princípio sentencia o biomédico(a) esteta a comunicar todas as informações possíveis sobre o tratamento, com o objetivo de promover uma compreensão da disfunção estética e quais são as metodologias empregadas para reverte-la. Dessa maneira, o paciente possui condições plenas de tomar a decisão, se irá ou não realizar o tratamento. Respeitar a autonomia vai mais além, significa também ajudar o paciente a superar seus sentimentos de dependência. Ademais, para formalização das informações passadas pelo biomédico(a) esteta ao paciente, faz-se necessário a apresentação do consentimento informado. Essa declaração é classificada com uma decisão voluntária do paciente. Este veredicto pode ser promulgado de forma verbal ou escrito. Por meio dele, o paciente é informado dos riscos e benefícios que o tratamento estético possui e confirma que recebeu todas as orientações, assim como teve suas dúvidas esclarecidas pelo profissional. No entanto, o consentimento informado deve ser entendido como um documento firmado pelo biomédico(a) e pelo paciente, pois ele contempla os fundamentos legais do problema. O termo deve ser visto como um processo de relacionamento entre as partes. O profissional de saúde tem a obrigação de indicar todos os pontos do tratamento e ajudar o paciente a escolher a melhor opção de acordo com os seus dogmas (LOCH, 2002). Princípio da justiça A palavra justiça é derivada do latim “iustitia” e expressa o significado de equidade, leis, exatidão, bondade, benignidade, justiça. Essa palavra foi introduzida na língua 21 BIOÉTICA NA BIOMEDICINA ESTÉTICA │ UNIDADE I portuguesa no século XIII. O seu significado também pode ser interpretado como: algo que está em conformidade com o que é de direito, com o que é justo. Na bioética, o princípio da justiça faz referência a respeitar com imparcialidade o direito de cada indivíduo. Dessa maneira, não seria ético tomar uma decisão que levasse o biomédico(a) ou paciente a se prejudicar. É a partir desse princípio que se estrutura a chamada “objeção de consciência”, que representa o direito de um determinado profissional recusar-se a realizar determinado procedimento, aceito ou revindicado pelo paciente, mas que vai contra as convicções éticas desse profissional (RAMOS; JUNQUEIRA, 2007). relação entre o biomédico(a) esteta e o paciente à luz do paternalismo O paternalismo é definido como um comportamento impositivo praticado pelos profissionais da saúde. Também poderíamos dizer que o paternalismo é um modelo de autoritarismo, devido ao fato de uma pessoa exercer sobre outro indivíduo várias decisões sem o seu consentimento (COHEN; MARCOLINO, 2002). Esta conduta é um problema de difícil avaliação, devido ao fato de quando e quanto essa prática é adotada. Dessa maneira, ela se torna o centro de muitos problemas éticos (COHEN; MARCOLINO, 2002). Analise os comportamentos a seguir: 1. sua ação beneficia o paciente; 2. sua ação envolve a quebra de uma regra moral do paciente; 3. seus atos não possuem o consentimento do paciente, nem no passado, nem no presente, nem aparecerá no futuro; De maneira mais clara, as ideias de Culver e Gert explicam que somente devemos agir paternalisticamente em relação a um paciente quando a intenção for beneficiá-lo e não o executor do ato ou terceiros. Existem duas formas de beneficiar uma pessoa. A primeira é promover algum bem para o indivíduo, tais como: produzir prazer, liberdade ou oportunidade. A segunda forma é buscar inibir ou amenizar um mal que está acometendo ao paciente, que pode ser uma dor ou incapacidade de realizar algo (COHEN; MARCOLINO, 2002). 22 UNIDADE I │ BIOÉTICA NA BIOMEDICINA ESTÉTICA É importante salientar que o paternalismo é fundamentando nos princípios da beneficiência e da não maleficiência. Ou seja, no geral, esses princípios priorizam que o paciente seja tratado com respeito e dignidade. Para isso, é primordial não causar nenhum tipo de malefício ao indivíduo e prezar sempre belos resultado benéficos. Por outro lado, também podemos fazer uma análise do paternalismo baseando-se no princípio da autonomia. Esse princípio foi formalizado somente no ano de 1947, por meio do código de Nuremberg, no qual foi estabelecido normas para a realização de pesquisa com seres humanos. Para isso, desde então é obrigatório à apresentação do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ao indivíduo que participará de uma determinada pesquisa biomédica (FREITAS; HOSSNE, 1998). A palavra autonomia tem sua origem no idioma grego, cujo “auto” significa “próprio” e “nomos” relacionam-se com “leis, regras”. Ou seja, autonomia significa ter autodeterminação ou autogoverno sobre as suas próprias decisões que irão afetar a integridade, a saúde, as relações interpessoais, a vida, e a integridade. (FILHO, 2011). Indivíduos caracterizados como autônomos são aqueles que possuem a liberdade de pensamento. Para uma situação ser classificada como autônoma, é necessário que ela possua alternativas de escolhas. Ademais, a liberdade de opção tem que estar presente. Não obstante, a pessoa deve ser capaz de julgar as alternativas e escolher aquela que for melhor para si de acordo com seus princípios. (FILHO, 2011). Seguindo essa linha de pensamento, podemos citar o filósofo Franklin Leopold (LEOPOLDO; SILVA, 1998). Para ele, o paternalismo é o resultado de uma relação assimétrica entre o profissional de saúde e o paciente. Evidenciada pela fragilidade do paciente a frente do biomédico(a). Nesse tipo de relação, encontramos uma desproporção, pois o cuidado prestado anula o paciente, que é o objeto da relação, pois o biomédico(a) detém o saber dos procedimentos estéticos, deixando o paciente a mercê das influências do profissional. (FILHO, 2011). Na biomedicina estética, um exemplo claro de paternalismo é a seguinte situação: um paciente pretende realizar uma sessão de ultrassom cavitacional, no entanto, para potenciar os efeitos do tratamento, o biomédico(a) esteta, sem o consentimento do paciente, introduz soro fisiológico no abdome. É notório que a hidrolipoclasia consegue eliminar maiores quantidades de medidas. O biomédico(a) esteta, quando decidiu realizar esse procedimento, teve como objetivo promover um beneficio ao paciente (principio da beneficência), além disso, a hidrolipoclasia não causa nenhum malefício (principio da não maleficiência). No entanto, o biomédico(a) praticou um ato de paternalismo, 23 BIOÉTICA NA BIOMEDICINA ESTÉTICA │ UNIDADE I pois fez a injeção de soro sem o consentimento do paciente. Se o paciente tivesse autorizado o uso do soro fisiológico, essa situação não seria classificada como paternalista. Envelhecimento populacional, aparência social e benefícios propostos pela estética seguindo os princípios bioéticos Os brasileiros estão gastando cada vez mais com procedimentos estéticos. O Brasil já ocupa a segunda colocação do ranking mundial entre os países que mais gastam com esses serviços, ficando atrás somente dos Estados Unidos. Devido a isso, no ano de 2014, foi estimando que o mercado brasileiro movimentou cerca de R$ 136 bilhões e, para o ano de 2015, estima-se um crescimento de 10%. O aumento do mercado deve-se a ascensão das classes D e E e a crescente participação da mulher brasileira no mercado de trabalho, ocasionando a elevação da renda familiar (Estado de Minas. <http://www. em.com.br/app/noticia/economia/2014/11/02/internas_economia,585899/estetica-deve-fechar-o-ano-com-crescimento-de-77-mesmo-com-economia-desaquecida. shtml>. Acessado em 5 de junho de 2015). O público masculino também estimulou o aumento do faturamento no setor. Cada vez mais preocupados com a aparência, os homens estão investindo constantemente no seu bem-estar. Não obstante, esse público busca um tratamento diferenciado e exclusivo, valorizando a privacidade, a agilidade e o conforto. Ademais, apreciam a execução de um serviço regado com pequenos agrados, tais como: drinks, sucos, orientações alimentares, entre outros. São alusivos e levam a fidelização do paciente (Sebrae, <http://arquivopdf.sebrae.com.br/customizado/acesso-a-mercados/conheca-seu- mercado/inteligencia-de-mercado/servicos-%20mercado%20de%20estetica.pdf>. Acessado em 7 junho de 2015). Um fator bastante significativo que deve ser levando em consideração ao analisar o faturamento do setor é o envelhecimento populacional. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) revelam que a população brasileira está envelhecendo em um ritmo acelerado. Isso se deve aos avanços da medicina, que proporcionaram uma maior expectativa de vida. De acordo com o IBGE, o Brasil em 2025 será a sexta nação do mundo com o maior número de pessoas com idade superior aos 70 anos. Serão cerca de 33 milhões de brasileiros, o que representará aproximadamente 13% da população (IBGE. <http://www.ibge.gov.br/home/>. Acessado em 5 de junho de 2015.). O processo de envelhecimento não é visto com naturalidade por grande parte dos pacientes. Muitos desejam eternizar a beleza que possuíam na juventude e, aqueles que 24 UNIDADE I │ BIOÉTICA NA BIOMEDICINA ESTÉTICA se encontram nessa faixa etária, buscam constantemente novas maneiras de burlar o ciclo natural da vida. Dessa forma, a autoestima do paciente fica abalada, trazendo para si: insegurança, dúvida e incerteza. Com isso, os tratamentos estéticos surgem como provedores da resolução dos problemas supracitados (HELOU, 2010). Os valores da nossa sociedade são pautados nos seguintes referenciais: juventude e beleza física. Quando um determinado paciente olha para o espelho e as marcas do tempo já estão presentes em seu corpo, esse fato pode ser, para muitos indivíduos, apavorante ou até mesmo ameaçador. A partir desse momento, o tempo é tratado com o principal inimigo, pois ele passa e leva consigo todo o frescor da pele, agilidade dos movimentos e tonicidade dos músculos e tecidos (HELOU, 2010). A sociedade ocidental é sustentada por dogmas que priorizam a aparência como cartão de visitas de qualquer indivíduo. O fato de determinada pessoa ter uma boa aparência sentencia se ela será ou não aceita em determinado ciclo social. Tais valores são difundidos pelas redes sociais, revistas, jornais, cinemas, desfiles, comerciais, entre outro. Ademais, a propagação midiática que, na maioria das vezes, vendem imagens de indivíduos bem-sucedidos, associados a uma beleza e juventude sem igual, estimula esse tipo de comportamento. Com isso, essas características tornam-se motivacionais para a obtenção de sucesso, seja ele financeiro ou social (HELOU, 2010). Os gastos com procedimentos estéticos já comprometem uma quantia generosa do orçamento familiar. De acordo com um estudo realizado por Helou, em 2010, no qual a pesquisadora entrevistou várias mulheres indagando-as porque elas gastavam tanto dinheiro com procedimentos estéticos. A resposta foi unânime: “Por causa da sociedade”. Logo, o biomédico(a) esteta que irá atender seu paciente deve primeiramente realizar uma anamnese com bastante destreza e respeitar os princípios da bioética, pois muitas vezes o paciente pode querer fazer determinado procedimento baseado nos resultados obtidos por um amigo ou familiar ou pode ter visto algo nas mídias sociais que determinado tratamento promete realizar milagre. No entanto, cada organismo possui suas particularidades e deve sempre ser tratado com um ser único. Devido a isso, é primordial individualizar os tratamentos estéticos. 25 unidAdE ii ASPECtoS gErAiS E ConfECção do tErMo dE ConSEntiMEnto liVrE E ESClArECido (tClE) CAPítulo 1 termo de consentimento livre e esclarecido (tClE) origem do termo de consentimento livre e esclarecido (tClE) O documento intitulado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foi criado nos primórdios da bioética, devido à preocupação que existia com as pesquisas realizadas com seres humanos. Essa apreensão perdura até os dias atuais e ocupada lugar de destaque nas discussões das pesquisas biomédicas (SAKAGUTI, TRINDADE, 2007). O primeiro relato sobre a utilização do TCLE foi um documento elaborado para estabelecer uma relação entre o pesquisador e o pesquisado. O registro é datado em 19 de outubro de 1833. O médico estadunidense, Willian Beaumount (1785-1853) realizou seus trabalhos com o consentimento de Alexis St. Martin. Esse apresentava um ferimento provocado por arma de fogo, no qual era possível observar o seu estomago (SAKAGUTI; TRINDADE, 2007). No documento firmado entre as partes, ficou estabelecido que o médico iria custear todas as despesas do pesquisado, além disso, forneceria uma remuneração no valor de U$ 150,00. O estudo durou 1 ano e sofreu fortes críticas éticas pela forma como foi desenvolvido, pois o pesquisado não recebeu todas as informações necessárias e o seu envolvimento com o experimento não aconteceu de forma voluntária. No entanto, esse relato é considerado o vanguardista do TCLE (MINOSSI, 2011). 26 unidAdE ii │ ASPECtoS gErAiS E ConfECção do tErMo dE ConSEntiMEnto liVrE E ESClArECido (tClE) Durante a história da bioética, observamos que nem sempre houve uma preocupação com o participante de um experimento ou até mesmo de um procedimento médico. Existe uma infinidade de relatos com o desrespeito causado por cientistas ou médicos que não se preocupavam com a autonomia das pessoas. Esses fatos envolviam dor, sofrimento, humilhação e até mesmo mortes. O perfil das pessoas que tinham sua autonomia privada eram prisioneiros de guerra, pobres, escravos e condenados à morte (SAKAGUTI; TRINDADE, 2007). Foi somente a partir do Código de Nuremberg que o consentimento voluntário passou a ser tratado com uma prerrogativa dos pesquisados. Em seu artigo 1o, o código destaca que o consentimento voluntário do ser humano é extremamente essencial para o desenvolvimento de uma pesquisa. No entanto, vários médicos e cientistas não respeitam essa diretriz. O motivo seria a associação que muitos profissionais faziam com os crimes cometidos durante a guerra, com isso, suas penalidades ou exigências não valeriam para as pesquisas realizadas no pós-guerra (SAKAGUTI; TRINDADE, 2007). Também podemos destacar a Declaração Universal dos Direitos do Homem que foi assinada em dezembro de 1948, na cidade de Paris, representando a primeira tentativa da humanidade em estabelecer paramentos humanitários válidos para todos os habitantes do planeta, independente de cor, sexo, classe social, religião, língua, entre outros. (SAKAGUTI, TRINDADE, 2007). No fim dos anos 1950, nos Estados Unidos, vários pacientes começaram a denunciar pesquisadores que omitiram informações a respeito dos procedimentos. Porém, foi somente a partir da década de 1960 com a Declaração de Helsinque que os consentimentos passaram a receber uma análise mais detalhada (SAKAGUTI, TRINDADE, 2007). Por fim, em 1993, ocorreu à criação das “Diretrizes Éticas Internacionais para Pesquisas Biomédicas Envolvendo Seres Humanos”. Esse documento promoveu uma valorização dos TCLE em todas as pesquisas com seres humanos (SAKAGUTI, TRINDADE, 2007). Aplicação do tClE no Brasil No Brasil, a regulamentação do TCLE começou com a produção de 2 documentos elaborados pelo Conselho Federal de Medicina(CFM) – Resolução no 1.081, de 12 de março de 1982 – e pelo Ministério da Saúde na década de 1980 – Portaria no 16, de 27 de novembro de 1981. Esses documentos estabeleceram as normas para a utilização do TCLE nos primórdios na década de 1980 (MINOSSI, 2011). 27 ASPECtoS gErAiS E ConfECção do tErMo dE ConSEntiMEnto liVrE E ESClArECido (tClE) │ unidAdE ii Durante a primeira Conferência Brasileira de Bioética, realizada em julho de 1996, foi confi rmado que na pesquisa brasileira muitos pesquisados raramente eram informados ou até mesmo perguntados se gostariam de participar de um estudo. Devido a isso, o Conselho Nacional de Saúde revisou as normas éticas para a realização de pesquisas com seres humanos no país, estabelecidas pela Resolução no 1/1988. Essa resolução foi formulada no ano de 1988 e estabelece que todas as pessoas que participavam de pesquisa em território brasileiro deveriam ser informadas por escrito de todos os riscos e objetivos do estudo. Coloca também que os participantes teriam a sua autonomia respeitada, para decidir se iriam ou não participar do estudo. (HARDY et al, 2002). Com isso, uma comissão do Conselho Nacional de Saúde foi formada e ouviu diferentes nichos da população para elaborar um documento detalhado e abrangente. Ao fi m do processo, a Resolução no 196/1996, sobre Pesquisas Envolvendo Seres Humano, foi publicada e encontra-se atualmente em vigor (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1996). Essa resolução defi ne TCLE como: A anuência do sujeito da pesquisa e/ou seu representante legal, livre de vícios (simulação, fraude ou erro), dependência, subordinação ou intimidação, após explicação completa e pormenorizada sobre a natureza da pesquisa, seus objetivos, métodos, benefícios previstos, potenciais riscos e o incômodo que esta possa acarretar, formulada em um termo de consentimento, autorizando sua participação voluntária na pesquisa (SAKAGUTI; TRINDADE, 2007). A expressão termo de consentimento livre e esclarecido é uma tradução dos termos da língua francesa consentement livre et ésclaire, que por sua vez deriva da expressão inglesa informed consent (SAKAGUTI; TRINDADE, 2007). As instruções presentes na Resolução no 196/1996 relata que todas as pesquisas que utilizam seres humanos, independente da área de atuação, devem submeter seu estudo a um Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). Devido a isso, todas as instituições brasileiras que realizam esse tipo de pesquisa foram obrigadas a construir um CEP. Na impossibilidade de uma instituição construir um CEP, ela deve submeter seus trabalhos ao CEP de outro centro, preferencialmente, o CEP de uma faculdade, universidade, instituto de pesquisa ou outro órgão que possui indicação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP/MS) para realização dos seus trabalhos (Hardy et al., 2002). Ademais, o TCLE deve ser submetido ao CEP de acordo com as diretrizes da resolução no 196/1996. O comitê irá avaliar se o TCLE esclarece os pontos principais da pesquisa 28 unidAdE ii │ ASPECtoS gErAiS E ConfECção do tErMo dE ConSEntiMEnto liVrE E ESClArECido (tClE) e se permite que o indivíduo pesquisado apresente autonomia e voluntariedade para tomar sua decisão. No entanto, em procedimentos médicos ou biomédicos que são realizados dentro do consultório, não se faz necessário que o TCLE passe pela aviação de um CEP, porque não está sendo realizada uma pesquisa cientifica. Porém, é de extrema importância que o documento seja avaliado por um advogado especialista em ética, para garantir que esteja redigido de acordo com os princípios éticos, além de garantir a idoneidade do documento. Aspectos legais do tClE De acordo com a resolução no 196/1996, o TCLE deve ser preenchido em 2 vias. O documento deve conter a identificação do participante de uma pesquisa e/ou paciente, do representante legal (caso haja), nome do pesquisador e/ou biomédico(a) esteta, data e assinatura de todos em todas as folhas. Uma via fica com paciente e/ou pesquisado e a outra é arquivada pelo profissional (SAKAGUTI; TRINDADE, 2007). Uma das finalidades do TCLE é servir como uma peça contratual entre o biomédico(a) e o paciente, conforme os princípios jurídicos, defendendo os direitos das partes envolvidas na causa junto à justiça e no conselho de classe do profissional (SAKAGUTI; TRINDADE, 2007). Por outro lado, de acordo com uma vertente, o TCLE é um documento informativo e esclarecedor. Por isso, não deveria ser utilizado com instrumento de defesa do profissional, pois, para muitos profissionais da saúde que trabalham com procedimentos minimamente invasivos (injetáveis), essa tática é vista como um desvio da prática sensata, induzida principalmente por profissionais incompetentes, devido ameaça de processos por negligência profissional. Além disso, apesar de o paciente ter assinado o TCLE concordando com o tratamento, nada impede que ele entre na justiça e processe o biomédico(a) esteta em casos de erros ou falta de assistência por parte do profissional (MINOSSI, 2011). Caso o biomédico(a) queira utilizar as imagens do paciente em algum congresso ou artigo cientifico, é necessário uma autorização especial ou “Autorização do Uso de Imagem”, que pode estar embutida em um item dentro do TCLE. Nessa autorização, deve estar escrito a maneira pela qual as imagens serão utilizadas e como a identidade do paciente será preservada (SAKAGUTI; TRINDADE, 2007). 29 ASPECtoS gErAiS E ConfECção do tErMo dE ConSEntiMEnto liVrE E ESClArECido (tClE) │ unidAdE ii Elaboração do tClE De acordo com as normas da resolução no 196/1996, o TCLE é um documento elaborado pelo pesquisador ou biomédico(a) e precisa ter a assinatura ou impressão digital do paciente e/ou responsável legal e visto do profissional. Em alguns casos, também é utilizado a assinatura de uma testemunha para dar mais credibilidade ao documento. Além disso, o termo precisa ser elaborado em uma linguagem acessível, de preferência sem a utilização de termos técnicos, e deve apresentar os seguintes itens: (SILVA et al., 2005; SAKAGUTI; TRINDADE, 2007; MINOSSI, 2011). » Título (nome do procedimento que será realizado). » Introdução do experimento ou tratamento. » Objetivos (finalidade do procedimento). » Metodologia (descrever a técnica que será utilizada). » Complicações ou riscos que o tratamento possui (pré-tratamento, durante, após). » Benefícios esperados. » Orientações para o pós-procedimento. » Informações do profissional, tais como: nome completo, telefone, endereço da clínica, número do CRBM. » Identificação do paciente (nome, CPF, RG, endereço). » Data, cidade e estado em qual foi realizado o tratamento; » Garantia de esclarecimento a qualquer momento sobre o tratamento ao paciente. » Preservação da identificação do paciente, caso o profissional queira usar as imagens do tratamento em revistas, artigos, congressos, entre outros, Mediante autorização do uso de imagem. » Assinatura ou impressão digital das partes envolvidas (paciente, biomédico(a) e testemunha). » Declaração que as informações prestadas foram efetivamente entendidas. 30 unidAdE ii │ ASPECtoS gErAiS E ConfECção do tErMo dE ConSEntiMEnto liVrE E ESClArECido (tClE) Para tornar a compressão do texto do TCLE mais fácil, é imprescindível seguir as seguintes orientações (ARAUJO et al., 2010): » Elaborar frases curtas, com palavras de fácil entendimento, Facilitando dessa maneira a localização do paciente sobre temática do TCLE. » Ser direto e breve na redação do texto, Para que o paciente possa ler todo o TCLE e absorver todas as informações necessárias. » Formular todo o texto em linguagem leiga. Ou seja, utilizar expressões que são comuns à população e a linguagem biomédica. » Colocar as informações mais importantes nocomeço do parágrafo, facilitando a absorção do conteúdo mais importante. » Elaborar frases na ordem direta e na voz ativa. » Citar os benefícios do tratamento antes dos malefícios que ele pode causar. » Evitar o uso de adjetivos e eufemismo. » Utilizar títulos e subtítulos em destaque, para introduzir melhor o assunto abordado no TCLE e facilitar a compreensão. 31 unidAdE iii rEAlizAção dE AnAMnESE fACiAl E CorPorAl CAPítulo 1 definição de anamnese e seus princípios Anamnese na biomedicina estética A palavra anamnese é originaria do grego, ana significa trazer de volta e mnsese fere-se à memória. Ou seja, podemos definir anamnese como sendo uma entrevista realizada pelos profissionais da saúde que visa resgatar as informações de uma determinada patologia (PORTO, 2004). Dessa maneira, ela apresenta comunicação não verbal (sinais, comportamento), verbal e escrita. (SOARES et al., 2014). Por meio dessas informações que o biomédico(a) esteta vai guiar-se para realizar a entrevista. Uma boa anamnese é aquela que possui contato entre o profissional de saúde e o paciente. No entanto, para realizar esse procedimento com destreza, é necessário dedicação e tempo adequado de atendimento. Pede-se para o profissional que, antes de começar a consulta, avalie como está seu humor, atenção e disposição. Caso essas 3 características apresentem escassez, o atendimento poderá ser prejudicado e a relação cordial entre biomédico(a) esteta e paciente não existirá. Além disso, cumprimentar o paciente, ter um tom de voz adequado e olhar direcionado demonstram interesse e dedicação por parte do profissional em ouvir as queixas do paciente (Carrió, 2012). É durante a consulta que a relação entre o biomédico(a) esteta e o paciente começa. A arte de realizar uma boa anamnese é adquirida com a vivência no consultório. Ademais, cada profissional possui suas particularidades na condução de uma entrevista, não obstante, há algumas regras básicas que precisam ser seguidas, tais como (SENRA; MORAES, 2012): 1. Deixe o paciente expor suas queixas livremente. Ouça com atenção todas as informações passadas. 32 unidAdE iii │ rEAlizAção dE AnAMnESE fACiAl E CorPorAl 2. As perguntas não devem ser realizadas em uma forma mecânica e enfadonha. 3. Evite perguntas sugestivas, que podem ser respondidas com um simples “sim” ou “não”. 4. Utilize uma linguagem de fácil entendimento e sem termos técnicos. 5. O biomédico(a) esteta deve possuir empatia, isto é, ter a capacidade de compreender o sentimento ou reação do paciente colocando-se no lugar dele. Determinados pacientes que apresentam algum tipo de disfunção estética podem apresentar transtornos psicológicos que potencializam as imperfeições. No entanto, as disfunções que esses pacientes possuem são classificadas como aceitáveis, porém, devido aos transtornos, essas imperfeições são multiplicadas pelo indivíduo. Com isso, cabe ao profissional ter a destreza para identificar esse tipo de comportamento no paciente, para realizar uma anamnese correta e sem influência dos fatores psicológicos. Alguns desses comportamentos são (SENRA; MORAES, 2012): 1. Expectativa bastante elevada sobre o tratamento (fantasia x realidade) ou causa obscura que levou o paciente a buscar tratamentos estéticos. 2. Realização do procedimento estético para agradar outras pessoas. 3. Apresentação de delírios, perda de contanto com a realidade, alucinações, isto é, psicose. 4. Distúrbio de ansiedade e de afeto. 5. Exagero nos defeitos estéticos (transtorno dismórfico corporal). 6. Distúrbio de somatização. Esse transtorno, quando presente nos pacientes, pode causar sofrimento significativo ou prejuízo no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes, devido às anomalias estéticas. Os sintomas são: palpitações, vômitos, náuseas, tonturas, indiferença sexual, intolerância alimentar, entre outros. O biomédico(a) esteta deve possuir determinadas atitudes para conduzir uma anamnese de forma confortável e segura. Para isso, é importante ressaltar os seguintes comportamentos (SENRA; MORAES, 2012): 1. Manter a calma e a seriedade na consulta para passar conforto ao paciente. 33 rEAlizAção dE AnAMnESE fACiAl E CorPorAl │ unidAdE iii 2. Ter disposição para ouvir as queixas do paciente. 3. Explicar com detalhes como planeja reverter à disfunção estética. 4. Não apresentar atitudes defensivas, porém, a formalidade e cordialidade são necessárias. 5. Possuir paciência para definir claramente quais são os comportamentos aceitáveis e inaceitáveis. Algumas perguntas são classificadas como essenciais em uma anamnese, pois por elas é possível obter informações relevantes sobre a vida do paciente e as expectativas que ele possui com a realização dos tratamentos estéticos. Algumas dessas perguntas são: 1. Já realizou algum tipo de tratamento estético? › Se a resposta for sim, quais foram os tratamentos? › Ficou satisfeito com os resultados obtidos? 2. Nos próximos dias participará de algum evento importante, tais como: casamento, formatura, aniversário? › A resposta sendo positiva, explique o tempo de recuperação do procedimento. 3. Está grávida ou pretende engravidar nos meses em que estiver realizando os tratamentos? › Mulheres grávidas devem evitar a realização de tratamentos estéticos, pois os procedimentos podem interferir na gravidez. 4. Trabalha ou vive em um local com exposição ao sol? › Pacientes devem evitar exposição ao sol durante os tratamentos estéticos. Especialmente na realização de peelings, lasers, CO2 fracionado, entre outros, para evitar pigmentações na pele. 5. Possui herpes labial? › Em casos de pacientes com herpes labial, é importante alertar o paciente sobre o risco da herpes aparecer devido aos procedimentos estéticos. Com isso, tomar o medicamento de costume do paciente, antes de começar o tratamento, ajuda a prevenir o aparecimento do herpes. 34 unidAdE iii │ rEAlizAção dE AnAMnESE fACiAl E CorPorAl 6. Possui algum tipo dermatite? › Pacientes com dermatite possuem a pele bastante sensível. Devido isso, o profissional deve ter um cuidado extra na execução dos procedimentos para não lesionar a pele. 7. Possui alergia a algum tipo de medicamento ou substância? › Pacientes alérgicos precisam de uma atenção especial, para evitar possíveis complicações. 8. Utiliza marca-passo? › Pacientes portadores de marca-passo não podem realizar radiofrequência, pois o procedimento pode alterar o funcionamento do aparelho. 9. Possui hipertensão? › Pacientes hipertensos podem ficar nervosos durante a realização de algum procedimento estético, ocorrendo elevação da pressão sanguínea. 10. Está realizando algum tratamento médico no momento? › Alguns tratamentos médicos podem possuir como efeitos colaterais disfunções estéticas. Nestes casos, o paciente deve levar na consulta uma autorização do médico responsável liberando o paciente para a realização de tratamento estético. Além disso, o biomédico deve estudar o caso e analisar possíveis interações entre o tratamento médico e o estético. 11. Possui algum tipo de distúrbio hormonal? › Alterações hormonais podem causar acnes, sobrepeso, machas, excesso de pelo, entre outras disfunções estéticas. 12. Possui antecedentes oncológicos? › Neste tipo de caso, deve-se pedir que o paciente leve na consulta uma autorização do médico oncologista liberando-o para a realização de tratamentos estéticos. Porém, caso o paciente esteja portando a neoplasia, o tratamento não deve ser realizado. 35 rEAlizAção dE AnAMnESE fACiAl E CorPorAl │ unidAdE iii O biomédico(a) esteta pode elaborar outros tipos de perguntas de acordo com a sua experiência e necessidade. Cada profi ssional possui,portanto, suas particularidades que compõe a anamnese. Além disso, apesar de o biomédico(a) esteta não possuir autorização para solicitar exames laboratoriais ao paciente, o profi ssional possui capacidade plena para interpretar os laudos. Com isso, se possível for, o paciente deve levar os exames laboratoriais realizados nos últimos meses na consulta. Caso contrário, o paciente deve consultar-se antes com um médico ou nutricionista e solicitar exames laboratoriais de rotina: hemograma, colesterol total, HLD, LDL, VLDL, triglicerídeos, glicemia, entre outros. E levar posteriormente na consulta com o biomédico(a) esteta. Essa conduta é extremante importante, pois o profi ssional tem que saber como está a saúde do paciente antes de começar os procedimentos. Especialmente aqueles que promovem a liberação de lipídios, tais como: intradermoterapia, ultrassom cavitacional, criolipólise, hidrolipoclasia, entre outros. Assim, evita-se uma alteração acentuada nos níveis lipídicos e possíveis patologias. Já os procedimentos que provocam sangramento, como microagulhamento, o profi ssional deve analisar primeiro se o paciente não possui algum problema de coagulação. Com isso, surge também a importância de solicitar o exame de coagulograma aos médicos e posteriormente levar o resultado na consulta com o biomédico(a) esteta. Elaboração da ficha de anamnese A fi cha de anamnese deve ser elaborada de acordo com os procedimentos que o profi ssional realiza. Não obstante, a fi cha não dever ser entendida apenas como uma fi cha cadastral que irá conter os dados do pacientes, mas como um documento que possui informações relevantes, sobre o paciente, que irão auxiliar na correta escolha do procedimento mais indicado para tratar determinada disfunção estética. Além disso, não existe um modelo pré-determinado para elaboração de uma fi cha de anamnese. Cada biomédico(a) esteta deve elaborar a sua própria fi cha de acordo com a sua vivência clínica e os procedimentos que realiza. No entanto, os pontos que foram abordados no tópico anterior desta apostila são fundamentais que estejam presentes, pois norteiam o profi ssional durante a consulta. 36 CAPítulo 2 Equipamentos utilizados na anamnese facial fotografia A fotografia digital é uma ferramenta de grande utilidade na biomedicina estética. Revistas científicas e muitos profissionais usam essa metodologia para acompanhar a evolução dos tratamentos. No entanto, para a fotografia contrastar com a realidade, é imprescindível que o profissional utilize equipamentos de qualidades e tenha noção dos princípios básicos de fotografia. Tais como; iluminação, distância, ângulo e enquadramento. A correta utilização dos princípios básicos de fotografia atenuam as falhas técnicas e valorizam os resultados obtidos nos tratamentos estéticos (AZULAY et al., 2010). Uma utilização dos benefícios da fotografia na prática do dia a dia ocorre em avaliação quantitativa de melanina. Em tratamentos de hipercromias cutâneas com luz intensa pulsada, é possível realizar uma análise de antes e após o tratamento, por meio de fotos, analisando quantitativamente a melanina. Dessa maneira, a associação das metodologias beneficia a análise do tratamento (CYMBALISTA; OLIVEIRA, 2006). luz de Wood O físico Robert W. Wood (1868-1955) criou, em 1903, uma lâmpada que é bastante utilizada em procedimentos estéticos: a Lâmpada de Wood. (WOOD, 1919). O equipamento utiliza um arco de mercúrio de alta pressão, juntamente com um filtro feito de silicato de bário, possuindo 9% de óxido de níquel (Filtro de Wood). Esse filtro é opaco a todas as luzes, com exceção as luzes que estão na banda entre 320nm (nanômetros) e 400nm, com picos de 365nm. No entanto, para que ocorra a fluorescência no tecido, o comprimento de onda deve está situando entre 340nm e 400nm (ASAWANONDA; TAYLOR, 1999). A melanina presente na epiderme e na derme, absorvendo a luz no comprimento de onda supracitado, e o colágeno que está presente na derme, ao absorver a luz fluorescente em razão dos comprimentos de ondas maiores, em especial devido aos comprimentos que estão na gama azul do espectro de luz. Porém, a exposição solar prejudica a fluorescência da pele, provavelmente devido a alterações que a luz do sol provoca na elastina (ANDERSON, 1989; LEFFEL et al., 1988). 37 rEAlizAção dE AnAMnESE fACiAl E CorPorAl │ unidAdE iii É importante ressaltar que a fluorescência da pele ocorre principalmente devido aos constituintes da elastina, colágeno, aminoácidos, nicotinamida adenina dinucleotideo (NAD) e os precursores da melanina também podem está envolvidos no processo. No entanto, a exposição crônica ao sol prejudica a fluorescência da pele devido à deterioração que os raios solares provocam no órgão (FULTON, 1997; FULLNER et al., 1979). Com isso, a Luz de Wood, assim que ilumina uma região com grande quantidade de melanina, esse local absorve toda a luz deixando a região que não possui uma quantidade signifi cante de melanina refl etir a luz. Dessa maneira, as variações de pigmentação da pele tornam-se mais evidentes (AZULAY et al., 2010). Na biomedicina estética, a Luz de Wood pode ser utilizada para diagnosticar disfunções estéticas ligadas à pigmentação, tais como: hipopigmentação ou hiperpigmentação. Essas alterações epidérmicas ocorrem devido a alterações na quantidade de melanina (JILSON, 1981). Figura 2. Na imagem (a) o paciente foi fotografado quando exposto a luz comum. Na imagem (b) o paciente foi fotografado após ser iluminado pela luz de Wood. Com isso, podemos observar com mais detalhes as hiperpigmentações presentes no nariz e na região da mandíbula. Fonte: (ASAWANONDA, TAYlOr, 1999). 38 unidAdE iii │ rEAlizAção dE AnAMnESE fACiAl E CorPorAl Figura 3. Na imagem (a) o paciente foi iluminado com luz comum para a observação das acnes vulgar. Já na imagem (b) o mesmo paciente foi fotografado com a presença da luz de Wood, mostrando a fluorescência branca amarelada dos comedões. Fonte: (ASAWANONDA; TAYlOr, 1999). O uso da Luz de Wood é bastante difundido na biomedicina estética, com isso, algumas observações referentes à coloração que a pele apresenta quando exposta a luz são importantes para o diagnóstico da disfunção estética e posterior tratamento. Além disso, existe uma grande variedade de aparelhos que utilizam a Luz de Wood, como é o caso do “Dermaview”. 39 rEAlizAção dE AnAMnESE fACiAl E CorPorAl │ unidAdE iii Abaixo estão relacionadas às principais cores e disfunções correlacionadas. » Azul: pontos normais e saudáveis. » Branco: camada grossa de células epiteliais mortas. Exemplo: Ceratoses Actínicas. » Roxo fluorescente: desidratação. » Marrom: pigmentação. » Laranja: oleosidade. » Amarelo claro/laranja claro: acne ou comedões. » Branco-amarelado/cobre-claranjado: infecção fúngica. Exemplo: pitiríase versicolor, causada por Malassezia furfur. » Verde fluorescente: infecção bacteriana. Exemplo: bactérias Pseudomonas. » Vermelho-coral: eritrasma (Corynebacterium minutissimum). » Roxo escuro em grandes áreas: maquiagem, base ou protetor solar. lentes de aumento As lentes de aumento são comumente utilizada nos consultórios de biomédicos(as) estetas durante a avaliação do rosto do paciente, bem como na execução de determinados procedimentos que necessitam de um aumento de área. No mercado existe uma grande variedade de lentes e acessórios para esse fim. Com isso, o profissional deve pesquisar e analisar qual equipamento vai suprir suas necessidades no consultório. 40 CAPítulo 3 Principais disfunções estéticas da face Acnes A acne é uma dermatose que pode surgir devido a uma alteração no tecido estratificado pavimento queratinizado. Não obstante, a bactéria Propionibacterium acnes,possui como fonte de alimento as secreções produzidas pelas glândulas sebáceas, por esse motivo ela pode entrar em contato com os poros promovendo a inflamação do folículo piloso, causando lesões que irão levar ao surgimento das acnes. Além disso, hipersecreção das glândulas sebáceas e liberação de mediadores químicos de inflamação na pele ajudam a promover o aparecimento das acnes (COSTA et al., 2008; THIBOUTOT et al., 2006). A sua incidência em adolescente é extremamente alta, ocorrendo em 90% das pessoas que se encontram nessa faixa etária. No entanto, elas podem persistir na vida adulta em cerca de 12 a 14% dos pacientes, levando, na maioria dos casos, a um grande desconforto social e psicológico (CAPITANIO et al., 2010; GHODSI et al., 2009). As cicatrizes ocasionadas pela acne são classificadas em deprimidas, distróficas e hipertróficas. As deprimidas são aquelas que podem sofrer uma melhora momentânea ou não quando a pele do paciente é esticada, neste caso elas podem ser subclassificadas em distensíveis ou não distensíveis. Já as distróficas são cicatrizes que apresentam forma irregular estrelada com fundo brando e atrófico e as hipertróficas apresentam uma grande quantidade de queloides, pápulas e pontes (KADUNC et al., 2003). Entretanto, não existe um consenso a respeito da classificação das acnes. Porém, podemos observar a seguinte divisão (MONTEIRO; MOREIRA, 2012): 1. Acnes comedoniana ou não inflamatória – Grau I: esse tipo de acne também é conhecido como acne vulgar e não apresenta inflamações. Nela encontramos comedões que podem está abertos ou fechados. Neste caso, existe a presença de ambos. 41 rEAlizAção dE AnAMnESE fACiAl E CorPorAl │ unidAdE iii Figura 4. paciente portador de acne vulgar. Há comedões abertos ou fechados, porém não estão inflamados. Fonte: (GOlD, 2008). 2. Acnes papulopustulosa – Grau II: ocorre o domínio de infl amações, com comedões, pápulas vermelhas e infl amadas e pústulas (espinhas) com pus. Podem ser classifi cadas em leves, moderadas ou graves. Figura 5. paciente portador de acne papulopustulosa com presença de pústulas e pus. Fonte: (Health Care. Disponível em:.< http://www.healthcareatoz.com/major-signs-and-symptoms-of-acne/>. Acessado em 17 de junho de 2015). 3. Acnes nódulos-císticas – Grau III: há a ocorrência de nódulos e lesões císticas, bem como de comedões, pápulas e pústulas. As lesões são mais profundas, infl amadas e dolorosas. Sendo classifi cadas em moderadas ou graves. 42 unidAdE iii │ rEAlizAção dE AnAMnESE fACiAl E CorPorAl Figura 6. Acnes nódulos-cística com presença de vários nódulos e pústulas inflamados. Fonte: (KrAFT; FrEIMAN, 2011). 4. Acnes conglobatas – Grau IV: é classifi cada como uma forma grave. Encontramos numerosos nódulos grandes, abscessos e cistos purulentos infl amados e intercomunicantes. Devido ao seu alto grau de agressividade, pode conferir ao portador aspecto desfi gurante. Figura 7. paciente portador de acne conglobata. Neste caso, é observado uma grande quantidade de nódulos purulentos, formandos por abscessos e fístulas que drenam pus. Fonte: (YIu et al., 2013). 5. Acnes fulminans – Grau V: é a forma mais agressiva das acnes, provocando queda do estado geral do paciente e faz-se necessário a sua internação. 43 rEAlizAção dE AnAMnESE fACiAl E CorPorAl │ unidAdE iii Figura 8. paciente portador de acnes fulminans. Observamos a presença de pápulas, pústulas, nódulos confluentes e lesões ulcero necróticas na face. Fonte: (ZANElATO et al., 2011). Melasma O melasma é classifi cado como uma hipermelanose crônica, caracterizada por máculas acastanhadas simétricas e assintomáticas em áreas expostas a luz (fotoexpostas) (SANCHEZ et al., 1981), que atinge principalmente a região frontal da face e a malar. As mulheres, em especial as gestantes, são as principais vítimas, no entanto, homens também sofrem com a disfunção estética, porém em menor quantidade (RIGOPOULOS et al., 2007; BOLANCA et al., 2008). Ele está presente em todas as raças, particularmente em portadores de fototipos altos que vivem em regiões que possuem altos índices de radiação ultravioleta (UV) (HASSUN et al., 2008; VICTOR et al., 2008). A ciência ainda não estabeleceu a origem da disfunção estética, no entanto, a radiação UV é dita com uma das principais causadoras do melasma, pois, ela causa a peroxidação de lipídios na membrana celular, estimulando os melanócitos por meio da liberação de radicais livres. Além disso, pesquisas revelam que o melasma sofre infl uência do hormônio luteinizante (LH,) quando esse se encontra elevado, e do estradiol, quando seus níveis estão baixos (BOLANCA et al., 2008; HASSUN et al., 2004). Por outro lado, distúrbios vasculares nos melanócitos que apresentam receptores de crescimento do endotélio vascular poderiam ser infl uenciados por elementos angiogênicos, elevando a vascularização e auxiliando na hiperpigmentação cutânea (SANCHEZ et al., 1981). Ademais, pré-disposição genética (SANCHEZ et al., 1981) e 44 unidAdE iii │ rEAlizAção dE AnAMnESE fACiAl E CorPorAl aumento da síntese de tirosinase (VICTOR et al., 2004) contribuem para o aparecimento da disfunção. Sua classifi cação obedece aos seguintes critérios: características histológicas (VICTOR et al., 2004), localização do pigmento (epidérmico, dérmico ou misto) (SALIM et al., 2008; BOLANCA et al., 2008) e pela disposição topográfi ca das lesões, bem como pela distribuição da melanina nas camadas da pele através do auxilio da Luz de Wood (TAMLER et al., 2009). Na análise clínica são considerados basicamente 3 padrões para diagnosticar o melasma na face, de acordo com sua localização anatômica: centrofacial, malar e mandibular. O padrão centrofacial é o mais comum e apresenta-se na região malar, mentoniana, frontal, nasal e supralabial, já o critério malar está presente na respectiva área e na região nasal. Por fi m, o padrão mandibular é encontrado somente na área citada. No entanto, outras regiões podem apresentar melasmas com um índice relativamente baixo de incidência, tais como: pescoço e braço. Nesses casos, o melasma é denominado de extrafacial (GUPTA et al., 2006; RENDON et al., 2006). Figura 9. vários melasmas em paciente do sexo feminino. Nas regiões: frontal, temporal, mandibular, mentoniana e zigomática. Fonte: (HANDEl et al., 2013). 45 rEAlizAção dE AnAMnESE fACiAl E CorPorAl │ unidAdE iii Figura 10. Melasma do tipo extrafacial, apresentando pigmentação castanha na área do pescoço. Nota-se que é uma região que fica bastante exposta ao sol. Fonte: (Handel et al., 2013). rugas e o processo de envelhecimento celular O processo de envelhecimento provoca alterações na estrutura e elasticidade da pele (OIKARINEN et al., 1985). Fatores genéticos e epigenéticos, tais como: exposição ao sol, fumar, ingestão de álcool, alimentação desregrada, entre outros, contribuem para o envelhecimento cutâneo. Devido a isso, podemos dividir o envelhecimento em cronológico e secundário. (FISHER et al., 1997; GILCHREST et al., 1996). Ademais, ambos sofrem ações dos radicais livres, uma vez que a pele está constantemente exposta às moléculas reativas de oxigênio – reative oxygen species (ROS), cujo acúmulo é responsabilizado pelo dano oxidativo das células. As ROS são geradas pelo estresse oxidativo e são responsáveis pela ativação do fator de crescimento celular e de citocinas infl amatórias. Atuando principalmente na matriz celular, causando indução de mieloproteinas e degeneração do tecido conjuntivo. Ademais, as ROS causam avarias no DNA genômico e mitocondrial, difi cultando a regeneração do organismo. Essa alteração no DNA contribui para a perda dos telômeros (DIAS; ADRIANO, 2012). A perda da senescência é causadapelas perdas dos telômeros. Eles constituem porção fi nal dos cromossomos, que sofrem encurtamento à medida que as células vão se dividindo. A perda contínua das sequências de telômeros é um fator limitante para a capacidade de replicação celular, pois as células com telômeros mais curtos tornam-se instáveis geneticamente e sofrem apoptose. O encurtamento dos telômeros é acelerado pelo estresse oxidativo e por infl amação, possuindo a dieta como agente participativo nos dois processos (DIAS; ADRIANO, 2012). 46 unidAdE iii │ rEAlizAção dE AnAMnESE fACiAl E CorPorAl Os radicais livres são responsáveis por causarem lesões nas células, que podem ser prevenidas ou reduzidas via atividades dos antioxidantes, encontrados em muitos alimentos. Esses podem atuar de forma direta, neutralizando a ação dos radicais livres, ou de forma indireta, como coparticipantes em sistemas enzimáticos com a função antioxidante (DIAS; ADRIANO, 2012). Esses fatores contribuem para o aparecimento das rugas, que são definidas como sulcos ou pregas presentes na superfície da pele e correspondem aos primeiros sinais de envelhecimento que o organismo apresenta. Elas são originárias de um processo normal de envelhecimento, porém são potencializadas por fatores ambientais (epigenéticos) (BRAND et al., 2009). As rugas ocasionadas pelo envelhecimento são finas e normalmente desaparecem quando são esticadas e as ocasionadas pelo sol são ásperas, profundas e não desaparecem quando esticadas. Além disso, histologicamente, as rugas são ocasionadas pela perda de tecido adiposo no interior da pele, além da carência de fibras elásticas e colágeno. Atualmente, as rugas provocam um impacto social e psicológico bastante alto na sociedade, portanto elas compõem uma área que é bastante estudada pela ciência, com o objetivo de promover novas formas de tratamento e prevenção (FABBROCINI et al., 2009). A classificação das rugas é realizada de acordo com sua localização anatômica e agressividade. As classificadas como periorbitais, comumente conhecidas como “pés de galinha”, são o tipo mais comum de ruga e recebe essa denominação por causa da sua posição anatômica, a área periocular. Esse tipo de ruga é causada pelo processo de envelhecimento, no entanto, fatores ambientais como exposição excessiva ao sol e atividade demasiada da musculatura contribuem para o seu desenvolvimento (FABBROCINI et al., 2009). A glabela é uma das principais regiões afetadas pelas rugas. Ela fica localizada entre as sobrancelhas e sua contração está relacionada a sentimentos, tais como: raiva, frustração, irritação, preocupação, cansaço. (FINN et al., 2003). Os músculos que compõem a glabela são os seguintes: corrugadores e orbiculares das pálpebras, procerus, depressores do supercílio e as fibras inferiores do músculo frontal (SOMMER; SATTLER et al. 2001). A atividade exacerbada desses músculos provoca o aparecimento de linhas hipercinéticas perpendiculares, de acordo com a contração dos músculos. Dessa maneira, as rugas horizontais, verticais e oblíquas são formadas (MADEIRA; MARQUES, 2003). A literatura considera que as rugas da glabela são iguais na grande parte da população, possuindo apenas uma pequena diferenciação entre os gêneros (os homens possuem a 47 rEAlizAção dE AnAMnESE fACiAl E CorPorAl │ unidAdE iii pele mais espessa e maior massa muscular) (DRAELOS, 2006), idade e etnia (AHN et al., 2000). De acordo com a classifi cação de Glogau o fotoenvelhecimento é presenciado em diferentes idades e contribui substancialmente para o aparecimento das rugas. No quadroa seguir estão listadas as principais características de cada tipo de rugas (AVRAM et al., 2008). quadro 1. Classificação das rugas de acordo com os princípios de Glogau. Lesão Descrição Características Tipo I Discreta Rugas mínimas » fotoenvelhecimento precoce e alteração pigmentar leve sem ceratoses; » idade do paciente: 20 a 30 anos; » uso mínimo ou nenhum de maquiagem. Tipo II Moderada Rugas mínimas que aparecem com movimentos » fotoenvelhecimento de precoce a moderado, lentigos senis precoces visíveis, ceratoses palpáveis, mas não vísiveis, linhas paralelas do sorriso começando a aparecer. » aspecto cansado; » idade do paciente: 30 a 40 anos; » base é utilizada para cobrir as imperfeições. Tipo III Avançada Apresentação de rugas mesmo em repouso » fotoenvelhecimento avançado, discromias evidentes, talengiectasia, ceratoses visíveis; » aspecto abatido, sempre cansado; » idade do paciente: 50 anos ou mais; » uso de base pesada para tentar corrigir as imperfeições. Tipo IV Grave Tecido totalmente enrugado, sem pele normal. » fotoenvelhecimento intenso, cor amarelo-acinzentada da pele, lesões cutâneas pré-malignas; » idade do paciente: 60 a 70 anos; » maquiagem não pode ser utilizada, porque endurece e racha. Fonte: (Adaptado de AvrAM et al., 2008). Figura 11. rugas periorbitais presentes em uma mulher de 40 anos. Fonte: (lEE et al., 2009). 48 unidAdE iii │ rEAlizAção dE AnAMnESE fACiAl E CorPorAl Figura 12. Fotoenvelhecimento intenso causando pelo excesso de exposição a raios solares, ocasionando o aparecimento de rugas profundas na face. Fonte: (MAC-MArY et al., 2010). Classificação dos fototipos cutâneos Uma característica vital para a correta avaliação da pele do paciente é a determinação da resposta que a pele irá apresentar quando exposta aos raios ultravioletas, pois esses causam eritema e fotoenvelhecimento. Em vista disso, Fitzpatrick, dermatologista e diretor do departamento de Dermatologia da Escola de Medicina de Harvard, em 1976, criou uma classifi cação de fototipos cutâneos. Além disso, a classifi cação de Fitzpatrick fornece uma grande indicação do risco que determinado tipo de pele pode desenvolver hiperpigmentação ou hipopigmentação pós-infl amatória (AVRAM et al., 2008). quadro 2. Classificação do fototipo cutâneo de acordo com Fitzpatrick. Tipo de pele Cor Reação ao sol Tipo I Muito branca ou sardenta. Sempre se queima. Tipo II Branca. Geralmente se queima. Tipo III Branca a moreno-claro. Algumas vezes de queima. Tipo IV Morena. Raramente se queima. Tipo V Moreno-escura. Muito raramente se queima. Tipo VI Negra. Nunca se queima. Fonte: (Adaptado de AvrAM et al., 2008). 49 rEAlizAção dE AnAMnESE fACiAl E CorPorAl │ unidAdE iii telangiectasias São defi nidos como vasos que medem de 0,1 mm a 1 mm, visíveis ao olho nu, pois são bastante superficiais e representam os capilares, vênulas ou arteríolas dilatadas. As telangiectasias de origem arteriolar são vermelhas e salientes, quando comparadas a superfície da pele; as vênulares são azuladas e podem apresentar saliência. Já as de origem capilar são vermelhas no começo, evoluindo para um quando de coloração azulada ou arroxeada e torna-se saliente devido à pressão hidrostática venosa (CYMOROT, 2012). As telangiectasias surgem devido aos seguintes fatores: liberação de substâncias vasoativas ocasionadas por elementos hormonais (síndrome de Cushing, terapia estrogênica, gestação), anoxia, infecções, fatores físicos (radiodermite, dermatite actínica, trauma físico) ou aparecem ocasionadas por doença, tais como: varizes, colagenoses, rosáceas, necrobiose lipoídica, capilarites, xeroderma pigmentoso, insufi ciência hepática, entre outras. Além disso, a herança genética pode desenvolver patologias que ocasionam as telangiectasias, como: nevus aracneus, ataxia-telangiectasia, poiquiloderma congênita, síndrome de Blomm, telangiectasia benigna hereditária, telangiectasia essencial generalizada (CYMOROT, 2012). Ademais, as telangiectasias também estão associadas com rosáceas, fotoenvelhecimento e cicatrizes hipertrófi cas (HARE MCCOPPIN; GOLDBERG, 2010). Figura 13.paciente portador de telangiectasias nasal. Fonte: (DESIATE et al., 2009). rosácea Rosácea é uma palavra derivada do latim e signifi ca “semelhantes a rosas”. Não obstante, na clínica ela é defi nida como uma afecção crônica da pele, com incidência relativamente alta, atingindo principalmente a área centro-facial, com ênfase nas regiões malares, 50 unidAdE iii │ rEAlizAção dE AnAMnESE fACiAl E CorPorAl nariz, frontal e mento (QUATERMAN et al., 1997). As mulheres que se encontram na faixa etária dos 30 aos 50 anos são as pessoas mais afetadas. No entanto, adolescentes e idosos não apresentam rosáceas com frequência (NETO et al., 2006). O paciente que possui rosácea apresenta quadros recorrentes de ruborização, edema e vermelhidão facial. Porém em alguns casos, pode apresentar também pápulas, pústulas, telangiectasias e fi brose tecidual (DAHL et al., 1998). Esse tipo de rosácea é classifi cado como pápulo-pustulosa, com ausência de comedões e cicatrizes (LEVIN; MILLER, 2011). Figura 14. paciente portador de rosácea com eritema e telangiectasia nas bochechas, nariz e na região nasolabial. pápulas e pústulas inflamatórias estão ao longo do nariz. Além disso, a ausência de comedões facilita distinção entre rosácea e acnes. Fonte: (SAND et al., 2010). Figura 15. paciente portador de rosácea. Fonte: (lEvIN; MIllEr, 2011). 51 rEAlizAção dE AnAMnESE fACiAl E CorPorAl │ unidAdE iii Figura 16. paciente portador de rosácea pápulo-pustulosa. Fonte: (lEvIN; MIllEr, 2011). Efélides Efélides são comumente conhecidas como sardas e compreendem pequenas máculas benignas castanhas e bem demarcadas que são encontradas na pele de indivíduos que possuem fototipo entre I e II, especialmente aqueles que possuem pele bem clara com cabelos louros ou ruivos. Essas disfunções estéticas aparecem no início da infância e vão diminuindo com o passar dos anos. Além disso, os caucasianos são os mais afetados pelas efélides com igual distribuição de casos entre homens e mulheres, no entanto, asiáticos também possuem efélides (AVRAM et al., 2008). Os ceratinócitos (queratinócitos) apresentam quantidades elevadas de melanina, principalmente na camada basal. No entanto, não há aumento expressivo da quantidade de melanocítos. Uma característica que diferencia efélides de lentigos (manhas senis acastanhadas) é o fato de as efélides escurecem quando expostas ao sol e clarearem quando a exposição diminui (AVRAM et al., 2008). Figura 17. Efélides na região da face em um menino com 10 anos de idade. Fonte: (BAlESTrI; NErI, 2010). 52 unidAdE iii │ rEAlizAção dE AnAMnESE fACiAl E CorPorAl Figura 18. paciente asiático portador de efélides facial. . Fonte: (YANG et al., 2013). flacidez facial A fl acidez facial é ocasionada pela perda progressiva da elasticidade, do relaxamento da estrutura do tecido conjuntivo e do aprofundamento das dobras cutâneas, ocasionando a proeminência dos tecidos submandibular e submentoniano. Como consequência da união de fatores intrínsecos, como a idade e fatores extrínsecos, tais como: tabagismo e exposição à radiação ultravioleta, esses fatores potencializam as chances de desenvolver fl acidez na face (KALIL et al., 2012). Histologicamente, essas alterações são ocasionadas pela diminuição e desorganização das fi bras de colágeno que estão presentes na derme, excesso de material anormal contendo elastina e diminuição dos níveis de precursores de colágeno I e III, entre outros fatores (KALIL et al., 2012). Figura 19. A paciente apresenta flacidez facial. É possível observar que grande parte da sustentação da musculatura da face foi perdida devido a fatores intrínsecos e extrínsecos. Fonte: Borzii. Disponível em: <http://350sav.fotomaps.ru/sagging-cheeks.php>. Acessado em: 8 de julho de 2015. 53 rEAlizAção dE AnAMnESE fACiAl E CorPorAl │ unidAdE iii Figura 20. paciente portadora de flacidez na região do pescoço, ocasionado pela e idade e por fatores epigenéticos. Fonte: Babak Azizzadeh. Disponível em: <http://faceliftnet.com/ulthera-before-and-after/>. Acessado em: 8 de julho de 2015. 54 CAPítulo 4 Equipamentos utilizados na anamnese corporal Adipômetro Os adipômetros são equipamentos utilizados para mensuração do tecido adiposo em diversas partes do corpo. Além disso, são indicados para realizar o acompanhamento da redução de gordura corporal por ponto localizado. No mercado existem equipamentos dos mais variados perfis, desde os mais simples, que são construídos com plásticos, aos mais complexos, feitos com ligas metálicas. utilização do adipômetro 1. Identifique a região que deseja mensurar de acordo com as referências anatômicas. 2. Faça o pinçamento das dobras cutâneas com os dedos e observe o sentido das dobras, pois cada dobra possui um sentido específico (oblíquo, longitudinal ou transversal). Exemplo: a mensuração do abdome é realizada ao redor da cicatriz umbilical, ou seja, do lado direito e do lado esquerdo da cicatriz, bem como na porção superior e inferior de forma longitudinal ou transversal. Todas as medições são realizadas de acordo com cada protocolo realizado. 3. A pressão realizada com os dedos não deve provocar um desconforto significativo no paciente. 4. Segure o adipômetro com a mão direita e realize a pinça com a mão esquerda. Em seguida, coloque o adipômetro na dobra cutânea e anote as medidas. Em casos de profissionais canhotos a ordem das mãos pode ser alterada. 5. Para assegurar que as medidas estejam corretas, realize o procedimento mais de uma vez. 55 rEAlizAção dE AnAMnESE fACiAl E CorPorAl │ unidAdE iii fita métrica Com a fi ta métrica é possível avaliar as medidas dos pacientes com rapidez e precisão. No entanto, o seu uso deve seguir alguns princípios, quando for realizada a mensuração das regiões. » Abdominal: 1. Utilizar como referência a cicatriz umbilical. 2. Fazer uma marcação acima com 5 cm de distância da cicatriz para fazer a mensuração do abdome superior. 3. Passar a fi ta métrica ao redor da cintura por cima da cicatriz para mesurar o abdome. 4. Para medir a circunferência do abdome inferior, deve-se fazer uma marcação abaixo da cicatriz umbilical com uma distância de 5 cm. 5. Após a medição, a soma das 3 medidas deve ser feita, para identifi car a perda de medidas total na região abdominal, em casos de tratamentos estéticos corporais visando gordura localizada. » Busto: faça a medição na altura que estão os mamilos. » Tórax: a fi ta métrica deve passar precisamente em baixo da axila. » Coxas: as coxas das mulheres podem ser medidas a partir de um palmo abaixo do início da virilha. Já nos homens a mensuração pode ser realizada 20 cm abaixo do quadril. » Panturrilhas: basta colocar a fi ta no meio da perna, entre o joelho e calcanhar. » Braços: Há dois tipos de mensuração para os braços: contraído e relaxado. Em ambas as medições realize um palmo abaixo do ombro. » Quadril/culote: aasse a fi ta ao redor do ponto de maior circunferência das nádegas. (Observação: a anatomia de cada paciente é própria. Ou seja, ela varia de acordo com as características de cada indivíduo). Em todas as medições, o biomédico(a) esteta deve tomar o cuidado de colocar a fi ta no plano horizontal e não deixar ela frouxa ou exercer pressão excessiva sobre a pele. 56 unidAdE iii │ rEAlizAção dE AnAMnESE fACiAl E CorPorAl Balança As balanças são extremamente úteis para acompanhamento da evolução dos tratamentos estéticos. Em especial aqueles que provocam a redução de gordura corporal. índice de massa corpórea O índice de massa corpórea (IMC), também denominado de Quetelet, é obtido pela divisão da massa corporal em quilogramas pela altura em metros do paciente ao quadrado(ANJOS, 1992). IMC = Peso (quilogramas) / (Altura)2 Esse índice auxilia o biomédico(a) esteta a escolher o melhor tratamento de redução de peso ou medidas para o paciente de acordo com os resultados obtidos. Para isso, o profi ssional deve ser guiar pelos seguintes valores. quadro 3. valores de referência dos índices de massa corpórea. DIAGNÓSTICO ÍNDICE DE MASSA CORPÓREA Abaixo do peso IMC menor do que 18,5 Peso normal IMC entre 18,5 e 25,0 Pré-obesidade IMC entre 25,0 e 30,0 Obesidade IMC entre 30,0 e 34,9 Obesidade grau II IMC entre 35,0 e 39,9 Obesidade grau III IMC maior do que 40,00 É muito importante estarmos ciente do IMC dos nossos pacientes, para futuramente não causarmos eventuais frustrações a eles, por isso, a anamnese, como dito em capítulos anteriores, é fundamental. Nessa hora, se o paciente apresenta-se em sobrepeso (pré-obesidade), sabemos que o indicado é associarmos junto com um tratamento de redução de peso, orientação nutricional e prática esportiva, assim, biomédicos(as) estetas devem fazer parcerias com outros profi ssionais da saúde, para conquistar grandes públicos e deixar claro para o paciente que tratamentos estéticos não cirúrgicos apresentam comprovação científi ca em gordura localizada para pacientes que tenham IMC normal, os quais obtêm melhores resultados. 57 CAPítulo 5 Principais disfunções estéticas corporais Estrias Estrias são definidas como cicatrizes atróficas oriundas de um processo inflamatório linfocítico perivascular superficial e profundo, além da perda de colágeno e de fibras elásticas da derme. Suas principais características clínicas são as lesões atróficas lineares, paralelas, no sentido perpendicular ao eixo de maior tensão da pele, podendo ter simetria e bilateralidade. No começo do processo inflamatório, as estrias apresentam eritema e prurido, após alguns meses adquirem uma tonalidade branco-nacarada (KALIL et al, 2012). De acordo com as observações morfológicas e os dados moleculares, o surgimento das estrias está correlacionado com a perda da capacidade de síntese dos fibroblastos e alteração na estrutura do tecido conjuntivo, do colágeno, fibras de fibrilinas e elastina, quando é realizado uma comparação com a pele normal (VIENNET, 2005). As mulheres são as principais vítimas das estrias, apresentando uma incidência duas vezes e meia maior. Elas surgem no começo da puberdade e durante a gravidez. As regiões mais afetadas são: face lateral dos quadris, glúteos, abdome e mamas. Já nos homens as áreas que podem apresentar estrias são: parte externa das coxas, região lombossacra e dorso (KALIL et al, 2012). Além disso, nas gestantes as estrias estão presentes em 90% dos casos (KORGAVKAR; WANG, 2015). A origem das estiras é desconhecida, no entanto, uma junção de fatores mecânicos e bioquímicos, juntamente como predisposição genética, leva ao desenvolvimento delas. Em determinados casos, as estrias podem ser ocasionadas devido ao desenvolvimento de patologia, como a síndrome de Cushing ou devido ao uso de corticosteroides (KALIL et al, 2012). 58 unidAdE iii │ rEAlizAção dE AnAMnESE fACiAl E CorPorAl Figura 21. paciente portadora de estrias vermelhas. Ademais, as estrias podem cobrir grandes áreas do corpo, mas isto acontece raramente. Este tipo de caso pode ser ocasionado pelo uso corticosteroides ou pela síndrome de Cushing. Fonte<www.drugs.com/mcd/stretch-marks#Image_Symptoms>. Acessado: 7 de julho de 2015. Figura 22: Alguns homens e mulheres são propensos a desenvolver estrias na parte superior do braço, abdome, nádegas e coxas. Essas modificações tendem a ocorrer durante a puberdade, mas também pode ser observados com a perda de peso. As estrias novas são vermelhas ou arroxeadas, enquanto estrias antigas são brancas. Fonte: <www.drugs.com/mcd/stretch-marks#Image_Symptoms>. Acessado: 7 de julho de 2015. Nas avaliações, o estágio em que a estria se encontra deve ser levado em exterma consideração, pois, as estrias recentes e eritematosas possuem maiores chances de adquirir resultados satisfatórios. Em contrapartida, as tardias e brancas são mais difícies de serem tratadas. 59 rEAlizAção dE AnAMnESE fACiAl E CorPorAl │ unidAdE iii lipodistrofia ginoide As lipodistrofi as ginoides, também conhecida popularmente como “celulites”, são modifi cações que acontecem no tecido adiposo e na microcirculação, ocasionada por alterações dos tecidos sanguíneos e linfáticos, causando fi broesclerose no tecido conectivo. A lipodistrofi a ginoide é oriunda de uma série de eventos complexos que abrangem epiderme, derme e tecido subcutâneo, sendo considerado um acontecimento degenerativo e não uma infl amação. No entanto, há evidências que sugerem o envolvimento do estrogênio na formação das celulites. Além disso, fatores como obesidade, sobrepeso, gordura localizada e fl acidez cutânea (KALIL et al, 2012), o uso de contraceptivos hormonais (AVRAM, 2005), estresse (AVRAM, 2005), estilo de vida sedentário (AVRAM, 2005), hereditariedade (ROSSI; VERGNANINI et al., 2000), idade (RAO et al., 2005), sexo (RAO et al., 2005), disfunções hormonais (MILANI et al., 2006), tabagismo (ROSSI; VERGNANINI et al., 2000), gravidez (ROSSI; VERGNANINI et al., 2000), ingestão excessiva de cafeína e bebidas alcoólicas (ROSSI; VERGNANINI et al., 2000), nutrição inadequada (ROSSI; VERGNANINI et al., 2000), mudanças circulatórias (MILANI et al., 2006) e fatores mecânicos (MILANI et al., 2006) podem contribuir para o desenvolvimento das celulites. As celulites são caracterizadas por ocasionar irregularidades na superfície da pele com predomínio de elevações e depressões, dando a aparência de “casa de laranja” na pele. Em aproximadamente 95% dos casos, as mulheres, especialmente as que se encontram na pré-adolescência, adolescência ou em adultas jovens, são as maiores vitimas. As principais regiões afetadas são: coxas, culotes, nádegas, flancos e abdome (KALIL et al., 2012). Figura 23. Desenho esquemático de uma pele saudável e de uma pele afetada por lipodistrofia ginoide. Fonte: Disponível em: <http://maquel.com.br/blog/tag/lipodistrofia-ginoide/>. Acessado: 30 de junho de 2015. 60 unidAdE iii │ rEAlizAção dE AnAMnESE fACiAl E CorPorAl Na maioria das vezes, o diagnóstico da celulite é realizando pela própria paciente que procura o biomédico(a) esteta em busca de tratamento. Com isso, cabe ao profi ssional realizar a anamnese e classifi car o grau da celulite. Neste caso, durante o exame clínico o biomédico(a) deve realizar a mensuração da circunferência, teste do pinçamento, aferição do peso e do índice de massa corpórea (IMC), além da documentação fotográfi ca, que é de fundamental importância para comparação dos resultados pós- tratamento. As celulites podem ser classifi cadas do grau I ao IV. A paciente é portadora de celulite grau I quando não há alterações na superfície cutânea, somente histopatologica. No grau II não existem alterações da superfície cutânea em posição ortostática (em pé), porém as depressões e elevações aparecem quando o pinçamento da pele é realizando ou por meio da contração muscular. Ademais, ocorre compromentimento circulatório, diminuição da temperatura e elasticidade da pele. Não existe a presença de dor. No grau III, a pele apresenta o aspecto de casca de laranja é evidente na posição ortostática, sem a ajuda de qualquer manobra e pode existir pequena sensibilidade a dor. Por fi m, na celulite grau IV ocorre alterações descritas no grau III, além disso, existem nódulos grandes e dolorosos, aderidos aos planos profundos. A pele apresenta fl acidez, enrugamento e fribroses como fator predominante. Há grande sensibilidade a dor, podendo apresentar compromentimento nervoso(MENDONÇA et al., 2009). A literatura descreve vários métodos para diagnosticar a celulite, tais como: termografi a (MILANI et al., 2008), ultrassom (RONA et al., 2006), ressonância magnética (QUERLEUX et al., 2002), tomografi a computadorizada (ROSSI; VERGNANINI, 2000), laser doppler (RONA et al., 2006), biópsia, xenografi a, bioimpedância (ROSSI; VERGNANINI, 2000) e plicometria (RONA et al., 2006). Porém, na prática clínica da grande maioria dos biomédicos(as) estetas, todos esses aparelhos não são utilizados devido altos valores empregados pelos fabricantes. Com a realização do diagnóstico, é importante ressaltar para a paciente sobre todos os fatores envolvidos nesta patologia, exaltar a importância do exercício físico, da perda de peso e da reeducação alimentar. Com isso, ocorre um aumento nas chances de sucesso terapêutico, apesar de ser conhecido que o processo de formação da celulite é contínuo, podendo ser reduzido ou acelerado, baseado nos fatores supracitados. Essas informações são de extrema importância, visto que a colaboração do paciente neste tipo de caso é primordial para obtenção de resultados satisfatórios. 61 rEAlizAção dE AnAMnESE fACiAl E CorPorAl │ unidAdE iii flacidez corporal Flacidez é um acontecimento que ocorre devido à desnutrição e redução das fi bras colágenas e elásticas que sustentam os tecidos do organismo, ocasionando o decaimento da pele e dos músculos. Este processo acontece de maneira gradual e contínua, sofrendo infl uências de vários fatores, tais como: distúrbios hormonais, sedentarismo, predisposição genética, gravidez, tabagismo, alimentação desregrada, radiação ultravioleta, oscilações de peso (BORELLI; CURI, 2012). A fl acidez pode ser classifi cada em fl acidez cutânea e muscular e são combatidos pelos exercícios anaeróbicas, como a musculação, alimentação balanceada, proteção solar e com tratamentos estéticos que estimulem a neocolagênase. Atualmente, existem várias modalidades de tratamentos que estimulam a neocolagênese, tais como: estímulos elétricos, térmicos e químicos com associações de outras tecnologias (BORELLI; CURI, 2012). Figura 24. paciente portadora de flacidez abdominal pós-parto. Fonte: Daniela Macedo. Disponível em: <http://daniellemacedo.com.br/author/denise-costa/>. Acessado: 8 de julho de 2015. tecido adiposo e suas particularidades O tecido adiposo é um tipo especial de tecido conjuntivo, como predomínio de células que realizam o armazenamento de lipídios, os adipócitos. Essas células são encontradas isoladas ou em grupos no tecido conjuntivo, no entanto, a maior parte delas é formada por grandes agregados, constituindo o tecido adiposo espalhado por todo o corpo (Junqueira & Carneiro, 2004). 62 unidAdE iii │ rEAlizAção dE AnAMnESE fACiAl E CorPorAl O tecido adiposo possui várias funções, tais como: acúmulo de energia, modelamento da superfície corporal e proteção contra choques mecânicos e isolamento térmico. Além disso, ele preenche os espaços entre outros tecidos e auxilia a manter certos órgãos em suas posições normais. Por fim, o tecido adiposo também possui atividade secretora, sintetizando diversos tipos de moléculas (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004). Existem dois tipos de tecido adiposo, que possuem distribuição corporal, estrutura, fisiologia e patologia diferentes. Uma variedade é o tecido adiposo comum, amarelo ou unilocular, nas quais suas células, quando completamente desenvolvidas, apresentam apenas uma gotícula de gordura que ocupa todo o citoplasma celular. E o tecido adiposo pardo, ou multilocular, formado por células que apresentam várias gotículas lipídicas e numerosas mitocôndrias (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004). tecido adiposo unilocular Este tipo de tecido adiposo apresenta uma cor que varia entre o branco e o amarelo-escuro, de acordo com a dieta de cada indivíduo. Essa coloração é ocasionada pelo acúmulo de caroteno na gotícula de gordura. Praticamente todo o tecido adiposo presente no adulto é de origem unilocular. Além disso, seu acúmulo em determinadas partes do corpo é ocasionado por fatores genéticos, idade e sexo (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004). O tecido adiposo unilocular forma o panículo adiposo, camada disposta sobre a pele e que apresenta uma espessura uniforme por todo o corpo do recém-nascido. No entanto, com o passar da idade, o panículo adiposo tende a desaparecer de certas regiões e acumula-se em outras. Essa distribuição da gordura corporal é regularizada pelos hormônios sexuais e pelos hormônios produzidos pela camada cortical da glândula adrenal (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004). O acúmulo desses lipídeos que ocorre nos adipócitos é ocasionado principalmente por triglicerídeos, ou seja, ésteres de ácidos graxos e glicerol. E esse armazenamento ocorre da seguinte maneira (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004): 1. Absorvidos da alimentação e trazidos até as células adiposas como triglicerídeos dos quilomícrons. 2. Originários do fígado e transportados até o tecido adiposo, sob a forma de triglicerídeos constituintes das lipoproteínas de baixo peso molecular (VLDL). 3. Síntese nas próprias células adiposas, a partir da glicose. 63 REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL │ UNIDADE III tecido adiposo multilocular O tecido adiposo multilocular é conhecido também como tecido adiposo pardo devido a sua cor. Essa característica é derivada da abundante vascularização e das numerosas mitocôndrias presentes em suas células. Diferente do tecido adiposo unilocular, que pode ser encontrado em todo o corpo, o multilocular possui a sua distribuição limitada, localizando-se em áreas determinadas. Nos recém-nascidos, esse tecido apresenta sua localização bem determinada, porém como ele não se desenvolve, sua quantidade nos adultos é muito reduzida (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004). As células desse tecido são menores quando comparadas ao do tecido adiposo comum. O citoplasma é rico em gotículas lipídicas e mitocôndrias, cujas cristas são longas e acabam por ocupar toda a espessura da organela. Além disso, o tecido multilocular possui um papel importante na produção de calor, que auxilia bastante os recém-nascidos na termorregulação (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004). gordura localizada A gordura localizada é definida como sendo uma hiperdistrofia dos adipócitos. Essas células são encontradas principalmente na região dos flancos, ocasionando abaulamento devido ao acúmulo excessivo de gordura. Esse tecido adiposo é extremamente resistente a dietas e exercícios físicos. (PEROZZO et al., 2008; POLI; CAPONI, 2007). A literatura relata que o acúmulo de gordura na região central do corpo aumenta os riscos de desenvolvimento de várias doenças, tais como: hiperinsulinemia, hiperlipidemia, hipertensão, gota, atrite e diabetes mellitus (PITANGA; LESSA, 2005). O acúmulo de gordura visceral com concentração na região abdominal caracteriza o perfil androide que é encontrado em mulheres climatéricas, ou seja, são mulheres que estão passando pelo climatério, que consiste na transição do período reprodutivo para o não reprodutivo, ocasionado pela diminuição dos hormônios sexuais produzidos pelos ovários. Além disso, também encontramos esse tipo de distribuição de gordura em mulheres pós-menopáusicas. Já o perfil ginecoide é encontrado em mulheres que estão no período reprodutivo (TREMOLLIÈRES et al., 1996). 64 unidAdE iii │ rEAlizAção dE AnAMnESE fACiAl E CorPorAl Figura 25. Desenho esquemático dos tipos de gordura localizada: ginoide e androide. Fonte: Modificado. Disponível em: <http://www.geraldomedeirosneto.com.br/2013/05/os-perigos-da-gordura-visceral-e.html>. Acessado em: 30 de junho de 2015.. A gordura ginoide também é conhecida popularmente como “gordura no formato pera”, pois o seu acúmulo no corpo lembrao fruto. Ela afeta principalmente as mulheres, no entanto, em alguns casos homens também podem apresentar essa disfunção estética. Quando comparada à gordura androide (formato de maçã), os riscos de complicações metabólicas são menores. A gordura androide é mais presente em homens, mas mulheres que estão passando por uma transição hormonal também podem desenvolver esse tipo de acúmulo de gordura na região abdominal. 65 unidAdE iVrESPonSABilidAdE lEgAl do BioMÉdiCo(A) EStEtA CAPítulo 1 regulamentação da biomedicina estética origem da biomedicina estética A biomedicina estética é uma especialidade do biomédico(a) reconhecida pelo Conselho Federal de Biomedicina (CFBM). O profissional habilitado nessa área utiliza comprovações cientificas para aplicar ou até mesmo desenvolver novos protocolos ou procedimentos estéticos. Além disso, o profissional possui a capacidade de cuidar da saúde e do bem-estar do paciente, promovendo em determinados casos o retorno da autoestima. Os procedimentos estéticos que o biomédico(a) esteta está autorizado a realizar estão listados a seguir: 1. Avaliação e acompanhamento. 2. Eletroterapia e eletroestimulação. 3. Laserterapia: › Epilação a laser; › Fototerapia e LED; › Lasers fracionados não-ablativos; › Luz Intensa Pulsada; › Remoção de Tatuagem e Maquiagem Definitiva. 66 unidAdE iV │ rESPonSABilidAdE lEgAl do BioMÉdiCo(A) EStEtA 4. Microagulhamento. 5. Peelings químicos: › Superficial; › Médio. 6. Peelings mecânicos: › Hidrodermobrasão; › Microdermobrasão (cristal e diamante). 7. Biotecnologias: › Radiofrequência; › Ultra-cavitação; › Ultrassom dissipado; › Ultrassom focalizado; › Endermologia; › Criolipólise. 8. Procedimentos invasivos não cirúrgicos: › Carboxiterapia; › Intradermoterapia capilar, corporal e facial; › Preenchimentos injetáveis; › Toxina Botulínica. 9. Cosmetologia avançada. Ademais, o(a) biomédico(a) esteta, além de trabalhar na parte clínica da biomedicina estética, também possui autonomia para atuar como responsável técnico de clínicas de estéticas, nas pesquisas científicas, docência e em indústria de equipamentos e cosméticos. 67 rESPonSABilidAdE lEgAl do BioMÉdiCo(A) EStEtA │ unidAdE iV resolução no 200, de 1o de julho de 2011 A resolução do Conselho Federal de Biomedicina de número 200, do dia 1o de julho de 2011, regulamentou a habilitação de biomedicina estética para os biomédicos(as) que preenchem os requisitos estabelecidos pelo conselho. A seguir, é possível analisar a resolução na íntegra popr meio do link: <http://www.cfbiomedicina.org.br/ resolucoes.php> resolução no 214, de 10 de abril de 2012 A resolução, publicada no dia 10 de abri de 2012, regulamenta a utilização de determinadas substâncias para a realização de procedimentos estéticos pelos biomédicos(as) estetas. Abaixo é possível analisar a resolução da íntegra por meio do link disponível: <http:// www.cfbiomedicina.org.br/resolucoes.php>. Observações: 1. De acordo com a Resolução no 4.302, de 5 de outubro de 2012, da ANVISA, foi proibido o uso dos seguintes compostos: chá-verde, centella asiática, ginkgo bioloba, melilotus, castanha-da-índia, dente-de-leão, sinetrol, ayslim, girassol (extrato). 2. A Resolução no 128, de 14 de janeiro de 2013, proíbe a utilização do princípio ativo tiratricol. 68 CAPítulo 2 responsabilidade civil e regulamentação das clínicas de estéticas responsabilidade civil do biomédico(a) esteta A responsabilidade civil é definida como um direito de reparar um dano que uma pessoa causa a outra. O causador do dano sofrido pode pedir na justiça reparação pelo malefício causado a ele. Essa norma é baseada pelo princípio de que ninguém pode lesar o interesse ou direito de outro indivíduo. Isto é descrito no artigo 927 do Código Civil, que diz: “Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”. Já os artigos 186 e 187 relatam (OLIVEIRA, 2008): Art 186: Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito (Angher, 2015). Art 187: Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes (Angher, 2015). Além disso, o parágrafo único do artigo 927 do Código Civil relata que: “haverá obrigação de reparar o dano independentemente de culpa”. Ou seja, a culpa não é um fator primordial do código, essenciais são a conduta humana, o dano ou lesão realizada e vínculo de causalidade entre a conduta e o dano (ANGHER, 2015). Na responsabilidade civil, a culpa é designada quando o executor do malefício não possuía a intenção de provocá-lo, porém, devido à imprudência, imperícia e negligência, causou um dano e deve repará-lo. A imprudência acontece devido à precipitação do profissional, quando por falta de medidas de prevenção e atenção na realização de determinado procedimento, causa um dano ou lesão ao paciente. A imprudência ocorre quando o biomédico(a) esteta não possui prática ou conhecimento teórico para a realização do procedimento. Já a imperícia acontece quando o executor acredita que possui todos os conhecimentos teóricos e práticos para a execução do tratamento, no entanto, ele não está preparado pela inexistência de conhecimento, aptidão, capacidade e competência. Por fim, a 69 rESPonSABilidAdE lEgAl do BioMÉdiCo(A) EStEtA │ unidAdE iV negligência é definida quando o biomédico(a) esteta não toma os cuidados necessários, não assiste a realização do procedimento com a devida cautela e diligência, agindo com total descuido (OLIVEIRA, 2008). Quando a existência de um dos fatores supracitados for comprovada em algum procedimento estético, fica caracterizada a culpa do agente. Ou seja, o biomédico(a) deverá reparar o malefício causado ao paciente, pois sem a intenção acabou por provocar um dano ou lesão. Por outro lado, há a possibilidade de a responsabilidade civil ser excluída quando a culpa pelo malefício for do próprio paciente, a lesão adquirida ter sido ocasionada por terceiros, por caso fortuito ou força maior e cláusula de não indenizar (OLIVEIRA, 2008). Isto é, a culpa do paciente acontece quando o dano realizado for ocasionado pelo próprio paciente. Exemplo: o biomédico(a) esteta recomenda que o paciente não tome sol após o CO2 fracionado ou peeling para evitar manchas, não obstante, o paciente não segue as recomendações. Terceiros causam algum tipo de maléfico ao paciente que compromete o tratamento. E caso fortuito ou de força maior sucede quando procede de efeitos imprevistos ou inevitáveis. Esses princípios estão listados no Código Civil, artigo 393 (OLIVEIRA, 2008). Art 393: O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caos fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado (ANGHER, 2015). Parágrafo único do Art 393: O caso fortuito ou força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir (ANGHER, 2015). No caso do biomédico (a) esteta, o tipo de dano mais evidente que pode provocar é o dano estético que lesa a beleza física do paciente, comprometendo a harmonia corporal. Este tipo de lesão pode ser permanente, o que impossibilita a correção do malefício. Ademais, o dano estético em muitos casos, vem acompanhado de lesões morais ou materiais, por isso elas são consideradas eventos complexos que devem ser analisadas não somente no âmbito estético, mas também em relação à expectativa criada pelo procedimento que não foi correspondida (OLIVEIRA, 2008). A lesão estética no paciente provoca sofrimento,pois esse esperava uma alteração positiva da sua aparência sem a modificação física maléfica. Não obstante, essa modificação ocasiona no paciente uma dor moral, além de uma alteração física desagradável (OLIVEIRA, 2008). Exemplos: cicatrizes, hipercromias, hipocromias, entre outros. 70 unidAdE iV │ rESPonSABilidAdE lEgAl do BioMÉdiCo(A) EStEtA Com a publicação do Código de Defesa do Consumidor, pela Lei no 8.078/1990, os profissionais liberais da saúde e estabelecimentos que prestam serviço, tais como: clínicas, consultórios, hospitais e laboratórios, passaram a ser equiparados a prestadores de serviços da saúde. O bimédico(a) prestador de serviços liberais é aquele que presta serviços diretamente ao paciente no consultório. Já o prestador de serviços empresarial é aquele que presta serviços em ambientes empresariais, tais como: clínicas, hospitais, laboratórios. O artigo 14, § 4o, relata a responsabilidade civil desses profissionais (OLIVEIRA, 2008). Art. 14. O fornecedor de serviços responde independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos (ANGHER, 2015) . § 4o A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação da culpa (ANGHER, 2015). Logo, há a necessidade de provar que existiu culpa por parte do profissional. Não obstante, fica implícita a possibilidade de inversão do ônus de prova devido à hipossuficiência do paciente em relação ao profissional da saúde (CDC, Art 6o, inciso VIII) (OLIVEIRA, 2008). Art. 6o São direitos básicos do consumidor (Angher, 2015): VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências (ANGHER, 2015). Por fim, ressaltamos que é de extrema importância que o biomédico(a) esteta consulte um advogado especializado nesta área antes de começar a exercer sua profissão, para que as dúvidas do âmbito jurídico sejam elucidadas. Ademais, as informações repassadas nesta unidade são baseadas nas sanções empregadas aos médicos, tendo em vista que até o presente momento não existem condutas específicas aos biomédicos(as) estetas. documentação exigida e aspectos legais para abertura de clínica de estética O primeiro passo para abertura de uma clínica de estética é a contratação de um contador. Esse profissional está devidamente habilitado para elaborar os atos constitutivos da 71 rESPonSABilidAdE lEgAl do BioMÉdiCo(A) EStEtA │ unidAdE iV empresa, além de auxiliar o biomédico(a) esteta na escolha da forma do tipo de empresa que mais se adequada para o projeto, no preenchimento dos formulários exigidos pelos órgãos que realizam a inscrição de pessoas jurídicas e ceder informações sobre a legislação tributária pertinente ao negócio (SEBRAE, <http://www.sebrae.com.br/ sites/PortalSebrae/ideias/Como-montar-um-centro-de-est%C3%A9tica>. Acessado em 7 junho de 2015). Ademais, para legalizar uma clínica de estética, faz-se necessário procurar os órgãos governamentais específicos que regulamentam o funcionamento desses estabelecimentos. As fases do registro empresarial são os seguintes (SEBRAE, <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ideias/Como-montar-um-centro-de- est%C3%A9tica>. Acessado em 7 junho de 2015): 1. Registrar a empresa nos órgãos: › Junta comercial; › Corpo de Bombeiros Militar; › Secretária da Receita Federal (CNPJ); › Secretária Estadual da Fazenda; › Cadastramento na Caixa Econômica Federal no sistema “Conectividade Social – INSS FGTS; › Cadastramento na prefeitura do município onde a empresa a clínica será sediada para obtenção do alvará de funcionamento; › Enquadramento na Entidade Sindical Patronal (a empresa ficará obrigada ao recolhimento anual de Contribuição Sindical Patronal). 2. Visitar a prefeitura da cidade sede da clínica para fazer a consulta local. 3. Obter o alvará de licença sanitária e adequar às instalações físicas do imóvel de acordo com as regulamentações do Código Sanitário. No âmbito federal, a fiscalização das normatizações do código de responsabilidade é da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), já na esfera estadual a responsabilidade é da Secretária Estadual e da Secretária Municipal de Saúde. 4. Registrar a clínica no Conselho Regional de Biomedicina responsável pela jurisdição do estado no qual o empreendimento foi fundado. 72 unidAdE iV │ rESPonSABilidAdE lEgAl do BioMÉdiCo(A) EStEtA O biomédico(a) esteta também deve consultar as portarias municipais e estaduais que fi scalizam e regularizam o setor de clínicas de estéticas na cidade e estado de origem. A fi scalização federal é realizada pela ANVISA e a seguir estão listadas algumas portarias federais: » Resolução no 5.186, de 20 de novembro de 2009: determinar, como medida de interesse sanitário, a suspensão, em todo território nacional, de propagandas de equipamentos para bronzeamento artifi cial PARADISO E DORATA, com registros vencidos junto à ANVISA, veiculados pelo site <http://www.solare.com.br>. » Resolução no 5.185, de 20 de novembro de 2009. D.O.U no 222, de 20/11/2009: determinar, como medida de interesse sanitário, a suspensão, em todo território nacional, das propagandas do produto PLATAFORMA POWER PLATE, sem registro junto à ANVISA, veiculadas pelo site <http://profi sio.zip.net>. » Resolução no 51, de 24 de março de 2003: classifi ca os aparelhos ativos, eletro estimuladores, para utilização em educação física, embelezamento e correção estética na classe de risco II, regra nove, conforme previsto pelo parágrafo único do art. 1o da RDC no 185, de 22 de outubro de 2001. » Lei no 6.360, de 23 de setembro de 1976: dispõe sobre a vigilância sanitária de medicamentos, drogas, cosméticos, saneantes e outros. Para ter acesso a todas as portarias e leis que regem o campo da estética, basta acessar o site da ANVISA e realizar as consultas de interesse. <http://portal.anvisa. gov.br/wps/portal/anvisa/home>. Além disso, toda empresa que presta serviços ou fornece algum tipo de produto precisam observar e respeitar as regras que compõem o Código de Defesa do Consumidor (CDC), que foi publicado em 11 de setembro de 1990, e regulariza as regras que compõe a relação entre consumidor e fornecedores. 73 referências AHN, K.Y.; PARK, M.Y.; PARK, D.H.; HAN, D.G. Botulinum toxin A for the treatment of facial hyperkinetic wrinkle lines in Koreans. Plast Reconstr Surg, 2000; 105(2):778 84. ANDERSON R.R. In vivo fluorescence of human skin. A potential marker of photoaging (letter). Arch Dermatol, 1989;125:999-1000. ANGHER AJ. Vade Mecum Acadêmico de Direito Ridell. 20a Ed. São Paulo: Rideel, 2015. ANJOS, L.A. Índice de massa corporal como indicador do estado nutricional de adultos: revisão da literatura. Rev Saúde Pública, 1992: 26(6): 431-6. ARAUJO, D.V.P.; CAMPOS, E.L.; ZOBOLI, P.; MASSAD, E. Como tornar os termos de consentimentos mais fáceis de ler? Rev Assoc Med Bras, 2010. 56(2): 151-6. ASAWANONDA, P.; TAYLOR, C.R. Wood’s light in dermatology. Int J Dermatol, 1999; 38:801-7. AVRAM, M.M.; AVRAM, M.R.; TSAO, S.; TANNOUS, Z. Atlas colorido de dermatologia estética. São Paulo: Mcgraw Hill – Artmed, 2008. ______. Cellulite: a review of its physiology and treatment. J Cosmet Laser Ther, 2005; 7:1-5. AZULAY, M.M.; CUZZI, T.; PINHEIRO, J.C.A.; AZULAY, D.R.; RANGEL, G.B. Métodos objetivos para análise de estudos em dermatologia cosmética. An Bras Dermatol, 2010; 85(1):65-71. BALESTRI, R.; NERI, I. Hydroa vacciniforme.CMAJ, 2010 Nov 23; 182(17): E796. BEAUCHAMP TL, CHILDRESS JF. Principles of Biomedical Ethics. 4. ed. New York: Oxford University Press, 1994. BOLANCA I, BOLANCA Z, KUNA K, VUKOVI A. Chloasma-the mask of pregnancy. Coll Antropol, 2008; 32(2):139-41. 74 RefeRências BORELLI, S.S.; CURI, T.Z. Flacidez corporal. In: MATEUS. A.; PALERMO. E. Cosmiatria e laser: prática no consultório médico. São Paulo: Ac Farmacêutica, 2012. pp. 442-447. BRAND, V.C.; SOUZA, R.C.A.; PEDRINI, H.; LIMA, H. Avaliação da intensidade das rugas periorbitais por processamento digital de imagens: um estudo de avaliação. Surgical & Cosmetic Dermatology, 2009;1(1):15-20. CAPITANIO, B.; SINAGRA, J.L.; BORDIGNON, V.; CORDIALI, F.E.I.P.; PICARDO, M.; ZOUBOULIS, C.C. Underestimated clinical features of postadolescent acne. J Am Acad Dermatol, 2010; 63:782-8. CARRIÓ FB. Avaliar nosso perfil de entrevistadores. In: CARRIÓ, F.B. Entrevista clínica: habilidades de comunicação para os profissionais de saúde. Porto Alegre: Artmed, 2012, pp. 37-56. COHEN. C.; MARCOLINO, J.A.M. Relação Médico-Paciente. In: SEGRE, M.; COHEN, C. Bioética. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2002, pp. 83-118. COSTA, A.; ALCHORNE, M.M.A.; GOLDSCHMIDT, M.C.B.; Fatores etiopatogênicos da acne vulgar. An. Bras.Dermatol, 2008; 83(5):451-9. CULVER, C.M.; GERT, B. Philosophy in Medicine: conceptual and ethical issues in medicine and psychiatry. New York: Oxford University Press, 1982. CYMBALISTA, N.C.; PRADO DE OLIVEIRA, Z. N. Treatment of idiopathic cutaneous hyperchromia of the orbital region (ICHOR) with intense pulsed light. Dermatol Surg, 2006; 32:773-84. CYMROT N. Luz pulsada de alta energia para o tratamento de rosácea, poiquilodermia e telangiectasias. In: MATEUS, A.; PALERMO, E. Cosmiatria e laser: prática no consultório médico. São Paulo: Ac Farmacêutica, 2012. pp. 401-409. DAHL, M.V.; KATZ, I.; KRUEGER, G.G.; MILIKAN, L.E.; ODOM, R.B.; PARKER, F. Topical metronidazole maintains remissions of rosacea. Arch Dermatol, 1998; 134:679-83. DESIATE. A.; CANTORE, S.; TULLO, D.; PROFETA, D.; GRASSI, F.R.; BALLINI, A. 980 nm diode lasers in oral and facial practice: current state of the science and art. Int J Med Sci, 2009; 6(6): 358–364. 75 RefeRências DIAS, M.F.R.G.; ADRIANO, A.R. Nutracêutica no combate ao envelhecimento. In: MATEUS, A.; PALERMO, E. Cosmiatria e laser: prática no consultório médico. São Paulo: Ac Farmacêutica, 2012. pp. 122-129. DRAELOS, Z.D. The shrinking word: Skin considerations in a global community. J Cosmet Dermatol, 2006; 5(1):1-2. DWORKIN, G. The Theory and Practice of Authonomy. New York: Cambridge University Press, 1971. FABBROCINI, G.; PADOVA, M.P.; VITA, V.; FARDELLA, N.; PASTORE, F.; TOSTI, A. Tratamento de rugas periorbitais por terapia de indução de colágeno. Surgical & Cosmetic Dermatology, 2009; 1(3):106-111. FILHO, J.M. Termo de consentimento livre e esclarecido na prática reumatológica. Elsevier Editora; Ltda. Rev Bras Reumatol, 2011. 51(2):175-183. FINN, J,C.; COX, S.E.; EARL, M.L. Social implications of hyperfunctional facial lines. Dermatol Surg. 2003; 29(5):450-5. FISHER, G.J.; WANG, Z.Q.; DATTA, S.C.; VARANI, J.; KANG, S.; VOORHEES, J. J. Pathophysiology of premature skin aging induced by ultraviolet light. N Engl J Med., 1997; 337(20):1419-28. FULLNER, M.J.; CHEN, A.S.; MONT, M.; MCCABE, J.; BADEN, M. Patterns and intensity of autofluorescence and its relation to melanin in human epidermis and hair. Int J Dermatol, 1979;18:722-30. FULTON JUNIOR, J.E. Utilizing the ultraviolet (UV Detect) camera to enhance the appearance of photodamage and other skin conditions. Dermatol Surg, 1997:23:163-9. GHODSI, S.Z.; ORAWA, H.; ZOUBOULIS, C.C. Prevalence, severity, and severity risk factors of acne in high school pupils: A community-based study. J Invest Dermatol, 2009;129:2136-41. GILCHREST, B.A. A review of skin ageing and its medical therapy. Br J Dermatol, 1996; 135(6):867-75. GOLD, M.H. Therapeutic and Aesthetic Uses of Photodynamic Therapy Part two of a five-part series: Lasers and Light Treatments for Acne Vulgaris Promising Therapies. J Clin Aesthet Dermatol, 2008. Sep;1(3):28-34. 76 RefeRências GUPTA, A.; GOVER, M.; NOURI, K.; TAYLOR, S. The treatment of melasma: a review of clinicals trials. J Am Acad Dermatol, 2006;55(6):1048-1065. HANDEL, A.C.; MIOT, L.D.; MIOT, H.A. Melasma: a clinical and epidemiological review. An Bras Dermatol, 2014 Sep-Oct;89(5):771-82. HARDY, E.; BENTO, S.F.; OSIS, M.J.D. Consentimento informado normatizado pela resolução 196/96: Conhecimento e opinião de pesquisadores brasileiros. 2002. RBGO - v. 24, no 1. HARE, Mccoppin H.H.; GOLDBERG, D.J. Laser treatment of facial telangiectases: an update. Dermatol Surg, 2010 Aug; 36(8):1221-30. HASSUN, K.M.; BAGATIN, E.; VENTURA, K.F. Melasma. Rev Bras Med, 2008, 65:11-16. HELOU GMR. Rejuvenescimento: Reflexões bioéticas sobre o impacto da tecnologia no cotidiano feminino. In: SALLES, A.A. Bioética: reflexões interdisciplinares. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2010, pp. 153-167. JILLSON, O.F. Wood’s light: an incredibly important diagnostic tool. Cutis, 1981; 28:620-6. JUNQUEIRA, L.C.; CARNEIRO, J. Histologia Básica. 10a Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. KADUNC, B.V.; ALMEIDA, A.R.T. Surgical treatment of facial acne scars based on morphologic classification: A Brazilian Experience. Dermatol Surg, 2003; 29 (12): 1200-9. KALIL, C.L.P.V.; COSTA, F.B.; REGINATTO, F.P. Cosméticos corporais. In: MATEUS, A.; PALERMO, E. Cosmiatria e laser: prática no consultório médico. São Paulo: Ac Farmacêutica, 2012, pp. 130-139. ______. Flacidez e contorno da face: laser, radiofrequência e infravermelho. In: MATEUS, A.;b PALERMO, E. Cosmiatria e laser: prática no consultório médico. São Paulo: Ac Farmacêutica, 2012. pp. 449-456. KORGAVKAR, K.; WANG, F. Stretch marks during pregnancy: a review of topical prevention. Br J Dermatol, 2015, Mar;172(3):606-15. KOTTOW, M.H. Introducción a la Bioética. Santiago, Chile: Ed. Universitária,1995. 77 RefeRências KRAFT, J.; FREIMAN, A. Management of acne. CMAJ. 2011. Apr 19; 183(7): E430 E435. LEE, H.; YOON, J.S.; LEE, S.Y. Fractional Laser Photothermolysis for Treatment of Facial Wrinkles in Asians. Korean Journal of Ophthalmology, 2009; 23:235-239. LEFFELL, D.J.; STETZ, M.L.; MILSTONE, L.M.; DECKELBAUM, L.I. In vivo fluorescence of human skin. A potential marker of photoaging. Arch Dermatol, 1988;124:1514 8. LEOPOLDO E SILVA F. Da ética filosófica à ética em saúde. In: COSTA, F.I.F.; GARRAFA, V.; OSELKA (org). Brasília: Conselho Federal de Medicina, 1998. LEVIN, J.; MILLER, R. A Guide to the Ingredients and Potential Benefits of Over the- Counter Cleansers and Moisturizers for RosaceaPatients. J Clin Aesthet Dermatol, 2011, Aug;4(8):31-49. MAC-MARY, S.; SAINTHILLIER, J.M.; JEUDY, A.; SLADEN, C.; WILLIAMS, C.; BELL, M.; HUMBERT, P. Assessment of cumulative exposure to UVA through the study of asymmetrical facial skin aging. Clin Interv Aging, 2010; 5: 277–284. MADEIRA, C.L.; MARQUES, E.R.M.C. Noções de anatomia da face. In: GADELHA, A.R.; COSTA, I.M.C. Cirurgia Dermatológica em consultório. Rio de Janeiro: Atheneu, 2003. pp.77-94. MENDONÇA, A.M.S.; PÁDUAL, M.; RIBEIRO, A.P.; MILANI, B.G.; JOÃO, S.M.A. Confiabilidade intra e interexaminadores da fotogrametria na classificação do grau de lipodistrofia ginóide em mulheres assintomáticas. Fisioter Pesqui, 2009;16(22):102-6. MILANI, G.B.; A’DAYR, N.F.; JOÃO, S.M.A. Correlation between lumbar lordosis angle and degree of gynoid lipodystrophy (cellulite) in asymptomatic women. Clinics, 2008;63:503-8. ______; JOÃO, S.M.A.; FARAH, E.A. Fundamentos da Fisioterapia Dermatofuncional: revisão de literatura.Fisioter Pesq, 2006;13:37-43. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Conselho Nacional de Saúde. Normas de pesquisa envolvendo seres humanos. Res. CNS 196/96. Bioética 1996; 4 (2 Supl), 15-25. MINOSSI, J.G. O consentimento informado. Qual o seu real valor na prática médica? Rev Col Bras Cir, 2011. 38(3). 78 RefeRências MONTEIRO, E.O.; MOREIRA, A.M. Acne. In: MATEUS, A.; PALERMO, E. Cosmiatria e laser: prática no consultório médico. São Paulo: Ac Farmacêutica, 2012. pp. 49-50. OIKARINEN, A.; KARVONEN, J.; UITTO, J.; HANNUKSELA, M. Connective tissue alterations in skin exposed to natural and therapeutic UV-radiation. Photodermatol,1985;2(1):15-26. OLIVEIRA, U.D. A responsabilidade civil por erro médico. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XI, no 59, nov 2008. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/ site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=3580>. Acesso em jul 2015. TRINDADE NETO, P.B.; ROCHA, K.B.F.; LIMA, J.B.; NUNES, J.C.S.; OLIVEIRA E SILVA, A. C. Rosácea granulomatosa: relato de caso – enfoque terapêutico. An Bras Dermatol, 2006; 81(5 Supl 3):S320-3. PEROZZO, G.; OLINTO, M.; COSTA, J.; HENN, R.L.; SARRIERA, J.; PATTUSSI, M.P. Associação dos padrões alimentares com obesidade geral e abdominal em mulheres residentes no Sul do Brasil. Cad Saúde Públ, 2008;24(10):2427-39. PITANGA, F.J.G.; LESSA, I. Indicadores antropométricos de obesidade como instrumento de triagem para risco coronariano elevado em adultos na cidade de Salvador – Bahia. Arq Bras Card, 2005; 85(1):26-31. POLI P NETO, CAPONI SNC. A medicalização da beleza. Interface. 2007;11(23):569-84. PORTO, C.C. Exame clínico: bases para a prática médica. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. QUATERMAN, M.J.; JOHNSON, D.W.; ABELE, D.C.; LESHER, J. L.; HULL, D.S.; DAVIS, L. S. Rosacea Ocular: signs, symptoms, and tear studies before and after treatment with doxycycline. Arch Dermatol. 1997; 133:49-54. QUERLEUX, B.; CORNILLON, C.; JOLIVET, O.; BITTOUN, J. Anatomy and physiology of subcutaneous adipose tissue by in vivo magnetic resonance imaging and spectroscopy: relationships with sex and presence of cellulite. Skin Res Technol, 2002; 8:118-24. RAMOS, D.L.P.; JUNQUEIRA, C.R. Bioética – conceito, contexto cultural, fundamento e princípios. In: RAMOS, D.L.P. Fundamento de odontologia: bioética e ética profissional. Rio de Janeiro-RJ: Guanabara Koogan, 2007, pp. 23-32. 79 RefeRências RAO, J.; GOLD, M.H.; GOLDMAN, M.P. A two-center, doubleblinded, randomized trial testing the tolerability and efficacy of a novel therapeutic agent for cellulite reduction. J Cosmet Dermatol, 2005; 4:93-102. RENDON, M.; BERNEBURG, M.; ARELLANO, I.; PICARDO, M. Treatment of melasma. J Am Acad Dermatol, 2006;54(5):S272-281. RIGOPOULOS, D.; GREGORIOU, S.; KATSAMBAS, A. Hyperpigmentation and melasma. J Cosmet Dermatol, 2007; 6(3):195-202. RONA, C.; CARRERA, M.; BERARDESCA, E. Testing anticellulite products. Int J Cosmet Sci, 2006; 28:169-73. ROSSI, A.B.R.; VERGNANINI, A.L. Cellulite: a rewiew. J Eur Acad Dermatol Venereol, 2000; 14:251-62. SAKAGUTI, N.M.; TRINDADE, O.M. Consentimento livre e esclarecido em pesquisa. In: DALTON, L.P.R. Fundamentos de odontologia: bioética e ética profissional. Rio de Janeiro – RJ: Guanabara Koogan, 2007, pp. 45-60. SAKAGUTI, N.M. História da Bioética. In: RAMOS, D.L.P. Fundamentos de Odontologia: bioética e ética profissional. Rio de Janeiro – RJ: Guanabara Koogan, 2007, pp. 1-20. SALIM, A.; RENGIFO, M.; CUERVO-AMORE, L.G. Interventions for melasma. The Cochrane Library; Issue 4, 2008. SANCHEZ, N. P.; PATHAK, M.A.; SATO, S. Melasma: a clinical, light microscopic, ultrastructural, and immunofluorescence study. J Am Acad Dermatol, 1981; 4:698 710. SAND, M.; SAND, D.; THRANDORF, C.; PAECH, V.; ALTMEYER, P.; BECHARA, F. G. Cutaneous lesions of the nose. Head & Face Medicine, 2010, 6:7. SENRA. M.S.; MORAES, A.M. Abordagem inicial do paciente estético. In: MATEUS, A.; PALERMO, E. Cosmiatria e laser: prática no consultório médico. São Paulo – SP: Ac Farmacêutica, 2012, pp. 10-12. SILVA, L.M.P.; OLIVEIRA, F.; MUCCIOLI, C. O processo de consentimento na pesquisa clínica: da elaboração à obtenção. Arq Bras Oftalmol, 2005. 68(5):704-7. SOARES, MOM.; HIGAL, E.F.R.; PASSOS, A.H.R.; IKUNOL, M.R.M.I.; BONIFÁCIO, L.A.; MESTIERIL, C.P.; ISMAEL, R.K. Reflexões contemporâneas sobre anamnese na 80 RefeRências visão do estudante de medicina. Revista brasileira de educação médica, 2014. 38 (3): 314-322. SOMMER, B.; SATTLER, G. Botulinum toxin in Aesthetic Medicine. Viena: Blackwell Science, 2001. p. 31. TAMLER, C.; FONSECA, R.M.R.; PEREIRA, F.B.C.; BARCAUÍ, C.B. Classificação do melasma pela dermatoscopia: estudo comparativo com a lâmpada de Wood. Surgical & Cosmetic Dermatology, 2009;1(3):115-119. THIBOUTOT, D.M.; SHALITA, A.R.; YAMAUCHI, P.S.; DAWSON, C.; KERROUCHE, N.; ARSONNAUD, S. Adapalene gel, 0.1%, as maintenance therapy for acne vulgaris: a randomized, controlled, investigator-blind follow-up of a recent combination study. Arch Dermatol, 2006; 142(5): 597-602. TREMOLLIÈRES, F.A.; POUILLES, J.M.; RIBOT, C.A. Relative influence of age and menopause on total and regional body composition changes in postmenopausal women. Am J Obstet Gynecol, 1996; 175:1594-600. VICTOR, F.C.; GELBER, J.; RAO, B. Melasma: a review. J Cutan Med Surg, 2004; 8(2):97-102. VIENNET, C.; BRIDE, J.; ARMBRUSTER, V.; AUBIN, F.; GABIOT, A.C.; GHARBI, T. Contractile forces generated by striae distensae fibroblasts embedded in collagen lattices. Arch Dermatol Res., 2005; 297:10-17. WOOD, R.W. Secret communications concerning light rays. J Physiol, 1919; 5e serie: t IX. YANG, S.; DAI, P.; LIU, X.; KANG, D.; ZHANG, X.; YANG, W.; ZHOU, C.; YANG, S.; YUAN, H. Genetic and Phenotypic Heterogeneity in Chinese Patients with Waardenburg Syndrome Type II. PLoS One, 2013; 8(10): e77149. YIU, Z.Z.; MADAN, V.; GRIFFITHS, C.E. Acne conglobata and adalimumab: use of tumour necrosis factor-α antagonists in treatment-resistant acneconglobata, and review of the literature. JAMA Dermatol, 2013. 149(11):1306-1307. ZANELATO, T.P.; GONTIJO, G.M.A.; ALVES, C.A.X.M.; PINTO, J.C.C.L.; CUNHA, P.R. Acnes fulminans incapacitante. An Bras Dermatol, 86(4Supl1):S9-12. 2011. 81 RefeRências Sites ÂMBITO JURÍDICO. <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_ link=revista_artigos_leitura&artigo_id=870>. Acessado 3 de junho de 2015. BABAK AZIZZADEH. <http://faceliftnet.com/ulthera-before-and-after/>. Acessado no dia: 8 de julho de 2015. BORZII. <http://350sav.fotomaps.ru/sagging-cheeks.php>. Acessado no dia: 8 de julho de 2015. CONSELHO FEDERAL DE BIOMEDICINA (CFBM). <http://www. cfbiomedicina.org.br/resolucoes.php>. Acessado: dia 6 de julho de 2015. DANIELA MACEDO. <http://daniellemacedo.com.br/author/denise-costa/>. Acessado: 8 de julho de 2015. DRUGS.COM. <www.drugs.com/mcd/stretch-marks#Image_Symptoms>. Acessado: 7 de julho de 2015. ESTADO DE MINAS. <http://www.em.com.br/app/noticia/economia/2014/11/02/ internas_economia,585899/estetica-deve-fechar-o-ano-com-crescimento-de-77- mesmo-com-economia-desaquecida.shtml>. Acessado em 5 de junho de 2015. HEALTH CARE. <http://www.healthcareatoz.com/major-signs-and-symptoms-of- acne>. Acessado 17 de junho de 2015. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA ESTATÍSTICA (IBGE) <http:// www.ibge.gov.br/home/>. Acessado em junho de 2015. MAQUEL. <http://maquel.com.br/blog/tag/lipodistrofia-ginoide/>. Acessado: 30 de junho de 2015. MCARDLE FACULTY. <http://mcardle.wisc.edu/bio/potter_v.html>. Acessado 5 de junho de 2015. NETO. <http://www.geraldomedeirosneto.com.br/2013/05/os-perigos-da-gordura- visceral-e.html>. Acessado em: 30 de junho de 2015. Modificado. 82 RefeRênciasSERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS – SEBRAE <http://arquivopdf.sebrae.com.br/customizado/acesso-a-mercados/ conheca-seu-mercado/inteligencia-de-mercado/servicos-%20mercado%20de%20 estetica.pdf>. Acessado em 7 junho de 2015. SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS – SEBRAE <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ideias/Como-montar-um- centro-de-est%C3%A9tica>. Acessado em 7 junho de 2015.