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Conto Penedo- Luana Reis- Raíssa Alves- Celise Vasconcellos

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ
CAMPUS PROFESSOR ALEXANDRE ALVES DE OLIVEIRA
CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM LETRAS-PORTUGUÊS
DISCIPLINA: SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO
LUANA SILVA DOS REIS
RAÍSSA ALVES PEREIRA
CELISE VASCONCELOS
PARNAÍBA 
2019
Davi e sua nova experiência em Penedo
Meu nome é Davi, tenho 13 anos e estou no 7º ano do fundamental, meus pais me matricularam em uma escola pública já que não encontraram um colégio particular na nossa nova cidade. Tivemos que mudar de cidade por causa do serviço do meu pai, e estou tendo todo esse processo de adaptação no novo ambiente. A Rua era no bairro das lagoas, pouco trânsito e várias crianças moravam pela redondeza. Em uma terça-feira do mês de agosto, deixei-me estar alguns instantes na Rua horizonte a ver onde iria brincar e em busca de fazer novas amizades. Oscilava entre a quadra de futsal e a praça onde as crianças costumavam ir, subitamente pensei comigo mesmo, o melhor local para se fazer amizade é na escola. 
Na manhã seguinte, acordei 6:00 AM, tomei banho, escovei os dentes e tomei café com os meus pais. O dia amanheceu muito bonito, parecia que eu já sabia que algo bom iria acontecer, aquela sensação me motivou a querer conhecer a minha nova escola e fazer amizades. Já em sala de aula, uma professora de português notou que eu era novato e fez algumas perguntas: 
- Olá, não estou reconhecendo esse rostinho novo? Qual seu nome? De qual escola veio? Em que seus pais trabalham?
Fiquei um pouco envergonhado, mas tive que respondê-la:
- Bom dia professora, meu nome é Davi, não sou de Penedo, nasci na cidade de Parnaíba e vim para cá, por causa do emprego do meu pai, ele é militar e minha mãe dona de casa.
- Hummm, seja bem-vindo à turma! Espero que faça novas amizades e acompanhe os assuntos.
Logo em seguida um garoto virou para mim e disse: 
- Ficou com vergonha? Porque deu para perceber, relaxa você vai gostar da cidade e da escola.
- Ah fiquei sim! Espero que tenha razão. Como você se chama?
- Me chamo João! Você está morando em qual bairro aqui em Penedo?
- Bairro das lagoas, e você?
- Sério?! Eu também! 
- Uau! Que bacana, assim podemos brincar juntos.
Eu e João nos aproximamos e em um dos recreios daquela semana, conhecemos Antônio, ele fazia o 7º ano “B” e jogava muito, sempre o convidávamos para o nosso time, era o nosso amigo do recreio, também era um excelente aluno. Quando conversávamos sobre nossas notas, as dele eram as melhores constantemente, inclusive a professora costumava falar bem dele na nossa turma, já que éramos de turmas diferentes. Nós três éramos muito próximos, apesar de estudarmos em salas diferentes.
Algum tempo depois, Antônio foi deixando de ir à escola, sentíamos muito sua falta, no time principalmente, mas não podíamos fazer nada, pois só tínhamos contato com ele na escola e ele morava em outro bairro.
Minha amizade com o João foi crescendo, passamos a ficar juntos no recreio mesmo sem o Antônio, e ele frequentava minha casa já que morávamos perto, jogávamos video game e saíamos para jogar futsal. Certo dia, resolvemos sair para jogar bola em uma quadra de outro bairro, e lá encontramos o Antônio, ficamos muito felizes. Fizemos muitas perguntas, conversamos sobre vários assuntos, principalmente sobre sua ausência escolar. 
Nas conversas Antônio, falou que sua família era carente, e que apesar das dificuldades gostava muito de estudar, como já sabíamos. Porém, ele acabava sendo excluído da escola, por não ter condições financeiras de ir à aula e quando ia, não conseguia se concentrar por causa da fome. Além disso, Antônio sofria bullying, pois era nítido que ele vinha de família carente e por isso, infelizmente, era motivo de piada para seus colegas o que o desmotivava muito. Segundo ele, foi este também um dos fortes motivos que o fez deixar de frequentar a escola.
Ao saber de toda a história, João disse:
- Nossa, que barra! Iremos tentar ajudar você, vou conversar com meus pais, saber o que eles podem fazer para ajudar nesta situação tão complicada pela qual a sua família está passando e para que você possa voltar à escola o mais rápido possível.
Então, eu falei:
- Iremos tentar te ajudar, para isso precisamos saber ao menos onde que fica a sua casa, me passa seu endereço para que possamos falar para nossos pais e eles possam procurar os seus.
Antônio, espantado, falou:
- Sério que vocês vão tentar me ajudar? Ninguém nunca tentou ajudar minha família. Vou ser eternamente grato a vocês, e meus pais também ficarão muito agradecidos. Moramos na Rua Oeste, Bairro Itacuru, casa 9.
Fomos para casa bastante pensativos, e no caminho falei para o João:
- Nós temos todas as condições para estudar e outras pessoas nem têm a oportunidade de conseguir frequentar uma escola. Por que o mundo tem que ser assim, uns com tanto e outros com quase nada?
- Não sei Davi, é muito triste isso, vou pedir para meu pai arranjar um emprego para a mãe e o pai dele.
- Espero muito que consiga! Pra você ver, como a gente não valoriza a oportunidade que temos, eu mesmo não gosto de estudar e ando tirando nota baixa nessas últimas provas.
- Eu também fui um pouco mal nas últimas avaliações, por conta da falta de interesse, mas refletindo sobre as dificuldades de nosso colega e vendo que mesmo assim, ele conseguia tirar notas boas, vejo o quanto é importante se dedicar aos estudos.
O fato é que algo deveria ser feito, e o mais rápido possível. Afinal, Antônio não podia ficar mais tempo afastado de suas atividades escolares por motivos que podiam ser solucionados. Primeiramente, a ideia de pedir que nossos pais ajudassem financeiramente os pais de Antônio funcionou perfeitamente. Sensibilizados com a história de vida do nosso colega, meus pais e os pais de João foram até o endereço que Antônio nos deu, para conversarem com os pais dele e procurarem a melhor forma de ajudar.
Assim ocorreu, foram até lá e meu pai conseguiu um emprego para o pai do meu amigo, na empresa de um conhecido. Tanto o pai, quanto a mãe de Antônio ficaram grandemente agradecidos, por que assim, além de poder dar condições a seu filho de retornar às aulas, eles também conseguiriam levar uma vida melhor, no que diz respeito às questões econômicas.
Ao voltar para a escola, Antônio se sentia muito feliz, mas revelou ainda se incomodar com a postura de alguns colegas que repercutiam boatos a respeito dele e de sua família:
- Vocês lembram que quando falei para vocês dos motivos que levaram eu a me ausentar da escola?
Assentimos com a cabeça que sim!
Antônio continuou:
- Então! O primeiro motivo, graças a Deus e também a vocês, foi resolvido. No entanto, o outro motivo, meio que ainda me causa certo constrangimento, alguns comentários que escuto durante o recreio e até mesmo alguns colegas de sala de aula que me olham de forma estranha.
Foi aí que falei para Antônio que eu o compreendia muito bem e que ele não se preocupasse que nós iríamos conversar com nossa professora para ver o que ela achava dessa situação e que ela poderia encontrar uma saída para este situação chata.
Assim fizemos. A professora ficou contrariada com o que estava acontecendo e foi aí que resolveu levar o assunto ao conhecimento da diretora da escola. Essa, por sua vez, ao conhecer a história de Antônio, tomou a decisão de promover, na escola, uma manhã de conscientização a respeito de bullying e da desigualdade social, com todas as crianças daquela escola. Este evento incluía atividades formadoras, palestras e exibição de vídeos a respeito do assunto.
Assim, naquele dia, todas as crianças tomaram conhecimento dos problemas que a desigualdade social acarreta e as consequências que podem trazer na vida de uma criança, um adolescente ou qualquer outra pessoa. Foi explicado que o desrespeito e a discriminação com alguém pelo fato de ele não ter as mesmas condições que os demais é considerado bullying e que esse tipo de atitude não era permitido dentro da escola.
Ao final, a diretora mostrou um gráfico que fazia uma demonstraçãodos principais fatores que levavam ao fracasso escolar, e o que aconteceu com Antônio estava relacionado entre as causas. A manhã promovida pela diretora foi extremamente importante para os dias que se seguiriam e também para o desempenho de Antônio naquela escola, tanto que ao final do ano letivo ele foi premiado o melhor aluno do colégio, com as melhores notas.
Eu, João e Antônio tivemos a ideia de fazer um passeio com nossas famílias, todos juntos, para comemorar aquele ano que foi tão importante para selar nossos laços de amizade e para firmar uma relação de parceria entre nossas famílias, a partir daí, eu e meus colegas estudamos sempre na mesma sala e sempre nos demos muito bem, podendo contar um com o outro para o que der e vier.

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