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UNIVERSIDADE PAULISTA UNIP PRESCRIÇÃO SANTANA DE PARNAÍBA - SP 2015 UNIVERSIDADE PAULISTA UNIP PRESCRIÇÃO Ana Caroline Silvestre do Nascimento – B74611-4 Camila dos Reis Almeida – B84642-9 Ingrid da Silveira Uflacker - B96054J-6 Maria Eduarda Nitsche Costa – T25835-9 Rafael Flor Carvalho Lima – B6559E-9 Turma de Direito – Manhã –5º Semestre Campus Alphaville Turma: DR5A06 Orientador: Ricardo Andreucci SANTANA DE PARNAÍBA - SP 2015 SUMÁRIO INTRODUÇÃO..............................................................................................2 I- PRESCRIÇÃO.................................................................................3 II- PRESCRIÇÃO DA PRESTAÇÃO PUNITIVA.........................3 III- INÍCIO E INTERRUPÇÃO DO PRAZO DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA............................................... ................................4 IV- PRESCRIÇÃO DA PENA DE MULTA .....................................13 V- PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA ABSTRA........14 VI- CAUSAS IMPEDITIVAS DO PRAZO PRESCRICIONAL.... 29 VII- CAUSAS INTERRUPTIVAS........................................................30 VIII- CAUSA SUSPENSIVA DA PPE....................................................31 IX- CAUSAS INTERRUPTIVAS DA PPE.........................................32 CONCLUSÃO...............................................................................................34 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................36 INTRODUÇÃO Objetivo deste trabalho é compreender e entender o instituto jurídico da prescrição penal em seu todo, através de conceito, natureza jurídica, fundamentos jurídicos, prazos de sua ocorrência e contagens destes prazos, espécies ou modalidades, marcos ou termos iniciais, causas suspensivas e interruptivas, prescrições penais de leis especiais e imprescritibilidade. O instituto da prescrição penal é de vital importância por a sua aplicação obrigatória, por tratar-se de matéria de ordem pública, sobretudo para a segurança jurídica, em razão da inércia do Estado-juiz em concluir a ação penal competente. I- PRESCRIÇÃO Se o Estado, através de seus órgãos, não conseguir em tempo oportuno realizar suas atividades jurídicas, seja para punir, após a ação delituosa ou executar a pena imposta, depois de decisão condenatória final, perderá o direito de fazê-lo em decorrência da prescrição penal. A prescrição penal causa impeditiva ou da execução de uma sanção. Encontra- se ramificada em duas categorias, quais sejam, a prescrição da pretensão punitiva, caracterizada pela perda, por parte do Estado, do poder-dever de apreciar a causa e infligir a punição cabível, e a prescrição da pretensão executória, que representa a perda, pelo Estado, se seu puder-dever de executar a sanção anteriormente aplicada. Trata-se de uma limitação ao poder-dever do Estado, ao jus persequendi primeiro e à pretensão execução mais tarde, ditada em atenção aos efeitos tempo, pelo simples transcurso, solve situações jurídicas e lhes empresta caracteres definitivos. Assim, através da prescrição, o autor de uma infração penal pode ter extinta a sua punibilidade e consequentemente livrar-se de sofrer as sanções previstas pela norma penal. Os prazos prescricionais aplicáveis às condutas definidas como crime no Brasil estão previstos nos artigos 109 á 118 do Código Penal. II- PRESCRIÇÃO DA PRESTAÇÃO PUNITIVA A prescrição da pretensão punitiva ocorre antes de transitar em julgado a sentença penal. O reconhecimento dessa espécie de prescrição tem o mesmo efeito de uma sentença absolutória. Logo, o réu continuará sendo considerado primário e de bons antecedentes. A prescrição da pretensão punitiva pela pena em abstrato é regulada pelos prazos previstos no art. 109 do CP. Assim, para exemplificar: I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze; II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze; III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito; IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro; V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois; VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano. Assim, se a ação pena não for iniciada dentro do prazo fixado, será reconhecida a ocorrência da prescrição durante o curso da ação, e o juiz decretará a extinção da punibilidade, e assim, o acusado não é responsabilizado, se nome não é inscrito no rol dos culpados nem é considerado reincidente. Não respondendo pelas custas processuais. III- INÍCIO E INTERRUPÇÃO DO PRAZO DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA O termo inicial da prescrição da pretensão executória vem estabelecido pelo artigo 112 do Código Penal. O transito em julgado da sentença condenatória para prestação a acusação (e não para ambos as partes) significa que o tempo de pena não pode mais ser aumentado, contando-se o prazo da prescrição da pretensão executória com relação á pena imposta. Outra hipótese de início da contagem dessa prescrição é a revogação da suspensão condicional da pena ou do livramento condicional, devendo ser considerado o dia da efetiva publicação das decisões. Interrompendo-se execução da pena pela fuga do condenado, inicia-se a contagem do prazo da prescrição da pretensão da pretensão executória. Já nos casos dos artigos 41 e 42 do Código Penal, aplicando-se o princípio da detração penal, não corre a prescrição, ainda que interrompida a efetiva execução da pena. As causas de interrupção da prescrição da pretensão executória estão expressas no artigo 117, V e VI, do Código Penal. O início de cumprimento da pena é a primeira causa de interrupção, já que demonstra efetivo exercício pelo Estado do jus puniendi, nesse caso, do direito de executar a sanção imposta ao criminoso. Se ocorrer a fuga do condenado ou a revogação do livramento condicional, a recaptura ou a prisão do sentenciado interrompem a prescrição da pretensão executória, que será regulada elo tempo que resta da pena, nos termos do artigo 113 do Código Penal. Outra causa de interrupção é a reincidência, que é determinada pela pratica de novo crime depois de sentença condenatória irrecorrível por delito anterior. Redução Dos Prazos Prescricionais Ainda que a regra seja a imediatidade dos efeitos da lei, o direito positivo brasileiro não contém regra genérica de transição para a contagem do prazo prescricional reduzido em relação às situações jurídicas pendentes quando do início da vigência da nova lei. A ausência, na lei nova, de regra de direito intertemporal que regule expressamente a transição entre os regimes jurídicos tem ensejado impugnações judiciais e revelado a existência de divergência entre o entendimento firmado no Superior Tribunal de Justiça e no Supremo Tribunal Federal acerca da questão. No julgamento do RE 566621, ocorrido em 04.08.2011, o Supremo Tribunal Federal reafirmou a sua jurisprudência sobre a contagem do prazo prescricional reduzido e reputou a vacatio legis como regra de transição suficientemente asseguradora da observância do princípio da segurança jurídica e a autorizar a aplicação irrestrita da nova lei atodas as ações posteriores ao início da vigência do prazo reduzido. Diante disso, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ao julgar o RESP 1269570 alterou o entendimento antes firmado para acompanhar a interpretação fixada pelo Supremo Tribunal Federal quando do julgamento do RE 566621, conforme notícia veiculada no site do STJ no dia 19.06.2012. O artigo que se segue procura analisar a aplicação do prazo prescricional reduzido em relação às situações jurídicas pendentes quando do início da vigência da nova lei e a incidência do princípio da segurança jurídica como instrumento de controle constitucional da regra de direito intertemporal que regula a transição, inclusive a que fixa a vacatio legis. 1. A REDUÇÃO DOS PRAZOS PRESCRICIONAIS PELA LEI NOVA A contagem do novo prazo prescricional reduzido em relação às situações jurídicas pendentes quando do início da vigência da nova lei pode ocorrer de maneiras distintas a depender das seguintes particularidades: a) existência de vacatio legis; b) existência de regras específicas de direito intertemporal que regule a transição entre os regimes jurídicos; c) ausência de vacatio legis e regras de transição. Cada uma dessas situações enseja tratamento diferente em relação à contagem do prazo prescricional reduzido e os tópicos seguintes destina-se a estudá-las. 2. A REDUÇÃO DOS PRAZOS PRESCRICIONAIS E A EXISTÊNCIA DE VACATIO LEGIS A alteração de prazos e sua eventual aplicação às situações jurídicas pendentes quando do início da vigência da nova lei é juridicamente possível, desde que observados os condicionamentos constitucionais para sua validade. Esses condicionamentos, em regra, consistem no dever de observar o princípio da segurança jurídica e a necessária salvaguarda ao ato jurídico perfeito e à coisa julgada. A propósito, vale ressaltar que a alteração de prazos não representa ofensa ao direito adquirido porque não existe direito adquirido a regime jurídico. Esse é o posicionamento do Supremo Tribunal Federal expresso no voto proferido pela Ministra Ellen Gracie ao relatar o RE 566.621, aqui transcrito no que interessa: É certo que a alteração de prazos, indubitavelmente, não ofende direito adquirido, porquanto, inexiste direito adquirido a regime jurídico, o que já restou definitivamente assentado na jurisprudência desta Corte, do que são exemplos os precedentes em que se entendeu ser viável a alteração de prazo de recolhimento do tributo depois da ocorrência do fato gerador e o estabelecimento de novos requisitos par o prosseguimento do gozo de imunidade por entidade já reconhecida, no passado, como beneficente: A inexistência de direito adquirido a regime jurídico afasta, pois, qualquer pretensão de aplicação do prazo prescricional vigente à época do nascimento da pretensão (actio nata) sujeita à prescrição. O que não se admite, em nome do princípio da segurança jurídica, é que a norma redutora de prazos fulmine imediatamente as pretensões que, segundo as regras até então vigentes, ainda poderiam ser exercidas. A impossibilidade de fulminar imediatamente as pretensões que ainda poderiam ser deduzidas no prazo vigente quando da modificação legislativa por representar ofensa ao princípio da segurança jurídica, e consequentemente, ao necessário resguardo da certeza do direito, da estabilidade das situações jurídicas, da confiança no tráfego jurídico e do acesso à justiça, foi abordada no voto proferido pela Ministra Ellen Gracie no julgamento do RE 566.621 no seguintes termos: Isso não quer dizer, contudo, que a redução de prazo possa retroagir para fulminar, de imediato, pretensões que ainda poderiam ser deduzidas no prazo vigente quando da modificação legislativa. Ou seja, não se pode, de modo algum, entender que o legislador pudesse determinar que pretensões já ajuizadas ou por ajuizar estejam submetidas, de imediato, ao prazo reduzido, sem qualquer regra de transição. É que isto, ainda que não viole estritamente ato jurídico perfeito, direito adquirido ou coisa julgada, atenta contra outros conteúdos do princípio da segurança jurídica. Efetivamente, se, de um lado, não há dúvida de que a proteção das situações jurídicas consolidadas em ato jurídico perfeito, direito adquirido ou coisa julgada constitui imperativo de segurança jurídica, concretizando o valor inerente a tal princípio, de outro, também é certo que tem este abrangência maior e que implica, também, resguardo da certeza do direito, da estabilidade das situações jurídicas, da confiança no tráfego jurídico e do acesso à justiça. Há, efetivamente, conteúdos do princípio da segurança jurídica que se encontram implícitos no texto constitucional. O princípio da segurança jurídica decorre implicitamente não só da sua concretização em direitos e garantias individuais expressamente contemplados no art. 5º da Constituição, como, entre vários outros, os incisos XXXV e XXXVI, mas também de outros dispositivos constitucionais e diretamente do sobre princípio do Estado de Direito, estampado no art. 1º da Constituição, do qual se extraem, independentemente de norma expressa, garantias como a proteção da liberdade e contra a arbitrariedade, bem como de acesso ao Judiciário. A atribuição de efeitos retroativos, ou seja a possibilidade de atingir as situações jurídicas pendentes, exige cláusula expressa nesse sentido e esta somente será válida se houver o necessário resguardo ao princípio da segurança jurídica nos seus conteúdos de proteção da confiança e de acesso à Justiça. Cabe, pois, analisar se a fixação de vacatio legis para a entrada em vigor da nova norma redutora de prazos prescricionais atende ao propósito do necessário resguardo da segurança jurídica quando fixada em tempo razoável para possibilitar que os titulares de eventuais direitos possam exercê-lo antes da entrada em vigor do novo prazo prescricional. A vacatio legis é o período de tempo que se estabelece entre a publicação e a entrada em vigor da lei e durante o qual a lei nova não produzirá efeitos. Ele é fixado em razão da repercussão que a lei nova nas relações jurídicas pendentes e nas que se realizarão a partir de sua vigência. O art. 1º da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro, Decreto-Lei 4.657/42, estabelece que “Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada”. Além disso, o art. 8º da LC 95/98, que dispõe sobre a elaboração, a redação, a alteração e a consolidação das leis, nos termos do art. 59 da Constituição Federal, a vigência da lei deve “contemplar prazo razoável para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula “ entra em vigor na data de sua publicação” para as leis de pequena repercussão. Esse prazo tem o propósito de possibilitar que os destinatários da norma tomem conhecimento do seu teor antes de sua vigência e adotem todas as medidas e cautelas em relação às situações jurídicas que serão produzidas na vigência da nova lei como também as medidas que se fizerem necessárias para a salvaguarda dos direitos que possam ser alterados ou modificados ou extintos a partir da vigência da nova lei. É dizer: a vacatio legis destina-se a atender o princípio da segurança jurídica possibilitando que os titulares de direitos eventualmente ainda não exercidos adotem as medidas que se fizerem necessárias para exercê-los ou preservá-los através de medidas que assegurem a interrupção do prazo prescricional, a exemplo das elencadas no art.202 do Código Civil Brasileiro. O estabelecimento de vacatio legis na lei redutora de prazo prescricional possibilita a aplicação dalei nova a partir do início da sua vigência não só em relação aos fatos ocorridos após a sua entrada em vigor, mas a todas as prescrições em curso na data de sua vigência, ressalvados, obviamente os casos em que o titular do direito o tenha exercido até a data de início da vigência da nova lei, propondo a respectiva ação judicial. Decorrido o prazo da vacatio legis, a lei entra em vigor imediatamente e alcançam todas as situações jurídicas pendentes, entendidas estas como aquelas representativas de direitos ainda não exercidos por seus titulares, independentemente da época do nascimento da pretensão (actio nata) sujeita à prescrição. 3. A REDUÇÃO DOS PRAZOS PRESCRICIONAIS E A EXISTÊNCIA DE REGRAS ESPECÍFICAS DE DIREITO INTERTEMPORAL Na hipótese da lei nova fixar regras de direito intertemporal para contagem do prazo prescricional reduzido em relação as situações jurídicas pendentes quando do início da vigência da nova lei, terão aplicação essas disposições específicas. Em casos tais, a própria lei traz regras específicas de direito intertemporal regulando a transição entre os regimes jurídicos e, em tese, não haveria maiores questionamentos quanto a contagem do prazo prescricional em relação às situações jurídicas pendentes. Dentre os prazos reduzidos pelo Código Civil de 2002 encontra-se o relativo ao exercício das pretensões indenizatórias que passou de 20 para 03 anos (ar 206,§3º,V, do CC 2002.). O titular de pretensão dessa natureza e eventualmente sujeita à aplicação do prazo prescricional reduzido teve, a partir da publicação do novo código e antes de sua entrada em vigor, o prazo de 01 ano para exercer a sua pretensão e interromper o prazo prescricional em curso. Mas, houve os que não adotarem qualquer medida para exercer a sua pretensão no prazo da vacatio legis. E, muito embora as regras de direito intertemporal tenham sido fixadas no propósito de regular, de forma específica, a transição entre os regimes, surgiram questionamentos quanto à sua forma de aplicação. Argumentou-se que a incidência imediata do prazo prescricional reduzido a partir da vigência da nova lei fulminaria pretensões nascidas na vigência da lei anterior e ainda não exercidas, o que determinaria a contagem do prazo prescricional reduzido somente a partir da data do início da vigência do novo código e não a partir do nascimento da pretensão. Dessa forma, na hipótese da lei nova fixar regras de direito intertemporal para contagem do prazo prescricional reduzido em relação às situações jurídicas pendentes quando do início da vigência da nova lei, terão aplicação essas disposições específicas, lembrando sempre que, na ausência de disposição especial, a vacatio legis é considerada como regra de transição suficiente para possibilitar a imediata aplicação da lei nova a todas as situações jurídicas pendentes, entendidas estas como aquelas representativas de direitos ainda não exercidos por seus titulares. 4. A REDUÇÃO DOS PRAZOS PRESCRICIONAIS SEM A FIXAÇÃO DE REGRAS DE TRANSIÇÃO VACATIO LEGIS OU OUTRAS REGRAS DE TRANSIÇÃO A edição de lei nova reduzindo o prazo prescricional sem a fixação de regras de transição, inclusive vacatio legis, tem suscitado, ao longo da história, discussões acerca da contagem do prazo prescricional em relação a situações jurídicas ainda não consolidadas. A solução da questão envolve regras de direito intertemporal. A propósito do tema, importa consignar que o art. 6º da Lei de Introdução ao Código Civil estabelece que “a lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada”. Embora a regra seja a imediatidade dos efeitos da lei, o direito positivo brasileiro não contém regra genérica de transição para a contagem do prazo prescricional reduzido em relação às situações jurídicas pendentes quando do início da vigência da nova lei. 5. O CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DAS REGRAS DE TRANSIÇÃO Os dispositivos legais que fixam as regras de transição de um regime jurídico para outro, inclusive o dispositivo que fixa a vacatio legis, estão sujeitos ao controle jurisdicional quanto à sua extensão e possível aplicação à luz da Constituição Federal, avaliando-se, notadamente, a sua aptidão para assegurar a eficácia do princípio da segurança jurídica. A observância do princípio da segurança jurídica ocorre sempre que for concedido prazo razoável para que dela se tenha amplo conhecimento e para que s interessados exerçam, antes do início da vigência da nova lei, as pretensões que possam restar fulminadas a partir de então. Dessa forma, no caso concreto submetido à sua apreciação, cabe ao poder judiciário aferir se as regras de transição, inclusive a vacatio legis, foram fixadas em período de tempo apto a atender o comando normativo imposto pelo princípio da segurança jurídica. A esse propósito, cumpre ressaltar que o Supremo Tribunal Federal entendeu, nos precedentes que deram origem ao enunciado 445 e também na apreciação do RE 566621. que a alargada vacatio legis fixada nos casos analisados asseguraram a observância do princípio da segurança jurídica nos seus conteúdos de proteção da confiança e de acesso à justiça. Desta forma, a contagem do novo prazo prescricional reduzido em relação às situações jurídicas pendentes quando do início da vigência da nova lei pode ocorrer de maneiras distintas a depender da existência ou não de regras de transição a regular suficientemente a transição entre os regimes jurídicos. As regras específicas de transição eventualmente fixadas na nova lei é que determinam quando com que efeito o novo prazo prescricional pode ser validamente aplicado. A vacatio legis, desde que estabelecida em prazo que assegure a observância do princípio da segurança jurídica, é considerada regra de transição suficiente para assegurar a aplicação imediata da lei nova a todas as situações jurídicas pendentes, entendidas estas como aquelas representativas de direitos ainda não exercidos por seus titulares, independentemente da época do nascimento da pretensão (actio nata) sujeita à prescrição. Na falta de regra de transição, inclusive de vacatio legis: i. aplicar-se-á o prazo previsto na lei anterior se o tempo que falta para consumar-se a prescrição é menor que o prazo estabelecido na lei nova; ii. aplicar-se o prazo previsto na lei nova, se o período de tempo que falta para se consumar a prescrição pela lei anterior excede ao fixado pela nova lei, contado este do dia em que ela entrou em vigor. Prescrição Das Penas Restritivas De Direitos A pena restritiva de direitos é sanção penal imposta em substituição à pena privativa de liberdade consistente na supressão ou diminuição de um ou mais direitos do condenado. Trata-se de espécie de pena alternativa. Irá ser aplicado aos crimes com menor grau de responsabilidade, com penas mais brandas. Está ligada ao princípio da proporcionalidade. São penas restritivas de direitos: a prestação pecuniária, a perda de bens e valores, a prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas, a interdição temporária de direitos e a limitação de fim de semana, conforme preceitua o Art. 43 do Código Penal. Art. 44, CP – As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: I. aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo; II. o réu não for reincidente em crime doloso; III. a culpabilidade, os antecedentes, a conduta sociale a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente. § 3º Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime. Havendo substituição da pena privativa de liberdade por restritivas de direitos (art. 44, do CP), a pena restritiva de direito prescreve no mesmo prazo estabelecido para a pena privativa de liberdade (art. 109, parágrafo único, do CP). Neste sentido é o magistério de Delmanto et alii “Dispõe (...) que os mesmos prazos previstos para as penas privativas de liberdade são aplicáveis às penas restritivas de direitos. Como estas são substitutivas daquelas, o dispositivo interessa às formas de prescrição dos §§ 1º e 2º do art. 110 (prescrição subsequente e retroativa) a que este art. 109 faz expressa remissão (...)”. (2010, p. 409). IV- PRESCRIÇÃO DA PENA DE MULTA A divergência que ronda a natureza da pena de multa foi inserida pela Lei nº 9.268/96, quando, ao modificar a redação do art. 51 do Código Penal, dispôs que, “Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será considerada dívida de valor, aplicando-se-lhes as normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública” Dessa forma, as expressões “dívida de valor” e “dívida ativa” trouxeram a impressão de estar descaracterizada a natureza penal da multa aplicada. A doutrina, de uma forma geral, sustenta a manutenção do caráter penal da multa, pois a alteração legislativa só teria ocorrido para evitar a conversão da penalidade em constrição da liberdade, transformando a dívida penal em dívida de valor, não podendo mais, assim, o débito não quitado ser representado por um enclausuramento, mas tão somente por um valor quantificado em dinheiro. Dessa forma, sendo a multa prevista como penalidade autônoma no CP, não a deixaria de possuir natureza penal. V- PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA ABSTRATA INÍCIO OU TERMO INICIAL DA CONTAGEM Via de regra, o termo inicial da prescrição da pretensão punitiva ocorre a partir da data do fato. Da consumação do fato – quando não for possível precisar a data: - Mês: início no dia 1º; - Ano: início em Janeiro. Tentativa: do dia em que cessou a tentativa Crimes permanentes: do dia em que cessou a permanência. Se cessar após o recebimento da denúncia, o dies a quo será a data do recebimento da inicial. Existe posição no sentido de que se aplica, literalmente, o dispositivo do inciso III do art. 111 do Código Penal, pois uma vez não cessada a permanência, não é possível iniciar-se o prazo de contagem. Crimes complexos: não são divididos; é um só, segundo se infere do regramento descrito no art. 108 do Código Penal. Assim, não há termo inicial de contagem do prazo para cada crime. Crimes qualificados pelo resultado (praeterdolosos = dolo + culpa): do dia em que se produziu o resultado mais grave. Crimes de bigamia e falsificação do registro civil: do dia em que o fato se tornou conhecido. Este conhecimento, no caso dos crimes em tela, deve ser aquele relativo a autoridade. Do contrário, o réu poderia sustentar que, há muitos anos atrás teria contado tal fato a um irmão, por exemplo, e fazer incidir a prescrição, já que seu irmão dificilmente adotaria providências no sentido de que o criminoso fosse punido. Também tal marco inicial apenas incide nesses dois casos, não podendo a norma ser estendida a outros, ainda que tenham a mesma natureza. Vale, assim, para os demais, a regra da data da consumação do crime. Contagem do prazo: 1) adotar a pena máxima abstratamente cominada para o tipo penal respectivo e levar ao art. 109 do Código Penal; 2) presentes causas de aumento ou diminuição da pena (majorantes ou minorantes) é levado em conta o valor que mais aumente ou o que menos diminua, pois vigora, para fins de PPPAbstrata, o princípio de que se deve considerar a pior pena possível a ser aplicada ao réu. Agravantes e atenuantes não são levadas em conta nesta forma de prescrição. Qual a razão? Agravantes e atenuantes apenas são quantificadas na sentença e a PPPAbstrata leva em conta a pena máxima Professor Pietro Chidichimo Júnior 2 abstratamente cominada no tipo penal. Toma-se, assim, a pena máxima abstratamente cominada no tipo penal; 3) verificar o prazo no art. 109 CP; 4) verificar a incidência de causa modificadora – art. 115 CP (menoridade e maioridade senil); 5) verificar se o prazo encontrado fluiu entre os marcos de contagem, que são: entre a data do fato e o recebimento da denúncia e entre o recebimento da denúncia e a data da publicação da sentença penal condenatória. VI- CAUSAS IMPEDITIVAS DO PRAZO PRESCRICIONAL O prazo não começa a correr, ou seja, sem a ocorrência destas duas causas, o prazo prescricional sequer inicia a sua contagem. São, pois, condições sem a quais não se perfectibiliza o início da contagem do prazo prescricional: a) sem que haja publicidade, nos crimes de bigamia e falsidade / alteração de assentamento no registro civil; b) sem que haja sentença de encerramento da falência (efetiva ou hipotética), nos crimes falimentares (não mais em vigor em razão da nova lei de falências). Ingresso no país de crime praticado no estrangeiro e punido no Brasil: a prescrição se inicia na data do crime. Declaração de procedência da acusação da Câmara para julgamento do Presidente da República nos crimes de responsabilidade: a data inicial da prescrição é o dia da prática do fato (crime comum). Crime de responsabilidade: só há sanção administrativa. Crime falimentar: a contagem do prazo se dá somente a partir do encerramento da falência. Mas não se trata de condição objetiva de punibilidade. VII- CAUSAS SUSPENSIVAS – ART. 116 CP. Questões prejudiciais: apenas as cíveis, segundo Damásio, de que dependa o reconhecimento do crime. Não existem questões prejudiciais penais. Ex: apropriação indébita – sobre quem é o dono da coisa. Ou, ainda, a validade do primeiro casamento no caso do crime de bigamia. Vide arts. 92 e 93 CPP. Termo inicial: dia em que é determinada a suspensão do processo. Termo final: no caso do art. 92, da data do trânsito em julgado da decisão no cível; no caso do art. 93, da data do despacho que determina o prosseguimento do feito (com ou sem a decisão do cível, no caso do art. 93 do Código de Processo Penal). O incidente de insanidade mental e a exceção da verdade não suspendem o prazo prescricional. Cumprimento da pena no estrangeiro: se o criminoso cumpre pena no estrangeiro, não será extraditado e, por isso, só reinicia o prazo prescricional quando o réu é libertado na prisão estrangeira. Impossibilidade de obter extradição é o fundamento desta causa de suspensão da prescrição. Imunidade formal parlamentar: Art. 53 CF. Alterada em razão da EC n.º 35/2001. Agora não mais há necessidade de prévia licença da casa para o processamento. A suspensão do processo é que poderá ocorrer por votação de partido político que tenha representatividade na respectiva Casa e aí será suspenso o prazo prescricional. Mas, quando o requisito era necessário: Necessária licença da Casa: suspensão por indeferimento de licença: pedido é encaminhado pelo Judiciário. Se indeferido, suspendo está o curso prescricional enquanto durar o mandato. Duas situações: o prazo é contado da data da sessão de indeferimento ou da data da publicação da resolução no Diário Oficial? A primeira opção é a correta, pois a lei é clara; da data do indeferimento.Ausência de deliberação: fruto da malícia ou ingenuidade dos congressistas: inicia o prazo na data em que o Judiciário reconhece como necessária a licença e paralisa o feito, tanto nos casos de indeferimento da licença, como nos casos de ausência. Termo inicial: data do pedido de solicitação feito pelo relator. Termo final: data do término do mandato. Art. 51 CF – Presidente e Vice Presidente da República – Ministros: 2/3 da Câmara dos Deputados. Ausência de deliberação suspende o feito, mas não a prescrição e se estende aos Governadores (cascata). Suspensão condicional do processo: Art. 89, § 6º, da Lei 9099/95. Termo inicial: dia da decisão concessiva do sursis. Termo final: dia do trânsito em julgado da decisão que revoga o sursis processual. Só incide a PPP porque não há processo. Não comparecimento do réu citado por edital: Art. 366 CPP. A norma prevista no art. 366 do Código de Processo Penal, dizem alguns, deveria ser retroativa não obstante esteja determinado que há suspensão do prazo prescricional, uma vez o cerne da norma é processual (aplicação imediata portanto) e a consequência da suspensão do processo é a suspensão do prazo prescricional. Mas, tanto na doutrina como na jurisprudência, de forma majoritária, predomina o entendimento de que a norma não retroage, justamente em razão do conteúdo penal da mesma. Há quem entendia que se deveria aplicar parte da norma imediatamente (parte processual – suspensão do processo) e tornar irretroativa a parte penal (suspensão do prazo prescricional), o que não foi aceito, justamente porque estar-se-ia criando uma terceira norma. Predomina o entendimento, assim, de que a norma do art. 366 do Código de Processo Penal não retroage, em razão do conteúdo material ser mais gravoso ao réu (suspensão do prazo prescricional). Uma vez determinado, então, que a norma não retroage, cumpre seja aferido qual o prazo máximo que o processo poderá ficar suspenso, uma vez que não se trata de outro caso de imprescritibilidade, ou seja, é preciso impor-se limite máximo para a suspensão do prazo prescricional. E, segundo o entendimento majoritário, predomina que o prazo máximo da suspensão é: MÁXIMO da pena privativa de liberdade, combinado c/c Art. 109 CP – a partir daí, reinicia o prazo prescricional e o processo é retomado. Dies ad quem – se o réu comparecer ao processo antes de esgotado o limite da suspensão, o curso da prescrição será retomado a partir de quando o juiz retomar o processo. Se o réu não comparecer, a data limite da suspensão é o prazo MÁXIMO da Pena cominada ao tipo penal, combinado com os prazos previstos no art. 109 do Código Penal. Expedição de carta rogatória: ‚ - réu em local incerto: citado por edital – tem aplicação o disposto no art. aplica o art. 366 do Código de Processo Penal;‚ - réu em local sabido: em razão da demora no procedimento atinente à expedição, cumprimento e retorno da carta precatória (o que poderia inviabilizar o procedimento) e, de acordo com o art. 368 do Código de Processo Penal – suspende-se o prazo até o seu cumprimento. Início: data do despacho do juiz ordenando a expedição da carta. Ad quem: dia em que a carta é juntada aos autos, devidamente cumprida, como ocorre no processo civil e mais recentemente na Lei n.º 10.409/02 (novo procedimento relativo aos crimes de tóxicos VIII- CAUSAS INTERRUPTIVAS – ART. 117 CP. O prazo recomeça do zero. “A suspensão detém, temporariamente, a construção do edifício. A interrupção destrói tudo o que já foi construído. Manzini” Data do recebimento da denúncia ou queixa: o marco é o recebimento e não publicação ou ciência do despacho que a recebe – mesmo em ação originária dos Tribunais. Quando era iniciada por portaria / prisão em flagrante: a denúncia não era causa interruptiva. O atraso no recebimento da denúncia não faz com que a data interruptiva se dê no dia em que deveria ter sido recebida. Por exemplo: sabe-se que há prazo para que o Promotor de Justiça ofereça denúncia, que varia de acordo com o fato de estar preso ou não o indiciado. Assim, se o Promotor oferece denúncia quatro anos após ter recebido o Inquérito Policial, tal marco interruptivo não retroage à data em que a inicial acusatória deveria ter sido recebida e que somente não o foi em razão do atraso causado pelo Promotor de Justiça. Aditamento da denúncia: - derivada de emendatio libelli, não interrompe o prazo novamente; o prazo será regulado, entretanto, pela nova definição jurídica; - aditamento por mutatio libelli: também não interrompe novamente a prescrição, mas o prazo é contado de acordo com a nova definição do fato; - aditamento para a inclusão de novo crime: a nova denúncia interrompe o prazo só com relação ao novo crime; - aditamento para a inclusão de co-autor: art. 117, 1ª parte CP – é interrompida com o recebimento da 1ª denúncia, pois as causas interruptivas comunicam-se ao co- autor, tudo sob o fundamento do princípio da igualdade, para que uma mesma situação, em princípio precária, não gere situações desiguais. Data da publicação da sentença de pronúncia: - Júri – dia da publicação da sentença; - Se o juiz absolve ou impronuncia e o Tribunal reforma, a data interruptiva é o julgamento pelo Tribunal. Se o Tribunal reforma a pronúncia, dizem alguns doutrinadores, esta deixa de ser marco interruptivo. Tal entendimento é bastante discutível e Damásio entende que não. Pois a lei não exige que haja o trânsito em julgado da decisão de pronúncia, da mesma forma como ocorre com a sentença penal condenatória. Assim, pois, no caso de reforma da decisão, permanece a pronúncia (primeiro grau) como marco interruptivo da prescrição. Diferentemente é o caso quando a decisão é anulada pelo segundo grau, pois, nesse caso, em razão de que o nulo não gera efeitos, a decisão anulada deixa de ser marco interruptivo da prescrição; - Desclassificação: se o juiz desclassifica na fase de pronúncia, não há interrupção, salvo se a desclassificação ocorrer para outro crime de competência do Tribunal do Júri. Ex.: de homicídio para infanticídio. Se o Tribunal reforma a decisão monocrática (absolutória ou desclassificatória para outro crime que não de competência do Júri) e vem a pronunciar o réu, esta será o marco interruptivo da prescrição. Se o juiz na pronúncia desclassifica para outro crime de competência do Júri, há o marco interruptivo. Se o Tribunal do Júri desclassifica o delito, a anterior pronúncia conserva o efeito interruptivo (Súmula nº 191 STJ). Há orientação no sentido de que se a desclassificação é imprópria, a pronúncia é marco interruptivo. Se for própria, a pronúncia não seria marco interruptivo. Crimes conexos aos crimes de competência do Júri: a interrupção se dá à todos. Art. 117, § 1º, CP; Se o réu foi pronunciado por tentativa de homicídio e a vítima morre: outra pronúncia deve ser proferida e a anterior deixa de ser marco interruptivo. Aqui o raciocínio pretoriano feito é o seguinte: das duas pronúncias existentes, a mais grave é a que pronuncia o réu por homicídio consumado (que veio a existir após a primeira pronúncia por tentativa de homicídio). Sabendo-se que a decisão que primeiro interrompeu a prescrição tem efeito mais gravoso ao réu, já que interrompeu a prescrição antes, não poderia o efeito mais gravoso (interromper antes a prescrição) ser gerado pela decisão mais benéfica, que é justamente a pronúncia por tentativa de homicídio. Assim, dizem os tribunais, que a segunda pronúncia (mais grave) é que é causa interruptiva da prescrição e a primeira (por tentativa de homicídio) deixa de possuir oefeito interruptivo. Data do acórdão confirmatório da pronúncia: confirmada a pronúncia, no dia do julgamento há nova interrupção. Se o Tribunal desclassifica, impronuncia ou absolve, nem pronúncia, nem acórdão interrompem a prescrição (é uma posição minoritária). Cuidar, pois valem as mesmas observações já feitas com relação à reforma da pronúncia. Pois, ressalvados os casos de anulação da decisão, a sentença, seja condenatória, seja de pronúncia, jamais deixará de ser marco interruptivo da prescrição, mesmo que tenha sido reformada pelo Tribunal, uma vez que não se exige o seu trânsito em julgado para que tenha tal efeito. Contrariamente, repita-se, é o caso quando a decisão é anulada, pois aí deixará a decisão (condenatória ou de pronúncia) de ser marco interruptivo da prescrição. Data da publicação da sentença condenatória: no dia em que o escrivão recebe a sentença (a torna pública). A sentença absolutória não interrompe a prescrição, mas se o Tribunal condena, o acórdão interrompe a prescrição, o que ocorre na data da sessão de julgamento. A reforma parcial da sentença não retira desta o efeito interruptivo. Se a sentença condenou e o Tribunal absolveu, a sentença de 1º grau não mais interrompe? É uma posição minoritária. Aqui valem as mesmas observações feitas com relação à reforma da decisão de pronúncia pelo Tribunal (permanece o marco interruptivo) e, contrariamente, quando o ato é anulado, deixando, nesse último caso, de ser marco interruptivo da prescrição. Se a sentença for anulada pelo Tribunal, aí aquela não mais interrompe a prescrição (foi anulada – insisto na diferença – reformada e anulada). No caso de haver anulação da sentença, outra, por certo, deverá ser proferida. E, nesse caso, como a nova sentença não pode impor sanção maior, esta é a pena máxima (a da primeira sentença anulada) a que se pode condenar o réu. E, por esta razão, como já temos a pena máxima que poderá ser cominada ao réu, não estaremos mais falando de PPP Retroativa, mas de PPP Abstrata. Qual a importância prática disso? É que se considerarmos PPP Abstrata no presente caso, não há necessidade de ser prolatada nova sentença para que a prescrição seja declarada desde logo pelo Tribunal, pois a PPP Abstrata não exige sentença penal condenatória, pois leva em conta a pena máxima abstrata cominada ao delito. Já a PPP Retroativa sempre pressupõe a existência de uma decisão condenatória, pois leva em conta a pena concretizada na sentença. Assim, no caso em tela, em se considerando como Abstrata a forma de PPP, possível será a sua decretação, mesmo ausente à nova sentença – economia processual – proferir nova sentença se já estiver consolidada a prescrição. Aplicado o art. 383 do Código de Processo Penal (emendatio libelli) pelo Tribunal, não desaparece o marco interruptivo da prescrição provocado pela sentença de primeiro grau, só que o prazo é regido pelo novo crime. No protesto por novo Júri (art. 607 CPP), a interrupção ocorre no novo julgamento. O primeiro é como se inexistisse (minoritário), aplicando-se o mesmo princípio relativo à reforma das decisões – portanto, o primeiro marco permanece intacto como marco interruptivo da prescrição. Vale a regra: contrariamente ocorreria se se tratasse de anulação da decisão. Lei nº 9268/96 – visava à criação de mais uma causa interruptiva da prescrição (art. 117, V) pela decisão do Tribunal que confirma ou impõe condenação, só que não foi aprovada pelo Congresso. Reformatio in pejus indireta: anulada a sentença, a nova pena não pode ultrapassar a primeira. Qual a base para a prescrição? Como aquela é a pena máxima abstrata, não se tratará de PPPRetroativa, mas de PPPAbstrata, cuja declaração poderá ser feita pelo juiz de 1º grau – já visto acima a eficácia de tal medida na prática – economia processual. Efeitos da prescrição abstrata: - Levantamento do seqüestro (art. 131, III, CPP); ‚ - Não impede a propositura de ação de indenização; ‚ - Cancelamento da hipoteca sobre bens imóveis (art. 142, CPP); - Impõe a rejeição da denúncia ou queixa; ‚ - Encerramento do processo; ‚ - Apaga todos os efeitos penais (antecedentes, reincidência); ‚ - Fica isento do pagamento de custas. Medida de Segurança: inimputáveis. Só incide prescrição abstrata regulada pela pena em abstrato, pois ao inimputável não há aplicação de pena (absolvição imprópria). A existência da prescrição impede seja analisado o mérito da causa, devendo ser declarada em preliminar. Fica prejudicada, assim, a análise do mérito. IX- PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA ANTECIPADA A prescrição antecipada – também chamada ‘em perspectiva’, projetada ou virtual – relaciona-se à prescrição retroativa, uma vez que consiste no reconhecimento antecipado da prescrição retroativa, com base na pena que seria imposta ao acusado, em hipotética sentença condenatória. Trata-se de tema que tem gerado controvérsia doutrinária e jurisprudencial, que está longe de ser dirimida. Argumenta-se, na defesa da prescrição antecipada, na falta de interesse de agir, se, no caso concreto, concluir-se que eventual pena imposta será inevitavelmente atingida pela prescrição retroativa, resultando que a prestação jurisdicional buscada será inútil. E um processo inútil, porque sem nenhum resultado prático, constitui constrangimento ilegal que não pode ser tolerado num Estado Democrático de Direito. Os princípios da instrumentalidade do processo, da economia processual e da moralidade também são invocados pelos partidários da prescrição antecipada. Os adversários dessa tese sustentam que ela implica na violação de diversos princípios: da legalidade, da obrigatoriedade, do devido processo legal e seus corolários (contraditório e ampla defesa) e da presunção de inocência. Também asseveram que o réu tem direito a uma sentença de mérito e, de outro lado, a vítima tem direito à constituição de um título executivo, via sentença penal condenatória. Aduzem, ainda, que a prescrição antecipada despreza a possibilidade da “mutatio libelli”, que pode provocar o aumento do prazo prescricional. A prescrição antecipada tem sido admitida por alguns tribunais estaduais, como se vê no seguinte julgado do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul: “Ratifica-se o entendimento adotado pelo Juízo a quo, que extinguiu a punibilidade, com a adoção de uma forma de prescriçãoantecipada, atentando-se à real finalidade de um processo, o que envolve, necessariamente, o vislumbrar-se de eventuais conseqüências práticas do mesmo” (2ª Câmara Criminal – Recurso de Apelação Criminal nº. 70009427998 – Relatora Desembargadora Laís Rogéria Alves Barbosa – Acórdão de 30 de setembro de 2004 – Fonte: site do TJRS). Também tem sido admitida por alguns tribunais regionais federais, conforme este aresto do Tribunal Regional Federal da 4ª Região: “A prescrição pela pena em perspectiva, embora não prevista na lei, é construção jurisprudencial tolerada em casos excepcionalíssimos, quando existe convicção plena de que a sanção aplicada não será apta a impedir a extinção da punibilidade” (8ª Turma – Habeas Corpus nº. 2004.04.01.049737-1 – Relator Élcio Pinheiro de Castro – Acórdão de 16 de março de 2005, publicado no DJU de 30 de março de 2005). Essa modalidade prescricional, contudo, não encontra acolhida nos tribunais superiores. Do Supremo Tribunal Federal invoco esta decisão: “A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é pacífica no sentido de não admitir a prescrição antecipada pela pena em perspectiva” (2ª Turma – Agravo Regimental no Agravo de Instrumento nº. 728423/SP – Relator Ministro Eros Grau – Acórdão de 26 de maio de 2009, publicadono DJe de 18 de junho de 2009). E do Superior Tribunal de Justiça trago à colação este julgado: “Não se admite o reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva com base em pena virtual, a dizer, aquela que provavelmente seria fixada em caso de condenação, hipótese não contemplada na legislação de regência” (5ª Turma – Recurso Ordinário em Habeas Corpus nº. 22644/RJ – Relator Ministro Napoleão Nunes Maia Filho – Acórdão de 29 de abril de 2009, publicado no DJe de 1º de junho de 2009). O Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, seguindo os tribunais superiores, não reconhece a prescrição antecipada: “A prescrição antecipada da pena contraria o sistema legal vigente, pois tem como referência uma condenação hipotética que revela o prejulgamento da causa, em flagrante desrespeito às garantias constitucional da presunção da inocência, do devido processo legal e da ampla defesa” (Turma de Câmaras Criminais Reunidas – Ação Penal Originária nº. 93097/2007 – Relator Desembargador Paulo da Cunha – Julgado de 02 de outubro de 2008 – Fonte: site do TJMT). Embora seja amplamente dominante a orientação jurisprudencial contrária, continuamos defendendo a prescrição antecipada. Os argumentos a ela opostos não são suficientemente fortes para afastar as vantagens que essa solução propicia, desde que aplicada com ponderação, em casos excepcionalíssimos, como ressaltou o julgado do Tribunal Regional Federal da 4ª Região acima transcrito. Trata-se de evitar o prosseguimento de um processo penal quando se pode afirmar, com segurança, que não levará um resultado útil, porque inevitável o reconhecimento da prescrição retroativa. Ao aplicar essa solução, o Estado economizará recursos que podem ser carreados aos casos que, por sua magnitude, merecem uma atuação efetiva dos órgãos encarregadas da persecução penal, sem mencionar os outros benefícios alcançados. X- PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA RETROATIVA Mesmos marcos de contagem da PPPAbstrata. Pressupostos: - Inexistência da prescrição abstrata; - Existência de sentença condenatória – caso haja a configuração do princípio da reformatio in pejus (sentença anulada e a posterior não pode impor pena mais grave) e não ocorrer a PPPAbstrata, só poderá ser reconhecida a PPPRetroativa se prolatada nova sentença e: houver trânsito em julgado para acusação ou improvimento de seu recurso. Enquanto a pena puder ser majorada, impedida está a PPRetroativa (PR). Pois o que se leva em conta é a chamada pena justa. Se o recurso do MP não visar ao agravamento da pena, desde logo o Tribunal pode reconhecê-la. Se o recurso do MP visar à agravação da pena, o Tribunal deve aguardar o julgamento para depois agravá-la. Se o prazo for o mesmo, ainda que se agrave a pena, poderá o Tribunal reconhecê-la, desde que incidente a prescrição dentre os marcos já vistos: se o provimento do apelo alterar o prazo prescricional, duas situações podem ocorrer: 1ª) novo prazo não transcorreu entre as causas interruptivas – Tribunal não reconhece a prescrição; 2ª) novo prazo, mesmo majorado, transcorreu entre as causas interruptivas e aí o Tribunal a reconhece. Conclusão: falsa a afirmação de autores que condicionem o reconhecimento da PPPRetroativa ao trânsito em julgado da decisão para o Ministério Público ou ao improvimento do seu recurso. Pois, mesmo havendo recurso do Ministério Público visando ao aumento da pena e mesmo que esse seja provido e majore a pena, só não poderá ser reconhecida a PPPRetroativa se entre os marcos o prazo não tiver transcorrido. ‚ A ausência do recurso da defesa não impede a prescrição. Assistência da Acusação não tem interesse para recorrer visando ao aumento da pena (majoritário). Vide arts. 598 c/c 63, 271 e 584, § 1º, todos do CPP. Sem pena justa, não há PPPRetroativa. Absolvido em 1º grau, não há PR, pois não há sentença condenatória. Contagem do prazo: 6) adotar a pena concretizada na sentença condenatória. Ver súmula 497 STF e art. 119 do Código Penal – concurso formal próprio e crime continuado em que são considerado os crimes de maneira isolada para os fins de prescrição; 7) verificar o prazo no art. 109 CP; 8) verificar a incidência de causa modificadora – art. 115 CP (menoridade e maioridade senil); 9) verificar se o prazo encontrado fluiu entre os marcos de contagem, que são: entre a data do fato e o recebimento da denúncia e entre o recebimento da denúncia e a data da publicação da sentença penal condenatória. - Reincidência: não se aplica à PR. trânsito em julgado para acusação - Oportunidade de declaração: Pressupõe: sentença condenatória Assim, diante da exigência de uma sentença penal condenatória e do trânsito em julgado para a acusação, é possível que um juiz de 1º grau reconheça a prescrição retroativa? A corrente majoritária entende que o juiz de 1º grau não pode reconhecer a prescrição retroativa, pois encerrou a sua jurisdição. Mas e o princípio da economia processual? Assim, seria possível declarar, após o trânsito em julgado para a acusação, pois a prescrição é matéria de ordem pública. Majoritária – não pode. Prescrição Antecipada Ou Antevista Minoritária – pode. Nada mais é do que a projeção da pena que seria aplicada, antes da efetiva condenação, para o fim de evitar-se o desperdício de instauração de um processo quando a prescrição, pela pena projetada, iria ocorrer de qualquer maneira. Condenação em 2ª instância: se absolvido no 1º grau e condenado no 2º grau, a pena do acórdão é que baliza a PPPRetroativa e este será o marco interruptivo. Reformatio in pejus indireta: PPPAbstrata - Medida de Segurança: impossível, pois não há pena. Reconhecimento após o cumprimento da pena: mesmo cumprida a pena, tem interesse o réu de ver reconhecida a PPPRetroativa – principalmente em razão dos efeitos mais benéficos do reconhecimento, sempre, da PPP e suas espécies. Reconhecimento com efeito extensivo: salvo causas pessoais. Pelo art. 580 do Código de Processo Penal, se aplica a ambos, mesmo que só um recorra e o outro seja revel, comunica. - Mérito: prejudicado - Pode ser reconhecida em qualquer recurso – dizem alguns que exceto em recurso extraordinário, pois não é matéria constitucional. Efeitos: ela rescinde a sentença condenatória pois quando prolatada já havia prescrição. A única eficácia da sentença é a pena aplicada para o efeito da PR. XI- PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA INTERCORRENTE A PPPAbstrata e a PPPRetroativa se desenvolvem desde a data do fato até data da publicação da sentença condenatória (DPSC). Entre a DPSC e o seu efetivo trânsito em julgado há um hiato, contemplado pela PPPIntercorrente (PI). Natureza jurídica: da sentença condenatória até o seu trânsito em julgado – ela é prescrição da pretensão punitiva, pois ainda não há trânsito em julgado “definitivo” da decisão. Pressupostos: Inexistência da prescrição abstrata (PPPA) e da prescrição retroativa (PPPR); Existência de sentença condenatória, pois se leva em conta a pena em concreto; Trânsito em julgado para acusação / improvimento do recurso: o prazo é obtido com base na chamada ‘pena justa’. Não depende, a PPPIntercorrente, da efetiva interposição de recurso defensivo, pois pode ocorrer que o réu não seja achado para intimação e decorra o prazo prescricional. O que não pode ocorrer é o trânsito em julgado também para a defesa. Havendo recurso do MP que vise a agravar a pena, a PPPIntercorrente só poderá ser reconhecida quando da análise de seu mérito. O simples aumento do prazo, como ocorre na PPPRetroativa, não é suficiente para impedir a prescrição. Se o recurso do MP não visarao agravamento da pena, pode ser reconhecida antes da análise do mérito. Dies a quo: data da última interrupção – Data da publicação da sentença condenatória (DPSC) – se originada no Tribunal, da data da sessão de julgamento. Se um réu é condenado em 1º grau e o outro em 2º grau, haverá dois dies a quo diversos. Aqui estamos a tratar de termo inicial da contagem do prazo prescricional e não de efeito interruptivo, por esta razão não incide a regra da comunicabilidade prevista no §1º do art. 117 do Código Penal. Dies ad quem: data do trânsito em julgado “definitivo” da decisão. Conta-se o tempo de todos os recursos, inclusive extraordinário e especial. Contagem do prazo: 1) verificar pena imposta na sentença (idêntico ao que ocorre na PPPRetroativa); 2) obter o prazo de acordo com o art. 109 CP; 3) causas modificadoras – art. 115 CP; 4) inserir prazo entre os termos inicial e final. XII- CAUSAS INTERRUPTIVAS E SUSPENSIVAS Não há causas interruptivas, pois o prazo se conta a partir da última data interruptiva. Causas Suspensivas: somente em dois casos: 1º) imunidade parlamentar formal – ex: ‘X’ é condenado e após diplomado parlamentar; antes do trânsito em julgado da sentença. É necessária a deliberação da casa para o processo seguir. No dia em que o relator solicitar a permissão, suspenso estará o prazo (não mais vigora em razão da EC n.º 35/2001); 2º) sursis processual – art. 89, § 6º, da Lei 9099/95 – norma mais benéfica, incide sempre, inclusive no Tribunal. Reincidência: não incide (apenas para PPPExecutória). Mérito: prejudicado, da mesma forma como ocorre nas demais espécies de prescrição. Prescrição Antecipada: não pode ser aplicada. Reconhecimento com efeito extensivo: Art. 580 do Código de Processo Penal. Só há o efeito extensivo a co-réu (PPPintercorrente) enquanto não houver trânsito em julgado para o co-réu não recorrente. Do contrário, o reconhecimento da prescrição em relação ao que se conformou (que aceitou a sentença e não recorreu) não aproveita. Sem o trânsito em julgado para os demais, aproveita. Se já há trânsito em julgado para o outro, não aproveita. XIII- PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA Base: pena concretizada Pressupostos: - Inocorrência de Prescrição da Pretensão Punitiva (PPP) em quaisquer de suas modalidades; - Sentença condenatória irrecorrível atingindo a acusação e a defesa. Surge após o trânsito em julgado da sentença condenatória; - Não satisfação da pretensão executória estatal: só inicia o prazo quando prejudicada está a pretensão executória. Não corre enquanto o Estado está executando a pena imposta. Termo inicial: Art. 112 CP. Do dia em que transita em julgado a sentença condenatória para a acusação: 1º) Evasão após prolação da sentença condenatória – sem cumprimento de um só dia de pena – surge com o trânsito em julgado para acusação e defesa; mas se conta do dia em que se torna definitiva para acusação – dies a quo: Ministério Público não recorre da sentença; ocorre com o transcurso do prazo in albis da apelação, que é de 05 dias. Ministério Público recorre da sentença – dá-se o trânsito em julgado com o transcurso do último recurso disponível (Especial e Extraordinário = 15 dias). Não conta o dia do início, uma vez que em matéria de recursos, os prazos são processuais; 2º) Evasão após cumprimento de parte da pena: inicia a cumprir pena e foge: no dia da fuga inicia o prazo prescricional que transcorrerá até quando se efetive a captura. A base do prazo prescricional aqui é o restante da pena a cumprir. Assim, a PPExecutória começa a correr do dia em que se interrompe a execução, ou seja, quando o Estado não estiver satisfazendo a sua pretensão executória. Exceção: quando o tempo de interrupção deva ser computado na pena – art. 41 CP, e por força do art. 42 CP, computa-se o tempo em que o condenado doente mental permaneceu internado; pois, não houve fuga. Revogação da suspensão condicional da pena: seja a revogação obrigatória ou facultativa, transitada em julgado a decisão que revoga o sursis, inicia-se a contagem do prazo prescricional da pretensão executória. A base está no TOTAL da pena imposta, uma vez que revogado o sursis, o réu deve cumprir toda a pena. Exceção: Art. 161 CP – sursis tornado sem efeito – aplica-se a 1º regra e não a 2º, descritas acima. O prazo tem início, assim, do trânsito em julgado para o MP, pois não houve revogação do sursis; ele foi tornado sem efeito. Revogação do livramento condicional: tempo é o restante da pena a ser cumprida. Revogação por infração cometida antes do LC – desconta o período em que esteve em LC. O marco inicial do prazo é a data do trânsito em julgado da decisão que revoga o LC, e leva em conta o restante da pena. Revogação por infração cometida durante o LC – perde o tempo que cumpriu LC – deve cumprir todo o restante da pena. Contagem do prazo: 1) tomar a pena privativa de liberdade imposta na sentença; 2) obter o prazo, de acordo com o art. 109 CP; 3) causas modificadoras – art. 115 CP + Reincidência (prazo só será majorado em 1/3 se a reincidência for reconhecida na sentença – só se aplica à PPPExecutória); 4) verificar se entre o termos inicial e as interrupções transcorreu o prazo. Se não fluiu o prazo, conta-se novo prazo obtido de acordo com o resto da pena. XIV- CAUSA SUSPENSIVA DA PPE: § único, do art. 116, CP. Não corre a PPPExecutória enquanto o condenado está preso por outro motivo– toda e qualquer prisão que não seja a da sentença condenatória – prisões processuais e irrecorríveis de outros feitos, inclusive, civil. XV- CAUSAS INTERRUPTIVAS DA PPE Início ou continuação do cumprimento da pena: início – trânsito em julgado para acusação. Com o início do cumprimento da pena, o prazo é interrompido. Inicia-se o cumprimento e depois foge no dia da fuga o prazo prescricional começa a ser contado. No dia da captura, se não estiver prescrito, haverá nova interrupção, pois deverá continuar a cumprir a pena. Se o condenado não está no gozo da sursis, por não haver sido realizada a audiência admonitória, o prazo prescricional continua a fluir. Realizada a solenidade, tem início o benefício, ocorrendo à interrupção da prescrição. O início do sursis interrompe a prescrição. O início ou continuação do cumprimento da pena por parte de um réu não interrompe daquele que está inadimplente. Reincidência: basta que, durante a execução, cometa novo crime. Interrompe, mas não aumenta o prazo da prescrição. Não se aplica quando em gozo do sursis ou LC, porque nesses casos, a pena está sendo executada. Apenas inicia a contagem quando há revogação e o termo inicial é a partir do trânsito em julgado da sentença que revogou. – Penas restritivas de direitos: os prazos prescricionais são os mesmos das penas privativas de liberdade. Concurso de crimes: os prazos são contados separadamente = Concurso formal impróprio (cúmulo material – desígnios autônomos). Concurso formal impróprio – cada crime incide separadamente = crime continuado. Medida de segurança: segundo entendem alguns (Damásio), decorrido o prazo mínimo de duração da Medida de Segurança fixada na sentença e o réu não ter iniciado o cumprimento da medida, não pode o tratamento ter início sem que se averigúe, mediante perícia médica, a persistência do estado perigoso. Na verdade, é caducidade da perícia médica. E se foge, deve ainda se submeter à perícia? A doutrina e, em especial a jurisprudência, divergem acerca do tema. Para alguns, o prazo prescricional da Med. De Seg. seria a pena mínimacominada em abstrato ao delito, para outros seria a pena máxima cominada ao delito, sempre com a incidência dos prazos previstos no art. 109 do Código Penal. Reconhecimento antecipado: impossível, pois o réu pode ser recapturado ou reincidir a qualquer momento. Competência: juiz da execução – art. 66, II, da LEP. Necessidade de oitiva do Ministério Público: art. 161 LEP – deverá ser ouvido o Ministério Público antes de decretar a extinção da punibilidade pela prescrição, sob pena de nulidade. Para alguns, mesmo em não se ouvindo o Ministério Público, apenas haveria nulidade se verificado o prejuízo. Efeitos: - permanece no rol dos culpados; - paga custas; - não será primário – reincidência; - reparação do dano pela simples execução; - inexequível a extradição; - pena imposta e MS não devem ser cumpridas; - permanecem os efeitos genéricos ou específicos nos arts. 91 e 92 CP. CONCLUSÃO Em conformidade com todo exposto, podemos dizer que a prescrição se trata de uma causa extintiva de punibilidade penal, cuidando-se de instituto de direito material, que incide sobre as pretensões estatais. O decurso de tempo, no âmbito do direito penal, acontece sobre a conveniência política de ser mantida a persecução criminal contra o autor de uma infração ou de ser executada a sanção em face de lapso temporal minuciosamente determinado pela norma. Como surgimento de um fato delituoso nasce para o Estado o ius puniendi. Esse direito denomina-se pretensão punitiva, à qual não pode eternizar-se. Assim, o Estado estabelece critérios limitadores para o exercício do direito de punir, levando-se em conta a gravidade do fato delituoso e da sanção correspondente, fixando um lapso temporal dentro do qual o Estado estará legitimado a aplicar a sanção penal. A prescrição penal não ocorrerá somente quando se tratar de crimes de racismo e nas ações de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático, definidos na Lei de Segurança Nacional. Quanto às espécies de prescrição, notamos que existem duas espécies, a prescrição da pretensão punitiva (PPP) e a prescrição da pretensão executória (PPE), sendo que, a primeira subdivide-se em prescrição intercorrente, prescrição retroativa e prescrição virtual. A prescrição intercorrente ocorre após a ocorrência da sentença condenatória recorrível, tendo como pressuposto o trânsito em julgado da decisão condenatória para a acusação. Seu prazo é calculado com base na pena concreta aplicada na sentença e não com base no máximo cominado abstratamente A prescrição retroativa também é calculada pela pena concretamente fixada na sentença condenatória, desde que haja o trânsito em julgado para a acusação ou desde que seja improvido seu recurso. Seu cálculo é feito da publicação da sentença para trás. A Lei 12.234 de 05 de maio de 2010 alterou os art.109 e 110 do Código Penal, extinguindo a prescrição retroativa em relação à fase de investigação criminal, subsistindo apenas em relação à fase de instrução processual. A prescrição virtual trata-se da prescrição reconhecida antecipadamente, geralmente, na fase extrajudicial, tendo com parâmetro a provável pena a ser aplicada pelo Juiz no momento da prolação da sentença. Sendo assim, tendo em vista que a condenação ainda não ocorreu, a pena que servirá de base para o cálculo da prescrição será sempre uma pena em perspectiva. Ressalta-se o atual entendimento do Superior Tribunal de Justiça, de que é não é possível o reconhecimento de prescrição antecipada por ausência de previsão legal e porque viola o princípio da presunção de inocência e da individualização da pena, a ser eventualmente aplicada. A pretensão da pretensão executória surge com a decisão condenatória definitiva e perdura enquanto for possível o exercício do poder-dever de punir do Estado. Por fim, quanto à suspensão e interrupção do prazo prescricional, vimos que a na suspensão o lapso temporal decorrido antes da causa suspensiva é computado no prazo. Assim, superada a causa suspensiva, a prescrição recomeça a ser contada pelo tempo que falta, somando-se com o tempo anterior. Já na interrupção, havendo uma causa interruptiva, o curso da prescrição interrompe-se, desaparecendo o lapso temporal já decorrido, recomeçando sua contagem desde o início. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BECCARIA, Cesare Bonesana, Marchesi de. 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O CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DAS REGRAS DE TRANSIÇÃO
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