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O IMPEACHMENT DA PRESIDENTE DILMA ROUSSEFF

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O IMPEACHMENT DA PRESIDENTE DILMA
ROUSSEFF
 
A presidente Dilma Rousseff e o vice-presidente Michel Temer foram reeleitos no segundo turno da 
eleição de 2014. Receberam 51,64% dos votos válidos. Foi a eleição presidencial mais acirrada na 
história do Brasil.
Empossada em 1º de janeiro de 2015, a presidente Dilma iniciou seu segundo mandato em meio a 
uma crise econômica e política. Uma pesquisa realizada pelo Ibope em julho de 2015 demonstrava 
que apenas 9% da população aprovava o governo de Dilma Rousseff – o mais baixo índice para um 
Presidente da República. Além disso, pesquisas revelavam que a maioria dos brasileiros apoiava a 
abertura de um processo de impeachment * contra a presidente. A partir de março de 2015, 
iniciaram-se enormes protestos públicos contra seu governo. Estes reuniram, em diversas cidades do 
Brasil, centenas de milhares de pessoas, que clamavam pela renúncia ou pelo impeachment da 
presidente.
*** Impeachment é um termo inglês. Corresponde a um processo político-criminal instaurado por 
denúncia no Congresso para apurar a responsabilidade do Presidente da República, governador, 
prefeito, ministro do Supremo Tribunal ou de outro funcionário de alta categoria, por grave delito ou 
má conduta no exercício de suas funções. Se a acusação for procedente, cabe ao Senado destituir o 
infrator do cargo que ocupa. O termo impeachment designa não apenas o processo, mas também, a 
própria destituição.
 
Manifestação pelo impeachment em São Paulo, na avenida Paulista.
Eduardo Cunha e a Operação Lava Jato
O Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, era investigado na Operação Lava Jato, 
tendo sido acusado de ter recebido propina da Petrobras e de manter contas bancárias secretas na 
Suíça. Isso representava um risco ao seu mandato, pois o Conselho de Ética da Câmara movia um 
processo contra ele.
 
Cunha, em sessão da CCJ que julgou o recurso contra sua cassação. LULA MARQUES (AGPT). 
Fonte: El País.
Surgiram boatos sobre tentativas de acordo entre Eduardo Cunha e o Partido dos Trabalhadores 
(PT), partido da presidente Dilma, visando a encerrar esse processo. O Presidente da Câmara dos 
Deputados desmentia isso. Contudo, quando os petistas anunciaram que apoiavam a perda do 
mandato de Cunha, este aceitou o pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.
A presidente negou a existência de tentativas de um acordo para salvar Cunha e, como contrapartida, 
livrá-la de um processo de impeachment. Dilma Rousseff também negou a existência de acordos 
para interferir no Conselho de Ética em troca da aprovação da CPMF (Contribuição Provisória sobre a 
Movimentação ou Transmissão de Valores), tributo que ela julgava necessário para aumentar a 
arrecadação do governo. Em entrevista coletiva realizada no mesmo dia da aceitação do pedido de 
impeachment, a presidente declarou: "Eu jamais aceitaria ou concordaria com quaisquer tipos de 
barganha, muito menos aquelas que atentam contra o livre funcionamento das instituições 
democráticas do meu país, bloqueiam a Justiça ou ofendam os princípios morais e éticos que devem 
governar a vida pública".
Após o pronunciamento da presidente Dilma, Eduardo Cunha afirmou que ela havia mentido à nação 
ao afirmar que não havia participado de qualquer tentativa de acordo. O Presidente da Câmara dos 
Deputados reiterou que se recusou a aceitar a proposta do governo e, ao se declarar adversário do 
Partido dos Trabalhadores, afirmou que preferia não ter os três votos do partido no Conselho de 
Ética.
Esquema de corrupção na Petrobrás
Além da crise econômica que o Brasil enfrentava, havia outro fator que enfraquecia o governo de 
Dilma Rousseff: o esquema de corrupção na Petrobras. Tratava-se de um esquema de propinas com 
desvio de dinheiro da estatal para empresas e políticos. Havia alegações que a Petrobras havia sido 
uma das fontes para abastecer as campanhas da presidente Dilma.
Os fundamentos do pedido de impeachment
 
A advogada Janaína Paschoal foi uma autora do pedido de impeachment. 
Fonte: ZECA RIBEIRO / CÂMARA DOS DEPUTADOS. http://www.jornalcruzeiro.com.br/materia/687
979/autores-de-impeachment-dizem-que-dilma-cometeu-crime. Acesso: 20/06/2017.
Até setembro de 2015, havia 37 pedidos de impeachment protocolados na Câmara dos Deputados 
contra Dilma Rousseff. O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, acolheu apenas um 
deles, redigido por Hélio Bicudo** e pelos advogados Miguel Reale Júnior e Janaina Conceição 
Paschoal. Os movimentos sociais a favor do impeachment aderiram ao requerimento de Bicudo, que 
contou também com o apoio de parlamentares e da sociedade civil.
** Hélio Bicudo é jurista, político e militante de direitos humanos. Foi um dos fundadores do Partido 
dos Trabalhadores (PT). Filiado ao PT desde a sua fundação, desvinculou-se do partido em 2005, 
devido ao Mensalão.
Em resposta à abertura do processo de impeachment, a presidente afirmou que os argumentos 
apresentados pelos juristas eram improcedentes e que ela não havia praticado nenhum ato ilícito.
Para os juristas, cujo pedido de impeachment foi aceito, a presidente Dilma não agiu como deveria 
para punir as irregularidades que existiam na Petrobras. Afirmaram que a presidente havia agido 
como se nada soubesse e como se nada de errado tivesse ocorrido, mantendo seus assistentes 
intocáveis e operantes na máquina de poder instituída, à revelia da lei e da Constituição. Segundo o 
texto do pedido, houve uma maquiagem deliberadamente orientada para transmitir ao país a 
sensação de que o Brasil estava em situação econômica saudável.
O pedido de impeachment alegou que durante o processo eleitoral de 2014, Dilma Rousseff negou 
que a situação da Petrobras, tanto moral como econômica, era bastante grave. Segundo os autores 
do pedido de impeachment, a máscara da competência fora primeiramente arranhada no episódio 
que envolveu a compra da refinaria na cidade de Pasadena, localizada no estado norte-americano do 
Texas, pela estatal. Os juristas declararam que a presidente Dilma era presidente do Conselho da 
Estatal e que deu como desculpa um equívoco relativo a uma cláusula contratual. Segundo o 
documento, a presidente foi omissa em relação à compra da Refinaria de Pasadena***. Conforme os 
juristas, a presidente estava ciente de todos os fatos e era diretamente responsável pela corrupção 
que ocorreu na empresa pública. Assim, era inegável a responsabilidade da presidente quanto à 
corrupção sistêmica em seu governo.
* A Refinaria de Pasadena (Pasadena Refining System) localiza-se na cidade de Pasadena, no 
estado norte-americano do Texas. A refinaria, que pertence à Petrobras, foi objeto de investigação da 
CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) da Petrobras de 2014 e da Operação Lava Jato. Em 
17 de dezembro de 2014, uma auditoria apresentada pela Controladoria Geral da União (CGU) 
constatou que a Petrobras teve um prejuízo de 659,4 milhões de dólares na compra da refinaria. A 
CGU considerou que a Petrobras pagou uma quantia muito superior ao valor real da Refinaria de 
Pasadena.
Os autores do processo de impeachment citaram a corrupção desvendada pela Operação Lava Jato 
e afirmaram no documento que a Polícia Federal realizou uma devassa nos negócios feitos pela 
Petrobras e constatou, por meio de delações premiadas, que as obras e realizações anunciadas 
como grandes conquistas do Governo Dilma se tratavam de um meio para sangrar a estatal, que, na 
realidade, encontrava-se descapitalizada.
Decretos sem autorização para a abertura de créditos suplementares
Segundo o pedido de impeachment, a presidente Dilma fez editar, em 2014 e 2015, uma série de 
decretos que resultaram na abertura de créditos suplementares, na ordem de R$ 18,4 bilhões, sem 
a autorização do Congresso Nacional. Segundo os autores do processo de impeachment, a 
presidente Dilma estava ciente que ameta de superávit primário** prevista na lei de diretrizes 
orçamentárias não estava sendo cumprida desde 2014, pois foi o próprio governo que apresentou o 
projeto de lei pedindo a revisão da meta. Isso era uma confissão de que a meta não estava sendo 
cumprida. Não obstante, expediu os decretos mesmo sem a autorização prévia do Legislativo. Assim, 
era clara a realização de crime de responsabilidade, tendo havido a realização de abertura e 
operação de crédito, além da contratação de empréstimo sem a observância da lei. O pedido de 
impeachment apontava que tal fato ocorreu não apenas em 2014, mas também em 2015. Segundo 
os juristas, os decretos de 2015 exibiam um superávit artificial, pois o governo da presidente Dilma já 
sabia que a lei de diretrizes orçamentárias não seria cumprida. Assim, houve uma revisão da meta 
fiscal por projeto de lei.
***Superávit primário é o resultado positivo de todas as receitas e despesas do governo, com 
exceção de gastos com pagamento de juros.*
Pedaladas fiscais
Pedalada fiscal é um termo utilizado para descrever uma manobra contábil do governo federal para 
passar a impressão de que arrecadava mais do que gastava, enquanto a realidade era o oposto. O 
governo de Dilma Rousseff não estava pagando os bancos públicos e privados que financiavam 
programas sociais como o Bolsa Família. Para que os beneficiários não deixassem de receber os 
benefícios, os bancos passaram a arcar com as despesas sem receberem compensação 
governamental. OTribunal de Contas da União (TCU), por decisão unânime, considerou essa 
operação um empréstimo dos bancos, não pagos pelo governo, que violava a Lei de 
Responsabilidade Fiscal (LRF). É importante ressaltar que o Tribunal de Contas da União é um órgão 
auxiliar do Legislativo e não tem poder para condenar o chefe do Executivo. O que o TCU faz é 
oferecer um parecer prévio, que pode ou não ser acatado pelo Congresso Nacional, abrindo até 
mesmo a possibilidade de um processo de impeachmentcontra o Presidente da República.
Conforme os juristas, os empréstimos foram concedidos em violação ao artigo 36 da Lei de 
Responsabilidade Fiscal, que proíbe a tomada de empréstimo pela União de entidade do sistema 
financeiro por ela controlada. Os juristas sustentaram que cabia à presidente agir para que tal 
ilegalidade cessasse, o que ela não fez, mesmo tendo sido alertada por várias autoridades sobre os 
riscos e as possíveis consequências. Além disso, alegaram que durante o pleito eleitoral, a 
presidente, que é economista, declarou que as contas do governo estavam saudáveis. Agravando a 
situação era o fato de que a violação à Lei de Responsabilidade Fiscal ocorreu durante o ano 
eleitoral, visando a iludir o eleitorado.
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