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Recurso de Apelação no Processo Penal

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Apelação 
I. Conceito Geral
Apelação é um recurso ordinário, caracterizado por ampla devolução cognitiva ao órgão ad quem. 
Ou seja, trata-se de recurso contra decisões definitivas, que julgam extinto o processo, apreciando ou não o mérito, devolvendo ao Tribunal Superior amplo conhecimento da matéria. 
Para o CPP, apelação é o recurso contra as sentenças definitivas ou com força de definitivas, não abrangidas pelo recurso em sentido estrito (caráter residual) e que não se enquadrem em uma das hipóteses do art. 593. 
A apelação tem natureza residual, admitida quando não se está diante das hipóteses do recurso em sentido estrito. Das decisões em que é cabível, encontram-se as proferidas pelo júri quando da: nulidade posterior à pronúncia; sentença do juiz presidente contrária à letra expressa da lei ou à decisão dos jurados; quando houver erro ou injustiça na aplicação da pena ou medida de segurança; quando a decisão dos jurados for manifestamente contrária à prova dos autos
A apelação somente é cabível se houver alguma decisão com força de definitiva, com a finalidade de eliminar alguma controvérsia. 
Espécies 
Quanto ao objeto, divide-se em PLENA, quando o inconformismo for dirigido contra a totalidade do julgado ou PARCIAL, quando for atacada só parte da sentença. Ou seja, se não for identificada a parte impugnada, diz-se que houve apelação plena. 
Quanto ao procedimento, pode ser ordinária quando diz respeito a crimes punidos com reclusão (seguindo o rito do art. 613) e sumária, para delitos que são punidos com detenção (seguindo o rito do art. 610)
Quanto à legitimidade, subdivide-se em PRINCIPAL, quando é interposta pelas partes, sendo Ministério Público ou réu ou SUBSIDIARIA, quando for interposta pelo ofendido ou pelo assistente de acusação.
Efeitos
Dentre os efeitos da apelação no processo, tem-se o efeito devolutivo; suspensivo, pois a interposição da apelação retarda a execução da sentença condenatória, mas não tem esse efeito na sentença absolutória; extensivo, tal efeito constitui regra para todos os recursos no processo penal, “A decisão proferida no recurso interposto por um correu beneficia aos demais que não impugnaram a decisão, exceto quando o recurso é fundado em motivos de ordem pessoal, não extensivos aos demais.
Requisitos de Admissibilidade 
I. Cabimento 
As hipóteses de cabimento do recurso de apelação estão dispostas no Art. 593 do Código de Processo Penal, quando a sentença definitiva da condenação ou absolvição for proferida por juiz singular, neste sentido, é necessário atentar que a decisão será condenatória quando o órgão jurisdicional proferir esta condenando julga procedente a ação total ou parcialmente, e absolutória quando julga improcedente a imputação. Tais sentenças, julgam o mérito.
1) Decisões do juiz singular: Tem previsão legal no art. 593, I e II do Código de Processo Penal, que traz as decisões do juiz singular em relação ao júri, em casos de impronúncia e absolvição sumária. No que diz respeito ao inciso I do art. 593 do supracitado dispositivo legal, serão apeláveis as sentenças condenatórias e absolutórias. Como novidade, há a decisão de absolvição sumária e da decisão de impronúncia, que antes eram passiveis de Recurso em Sentido Estrito, podendo, agora, utilizar-se de apelação nestas situações. 
2) Decisões definitivas em sentido estrito: Compreende as decisões de mérito em que o réu é condenado ou absolvido.
3) Decisões definitivas em sentido amplo: Não culminam absolvição ou condenação, mas encerram o processo, fazem coisa julgada material, tal como julga o pedido de restituição da coisa perdida ou extinção da punibilidade. (Comporta RESE).
4) Decisões com força definitiva: São decisões que não julgam o mérito mas possuem força definitiva, podendo encerrar algo no próprio processo ou algo em apartado, ou seja, solucionam procedimentos ou processo incidental. Exemplo: Preclusão, decisão do incidente de restituição de coisa apreendida, etc. (Comporta RESE)
Cabivel também será a apelação contra as decisões proferidas pelo Tribunal do Júri, como preceitua o art. 593, inciso III, §1 e 3, quando: 
a) ocorrer nulidade posterior à pronuncia – tratando-se de nulidade relativa, deve ser ela alegada logo depois de anunciado o julgamento e apregoada as partes, sob pena de preclusão; se ocorrer nulidade absoluta e não for impugnada durante o julgamento, nada impedirá que se apresente a apelação, fazendo com que, no caso de provimento do recurso, o tribunal anule;
b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados – essa alínea diz respeito ao erro do juiz, podendo ser combatidos com o recurso de apelação, não haverá portanto anulação do julgamento, mas far-se-á a devida retificação, como no caso em que o juiz deixa de aplicar a causa de diminuição de pena, § 1º do artigo 593;
c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança – essa é outra hipótese em que há erro do juiz, por exemplo, quando são aplicadas penas elevadas demais a réus primários, ou penas muito brandas a réus reincidentes, ou medidas de segurança incompatíveis com a doença mental apresentada pelo acusado, podendo ser elas alteradas pela interposição da apelação, § 2º artigo 593;
d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos – se ocorrer essa decisão dos jurados contrária à prova dos autos, poderá ser interposto o recurso de apelação para que o tribunal ad quem analise se ocorreu ou não esse fato; caso se convença, dará provimento ao recurso para sujeitar o réu a novo julgamento, não podendo, no entanto, modificar a decisão diante do princípio da soberania dos veredictos. Esse princípio impede que seja alterada a decisão dos jurados, mas não impede que se recorra do julgamento do Júri para que haja um novo julgamento, não sendo admitida outra apelação pelo mesmo motivo, pois, se se admite outra apelação, seria interminável a possibilidade de renovação dos veredictos, sendo correto, portanto, apresentar uma única vez a apelação, como dispõe o § 3º do artigo 593 do Código de Processo Penal

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