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Artigo - Aplicação do VPL na análise econômica de projetos

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XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e 
IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 
1
 
APLICAÇÃO DO MÉTODO DO VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL) NA ANÁLISE DA 
VIABILIDADE ECONÔMICA DE PROJETOS NA INDÚSTRIA METAL MECÂNICA: UM 
ESTUDO DE CASO 
 
Edson Silva Urtado 1, Vilma da Silva Santo2, Paulo César Ribeiro Quintairos3, Edson 
Aparecida de Araújo Querido Oliveira4 
 
1
 Pós-graduado em MBA Gerência Financeira e Controladoria - Programa de Pós-graduação em 
Administração - PPGA - Universidade de Taubaté – Rua Visconde do Rio Branco, 210 Centro - 12020-040 – 
Taubaté/SP – Brasil – e.urtado@uol.com.br 
2
 Professora do Programa de Pós-graduação em Administração - PPGA - Universidade de Taubaté – Rua 
Visconde do Rio Branco, 210 Centro - 12020-040 – Taubaté/SP – quintairos@gmail.com 
 
3
 Professor do Programa de Pós-graduação em Administração - PPGA - Universidade de Taubaté – Rua 
Visconde do Rio Branco, 210 Centro - 12020-040 – Taubaté/SP – vilma70@gmail.com 
 
4 Orientador - Programa de Pós-graduação em Administração - PPGA - Universidade de Taubaté – Rua 
Visconde do Rio Branco, 210 Centro - 12020-040 – Taubaté/SP – edson@unitau.br 
 
Resumo - O estudo da viabilidade econômica de projetos é de extrema importância para a tomada de 
decisão gerencial e o sucesso do empreendimento será determinado pela escolha da alternativa de 
investimento que crie valor para os acionistas da empresa. O segmento metal mecânico tem importante 
participação no cenário produtivo do mercado nacional. Os processos de produção buscam a melhoria 
continua e otimização dos custos de produção. O processo de corte plasma, será utilizado como substituto 
ao processo de corte oxicorte na máquina objeto de estudo. Neste trabalho, será apresentado o estudo de 
caso de aplicação da técnica do Valor Presente Líquido (VPL) para a substituição de uma máquina de corte 
de metais, onde após a análise de dados do projeto, a substituição da máquina mostrou-se viável e com 
geração de valor para a empresa. 
 
Palavras-chave: Viabilidade econômica. otimização de custos. processos de produção. 
 
Área do Conhecimento: VI - Ciências Sociais Aplicadas. 
 
1. Introdução 
 
A globalização e a competitividade no 
mercado metal mecânico exige a otimização dos 
custos de produção na indústria. 
A substituição de máquinas busca a melhoria 
no processo de produção visando à maior 
produção e menor custo. 
A análise do investimento deve ser feita 
através de ferramentas financeiras que buscam 
alternativas para a tomada de decisão gerencial. 
O Valor Presente Líquido (VPL) leva 
explicitamente em conta o valor do dinheiro no 
tempo, é considerado como uma técnica 
sofisticada de orçamento de capital (GITMAN, 
2004). 
O trabalho destaca a importância de utilizar 
um estudo de viabilidade econômica na 
substituição de uma máquina de corte de metais 
para a indústria metal mecânica, através de um 
método de análise financeira eficiente e prático na 
tomada de decisão do investimento. 
 
 
2. Metodologia 
 
Neste trabalho serão apresentados os 
resultados de uma pesquisa bibliográfica 
exploratória e de um estudo de caso na 
substituição de uma máquina de corte de metais. 
Os metais podem ser cortados pelos seguintes 
processos: mecânico, químico e térmico. 
O estudo de caso vai comparar o processo 
atual da empresa ABCorte Ltda, o processo de 
corte químico – oxicorte, e o processo proposto 
com a nova máquina, processo de corte térmico – 
plasma. 
Para analisar o projeto será aplicado a técnica 
de análise de viabilidade financeira do 
investimento através do método do Valor Presente 
Líquido (VPL). 
Também, para o estudo do projeto, será 
considerada a alíquota de do imposto de renda de 
34% sobre o resultado positivo do fluxo de caixa. 
 
3. Métodos de Análise de Projetos 
 
 
XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e 
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Vários métodos podem ser utilizados para 
avaliar as alternativas de investimentos pelas 
empresas. Os mais conhecidos são: o Payback, 
Índice de Lucratividade (IL), Valor Presente 
Líquido (VPL) e a Taxa Interna de Retorno (TIR), 
que serão apresentados na sequência do trabalho. 
 
3.1 Payback 
 
O Payback é denominado como o tempo de 
repagamento do investimento ou empréstimo, ou 
seja, a quantidade de período que se leva para 
recuperar o investimento ou o tempo que o 
investimento leva para zerar seu fluxo acumulado 
(MOTTA et al., 2009). 
 
3.2 Índice de Lucratividade 
 
O Índice de Lucratividade (IL) compreende a 
relação entre o valor presente líquido do projeto e 
o módulo do valor presente dos desembolsos 
desse projeto: 
 
 
 
 
O critério para utilizar o índice de 
Lucratividade, é o seguinte: 
Se IL > 0: Aceita projeto; 
Se IL < 0: Rejeita projeto. 
 
3.3 Valor Presente Líquido (VPL) 
 
O valor presente líquido (VPL) de um projeto é 
a soma dos valores presentes de cada um dos 
fluxos de caixa – tanto positivos como negativos – 
que ocorrem ao longo da vida do projeto. A regra 
do valor presente líquido é uma das mais 
utilizadas para a tomada de decisão sobre 
investimentos e foi discutida pela primeira vez por 
Hirshleifer (1958). 
A equação geral para o método VPL é a 
seguinte: 
 
 
 
Onde: 
FCj:Valores de entrada ou saída do caixa em 
cada período de tempo; 
FC0: Valor do investimento inicial; 
j: Períodos de tempo; 
i Taxa de desconto do projeto. 
 
 
Onde: 
 
FCj:Valores de entrada ou saída do caixa em 
cada período de tempo; 
FC0: Valor do investimento inicial; 
j: Períodos de tempo; 
i Taxa de desconto do projeto. 
 
A regra para tomada de decisão sobre VPL de 
projetos independentes pode ser escrita: 
 
Se o VPL > 0 : Aceitar o projeto; 
Se o VPL < 0 : Rejeitar o projeto. 
 
Para análise deste estudo de caso será 
utilizado o método VPL. Conforme Damodaran 
(2004), o fundamental é manter a coerência ao 
combinar taxas de desconto com fluxos de caixa. 
Uma vez que o valor presente líquido tenho sido 
calculado, a regra para tomada de decisão é 
simples, tendo em vista que a taxa de desconto já 
decompõe em fatores o que a empresa precisa 
fazer sobre o investimento para encontrar seu 
ponto de equilíbrio. 
 
3.4 Taxa Interna de Retorno (TIR) 
 
A Taxa Interna de Retorno (TIR) corresponde 
à taxa de desconto que zera o valor presente 
líquido de um projeto (MOTTA et al., 2009). 
Normalmente, o fluxo de caixa inicial é 
representado pelo valor do investimento. Os 
demais fluxos de caixa indicam os valores das 
receitas ou despesas devidas. O cálculo da taxa 
interna de retorno (TIR) é identificado da seguinte 
forma: 
 
 
 
 
 
Onde: 
FCj:Valores de entrada ou saída do caixa em 
cada período de tempo; 
FC0: Valor do fluxo de caixa no momento 
zero(investimento); 
j: Períodos de tempo; 
i: Taxa interna de retorno. 
 
Considerando que os valores de caixa 
ocorrem em diferentes momentos, é possível 
concluir que o método da TIR, ao levar em conta o 
dinheiro no tempo, expressa na verdade a 
rentabilidade se for uma aplicação, ou custo no 
caso de um financiamento do fluxo de caixa 
(ASSAF NETO, 2007). 
 
3.5 Taxa de Desconto 
 
Para analisar o projeto será utilizada a taxa 
anual de desconto de 12,68%, que equivale a uma 
taxa mensal de 1%. A taxa de desconto dos fluxos 
de caixa é freqüentemente chamada de taxa 
mínima de atratividade (TMA). Essa taxa 
= 
VPL 
 |VPDesembolsos| 
 IL 
∑
=
+
=
n
j
ji
FCjFC
1
0 )1(
0
n
j=
j FCi)+(
FCj
=NPV −∑
1 1
VPL 
 
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representa o retorno esperado pelos financiadores 
do projeto (BRASIL, 2002). 
A análise de investimentos é possivelmente a 
parte mais importante no estudo da análise de 
finanças corporativas. Uma regra para a tomada 
de decisão sobre o investimento permite o 
reconhecimento dos investimentos bons e ruins. 
Uma boa regra para a tomada de decisão 
mantém o equilíbrio entre a flexibilidade e a 
coerência, leva à maximização do valor da 
empresa e funciona para todos os tipos de projeto 
(DAMODARAN, 2004). 
 
4. Estudo da viabilidade da substituição 
 
Para analisar o projeto de substituição, vamos 
apresentar os dois processos de corte – térmico e 
químico, quanto as suas aplicações e parâmetros 
de produção. 
A planilha abaixo mostra o comparativo entre 
a velocidade de corte – produção, entre os 
processos de corte oxicorte e plasma: 
 
Tabela 1. Relação da velocidade de corte e 
espessura conforme o processo de corte. 
 Velocidade de Corte (mm/min) 
# Espessura do 
material (mm) Oxicorte Plasma 
6,35 650 4800 
9,50 610 3000 
12,70 550 2200 
15,80 520 1500 
19,05 450 1100 
25,40 380 700 
 
Conforme observado na Tabela 1, a diferença 
entre as velocidades de corte – produção – entre 
os dois processos é significativa, e para a 
espessura de 12,7mm, a mais usual no segmento 
metal mecânico a diferença é de quatro vezes 
(4x). 
O processo de corte plasma tem a maior 
velocidade de corte nas espessuras apresentadas 
na tabela. 
Podemos citar também, que o processo de 
corte plasma pode cortar além do aço carbono, 
diferentes metais, como o alumínio e o aço 
inoxidável que são comumente utilizados na 
indústria e o processo de oxicorte só pode ser 
utilizado para cortar o material aço carbono. 
Com o processo atual, oxicorte, a empresa 
ABCorte Ltda fica limitada na sua produção, 
devido a velocidade de corte, limitando seu 
faturamento (entrada de caixa). 
O fluxo de caixa na Tabela 2 demonstra as 
entradas e saídas para a máquina de corte atual 
da empresa ABCorte Ltda, considerando as 
entradas previstas para o período de cinco anos: 
 
Tabela 2. Fluxo de caixa da ABCorte Ltda. 
N Fluxo Lucro (Tributável) IR 
Fluxo de Caixa 
Líquido 
1 25.000,00 25.000,00 8.500,00 16.500,00 
2 25.000,00 25.000,00 8.500,00 16.500,00 
3 25.000,00 25.000,00 8.500,00 16.500,00 
4 25.000,00 25.000,00 8.500,00 16.500,00 
5 25.000,00 25.000,00 8.500,00 16.500,00 
 
A substituição para a máquina de corte 
plasma, vai necessitar de um investimento inicial 
pela ABCorte. A empresa tem capital próprio para 
o aporte inicial. 
O fluxo de caixa na Tabela 3, demonstra o 
valor do investimento e também as entradas 
(faturamento) e saídas (despesas) com a possível 
aquisição da máquina. 
 
Tabela 3. Fluxo de Caixa projetado para o 
investimento da nova máquina de corte. 
 
No fluxo de caixa projetado para a aquisição 
da máquina, no período de 5 anos, foi considerado 
a depreciação de 20% ao ano. 
 
5. Discussão dos Resultados 
 
O processo atual, em virtude da velocidade de 
corte menor – baixa produtividade – reduz o 
faturamento anual e limita o lucro da empresa, 
bem como as altas despesas com manutenção da 
máquina atual. 
O projeto de substituição pela nova máquina e 
processo de corte plasma, vão aumentar a 
capacidade de corte em virtude da velocidade de 
corte – maior produtividade, conforme podemos 
observar na Tabela 1. 
Ao realizar a análise financeira do 
investimento pelo método do Valor Presente 
Líquido (VPL), mostra que no final do período de 5 
anos o fluxo de caixa terá o valor de R$ 
60.508, tornando o projeto viável para a empresa, 
além de gerar valor para os acionistas. 
A Taxa Interna de Retorno (TIR), para o 
período de cinco anos foi de 26,06%, ou seja o 
projeto é considerado viável também pelo método 
de análise de investimentos TIR. 
Comparando a taxa mínima de atratividade 
(TMA) com o VPL, podemos observar que para a 
N Fluxo Deprec Valor Contábil 
Lucro 
(Tributável) IR 
Fluxo de 
Caixa 
Líquido 
0 (150.000) - (150.000) 
1 48.000 30.000 120.000 18.000 6.120 41.880 
2 60.000 30.000 90.000 30.000 10.200 49.800 
3 75.000 30.000 60.000 45.000 15.300 59.700 
4 90.000 30.000 30.000 60.000 20.400 69.600 
5 120.000 30.000 - 90.000 30.600 89.400 
 
VPL 60.508 
 
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TMA com o valor de 26,06%, o valor do VPL seria 
nulo. Essa é a definição da TIR (taxa interna de 
retorno). 
O Gráfico 1 a seguir, mostra o ponto de 
equilíbrio entre o VPL e a TMA. Caso o valor da 
taxa de desconto (TMA) tivesse alterações, a 
variação de 12,68% até 26,06% garante a 
viabilidade do projeto. 
 
(50.000)
(25.000)
0
25.000
50.000
75.000
100.000
7,50 10,00 12,68 15,00 20,0 25,0 26,0 30,0 35,0
TMA (%)
VP
L 
(R
$) VPL
TMA
 
Gráfico 1. Comparação entre o VPL e a TMA. 
 
6. Conclusões 
 
O resultado da análise do projeto de 
viabilidade de substituição de máquina pelo 
método do Valor Presente Líquido (VPL), foi 
positivo na situação apresentada, e conforme os 
dados do fluxo de caixa da empresa, a 
substituição vai gerar valor para a empresa. 
A análise de investimentos pelo método VPL 
mostrou-se de fácil análise para a tomada de 
decisão gerencial. 
As decisões nos projetos da empresa podem 
implicar no sucesso e consolidação da empresa 
no segmento de atuação, por outro lado a decisão 
precipitada, ou sem a devida análise dos dados 
econômicos-financeiros podem deixar a empresa 
em situação difícil com a administração do fluxo de 
caixa e atuação no mercado. 
No projeto de substituição de máquinas novas, 
fatores externos como treinamento, instalação e 
peças de reposição e suporte técnico devem ser 
levados em conta na análise do projeto de 
substituição. 
Também fatores externos do mercado como 
riscos e incertezas, estratégia comercial da 
empresa deve ser considerada para a tomada de 
decisão pela alta administração da empresa. 
 
Referências 
 
ASSAF NETO, A. Matemática Financeira e suas 
Aplicações – 9ª ed. São Paulo: Editora Atlas, 
2007. 
 
BRASIL, H. G. Avaliação Moderna de 
Investimentos – Rio de Janeiro: Qualitymark, 
2002. 
 
DAMODARAN, A. RITTER, J. Finanças 
Corporativas: teoria e prática – 2ª ed. Porto 
Alegre: Bookman, 2004. 
 
GITMAN, L.J. Princípios de Administração 
Financeira – 10ª ed. São Paulo: Pearson Addison 
Wesley, 2004. 
 
HIRSCHFELD, H. Engenharia Econômica e 
Análise de Custos – 7ª ed. São Paulo: Editora 
Atlas, 2007 
 
HIRSHLEIFER, J. On the theory of optimal 
investment decision – The Journal of Political 
Economy, vol 66 – Issue 4, pag 329-352, 1958. 
 
Manual de Operação: Sistema de Corte e 
Goivagem de Metais – revisão 1, Hypertherm Inc. 
USA., 2003. 
 
MOTTA, R.R. [et al.] Engenharia Econômica e 
Finanças – Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. 
 
SOUZA, Alceu., CLEMENTE, Ademir. Decisões 
Financeiras e Análise de Investimento – 6ª ed. 
São Paulo: Editora Atlas, 2008.

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