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Modelos Teóricos de Desenvolvimento de Personalidade

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Capítulo
3
Modelos Teóricos de Desenvolvimento de Personalidade
Conceito fundamental
Personalidade
■ Tópicos do capítulo
Objetivos
Exercício
Teoria psicanalítica
Teoria interpessoal
Teoria do desenvolvimento psicossocial
Teoria das relações objetais
Teoria do desenvolvimento cognitivo
Teoria do desenvolvimento moral
Um modelo de enfermagem – Hildegard E. Peplau
Resumo e pontos fundamentais
Questões de revisão
■ Termos-chave
Desenvolvimento cognitivo
Maturidade cognitiva
Conselheiro
Ego
Id
Libido
Enfermagem psicodinâmica
Superego
Substituto
Simbiose
Especialista técnico
Temperamento
■ Objetivos
Após o término da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de:
1. Definir personalidade.
2. Identificar a relevância do conhecimento associado ao desenvolvimento de personalidade com relação à enfermagem no ambiente psiquiátrico/saúde mental.
3. Discutir os principais componentes das seguintes teorias de desenvolvimento:
a. Teoria psicanalítica – Freud.
b. Teoria interpessoal – Sullivan.
c. Teoria do desenvolvimento psicossocial – Erikson.
d. Teoria do desenvolvimento das relações objetais – Mahler.
e. Teoria do desenvolvimento cognitivo – Piaget.
f. Teoria do desenvolvimento moral – Kohlberg.
g. Modelo de enfermagem de desenvolvimento interpessoal – Peplau.
■ Exercícios
Leia o capítulo e responda às seguintes perguntas:
1. Qual parte da personalidade, de acordo com Freud, é desenvolvida à medida que a criança internaliza os valores e os aspectos morais estabelecidos pelos cuidadores primários?
2. De acordo com Erikson, o que acontece quando o adolescente não domina os feitos de identidade vs. confusão de papéis?
3. De acordo com a teoria de Mahler, o indivíduo com transtorno de personalidade borderline abriga temores de abandono e raiva subjacente com base na fixação em qual estágio de desenvolvimento?
4. Quando Joey vê uma idosa com dificuldades com uma sacola pesada de mercado, ele corre para ajudá-la a levar a sacola até o carro. Isso descreve comportamento em qual estágio de desenvolvimento moral?
O Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fourth Edition, Text Revision [Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, Quarta Edição, Texto Revisado] (DSM-IV-TR) (American Psychiatric Association [APA] {Associação Norte-Americana de Psiquiatria}, 2000) define traços como “padrões persistentes de perceber, relacionar e pensar sobre o meio e si próprio que são manifestos em uma ampla variedade de contextos sociais e pessoais” (p. 686).
As enfermeiras devem ter um conhecimento básico do desenvolvimento da personalidade humana a fim de entender as respostas comportamentais mal-adaptativas encontradas comumente em clientes psiquiátricos. As teorias do desenvolvimento identificam comportamentos associados a diversos estágios ao longo dos quais os indivíduos passam, desse modo especificando o que é apropriado ou inapropriado em cada nível de desenvolvimento.
Os especialistas em desenvolvimento infantil acreditam que a lactância e o início da infância são os principais períodos de vida para a formação e a ocorrência de mudança de desenvolvimento. Especialistas em desenvolvimento do ciclo de vida acreditam que as pessoas continuam a se desenvolver e mudar por toda a vida, desse modo sugerindo a possibilidade para renovação e crescimento em adultos.
Os estágios de desenvolvimento são identificados pela idade. Então os comportamentos podem ser avaliados conforme serem ou não reconhecidos como adequados para a idade. De modo ideal, uma pessoa preenche com sucesso todos os feitos associados a um estágio antes de se mover para o próximo (na idade apropriada). Entretanto, na realidade isto raramente acontece. O motivo está relacionado com o temperamento ou as características natas de personalidade que influenciam a maneira de o indivíduo reagir ao meio e, por fim, sua evolução de desenvolvimento (Chess e Thomas, 1986). O meio ambiente também pode influenciar o padrão de desenvolvimento da pessoa. Os indivíduos criados em um sistema familiar disfuncional, com frequência apresentam retardo no desenvolvimento do ego. De acordo com especialistas em desenvolvimento do ciclo de vida, os comportamentos advindos de um estágio completado sem sucesso podem ser modificados e corrigidos em um estágio posterior.
Os estágios se sobrepõem, e um indivíduo pode estar trabalhando realizações associadas a diversos estágios em um mesmo momento. Quando uma pessoa permanece fixa em um nível mais baixo de desenvolvimento, com comportamentos inapropriados para a idade focados na satisfação dessas tarefas, a psicopatologia pode se tornar evidente. Apenas quando os traços de personalidades forem inflexíveis e mal-adaptativos e provocarem comprometimento funcional ou angústia subjetiva importantes é que constituirão “transtornos de personalidade” (APA, 2000). Esses transtornos são discutidos no Capítulo 34.
Conceito fundamental
Personalidade
Associação entre traços de caráter, comportamento, temperamento, emoção e mente que são únicos a cada indivíduo específico.
Teoria psicanalítica
Sigmund Freud (1961), denominado pai da psiquiatria, é reconhecido como o primeiro a identificar o desenvolvimento em estágios. Ele considerava os cinco primeiros anos da vida de uma criança como os mais importantes porque ele acreditava que o caráter básico de um indivíduo estaria formado até os 5 anos de idade.
A teoria da personalidade de Freud pode ser conceituada de acordo com a estrutura e a dinâmica da personalidade, a topografia da mente e os estágios do desenvolvimento da personalidade.
▶ Estrutura da personalidade
Freud organizou a estrutura da personalidade em três componentes principais: id, ego e superego. Eles são diferenciados por suas funções exclusivas e características diferentes.
■ Id
O id é o local dos impulsos instintivos – o “princípio do prazer”. Presente ao nascimento, dota o bebê com impulsos instintivos que procuram satisfazer as necessidades e alcançar gratificação imediata. Os comportamentos dirigidos pelo id são impulsos e podem ser irracionais.
■ Ego
O ego, também denominado o eu racional ou o “princípio de realidade”, começa a se desenvolver entre os 4 a 6 meses de vida. O ego vivencia a realidade do mundo externo, adapta-se a ela e responde a ela. À medida que o ego se desenvolve e ganha força, procura trazer as influências do mundo externo para controlar o id, para substituir o princípio do prazer pelo princípio de realidade (Marmer, 2003). Uma função primária do ego é a de mediador; ou seja, mantém harmonia entre o mundo externo, o id e o superego.
■ Superego
Se o id é identificado como princípio do prazer, e o ego o princípio de realidade, o superego poderia ser denominado “princípio da perfeição”, O superego, que se desenvolve entre 3 e 6 anos de idade, internaliza os valores e os aspectos morais estabelecidos pelos cuidadores primários. Derivado de um sistema de recompensas e punições, o superego compõe-se de dois aspectos principais: o ego-ideal e a consciência. Quando uma criança é sempre recompensada por “bom” comportamento, a autoestima é estimulada e o comportamento torna-se parte do ego-ideal; ou seja, está internalizado como parte de seu sistema de valores. A consciência é formada quando a criança é punida consistentemente devido a “mau” comportamento. A criança aprende o que é considerado moralmente certo ou errado a partir do feedback recebido das figuras do pai e da mãe e da sociedade ou cultura. Quando os princípios morais e éticos ou mesmo quando ideais e valores internalizados são desconsiderados, a consciência gera um sentimento de culpa dentro do indivíduo. O superego é importante na socialização do indivíduo porque auxilia o ego no controle dos impulsos do id. Quando o superego se torna rígido e punitivo, surgem problemas com baixa autoconfiança e baixa autoestima. Exemplos de comportamentos associados a esses componentes da personalidade são apresentados no Boxe 3.1.
Boxe 3.1 Estrutura da personalidade
Exemplos comportamentaisId
	Ego
	Superego
	“Eu achei esta carteira; vou ficar com o dinheiro.”
	“Eu já tenho dinheiro. Este dinheiro não pertence a mim. Talvez o dono desta carteira não tenha dinheiro algum.”
	“Não é certo pegar alguma coisa que não pertence a você.”
	“Meus pais saíram. Vamos fazer uma festa!”
	“Meus pais falaram que não queriam amigos em casa enquanto eles estivessem fora. É muito arriscado.”
	“Nunca desobedeça a seus pais.”
	“Vou fazer sexo com qualquer pessoa que eu queira, sempre que eu quiser.”
	“A promiscuidade pode ser muito perigosa.”
	“O sexo fora do casamento é sempre errado.”
▶ Topografia da mente
Freud classificou todos os conteúdos e as operações mentais em três categorias: o consciente, o pré-consciente e o inconsciente.
■ O consciente inclui todas as lembranças que permanecem dentro da consciência do indivíduo. É a menor das três categorias. Eventos e experiências que são facilmente relembrados ou recuperados são considerados como estando na mente consciente do indivíduo. Os exemplos incluem números de telefone, aniversários próprios e de pessoas importantes, datas de feriados especiais e o que foi comido no almoço hoje. Acredita-se que a mente consciente esteja sob o controle do ego, que é a estrutura racional e lógica da personalidade.
■ O pré-consciente inclui todas as lembranças que podem ter sido esquecidas ou que não estão na mente consciente atual, porém com atenção, podem ser prontamente relembradas e levadas para o consciente. Os exemplos incluem números de telefornes ou endereços que já foram memorizados, mas pouco usados, e sentimentos associados a eventos importantes da vida que podem ter ocorrido em algum ponto do passado. O pré-consciente estimula o reconhecimento ajudando a suprimir lembranças desagradáveis ou não essenciais da consciência. Acredita-se que esteja parcialmente sob o controle do superego, que ajuda a ocultar pensamentos e comportamentos inaceitáveis.
■ O inconsciente inclui todas as lembranças que a pessoa não consegue levar para a mente consciente. É o maior dos três níveis topográficos. O material inconsciente consiste em lembranças desagradáveis ou não essenciais que foram reprimidas e que podem ser recuperadas apenas por meio de terapia ou hipnose, e mediante certas substâncias que alteram a consciência e têm a capacidade de reestruturar lembranças reprimidas. O material do inconsciente também pode emergir em sonhos e em comportamento aparentemente incompreensível.
▶ Dinâmica da personalidade
Freud acreditava que a energia psíquica é a força ou o ímpeto necessário para o funcionamento mental. Com origem no id, instintivamente satisfaz necessidades fisiológicas básicas. Freud denominou esta energia psíquica (ou o ímpeto de satisfazer as necessidades fisiológicas básicas, tais como fome, sede e sexo) libido. Conforme a criança amadurece, a energia psíquica é desviada do id para formar o ego e, a seguir, do ego para formar o superego. A energia psíquica está distribuída dentro desses três componentes, com o ego retendo a maior parte para manter um equilíbrio entre os comportamentos impulsivos do id e os comportamentos idealistas do superego. Se for reservada uma quantidade excessiva de energia psíquica em um desses componentes da personalidade, o comportamento refletirá aquela parte da personalidade. Por exemplo, prevalece comportamento impulsivo quando energia psíquica excessiva é estocada no id. O superinvestimento no ego reflete comportamentos pensativos, ou narcisistas; um excesso dentro do superego resulta em comportamentos rígidos, autodesvalorizadores.
Freud usava os termos catexia e anticatexia para descrever as forças dentro do id, do ego e do superego que são usadas para investir energia psíquica em fontes externas para satisfação das necessidades. A catexia é o processo pelo qual o id investe energia em um objeto na tentativa de obter gratificação. Um exemplo consiste no indivíduo que instintivamente busca o álcool para aliviar o estresse. A anticatexia é o uso de energia psíquica pelo ego e pelo superego para controlar os impulsos do id. No exemplo citado, o ego tentaria controlar o uso de álcool com um raciocínio lógico, como: “Eu já tenho úlceras devido ao excesso de bebidas. Eu vou chamar meu padrinho de AA para apoio. Eu não vou beber.” O superego exerceria controle com raciocínio do tipo “Eu não devo beber. Se eu beber, minha família sairá magoada e com raiva. Eu devo pensar como isso os afeta. Eu sou uma pessoa tão fraca.” Freud acreditava que um desequilíbrio entre catexia e anticatexia resultava em conflitos internos, produzindo tensão e ansiedade dentro do indivíduo. Anna, filha de Freud, elaborou uma relação abrangente de mecanismos de defesa pretensamente usados pelo ego como um dispositivo de proteção contra ansiedade na mediação entre as exigências excessivas do id e as restrições excessivas do superego (ver Capítulo 2).
▶ Estágios do desenvolvimento da personalidade segundo Freud
Freud descreveu a formação da personalidade por meio de cinco estágios do desenvolvimento psicossexual. Ele enfatizou bastante os primeiros 5 anos de vida e acreditava que as características desenvolvidas durante esses primeiros anos pesam sobre os padrões de adaptação e os traços de personalidade da pessoa na vida adulta. A fixação em um estágio inicial de desenvolvimento resultará quase certamente em psicopatologia. A Tabela 3.1 delineia esses cinco estágios.
■ Estágio oral: nascimento a 18 meses
Durante o estágio oral, o comportamento é dirigido pelo id, e o objetivo consiste na gratificação imediata das necessidades. O foco de energia é a boca, com comportamentos que incluem sugar, mastigar e morder. O lactente tem um forte sentido de ligação e não consegue diferenciar a si próprio da pessoa que cuida dele. Isso inclui sentimentos como ansiedade. Devido a essa falta de diferenciação, um sentimento vago de ansiedade por parte da mãe pode ser transmitido ao seu bebê, deixando-o vulnerável a sentimentos semelhantes de insegurança. Com o início do desenvolvimento do ego dos 4 aos 6 meses de vida, o lactente começa a ver a si próprio como separado da figura materna. Um sentido de proteção e habilidade de confiar nos outros deriva da gratificação do preenchimento das necessidades básicas durante esse estágio.
■ Estágio anal: 18 meses a 3 anos
As principais tarefas do estágio anal são ganhar independência e controle, com foco particular na função excretória. Freud acreditava que a maneira pela qual os genitores e outros cuidadores primários abordam a tarefa do treinamento do banheiro pode ter efeitos futuros sobre a criança em termos de valores e características de personalidade. Quando este treinamento é estrito e rígido, a criança pode optar por reter as fezes, tornando-se constipada. Traços de personalidade de retenção no adulto influenciado por este tipo de treinamento incluem teimosia, avareza e mesquinhez. Uma outra reação ao treinamento estrito no uso do banheiro consiste em a criança expelir fezes de uma maneira inaceitável ou em momentos inapropriados. Os efeitos prolongados deste comportamento incluem malevolência, crueldade com outras pessoas, sentimento de destruição, desorganização e falta de limpeza.
O treinamento do banheiro mais permissivo e aceitador associa o sentimento de importância e desejo à produção de fezes. A criança torna-se extrovertida, produtiva e altruística.
■ Estágio fálico: 3 a 6 anos
	Tabela 3.1 Estágios do desenvolvimento psicossexual de Freud
	Idade
	Estágio
	Principais tarefas de desenvolvimento
	Nascimento a 18 meses
	Oral
	Alívio da ansiedade através da gratificação oral das necessidades
	18 meses a 3 anos
	Anal
	Aprendizagem da independência e do controle, com foco na função excretória
	3 a 6 anos
	Fálico
	Identificação com genitor do mesmo sexo; desenvolvimento de identidade sexual; foco em órgãos genitais
	6 a 12 anos
	Latência
	Sexualmente reprimido; foco em relacionamentos com companheiros do mesmo sexo
	13 a 20 anos
	Genital
	Libido reestimulada conformeos órgãos genitais amadurecem; foco nas relações com membros do sexo oposto
 
No estágio fálico, o foco da energia desvia-se para a área genital. A descoberta de diferenças entre os gêneros resulta em um maior interesse na sexualidade de si e dos outros. Esse interesse pode estar manifesto em autoexploração sexual ou na brincadeira de exploração em grupo. Freud propôs que o desenvolvimento do complexo de Édipo (em homens) ou complexo de Electra (em mulheres) ocorria durante esse estágio do desenvolvimento. Ele descreveu isso como o desejo inconsciente da criança de eliminar o genitor do mesmo sexo e possuir o genitor do sexo oposto para ele ou ela. Resultam os sentimentos de culpa com o surgimento do superego durante esses anos. A resolução de tal conflito interno ocorre quando a criança desenvolve uma forte identificação com o genitor do mesmo sexo, e quando as atitudes, crenças e sistemas de valores parentais são internalizados pela criança.
■ Estágio de latência: 6 a 12 anos
Durante os anos da primeira fase do ciclo escolar, o foco muda do egocentrismo para maior interesse em atividades de grupo, aprendizagem e socialização com indivíduos da mesma faixa. A sexualidade não está ausente durante esse período, mas permanece obscura e imperceptível para as outras pessoas. A preferência é por relacionamentos com crianças do mesmo gênero, até mesmo rejeitando membros do gênero oposto.
■ Estágio genital: 13 a 20 anos
No estágio genital, o amadurecimento dos órgãos genitais resulta no reavivamento do ímpeto libidinoso. O foco situa-se nos relacionamentos com membros do gênero oposto e preparações para a seleção de um companheiro. O desenvolvimento da maturidade sexual evolui da autogratificação até comportamentos considerados aceitáveis pelas normas da sociedade. Os relacionamentos interpessoais baseiam-se no prazer genuíno derivado da interação e não das implicações de satisfazer a si próprio do período das associações infantis.
▶ Relevância da teoria psicanalítica para a prática de enfermagem
O conhecimento da estrutura da personalidade pode auxiliar as enfermeiras que trabalham na unidade de saúde mental. A habilidade de reconhecer comportamentos associados ao id, ao ego e ao superego ajuda na avaliação do nível de desenvolvimento. Compreender o uso de mecanismos de defesa do ego é importante para se fazer determinações sobre comportamentos mal-adaptativos, para o planejamento dos cuidados de clientes para ajudar a criar mudança (se desejado), ou para ajudar os clientes a aceitarem a si próprios como indivíduos únicos.
Recomendação para a prática clínica: avaliação dos comportamentos do paciente
Comportamentos do id
São os comportamentos que seguem o princípio de “se sente bem, faça”.
A aceitabilidade social e cultural não é considerada. Reflete necessidade de gratificação imediata. Indivíduos com id forte mostram pouco remorso (quando mostram) por seu comportamento inaceitável.
Comportamentos do ego
Comportamentos que refletem a parte racional da personalidade. É feito um esforço para postergar gratificação e para satisfazer expectativas da sociedade. O ego usa mecanismos de defesa para enfrentar e recobrar o controle sobre os impulsos do id.
Comportamentos do superego
Comportamentos que são algo inflexíveis e rígidos. Baseados na moralidade e nos valores da sociedade, os comportamentos do superego empenham-se na perfeição. A violação dos padrões do superego gera culpa e ansiedade em um indivíduo que tenha um superego forte.
Teoria interpessoal
Harry Stack Sullivan (1953) acreditava que o comportamento e o desenvolvimento da personalidade de um indivíduo resultam diretamente dos relacionamentos interpessoais. Antes do desenvolvimento de seu próprio referencial teórico, Sullivan abraçou os conceitos de Freud. Mais tarde, mudou o foco de seu trabalho da visão intrapessoal de Freud para outra com características mais interpessoais, em que o comportamento humano seria observado em interações sociais com outros. Suas ideias, que não foram universalmente aceitas naquela época, foram integradas à prática da psiquiatria por meio da publicação apenas após sua morte em 1949. Os principais conceitos de Sullivan incluem:
■ A ansiedade é uma sensação de desconforto emocional, e todo comportamento tem por objetivo o alívio ou a prevenção de tal desconforto. Sullivan acreditava que a ansiedade é a “força de ruptura principal nas relações interpessoais e o principal fator no desenvolvimento de dificuldades sérias em viver”. Tem origem na incapacidade que o indivíduo tem de satisfazer suas necessidades ou de alcançar proteção interpessoal.
■ A satisfação das necessidades é a realização de todas as necessidades associadas ao meio fisioquímico do indivíduo. Sullivan identificou exemplos dessas necessidades como oxigênio, alimento, água, calor, afeto, ternura, repouso, atividade, manifestação sexual – praticamente qualquer coisa que, quando ausente, produz desconforto no indivíduo.
■ A segurança interpessoal é a sensação associada ao alívio da ansiedade. Quando todas as necessidades são satisfeitas, a pessoa vivencia um sentido de completo bem-estar, a que Sullivan denominou segurança interpessoal. Ele acreditava que os indivíduos têm uma necessidade inata de segurança interpessoal.
■ O sistema do self é uma coleção de experiências, ou medidas de seguranca, adotadas pelo indivíduo a fim de se proteger contra ansiedade. Sullivan identificou três componentes do sistema do self que se baseiam em experiências interpessoais no início da vida:
• O “eu bom” é a parte da personalidade que se desenvolve em resposta a feedback positivo oriundo do cuidador primário. Sentimentos de prazer, contentamento e gratificação são vivenciados. A criança aprende qual comportamento provoca essa resposta positiva conforme ela é incorporada no sistema do self.
• O “eu mau” é a parte da personalidade que se desenvolve em resposta a feedback negativo do cuidador primário. A ansiedade é vivenciada, provocando sentimentos de desconforto, desprazer e angústia. A criança aprende a evitar esses sentimentos negativos alterando certos comportamentos.
• O “não eu” é a parte da personalidade que se desenvolve em resposta a situações que produzem intensa ansiedade na criança. Sentimentos de pavor, medo, aversão são vivenciados em resposta a essas situações, levando a criança a negar esses sentimentos no esforço de aliviar a ansiedade. Tais sentimentos, depois de serem negados, se tornam “não eu”, e sim uma outra pessoa. Esse retraimento das emoções tem sérias implicações para transtornos mentais na vida adulta.
▶ Estágios de desenvolvimento da personalidade de Sullivan
■ Infância: nascimento a 18 meses
Durante o estágio inicial, o principal feito de desenvolvimento da criança é a gratificação das necessidades. Isso é conseguido através da atividade associada à boca, como gritar, mamar e chupar o dedo.
■ Fase pré-escolar: 18 meses a 6 anos
Nas idades entre 18 meses a 6 anos, a criança aprende que a interferência com a realização de vontades pessoais e desejos pode resultar no adiamento da gratificação. A criança aprende a aceitar tal fato e se sente confortável assim, reconhecendo que, com frequência, a gratificação tardia resulta em uma aprovação parental, que é um tipo de recompensa mais duradouro. Os instrumentos desse estágio incluem boca, ânus, linguagem, experimentação, manipulação e identificação.
■ Fase juvenil: 6 a 9 anos
O principal feito do estágio juvenil é a formação de relacionamentos satisfatórios com elementos do grupo. Tal fato é alcançado por meio do uso de competição, cooperação e comprometimento.
■ Pré-adolescência: 9 a 12 anos
As realizações no estágio de pré-adolescência concentram-se no desenvolvimento de relações com pessoas do mesmo gênero. A habilidade de colaborar com uma outra pessoa e de mostrar amor e afeto por ela começa nesse estágio.
■ Adolescência inicial: 12 a 14 anos
Durante a puberdade, a criança luta para desenvolver um sentido de identidade separado e independente dos pais. Aprincipal tarefa consiste na formação de relacionamentos satisfatórios com membros do gênero oposto. Sullivan via o surgimento do desejo sexual em resposta a mudanças biológicas como a principal força que ocorre durante esse período.
■ Final da adolescência: 14 a 21 anos
O período tardio da adolescência caracteriza-se por tarefas associadas à tentativa de alcançar independência dentro da sociedade e da formação de relação íntima e duradoura com um membro escolhido do gênero oposto. Os órgãos genitais são o principal foco de desenvolvimento desse estágio.
Um delineamento dos estágios do desenvolvimento da personalidade de acordo com a teoria interpessoal de Sullivan é apresentado na Tabela 3.2.
▶ Relevância da teoria interpessoal para a prática de enfermagem
A teoria interpessoal tem relevância significativa para a prática de enfermagem. O desenvolvimento de relacionamento, que é um conceito importante dessa teoria, é uma intervenção de enfermagem psiquiátrica importante. As enfermeiras desenvolvem relações terapêuticas com os clientes na tentativa de ajudá-los a generalizar tal habilidade para interagirem exitosamente com outras pessoas.
O conhecimento dos comportamentos associados a todos os níveis de ansiedade e métodos para o alívio da ansiedade ajuda as enfermeiras a auxiliar os clientes a alcançar segurança interpessoal e sensação de bem-estar. As enfermeiras usam os conceitos da teoria de Sullivan para ajudar os clientes a alcançarem um grau mais elevado de independência e de funcionamento interpessoal.
	Tabela 3.2 Estágios do desenvolvimento na teoria interpessoal de Sullivan
	Idade
	Estágio
	Principais tarefas do desenvolvimento
	Nascimento a 18 meses
	Infância
	Aliviar a ansiedade por meio da gratificação oral das necessidades
	18 meses a 6 anos
	Pré-escolar
	Aprender a enfrentar uma demora na gratificação pessoal sem ansiedade demasiada
	6 a 9 anos
	Juvenil
	Aprender a formar relacionamentos satisfatórios com pares
	9 a 12 anos
	Pré-adolescência
	Aprender a formar relacionamentos satisfatórios com pessoas do mesmo gênero; iniciar sentimentos de afeição por outra pessoa
	12 a 14 anos
	Adolescência inicial
	Aprender a formar relacionamentos satisfatórios com pessoas do gênero oposto; desenvolver senso de identidade
	14 a 21 anos
	Fase tardia da adolescência
	Estabelecer autoidentidade; vivenciar relacionamentos satisfatórios; trabalhar para desenvolver um relacionamento íntimo duradouro com o gênero oposto
Teoria do desenvolvimento psicossocial
Erik Erikson (1963) estudou a influência dos processos 
sociais sobre o desenvolvimento da personalidade. Ele descreveu oito estágios do ciclo de vida durante os quais os indivíduos lutam com “crises” de desenvolvimento. As realizações específicas associadas a cada estágio devem ser terminadas para a resolução da crise e para que ocorra o crescimento emocional. A Tabela 3.3 apresenta os estágios de desenvolvimento psicossocial de Erikson.
▶ Estágios do desenvolvimento da personalidade de Erikson
■ Confiança versus desconfiança: nascimento até 18 meses
Principal tarefa de desenvolvimento Do nascimento até 18 meses, a principal tarefa consiste em desenvolver uma confiança básica na figura personificada da mãe e aprender a generalizá-la para outrem.
■ Realizar a tarefa resulta em autoconfiança, otimismo, fé na gratificação das necessidades e desejos, assim como esperança no futuro. O lactente aprende a confiar quando as necessidades básicas são satisfeitas de modo consistente.
■ A não realização resulta em insatisfação emocional consigo próprio e com os outros, desconfianca e dificuldade nos relacionamentos interpessoais. A tarefa permanece não resolvida quando os cuidadores primários não conseguem responder ao sinal de angústia do lactente de modo imediato e consistente.
■ Autonomia versus vergonha e dúvida: 18 meses a 3 anos
Principal tarefa do desenvolvimento A principal tarefa durante as idades de 18 meses a 3 anos consiste em garantir algum autocontrole e independência dentro do meio.
■ Realizar a tarefa resulta em um sentido de autocontrole e habilidade de postergar a gratificação, e um sentimento de autoconfiança na habilidade própria de desempenhar funções. A autonomia é alcançada quando os genitores encorajam e proporcionam oportunidades para atividades independentes.
■ A não realização resulta em falta de autoconfiança, falta de orgulho na habilidade de realizar tarefas, sentido de ser controlado por outros e raiva contra si próprio. A tarefa permanece não resolvida quando os cuidadores primários restringem comportamentos independentes, tanto física quanto verbalmente, ou colocam a criança em uma situação de insucesso mediante expectativas não realistas.
■ Iniciativa versus culpa: 3 a 6 anos
Principal tarefa de desenvolvimento Durante as idades de 3 a 6 anos, o objetivo consiste em desenvolver um sentido de propósito e habilidade de iniciar e direcionar as próprias atividades.
	Tabela 3.3 Estágios de desenvolvimento na teoria psicossocial de Erikson
	Idade
	Estágio
	Principais tarefas de desenvolvimento
	Infância (nascimento a 18 meses)
	Confiança vs. desconfiança
	Desenvolver uma confiança básica na figura do cuidador e aprender a generalizá-la para outras pessoas
	Pré-escolaridade inicial. (18 meses a 3 anos)
	Autonomia vs. vergonha e dúvida
	Obter algum autocontrole e independência dentro do meio
	Pré-escolaridade tardia (3 a 6 anos)
	Iniciativa vs. culpa
	Desenvolver um sentido de propósito e habilidade de iniciar e direcionar as próprias atividades
	Idade escolar (6 a 12 anos)
	Construtividade vs. inferioridade
	Alcançar um sentido de autoconfiança por meio do aprendizado, competição, realizar com sucesso, e receber reconhecimento de outras pessoas importantes, pares e conhecidos
	Adolescência (12 a 20 anos)
	Identidade vs. confusão de papéis
	Integrar as tarefas dominadas nos estágios anteriores em uma sensação de segurança do self
	Idade adulta jovem (20 a 30 anos)
	Intimidade vs. isolamento
	Formar um relacionamento intenso e duradouro ou um compromisso com outra pessoa, ou uma causa, instituição ou esforço criativo
	Idade adulta (30 a 65 anos)
	Criação vs. estagnação
	Alcançar os objetivos de vida estabelecidos para si próprio, ao mesmo tempo também considerando o bem-estar de gerações futuras
	Velhice (65 anos até morte)
	Integridade do ego vs. desesperança
	Rever a própria vida e derivar significado dos eventos tanto positivos quanto negativos, ao mesmo tempo alcançando um sentido positivo de autovalorização
 
■ A realização da tarefa resulta na habilidade de exercitar restrição e autocontrole de comportamentos sociais inadequados. A assertividade e confiança aumentam, e a criança aprecia aprender e as realizações pessoais. A consciência se desenvolve, desse modo controlando os comportamentos impulsivos do id. A iniciativa se desenvolve quando a criatividade é estimulada e o desempenho é reconhecido e positivamente reforçado.
■ A não realização resulta em sentimentos de inadequação e sentido de defesa. A culpa é vivenciada a um grau excessivo, até o ponto de aceitar a culpa em situações pelas quais não é responsável. A criança pode ver a si própria como má e merecedora de punição. A tarefa permanece não resolvida quando a criatividade é sufocada e os genitores continuam a esperar um nível mais alto de realização do que a criança produz.
■ Construtividade versus inferioridade: 6 a 12 anos
Principal tarefa do desenvolvimento A principal tarefa para crianças de 6 a 12 anos consiste em alcançar um sentido de autoconfiança por meio do aprendizado, da competição, do desempenhar papéis de modo bem-sucedido, e recebendo reconhecimento das outras pessoas que lhes são importantes, bem como companheiros da idade e conhecidos.
■ A realização da tarefa resulta em um senso de satisfação e prazer na interação e no envolvimento com outras pessoas. O indivíduo domina hábitos de trabalho confiáveis e desenvolve atitudes de confiança.Ele é consciencioso, tem orgulho por realizar as tarefas e gosta de brincar, mas deseja um equilíbrio entre fantasia e atividades do “mundo real”. A construtividade é alcançada quando se dá estímulo para atividades e responsabilidades na escola e na comunidade, e também dentro de casa, além do reconhecimento pelas realizações.
■ A não realização resulta em dificuldade nas relações interpessoais por causa dos sentimentos de inadequação pessoal. O indivíduo nem coopera nem se compromete com outras pessoas em atividades de grupo, nem tampouco resolve problemas ou completa tarefas exitosamente. Esta criança pode se tornar passiva ou submissa ou muito agressiva para ocultar os sentimentos de inadequação. Se isso ocorrer, o indivíduo pode manipular ou violar os direitos dos outros para satisfazer suas próprias necessidades ou próprios desejos; pode vir a ser o workaholic com expectativas irreais para realizações pessoais. Essa tarefa permanece não resolvida quando os genitores estabelecem expectativas não realistas para o filho, quando a disciplina é rígida e tende a comprometer a autoestima e quando as realizações recebem consistentemente feedback negativo.
■ Identidade versus confusão de papéis: 12 a 20 anos
Principal tarefa de desenvolvimento Dos 12 aos 20 anos, o objetivo consiste em integrar as tarefas dominadas nos estágios anteriores em um senso seguro do self.
■ A realização da tarefa consiste em um senso de confiança, estabilidade emocional e uma visão do self como indivíduo único. Os comprometimentos são estabelecidos de acordo com um sistema de valores, de uma escolha da carreira e de relacionamentos com membros de ambos os gêneros. A identidade é alcançada quando os adolescentes vivenciam independência por meio da tomada de decisões que influenciam sua vida. Os genitores devem estar disponíveis para oferecer apoio quando necessário, mas devem relegar o controle gradualmente ao indivíduo que está em processo de amadurecimento no esforço de estimular o desenvolvimento de um senso independente de self.
■ A não realização resulta em um senso de constrangimento, dúvida e confusão sobre o seu papel na vida. Os valores ou objetivos pessoais não existem para a vida dessa pessoa. Os comprometimentos prolongados com relacionamentos não existem. Com frequência, uma falta de autoconfiança é expressa por comportamento deliquente ou rebelde. Entrar na vida adulta, com suas responsabilidades relacionadas, pode ser um temor subjacente. Essa tarefa pode permanecer não resolvida por muitos motivos. Os exemplos incluem:
• Quando a independência é desencorajada pelos genitores, e o adolescente é educado na posição dependente da família
• Quando a disciplina dentro de casa foi muito severa, inconsistente ou ausente
• Quando houve rejeição dos genitores ou frequente mudança de figuras parentais
■ Intimidade versus isolamento: 20 a 30 anos
Principal tarefa de desenvolvimento O objetivo das pessoas de 20 a 30 anos consiste em formar um relacionamento duradouro e intenso, ou um compromisso, com uma outra pessoa, uma causa, uma instituição ou um esforço criativo (Murray, Zentner e Yakimo, 2008).
■ A realização da tarefa resulta na capacidade de amor e respeito mútuos entre duas pessoas e na habilidade de um indivíduo de se comprometer por completo com outro. A intimidade vai além do contato sexual entre duas pessoas. Descreve um comprometimento em que são feitos sacrifícios pessoais por uma outra pessoa, ou, se o indivíduo escolher, pode ser uma carreira ou um outro tipo de causa ou envolvimento que a pessoa elege para devotar sua vida. A intimidade é alcançada quando um indivíduo desenvolveu a capacidade de se dar a um outro. Isso é aprendido quando a pessoa foi o receptor deste tipo de proposta dentro da unidade familiar.
■ A não realização resulta em retraimento, isolamento social e solidão. O indivíduo não consegue formar relacionamentos íntimos duradouros, com frequência procurando intimidade por meio de numerosos contatos sexuais superficiais. Nenhuma carreira é estabelecida; a pessoa pode ter um histórico de mudanças ocupacionais (ou pode temer mudança e, desse modo, permanecer em uma situação profissional indesejável). A tarefa continua não resolvida quando o amor em casa foi ausente ou distorcido nos anos de juventude (Murray et al., 2008). A pessoa não consegue alcançar a habilidade de dar de si sem ter sido o receptor de tal sentimento inicialmente a partir dos cuidadores primários.
■ Produtividade versus estagnação ou autocomiseração: 30 a 65 anos
Principal tarefa do desenvolvimento A principal tarefa neste estágio consiste em alcançar os objetivos de vida estabelecidos para si, ao mesmo tempo considerando o bem-estar das gerações futuras.
■ Realizar esta tarefa resulta no senso de gratificação pelas realizações pessoais e profissionais, e das contribuições significativas para outrem. O indivíduo é ativo na sociedade. A produtividade é alcançada quando a pessoa expressa satisfação com este estágio na vida e demonstra responsabilidade por deixar o mundo um lugar melhor para se viver.
■ A não realização resulta em falta de preocupação pelo bem-estar de outrem e total preocupação com o self. A pessoa se torna retraída, isolada e extremamente comodista, sem capacidade de dar de si para os outros. A tarefa continua não resolvida quando as tarefas de desenvolvimento anteriores não são realizadas e a pessoa não alcança o grau de maturidade necessário para se sentir gratificada pela preocupação pessoal com o bem-estar de outros.
■ Integridade do ego versus desesperança: 65 anos de vida até a morte
Principal tarefa do desenvolvimento Entre os 65 anos de idade e a morte, o objetivo consiste em rever a própria vida e dar significado aos eventos tanto positivos quanto negativos, ao mesmo tempo alcançando um senso positivo de si próprio.
■ A realização das tarefas resulta em uma sensação de autovalorização e de autoaceitação conforme se revisa os objetivos de vida, aceitando que alguns foram alcançados e outros, não. O indivíduo confere senso de dignidade pelas suas experiências de vida e não teme a morte, vendo-a, em vez disso, como uma outra fase de desenvolvimento. A integridade do ego é alcançada quando os indivíduos completam exitosamente as tarefas desenvolvimentais dos outros estágios e têm pouco desejo de fazer mudanças importantes no modo como sua vida tem progredido.
■ A não realização resulta em um senso de autodesvalorização e desgosto quanto ao modo como a vida evoluiu. O indivíduo gostaria de começar de novo e ter uma segunda chance na vida. Ele se sente sem valor e sem chance de mudar. Raiva, depressão e solidão são evidentes. O foco pode estar em insucessos passados ou insucessos percebidos. A morte iminente é temida ou negada ou podem prevalecer ideias de suicídio. A tarefa continua não resolvida quando as tarefas iniciais não são realizadas: autoconfiança, preocupação por outrem e forte senso de autoidentidade nunca foram alcançados.
▶ Relevância da teoria do desenvolvimento psicossocial para a prática de enfermagem
A teoria de Erikson é particularmente relevante para a prática de enfermagem porque incorpora conceitos socioculturais no desenvolvimento da personalidade. Erikson proporciona uma abordagem gradual sistemática e delineia tarefas específicas que devem ser completadas durante cada estágio. Essas informações podem ser usadas de modo razoavelmente rápido na enfermagem de saúde mental/psiquiátrica. Muitos indivíduos com problemas de saúde mental ainda estão lutando para alcançar feitos de diversos estágios do desenvolvimento. As enfermeiras podem planejar assistência para auxiliar esses indivíduos a realizarem tais tarefas e mudarem para um nível mais elevado de desenvolvimento.
Recomendação para a prática clínica: durante a avaliação, as enfermeiras podem determinar se um cliente está enfrentando dificuldades associadas a tarefas de vida específicas conforme descritas por Erikson. O conhecimento sobre o nível de desenvolvimento de um cliente, junto a outros dados dohistórico de enfermagem, pode ajudar a identificar intervenções precisas de enfermagem.
Teoria das relações objetais
Margaret Mahler (Mahler, Pine e Bergman, 1975) formulou uma teoria que descreve o processo separação-individualização pelo qual o lactente se destaca da figura materna (cuidador primário). Ela descreveu esse processo como uma evolução ao longo de três fases principais. Ela adicionalmente dividiu a fase III, fase de separação-individualização, em quatro subfases. A teoria desenvolvimental de Mahler está mostrada na Tabela 3.4.
▶ Fase I: fase autística (nascimento a 1 mês)
Na fase autística, também denominada autismo normal, o lactente existe em um estado de meio acordado e meio dormindo e não percebe a existência de outras pessoas ou de um meio externo. A satisfação das necessidades básicas para a sobrevivência e conforto é o foco e é meramente aceita conforme acontece.
▶ Fase II: fase simbiótica (1 a 5 meses)
A simbiose é um tipo de “fusão psíquica” de mãe e filho. A criança vê a si própria como uma extensão da mãe, porém, com o desenvolvimento da consciência de que é a mãe que satisfaz todas as suas necessidades. Mahler sugeriu que a ausência da figura materna ou a rejeição pela mãe nesta fase pode levar à psicose simbiótica.
	Tabela 3.4 Estágios do desenvolvimento na teoria de relações objetais de Mahler
	Idade
	Fase/subfase
	Principais marcos de desenvolvimento
	Nascimento a 1 mês
	I. Autismo normal
	Satisfação das necessidades básicas para sobrevivência e conforto.
	1 a 5 meses
	II. Simbiose
	Desenvolvimento da consciência quanto à fonte externa de satisfação de necessidades.
	 
	III. Separação-individuação
	 
	5 a 10 meses
	a. Diferenciação
	Começo de um reconhecimento básico da separação da figura materna.
	10 a 16 meses
	b. Prática
	Aumento da independência por meio de funcionamento locomotor; aumento do senso de separação do self.
	16 a 24 meses
	c. Reaproximação (rapprochement)
	Conscientização aguda da separação do self; aprendizado de procurar “recarga emocional” a partir da figura materna a fim de manter sentimento de proteção.
	24 a 36 meses
	d. Consolidação
	Senso de separação estabelecido; a caminho da constância objetal (i. e., capaz de internalizar uma imagem sustentada do objeto/pessoa amado quando fora da visão); resolução da ansiedade da separação.
▶ Fase III: separação-individuação (5 a 36 meses)
Esta terceira fase representa o que Mahler denominou “nascimento psicológico” da criança. A separação é definida como a obtenção física e psicológica de um senso de diferenciação pessoal da figura materna. A individuação ocorre com um fortalecimento do ego e uma aceitação do senso de “próprio”, com limites independentes do ego. São descritas quatro subfases ao longo das quais a criança evolui em sua progressão de extensão simbiótica da figura materna até um ser distinto e separado.
■ Subfase 1: diferenciação (5 a 10 meses)
A fase de diferenciação começa com os movimentos físicos iniciais da criança para longe da figura materna. Começa um reconhecimento básico da separação.
■ Subfase 2: prática (10 a 16 meses)
Com o avanço das funções locomotoras, a criança vivencia sentimentos de exultação pela independência maior. Ela consegue se movimentar para perto e para longe da figura materna. Manifesta-se um senso de onipotência.
■ Subfase 3: reaproximação (rapprochement) (16 a 24 meses)
Essa terceira subfase, reaproximação, é extremamente crítica para o desenvolvimento do ego sadio da criança. Durante esse período, a criança torna-se cada vez mais consciente de ser um ente separado da figura materna, ao passo que o senso de destemor e onipotência diminui. A criança, agora reconhecendo a mãe como um indivíduo separado, deseja restabelecer intimidade com ela, porém evita o reengolfamento total do estágio simbiótico. A necessidade consiste em a figura materna estar disponível para proporcionar “recarga emocional” quando necessário.
A resposta da figura materna à criança é crítica nessa subfase. Se ela estiver disponível para satisfazer às necessidades emocionais conforme surjam, a criança desenvolverá um sentido de proteção sabendo que é amada e não será abandonada. Entretanto, se as necessidades emocionais não forem satisfeitas de modo consistente ou se a mãe recompensa comportamentos dependentes e pegajosos, e suspende os cuidados quando a criança demonstra independência, sentimentos de raiva e temor de abandono desenvolvem-se e, com frequência, persistem na vida adulta.
■ Subfase 4: consolidação (24 a 36 meses)
Com a chegada da subfase de consolidação, estão estabelecidos por definitivo a individualidade e o senso de separação de si próprio. Os objetos são representados como um todo, com a criança apresentando a habilidade de integrar tanto o “bom” quanto o “mau”. Estabelece-se um grau de constância do objeto à medida que a criança consegue internalizar uma imagem sustentada da figura materna como duradoura e cheia de amor, ao mesmo tempo mantendo a percepção de si como uma pessoa separada no mundo externo.
▶ Relevância da teoria das relações 
 objetais para a prática de enfermagem
Compreender os conceitos da teoria de Mahler das relações objetais auxilia a enfermeira a avaliar o nível de individuação do cliente quanto aos cuidadores primários. Os problemas emocionais de muitos indivíduos podem ser rastreados até a não realização das tarefas de separação/individuação. Os exemplos incluem problemas relacionados com dependência e ansiedade excessiva. O indivíduo com transtorno de personalidade borderline provavelmente se encontra fixado na fase de desenvolvimento reaproximação, abrigando temores de abandono e raiva subjacente. Esse conhecimento é importante para a promoção de cuidados de enfermagem a esses indivíduos.
Teoria do desenvolvimento cognitivo
Jean Piaget (Piaget e Inhelder, 1969) é chamado de pai da psicologia infantil. Seu trabalho relacionado com o desenvolvimento cognitivo em crianças baseia-se na premissa de que a inteligência humana é uma extensão da adaptação biológica, ou a habilidade de uma pessoa de se adaptar psicologicamente ao meio. Ele acreditava que a inteligência humana evolui ao longo de uma série de estágios relacionados com a idade, demonstrando a cada estágio sucessivo um nível mais elevado de organização lógica que nos estágios anteriores.
A partir de seus extensos estudos sobre desenvolvimento cognitivo em crianças, Piaget descobriu quatro estágios principais, e ele acreditava que cada um deles era um pré-requisito necessário para um outro que sucedia. Um esboço é apresentado na Tabela 3.5.
▶ Estágio 1: sensório-motor (nascimento a 2 anos)
No começo da vida, a criança está preocupada apenas com a satisfação das necessidades básicas e conforto. O self não está diferenciado do meio externo. À medida que o senso de diferenciação ocorre, com o aumento da mobilidade e da consciência, o sistema mental é expandido. A criança desenvolve uma compreensão maior com relação aos objetos dentro do meio externo e seus efeitos sobre si. O conhecimento é obtido com relação à habilidade de manipular objetos e experiências dentro do meio. O sentido de permanência objetal – noção de que um objeto continuará a existir quando não mais estiver presente aos sentidos – é iniciado.
▶ Estágio 2: pré-operatório (2 a 6 anos)
Piaget acreditava que o pensamento pré-operatório caracteriza-se por egocentrismo. As experiências pessoais são consideradas universais, e a criança não consegue aceitar os diferentes pontos de vista das outras pessoas. O desenvolvimento da linguagem evolui, assim como a habilidade de atribuir significado especial a gestos simbólicos (p. ex., levar um livro de histórias para a mãe é um convite simbólico de que se leia uma história). Com frequência, objetos inanimados são vistos como reais. A permanência objetal culmina na habilidade de evocar representações mentais de objetos ou pessoas.
▶ Estágio 3: operações concretas (6 a 12 anos)
A habilidade de aplicar lógica ao raciocínio começanesse estágio; porém, o “concreto” ainda predomina. Desenvolve-se uma compreensão dos conceitos de reversibilidade e espacialidade. Por exemplo, a criança reconhece que mudar a forma de objetos não necessariamente muda a quantidade, o peso ou o volume, ou a habilidade do objeto de retornar a sua forma original. Um outro feito nesse estágio é a habilidade de classificar objetos por qualquer uma de suas diversas características. Por exemplo, a criança pode classificar todos os poodles como cães, mas reconhece que todos os cães não são poodles.
O conceito de um ser (self) cheio de regras desenvolve-se nesse estágio, conforme a criança torna-se mais socializada e consciente das regras. O egocentrismo diminui, a habilidade de cooperar em interações com outras crianças aumenta e a compreensão e a aceitação de regras estabelecidas crescem.
	Tabela 3.6 Estágios de Kohlberg de desenvolvimento moral
	Nível/idade*
	Estágio
	Foco do desenvolvimento
	
	I. Pré-convencional (comum a partir de 4 a 10 anos)
	1. Punição e orientação à obediência
	Comportamento motivado por medo de punição.
	
	 
	2. Orientação relativista instrumental
	Comportamento motivado por egocentrismo e preocupação consigo próprio.
	
	II. Convencional (comum a partir de 10 a 13 anos, e até a vida adulta)
	3. Orientação de concordância interpessoal
	Comportamento motivado por expectativas de outras pessoas; forte desejo de aprovação e aceitação.
	
	 
	4. Orientação pela lei e pela ordem
	Comportamento motivado por respeito pela autoridade.
	
	III. Pós-convencional (pode ocorrer a partir da adolescência em diante)
	5. Orientação de contrato social e legal
	Comportamento motivado por respeito a leis e princípios morais e universais; guiado por conjunto interno de valores.
	
	 
	6. Orientação de princípios éticos universais
	Comportamento motivado por princípios internalizados de honra, justiça e respeito pela dignidade humana; guiado pela consciência.
	
*As idades na teoria de Kohlberg não estão bem definidas. O estágio de desenvolvimento é determinado pela motivação por trás do comportamento do indivíduo.
■ Estágio 2: orientação relativista instrumental
Os comportamentos no estágio de orientação relativista instrumental são guiados por egocentrismo e preocupação por si. Existe um intenso desejo de satisfazer às próprias necessidades, mas ocasionalmente as necessidades de outrem são consideradas. Na maior parte das vezes, as decisões baseiam-se em benefícios pessoais derivados (p. ex., “Farei isso se ganhar alguma coisa em retorno”, ou ocasionalmente, “…porque você me pediu”).
▶ Nível II: nível convencional (proeminente das idades de 10 a 13 anos e até a vida adulta)*
■ Estágio 3: orientação de concordância interpessoal
O comportamento no estágio de orientação de concordância interpessoal é guiado pelas expectativas de outros. A aprovação e a aceitação dentro do grupo social de uma pessoa proporcionam o incentivo para agir de acordo (p. ex., “Farei porque você me pediu,” “…porque vai ajudar você”, ou “…porque vai agradar a você”).
■ Estágio 4: orientação pela lei e ordem
No estágio de orientação pela lei e ordem, há um respeito pessoal pela autoridade. As regras e as leis são necessárias e se sobrepujam aos princípios pessoais e do grupo. A crença é a de que todos os indivíduos e grupos estão sujeitos ao mesmo código de ordem, e ninguém pode estar isento (p. ex., “Farei isso porque é a lei”).
▶ Nível III: nível pós-convencional (pode ocorrer da adolescência em diante)
■ Estágio 5: orientação legal de contrato social
Os indivíduos que alcançam o estágio 5 desenvolveram um sistema de valores e princípios que determinam o que é certo ou errado; os comportamentos são guiados de modo aceito por esse sistema de valores, desde que não violem os direitos humanos de outrem. Acreditam que todos os indivíduos têm o direito de determinados direitos humanos inerentes, e vivem de acordo com leis e princípios universais. Entretanto, sustentam a ideia de que as leis estão sujeitas a escrutínio e alteração conforme as necessidades dentro da sociedade evoluem e mudam (p. ex., “Farei isso porque é a moral e coisa legal para ser feita, embora não seja minha escolha pessoal”).
■ Estágio 6: orientação de princípios éticos universais
O comportamento no estágio 6 está direcionado por princípios internalizados de honra, justiça e respeito pela dignidade humana. Suas leis são abstratas e não escritas, como a “Regra de Ouro”, a “igualdade de direitos humanos”, e a “justiça para todos”. Não são as regras concretas estabelecidas pela sociedade. A consciência é o guia, e quando o indivíduo não consegue realizar os comportamentos 
que esperava, a consequência pessoal é culpa intensa. A obediência a esses princípios éticos é tão forte que o indivíduo os seguirá mesmo sabendo que resultarão em consequências negativas (p. ex., “farei isso porque acho que é a coisa certa a fazer, embora seja ilegal e eu seja preso por fazer isso”).
▶ Relevância da teoria do desenvolvimento moral para a prática de enfermagem
O desenvolvimento moral tem relevância para a enfermagem psiquiátrica porque ele afeta o raciocínio crítico acerca de como os indivíduos devem se comportar e tratar as outras pessoas. O comportamento moral reflete o modo como uma pessoa interpreta respeito básico por outras pessoas, como o respeito pela vida humana, pela liberdade, justiça ou confidencialidade. As enfermeiras psiquiátricas devem ser capazes de avaliar o nível de desenvolvimento moral de seus clientes a fim de serem capazes de ajudá-los no esforço de avançar progressivamente em direção a um nível mais elevado de maturidade de desenvolvimento.
Modelo de enfermagem – Hildegard E. Peplau
Peplau (1991) aplicou a teoria interpessoal à prática de enfermagem e, mais especificamente, ao desenvolvimento da relação enfermeira-cliente. Ela promoveu um arcabouço para a “enfermagem psicodinâmica”, que é o envolvimento interpessoal da enfermeira com um cliente em uma determinada situação de enfermagem. Peplau afirmou: “A enfermagem é útil quando tanto o paciente quanto a enfermeira crescem em decorrência do aprendizado que ocorre na situação de enfermagem” (p. ix).
Peplau correlacionou os estágios de desenvolvimento da personalidade na infância com estágios ao longo dos quais os clientes avançam durante a evolução de uma doença. Ela também considerava essas experiências interpessoais como situações de aprendizagem para enfermeiras a fim de facilitar um movimento adiante no desenvolvimento da personalidade. Ela acreditava que, quando existe completude dos feitos psicobiológicos associados à relação enfermeira-cliente, a personalidade de ambos pode ser fortalecida. Os conceitos fundamentais incluem:
■ A enfermagem é um relacionamento humano entre um indivíduo doente, ou com necessidade de serviços de saúde, e uma enfermeira especialmente educada para reconhecer a necessidade de ajuda e responder a ela.
■ A enfermagem psicodinâmica consiste em ser capaz de entender o próprio comportamento, ajudar os outros a identificar dificuldades percebidas e aplicar princípios de relações humanas nos problemas que surgem em todos os níveis de experiência.
■ Os papéis são conjuntos de valores e comportamentos específicos para posições funcionais dentro de estruturas sociais. Peplau identificou os seguintes papéis de enfermagem:
• Uma pessoa de recursos que proporciona informações necessárias específicas, ajudando o cliente a entender seu problema e a nova situação.
• Uma conselheira que ouve o que o cliente relata sobre os sentimentos relacionados com as dificuldades que está enfrentando em qualquer aspecto da vida. Foram identificadas “técnicas interpessoais” que facilitam a interação da enfermeira no processo de resolução de problemas do cliente e tomada de decisões relacionadas com essas dificuldades.
• Uma professora que identifica as necessidades de aprendizagem e dá informações ao cliente ou à família que podem ajudar na melhora da situação de vida.
• Uma líderque direciona a interação enfermeira-cliente e assegura que ações apropriadas sejam tomadas a fim de facilitar a completude dos objetivos determinados.
• Uma especialista técnica que entende diversos dispositivos profissionais e possui as habilidades clínicas necessárias para realizar as intervenções que são do melhor interesse para o cliente.
• Uma substituta que funciona como figura representante de outra pessoa.
As fases do relacionamento enfermeira-cliente são estágios de papéis ou funções sobrepostas em relação aos problemas de saúde, durante as quais a enfermeira e o cliente aprendem a trabalhar em conjunto a fim de resolver dificuldades. Peplau identificou quatro fases:
■ A orientação é a fase durante a qual cliente, enfermeira e família trabalham juntos para reconhecer, esclarecer e definir o problema existente.
■ A identificação é a fase após aquela em que a impressão inicial do cliente foi esclarecida e quando ele começa a responder seletivamente àqueles que parecem oferecer ajuda necessária. Os clientes podem responder em uma dentre três maneiras: (1) com base na participação ou relações interdependentes com a enfermeira; (2) com base na independência ou isolamento da enfermeira; ou (3) com base no desamparo ou dependência da enfermeira (Peplau, 1991).
■ A exploração é a fase durante a qual o cliente continua a tirar vantagem plena dos servicos oferecidos a ele. Tendo sabido quais serviços estão disponíveis, sentindo-se confortável no ambiente e funcionando como um participante ativo na própria assistência à saúde, o cliente explora os serviços disponíveis e todas as possibilidades da situação em mudança.
■ A resolução ocorre quando o cliente torna-se livre da identificação com as pessoas que o auxiliam e junta força para assumir independência. A resolução é a consequência direta da completação exitosa das outras três fases.
▶ Estágios do desenvolvimento da personalidade de Peplau
Os feitos psicológicos são lições de desenvolvimento que devem ser aprendidas no caminho para alcançar o amadurecimento da personalidade. Peplau identificou quatro feitos psicológicos que ela associou aos estágios da infância e da pré-escola descritos por Freud e Sullivan. Ela afirmou:
Quando os feitos psicológicos são aprendidos exitosamente a cada estágio de desenvolvimento, as capacidades biológicas são usadas de modo produtivo e as relações com as pessoas levam ao viver produtivo. Quando não são aprendidos com sucesso, são transmitidos para a vida adulta e tentativas de aprendizagem continuam em caminhos duvidosos, mais ou menos impulsionados por adaptações convencionais que proporcionam uma superestrutura sobre a base do real aprendizado. (Peplau, 1991, p. 166)
No contexto de enfermagem, Peplau (1991) relacionou esses quatros feitos psicológicos com as demandas impostas sobre as enfermeiras em suas relações com clientes. Ela manteve o seguinte:
A enfermagem pode funcionar como uma força de amadurecimento na sociedade. Como a doença é um evento vivenciado junto a sentimentos que derivam de experiências antigas, mas são revividos na relação entre enfermeira e paciente, essa relação é vista como uma oportunidade para as enfermeiras de auxiliar os pacientes a completar os feitos psicológicos não terminados da infância, até certo grau. (p. 159)
Os feitos psicológicos de Peplau do desenvolvimento da personalidade incluem os quatro estágios delineados nos parágrafos seguintes. Um delineamento dos estágios de desenvolvimento de personalidade de acordo com a teoria de Peplau é apresentado na Tabela 3.7.
■ Aprender a contar com os outros
As enfermeiras e os clientes se encontram primeiramente como estranhos. Os dois levam para a relação certas “matérias-primas”, como componentes biológicos herdados, características de personalidade (temperamento), capacidade intelectual individual e influências culturais ou ambientais específicas. Peplau relacionou-as com as mesmas “matérias-primas” com as quais um lactente vem ao mundo. O neonato é capaz de experimentar conforto e desconforto. Ele logo aprende a comunicar os sentimentos de uma maneira que resulta na satisfação das necessidades de conforto pela figura materna que proporciona amor e cuidados incondicionalmente. Entretanto, a satisfação dessas necessidades dependentes é inibida quando os objetivos da figura materna tornam-se o foco, o amor e os cuidados são contingenciados para a satisfação das necessidades do cuidador e não do lactente.
	Tabela 3.7 Estágios do desenvolvimento na teoria interpessoal de Peplau
	Idade
	Estágio
	Principais feitos de desenvolvimento
	Lactância
	Aprender a contar com os outros
	Aprender a se comunicar de diversos modos com o cuidador primário a fim de ter as necessidades de conforto satisfeitas.
	Pré-escolaridade inicial
	Aprender a postergar a satisfação
	Aprender a satisfação de agradar aos outros ao postergar a autogratificação de pequenas maneiras.
	Pré-escolaridade tardia
	Identificar a si próprio
	Aprender os papéis e comportamentos apropriados ao adquirir a habilidade de perceber as expectativas de outrem.
	Idade escolar
	Desenvolver habilidades na participação
	Aprender as habilidades de comprometimento, competição e cooperação com outrem; estabelecimento deu uma visão mais realista do mundo e um sentimento de seu lugar nesse mundo.
 
Os clientes com necessidades de dependência não satisfeitas regridem durante a doença e demonstram comportamentos que se relacionam com esse estágio de desenvolvimento. Outros clientes regridem até esse nível por causa das incapacidades físicas associadas a sua doença. Peplau acreditava que, quando as enfermeiras proporcionam cuidados incondicionais, ajudam esses clientes a evoluir para níveis mais maduros de funcionamento. Isso pode envolver o papel de “mãe postiça”, no qual a enfermeira satisfaz as necessidades do cliente com a intenção de ajudá-lo a crescer, amadurecer e tornar-se mais independente.
■ Aprender a postergar satisfação
Peplau relacionou esse estágio ao da pré-escolaridade inicial, ou o primeiro passo no desenvolvimento de relações sociais interdependentes. Psicossexualmente, é comparado ao estágio anal de desenvolvimento, quando uma criança aprende que, por causa de aspectos culturais, ela não pode evacuar para alívio de desconforto quando ela quer, e sim, precisa esperar para usar o toalete, que é considerado mais culturalmente aceito. Quando ocorre o treinamento do toalete muito cedo ou quando esse treinamento é muito rígido, ou quando o comportamento apropriado é estabelecido como uma condição para amor e cuidado, os feitos associados a esse estágio permanecem não realizados. A criança sente-se incapaz e não consegue aprender a satisfação de agradar os outros por postergar a autogratificação de pequenas maneiras. Ela também pode exibir comportamento rebelde por não conseguir suprir as demandas da figura materna no esforço de contrabalançar os sentimentos de impotência. A criança pode realizar isso retendo o produto fecal ou não conseguindo depositá-lo na maneira culturalmente aceita.
Peplau citou Fromm (1949) na descrição dos seguintes comportamentos potenciais de indivíduos que não conseguiram completar os feitos do segundo estágio de desenvolvimento:
■ Exploração e manipulação dos outros para satisfazer seus próprios desejos porque não conseguem fazê-lo independentemente.
■ Suspeita e inveja dos outros, direcionando hostilidade para as outras pessoas no esforço de melhorar sua própria autoimagem.
■ Subtração e posse de objetos dos outros; mesquinhez.
■ Organização e pontualidade excessivas.
■ Incapacidade de se relacionar com os outros por meio do compartilhamento de sentimentos, ideias ou experiências.
■ Habilidade de variar as características de personalidade para as pessoas necessárias para satisfazer desejos pessoais em um determinado momento.
Quando as enfermeiras observam esses tipos de comportamento nos clientes, é importante encorajar a expressão plena e transmitir aceitação incondicional. Quando o cliente aprendea se sentir seguro e incondicionalmente aceito, ele será mais passível de deixar-se ir para o comportamento oposto e avançar na evolução desenvolvimental. Peplau (1991) afirmou:
As enfermeiras que auxiliam os pacientes a se sentir seguros, de modo que as vontades possam ser expressas e a satisfação por fim alcançada, também os ajudam a fortalecer o poder pessoal necessário para atividades sociais produtivas. (p. 207)
■ Identificar a si próprio
“Um conceito de self desenvolve-se como um produto da interação com adultos” (Peplau, 1991, p. 211). Uma criança aprende a estruturar o autoconceito por meio da observação de como as outras pessoas interagem com ela. Os papéis e os comportamentos são estabelecidos com base na percepção que a criança tem das expectativas dos outros. Quando as crianças percebem que os adultos esperam que elas mantenham papéis mais ou menos permanentes como lactentes, percebem a si próprias como incapazes e dependentes. Quando a expectativa percebida é a de que a criança deve se comportar de uma maneira além de seu nível de amadurecimento, essa criança fica privada da satisfação das necessidades e crescimento emocionais nos níveis mais baixos de desenvolvimento. As crianças que são livres para responder a situações e experiências incondicionalmente (ou seja, com comportamentos associados para seus sentimentos) aprendem a melhorar e reconstruir respostas comportamentais no seu próprio passo individual. Peplau (1991) afirmou: “As maneiras pelas quais os adultos elogiam a criança e a maneira como ela funciona em relação a suas experiências e percepções são assumidas ou introjetadas e se tornam a visão que a criança tem de si própria” (p. 213).
Na enfermagem, é importante para a enfermeira reconhecer indicações que comunicam o modo como o cliente se sente sobre si próprio e sobre o problema médico presente. Na interação inicial, é difícil para a enfermeira perceber a “totalidade” do cliente, porque o foco se encontra no distúrbio que o levou a procurar ajuda. Da mesma forma, é difícil para o cliente perceber a enfermeira como a “mãe (ou pai)” ou “mulher de alguém (ou marido)” ou como tendo uma vida além de estar lá para oferecer assistência para o problema imediato que o levou lá. À medida que a relação se desenvolve, as enfermeiras devem ser capazes de reconhecer os comportamentos do cliente que indicam necessidades não satisfeitas e proporcionar experiências que promovam crescimento. Por exemplo, o cliente que muito orgulhosamente anuncia que completou as atividades da vida diária independentemente e quer que a enfermeira vá e inspecione seu quarto pode ainda estar criando reforço positivo associado aos níveis mais baixos de desenvolvimento.
As enfermeiras também devem estar cientes dos fatores predisponentes que levam para a relação. Atitudes e crenças sobre determinadas questões podem ter um efeito prejudicial sobre o cliente e interferir não apenas com a relação terapêutica, mas também com a habilidade do cliente de crescer e se desenvolver. Por exemplo, uma enfermeira que tenha fortes crenças contra o aborto pode tratar uma cliente que acabou de fazer um aborto com desaprovação e desrespeito. A enfermeira pode responder desse modo sem nem mesmo dar-se conta de que está fazendo isso. As atitudes e os valores são introjetados durante o início do desenvolvimento e podem estar tão completamente integrados de modo a se tornar uma parte do autossistema. As enfermeiras precisam ter conhecimento e apreciação de seu próprio conceito de self a fim de desenvolver a flexibilidade necessária para aceitar todos os clientes do modo que eles são, incondicionalmente. A resolução efetiva dos problemas que surgem na relação interdependente pode ser o meio tanto para o cliente quanto para a enfermeira de reforçar traços positivos de personalidade e modificar aquelas visões mais negativas de si próprio.
■ Desenvolvimento de habilidades em participação
Peplau citou a descrição de Sullivan (1953) do estágio “juvenil” de desenvolvimento de personalidade (dos 6 até os 9 anos). Durante esse estágio, a criança desenvolve a capacidade de “comprometer-se, competir e cooperar” com outras. Essas habilidades são consideradas básicas para a habilidade de uma pessoa participar colaborativamente com outras. Se uma criança tenta usar as habilidades de um nível mais anterior de desenvolvimento (p. ex., chorando, se lamuriando, exigindo), ela será rejeitada pelos companheiros desse estágio juvenil. À medida que esse estágio progride, as crianças começam a ver a si mesmas pelos olhos de seus companheiros. Sullivan (1953) denominou esse fenômeno “validação consensual”. Pré-adolescentes adotam uma visão mais realista do mundo e um sentimento de seu lugar nele. A capacidade de amar outros (além da figura materna) desenvolve-se nesse momento e é expressa em relação à autoaceitação de um indivíduo.
Não conseguir desenvolver habilidades apropriadas em algum momento ao longo da evolução desenvolvimental resulta na dificuldade do indivíduo em participar do confronto de problemas recorrentes da vida. Não é responsabilidade da enfermeira ensinar soluções para problemas e sim ajudar os clientes a melhorar suas habilidades de resolução de problemas de modo que eles possam alcançar sua própria resolução. Isso é feito por meio do desenvolvimento das habilidades de competição, comprometimento, cooperação, validação consensual e amor por si e pelas outras pessoas. As enfermeiras podem auxiliar os clientes a desenvolver ou refinar essas habilidades ajudando-os a identificar o problema, definir um objetivo e assumir a responsabilidade pela realização das ações necessárias para alcançar tal objetivo. Peplau (1991) afirmou:
A participação é exigida em uma sociedade democrática. Quando não é aprendida em experiências anteriores, as enfermeiras têm uma oportunidade de facilitar o aprendizado no presente e, por conseguinte, auxiliar na promoção de uma sociedade democrática. (p. 259)
▶ Relevância do modelo de Peplau na prática de enfermagem
O modelo de Peplau confere às enfermeiras um arcabouço para interagir com clientes, muitos dos quais fixos em – ou devido à doença regrediram até – um nível mais anterior de desenvolvimento. Ela sugeriu papéis que as enfermeiras podem assumir para auxiliar os clientes a evoluir, desse modo alcançando ou retomando seu nível apropriado de desenvolvimento. A evolução desenvolvimental apropriada mune o indivíduo com a habilidade de confrontar os problemas recorrentes da vida. As enfermeiras servem facilitando o aprendizado do que não foi aprendido em experiências anteriores.
Resumo e pontos fundamentais
■ O crescimento e o desenvolvimento são únicos em cada indivíduo e continuam por toda a vida.
■ A personalidade é definida como a associação entre traços de caráter, comportamento, temperamento, emocional e mental que são únicos a cada indivíduo específico.
■ Sigmund Freud, denominado pai da psiquiatria, acreditava que o caráter básico estava formado até os 5 anos de idade.
■ A teoria da personalidade de Freud pode ser conceitualizada de acordo com a estrutura e a dinâmica da personalidade, a topografia da mente e os estágios do desenvolvimento da personalidade.
■ A estrutura de Freud da personalidade inclui id, ego e superego.
■ Freud classificou todos os conteúdos e operações mentais em três categorias: consciente, pré-consciente e inconsciente.
■ Harry Stack Sullivan, autor da Interpersonal Theory of Psychiatry (Teoria Interpessoal de Psiquiatria) acreditava que o comportamento individual e o desenvolvimento da personalidade são consequência direta de relações interpessoais. Os principais conceitos incluem ansiedade, satisfação de necessidades, segurança interpessoal e sistema do self.
■ Erik Erikson estudou a influência dos processos sociais sobre o desenvolvimento da personalidade.
■ Erikson descreveu oito estágios do ciclo de vida desde o nascimento até a morte. Ele acreditava que os indivíduos lutavam com “crises” de desenvolvimento e que cada uma deve ser resolvida para queo crescimento emocional ocorra.
■ Margaret Mahler formulou uma teoria que descreve o processo separação-individuação do lactente em relação à figura materna (cuidador primário). Os estágios de desenvolvimento descrevem a evolução da criança desde o nascimento até a constância objetal aos 36 meses de vida.
■ Jean Piaget foi denominado pai da psicologia infantil. Ele acreditava que a inteligência humana evolui por meio de uma série de estágios relacionados com a idade, demonstrando a cada estágio sucessivo um nível mais elevado de organização lógica do que os estágios anteriores.
■ Lawrence Kohlberg delineou estágios de desenvolvimento moral. Seus estágios não estão intimamente ligados a grupos etários específicos nem a processos de amadurecimento. Ele acreditava que os estágios morais emergem do nosso próprio raciocínio e da estimulação de nossos processos mentais.
■ Hildegard Peplau estabeleceu um arcabouço teórico, a “enfermagem psicodinâmica”, que é o envolvimento interpessoal da enfermeira com um cliente em uma determinada situação de enfermagem.
■ Peplau identificou os papéis da enfermagem como pessoa de recursos, conselheira, professora, líder, especialista técnica e substituta.
■ Peplau descreveu quatro feitos psicológicos que ela associou aos estágios da lactância e pré-escolaridade inicial conforme identificados por Freud e Sullivan.
■ Peplau acreditava que a enfermagem é útil quando tanto o paciente quanto a enfermeira crescem como resultado do aprendizado que ocorre na situação de enfermagem.
Questões de revisão
Exercícios de autoavaliação/verificação do aprendizado
Selecione a resposta mais adequada para cada uma das seguintes perguntas:
1. O Sr. J. é um novo cliente na unidade psiquiátrica. Ele tem 35 anos de idade. Teoricamente, em que nível de desenvolvimento psicossocial (de acordo com Erikson) você colocaria o Sr. J.?
a. Intimidade vs. isolamento.
b. Produtividade vs. autocomiseração.
c. Confiança vs. desconfiança.
d. Autonomia vs. vergonha e dúvida.
2. O Sr. J. recebeu diagnóstico de esquizofrenia paranoide. Recusa-se a comer e falou à enfermeira que ele sabia que estava “sendo envenenado.” De acordo com a teoria de Erikson, em qual estágio de desenvolvimento você colocaria o Sr. J.?
a. Intimidade vs. isolamento.
b. Produtividade vs. autocomiseração.
c. Confiança vs. desconfiança.
d. Autonomia vs. vergonha e dúvida.
3. Janete, uma cliente diagnosticada com Transtorno de Personalidade Borderline, acabou de ser hospitalizada por ameaça de suicídio. De acordo com a teoria de Mahler, Janete não recebeu a “recarga emocional” necessária durante a fase de formação de laços de desenvolvimento. Quais são as consequências dessa deficiência?
a. Ela ainda não aprendeu a postergar gratificação.
b. Ela não se sente culpada por prejudicar outras pessoas.
c. Ela é incapaz de confiar nos outros.
d. Ela internalizou raiva e temores de abandono.
4. João está na Unidade de Tratamento de Alcoolismo. Ele anda até a sala de convivência onde outros clientes estão vendo um programa na televisão. Ele pega o controle remoto e muda o canal, dizendo: “Que programa bobo! Eu quero ver outra coisa!” Em qual estágio de desenvolvimento João está fixado de acordo com a teoria interpessoal de Sullivan?
a. Juvenil. Ele está aprendendo a formar relacionamentos saudáveis com iguais.
b. Infância. Ele não aprendeu a postergar gratificação.
c. Início da adolescência. Ele está lutando para formar uma identidade.
d. Final da adolescência. Ele está trabalhando para desenvolver um relacionamento duradouro.
5. André tem transtorno de personalidade antissocial. Ele diz à enfermeira: “Não sou maluco. Sou apenas amante dos prazeres. Acredito em tomar conta de mim mesmo. Quem se preocupa com o que uma outra pessoa pensa? Se parecer bom, faça!” Qual dos seguintes aspectos descreve a estrutura psicanalítica da personalidade de André?
a. Id fraco, ego forte, superego fraco.
b. Id forte, ego fraco, superego fraco.
c. Id fraco, ego fraco, superego punitivo.
d. Id forte, ego fraco, superego punitivo.
6. Lucas que tem transtorno de personalidade antissocial, não se sente culpado por violar os direitos das outras pessoas. Ele faz o que lhe agrada sem pesar as possíveis consequências. Em qual dos estágios de desenvolvimento de Peplau você situaria Lucas?
a. Aprender a confiar nos outros.
b. Aprender a postergar gratificação.
c. Identificar-se consigo próprio.
d. Desenvolver habilidades de participação.
7. Daniel recebeu o diagnóstico de esquizofrenia paranoide. Na unidade, ele se mostra muito ansioso, balança-se para frente e para trás e joga sua cabeça de um lado para outro em um contínuo rastreamento da área. Ele recusou-se a comer, fazendo um comentário em voz muito baixa relacionado com “ser envenenado”. No planejamento de cuidados de Daniel, qual dos seguintes itens seria o foco primário para a enfermagem?
a. Diminuir a ansiedade e desenvolver confiança.
b. Estabelecer limites de seu comportamento.
c. Assegurar que ele entre na terapia de grupo.
d. Atender às suas necessidades de higiene.
8. A enfermeira acabou de internar Nádia na unidade psiquiátrica. Os psiquiatras deram-lhe o diagnóstico de depressão maior. A enfermeira diz a Nádia: “Por favor, diga-me como era na época em que você estava crescendo.” Que papel de enfermagem descrito por Peplau a enfermeira está realizando nessa circunstância?
a. Substituto.
b. Pessoa de recursos.
c. Conselheiro.
d. Especialista técnico.
9. A enfermeira acabou de internar Nádia na unidade psiquiátrica. O psiquiatra lhe deu o diagnóstico de depressão maior. A enfermeira pergunta a Nádia: “O que você quer saber sobre estar aqui na unidade?” Qual papel de enfermagem descrito por Peplau a enfermeira está realizando nessa circunstância?
a. Pessoa de recursos.
b. Conselheira.
c. Substituta.
d. Especialista técnica.
10. A enfermeira acabou de internar Nádia na unidade psiquiátrica. O psiquiatra lhe diagnosticou depressão maior. A enfermeira diz para Nádia: “Você terá que mudar umas coisas no seu comportamento. Eu me preocupo com o que acontece você.” Qual papel de enfermagem descrito por Peplau a enfermeira está realizando nessa circunstância?
a. Conselheira.
b. Substituta.
c. Especialista técnica.
d. Pessoa de recursos.
Bibliografia
American Psychiatric Association. (2000). Diagnostic and statistical manual of mental disorders (4th ed.). Text revision. Washington, DC: American Psychiatric Publishing.
Marmer, S. S. (2003). Theories of the mind and psychopathology. In R. E. Hales & S. C. Yudofsky (Eds.), Textbook of clinical psychiatry (4th ed., pp. 107–154). Washington, DC: American Psychiatric Publishing.
Murray, R. B., Zentner, J. P., & Yakimo, R. (2008). Health promotion strategies through the life span (8th ed.). Upper Saddle River, NJ: Prentice Hall.
Peplau, H. E. (1991). Interpersonal relations in nursing. New York: Springer.
Leitura sugerida
Chess, S., & Thomas, A. (1986). Temperament in clinical practice. New York: Guilford Press.
Erikson, E. (1963). Childhood and society (2nd ed.). New York: W.W. Norton.
Freud, S. (1961). The ego and the id. Standard edition of the complete psychological works of Freud (Vol. XIX). London: Hogarth Press.
Fromm, E. (1949). Man for himself. New York: Farrar & Rinehart.
Kohlberg, L. (1968). Moral development. In International encyclopedia of social science. New York: Macmillan.
Mahler, M., Pine, F., & Bergman, A. (1975). The psychological birth of the human infant. New York: Basic Books.
Piaget, J., & Inhelder, B. (1969). The psychology of the child. New York: Basic Books.
Sullivan, H. S. (1953). The interpersonal theory of psychiatry. New York: W.W. Norton.
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*Oitenta por cento dos adultos encontram-se fixos no nível II, com uma maioria de mulheres no estágio 3 e uma maioria de homens no estágio 4.

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