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Artigo Científico Jogos e brincadeiras e o desenvolvimento psicossocial na Educação infantil

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9
JOGOS E BRINCADEIRA E O DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Jalile Aparecida Martins Barros Lopes[footnoteRef:2] [2: Alunas do 4º ano de Pedagogia da FAEL.] 
Profa. Dra. Veridiana Almeida[footnoteRef:3] [3: Doutora em Literatura (UFSC), mestre em Literatura (UFSC) e graduada em Letras (UNICENTRO). Professora da FAEL, níveis graduação e pós-graduação, modalidades presencial e a distância.] 
RESUMO
Esse artigo trata das tecnologias da comunicação e da informação na sociedade pós-moderna e em especial no espaço escolar. Aborda as questões relacionadas ao uso da informativa como ferramenta, como recurso para o professor no processo ensino-aprendizagem, o teletrabalho como nova forma de trabalhar, bem como, o uso da internet no acesso rápido e eficiente a informação, e ainda o seu uso no incremento da escrita e da leitura. Na questão do uso da informática busca-se mostrar que a tecnologia da informação em especial a informática na sua face mais visível que a internet, deve ser uma ferramenta de auxilio ao professor no processo ensino-aprendizagem e não um fim em si mesmo. Que se deve buscar a inclusão digital tanto dos alunos como dos professores e que o aparelhamento das escolas e a capacitação dos professores deve ser uma meta de todas as escolas em especial dos governos. Que a tecnologias da comunicação e da informação permite que existam novas formas de trabalhar, em especial o teletrabalho que leva o trabalho até o trabalhador quebrando paradigma de que o trabalhador deve sempre ir ao encontro do trabalho. 
Palavras-Chave: Jogo e Brincadeiras; Desenvolvimento Psicossocial; Educação infantil.
1. INTRODUÇÃO
O interesse pelo tema surgira da problemática: “Qual a importância dos jogos e brincadeiras no desenvolvimento psicossocial da criança na educação infantil?”, uma vez que a infância é ponto determinante para a formação de adolescentes e adultos saudáveis, haja vista que segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ter saúde não é apenas apresentar ausência de doenças, mas estar equilibrado nas três esferas – psicológica, corporal, e social.
Neste viés, urge a importância do tema em epígrafe, haja vista o crescente cenário de distúrbios relacionados à dificuldade de socialização do indivíduo adulto na atualidade; mentes depreciativas e violentas; comportamentos antissociais e psicopatas. Dessa forma, segundo especialistas, as atividades lúdicas propiciadas no ambiente escolar por meios de jogos e brincadeiras estariam inclusas dentre as ferramentas com relevante contribuição cognitiva, física e de sociabilidade para a saúde de dado indivíduo durante a infância, uma vez que segundo Lira (2019) durante sua execução ocorre a liberação de neurotransmissores, os quais estimulam a sensação de prazer e inibem a angustia e a melancolia, sendo usado como um método não fármaco de prevenção à saúde mental infantil.
A metodologia utilizada fora a pesquisa bibliográfica por meio de livros, monografias, artigos científicos, e pesquisas na internet. Tendo como objetivo geral analisar em que medida os jogos e brincadeiras contribuem para o desenvolvimento psicossocial da criança na educação infantil.
Assim, o texto esta organizado em três partes. Na primeira, procurou-se definir o conceito de saúde, baseando-se na descrição dada pela OMS e suas premissas como direito fundamental, bem como sua aplicabilidade na educação infantil como tema transversal; na segunda, apresentara-se a teoria do desenvolvimento psicossocial do desenvolvimento de Erikson, correlacionando-a com a idade correspondente ao período da educação infantil; e na terceira, apontara-se para Lira (2019), cujas análises comprovaram a eficácia dos jogos e brincadeiras no desenvolvimento físico e psicossocial de determinado indivíduo na infância.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 Conceito de Saúde e suas premissas como direito fundamental e aplicabilidade como tema transversal na Educação infantil
A Organização Mundial da Saúde (OMS, 1948) definiu saúde como sendo um estado de perfeito bem-estar físico, mental e social, a partir da qual se entende que estar saudável não significa apenas ter ausência de doença, senão estar bem consigo mesmo em todos estes aspectos, tornando-se uma realidade difícil de ser atingida, pois depende de variantes socioeconômicas e equilíbrio neuropsíquico.
Segundo o art. 196 da CF/1988:
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. C.F (BRASIL, 1988, art. 196)
Ademais, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394/1996) inclui educação infantil como a primeira etapa da educação básica visando atender crianças com a faixa etária de 0 a 3 anos em creches e de 4 a 5 anos em pré-escolas, como nos artigos 29 e 30 infracitados:
A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade (...) A educação infantil será oferecida em: I – creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade; II – pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade. LDBEN (BRASIL, 
Diante dessas duas premissas, educação e saúde passam a se correlacionar para que se vislumbre o desenvolvimento integral do indivíduo em idade escolar desde a primeira infância, cabendo ao poder estatal através do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, PCN (1998) elaborar diretrizes curriculares com objetivos e métodos que facilitem o ensino-aprendizagem em saúde, visando dentre outras propostas, desenvolver-lhe a identidade como um sujeito de direito, bem como propiciar um ambiente que lhe permita o acesso e a ampliação dos conhecimentos da realidade social e cultural.
A prática da educação infantil deve se organizar de modo que as crianças desenvolvam as seguintes capacidades: • desenvolver uma imagem positiva de si, atuando de forma cada vez mais independente, com confiança em suas capacidades e percepção de suas limitações; • descobrir e conhecer progressivamente seu próprio corpo, suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo e valorizando hábitos de cuidado com a própria saúde e bem-estar; • estabelecer vínculos afetivos e de troca com adultos e crianças, fortalecendo sua auto-estima e ampliando gradativamente suas possibilidades de comunicação e interação social; • estabelecer e ampliar cada vez mais as relações sociais, aprendendo aos poucos a articular seus interesses e pontos de vista com os demais, respeitando a diversidade e desenvolvendo atitudes de ajuda e colaboração; • observar e explorar o ambiente com atitude de curiosidade, percebendo-se cada vez mais como integrante, dependente e agente transformador do meio ambiente e valorizando atitudes que contribuam para sua conservação; • brincar, expressando emoções, sentimentos, pensamentos, desejos e necessidades; • utilizar as diferentes linguagens (corporal, musical, plástica, oral e escrita) ajustadas às diferentes intenções e situações de comunicação, de forma a compreender e ser compreendido, expressar suas idéias, sentimentos, necessidades e desejos e avançar no seu processo de construção de significados, enriquecendo cada vez mais sua capacidade expressiva; • conhecer algumas manifestações culturais, demonstrando atitudes de interesse, respeito e participação frente a elas e valorizando a diversidade. PCN (BRASIL, 1998, p. 63).
2.2 A Teoria do Desenvolvimento Psicossocial de Erikson aplicada à Educação Infantil
A teoria do desenvolvimento psicossocial do alemão Erik Homburguer Erikson, séc. XX valoriza o papel do meio social na formação da personalidade do indivíduo por meio de oito estágios, ou idades psicossociais que passam por crise entre uma vertente e outra, estando conectados e influenciando um ao outroao longo da vida. Sendo que os cinco primeiros formariam a identidade. Tais conflitos precisam ser resolvidos de forma positiva, pois isso influenciará a vida futura.
Neste viés, a teoria psicanalítica de Erik Erikson sobre as etapas do desenvolvimento aponta para como a interação dos indivíduos e as relações sociais desempenhariam um papel relevante no desenvolvimento e crescimento dos seres humanos, pois diante destas situações este estariam sujeitos a conflitos que serviriam como ponto de inflexão para o desenvolvimento, levando-os ao registro na memória tanto do sucesso quanto da frustração diante do fracasso, ou seja, caso estes superassem as fases de conflitos adquiririam um senso de domínio, enquanto que se estas fossem mal geridas, sentir-se-iam insuficientes.
Dessa forma, do conflito proposto como necessário a ser superado para a possível conquista do desenvolvimento psicossocial pleno e um ego fortalecido, no qual alcançar-se-ia a confiança, a autonomia, a iniciativa, a perseverança, a identidade, a intimidade, a generatividade, e a integridade do ego; caso contrário ter-se-ia um indivíduo com o desenvolvimento incompleto (ego fragilizado), propenso a se tornar vítima de exclusão como referência de anormalidade, preconceito e discriminação.
O primeiro estágio – confiança/desconfiança (0 - 18 meses)
A idade em que a criança adquire confiança em si mesmo e no mundo ao redor, através da relação com a mãe. Se a mãe atende as necessidades do filho, a confiança está construída. Se não, medo, receio e desconfiança podem ser desenvolvidos pela criança. Virtude social desenvolvida: esperança; o segundo estágio – autonomia/dúvida e vergonha (18 meses – 3 anos) A contradição entre o que a criança quer fazer (impulso) e o que as normas permitem. A criança deve ser estimulada a fazer as coisas de forma autônoma, para não se sentirem envergonhadas. Os pais devem ajudar os filhos para terem vontade de fazer as coisas corretamente. Virtude social desenvolvida: desejo; o terceiro estágio – iniciativa/culpa (3 anos- 6 anos), Neste estágio a criança já tem a capacidade de distinguir as coisas que pode e as coisas que não pode fazer. Começando a tomar iniciativas, mas sem sentir culpa. A criança começa a assumir outros papéis, tendo noção de ‘outro’ e de individualidade, começando a se preocupar com a aceitação do seu comportamento. Virtude social desenvolvida: propósito; quarto estágio – indústria (produtividade)/inferioridade (6 anos- 12 anos), a criança começa a se sentir como uma pessoa trabalhadora, capaz de produzir. A resolução positiva dos estágios anteriores é importantíssima, sem confiança, autonomia e iniciativa, não conseguirá se sentir capaz. O sentimento de inferioridade pode levar se sentir incapaz. Este é o momento de relações interpessoais importantes. Virtude social desenvolvida: competência; quinto estágio – identidade/confusão de identidade (adolescência), aqui se adquire a identidade psicossocial, o adolescente precisa entender seu papel no mundo e reconhecer sua singularidade. Há uma redefinição nos elementos de identidade já adquiridos. Algumas dificuldades desse período são: falta de apoio no crescimento, expectativas parentais e sociais diferentes, dificuldades em lidar com as mudanças, etc. Virtude social desenvolvida: fidelidade; sexto estágio – intimidade/isolamento (25 anos – 40 anos), essencial estabelecer uma relação íntima durável com outras pessoas, caso não consiga estabelecer essa relação se sentirá isolado. Virtude sócial desenvolvida: amor; sétimo estágio – generatividade/estagnação (35 anos – 60 anos), a necessidade de orientar a geração seguinte, uma fase de afirmação pessoal no trabalho e na família. Podendo ser produtivo em várias áreas. Existe a preocupação com as gerações futuras, educando e criando os filhos. O lado negativo é que pode levar a pessoa a parar em seus compromissos sociais. Virtude social desenvolvida: cuidar do outro; oitavo estágio – integridade/desespero (após os 60 anos), é a hora da avaliação de tudo que se fez na vida, em caso de uma negação em relação ao passado, se sente fracassado pela falta de poderes físicos e cognitivos. O desespero para pessoas que acham o balanço de sua vida negativa e integridade para pessoas que sentem o balaço de sua vida positiva. Virtude social desenvolvida: sabedoria. (ERIKSON, 1900)
Neste viés, focar-se-á nos três primeiros estágios, os quais compreendem a idade de desenvolvimento psicossocial dentro do período escolar da Educação infantil que vai de zero a cinco anos de idade LDBEN (BRASIL, 1996, p. 22). Pontuando-se que no final de cada estágio há um conflito que servirá, respectivamente, para o fortalecimento ou fragilidade do ego a depender do desfecho positivo ou negativo.
Dessa forma, Erikson (1900) como supramencionado afirma que no primeiro estágio, análogo a fase oral freudiana, denominado Confiança básica x desconfiança básica; crianças de 0 a 18 meses manteriam seu primeiro contato social, geralmente com a mãe, cuja ausência momentânea desenvolveria um sentimento de esperança pelo retorno, tendo um desfecho positivo com a volta desta, gerando o sentimento de segurança básica.
Caso contrário, mesmo com a demora da mãe, a criança cresceria insegura e desconfiada, porém para Erikson apud Rabelo (2007), o excesso de carinho e cuidado seria maléfico, pois pode desenvolveria uma visão perfeccionista e inatingível da mãe, ocasionando no futuro agressividade e desconfiança, bem como baixos níveis de competência, entusiasmo e persistência, uma vez nesta fase o indivíduo aprenderia a confiar nos seus provedores, bem como em seus órgãos internos para saciar seus desejos.
No segundo estágio denominado Autonomia x vergonha e dúvida, similar à fase anal de Freud (18 meses - 3 anos), período na qual a criança tem controle sobre os músculos passando a explorar o ambiente em que está inserida, surgindo a necessidade dos pais imporem certa regras sociais que limitem as ações desta, a fim de se contribuir para a formação da autonomia.
Para isso, utilizar-se-iam da vergonha e do encorajamento para proporcionarem certo equilíbrio, todavia, sempre com cuidado e carinho no ensino para que a vontade exploratória não seja substituída pelo controle sobre o cumprimento das regras a qualquer custo (criança legalista), bem como para que não ocorra a inibição da criança diante dos meios usados para exposição a vergonha (pais, objetos, adultos).
Rabelo (2007) diz que:
"Neste estágio, o principal cuidado que os pais têm que tomar é dar o grau certo de autonomia à criança. Se é exigida demais, ela verá que não consegue dar conta e sua auto-estima vai baixar. Se ela é pouco exigida, ela tem a sensação de abandono e de dúvida sobre suas capacidades. Se a criança é amparada ou protegida demais, ela vai se tornar frágil, insegura e envergonhada. Se ela for pouco amparada, ela se sentirá exigida além de suas capacidades. Vemos, portanto, que os pais têm que dar à criança a sensação de autonomia e, ao mesmo tempo, estar sempre por perto, prontos a auxiliá-la nos momentos em que a tarefa estiver além de suas capacidades." (RABELLO, 2007, p. 6).
O terceiro estágio, Iniciativa x culpa (3 anos – 6 anos), comparado à fase fálica freudiana, é o período em que é desenvolvida na criança a iniciativa e esta busca atingir determinado propósito, ou seja, há uma ação mental planejada a fim de se atingir determinado objetivo, empregando suas habilidades motoras e intelectuais por vezes com fixação, pois ocorre a necessidade de realizar tarefas e cumprir papéis, na qual pode ser desenvolvido o senso de responsabilidade.
Sobre a fixação Rabelo (2007) elenca que tanto para Freud, fixação genital pelo progenitor pelo Complexo de Édipo, quanto para Erikson as metas elaboradas são socialmente inatingíveis, portanto revertidas para outras atividades como fazer amigos, aprender a ler e a escrever, dentre outras tarefas possíveis de serem atingidas, sempre dentro do nível motor e intelectual individual que permitam cumprimento destas; ademais, podendo ser propostosdesafios monitorados pelos responsáveis pela criança.
2.3 A importância dos jogos e brincadeiras na prevenção e tratamento de distúrbios mentais desde a infância
Segundo Huizinga (1971 apud LIRA, 2019, p. 24):
Os jogos são compreendidos como atividades culturais regidas por regras que partem da representação da realidade. O jogo é uma atividade sociocultural regida por regras consentidas pelos indivíduos (porém necessariamente obrigatória), jogado individualmente e em grupo, que se dispõe de forma voluntaria a realizar atividades que contem em si certos limites de tempo e espaço, partindo da imaginação de novos mundos, com sentimentos diversos, tomando um fim em si mesmo, dispondo de situações conflitantes em detrimento aos seus objetivos, tomando ações e decisões a fim de beneficio próprio ou de prejudicar o adversário. (HUIZINGA, 1971 apud LIRA, 2019, p. 24)
A brincadeira segundo Queiroz (et. al., 2006 apud LIRA, 2019, p. 25) teria mais liberdade que o jogo, tendo como principal objetivo a diversão, uma vez que neste a criança se relacionaria com o mundo de maneira mais efetiva, construindo e vivenciando novas experiências, estimulando a criatividade e autonomia; apresentando assim, benefícios similares ao jogo, pois entre o real e o imaginário a criança desenvolveria fatores diversos que auxiliam na vida social.
Tais atividades segundo Bohm (2015) sujeitam a criança a pensar, refletir e analisar ações, experimentar e criar novas situações, dominar a angústia e ansiedade, ademais, instiga-a a ter curiosidade, autoconfiança e autonomia, desenvolve a linguagem, a concentração e a atenção (apud LIRA, 2019, p. 25). Nesta perspectiva, observa-se que os jogos e as brincadeiras são de extrema importância para a saúde mental do indivíduo, haja vista que abarcam fatores cognitivos e emocionais, tornando-se uma necessidade básica no desenvolvimento integral infantil.
Para Vygotsky (1991):
O brinquedo preenche necessidades da criança. Estas necessidades estão ligadas a tudo aquilo que é motivo de ação. Através do brinquedo, o que na vida real passa despercebido para a criança, torna-se agora uma regra de comportamento, que estão presentes em todas as situações imaginadas, mesmo que de forma oculta. Com o brinquedo, a criança consegue grandes aquisições, relacionando seus desejos ao seu papel nas brincadeiras e suas regras, aquisições que no futuro formarão seu nível básico de ação real e moral. (VYGOTSKY, 1991, apud SIMÕES)
Sendo assim, estudos têm indicado que os jogos e as brincadeiras podem ser usados tanto para tratamento não-fármaco, quanto para prevenção de transtornos mentais como depressão e ansiedade (McMORRIS et al., 2003; GOEKINT et al., 2011; SOUZA, 2019). Uma vez que atuariam diretamente no estímulo dos neurotransmissores da felicidade (apud LIRA, 2019, p. 25).
Neste ponto reações bioquímicas ocorreriam quando a criança realiza atividades físicas moderadas acima do nível basal recebendo recompensas psicológicas (ligadas a sintomas depressivos), e biológicas (sentimento de euforia causado pela endorfina e monoamina) teria aumentada a sensação de bem-estar emocional (LIRA, 2019, p. 26).
A literatura corrobora afirmando que enquanto se tem uma pratica de atividade física o corpo é estimulado a ter um aumento nos níveis de serotonina e endorfinas, responsáveis pelo humor e o sentimento de êxtase, além da dopamina que é responsável pelas áreas de atenção, memoria e controle motor (MEEUSEN, 1995; MEIRLEIR; DISHMAN; McCARDLE, 1997; KATCH, KATCH, 1998 apud LIRA, 2019, p. 26). 
Neste viés, transtornos mentais, definidos como um mal silencioso que ocorre no âmbito psicológico, podendo ter reflexos físicos em qualquer fase da vida, a depender do estágio da doença; ademais, pode ser descrito como uma disfunção da atividade cerebral que pode afetar o humor, o comportamento, o raciocínio, a forma de aprendizado e a maneira de se comunicar do indivíduo, não apresentando sintomas físicos claros, segundo dados do hospital Santa Mônica de 2018.
Consoante dados da OPAS/OMS, 2018:
Existem diversos transtornos mentais, com apresentações diferentes. Eles geralmente são caracterizados por uma combinação de pensamentos, percepções, emoções e comportamento anormais, que também podem afetar as relações com outras pessoas. Entre os transtornos mentais, estão a depressão, o transtorno afetivo bipolar, a esquizofrenia e outras psicoses, demência, deficiência intelectual e transtornos de desenvolvimento, incluindo o autismo. Existem estratégias eficazes para a prevenção de transtornos mentais como a depressão. Há tratamentos eficazes para os transtornos mentais e maneiras de aliviar o sofrimento causado por eles. O acesso aos cuidados de saúde e aos serviços sociais capazes de proporcionar tratamento e apoio social é fundamental. A carga dos transtornos mentais continua crescendo, com impactos significativos sobre a saúde e as principais consequências sociais, de direitos humanos e econômicas em todos os países do mundo. OPAS/OMS (BRASIL, 2018).
Diante deste cenário alarmante de que a saúde mental precisa ser cuidada desde a infância, os jogos e brincadeiras parecem apontar para um caminho positivo rumo à prevenção e ao desenvolvimento mental saudável, haja vista sua utilização de forma lúdica e pedagógica, uma vez que os transtornos mentais ainda não são totalmente compreendidos pela medicina por não se manifestarem de forma física, tendo apenas reflexos no dia a dia de uma pessoa.
Todavia, já se tem consciência de que uma alimentação saudável, atividade física, o convívio social (diálogo), e até mesmo questões de espiritualidade influenciam sobremaneira uma mente saudável, com destaque para o diálogo, propiciado por um ambiente, no qual o indivíduo consiga se abrir e falar sobre o que lhe causa sofrimento. Quanto mais cedo for possível o diagnóstico por especialista, maior a chance do paciente se recuperar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Observa-se que o objetivo não fora esgotar o tema que exige ainda muita pesquisa. Porém, urge neste percurso de revisão da literatura sobre Jogos e brincadeiras e o desenvolvimento psicossocial na educação infantil destacar a função do Pedagogo como um dos principais atores de mudança deste cenário crescente nos índices de pessoas com transtornos mentais identificados de forma tardia na idade adulta.
O Pedagogo, utiliza-se de propostas interacionistas que permitem analisar as ações e as reações das crianças, tornando capaz a identificação prematura de agressividade, dificuldade de interação com os colegas, falta de concentração, dificuldade em desenvolver a linguagem, tristeza, melancolia, mau-humor, irritabilidade, ansiedade, impulsividade, dentre outras características que denotam comportamentos fora dos padrões considerados normais.
Vale destacar ainda o brincar como uma ferramenta primordial para a devida identificação e encaminhamento da criança com transtornos mentais para tratamento especializado, pois segundo a psicologia do desenvolvimento da aprendizagem a criança se apropria plenamente da brincadeira e dos jogos como autoras de situações vivenciadas na vida real, atuando ativamente em situações na qual fora passiva. Por exemplo, uma criança exposta a um ambiente violento, durante o ato de brincar irá reproduzir tais violências sofridas no brinquedo, ou nos colegas.
Desde a primeira infância a criança começa a perceber o mundo a sua volta, primeiro pelo contato com os genitores e familiares, os quais constroem suas primeiras relações sociais.
REFERÊNCIAS
BRASIL, 1988. Constituição Federal. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 27 out. 2020.
ARIÈS, P. A História social da criança e da família. Rio de Janeiro: Guanabara, 1978. Disponível em:< http://pepsic.bvsalud.org/pdf/epp/v7n1/v7n1a13.pdf>. Acesso em: 22 out. 2020.
SCLIAR, Moacyr. História do conceito de saúde. Physis, Rio de Janeiro, v.17, n. 1, p. 29-41, Apr. 2007. Disponível em: <https://www.scielo.br/pdf/physis/v17n1/v17n1a03.pdf>. Acesso em: 22 out. 2020.
LIRA,Danilo Santiago de. Jogos e brincadeiras no recreio escolar: uma reflexão sobre a promoção de saúde mental na idade pré-escolar e escolar. TCC (graduação em Educação Física), Universidade Federal de Pernambuco: Vitória de Santo Antão, 2019.
FARIAS, Maria de Lourdes Mazza de. Currículos e programas. Curitiba: Editora Fael, 2010. 96 p.
SANTOS, Vanessa dos. Saúde na escola. Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/saude-na-escola>. Acesso em: 27 out. 2020.
PACIEVITCH, Thais. Educação Infantil. Disponível em: <https://www.infoescola.com/educacao/educacao-infantil/>. Acesso em: 27 out. 2020.
Brasil, 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em: <https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/529732/lei_de_diretrizes_e_bases_1ed.pdf>. Acesso em: 27 out. 2020.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria do Ensino Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais de 1997. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf>. Acesso em: 27 out. 2020.
BRASIL. Ministério da Educação e do Deporto. Secretaria do Ensino Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais de 1998. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf>. Acesso em: 27 out. 2020.
ERIKSON, Erik Homburger. Teoria do desenvolvimento psicossocial. Sec. XX. Disponível em: < https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/psicologia/a-teoria-de-erikson/50424>. Acesso em: 27 out. 2020.
VYGOTSKY, L. A formação social da mente. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes. 1988.
PIAGET, J. A psicologia da criança. Ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.
RABELLO, E. T. Personalidade: estrutura, dinâmica e formação – um recorte eriksoniano. Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro 2001. (monografia). Disponível em: <https://www.passeidireto.com/arquivo/55388252/teoria-do-desenvolvimento-psicossocial-de-erik-erikson>. Acesso em: 01 nov. 2020.
SIMÕES, Priscyla Walesca Targino de Azevedo. Síntese formação social da mente. Disponível em: < http://www.inf.ufsc.br/~edla.ramos/infoedu/alunos/alunos99/seminario2/Priscyla-Vygotsky.htm#:~:text=S%C3%ADntese%3A%20A%20Forma%C3%A7%C3%A3o%20Social%20da%20Mente&text=A%20ess%C3%AAncia%20da%20hip%C3%B3tese%20estabelecida,atr%C3%A1s%20do%20processo%20de%20aprendizado.>. Acesso em: 29 out. 2020.
Tudo que você precisa saber sobre psiquiatria. Hospital Santa Teresa. 2018. Disponível em: < https://hospitalsantamonica.com.br/tudo-o-que-voce-precisa-saber-sobre-transtorno-mental/>. Acesso em: 28 out. 2020.

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