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Medicina Legal - Documentos e Traumatologia

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COACHING 
CANAL CARREIRAS POLICIAIS 
 
MEDICINA LEGAL 
 
 
DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS 
E TRAUMATOLOGIA
 
 
 
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MEDICINA LEGAL 
 
Prezados, esse material é complementar ao estudo direcionado de vocês. 
De acordo com a necessidade de cada assistido, o Coach irá recomendar o 
estudo a título de aprofundamento ou revisão. Nossa missão aqui é estudar 
os pontos com maior incidência no concurso de Delegado de Polícia e de 
forma estratégica. Para tanto, selecionamos o que realmente cai e trazemos 
os pontos e discussões principais, sempre balizados na estatística de 
incidência em nossos certames policiais. 
 
- LEITURA OBRITATÓRIA ANTECEDENTE: 
Ler art. 149 ao 184 CPP. 
Ler art. 129 do CP. 
 
CAPÍTULO 1. 
INTRODUÇÃO 
A medicina legal é uma ciência aplicada que sistematiza suas técnicas e 
seus métodos a favor da Administração da Justiça. Não se trata de uma 
especialidade médica propriamente dita, mas sim da atuação da medicina 
a serviço das ciências jurídicas e sociais. 
 
DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS 
Documentos médico-legais são instrumentos escritos ou simples exposições 
verbais objetivando elucidar a Justiça e servir como prova para formação 
de convicção do juiz. 
 
IMPORTANTE: Os documentos médico-legais podem ser escritos ou verbais! 
 
- Há cinco documentos médico-legais trazidos pela doutrina: 
1. Notificações; 
2. Atestados; 
3. Relatórios; 
4. Pareceres;e 
5. Depoimentos orais. 
 
Passaremos a partir de agora a analisar cada um desses documentos: 
 
 
 
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1. NOTIFICAÇÃO: 
Delton Croce ensina que as “notificações são comunicações compulsórias 
às autoridades competentes de um fato médico sobre moléstias 
infectocontagiosas e doenças do trabalho”, que tem como objetivo evitar a 
disseminação da doença. 
 
O médico que não denuncia o conhecimento de doença, cuja notificação 
seja compulsória, estará incorrendo no crime previsto no art. 269 do CP: 
Art. 269 do Código Penal: “Deixar o médico de denunciar à autoridade pública 
doença cuja notificação é compulsória” 
 
Trata-se de crime próprio, pois somente o médico pode ser sujeito ativo 
desde delito, consumando-se o delito no exato momento da omissão, não se 
exigindo qualquer resultado que advenha dessa conduta omissiva. 
 
2. ATESTADOS: 
São certificados médicos que atestam um fato. Importante, porém, destacar 
que somente o atestado judiciário se caracteriza como documento médico-
legal. Aqueles atestados de saúde para faltar ao trabalho (atestados 
oficiosos) ou para licença do serviço público (atestados administrativos) não 
se afiguram como documentos médico legais. 
 
3. RELATÓRIOS: 
Trata-se de documento legal que descreve minuciosamente um fato médico 
e suas consequências, em razão do interesse judicial desse acontecimento. 
 
A literatura médico-legal traz um distinção técnica entre o relatório, que 
costuma ser cobrada com grande frequência em concursos públicos. Se o 
relatório é ditado diretamente ao escrivão, denomina-se auto; e, se redigido 
posteriormente pelos peritos, ou seja, após suas investigações e consultas ou 
não a tratados especializados, recebe o nome de laudo. 
 
a) Relatório ditado ao escrivão: AUTO. 
b) Relatório redigido pelos próprios peritos: LAUDO 
 
MNEMÔNICO: Para ditar ao escrivão tem que falar “AUTO”(ALTO). Já o perito 
LAUDA o relatório. 
 
 
 
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O RELATÓRIO MÉDICO-LEGAL POSSUI SETE PARTES: preâmbulo, quesitos, 
histórico, descrição, discussão, conclusões e respostas aos quesitos. 
 
a) Preâmbulo — parte que contem a identificação dos peritos, do 
examinando, bem como da autoridade que designou a perícia. 
 
b) Quesitos — Esses quesitos já estão pré-formatados para cada espécie de 
crime. Entretanto, é permitido à autoridade e às partes, até o ato de 
realização da diligência, acrescentar novos quesitos aos preliminarmente 
formulados. (art. 176 do CPP) No cível, e em Psiquiatria Forense, não existem 
quesitos pré-determinados) 
 
c) Histórico — Também conhecido como “comemorativos”, o histórico é o 
registro de todas as informações colhidas do interessado ou de terceiros, 
vinculados fato objeto da perícia. 
 
d) Descrição “visum et repertum” — Trata-se da parte mais importante do 
relatório, sendo essencial para sua confecção. Sua função é reproduzir 
minuciosamente os exames e técnicas empregadas e de tudo o que for 
observado pelos peritos. É nessa parte do relatório médico-legal em que o 
perito expõe todas as suas impressões sobre o objeto da perícia. 
 
e) Discussão — Esta é a fase em que o perito externa a sua opinião sobre o 
fato, afastando as hipóteses descabidas, capazes de gerar confusão, 
objetivando um diagnóstico lógico, preciso e racional. Será a partir das 
opiniões do perito que se viabilizará a posterior conclusão do relatório. 
 
f) Conclusões — Essa é a parte em que os peritos sintetizarão com clareza o 
diagnóstico deduzido pela descrição e pela discussão, concretizando o que 
fora objeto da discussão anterior. Trata-se, em suma, da síntese da dedução 
do exame e da discussão. 
 
g) Respostas aos quesitos — Trata-se da parte em que os peritos respondem 
objetiva e precisamente a todos os quesitos. 
 
4. PARECER MÉDICO-LEGAL: 
Trata-se de documento médico-legal que deriva de um relatório que suscita 
dúvidas, necessitando de esclarecimentos de médico especialista, que não 
tenha participado da perícia anterior. Essa consulta ao especialista pode ser 
escrita ou verbal. 
 
 
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A resposta à perícia desse especialista consubstancia o que a doutrina 
denomina de parecer médico-legal. 
 
IMPORTANTE: Todas as partes do relatório também deve estar presentes no 
parecer, exceto a descrição. 
 
5. DEPOIMENTO ORAL: 
O depoimento oral deriva da oitiva do perito em juízo, com valor probatório 
de prova técnica, e não testemunhal. Dessa forma, quando o perito é 
chamado a falar em juízo sobre alguma divergência apontada pelas, ele 
atua na condição de perito, e não de testemunha. 
 
É de suma importância deixar claro, desde já, que a atuação do perito 
limita-se à análise dos vestígios do crime; enquanto a atuação da 
autoridade policial deve conduzir a sua atuação para alcançar indícios do 
crime. O vestígio é material; enquanto o indício é subjetivo. 
 
O perito não afirmará que houve um estupro, ele relatará que há indícios de 
conjunção carnal. Porém, como sabemos, o estupro exige o dissenso da 
vítima. Nesse caso, cabe ao Delegado de Polícia, buscar elementos que o 
possibilitem afirmar que houve não só a conjunção carnal, mas também o 
constrangimento. Ou seja, a autoridade deverá colher indícios de que a 
atuação do agente foi criminosa, forçada, contra a vontade da vítima. 
 
TRAUMATOLOGIA FORENSE 
A traumatologia médigo-legal estuda as lesões e estados patológicos 
produzidos sobre o corpo humano, apresentando o seu diagnóstico e 
prognóstico. A traumatologia estuda também as diversas espécies de 
energias vulnerantes que atuam sobre o corpo humano. 
 
Essas energias subdividem-se em energias de ordem: mecânica; física, 
química, físico-química; bioquímica; biodinâmica; e mista. Cada energia 
dessas provoca um tipo específico de lesão no corpo humano. 
 
DIFERENÇA ENTRE TRAUMA E LESÃO: 
Conceitua-se TRAUMA como a atuação de uma energia externa (física, 
mecânica ou química) sobreo corpo da pessoa, com intensidade suficiente 
para provocar desvio da normalidade, com ou sem expressão morfológica; 
A LESÃO, por sua vez, corresponde à alteração estrutural proveniente da 
agressão ao organismo, podendo ser visível macro ou microscopicamente. 
 
 
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ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA: 
As energias de ordem mecânica são aquelas capazes de modificar o estado 
de repouso e movimento de um corpo, produzindo lesões em parte ou no 
todo. Essas energias são representadas por elementos concretos, elementos 
que podemos “pegar com as mãos”. Ex. martelo, tesoura, faca. 
 
Nessa espécie de energia, se o agente vulnerante e a vítima estiverem 
parados, nada acontece. Necessita-se, então, de um movimento da vítima 
ou do agente vulnerante. 
 
Nesse contexto, importante assinalar que a pele é o maior órgão externo do 
corpo humano e, toda vez que o corpo humano sofre uma lesão, a pele será 
impactada e, como tal, um importante instrumento para o estudo da 
Medicina Legal. 
 
A pela pode ser analogicamente comparada a uma esponja de lavar 
louça, onde temos uma camada de cima mais grossa e uma camada 
inferior mais macia. A camada mais externa é a EPIDERME (sem vasos 
sanguíneos e mais dura); e a mais interior denominada DERME (mais macia e 
cheia de vasos sanguíneos, nervos e gorduras – células vivas). 
 
As saliências e reentrâncias da derme são as papilas da DERME (parte 
branca “entra” na parte mais avermelhada – as partes brancas entrando na 
epiderme são chamadas de derme papilar). A derme é divida em papilar 
(mais superficial) e reticular (mais interna). 
 
Quando ocorrer lesão da derme papilar sangra um pouco; quando na 
derme reticular (mais profunda) sangra mais. A derme papilar é que 
proporciona o desenho nos dedos (impressões digitais – cristas dérmicas – o 
desenho está na epiderme, mas quem a origina são as papilas dérmicas). O 
suor e pressão proporcionam a possibilidade de visualização e análise das 
impressões digitais sobre determinado plano. 
 
 
 
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Camadas da Epiderme: (em sequência) 
1. Camada Basal – Camada mais profunda da pele, geradora das 
células da epiderme, só com células vivas. 
2. Camada Espinhosa; 
3. Camada Granulosa; 
4. Camada Lúcida; 
5. Camada Córnea – Camada mais superficial da pelo, onde as células 
perdem o núcleo. 
 
DERME PAPILAR – MAIS SUPERFICIAL, SANGRA POUCO. 
DERME RETICULAR – MAIS PROFUNDA, SANGRA UM POUCO MAIS. 
 
Voltemos a estudar as energias mecânicas... 
 
As energias mecânicas atuam por pressão, percussão, tração, torção, 
compressão, explosão e deslizamento. E, de acordo com a forma de sua 
atuação sobre o corpo humano, os agentes vulnerantes mecânicos se 
classificam em: 
 
1. Perfurantes (produzem feridas puntiformes); 
2. Cortantes (produzem feridas cortantes); 
3. Contundentes (produzem feridas contundentes); 
4. Perfurocortantes (produzem feridas perfurocortantes); 
5. Perfurocontundentes (produzem feridas perforucontusas); 
6. Cortocontundentes (produzem feridas cortocontusas); 
 
CISALHAMENTO: Trata-se da ação de duas forças se dirigindo em caminhos 
opostos e sobre um mesmo corpo. EX. movimento da tesoura (uma lâmina 
para baixo e outra para cima). Vale ressaltar que a tesoura fechada é um 
instrumento perfurante; já quando aberta, caracteriza-se como um 
instrumento perfurocortante de um gume. 
 
Como já assinalado, a depender do objeto, a ferida também se altera 
(FORMAS DA FERIDA). Muita atenção aqui, pois, por vezes a questão objetiva 
pede a ferida e não a classificação do objeto vulnerante (pegadinha de prova) 
 
Há doutrinadores que trazem a classificação quanto à forma da lesão: 
Lesão em ponto: produzidas por agente perfurante através de pressão 
exercida sobre a pele. Ex. seringa. 
 
 
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Lesão em linha: ocasionada por agente cortante deslizando sobre a pele, 
também conhecida como lesão em arco de violino. Ex. faca que desliza 
sobre a pele. 
Lesão em plano: ocasionada por agente contundente. Ex. soco. 
 
LESÕES PRODUZIDAS POR AÇÃO PERFURANTE: 
São perfurantes os instrumentos puntiformes, finos, cilíndricos, com o 
comprimento predominando sobre a largura e a espessura, causando lesões 
punctórias. Ex.: alfinetes, agulhas, pregos, furador de gelo, estoque, estilete 
agulhado, espinhos etc. Agem simultaneamente por percussão ou pressão 
por um ponto, afastando as fibras do tecido e, muito raramente, 
seccionando-as (dividindo-as), segundo Genival V. França. 
 
As feridas perfurantes tem um predomínio da profundidade em 
relação à extensão, de raro sangramento e de pouca nocividade à pele. E, 
em razão das fibras elásticas, o diâmetro da lesão quase sempre será menor 
do que o instrumento causado, em razão da elasticidade e retratilidade dos 
tecidos humanos. 
 
Por vezes, esse instrumento perfurante adentra por uma parte do corpo e sai 
por outra. O ferimento de saída, quando presente, se apresenta mais 
irregular e com diâmetro menor do que o de saída. 
 
Diante de instrumento perfurante de médio calibre, a forma da lesão assume 
um formato diferente do que o de costume, obedecendo às leis de Filhos e 
Lange, conforme assinala Genival. 
 
Primeira Lei de Filhos — As soluções de continuidade são feridas que se 
assemelham às produzidas por instrumentos perfurocortantes de dois gumes 
e de lâmina achatada (casa de botão). 
 
Segunda Lei de Filhos — Quando as feridas se apresentam numa mesma 
região, onde as linhas de força tenham um só sentido, elas se apresentarão 
sempre na mesma direção, num só sentido. 
 
 
 
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Lei de Langer ou Polimorfismo — Feridas ocasionadas por instrumentos 
perfurantes de médio calibre, quando produzidas em região de 
entrecruzamento e superposição de fibras elásticas, acarretam aspecto 
estrelado, bizarro, anômalo ou polimorfo. 
 
 (DIREÇÃO DAS FIBRAS ELÁSTICAS DA PELE) 
 
Importante salientar que somente no vivo esses ferimentos tomam tais 
direções, em virtude da elasticidade e retratilidade dos tecidos. Após a 
morte, a desidratação dos tecidos e a rigidez cadavérica impedem a 
retração das fibras elásticas. 
 
Por sua vez, pode ocorrer da profundidade da lesão ser maior do que a do 
comprimento do próprio objeto perfurante, pois há regiões no corpo 
humano que possuem maior depressibilidade dos tecidos. A essas lesões, a 
doutrina chama de “FERIDAS EM ACORDEÃO” (localizadas geralmente no 
abdômen). Ex: lâmina curta que, em razão da depressão da pele, consegue 
atingir órgãos profundos. 
 
LESÕES PRODUZIDAS POR AÇÃO CORTANTE 
Os instrumentos cortantes são aqueles que agem deslizando sobre o tecido 
cutâneo, provocando feridas cortantes, também conhecidas como incisas. 
São exemplos de instrumentos cortantes: navalha, bisturi, cacos de vidro, 
folha de papel. 
 
Importante destacar que a faca não é um instrumento cortante, pois, além 
de cortar, ela fura. Trata-se de um instrumento misto, denominado 
perfurocortante. 
 
 
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As feridas incisas (cortantes) são lineares, apresentam bordas regulares, 
profundidade também regular e hemorragia abundante. As feridas incisas 
têm um predomínio da extensão em relação à profundidade, com maior 
sangramento. São características inversas a das feridas punctórias. 
 
As feridas cortantes ou incisas podem ser: cirúrgicas(atos médicos), de 
defesa (antebraços, mãos e pés), em retalho (objeto atinge obliquamente a 
superfície corporal), mutilante (com perda de tecido ou segmento) e 
autoproduzidas (paralelas e superficiais, em partes alcançadas pelas mãos 
da vítima). 
 
A extensão da ferida incisa (cortante), no vivo, costuma ser menor da que 
realmente foi produzida no momento da lesão, pois ela “se fecha” em razão 
da retração dos tecidos por atuação das fibras elásticas. No morto, como já 
mencionado, não haverá a retração do tecido, o que nos permite aferir se 
determinada lesão ocorreu quando o agente estava vivo ou se já foi 
provocada quando ele estava morto. 
 
Essa questão da retração do tecido é de grande relevância para o perito, 
pois, apesar de a lesão ter sido verificada em área mortal no cadáver, pode 
ser afastada a causa mortis originária dessa lesão caso o perito consiga 
verificar que a lesão ocorreu após a morte. 
 
Os instrumentos cortantes produzem lesões no pescoço chamadas 
esgorjamento, degolamento e decapitação. 
 
AÇÃO CORTANTE OU CORTOCONTUNDENTE NO PESCOÇO: 
 
A) Esgorjamento: É a lesão na parte anterior ou lateral do pescoço produzida 
por instrumento cortante. Situa-se entre o osso hióide (abaixo da mandíbula) 
e a laringe. Sua profundidade é variável, podendo até chegar à coluna 
vertebral. Nos casos de suicídio, quando o agente usa a mão direita, 
predomina a direção transversal ou oblíqua ( \ ); no homicídio, é mais 
frequente a posição descendente para a esquerda ( / ), mas também 
poderá ser por acidente. 
 
(B) Degolamento: É a lesão na parte posterior do pescoço (nuca) produzida 
por instrumento cortante e a morte se dá por hemorragia quando são 
 
 
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atingidos vasos calibrosos ou pela secção da medula. As consequências 
jurídicas mais importantes são o homicídio e suicídio. 
 
(C) Decapitação: cabeça separada do tronco. 
 
 
 
Nas feridas incisas, temos o que a literatura chama de cauda de escoriação, 
que se caracteriza pela maior profundidade da ferida no local de entrada 
de instrumento e menor profundidade (mais superficial) no ponto de saída 
do instrumento. Trata-se de importante conceito para se determinar o 
posicionamento do agressor em relação à vítima e também a dinâmica de 
toda a conduta criminosa. 
 
 (Ilustração em 3D retirada de: www.malthus.com.br) 
 
A partir da figura acima, pode-se perceber que o local de entrada do 
instrumento foi o lado direito e o de saída, mais superficial, o esquerdo. 
 
A ferida cirúrgica é diferente da ferida incisa, pois reside fundo plano, onde 
não podemos averiguar nem o ponto de entrada e nem mesmo o ponto de 
saída. 
 
Importante salientar que há lesões típicas de defesa da vítima, o que permite 
ao perito concluir se houve resistência por parte dela, lutando com o 
agressor. Essas lesões são percebidas na borda ulnar do antebraço (parte 
lateral do braço) e também na região pomar da mão. São lesões típicas de 
quem está se defendendo de algum instrumento vulnerante que está sendo 
utilizado para causar-lhe a morte ou lesões. 
 
 
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A data da ferida incisa é determinada e avaliada pela própria evolução do 
processo de cicatrização da pele. 
 
Genival Veloso França, com o brilhantismo que lhe é peculiar, afirma que há 
distinção clara entre as lesões no pescoço a título de homicídio ou suicídio. 
Segundo o autor, nos casos de homicídio, o autor da agressão sempre se 
posiciona por trás da vítima, provocando um ferimento da esquerda para a 
direita, em sentido horizontal, uniforme, terminando com a mesma 
profundidade do início, ligeiramente voltado para cima. 
 
Ao revés, no suicídio, quando o indivíduo é destro, o ferimento se dá da 
esquerda para a direita e a terminação da ferida fica ligeiramente 
direcionada para baixo. A profundidade desta lesão é maior no início e mais 
superficial ao final, pois no final da ação a vítima começa a perder as forças. 
Ademais, no suicídio, na maioria das vezes, a mão da vítima que segura a 
arma apresenta vestígios de sangue. 
 
Sinal de Chavigny: Trata-se de importante sinal que permite identificar qual 
ferida ocorreu primeiro, quando já duas feridas em um mesmo local do 
corpo (feridas sobrepostas). Para tanto basta coaptar-se as margens da 
ferida, sendo ela a primeira a haver sido produzida, a outra não segue uma 
trajetória em linha reta. 
LESÕES PRODUZIDAS POR AÇÃO CONTUNDENTE: 
Delton Croce Jr, expõe que “instrumento contundente é todo agente 
mecânico, líquido, gasoso ou sólido, rombo, que, atuando violentamente por 
pressão, explosão, flexão, torção, sucção, percussão, distensão, compressão, 
descompressão, arrastamento, deslizamento, contragolpe, ou de forma 
mista, traumatiza o organismo”, prova lesão contusa na vítima. 
 
O referido autor traz como exemplos de instrumentos contundentes: “as 
armas naturais (mãos, pés, cabeça, joelhos), as armas ocasionais (bengala, 
barra de ferro, tijolo, balaústre, mão de pilão), as saliências obtusas e as 
superfícies duras (solo, pavimentos), os desabamentos, as explosões, os 
acidentes de veículos, os atropelamentos”. 
 
As feridas contusas evidenciam bordos regulares, escoriados e equimosados, 
fundo irregular, pequeno sangramento, apresentando integridade dos casos, 
nervos e tendões no fundo da lesão. 
 
 
 
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As contusões podem ser ativas, passivas ou mistas. Nas contusões ativas, o 
instrumento vulnerante vem de encontro à superfície corpórea. Ex.; soco. Nas 
contusões passivas, a superfície corpórea (a vítima) vai de encontro ao 
instrumento vulnerante. Ex.; a pessoa cai e bate com a cabeça no solo. 
Assim, a atuação pode ser ativa/direta, passiva/ indireta ou mista (a 
combinação de ambas). 
 
ESPÉCIES DE AÇÃO CONTUNDENTE PASSIVA: 
1. PRECIPITAÇÃO: o chão está parado e a vítima vai de encontro a este, 
de um lugar alto. 
2. DEFENESTAÇÃO: quando o individuo é lançado pela janela ao chão. 
 
O agente vulnerante contundente provoca incrível variação de lesões, 
dentre elas: 
 
1. RUBEFAÇÃO: lesão leve e fugaz, caracterizada pela vermelhidão 
(rubor) na pele em virtude de contusão. Não há extravasamento de 
sangue (vasodilatação periférica); só pode ocorrer em vivos, derivada 
de distúrbio vasomotor. Segundo a doutrina, a rubefação demora 
cerca de 21 dias para sarar. Trata-se da mais básica e transitória lesão 
causada pela contusão. 
 
2. ESCORIAÇÃO: É a exposição da derme devido ao “arrancamento” da 
epiderme por ação tangencial de um instrumento mecânico. No 
indivíduo vivo, as escoriações cobrem-se de serosidade albuminosa 
(líquido), gotas de sangue, formando crostas geralmente branco-
amareladas ou cor de tijolo se for mais profunda. Não deixam 
cicatrizes e as crostas começam a cair entre o 4º e 10º dia, estando a 
pele regenerada até o 15º dia. No cadáver ou quando a morte ocorre 
logo após o trauma, as escoriações adquirem uma cor vermelho-
acastanhada, são lisas e têm um aspecto de pergaminho ou couro. As 
escoriações sangram, expõe a derme, criam a casquinha e a 
epiderme se regenera. AS ESCORIAÇÕES REGENERAM. A casquinha 
fica vermelha, vai ficando marrom , preta e depois ficam rosadas, 
quanto mais antigas. (quanto mais vermelha (rósea) mais atual a 
lesão). A escoriação é temporária e se resolve com a regeneração do 
tecido. 
 
O formato dessas escoriações possuem grande relevância pericial, pois 
podem evidenciar qual foi exatamente o agente vulnerante.Marcas de 
pneu, unhas, saltos de sapato são exemplos de agentes mecânicos que 
 
 
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podem deixar a sua marca na lesão e, como tal, pode ser determinante 
para formar a justa causa que se busca através dos elementos que são 
colhidos na fase de investigação policial. 
 
3. EQUIMOSE: A equimose se diferencia da rubefação, pois, na equimose, 
o sangue extravasou e pode ser visto através da camada da pele 
(infiltração hemorrágica no tecido). Não conseguimos visualizar o 
sangue diretamente, mas sim através de uma lâmina de tecido. A 
mancha normalmente é roxa. A equimose demora mais a 
desaparecer do que a rubefação – O desaparecimento da equimose 
perdura levando em consideração a quantidade de sangue 
extravasado, sendo os glóbulos brancos (leucócitos) responsáveis por 
“limpar” essa camada mais escura proporcionada pela equimose. 
 
Dr. há algum instrumento para identificar há quanto tempo aquela equipose 
foi produzida, ou seja, o tempo da lesão? Legrand du Saulle desenvolveu a 
tese do Espectro Equimótico, percebendo que havia mudança da 
coloração da equimose com o passar do tempo. Trata-se de importante 
estudo para determinar o tempo da lesão. 
 
Quando o sangue “sai dos vasos” (extravasa), o principal componente do 
sangue (hemoglobina) começa a se degradar e se transformar em outros 
compostos, alterando-se e, por conseguinte, transformando-se em outros 
compostos. Em razão dessa transformação é que equimose muda de cor 
com o passar do tempo. A alteração de cor da equimose permite ao perito 
mensurar aproximadamente o nexo temporal de determinada lesão. Nesse 
sentido, uma lesão vermelha é mais atual, a roxa é mais antiga do que a 
vermelha, a azulada é mais antiga do que a roxa, a esverdeada é mais 
antiga do que a azulada e a amarelada é mais antiga do que a 
esverdeada. (Lógica para mensuração do nexo temporal da coloração da 
equimose) 
 
 
 
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 Esse fenômeno de alteração da cor da 
equimose só ocorre nos vivos, pois se trata de uma reação vital ao próprio 
extravasamento do sangue. No morto, a equimose (produzida quando a 
vítima ainda estava viva) mantém a sua coloração até surgirem os 
fenômenos da putrefação, que modificação sua tonalidade. 
 
Segundo a doutrina majoritária, as equimoses nas regiões conjuntival, unhas 
e da bolsa escrotal, por serem estas regiões densamente vascularizadas, não 
passam pelo espectro equimótico. Por seu turno, o professor Higino 
menciona que não acreditar no motivo da não alteração da cor da 
equimose no olho em razão da alta concentração de oxigênio. 
 
Quando a equimose se apresenta no formato de múltiplos “pequenos 
grãos”, dá-se o nome de SUGILAÇÃO. Já quando aparece sob o formato de 
estrias, a literatura médico-legal denomina de VÍBICE. Essas víbices derivam 
das lesões produzidas por cassetetes, bastões e bengalas, deixando duas 
marcas longas e paralelas, em razão do extravasamento de sangue se 
localizar ao lado do traumatismo e não no centro do ponto de impacto. 
 
Por sua vez, as PETÉQUIAS são pequenas equimoses agrupadas, que se 
apresenta através de um pontilhado hemorrárrico. Já as EQUIMONAS são 
equimoses de maior proporção, apresentando-se como manchas extensas 
na pele. 
 
 
A MANCHA ROXA É UM LIVOR OU EQUIMOSE? COMO DIFERENCIAR? 
 
 
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Primeiramente cumpre destacar que os livores são reações abióticas e a 
equimose biótica, ou seja, ocorre quando o ser está vivo. Para 
diferenciarmos adota-se a Técnica de Bonnet: Deve ser feita uma incisão na 
pele e observar os tecidos embaixo do corte. Se vermos um pontilhado de 
sangue saindo dos vasos, estaremos diante de livores. Se os tecidos estiverem 
impregnados por sangue, estaremos diante de equimose. 
 
4. FERIDA: Ultrapassa a derme, atingindo os planos mais profundos da 
pele, consolidando-se por cicatrização. No momento em que 
ultrapassa a derme teremos a ferida e não a escoriação. A ferida é 
permanente se resolve através da cicatrização, ao contrário da 
escoriação. Se deixar cicatriz não é escoriação, mas sim uma ferida, 
tecnicamente. 
 
5. FRATURAS: Estão relacionada a uma solução de continuidade dos 
ossos. Segundo a doutrina, podem ser diretas ou indiretas, fechadas ou 
abertas, cominutivas (ou fragmentadas) etc. “É direta quando o 
trauma atinge o local fraturado, e indireta em caso contrário. A fratura 
fechada não se comunica com o exterior do corpo e a aberta é 
aquela em que a ferida permite ver o foco da fratura (ex.: numa ferida 
contusa ou cortocontusa). Fratura exposta é aquela em que os 
fragmentos ósseos extrapolam os limites do corpo da vítima. Fratura 
cominutiva é aquela em que fragmentos ósseos ficam isolados do osso 
fraturado.” (Medicina Legal – Rogério Greco) 
 
Outros tipos de fratura (costumam cobrar os nomes nas provas): 
Sinal do “Mapa Múndi” de Carrara: l 
 
6. ENTORSES: Derivam de movimentos exagerados junto a uma 
articulação. São lesões articulares provocadas por movimentos 
exagerados dos ossos que compõem uma articulação, incidindo sobre 
os ligamentos. Os sintomas são dores na articulação, com perturbação 
funcional da mesma; inchaço; e presença de equimoses e 
hematomas na região. Nos casos mais graves, haverá ruptura dos 
ligamentos musculares, de tendões, derrame articular ou até mesmo o 
“arrancamento” de pequenos pedaços de ossos que se prendem ao 
ligamento. 
 
7. LUXAÇÕES: Ocorrem quando há deslocamento de 2 (dois) ossos, cuja 
superfície de articulação deixa de manter a relação de contato que 
lhe é comum. O deslocamento pode ser completo ou incompleto. 
 
 
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Desnivelamento dos ossos (desarticulação óssea), total ou parcial, do 
contato. 
 
EM RESUMO: 
Entorse - Estiramento ou ruptura dos ligamentos; 
Luxação – Desarticulação óssea; 
Fratura – Ruptura óssea. 
 
8. BOSSA: Na equimose o sangue fica espalhado, na modalidade bossa 
o sangue fica acumulado e em virtude da existência de osso embaixo 
da pele surge uma bolsa empurrando a pele para cima em virtude da 
obstrução, formando vulgarmente o que chamamos de galo 
(saliência na pele). Quando a bossa contém sangue ela fica 
arroxeada, já quando contém linfa (bossa linfática) ela fica na cor da 
pele. 
 
9. HEMATOMAS: O hematoma é um tumor de sangue interno (não é na 
superfície). No hematoma, o vaso que rompe é mais calibroso e, por 
tal motivo, quando se rompe acaba por efetuar pressão frente ao 
tecido formando uma “coleção” de sangue em cavidade interna, 
formando um hematoma (tumor). O hematoma se apresenta a partir 
de um extravasamento interno do sangue, formando uma coleção em 
determinado ponto do organismo. 
 
10. EDEMA: É o aumento de volume na região traumatizada (é o inchaço). 
É provocada pela saída do plasma do interior dos vasos sanguíneos 
que se infiltra nos tecidos. Possui intensidade variada, depende da 
gravidade e da presença de outras lesões no local. 
 
11. ESMAGAMENTO: É resultado de grande força do agente vulnerante 
sobre o corpo humano. Quando não resulta em óbito pela contusão 
em si, é comum a ocorrência da Síndrome do Esmagamento. Quando 
o músculo é esmagado, há a liberação de mioglobina na corrente 
sanguínea. Essa mioglobina circula até o rim e provoca insuficiência 
renal, acarretando a morte do paciente dias após o esmagamento de 
parte de seu corpo. 
 
 
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 |Outras espécies de lesões contusas: atropelamento; lesões ocasionadas por 
artefatos explosivos, lesões por cinto de segurança. 
 
Lesões produzidas por ações perfurocortantes 
Tratam-se lesões mistas, ocasionadas por instrumento que não só perfuram, 
mas que também cortam. São lesões produzidas por instrumentos de ponta e 
gume, atuando por mecanismo misto; agem simultaneamente por pressão 
afastando as fibras e por corte seccionando-as. 
 
São chamados perfurocortantes os instrumentos puntiformes, com o 
comprimento predominando sobre a largura e a espessura, dotados de 
gume ou corte. Há instrumentos perfurocortantes de um gume: faca-
peixeira, canivete, espada; de dois fumes: punhal, faca vazada; e os de três 
gumes ou triangulares: lima. 
 
A depender do número de gumes de um instrumento, os ferimentos variam 
em sua forma: 
1. Um gume: Causam ferimentos em forma de botoeira, com fenda regular e 
quase sempre linear, com um ângulo agudo e outro arredondado. A largura 
é maior que a espessura da lâmina e o comprimento varia em função do fio 
do gume, do ângulo de entrada, das linhas de força e da ação do objeto 
ao sair da pele. São exemplos: a faca, o canivete, etc. 
2. Dois gumes: Causam ferimentos em forma de fenda de bordas iguais e 
ângulos agudos. São exemplos: o punhal, a faca vasada, etc. 
3. Três ou mais gumes: Causam ferimentos de forma triangular 
ou estrelada. São exemplos: o estilete, a lima, etc. 
 
É possível verificar a posição do agressor em relação à vítima através das 
feridas? SIM! A posição da vítima e do agressor pode ser avaliada através do 
estudo da localização, da direção dos ferimentos e da presença de cauda 
de escoriação. 
 
 
 
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Lesões produzidas por ações cortocontudentes 
São ferimentos produzidos por instrumentos que não apenas cortam, como 
também contundem, cuja ação e efeitos se explicam não só pelo gume que 
apresentam, como também pelo seu peso e pela força viva com que são 
acionados. Há gume, mas a pressão se faz sem deslizamento. 
 
A literatura médico-legal traz como instrumentos cortocontundentes: a foice, 
o facão, o espadagão, o podão, a enxada, a motosserra, a serra elétrica, as 
rodas de trem, os dentes, as unhas, o zargunho, a zagaia, a moenda, o 
mondador. 
 
Diante de agentes cortocontundentes, a depender da região atingida, força 
e forma do instrumento, os ferimentos apresentam forma variável. Se o gume 
for afiado, os bordos da ferida podem ser nítidos e regulares e as vertentes se 
adaptam perfeitamente. Por outro lado, quando o instrumento é rombo 
(p.ex. dentes), os bordos são irregulares, com equimose nas adjacências e 
com pontes de pele. 
 
As lesões por instrumentos cortocontundentes geralmente são graves, 
profundas, causando lesões complexas e envolvendo vários planos (ossos e 
vísceras). Podem levar também a mutilações em nariz, dedos, orelha, etc. 
 
LESÕES ESPECIAIS: 
ESCALPE: arrancar o couro cabeludo da vítima, como ocorre na batida de 
carro em que o contato com o vidro gera arrancamento parcial do couro 
cabeludo. 
 
ENCRAVAMENTO: Precisa-se de um agente vulnerante comprido. Instrumento 
perfurocontundente. Se esse mesmo instrumento penetrar na região do anus, 
vagina ou no períneo teremos hipótese de EMPALAMENTO, tipo especial de 
ENCRAVAMENTO. 
 
No encravamento temos a penetração de objeto perfurocontundente 
comprido no organismo da vítima, já no empalamento temos hipótese 
especifica de encravamento onde o objeto perfurocortante adentra sobre o 
anus, vagina ou perínio da vítima. 
 
MUTILANTE: Ferida resultando de uma agressão onde a vítima perde uma 
parte do corpo (castrar o individuo, cortar a mão do ladrão...). Se o sujeito 
perde parte do corpo em virtude de cirurgia (terapêutica) teremos hipótese 
de amputação. 
 
 
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ESQUARTEJAMENTO: É o resultado da atuação de energia vulnerante que 
divide o corpo em quatro pedaços. 
 
ESPOSTEJAMENTO: É resultado da atuação de energia vulnerante que divide 
o corpo em múltiplos pedaços. 
 
Lesões produzidas por ações perfurocontundentes 
São lesões produzidas por um mecanismo de ação que não só perfura como 
também contunde. O exemplo mais comum deste tipo de instrumento é o 
projétil de arma de fogo, podendo também ser a ponta de um guarda 
chuva, uma chave de fenda ou um espeto de churrasco. 
 
No entanto, como a maior incidência desse tipo de lesão é produzida por 
projeteis de arma de fogo, estudaremos com detalhe todas as 
características desse tipo de lesão. 
 
Os agentes perfurocontundentes acarretam lesões típicas, representadas por 
orifício de entrada, semelhante ao produzido por instrumentos perfurantes, 
mas com os bordos contundidos e mortificados, o trajeto e o orifício de 
saída, que eventualmente pode faltar, agindo, em geral, mais pela força 
propulsora de que são dotados, com predominância nítida da ação 
perfurante sobre a contundente. Os projéteis múltiplos, como os das armas 
de caça, podem produzir várias feridas em um único disparo. 
 
De imediato, importante salientar que os projéteis caracterizam instrumentos 
da classe perfurocontundentes, e as armas de fogo, simples agentes 
contundentes. Não confunda o projétil com a arma em si, pois a 
classificação dos instrumentos são diferentes. 
 
Quanto mais fino o projétil, maior a capacidade de transfixação. Partindo 
desse pressuposto, o policial, na via urbana, deve utilizar projéteis mais 
circulares (ponta-romba) com o fim de não transfixar e atingir terceiros. 
Ademais, quanto maior o coeficiente balístico, maior a possibilidade de 
penetração. 
 
Quanto mais longo o cano maior a precisão e maior o alcance. Ademais, a 
velocidade da combustão em armas de cano curto, em regra, é maior do 
que na de cano longo. (Atenção!) 
 
 
 
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As armas de fogo utilizam a força dos gases gerada pela queima da pólvora 
para lançar um projétil. São máquinas térmicas, como os motores dos carros 
e as caldeiras, ou seja, utilizam a transformação em gás da pólvora ou do 
combustível ou, ainda, da água para realizarem as suas funções. 
 
Como o projétil é disparado? O percutor/percussor da arma da uma 
pancada na espoleta; que dá causa a faísca (mistura iniciadora), 
queimando a pólvora; esta virará gás e se expande para arremesso do 
projétil. Dessa forma, quando encontrado o estojo é possível analisar a 
marca do percutor na espoleta, podendo, até mesmo, identificar que tipo 
de arma que ocasionou o disparo. Se estivermos diante de pistola podemos 
analisar também a marca do extrator que expulsa o estojo da pistola após o 
disparo. 
 
Nos disparos de arma de fogo, o projétil é lançado à distância pela ação da 
força explosiva dos gases produzidos pela combustão da pólvora. Além do 
projétil, saem pelo cano da arma gases superaquecidos, chama, partículas 
de pólvora incombusta, a bucha e seus fragmentos. 
 
Os resíduos da espoleta também deflagram o crime, quando encontrados 
nas mãos do atirador ou da vítima, devendo ser analisada por microscopia 
eletrônica de varredura. Não é aconselhado realizar o exame de resíduos de 
pólvora através da reação com a parafina (método de iturrioz), visto o alto 
índice de falso resultado . 
 Projétil 
 
 
 
 
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As lesões características desses instrumentos se apresentam através de um 
orifício de entrada (sempre), um trajeto (sempre) e umorifício de saída (nem 
sempre). 
 
Característica Geral dos Orifícios 
Em regra, há apenas um orifício de entrada para cada projétil (PAF). Mas, há 
exceções. Havendo transfixação por mais de um segmento corporal. Ex. 
único disparo que atinge o joelho, transfixando-o e atingindo também a 
cabeça da vítima, o que resultará em dois orifícios de entrada a partir de um 
único projétil. 
 
Outra situação é a possibilidade de não se encontrado qualquer orifício de 
entrada. Isso ocorro quando o projétil entra por uma cavidade natural (nariz, 
ouvido, boca e ânus); 
 
Há também a possibilidade de existir diversos orifícios de saída, com um 
único projétil, pois esse projétil pode ter atingido um osso, fraturando-o em 
diversas partes que sairão do organismo de forma múltipla. 
 
Tipicamente, no local de entrada do projétil as bordas ficas invertidas (para 
dentro); já no local de saída ficam evertidas (pra fora). Normalmente, a 
lesão de entrada é menor do que a lesão de saída. Porém, pode ser que 
elas tenham o mesmo diâmetro ou que o orifício de entrada seja maior do 
que o de saída, a depender do projétil e seu trajeto dentro do organismo 
(não há regra). 
 
Como mencionado, o orifício de saída, de regra, tem a forma irregular, com 
bordas evertidas, apresentando maior sangramento que o orifício de 
entrada e com aréola equimótica. Geralmente são maiores que o orifício de 
entrada e não apresentam os demais comemorativos da lesão de entrada 
(orlas e zonas). As características independem da distancia do tiro. 
 
OUTROS SINAIS DOS ORIFÍCIOS DE ENTRADA: 
1 Aréola Equimótica: Região superficial, de limites pouco precisos, 
decorrente de hemorragia na pele, pela ruptura de pequenos vasos ao 
redor do ferimento provocado pelo projétil em si. Trata-se de reação vital e 
atua como importante sinal para verificar se a vítima recebeu o disparo 
quando estava viva ou quando já estava morta. 
2. Orla de Escoriação ou Contusão: Ponto onde o projétil contunde a pele, 
arrancando a epiderme por sua ação rotatória. É absolutamente 
característico de orifício de entrada. 
 
 
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3. Orla de Enxugo: Ocorre pela passagem do projétil através dos tecidos, 
deixando neles as suas impurezas. Quando há a orla de enxugo e também a 
de escoriação, teremos o Anel de Fisch. 
4. Zona de Tatuagem: Resulta da impregnação de grãos de pólvora 
incombusta que alcançam o corpo e se incrustam na pele. Orienta a perícia 
quanto à posição da vítima e do agressor. É sinal indiscutível de orifício de 
entrada. Não sai com a lavagem, somente com procedimento cirúrgico 
(somente presente no tiros a curta distância ou com cano encostado) 
5. Zona de Esfumaçamento: Formada pela fuligem resultante da combustão 
da pólvora. É chamada de zona de falsa tatuagem, pois sai com a lavagem. 
Pode não aparecer na pele protegida por vestes. (somente presente no tiros 
a curta distância ou com cano encostado) 
6. Zona de Queimadura ou Chamuscamento: Resultado da ação 
superaquecida dos gases, queimando a pele. (somente presente no tiros a 
curta distância ou com cano encostado) 
7. Sinal de Schusskanol: Esfumaçamento encontrado no túnel do tiro diante 
de tiros de cano encostado ou a curta distância. 
8. Sinal de Benassi: Trata-se de tatuagem escura que fica impregnada no 
osso (mancha escura), em decorrência de disparo com cano encostado. 
9. Boca de Mina de Hoffmann: Trata-se de ferida de entrada de projétil de 
arma de fogo quando diante de tiro com cano encostado quando há 
superfície óssea no local do disparo. Muito comum em execuções e suicídio. 
Nesse caso, ao contrário da regra, as bordas da lesão ficam evertidas (pra 
fora). 
10. Boca de fechadura: Ocorre nos ossos da calvária, quando o projétil tem 
incidência tangencial, porém com um mínimo de inclinação suficiente para 
penetrar na cavidade craniana, se assemelhando a um buraco de 
fechadura. 
11. Ferida em sedenho: Caracteriza-se pela ferida oblíquoa provocada por 
projétil de arma de fogo, somente atingindo a pela, sem as demais 
camadas. 
12. Rosa de Tiro de Cevidalli: Conjunto de feridas oriundas de projeteis 
múltiplos, diante de disparo de espingarda. De início, os múltiplos projéteis 
caminham juntos, e depois vão se separando, abrindo-se em área de 
projeção, de diâmetro cada vez maior e constituindo-se o que se chama de 
“Rosa de Tiro”. Quanto maior a rosa de tiro, em tese, mais distante o disparo 
e vice-versa. 
 
 
 
 
 
 
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AS LESÕES PODEM SER CLASSIFICADAS, SEGUNDO A DISTÂNCIA DO DISPARO, EM: 
TIRO ENCOSTADO: Todos os elementos do disparo alcançam o alvo. O orifício 
de entrada tem a forma irregular, denteada ou com entalhes, pela ação 
resultante dos gases que descolam e dilaceram os tecidos. As bordas são 
evertidas, em geral não há sinais de outros elementos do disparo na pele, 
pois penetram na ferida juntamente com o projétil a este fenômeno 
chamamos Câmara de Mina de Hoffmann, sendo mais comum nos tiros 
encostados na fronte. Nos tiros encostados no crânio, nas costelas e 
escápulas, podemos encontrar um halo fuliginoso na lâmina externa do osso 
referente ao orifício de entrada chamado de Sinal de Benassi. Ainda na 
entrada podemos observar o Sinal de Werkgartner, que representa o 
desenho da boca e da alça de mira da arma (pela zona de tatuagem 
esfumaçamento). 
- TIRO A CURTA DISTÂNCIA: Apresenta a forma arredondada ou ovalar, 
bordas invertidas, aréola equimótica, orla de contusão e enxugo, as zonas 
de tatuagem e esfumaçamento; 
- TIRO A LONGA DISTÂNCIA: Apresenta a forma arredondada ou ovalar, 
bordas invaginadas, aréola equimótica e orlas de contusão e enxugo. Há 
somente ação mecânica do projétil. 
 
 
 
 
 
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Nos tiros a curta distância, diante de arma com projéteis múltiplos, é possível 
verificar, por vezes, a presença de bucha pneumática no local da lesão. 
Essa bucha é utilizada para retardar a dispersão dos projeteis, promovendo 
maior estabilidade ao tiro. Quando encontrada no local da lesão, 
caracteriza o disparo a curta distância ou com cano encostado. 
 
O exame das vestes é de suma importância, pois pode conter 
eventualmente elementos do disparo e mostrar a posição relativa entre a 
localização da perfuração nestas e no corpo. Porém, importante destacar 
que a ausência de sinais de tiro a curta distância (zona de tatuagem, zona 
de esfumaçamento e zona de queimadura), não pode afastar, per si, que o 
tiro não ocorreu a curta distância. Isso se justifica pelo fato de que o 
homicida ou suicida pode ter utilizado um anteparo entre a arma e o corpo 
(ex. travesseiro), hipótese em que os vestígios estarão nesses objetos e não 
no corpo da vítima. 
 
Segundo Gisbert, para o diagnóstico seguro do disparo com cano 
encostado ou a curta distância, deve-se buscar carboxihemoglobina no 
local do ferimento. 
 
DIFERENÇA ENTRE TRAJETO E TRAJETÓRIA: 
Trajetória, segundo Croce Jr., é o caminho descrito pelo projétil desde seu 
ponto de disparo até percutir o alvo. Trajeto é o percurso seguido pelo 
projétil dentro do alvo. Ao perito médico-legal interessa conhecer a trajetória 
e o trajeto. 
 
CALIBRE 
Calibre nominal é o que vem escrito pelos fabricantes dos projéteis. Já o 
calibre real é aquele medido entre as raias do cano da arma. 
 
Nas armas de projeteis únicos, o tamanho do projétil aumenta de acordo 
com o calibre do instrumento. Já nas armas de projéteis múltiplos, quanto 
maior o calibre, menor será otamanho físico de cada projétil individual, pois 
ele é medido pela quantidade necessária de projéteis para formar uma libra. 
 
Temo as lesões por armas de baixo calibre ou de baixa energia e 
velocidade, ao passo que as armas de guerra são de grosso calibre, de alto 
impcato, de alta energia e de alta velocidade. 
 
FENÔMENO DA CAVITAÇÃO: Trata-se de fenômeno mais evidente nos PAF 
de alta velocidade, em razão do alto nível de energia cinética que é 
 
 
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transferida ao tecido. Esse fenômeno é verificado durante o trajeto do 
projétil, dentro do organismo da vítima, apresentando-se como um forte 
deslocamento de ar, derivada da pressão do projétil, que resulta em diversas 
lesões a tecidos internos. De acordo com o tamanho da cavidade 
temporária, a lesão de saída pode ser muito grande ou até mesmo menor 
do que o orifício de entrada. 
 
Quanto maior a instabilidade do projétil, maior será a cavidade temporária. 
 
 Veja que no meio do 
trajeto a lesão é maior. Se o orifício de saída fosse ali, ele seria 
extremamente maior do que o de entrada. 
 
IMPORTANTE: Apesar do projétil provocar lesão perfurocontusa, a cavidade 
temporária produz lesões contusas, oriundas da pressão interna. (pegadinha) 
 
Nos PAF de alta velocidade, na maioria das vezes, as lesões são bem 
parecidas com as de baixa velocidade. Contudo, segundo Prof. Higino, as 
feridas de projeteis de fuzil (alta velocidade) na cabeça podem ser tão 
devastadoras de modo a impossibilitar a distinção entre a ferida de entrada 
e saída do projétil. 
 
As armas de maior velocidade podem causar uma lesão de saída bem 
grande ou não, a depender do trajeto percorrido internamente pelo projétil. 
Mas não é uma regra. Não se pode afirmar que a lesão de saída provocada 
por projeteis de alta velocidade serão maiores do que as do PAF de menor 
velocidade, pois há outras variáveis. 
 
 
 
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Importante, contudo, destacar que os projeteis de maior velocidade 
provocam cavidades temporárias maiores, pois a pressão transmitida ao 
organismo é muito mais acentuada. 
 
Contudo, importante salientar que a cavidade temporária não depende 
apenas do projétil, dependendo também do órgão que é atingido, pois uns 
órgãos acarretam mais cavidade do que outros. (o pulmão é o órgão que 
melhor suporta a cavidade temporária). 
 
O cano da arma pode ser estriado/raiado (visando proporcionar o 
movimento de rotação, que proporciona mais estabilidade ao tiro) ou ser 
liso. O fato de o cano ser estriado provoca marcas no projétil e, a partir daí, 
pode-se identificar de que tipo de arma o projétil foi disparado. Se o cano 
não for estriado, não haverá possibilidade de análise de estrias no projétil. 
 
ARMAS DE CANO LISO 
Balins – projeteis esféricos. (espingarda, escopeta) 
No balote (projétil único) o próprio projetil é raiado para proporcionar o giro 
dentro do cano da espingarda. 
 
Quando as estrias são direcionadas para e direita, são dextrógiras ou, se 
para a esquerda, sinistrógiras. O IBIS (Sistema Integrado de Identificação 
Balística) separa um projétil suspeito entre milhares e o ser humano, a 
posteriori, analisa alguns tipos de projéteis suspeitos. Não é o IBIS que faz a 
conclusão final, mas sim o SER HUMANO - Exame de Comparação. 
 
Há também a possibilidade de identificação da arma através das marcas do 
percutor. Se estivermos diante de pistola podemos analisar também a marca 
do extrator que expulsa o estojo da pistola após o disparo. 
 
Nas armas de cano liso, a identificação da arma somente poderá se dar 
através da marca do percutor, pois não há raias que permitam identificá-las. 
 
LESÕES CAUSADAS POR AGENTES VULNERANTES NÃO MECÂNICOS 
Agentes não mecânicos são aqueles que não podemos tocar: ex. 
eletricidade, calor, frio, pressão e etc. 
 
 
 
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LESÕES CAUSADAS POR ENERGIA TÉRMICA 
Termonoses - As termonoses ocorrem quando a ação da onda térmica não 
atinge diretamente o organismo. Ação difusa da fonte térmica através da 
irradiação. As termonoses dividem-se em: 
 
1. Insolação – fonte térmica proveniente do sol; 
2. Intermação – fonte térmica de qualquer outro meio que não o sol. 
(Conceito atribuído de banca menos exigente) 
 
Em alguns casos de insolução será possível verificar rigidez da nuca (sinal de 
Kernig), trismo, que é a impossibilidade da abertura da boca, e convulsões, 
precedendo a morte. Do ponto de vista médico-legal, a insolação tem 
escasso interesse, por quase sempre ter origem acidental. 
 
Queimaduras: Na queimadura a fonte térmica atinge diretamente o corpo. 
Ação local da fonte térmica através da condução de calor. As queimaduras 
são dividas, de praxe em graus, de acordo com o nível de afetação ao 
organismo: 
 
1º grau – Eritema (vermelhidão – não deixa cicatriz - sinal de Christinson) 
2º grau – Flictena (formação de bolhas – atinge a epiderme) 
3º grau – Escarificação da derme (coagulação necrótica dos tecidos – 
arranca a epiderme e expõe a derme;) 
4º grau – Carbonização 
 
 
 
 
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Há doutrinadores que classificam a lesão as queimaduras da seguinte forma: 
1. Superficiais (vermelhidão, eritemas); 
2. Parciais Superficiais (destroem a epiderme até a camada basal, 
apresentando flictenas – bolhas); 
3. Parciais Profundas (destroem a derme da pele, sem afetação dos 
anexos cutâneos); 
4. Destroem todos os planos da pele, inclusive os anexos cutâneos. 
 
Como distinguir se a bolha é derivada da queimadura ou se é um sinal da 
putrefação? Deve-se analisar a reação de Chambert, verificando-se a 
presença de proteínas no interior da bolha (flictena). Caso não haja 
proteína, há o que a doutrina denomina de Sinal de Jenasie Jeliac, sinal 
característico da putrafação, abiótico. 
 
Como saber se a pessoa foi submetida ao fogo quando estava viva ou se já 
estava morta e o artifício foi utilizado para mascarar a causa mortis? Deve-
se verificar se há fuligem na árvore respiratória da vítima, pois, se ela estava 
viva, respirou. Esse sinal é chamado pela doutrina de Sinal de Montalti. Outra 
possibilidade é a análise do percentual de carboxihemoglobina no sangue. 
Caso o percentual seja superior a 50%, o indivíduo foi submetido ao fogo 
quando ainda vivo estava. Por fim, pode-se analisar se há reação vital no 
local das queimaduras. Se não houver sinais vitais (retração do tecido, 
inflamação e etc), o agente foi submetido ao fogo depois de morto. 
 
SINAL DE DEVERGIE: Com o aumento da temperatura, a musculatura do 
cadáver sofre contração pós-morte. O cadáver ao ser carbonizado irá se 
contraindo até assumir a posição de boxer, lutador, saltimbanco. No 
entanto, trata-se de uma situação que ocorre pós-morte pela atuação do 
calor. Não se trata de um sinal de que ele estava lutando contra as chamas 
e nem mesmo se defendendo de qualquer outra situação. Ocorre em 
qualquer tipo de morte quando o cadáver é submetido ao fogo. 
 
Engana-se quem pensa que apenas o calor pode causar lesões. O frio 
também pode! O frio pode produzir lesões: 
 
1. LOCAIS (denominadas geladuras); 
2. SISTÊMICAS (denominadas hipotermias). 
 
As geladuras são lesões locais causadas por vasoconstrição inicial, palidez, 
pele de aspecto anserino e posteriormente vasodilatação paralítica, 
levando à necrose e gangrena, principalmente nas extremidades (nariz, 
 
 
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orelhas, dedos, pés), com subsequente perda das mesmas. Ex. Mal das 
trincheiras. 
 
Podem ser classificadas em 4 graus: 
1o Grau: palidez ou rubefação e aspecto anserino da pele; 
2º Grau: eritema e formação de bolhas ou flictenas; 
3º Grau: necrose dos tecidos moles e crostas; 
4º Grau: gangrena ou desarticulação. 
 
Nas vítimas do frio, podemos encontrar os seguintes sinais: rigidez precoce, 
intensa e duradoura, hipóstases vermelho claro, sangue de tonalidade mais 
clara,isquemia cerebral, congestão polivisceral, disjunção das suturas 
cranianas, sangue fluido, repleção das cavidades cardíacas, espuma 
sanguinolenta nas vias respiratórias, flictenas na pele, equimose no pescoço, 
na mucosa gástrica e nas pleuras. 
 
 
CAPÍTULO 2. 
LESÕES CAUSADAS POR ENERGIA ELÉTRICA 
A energia elétrica é outra espécie de energia de ordem física, que pode 
causar graves distúrbios do organismo humano e, até mesmo, a morte. 
 
O que é energia elétrica? Trata-se da vibração e escoamento de elétrons 
entre os átomos do condutor elétrico provocado por uma diferença de 
potencial elétrico existente entre o acumulador e o receptor tentando 
estabelecer o equilíbrio entre as fontes. Em suma, há uma produção de 
elétrons por parte do atrito e estes se encaminham para corpo que detém 
menos elétrons a fim de equilibrar os elétrons entre os átomos. 
 
CONDUTORES ELÉTRICOS – são materiais destinados à passagem da corrente. 
 
A corrente elétrica somente entra onde ela pode sair. Para sair ela tem que 
soltar os elétrons em algum lugar. Toda eletricidade do planeta escorre para 
a terra. Por isso, se encostarmos-nos a um fio de alta tensão, mas estivermos 
de bota emborrachada o corpo não será atingido pela corrente. 
 
Quando a energia elétrica atinge um ser humano, tudo pode acontecer, ele 
pode não sofrer nada, como também morrer carbonizado. Duas são suas 
formas de energia elétrica: natural (atmosférica) e industrial. A ação da 
primeira é a fulminação e da segunda, a eletroplessão. 
 
 
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1. ENERGIA ELÉTRICA NATURAL: denomina-se fulguração ou fulminação o 
efeito da eletricidade natural (atmosférica). Os acidentes surgem 
quando a vítima é apanhada diretamente pela descarga de uma 
nuvem (raios) sobre o solo ou, então, indiretamente, quando a 
descarga se origina de uma nuvem sobre outra. 
 
Há na literatura médico-legal quem faça a seguinte distinção: 
A) Fulminação: ação da energia elétrica natural letal sobre o indivíduo 
(causa a morte); 
B) Fulguração: ação da energia elétrica natural que provoca lesões 
corporais não letais (não causa a morte). 
 
Nesse caso, encontram-se os objetos imantados (como imãs) por algum 
tempo e fundidos total ou parcialmente em razão do efeito jaule. O efeito 
jaule é a transformação da corrente elétrica em calor. Este pode ser tão 
intenso que, além de provocar queimaduras, pode até derreter os metais, 
causando a fusão dos metais, metalização 
 
 Diante da atuação da energia elétrica, há uma 
lesão característica que é encontrada nas vítimas. Trata-se do Sinal de 
Lichtenberg, que é causada por energia elétrica natural, gerando lesões aos 
vasos sanguíneos superficiais, se apresentando sob um aspecto de raízes de 
uma árvore. 
 
Algumas vezes, em caso de energia natural, a corrente elétrica passa 
apenas pela superfície corporal, sem qualquer penetração nos planos 
profundos, sendo conhecida essa atuação como Flashover. 
 
 
 
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A fulguração, além do Sinal de Lichtenberg, pode acarretar lesão ao 
tímpano, visão e no sentido nervoso. Dentre essas lesões à visão, a literatura 
traz duas espécies bem características: 
 
A) Catarata Tardia: ocorre quando a visão é prejudicada em razão há 
afetação do cérebro; 
B) Ceratite: ocorre quando a visão é prejudicada em razão do alto 
nível de luminosidade. 
 
2. ENERGIA ELÉTRICA INDUSTRIAL: A ação da energia elétrica industrial sobre 
o organismo constitui uma série se alterações, denominada pela literatura 
como eletroplessão. 
 
 Quando a pessoa sofre eletroplessão, 
costuma aparecer o sinal de jellinek, que se apresenta como a marca de 
entrada da corrente elétrica, no ponto de contato com a energia. Trata-se 
de uma lesão dura, de bordos elevados, seca, indolor, profundidade 
variável, podendo reproduzir a forma do condutor elétrico. (parece um calo) 
Não determina a causa mortes, tão somente determina que a vítima foi 
atingida por uma corrente elétrica industrial. 
 
Nos pontos de entrada e saída da corrente podem ser observadas lesões de 
alto valor diagnóstico: as marcas elétricas de Jellinek. Contudo, importante 
ressaltar que nem sempre haverá a lesão de saída da energia elétrica. 
 
ARCO ELÉTRICO ou VOLTÁICO – Nem sempre precisamos encostar no fio para 
sermos atingidos pela eletricidade. Em alguns casos, geradores e 
acumuladores de alta pressão podem permitir que a corrente elétrica salte 
em direção a uma fonte condutora mais próxima. O corpo humano é um 
excelente condutor de eletricidade: água, sais minerais e diâmetro longo. 
Não precisa encostar, basta que se aproxime suficientemente para que o 
gerador transfira os elétrons para o corpo. 
 
 
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EFEITO JAULE – Transformação da energia elétrica em calor, podendo causar 
queimaduras em todos os graus. Causa até mesmo carbonização! 
 
ATENÇÃO: Não confunda marca elétrica (sinal de jellinek) com queimadura 
elétrica (que deriva da transformação da energia elétrica em calor, 
produzindo queimadura). 
 
RESISTÊNCIAS CORPORAIS: 
De acordo com o ESTADO DA PELE: 
1. Pele seca, áspera, espessa, calosa, queratinizada, carbonizada, 
protegida por borracha, cerâmica Maior proteção. 
2. Pele úmida, lisa, delgada, suada, sem proteção isolante  Menor 
proteção. 
 
Quando a pele está molhada, suada, tem-se uma diminuição considerável 
na pele. Ex. Se uma criança ao começar um jogo de futebol percebe que a 
grade está dando choque e nada faz pode haver um prejuízo maior ao final. 
Pois, quando mais suado a resistência de seu organismo estará bastante 
reduzida e ao encostar novamente no fio o AMPERE irá atingi-lo de forma 
muito mais elevada, podendo, até mesmo, causar-lhe a morte. 
 
ASSOCIAÇÃO EM PARALELO 
A corrente procura sempre a menor resistência e o caminho mais curto, se o 
individuo estiver calçado com sapado de borracha, a energia continuará a 
correr no fio. Se estiver descalço e dentro de uma possa de água o seu 
corpo, em baixa resistência, será um chamariz para a energia e será 
absorvido por grande parte da energia que corre nos fios. Uma parte da 
energia vai continuar passando pelo fio e outra será absorvida pelo 
organismo humano. 
 
ASSOCIAÇÃO EM SÉRIE 
Quando ocorre associação em série o individuo recebe a corrente em sua 
totalidade. Isso acontece quando o individuo segura a ponta de um fio 
arrebentado. Nesse caso, haverá maior risco de dano ao organismo do que 
diante da associação em paralelo, pois nesta o indivíduo recebe parte da 
energia. 
 
CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS LESÕES POR ENERGIA ELÉTRICA: 
As células humanas funcionam através de uma condução elétrica sútil que 
passa de fora para dentro e dentro para fora. As células são preparadas 
 
 
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para funcionar com determinado padrão de energia elétrica. Assim, quando 
uma energia elétrica atinge o ser humano acaba poralterar a fisiologia 
elétrica do individuo, acarretando a possibilidade de sérios prejuízos. 
 
A gravidade da lesão oriunda da corrente elétrica depende estritamente do 
seu percurso dentro do organismo. O perigo da lesão depende diretamente 
do órgão que é atingido pela eletricidade, da intensidade do dano elétrico 
e também do tempo de exposição do corpo humano em relação à 
corrente elétrica. 
 
A energia elétrica de baixa amperagem, quando passa pelo cérebro, afeta 
o tronco encefálico, destruindo os neurônios e acarretando para respiratória 
central. 
 
A energia elétrica de baixa amperagem, quando passa pelo coração, gera 
fibrilação ventricular (arritmia cardíaca grave), podendo ocasionar parada 
cardíaca. Quando a energia elétrica é de alta amperagem e passa pelo 
coração, pode acarretar assistolia (total perda do ritmo cardíaco). 
 
IMPORTANTE: O coração é o órgão do corpo humano responsável pelo 
bombeamento de sangue para todos os demais órgãos. A fibrilação 
ventricular e a assistolia prejudicam esse processo (bombeamento), 
acarretando o CHOQUE CARDIOGÊNICO. 
 
A energia elétrica de média amperagem, quando passa pelo tronco do 
indivíduo, acarreta contração do diafragma (músculo da parede abdominal 
responsável pela respiração), resultando em parada respiratória periférica. 
O diafragma é o maior músculo do corpo humano e responsável pelo 
sistema respiratório. Quando a corrente elétrica passa pelo corpo, 
dependendo da intensidade, afeta o diafragma e gera parada respiratória. 
 
Como a eletricidade “mata” as células? A eletricidade atua destruindo as 
células através do FENÔMENO DA ELETROPERFURAÇÃO, situação em que 
ocorre o aumento do diâmetro das células e, por via de consequência, há o 
ingresso e saída de substâncias prejudiciais e essenciais (respectivamente) 
para a célula. 
 
Ademais, dependendo da intensidade da corrente elétrica, pode haver a 
ocorrência de fraturas e luxações, podendo, inclusive, comprometer 
gravemente os músculos. Caso haja esse comprometimento dos músculos, 
deve-se dar especial atenção à possibilidade de insuficiência renal, pois a 
mioglobina do músculo, quando liberada na corrente sanguínea, acarreta 
sério prejuízo aos rins. 
 
 
 
 
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LESÕES CAUSADAS PELA RADIOATIVIDADE 
A radioatividade, aos poucos, causam lesões que podem causar a morte. A 
energia radioativa atinge o átomo e transfere para ele elevado nível de 
energia. O átomo absorve uma quantidade considerável de energia e vai 
liberando-a aos poucos. Alguns exemplos de fonte de radiação incluem: os 
raios X, rádio e cobalto radioativos, compostos do bário, tório, etc. 
 
O nível de periculosidade da radiação depende da partícula que está 
sendo expelida pelo átomo. A liberação da energia é que confere a 
radiação a esse átomo, liberando partículas ALFA, BETA E ONDAS 
ELETROMAGNÉTICAS CHAMADAS GAMA. 
 
A partícula alfa, quando expelida não ultrapassa nem mesmo uma folha de 
papel. A partícula Beta não consegue adentrar na pele, causando apenas 
certa vermelhidão. No entanto, a partícula gama adentra a pele, 
ultrapassando até mesmo o chumbo, sendo bloqueada apenas pelo 
concreto (pode causar grande prejuízo ao corpo humano). O individuo se 
protege muito bem, quando vestido, das radiações ALFA E BETA, no entanto, 
quando diante da radiação gama, somente o tempo de permanência sob 
o contato com a radiação pode determinar uma garantia de não prejuízo 
ao individuo. 
 
As radiodermites são lesões produzidas por substâncias radioativas, 
classificando-se em três graus diferentes: 
1ª GRAU: eritema e depilação da área afetada; 
2º GRAU: flictenas (bolhas); 
3º GRAU: grau: gangrena ou necrose. (úlcera de Roentgen) 
 
As radiações atuam impedindo a divisão celular em alguns tecidos e 
destruindo as células de outros, causando leucemia, dermatoses 
(radiodermites), lesões das gônadas e moléstias profissionais. 
 
A radiação pode gerar queimaduras, porém sem crestar os pelos (igual a 
queimadura pela água). 
 
LESÕES CAUSADAS PELA PRESSÃO ATMOSFÉRICA 
As lesões derivadas da pressão atmosférica são ocasionadas quase sempre 
no ambiente laboral e em caráter acidental. Quando a pressão atmosférica 
se altera para maior ou para menos do normal, há grande risco de danos à 
vida e a saúde das pessoas. 
 
 
 
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1. Diminuição da pressão atmosférica: quanto maior a altitude, menor 
será a pressão atmosférica e também menor a quantidade de 
oxigênio. Isso força o coração trabalhar mais no sentido de compensar 
a falta de oxigênio, acarretando dispneia, náuseas, taquicardia, e até 
perda da consciência. Esse fenômeno é conhecido como Mal das 
Montanhas ou do Aviador. 
 
Quando o indivíduo mora em locais de grande altitude, pode ser portador 
de uma doença crônica chamada DOENÇA DO MONGE, que pode 
acarretar diminuição da ventilação pulmonar e prejuízos à oxigenação do 
sangue (pode causar tromboses). 
 
2. Aumento da pressão atmosférica: quanto menor a altitude, maior será 
a pressão atmosférica. Nesse sentido, podemos constatar que os 
mergulhadores costumam trabalhar em locais de grande pressão 
atmosférica. O aumento da pressão atmosférica acarreta o que a 
doutrina chama de descompressão, resultando em posterior embolia 
derivada da intoxicação por oxigênio, nitrogênio e gás carbônico. 
Essas lesões são também conhecidas como barotraumas. 
 
DOENÇA DA DESCOMPRESSÃO: Forma crônica que decorre da 
descompressão inadequada, acarretando acúmulo de gases 
descomprimidos nas articulações (maior concentração de nitrogênio na 
mistura gasosa). 
 
EMBOLIA TRAUMÁTICA PELO AR: Forma aguda da lesão por aumento de 
pressão, podendo ser mortal. Se caracteriza pela rotura das paredes 
alveolares, causando hemorragia intrapulmonar. Nesse caso, o nitrogênio cai 
na corrente sanguínea, acarretando embolias gasosas difusas. 
 
BAROTRAUMA DE OUVIDO: Quando o sujeito está descendo nas profundezas 
a água força a entrada pelo ouvido, que é obstruída pelos tímpanos. No 
entanto, quando em alta pressão, o tímpano não é capaz de obstruir essa 
entrada da água, acarretando, destarte, em barotrauma no tímpano –
rompimento do tímpano– gerando a perda do equilíbrio. (Mergulho em 
apneia) 
 
MANOBRA DE VALSALVA - Atua de modo a compensar a pressão de dentro para 
fora. Ocorre quando o mergulhador fecha o nariz e boca, assoprando a fim de 
garantir o bloqueio do tímpano e evitar o barotrauma causado pela entrada de 
água no ouvido. 
 
 
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MANOBRA DE TOYMBEE – Consiste em tampar o nariz e simular uma deglutição. 
 
LESÕES CAUSADAS PELA LUZ E SOM 
A luz e o som são agentes vulnerantes que comprometem principalmente os 
órgãos dos sentidos e dificilmente acarretam lesões graves. 
 
 A exposição à luz intensa ou de intensidade muito variável pode causar 
alterações do sistema nervoso central (epilepsia) e alterações de ordem 
psíquica. 
 
A exposição crônica a ruído excessivo pode causar epilepsia acustogênica, 
diminuição e até mesmo a perda da função auditiva, além de “zumbidos”. 
A perda auditiva temporária, segundo Veloso França, é conhecida como 
mudança temporária do limiar de audição (temporary threshold shift). 
 
ENERGIAS DE ORDEM FÍSICO-QUÍMICA 
Todos nós, seres humanos, precisamos respirar! Nesse sentido, para que a 
respiração se processe em condições de normalidade é necessário que o 
ambiente externo seja gasoso, com um teor de oxigênio de 
aproximadamente21%, azoto 78%, gás carbônico 0,03%, portanto, 
praticamente livre de gases tóxicos, e que haja permeabilidade das vias 
respiratórias, movimentação toracodiafragmática, expansibilidade 
pulmonar, circulação sanguínea e volemia em condições suficientes para o 
transporte de oxigênio à intimidade dos tecidos e garantir regularidade à 
hematose. 
 
Ao estudar as energias de ordem físico-química, analisaremos 
minuciosamente a morte por asfixia. Mas qual seria a importância desse 
estudo? A asfixia é uma das qualificadoras do homicídio e tem fundamental 
importância para a mensuração da dosimetria da pena. 
 
A asfixia não deriva apenas de um processo físico, mas também químico. 
Trata-se de um processo físico-químico provocado à vítima, atuando de 
forma a impedir a utilização do oxigênio para a produção de ATP (energia), 
também atuando impedindo a oxigenação de órgãos vitais para organismo. 
 
Na asfixia, constatamos ausência de oxigênio (hipoxia) e excesso de gás 
carbônio (hipercapnia). 
 
 
 
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Vamos ver se você aprendeu? Qual tipo de agente vulnerante atua na 
asfixia? Físico-Químico! 
 
Antes de entramos no estudo das asfixias, precisamos conhecer algumas 
informações básicas. 
 
O que é o tão famoso ATP? Trifosfato de adenosina, adenosina trifosfato ou 
simplesmente ATP, é um nucleotídeo responsável pelo armazenamento 
de energia em suas ligações químicas. É constituída por adenosina, 
um nucleosídeo, associado a três radicais fosfato conectados em cadeia. A 
energia é armazenada nas ligações entre os fosfatos. 
 
O ATP armazena energia proveniente da respiração celular e da fotossíntese, 
para consumo imediato. A molécula atua como uma moeda celular, ou 
seja, é uma forma conveniente da transformação da energia. Esta energia 
pode ser utilizada em diversos processos biológicos, tais como o transporte 
ativo de moléculas, síntese e secreção de substâncias, locomoção edivisão 
celular, entre outros. Não pode ser estocada, seu uso é imediato, energia 
pode ser estocada na forma de carboidratose lipídios. 
 
SINAIS GERAIS DE ASFIXIA 
A morte por asfixia gera sangue fluido e escuro; Congestão Polivisceral e 
Manchas de Tardieu, porém estes não são sinais de certeza da morte por 
asfixia, ou seja, não são sinais patognomônicos, mas sim, sinais de mera 
probabilidade de asfixia. 
 
MANCHA DE TARDIER: Para Tardier, estas hemorragias multiformes 
subconjuntivais (mancha de tardier) configuravam hipótese de ASFIXIA. 
Atualmente não podemos afirmar que tal lesão caracteriza, com precisão, 
hipótese de asfixia. A hemorragia subconjuntival é um indicio de asfixia. 
 
Classificação Médico-Legal das Asfixias: 
Quando existe a constrição do pescoço não necessariamente estaremos 
impedindo a entrada de oxigênio no pulmão, mas estaremos impedindo que 
o oxigênio chegue em quantidade necessária ao bom funcionamento do 
cérebro (lesão na carótida). Pode ser também a alteração neurológica 
causada pela alteração do nervo vago. 
 
TIPOS DE SUFOCAÇÃO 
A) Sufocação Direta – Obstrução direta dos orifícios respiratórios. Este tipo de 
asfixia é realizado quando diante de desproporção física da vítima para 
 
 
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com o homicida ou diante de situação em que a vítima tenha a sua 
resistência reduzida. Este deverá ser muito mais forte do que a vítima para 
provocar a sufocação direta com êxito. Outra forma de realizar a sufocação 
direta decorre da obstrução das vias aéreos (normalmente, acidentais, em 
idosos, crianças e bêbados). A pessoa que, por exemplo, aspira o chiclete 
bloqueando as vias aéreas. Pode deixar marcas ou não, quando diante de 
obstrução dos orifícios respiratórios, a depender do modo. 
 
B) Sufocação Indireta – Ocorre com a obstrução em vias que não as aéreas 
ou orifícios respiratórios. Ex. paralisia da musculatura respiratória, pela 
compressão do tórax, pelo energia elétrica. 
Outra forma de realizar a sufocação indireta é com a crucificação, pois o 
peso do corpo fica todo apoiado pelos braços e não há força para o 
levantamento do corpo exigido para o movimento respiratório. A fratura dos 
arcos costais (costelas) também gera a asfixia indireta, em virtude da 
obstrução. 
 
ASFIXIA POR MODIFICAÇÕES FÍSICAS DO AMBIENTE: 
A) Modificações Quantitativas do Ar: diminuição do oxigênio, aumento do 
gás carbônico, aumento da temperatura e excesso de vapor d’água; 
B) Confinamento; (ex. pessoa presa no porta-malas de um carro) 
C) Modificações Qualitativas do Ar: ambiente gasoso para líquido 
(afogamento) e ambiente gasoso para sólido (soterramento); 
 
MODIFICAÇÃO DO AR AMBIENTAL 
Afogamento – Liquido 
Soterramento – Sólido Granular 
Confinamento – Gases não tóxicos, porém que não servem para a 
respiração. 
 
A) Soterramento: 
Caracterizado quando a pessoa está viva no momento do desabamento e 
acaba por se asfixiar ao respirar o material sólido que cai sobre si. Para tanto, 
deve ser aberto o cadáver e analisar as vias aéreas com intuito de averiguar 
se há material do desabamento em sua arvore respiratória e também no 
sistema digestório. Caso haja, podemos caracterizar a morte por asfixia 
derivada do soterramento. Essa analise das via aéreas na autopsia permite 
saber se a pessoa morreu em virtude do trauma ou se fora asfixia. 
 
 
 
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O Cogumelo de pulmão caracteriza um 
edema de pulmão, tratando-se de um sinal característico na morte por 
soterramento, afogamento, eletroplessão e outras mais. Assim, o cogumelo 
de não é um sinal patognomônico. 
 
O que é um sinal patognomônico? Termo médico que se refere a sinal ou 
sintoma específico de uma determinada doença, diferenciando-a das 
outras. 
 
B) Confinamento 
Ocorre quando a vitima está em um local sem circulação do ar que, por 
conseguinte acaba por tornar insuficiente a presença de oxigênio a fim de 
propiciar a oxigenação do organismo humano. O nosso organismo quando 
entra em um ambiente com menos de 7% de oxigênio não agüenta e o 
individuo acaba por desmaiar, causando a morte em seguida. (morte muito 
comum em poços, onde o ar é paupérrimo; em pessoas que são 
locomovidas dentro da mala de um carro após um tempo de permanência 
no local; pessoas que ficam afundadas em submarino ou mesmo dentro da 
geladeira). 
 
O confinamento gera hipotermia, hipoxia e hipercapnia. 
 
C) Afogamento 
Trata-se de asfixia por alteração do ar ambiental, do estado gasoso para o 
liquido. O afogamento se dá através da aspiração e ingestão da água. Em 
virtude disto, os sinais de morte por afogamento podem ser encontrados no 
sistema respiratório e também no digestivo. 
 
IMPORTANTE: A água do sangue tem mais sal do que a água doce e menos 
sal do que na água salgada. O ar que entra no organismo é direcionado 
para o lado esquerdo do coração. 
 
 
 
 
 
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A) AFOGAMENTO EM ÁGUA DOCE: 
Na água doce há sal, porém em menos quantidade do que na água 
salgada. 
 
Quando a água doce chega no pulmão e entra em conflito com a água do 
sangue, como a água do sangue tem mais sal do que a água doce, a 
tendência é que a água que chega no pulmão seja absorvida pelo sangue, 
pois o sal do sangue irá (puxar) absorver a água e tornar, por conseguinte, o 
sangue diluído. Nesse momento, como o sangue é direcionado para o átrio 
esquerdo é possível verificar que o sangue do átrio esquerdo estará

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