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Gestão de Suprimentos Estratégia Competitiva e da Cadeira de Suprimentos Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Esp. Washington Luis Reis Revisão Textual: Profa. Esp. Vera Lídia de Sá Cicaroni 5 • Estratégias: “vantagem competitiva” e “cadeia de suprimentos” • Atingindo o alinhamento estratégico Conto com a sua participação para alcançarmos o sucesso no processo de aprendizagem. Inicialmente organizem sua forma de estudar, lendo “Orientação de Estudos” e observando o “Mapa mental ou Esquema Gráfico”. Em seguida vamos adquirir os conhecimentos a partir das leituras dos textos disponibilizados na “Contextualização”, no “Conteúdo Teórico”, e na “Apresentação Narrada”. E, finalmente, vamos consolidar os conhecimentos realizando as atividades de “Sistematização”, de “Aprofundamento” e de “Avaliação”. Aproveitem para aprofundar sua aprendizagem pesquisando o “Material Complementar” sugerido. · O objetivo desta unidade é abordarmos os conceitos de “Estratégia Competitiva” e “Estratégia da Cadeia de Suprimentos”. São estratégias que as empresas devem adotar em suas operações. Dentro deste tema, veremos assuntos muito importantes para que as empresas obtenham sucesso, tais como: vantagem competitiva, as 5 forças de Porter (SWOT), estratégias competitivas, cadeia de valor e alinhamento estratégico. Estratégia Competitiva e da Cadeira de Suprimentos 6 Unidade: Estratégia Competitiva e da Cadeira de Suprimentos Contextualização Você consegue imaginar uma fortuna de US$ 102,5 bilhões?!! Esse é o valor que a família Walton herdou do fundador da maior empresa de varejo do mundo, a Wal-Mart, com faturamento de US$ 256 bilhões. Vamos conhecer um pouco desta história de sucesso e quais estratégias foram utilizadas. Sam Walton começou sua carreira de empreendedor em 1945 com uma pequena franquia que, em 5 anos, se tornou uma das maiores unidades da rede. Entre 1951 e 1962, administrou uma pequena loja de variedades junto com sua esposa, a “Walton’s 5-10”. Nesse período, aprendeu conversando com seus clientes. Dedicou-se também a estudar seus concorrentes, especialmente o K-Mart.Sam, pesquisou vários outros tipos de negócios e começou a formular um novo conceito: as Lojas de Descontos. Então, Sam e seu irmão Bud resolveram fundar a Wal-Mart, em 1962, com a abertura de sua primeira loja na cidade de Rogers, estado do Arkansas, com o nome de “Wal-Mart Discount City”. Dois anos após sua fundação, a rede já contava com 24 lojas e um faturamento de US$ 12,6 milhões. Atualmente é uma das maiores empresas do mundo, sendo a maior em sua categoria dentro do competitivo mercado americano, com 8% de participação (maior que Carrefour, Kroger e RoyalAhold juntas), operando cerca de 5 mil lojas. Mas qual a estratégia que Sam Walton adotou para alcançar tanto sucesso? Ao ler as palavras de Sam Walton, abaixo, você vai entender: “Não há preço baixo na loja sem que os custos sejam baixos na empresa. Por isso é preciso economizar cada centavo” Custos baixos, essa foi e é a principal meta da empresa. Mas além de perseguir a redução de custos, a Wal-Mart sempre buscou também a excelência no atendimento aos seus clientes (veja em http://migre.me/5O37i famoso discurso sobre o tema). Em especial, a disponibilidade de produtos e serviços sempre foi um objetivo perseguido por Sam Walton. As prateleiras das lojas estão sempre cheias e dificilmente os produtos não são encontrados. Veja mais uma famosa frase de Sam que ilustra essa filosofia: Os Clientes terão aquilo que quiserem, quando quiserem, e pagarão um valor por isso. Mas como conciliar uma alta disponibilidade de produtos e serviços, que geram altos custos de estoque, com custos baixos? Aqui temos o grande exemplo de como administrar os custos logísticos. Sam Walton sempre foi um grande obstinado em alcançar a excelência operacional de seu negócio. Além de perseguir economias de custos em pequenas coisas, tais como uniformes e canetas utilizadas por seus funcionários, ele também sempre buscou o uso da tecnologia para reduzir os custos logísticos. Veja alguns exemplos: 7 • Foi um dos pioneiros em informatizar os estoques (1966); • Investiu fortemente na melhoria de processos de trabalho; • Manteve foco na cadeia de suprimentos, compartilhando informações coma seus fornecedores e clientes. Com os custos identificados e controlados e visão sempre focada nos mercados (clientes e concorrentes), a Wal-Mart definiu suas estratégias e sucesso. E este será o objetivo desta unidade de estudo: identificar a melhor estratégia competitiva para uma empresa. Este objetivo pode ser resumido em mais uma famosa frase de Sam Walton: “Compre barato, venda barato, mantenha as prateleiras bem sortidas, trate os clientes com respeito, valorize seus colaboradores e preste muita atenção aos acertos da concorrência” Veja um pouco mais deste caso de sucesso em http://migre.me/5O64u, http:// migre.me/5O924 ,e também em um vídeo que resume a filosofia de custos baixos em http://migre.me/5O83G . 8 Unidade: Estratégia Competitiva e da Cadeira de Suprimentos 1. Estratégias: “vantagem competitiva” e “cadeia de suprimentos” No mundo moderno atual, as empresas precisam se diferenciar da concorrência e encantar os clientes com produtos e serviços diferenciados, e, para tanto, precisam definir suas estratégias de atuação. A essência de uma estratégia é realizar atividades de modo diferente do da concorrência e manter a chamada vantagem competitiva. Segundo Michael Porter, professor da Harvard Business School, que escreveu diversos livros sobre estratégia, que se tornaram importantes fontes de pesquisa para empresários e líderes organizacionais, podemos definir vantagem competitiva assim: Ideias Chave Vantagem competitiva é um conjunto de características que permite a uma empresa diferenciar-se dos seus concorrentes por entregar mais valor aos seus clientes sob o ponto de vista destes. Explore Assista ao vídeo do link indicado abaixo e entenda, na prática e de forma divertida, o que é “Vanta- gem Competitiva”: http://www.youtube.com/watch?v=jJoVZB7G7zo Conheça um pouco mais sobre Michael Porter no link: http://pt.wikipedia.org/wiki/Michael_Porter A “Gestão da Cadeia de Suprimentos” é um recurso estratégico para a obtenção e manutenção de “Vantagens Competitivas” pelas empresas, pois, por meio dela, podemos encontrar respostas às seguintes questões: 1. O que pode ser feito para atender melhor ao cliente? Podemos maximizar o nível de serviço prestado ao cliente, ou seja, oferecer produtos na quantidade e variedade desejada; disponibilizar esses produtos nos locais onde o cliente deseja, seja em pontos de venda ou em sua própria residência, através de serviços de entrega; oferecer serviços de pós-venda; e muito mais. 9 2. O que pode ser feito para minimizar os custos? Podemos utilizar melhor os equipamentos e veículos com programações de recebimento e entrega de produtos; podemos reduzir os estoques ao prever melhor as vendas; podemos economizar no sistema de entregas, ao escolher o melhor modal de transporte; e muito mais. 3. E quanto a rentabilidade de empresa, o que pode ser feito? Quando melhoramos o nível de serviço aos clientes, temos, como consequência, mais vendas. E, quando reduzimos custos com mais vendas, temos maiores resultados (lucros). Assim, criamos mais valor para os acionistas, ou seja, os proprietários da empresa. 4. E o que tudo isso acarreta de bom para os clientes? Além de receberem um bom atendimento, os clientes percebem mais valor nos produtos. Para ele, vale muito mais um produto entregue na hora e no local combinado do que um produto estocado na prateleira de uma loja. Isso significa mais valor para o cliente.Porter, em suas obras Estratégia Competitiva e Vantagem Competitiva, sugere uma sistemática de análise setorial e empresarial para a escolha de uma Estratégia. O modelo das “Cinco Forças de Porter”, também conhecido por SWOT (das iniciais dos termos, em inglês, Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats), destina-se à análise da competição entre empresas e destaca aspectos que devem ser estudados para que se possa desenvolver uma estratégia empresarial eficiente. Esse modelo leva em consideração os “Pontos Fortes” e os “Pontos Fracos” que a empresa possui e visa identificar as “Oportunidades” e “Ameaças” existentes. Em resumo, as cinco forças são: 1. A força dos concorrentes que já existem no mercado em que a empresa atua. Aqui as empresas enfrentam as forças dos concorrentes no dia a dia. Os concorrentes de uma empresa podem ser maiores ou menores do que ela. Exemplo: as redes de supermercados Carrefour, Pão de Açúcar, Wal-Mart, etc. 2. A força dos possíveis concorrentes que podem vir a entrar no mercado em que a empresa atua. Se o mercado da empresa for promissor, novos concorrentes podem entrar e tornar o mercado mais competitivo. Exemplo: empresas de telefonia celular entrando no mercado de TV a cabo; 10 Unidade: Estratégia Competitiva e da Cadeira de Suprimentos 3. A força dos possíveis produtos substitutos que podem entrar no mercado. Neste caso, um produto pode substituir todo o mercado da empresa. Exemplo: máquina fotográfica digital, que substituiu todo o mercado de filmes e revelação para fotografia. A produção de filmes (empresa Kodak) e revelação de filmes (rede de lojas Fotótica) praticamente foram extintas; 4. A força dos fornecedores nas negociações com a empresa. Neste caso, os fornecedores são mais poderosos e impõem as suas necessidades. Por exemplo: o fabricante de produtos Apple (celulares, computadores, tabletes, etc.) impõem ao mercado suas condições em função da sua força adquirida junto aos clientes. 5. A força dos compradores (clientes) nas negociações com a empresa. Neste caso, os compradores são mais poderosos e impõem as suas necessidades. Por exemplo: as redes varejistas de eletrodomésticos (Casas Bahia, Ponto Frio, Magazine Luiza, etc.) impõem aos fabricantes suas condições de preço e forma de pagamento em função da sua força adquirida junto ao mercado consumidor (clientes finais). A “figura 1”, a seguir, esquematiza o modelo das 5 forças: Figura 1: As 5 Forças de Porter Em seus estudos e proposições, Porter sugere que as empresas devem escolher entre 3 tipos de estratégias para enfrentar as 5 forças competitivas: • Liderança em custo: a empresa é percebida pelo mercado (clientes) por sua estratégia de baixo preço; 11 • Diferenciação: a empresa é percebida pelo mercado (clientes) por sua estratégia de oferecer um atendimento diferenciado, ou seja, os clientes a procuram independentemente dos preços; • Foco: a empresa é percebida pelo mercado (clientes) por sua estratégia de atender a um determinado segmento do mercado, ou seja, os clientes a procuram porque recebem atendimento específico. Nesta estratégia, a empresa pode ter ou não melhor preço e/ou atendimento, mas, com certeza, ela “foca” uma parte do mercado (clientes) e não todo o mercado (todos os clientes). A “Figura 2”, abaixo, mostra que, nas estratégias de “Diferenciação” e “Liderança em Custo”, as empresas têm como alvo “Toda a Indústria”, ou seja, todo o mercado de clientes. Já, na estratégia de “Foco”, a empresa busca apenas um segmento do mercado, ou seja, clientes específicos que desejam preços e atendimento focado. Vantagem estratégica Unicidade observada pelo cliente Posição de paixo custo Alvo Estratégico No âmbito de toda a indústria Diferenciação Liderança em custo Apenas um segmento Foco Figura 2: Estratégias de Porter Fonte: administracaoegestao.com.br Liderança em Custo: é o modelo clássico buscado pelas empresas. Exige que as empresas tenham uma longa experiência no mercado para poder comprar e produzir com custos baixos. Geralmente as empresas têm pequenas margens de lucro nos produtos e buscam altos volumes de venda que possam gerar mais resultado. Procuram, de todas as formas, ganhar economias de escala (comprar grandes volumes, vender grandes volumes, produzir grandes volumes, etc.). Buscam, incessantemente, reduzir seus custos para poderem vender com preços agressivos. Utilizam ferramentas tecnológicas (informática, robôs, sistemas de controle, etc.) para poderem reduzir custos. Todas as atividades são medidas por métodos quantitativos (vendas, perdas, descontos, erros, etc.) com o objetivo de minimizar desperdícios. Para reduzirem custos, buscam a venda de produtos e serviços padronizados (embalagens, marcas próprias, etc.). Diferenciação: neste modelo, as empresas buscam se diferenciar pelo Design do produto, pela marca, pelo marketing diferenciado. As atividades de desenvolvimento e lançamento de novos produtos são prioritárias. As empresas buscam aferir constantemente o grau de satisfação e fidelidade dos clientes. Para isso, buscam oferecer produtos e serviços personalizados. Cada cliente deve se sentir atendido de forma personalizada. Mesmo que o foco não seja o preço menor, estas empresas não devem deixar de buscar os menores custos de produção. 12 Unidade: Estratégia Competitiva e da Cadeira de Suprimentos Foco: neste modelo, as empresas buscam atender a um segmento específico do mercado (um bairro, clientes que passam por um determinado ponto, pessoas jovens, idosos, homens, mulheres, esportistas, músicos, etc.) com linhas específicas de produtos. Estas empresas não querem atender a todos os clientes de um mercado e nem oferecer todos os produtos da sua linha de atuação. Muitas vezes, para atender a esse segmento focado, essas empresas podem combinar as estratégias de preço baixo e diferenciação. Vejamos alguns exemplos de estratégias empresariais: Exemplo 1: uma rede de supermercados tem como objetivo oferecer uma grande variedade de produtos de boa qualidade e a preços baixos. A maioria dos produtos vendidos é comum e pode ser adquirida em qualquer outra loja. O que é oferecido em um supermercado é preço baixo e disponibilidade de produtos. Os clientes que procuram um supermercado não aceitam, de forma alguma, preços altos e a falta de produtos. O objetivo do supermercado é atender a todos os clientes. O supermercado tem como estratégia principal a “Liderança em Custo”. Exemplo 2: uma rede de conveniências, com lojas, geralmente, instaladas em postos de combustível, tem como objetivo oferecer uma boa variedade de produtos de boa qualidade. A maioria dos produtos pode ser encontrada em outra loja (supermercado, drogaria, adega, etc.). Os clientes que a procuram querem aproveitar a passagem pelo posto de combustível (conveniência) para comprar algum produto de que têm necessidade. Eles não estão preocupados com preço e com variedade de marcas. Querem apenas ter o produto naquele momento. O objetivo desta estratégia é atender aos clientes que passam pelo posto em um determinado momento. As lojas de conveniência têm como estratégia principal o “Foco” em um determinado segmento de clientes. Yunlong - Flickr.com Exemplo 3: uma loja especializada na venda de vinhos tem como objetivo oferecer uma grande variedade de vinhos. Os produtos ali oferecidos não são encontrados facilmente e, em algumas situações, os produtos podem ser encomendados. Os clientes que procuram essa loja sabem que lá irão encontrar a “marca de vinho” de que precisam. Eles não estão preocupados com o preço. O objetivo desta estratégia é atender a todos os clientes que desejam comprar vinhos. As lojas especializadas em vinhos têm como estratégia principal a “Diferenciação” no atendimento aos clientes. Joe Shlabotnik- Flickr.com 13 Percebemos, então, que a estratégia competitiva, em cada caso, é baseada nas necessidades do cliente no momento da compra: custo, disponibilidade, variedade e qualidade. No supermercado, os clientes procuram, basicamente, preço; nas lojas de conveniência. procuram disponibilidade; e, na loja de vinho, buscam variedade. Definida a estratégia competitiva da empresa, o próximo passo é a definição da estratégia da cadeia de suprimentos. Para tanto, precisamos entender o que vem a ser a cadeia de valor, que é valida para qualquer organização. Na “Figura 3”, a seguir, podemos visualizar as atividades que compõem a cadeia de Valor: Figura 3: Cadeia de valor Fonte: mastigandoweb.blogspot.com A cadeia de valor começa com as atividades de “marketing”, que desenvolvem produtos e, junto com “vendas”, definem os mercados a serem atingidos. A partir desse desenvolvimento, a área de “operações” pode fabricar o produto. A “logística de entrada” possibilita o recebimento dos insumos necessários para a fabricação dos produtos bem como a organização desses insumos e do produto final na planta de armazenagem, fabricação e expedição. A “logística de saída” faz a distribuição dos produtos até os clientes. E finalmente o setor de “serviços” atende às solicitações dos clientes durante e depois das vendas. Essas atividades de “marketing, vendas, operações, logística de entrada e de saída e serviços” são chamadas de “primárias”, pois são essenciais para que as vendas se concretizem. Além dessas, existem também as atividades de apoio ou de suporte, como “Infraestrutura”, que engloba contabilidade, finanças, administração, etc., “recursos humanos”, “tecnologia da informação” e “compras”. Cada uma dessas funções deve ter uma estratégia que esteja sintonizada com a estratégia competitiva escolhida pela organização. Cada função deverá desenvolver suas atividades da melhor forma possível. Particularmente, a estratégia da cadeia de suprimentos, objeto de nossos estudos, deve determinar quanto e de quem os insumos serão adquiridos, onde e como serão armazenados, como e quando serão manufaturados e transformados nos produtos finais, como e quando estes produtos serão levados aos clientes, como será feito o transporte dos insumos para a empresa e dos produtos para os clientes e, finalmente, como será feito o serviço de atendimento aos clientes. Em suma, todas as decisões sobre transporte, armazenagem e movimentação de matérias, instalações para operações, estoques, produção e fluxo das informações são parte da estratégia da cadeia de suprimentos. 14 Unidade: Estratégia Competitiva e da Cadeira de Suprimentos 2. Atingindo o alinhamento estratégico Para atingir o sucesso, as empresas devem alinhar a estratégia competitiva com a estratégia da cadeia de suprimentos. As estratégias de todas as funções da cadeia de valor devem ter o mesmo objetivo. Todas as funções da cadeia de valor não operam isoladamente e, portanto, devem estar sintonizadas. Uma única função não é capaz de, sozinha, assegurar o sucesso da cadeia. Mas, por outro lado, uma única função pode levar ao fracasso de toda a cadeia. Portanto a definição da estratégia competitiva que norteia as ações de toda a empresa deve estar totalmente integrada às estratégias de cada função da cadeia de valor. E cada função da cadeia de valor deve estar organizada no sentido de atender às necessidades de execução das estratégias. Atenção Segundo Chopra (2003), para que haja essa sintonia entre as estratégias, existem 3 etapas a serem entendidas pelas organizações, ou seja, é preciso: 1. entender o cliente; 2. entender a cadeia de suprimentos; 3. realizar o alinhamento estratégico. 2.1. Entendendo o cliente: Vamos imaginar um produto que possa ser vendido em uma loja de conveniências ou em um supermercado. Pode ser uma lata de refrigerante, por exemplo. Um cliente que procura uma lata de refrigerante em uma loja de conveniência deseja encontrar a sua marca predileta, gelada e nada além disso. Já um cliente que procura um supermercado deseja encontrar, além de sua marca preferida, um preço competitivo e não se importa em comprar um volume maior, desde que consiga um desconto. Podemos entender, então, que cada cliente tem suas necessidades próprias, mesmo que procurem o mesmo produto. Ainda segundo Chopra (2003), as necessidades de um cliente podem variar segundo as seguintes características: 1. Preço do produto: quanto mais urgência o cliente tiver em um produto, menos exigente em relação ao preço ele será. O cliente que compra o produto com constância, com previsibilidade e em grandes quantidades estará mais propenso a exigir preços menores; 2. Quantidade de produtos: clientes que compram com urgência geralmente precisam de menor quantidade. Já os clientes que compram com constância e previsibilidade compram maiores quantidades; 15 3. Tempo de atendimento: quanto maior a urgência, maior será a necessidade de um rápido atendimento ao pedido (entrega). Os clientes que compram com constância e previsibilidade podem programar suas entregas junto ao fornecedor. Estes clientes podem exigir entregas programadas e menores quantidades para reduzir os seus níveis de estoque; 4. Variedade de produtos: em função do porte do cliente, este pode exigir que seu fornecedor tenha toda a linha de produtos necessária. Geralmente pequenos clientes que compram pequenas quantidades têm esse desejo. Clientes maiores, que procuram grandes volumes e preços baixos, podem comprar cada produto necessário em fornecedores diferentes; 5. Atendimento (nível de serviço): um cliente que tem urgência na compra exigirá alta disponibilidade dos produtos e, se não a obtiver, procurará outro fornecedor. Já um cliente que compra com constância e previsibilidade não exigirá um nível de pronta entrega e se sujeitará, até mesmo, a fazer encomendas. 6. Produtos novos: geralmente clientes finais, que procuram lojas de departamentos, de roupas, de informática, desejam encontrar novidades e muita inovação. Já os clientes profissionais e que compram para empresas não têm tanta necessidade de inovação de produtos. Podemos, então, perceber que as características dos clientes estão intimamente ligadas à previsibilidade e à constância das compras. Ou seja, quanto maior for a urgência do cliente, maior será o preço que pode ser cobrado, maior será o estoque, a variedade e a inovação de produtos necessários para atendê-lo e menor será o tempo de entrega exigido. Esse cliente sempre exigirá aumento nos níveis de serviço oferecidos. Por outro lado, um cliente que tem suas necessidades de compra com mais previsibilidade exigirá preços menores e permitirá que o fornecedor tenha estoque, variedade e inovação de produtos em menor quantidade. O tempo de atendimento aos pedidos desses clientes é maior já que existe a possibilidade de se fazer programações de entrega. Em resumo, podemos dizer que os clientes podem ser classificados quanto à “certeza” ou à “incerteza” da demanda (necessidades) exigida. Exemplificando: • Certeza da demanda: clientes que compram refrigerantes têm sua demanda previsível. Os fornecedores que os atendem (supermercados, lojas de conveniência, atacadistas, etc.) sabem prever os volumes que serão consumidos por períodos (mês, ano, etc.); • Incerteza da demanda: clientes que vão comprar uma nova marca de telefone celular têm uma demanda imprevisível. Os fornecedores que os atendem (lojas de departamento, lojas de tecnologia, lojas de telefonia, etc.) não sabem prever, com exatidão, os volumes que serão consumidos. 2.2. Entendendo a cadeia de suprimentos: A cadeia de suprimentos também tem suas características peculiares que variam de acordo com as necessidades do cliente (demanda). Desta forma, podemos caracterizar uma cadeia de suprimentos pelasua “responsividade”, ou seja, pelo quanto ela é capaz de responder aos clientes com os seguintes quesitos: 16 Unidade: Estratégia Competitiva e da Cadeira de Suprimentos 1. Atender a amplas quantidades de produtos exigidos; 2. Atender com tempos de entregas baixos; 3. Atender a amplas variedades de produtos; 4. Oferecer produtos e serviços inovadores; 5. Atender a um nível de serviço muito alto. Quanto mais requisitos forem atendidos pela cadeia de suprimentos, mais responsiva ela será. Mas, por outro lado, quanto mais responsiva for a cadeia de suprimentos, maior serão os custos envolvidos. Podemos dizer que, quanto maior for o nível de serviço oferecido pela cadeia de suprimentos, maiores serão os custos de operação dessa cadeia. Existem também as chamadas cadeias de suprimentos eficientes, ou seja, aquelas que não possuem muitos requisitos de atendimento, mas conseguem atender aos clientes. Neste caso, a cadeia de suprimentos possui custos mais baixos. Vejamos alguns exemplos de cadeias responsivas e de cadeias eficientes: • Cadeias muito responsivas: as redes de restaurante fastfood (Habib´s, MacDonalds, etc.) são abastecidas várias vezes ao longo do dia (tempos de entregas rápidos), com uma grande variedade de produtos. A cadeia de suprimentos atende a muitos requisitos e, portanto, tem um custo alto; • Cadeias eficientes: as refinarias de petróleo recebem poucos produtos para processamento com programações de prazo e quantidades pré-definidas com muitos meses de antecedência. Ou seja, recebem uma variedade pequena de produtos com tempos de entrega grandes, acarretando um baixo custo. 2.3. Realizar o alinhamento estratégico: Conhecidas as necessidades dos clientes (certeza ou incerteza da demanda) e as características da cadeia de suprimentos (responsiva ou eficiente), podemos, agora, definir o alinhamento estratégico da empresa. Podemos dizer que a responsividade da cadeia deverá estar de acordo com as necessidades da demanda dos clientes. Fica claro entender que os clientes que têm uma constância e uma previsibilidade de necessidades (certeza da demanda) podem ser atendidos por uma cadeia de suprimentos menos responsiva (eficiente). Já os clientes que compram sempre na situação de emergência (incerteza da demanda), ou seja, requerem tempos de atendimentos baixos com grande variedade de produtos, devem ser atendidos por uma cadeia de suprimentos responsiva. O gráfico da figura 4, a seguir, exemplifica como varia a “Certeza ou Incerteza da Demanda” com a “Responsividade ou Eficiência da Cadeia de Suprimentos”: Figura 4 – (In)certeza da demanda x Responsividade/eficiência 17 Vejamos, agora, alguns exemplos de empresas que precisam optar por uma cadeia de suprimentos responsiva ou eficiente: • A Dell computadores caracteriza-se, no mercado de computadores, por fornecer equipamentos de acordo com as necessidades de cada cliente. No processo de compra, o cliente “monta” o seu equipamento, fazendo o pedido via internet, e recebe o produto alguns dias depois em sua casa ou escritório. A demanda para os produtos é, portanto, “incerta” e, para tanto, a Dell precisa operar com uma cadeia altamente responsiva, apesar do alto custo, o que permite atender aos seus clientes, em suas varias opções de composição de produto, rapidamente. Se a Dell optasse por uma cadeia mais econômica (eficiente), provavelmente teria menos custos logísticos (fretes mais baratos, por exemplo), mas não atenderia a seus clientes no nível de serviço que eles exigem. • Uma empresa de produtos alimentícios como, por exemplo, a Sadia, poderia ter o mesmo modelo de cadeia de suprimentos da Dell, ou seja, os clientes pediriam os produtos de acordo com suas necessidades (tipo de tempero, quantidade e embalagens diferenciadas, etc.). Mas, com certeza, os custos logísticos seriam altos e os produtos chegariam aos supermercados com um preço proibitivo. Dessa forma, a Sadia não teria um bom desempenho de vendas. Neste caso, como a demanda dos clientes de produtos alimentícios é mais previsível, a empresa deve adotar uma cadeia de suprimentos com o mínimo de custos logísticos (eficiente), utilizando fretes mais lentos e, portanto, mais baratos. Eficiente Responsiva Preço dos produtos Margem baixa, pois os clientes buscam preços baixos Margem alta, pois os clientes não buscam preços baixos Tempo de entrega Prioriza os custos, mesmo que resultem tempos de entrega maiores Prioriza entregas rápidas, mesmo que aumente os custos Tipos de Transportes Buscar meios baratos Buscar meios rápidos Nível de Estoques Minimizar estoques para reduzir custos Manter estoques adequados para atender à demanda Escolha de Fornecedores Em função de custo e qualidade Em função da velocidade, qualidade e flexibilidade no atendimento Criação dos produtos Padrão com baixos custos e pouca inovação Diferenciados com alta inovação Fabricação dos produtos Reduzir custos com vida útil longa e baixo set-up Manter a produção flexível para atender às variações na demanda Tipo de cadeia de suprimentos Suprir a demanda com o menor custo Atender à demanda rapidamenteObjetivo Principal E st ra té gi as 18 Unidade: Estratégia Competitiva e da Cadeira de Suprimentos Material Complementar Explore BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: Estratégia, Planejamento e Operações. 4. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. CHOPRA, Sunil. Gerenciamento da Cadeia de Abastecimento. São Paulo: Pearson, 2003. FARIA, Ana Cristina de. Gestão de Custos Logísticos. São Paulo: Atlas, 2010. TAYLOR, David A. Logística na Cadeia de Suprimentos uma perspectiva gerencial. São Paulo: Pearson Addison-Wesley, 2005. PORTER, Michael. Vantagem Competitiva. Rio de Janeiro:Campus, 1989. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. São Paulo: Atlas, 1998. SIMONE LETICIA RAIMUNDINI ET AL. Aplicabilidade de custeio baseado em atividades e análise de custos em hospitais. Rausp. São Paulo, v. 41, n. 4, p. 453-465; SCHIER, C. U. Gestão de Custos. 2.ed.rev. e ampl. e atual. – Curitiba: Ibpex, 2011. 19 Referências BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: Estratégia, Planeja- mento e Operações. 4. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. CHOPRA, Sunil. Gerenciamento da Cadeia de Abastecimento. São Paulo: Pearson, 2003. FARIA, Ana Cristina de. Gestão de Custos Logísticos. São Paulo: Atlas, 2010. TAYLOR, David A. Logística na Cadeia de Suprimentos uma perspectiva gerencial. São Paulo: Pearson Addison-Wesley, 2005. PORTER, Michael. Vantagem Competitiva. Rio de Janeiro:Campus, 1989. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. São Paulo: Atlas, 1998. SIMONE LETICIA RAIMUNDINI ET AL. Aplicabilidade de custeio baseado em ativida- des e análise de custos em hospitais. Rausp. São Paulo, v. 41, n. 4, p. 453-465; SCHIER, C. U. Gestão de Custos. 2.ed.rev. e ampl. e atual. – Curitiba: Ibpex, 2011. 20 Unidade: Estratégia Competitiva e da Cadeira de Suprimentos Anotações www.cruzeirodosulvirtual.com.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 CEP 01506-000 São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000
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