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0 INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR BLAURO CARDOSO DE MATTOS – FASERRA PRISCILA SOUZA DA SILVA SANTOS A DIFICULDADE DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS EM ADOTAR A CONTABILIDADE GERENCIAL SERRA – ES 2015 1 PRISCILA SOUZA DA SILVA SANTOS A DIFICULDADE DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS EM ADOTAR A CONTABILIDADE GERENCIAL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto de Ensino Superior Blauro Cardoso de Mattos, do curso de Graduação em Ciências Contábeis, como exigência parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis. Orientador: Prof. Ms. Angelo Roberto Fiorio Custodio SERRA – ES 2015 2 PRISCILA SOUZA DA SILVA SANTOS A DIFICULDADE DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS EM ADOTAR A CONTABILIDADE GERENCIAL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto de Ensino Superior Blauro Cardoso de Mattos, do curso de Graduação em Ciências Contábeis, como exigência parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis. Aprovado em _______ de _______________ de _______ BANCA EXAMINADORA ___________________________________________ Prof. Ms. Angelo Roberto Fiorio Custodio Instituto de Ensino Superior Blauro Cardoso de Mattos Orientador(a) ___________________________________________ Prof.ª Mônica Fernanda Porto Pires Instituto de Ensino Superior Blauro Cardoso de Mattos Prof.(a) Convidado ___________________________________________ Prof. Edmar Mengol Bromochenkel Instituto de Ensino Superior Blauro Cardoso de Mattos Prof.(a) Convidado 3 Dedico este trabalho ao meu Deus, meu esposo, a minha mãe e ao meu irmão, pois sem eles a jornada teria sido mais dura. Obrigada! 4 AGRADECIMENTO Em primeiro lugar quero agradecer a Deus, autor e consumador da minha fé, por ter me dado à oportunidade de realizar um sonho tão desejado. Se o Senhor não estivesse ao meu lado e em muitas vezes segurando minha mão, eu não teria conseguido. Deixo meu muito obrigada ao meu esposo pela paciência nesses anos, minha mãe, fonte de inspiração, meu pai, meu irmão, minha cunhada e a minha maior inspiração e fonte de paz Andressa, minha sobrinha linda, e aos meus familiares e amigos, por todo apoio, compreensão e oração. Amo vocês!! A FASERRA, sеυ corpo docente, direção е administração. Em especial, agradeço o professor Jackson Laranja pelo apoio de sempre. Ao meu orientador Ângelo Roberto Fiorio Custodio pelo suporte no pouco tempo qυе lhe coube, pelas suas correções е incentivos. Agradeço também meus colegas de classe. E os amigos que conquistei durante o curso e que levarei por toda minha vida. A todos qυе direta оυ indiretamente fizeram parte dа minha formação, о mеυ muito obrigado! 5 RESUMO O objetivo dessa pesquisa é evidenciar as dificuldades que os empresários e administradores das Micro e Pequenas empresas tem em adotar a Contabilidade Gerencial e propor soluções, mostrando a necessidade de se ter acesso às informações úteis que possibilitem ao gestor administrar seu negócio de maneira competente, com acesso a informação eficiente e útil na gestão. A falta de conhecimentos dessas informações tem elevado o índice da taxa de mortalidade das MPEs. Dentre as causas apontadas para alta taxa de mortalidade está a não utilização de instrumentos da Contabilidade Gerencial. Diante disso, este estudo se justifica pela necessidade em mostrar a importância da Contabilidade como um sistema de informação e avaliação para micro e pequena empresa, mostra que ao utilizar a contabilidade, ainda que apenas a contabilidade gerencial, que é a base de uma administração segura, os casos de sucesso e de “sobrevivência” dessas empresas acrescentaria de maneira significativa, além de permitir um melhor acompanhamento do desempenho do negócio. A pesquisa foi classificada como bibliográfica. Quanto à parte bibliográfica, a pesquisa foi realizada com base em livros e artigos já publicados. Palavras-Chave: contabilidade gerencial; micro e pequenas empresas 6 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Definição de micro e pequenas empresas ............................................. 12 Quadro 2 – Principais diferenças entre a Contabilidade Gerencial e a Contabilidade Financeira .............................................................................................................. 19 Quadro 3 - Características das MPE brasileiras ........................................................ 20 Quadro 4 – Comparativo: Custos x Despesas .......................................................... 28 Quadro 5 – Modelo do Balanço Patrimonial .............................................................. 29 Quadro 6 - Modelo da Demonstração do Resultado do Exercício............................. 30 Quadro 7 – Modelo de demonstração de fluxo de caixa ........................................... 32 7 SUMÁRIO 1 – INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 8 2 – REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................. 10 2.1 – EMPRESA .................................................................................................... 10 2.2 – MICRO E PEQUENAS EMPRESAS ............................................................. 10 2.3 – CONTABILIDADE ......................................................................................... 14 2.4 – CONTABILIDADE GERENCIAL ................................................................... 15 2.5 – DIFICULDADES ENCONTRADAS DENTRO DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS ........................................................................................................... 18 3 – APROVEITAMENTO DA CONTABILIDADE GERENCIAL DENTRO DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS ...................................................................................... 21 3.1 – ORÇAMENTO EMPRESARIAL .................................................................... 22 3.2 – PRINCÍPIO DA ENTIDADE .......................................................................... 24 3.3 – INOVAÇÃO ................................................................................................... 24 3.4 – REGIME DE CAIXA E REGIME DE COMPETÊNCIA .................................. 25 3.5 – CUSTO DO PRODUTO E DESPESA ........................................................... 26 3.6 – DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ............................................................... 28 3.6.1 – Balanço Patrimonial ............................................................................. 28 3.6.2 – Demonstração do Resultado do Exercícios – DRE ........................... 29 3.6.3 – Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) ............................................ 30 4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 33 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 35 8 1 – INTRODUÇÃO O sucesso econômico-financeiro de uma empresa pode estar sujeito às novas técnicas de gestão. Sobreviver nos dias de hoje está relacionada à capacidade de prever cenáriosadversos ou favoráveis e realizar mudanças rápidas de rumo para se adaptar à nova realidade. Na maioria das vezes os gestores são iniciantes em suas atividades e carecem ou até desconhecem dos benefícios necessários da Contabilidade para uma boa Gestão. Diante disso, a problemática proposta é: Qual a dificuldade das Micro e Pequenas Empresas em adotar o uso Contabilidade Gerencial? Justifica-se o presente estudo pela necessidade de apurar por que as micro e pequenas empresas tem dificuldades em adotar o uso das ferramentas contábeis como as empresas de grande porte. Descrever a relevância das micro e pequenas empresas, propor soluções e analisar os grandes benefícios da Contabilidade Gerencial no desenvolvimento e sucesso das empresas. Nesse contexto, o objetivo é identificar as dificuldades que as Micro e Pequenas Empresas tem em adotar o uso da Contabilidade Gerencial. Para tanto, tem-se como objetivos específicos: Micro e Pequena Empresa; Contabilidade Gerencial; e Demonstrar as dificuldades e propor soluções. Este trabalho foi desenvolvido por meio de uma pesquisa bibliográfica e de publicações já existentes. Através da pesquisa em livros e monografias foram possíveis recolher, selecionar e interpretar as contribuições teóricas já existentes sobre determinado assunto. A pesquisa é descritiva, elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos, e material disponibilizado na internet através do qual foi feita uma abordagem da micro e pequena empresa, da contabilidade gerencial, e mostrou a importância da contabilidade para esse tipo de empresa, que na maioria das vezes não a utiliza. Através de livros e trabalhos já publicados foi possível elaborar a pesquisa e definir a importância da contabilidade gerencial para a micro e pequena empresa em seus 9 diversos aspectos. Do ponto de vista da sua natureza, a metodologia utilizada nesse trabalho é a pesquisa aplicada, pois os dados levantados terão aplicação prática e serão de grande utilidade no gerenciamento das pequenas empresas. 10 2 – REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 – EMPRESA Segundo a pesquisa Empreendedorismo em Universidades Brasileiras, realizada pela Endeavor (2012), a vontade de seis em cada dez estudantes é ter o próprio negócio. E dos universitários entrevistados, 8,8% já são empreendedores, e a maioria possui empresas com até 10 funcionários. A pesquisa ainda confirma que dos 62,8% dos jovens que empreendem afirmaram que os pais também têm negócios próprios. Quando pensamos em empreendedorismo, logo surge em nossa mente a palavra empresa. Segundo Fabretti (2003), a empresa é uma unidade econômica organizada, que pactuando capital e trabalho, presta serviço, produz ou faz circular bens com a finalidade de lucro. Sendo a empresa uma unidade econômica cuja finalidade é o lucro, é indispensável a utilização de ferramentas que otimizem as chances de sucesso da organização e assim alcance o lucro esperado, ou o retorno do valor que foi investido, ou que pelo menos amortize as possibilidades de fracasso, ou que uma decisão errada possa prejudicar sua continuidade. Segundo Padoveze (2010), a finalidade da empresa é criar valor para o seu proprietário. Este valor que o autor fala, é o lucro que uma empresa pode gerar, ou ainda o preço pelo risco que este está correndo ao investir seu capital em um determinado investimento. 2.2 – MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Segundo Souza (2008, apud SILVA e MARION, 2013) a significado legal de pequena empresa ocorreu primeiramente nos Estados Unidos, em 1948 pelo Selective Service Act, uma espécie de estatuto da pequena empresa com as premissas básicas do enquadramento: a) não poderia ter uma posição dominante no comércio ou na indústria; b) não poderia fazer a contratação de mais de 500 funcionários; c) teria que ser possuída e operada de forma independente. 11 No Brasil há várias definições para o enquadramento das micro e pequenas empresas, isso aponta que nenhuma definição pode ser única, pois procede do fato das finalidades e dos objetivos das instituições que agenciam seu enquadramento: Quadro 1 – Definição de micro e pequenas empresas CRITÉRIOS DE ENQUADRAMENTO VALOR DA RECEITA PESSOAS OCUPADAS Lei nº 123/06, art. 3º, 1ºe 2º Lei Complementar 139/11 Microempresas Até 360 mil reais Empresa de pequeno porte De 360 mil reais até 3,6 milhões de reais Sebrae Microempresas Até 19 na indústria construção e até 9 no comércio e serviço Empresa de pequeno porte De 20 a 99 na Indústria e construção e de 10 a 49 no comércio e serviços BNDES Microempresas Menor ou igual a 2,4 milhões de reais Empresa de pequeno porte Maior que 2,4 milhões e menor ou igual a 16 milhões de reais Fonte: Adaptado (IBGE e CE, 2003) De acordo com o Sebrae (2011), no Brasil são criados anualmente mais de 1,2 milhão de novos empreendimentos formais. Desse total, mais de 99% são micro e pequenas empresas e Empreendedores Individuais (EI). Na economia Brasileira, as micro e pequenas empresas são responsáveis por mais da metade dos empregos com carteira assinada do Brasil (SEBRAE, 2011). É de suma importância a sobrevivência dessas empresas, pois é condição indispensável para o crescimento econômico no País. O Serviço de apoio à Micro e Pequena Empresa - Sebrae apresenta um gráfico mostrando a valor das pequenas empresas na economia do Brasil: 12 Fonte: Sebrae – SP Ainda de acordo com o SEBRAE (2014) as Micro e Pequenas Empresas já são as principais geradoras de riqueza no comércio no Brasil (53,4% do PIB deste setor) no ano de 2014. No PIB da indústria, a participação das micro e pequenas (22,5%) já se aproxima das médias empresas (24,5%). E no setor de Serviços, mais de um terço da produção nacional (36,3%) têm origem nos pequenos negócios. Os dados demonstram a importância de incentivar e qualificar os empreendimentos de menor porte. Isoladamente, uma empresa representa pouco. Mas juntas, elas são decisivas para a economia e não se pode pensar no desenvolvimento do Brasil sem elas O SEBRAE (2014) realizou uma pesquisa que revela a contribuição das micro e pequenas empresas no país, revelando o seguinte: As MPE geraram, em 2011, 27,0% do valor adicionado do conjunto de atividades pesquisadas(PIB); Esse percentual vem aumentando na série histórica, iniciada em 1985, quando esse indicador representava de 21,0% do valor adicionado (PIB), e em 2001, 23,2%; Serviços e comércio representaram, em 2011, 19% do valor adicionado, enquanto a indústria totalizava 7,8%; Em relação ao número de empresas as MPE representaram, em 2011, nas atividades de serviços e de comércio, respectivamente, 98% e 99% do total de empresas formalizadas; Em relação ao emprego, as MPE representavam 44% dos empregos formais em serviços, e aproximadamente 70% dos empregos gerados no comércio; 13 Cerca de 50% das remunerações do setor formal de comércio foram pagas, em 2011, por MPE. Segundo Silva e Marion (2013), as micro e pequenas empresas oferecem uma expressiva contribuição na economia brasileira e mundial, tenha vista que, além de produzirem bens e serviços e absorverem uma considerável soma de mão de obra, excitam a competição entre as empresas, têm a capacidade de inovação e apresentam um enorme potencial de crescimento. Uma característica importante das MPEs é a constituição, normalmente formada por familiares, onde trabalham membros da mesma família e que as vezes não tem acesso a métodos modernas de administraçãoe planejamento financeiro. Em muitas vezes o dono não tem formação profissional contábil nem de gestão de negócios, embaraçando de tal modo a administração e o controle de sua empreendimento, ocasionando assim o fracasso da empresa. Essa característica particular coloca a MPE em uma posição às vezes desconfortável no que tange à profissionalização, pois o vínculo afetivo familiar pode proporcionar alguns entraves desagradáveis no dia a dia da organização (SILVA;MARION, 2013). Ainda de acordo com Marion e Silva (2013), a falência de muitas empresas está ligada a falta de uma gestão eficaz e planejamento, se não houver um planejamento financeiro ou uma assessoria específica torna-se impossível o sucesso do negócio. A falta de informação é o maior pecado das micros e pequenas empresas. Muitos empreendedores possuem o capital e decidem abrir uma empresa desconhecendo todos os outros fatores indispensáveis ao sucesso do empreendimento, tais como, o controle do capital de giro, relação entre despesas e receitas, os custos inerentes à continuidade do negócio, dentre outros (SILVA;MARION, 2013). Apesar da sua importância para e economia brasileira, a maioria das pequenas empresas não consegue sobreviver ao ambiente econômico em que estão inseridas. O gráfico abaixo apresenta a taxa de mortalidade das micro e pequenas empresas, divulgado pelo Sebrae, referente ao ano de 2004 a 2005: 14 Taxa de Mortalidade das Pequenas Empresas (rastreamento out./dez 2004) Fonte: Sebrae SP Outro fator há ser considerado, é o que descreve a resolução CFC Nº 1.255/2009 sobre a Descrição de pequenas e médias empresas, no qual elas não têm obrigação pública de prestação de contas, diferente das empresas de grande porte, o que induz a maioria dos pequenos empresários a desconsiderar a contabilidade como ferramenta importante no dia a dia. 2.3 – CONTABILIDADE A contabilidade é uma ciência muito antiga, não se sabe ao acerto a data da sua criação, mas sabemos que é tão antiga quanto a origem do homem, pois encontramos na bíblia relatos de homens competindo no crescimento da riqueza: “E o homem se enriqueceu sobremaneira, e teve grandes rebanhos, servas e servos, camelos e jumentos”. Gêneses 30:43 Essa passagem relata a competição entre Jacó e o seu sogro Labão, e para chegar a essa conclusão, por mais rudimentar que fosse, era necessário um controle quantitativo. Não somente no livro de Gêneses, mas há outros livros na bíblia que traz relatos que havia um controle para se saber o quantitativo e o tamanho da riqueza do proprietário: “E o seu gado era de sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de bois e quinhentas jumentas; eram também muitíssimos os servos a seu serviço, de maneira que este homem era maior do que todos os do oriente”. Jó 1:3 Segundo Marion (2012), o desenvolvimento da Contabilidade sempre esteve interligado ao crescimento do próprio homem e da sociedade. Marion (2012) afirma 15 ainda que duas palavras marcam a origem e a evolução da contabilidade: registro e controle. De acordo Amorim (1937, apud MARION, 2012) definia a Contabilidade como arte de relevar as modificações ocorridas na composição qualitativa e quantitativa do patrimônio de qualquer empresa e de determinar periodicamente os aumentos e diminuições que elas imprimem ao valor desse patrimônio. Seguindo esse conceito, Marion (2012) afirma, se esse entendimento da Contabilidade acontece pelo controle, isso se faz imprescindível para qualquer empresa e não seria diferente para as micro e pequenas empresas. Para administrar financeiramente uma empresa é preciso conhecer contabilidade (SILVA; MARION, 2013). Sabe que a contabilidade surgiu da necessidade do homem, mensurar, acompanhar, registrar e controlar suas riquezas. Hoje não basta apenas o empresário ter tato e conhecimento no ramo do seu negócio. É preciso conhecer as ferramentas que a contabilidade lhe proporciona para tomar as decisões, respaldadas em algo concreto, não somente no achismo. Segundo Marion (2012), é papel emergente da Contabilidade fornecer informações confiáveis sobre os recursos econômicos e financeiros de maneira tempestiva. As decisões de administrador dirão ou determinarão o tempo de vida da sua empresa. A Contabilidade precisa mudar a visão tradicional dos simples registros contábeis para uma perspectiva gerencial a informação, aproveitando os avanços tecnológicos para aprimorar os relatórios contábeis oriundos da Contabilidade. (SILVA E MARION, 2013, P.9) 2.4 – CONTABILIDADE GERENCIAL A Contabilidade Gerencial vem com a função de fornecer essas ferramentas e informações contábeis, importantes para os usuários internos e externos. E é função do contador transmitir essas informações ao Administrador para tomada de decisão. Infelizmente as Micro e Pequenas Empresas (MPEs) não veem o contador como uma figura importante no processo de desenvolvimento da empresa, tão pouco com o sucesso da mesma. O contador é visto como um profissional voltado com suas atividades a atender as determinações do governo. 16 Segundo Francia; Porter; Strawser (1992, apud PADOVEZE, 2010) a Associação Nacional dos Contadores dos Estados Unidos, através de seu relatório número 1ª, “Contabilidade Gerencial é o processo de identificação, mensuração, acumulação, análise, preparação, interpretação e comunicação de informações financeiras utilizadas pela administração para planejamento, avaliação e controle dentro de uma organização e para assegurar e contabilizar o uso apropriado dos recursos”. A Contabilidade Gerencial como uma parte integral do processo de gestão, adiciona valor distintivamente pela investigação contínua sobre a efetividade da utilização dos recursos pelas organizações – na criação de valor para os acionistas, clientes e outros credores. (IFAC, parágrafo 29, 1998, apud PADOVEZE, 2010). A contabilidade é tratada como sistema de informações, pois fornece dados aos seus usuários para orienta-los a formar uma Gestão Estratégica e na Tomada de Decisão. De acordo com Anthony (1979, apud PADOVEZE, 2010) a Contabilidade Gerencial preocupa-se com a informação contábil útil à administração. A contabilidade Gerencial pode ser caracterizada, superficialmente, como um enfoque especial conferido a várias técnicas e procedimentos contábeis já conhecidos e tratados na contabilidade financeira, na contabilidade de custos, na análise financeira, e balanços etc. colocados numa perspectiva diferente, num grau de detalhe mais analítico ou numa forma de apresentação e classificação diferenciada, de maneira a auxiliar os gerentes das entidades em seu processo decisório. A Contabilidade Gerencial, num sentido mais profundo, está voltada única e exclusivamente para a administração da empresa, procurando suprir informações que se “encaixem” de maneira válida e efetiva no modelo decisório do administrador”. (IUDÍCIBUS, 2008, P.21). Para Iudicibus (2008), um bom contador gerencial é aquele que sabe “tratar”, refinar e apresentar de maneira clara, resumida e operacional dados dispersos contidos nos registros da contabilidade, bem como juntar tais informes com outros conhecimentos não especificamente ligados à área contábil, para abastecer a administração em seu processo decisório. O contador é a pessoa responsável em transformar números em informações de maneira tempestiva capaz de cooperar para a tomada de decisão. Segundo Marion (2012) é indispensável para o futuro do negócio, seja ele micro, pequeno, médio ou grande, que haja essa tomada de decisão, por parte do gestor, de estabelecer o papel da informação na elaboração, execução e controle. 17 Para Atkinson et al.(2000, apud Marion, 2012), a informação gerencial contábil tem as seguintes funções: Controle operacional: provê o retorno das informações (feedback) sobre a eficiência e a qualidade das atividades realizadas; Custeio do produto e cliente: avalia e mensura os gastos diretamente relacionados com a produção dos bens ou serviços, bem como os custos com vendas e entrega aos clientes; Controle administrativo: provê informações sobre o desempenho dos gerentes bem como das unidades operacionais; Controle estratégico: provê informações acerca do desempenho financeiro, econômico e competitivo de longo prazo, condições de mercado, preferência dos clientes e novas tecnologias. Conhecer o passado da empresa com base nas informações da contabilidade financeira é de grande valor para o empresário saber o que fazer no futuro, delinear táticas para situações de dificuldades a serem encaradas, fazer um planejamento das atividades, ou seja, utilizar a contabilidade como uma ferramenta de gestão empresarial. Segundo Padoveze (2010), a Contabilidade Gerencial está relacionada com o fornecimento de informações para os administradores, para os que estão dentro da organização, que são responsáveis pela direção e controle de suas operações, ou seja, está voltado para fins internos, e não se prende aos princípios tradicionais aceitos pelos contadores, pois está preocupada em fornecer informações úteis para a tomada de decisão. A Contabilidade Gerencial é o contraste da Contabilidade Financeira, está por sua vez, está relacionada com o fornecimento de informações para acionistas, credores e outros usuários externos e segue os princípios da contabilidade e padrões definidos por órgãos reguladores, além de ser obrigatória para fins fiscais. A contabilidade gerencial surge como uma ferramenta indispensável e insubstituível para formular o planejamento empresário e traçar seus objetivos e definir suas metas. O quadro 2 apresenta as principais diferenças entre a Contabilidade Gerencial e a Contabilidade Financeira, segundo Padoveze (2010). 18 FATOR CONTABILIDADE FINANCEIRA CONTABILIDADE GERENCIAL Usuários dos Relatórios Externos e Internos Internos Objetivo dos Relatórios Facilitar a análise financeira para as necessidades dos usuários externos Objetivo especial de facilitar o planejamento, controle, avaliação de desempenho e tomada de decisão internamente Forma dos Relatórios Balanço Patrimonial, Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos e Demonstração das Mutações do Patrimônio Liquido Orçamentos, Contabilidade por responsabilidade, relatórios de desempenho, relatórios de custo, relatórios especiais não rotineiros para facilitar a tomada de decisão Frequência dos Relatórios Anual, Trimestral e ocasionalmente mensal Quando necessário pela administração Custos ou Valores Utilizados Primariamente históricos (passado) Históricos e esperados (previstos) Fonte: PADOVEZE (2010). 2.5 – DIFICULDADES ENCONTRADAS DENTRO DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Segundo Resnik (1990, apud SIILVA E MARION, 2013), entre os principais problemas encontrados na condução dos micros e pequenos negócios estão: macroeconomia, concorrência e falta de planejamento. De acordo com Silva e Marion (2013), o pilar é a incompetência na gestão empresarial, que tem sito o fator preponderante para a mortalidade destas empresas, fato esse já detectado e apontado nas pesquisas realizadas pelo SEBRAE. [...] outra fragilidade empresarial é a dificuldade, e quase inexistência, de se encontrar uma Contabilidade Gerencial, com relatórios contábeis que possam expor a realidade econômico-financeiro das PMEs, servindo para atender as mais variadas demandas de usuários externos. Além dessa escassez relata- se também que as informações internas, de cunho gerencial, são quase inexistentes. (SILVA e MARION, 2013) Segundo o IBGE (2003, apud SILVA e MARION, 2013), são características das micro e pequenas empresas: Baixa intensidade de capital; Altas taxas de natalidade e de mortalidade: demografia elevada; Forte presença de proprietário, sócios e membros da família como mão de obra ocupada nos negócios; 19 Poder decisório centralizado; Estreito vínculo entre os proprietários e as empresas, não se distinguindo, principalmente em termos contábeis e financeiros, pessoa física e jurídica; Registros contábeis pouco adequados Contratação direta de mão de obra; Utilização de mão de obra não qualificada ou semiqualificada; Baixo investimento em inovação tecnológica; Maior dificuldade de acesso ao financiamento de capital de giro; e Relação de complementaridade e subordinação com as empresas de grande porte. Não são empresas ditas organizadas, fogem da departamentalização ou segmentação de setores, assim, não servindo de base para comparação com grandes empresas, pois não se tratam de organizações grandes em miniatura; Em geral, atuam no mercado de bens, produtos e serviços, com volatilidade de demanda; Baixa dificuldade para entrar no mercado, porém, há forte concorrência entre as empresas, sejam grandes, médias, pequenas ou micro empresas; Alta dificuldade de se manter "viva", onde grande parte das empresas encerram as atividades em menos de dois anos. Quadro 3 - Características das MPE brasileiras Especificidades Organizacionais Especificidades Decisionais Especificidades Individuais Pobreza de recursos; Gestão centralizadora; Situação extra organizacional; Incontrolável; Fraca maturidade organizacional; Fraqueza das partes no mercado; Estrutura simples e leve; Ausência de planejamento; Fraca especialização; Estratégia intuitiva; Tomada de decisão intuitiva; Horizonte temporal de curto Prazo; Inexistência de dados Quantitativos; Alto grau de autonomia decisória; Racionalidade econômica, política e familiar. Onipotência do proprietário / dirigente; Identidade entre pessoa física e jurídica; Dependência perante certos funcionários; Influência pessoal do proprietário / dirigente; Simbiose entre patrimônio social e pessoal; Propriedade dos capitais; 20 Sistema de informações simples. Propensão a riscos calculados. Fonte: Dados da Pesquisa Segundo Cezarino e Campomar (2006), a partir desses três aspectos pode-se levantar uma opinião mais clara da caracterização da MPE brasileira: a) gestão informal: congruência de patrimônio pessoal e empresarial compromete a avaliação de desempenho, formulação de estratégias e análise detalhada da situação financeira da empresa. Além disso, o alto grau de centralização na figura do empreendedor torna a empresa dependente, engessada e sem possibilidade de uma gestão autônoma. A presença de um número relativamente significante de funcionários com laços familiares também dificulta a capacidade de racionalização de cargos, funções, salários e responsabilidades podendo até interferir nos comandos hierárquicos das empresas; b) baixa qualidade gerencial pode ser apontada como um desdobramento da gestão informal. Preservando uma gestão organizacional informas são mínimas as chances de se obter uma qualidade gerencia razoável. Essa falta de qualidade se reflete na ausência de informações sobre processos, controles; desconhecimento do mercado e incapacidade de construção de uma estratégia competitiva e dificuldade de tomada de decisões com avaliação de riscos. Outras dificuldades também podem ser incluídas neste item como contratação simplista de mão-de-obra, processo de terceirização pobre e desenvolvimentode inovações tecnológicas problemático. c) escassez de recursos demonstra uma diferença das MPE brasileiras e MPE de países desenvolvidos. Mesmo com um certo grau de baixa qualidade gerencial e gestão informal, as MPE nestes países gozam de financiamentos e crédito sem restrições apertadas. As MPE brasileiras são escassas em recursos e têm dificuldade de angariar financiamentos tanto públicos como privados. Aliado a isso, há alta sonegação de impostos e tributos comerciais. 21 3 – APROVEITAMENTO DA CONTABILIDADE GERENCIAL DENTRO DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS A Contabilidade sem dúvida, a maior fonte de informações sobre o patrimônio da empresa, permitindo conhecer, com facilidade, todos os fatos que ocasionaram alteração qualitativa ou quantitativa, servindo de direção na administração dos negócios e colaborando para o alcance dos objetivos. Diferente das grandes empresas e das S.A (Sociedade Anônima) que utiliza a contabilidade para fornecer informações aos diversos usuários que tem interesse na situação financeira empresa, como por exemplo, bancos, instituições financeiras, acionistas, governo, etc. Aparentemente para as micro e pequenas empresas a contabilidade gerencial não tem uma importância tão grande, pois o número de usuários que utilizam essas informações é significativamente menor. Porém as MPE’s carecem utilizar a contabilidade gerencial para uso interno, para os gestos e administradores tomarem decisões baseadas em algo concreto e gerir o seu negócio da melhor maneira possível. A contabilidade Gerencial para as micro e pequenas empresas assume muito mais um papel gestão e controle, do que um papel de divulgação, já que o seu número de usuários é menor. Segundo Marion e Silva (2013) é importante reconhecer a Contabilidade como ferramenta útil para tomada de decisão, por meio dos seus relatórios. De acordo com a NBC TG 1000 – Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas, objetivo das demonstrações contábeis de pequenas e médias empresas. O objetivo das demonstrações contábeis de pequenas e médias empresas é oferecer informação sobre a posição financeira (balanço patrimonial), o desempenho (resultado e resultado abrangente) e fluxos de caixa da entidade, que é útil para a tomada de decisão por vasta gama de usuários que não está em posição de exigir relatórios feitos sob medida para atender suas necessidades particulares de informação. A contabilidade surge como uma ferramenta fundamental para basear as decisões do administrador, que através das informações coerentes e seguras, obtêm maior segurança para a tomada de decisões, o que aumentará de maneira significativas as possibilidades de sucesso do empreendimento. 22 De acordo com Marion (2012, p.41) Relatório contábil é a exposição resumida e ordenada de dados colhidos pela contabilidade. Objetiva relatar às pessoas que se utilizam da contabilidade (usuários da contabilidade) os principais fatos registrados pela contabilidade em determinado período. Ainda segundo Marion e Silva, as demonstrações contábeis referidas fazem parte do conjunto de demonstrações que devem ter as micros e pequenas empresas, que são: 1) Balanço Patrimonial (para demonstrar a posição financeira, ou seja, aspectos econômicos e financeiros dos componentes patrimoniais); 2) Demonstração do resultado (para identificar o desempenho da empresa; a depender do período, pode ser do exercício, do semestre do mês, etc.); 3) Demonstração do resultado abrangente (avalia também o desempenho, diferenciando da demonstração do resultado por apresentar as mutações que ocorrem no patrimônio líquido, ou seja, é o resultado do exercício acrescido de ganhos e perdas que eram reconhecidas direta e temporariamente da demonstração das mutações do patrimônio líquido; 4) Demonstração do fluxo de caixa (identificar o fluxo de caixa da entidade). É importante que o administrador conheça e utilize as ferramentas que a contabilidade pode fornecer, e não apenas utilize para cumprir as obrigações fiscais e assessórias que a legislação impõe. Para resolver alguns dos problemas enfrentados pelas Micros e Pequenas, serão apresentadas algumas ferramentas disponíveis ao empresário para melhor a condição das empresas. Diante de todos os problemas/característica encontrados nas MPE’s, a falta de capital giro pode ser um grande vilão dentro da organização. 3.1 – ORÇAMENTO EMPRESARIAL Segundo os estudos, uma das principais características das micros e pequenas empresas é o baixo valor do capital de giro. Uma solução a propor, é fazer uso o Orçamento Empresarial, pois funciona como um diferencial para a organização das receitas e despesas do setor administrativo, suscitando melhoria dos resultados. O 23 orçamento é um instrumento de planejamento e controle capaz de formar com antecedência as ações a serem executadas e os recursos que serão despendidos. Segundo Leite, Silva e Cherobim (2007, p 2) O planejamento é a chave da gestão empresarial para as pequenas empresas, grandes corporações, agências governamentais, organizações sem fins lucrativos ou simplesmente para a vida pessoal dos indivíduos. Pode se afirmar, portanto, que todos os gestores fazem algum tipo de planejamento, muito embora em algumas vezes, nas pequenas organizações os planos não sejam formalizados. Ainda de acordo com Leite, Silva e Cherobim (2007, p2) O orçamento empresarial não deve ser entendido como instrumento limitador e controlador de gastos, mas como forma de focalizar a atenção nas operações e finanças da empresa, antecipando os problemas, sinalizando metas e objetivos que necessitem de cuidado por parte dos gestores, contribuindo para a tomada de decisões com vistas ao atendimento da missão e do cumprimento das estratégias das empresas. O orçamento baseia-se em informações históricos, fatos ocorridos do passado que permitem um mínimo de previsibilidade. Como a contabilidade é o registro histórico das operações econômicas e financeiras, logo se torna o principal elemento na formação de premissas orçamentárias. Segundo Padoveze (2010), orçamento é “a expressão quantitativa de um plano de ação e ajuda à coordenação e implementação de um plano”. O orçamento deve ser seguido diariamente e sempre comparando o orçado com o executado para que sejam feitos os ajustes necessários. Ao elaborar um orçamento é necessário considerar alguns pontos, sendo estes: 1) Previsão de Vendas 2) Previsão de Compras 3) Nível de Compras 4) Variação de Preços nas Compras 5) Variação de Volume 6) Custo dos Produtos e Mercadorias Vendidas 7) Custos e Despesas Operacionais 8) Variação de Preços 9) Variações físicas/quantitativas 24 10) Despesas Novas 11) Receitas e Despesas financeiras 3.2 – PRINCÍPIO DA ENTIDADE Uma atitude muito comum entre os empresários e um dos principais motivos de falência das MPE’s é misturar as finanças da empresa com as finanças pessoais. Um empreendimento necessita de investimento, tempo de retorno, jamais pode ser tratado como um caixa particular. Por isso, as obrigações como fornecedores, empregados e impostos precisam estar bem calculadas, além é claro de prever períodos de menor faturamento e seu impacto sobre a rotina da empresa. A Resolução CFC Nº 750/93, no Capítulo II, Seção I, Art. 4º descreve: O Princípio da ENTIDADE reconhece o Patrimônio como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um Patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos.Por consequência, nesta acepção, o Patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição. Para a sobrevivência das micro e pequenas empesas é de suma importância o empresário conscientiza-se que o patrimônio particular jamais poderá se misturar com o patrimônio da empresa. Se o sócio assim proceder, a chance da entidade fazer parte dos dados estatísticos do IBGE sobre Falência das Micro e Pequenas empresas é praticamente zero. 3.3 – INOVAÇÃO No mercado competitivo em que estamos inseridos, é importante ser pró-ativo e antecipar as necessidades do mercado. De tal maneira é essencial exercitar a inovação. Uma inovação produtiva pode representar melhor posicionamento no mercado ou até garantir a sobrevivência da mesma no mercado. As micro e pequenas empresas convivem com a crescente e intensa concorrência no mercado em que atuam. Diante disso, é precisam implantar e implementar estratégias de inovação para a sua sobrevivência. 25 De acordo com uma pesquisa realizada por Deloitte (2007), a maior parte dos executivos considera a inovação um determinante para o alcance dos níveis de expansão de seus negócios. O Gráfico 3 apresenta, na visão dos entrevistados, por que a inovação é importante nas micro e pequenas empresas. Fonte: Deloitte (2007) Apesar destas dificuldades, observa-se que quando as MPEs inovam em seus processos e produtos elas alcançam uma vantagem competitiva em relação aos seus concorrentes, o que expande suas possibilidades de sucesso e longevidade dos negócios. 3.4 – REGIME DE CAIXA E REGIME DE COMPETÊNCIA Segundo Marion (2012, p.103): Regime de Competência dos Exercícios (ou Regime Econômico), a Contabilidade considera a Receita gerada em determinado exercício social, não importando seu recebimento. Importa, portanto, o período em que a Receita foi ganha (fato gerador) e não seu recebimento. 22% 42% 49% 82% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% Tornar-se atraentes a um fundo de investimentos Atrair e reter os melhores talentos Entrar em um mercado ainda inexplorado Crescer mais rápido que a concorrência Por que inovar é importante? 26 A Contabilidade faz uso do Regime de Competência, ou seja, as Receitas ou Despesas tem os valores contabilizados dentro do mês onde aconteceu o fato Gerador, não implicando para a Contabilidade quando será pago ou recebido, mas sim quando foi realizado o ato. O Demonstrativo de Resultados do Exercício - DRE um dos mais importantes relatórios de gestão de uma empresa, é confeccionado pelo Regime de Competência. Por meio deste relatório é capaz de saber se uma empresa teve lucro ou prejuízo em um determinado período de tempo. O Regime de Caixa é diferente do regime de competência, porém tão importante como tal. No Regime de Caixa, considera-se o registro dos documentos na data que foram pagos ou recebidos. De acordo com Marion (2012), o Regime de Caixa (ou Regime Financeiro) considera Receita do exercício aquela efetivamente recebida dentro do exercício e Despesa do exercício aquela também efetivamente paga dentro do exercício. É através do Regime de Caixa que são confeccionados os demonstrativos financeiros de uma empresa, como por exemplo o Demonstrativo de Fluxo de Caixa (DFC), outro dos três demonstrativos essenciais para gestão. Este relatório apresenta as entradas e saídas de dinheiro de uma empresa, e é através dele que se conhece como está a saúde financeira da organização. 3.5 – CUSTO DO PRODUTO E DESPESA De acordo com Padoveze (2010, p.320): Custos são os gastos, não investimentos, necessários para fabricar os produtos da empresa. São os gastos efetuados pela empresa que farão nascer os seus produtos. Portanto, podemos dizer que os custos são os gastos relacionados aos produtos, posteriormente ativados quando os produtos objeto desses gastos forem gerados. De modo são os gastos ligados à área industrial da empresa. É importante o empresário conhecer a diferença entre custo e despesa. Custo é o valor gasto com bens e serviços para a produção de outros bens e serviços. Ainda segundo Padoveze (2010), Despesa são os gastos necessários para vender e enviar 27 os produtos. São os gastos ligados às áreas administrativas e comerciais. Ou seja, é o valor gasto com bens e serviços relativos à manutenção da atividade da empresa. Quadro 4 – Comparativo: Custos x Despesas CUSTO DESPESA Gastos de produção Vinculados diretamente aos Produtos/Serviços Gastos com o objeto de exploração da empresa (atividade-fim) Gastos administrativos e de vendas Não se identificam diretamente à produção Gastos outras atividades não exploradas pela empresa (atividade meio) Fonte: Dados da Pesquisa Quando um gestor conhece a diferença entre custo e despesa, ele é capaz de atribuir custo ao seu produto, e aderindo custo ao produto, ele consegue projetar preço ao seu produto. Além de mensurar a margem de contribuição de cada produto ou serviço que sua empresa produz. Segundo Padoveze (2010) Margem de Contribuição é a diferença entre o preço de venda unitário do produto e os custos e despesas variáveis por unidade de produto. Através da Margem de Contribuição, o empresário passa a projetar o Ponto de Equilíbrio. Ele indica em que momento, a partir das projeções de vendas ou serviço, a empresa estará equiparando suas receitas e seus custos. Com isso, é eliminada a possibilidade de prejuízo em sua operação. Padoveze (2010, p. 376) conceitua Ponto de Equilíbrio: Evidencia, em termos quantitativos, qual é o volume que a empresa precisa produzir ou vender, para que consiga pagar todos os custos e despesas fixas, além dos custos e despesas variáveis que ela tem necessariamente que incorrer para fabricar/vender o produto. Fórmula de cálculo do ponto de equilíbrio Ponto de Equilíbrio = (Custo Fixo / (Receita – Custo Variável)) x 100 28 Lembrando: Margem de Contribuição = Receita – Custo Variável. 3.6 – DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 3.6.1 – Balanço Patrimonial Segundo Marion (2012) é a principal demonstração contábil, pois reflete a posição financeira em determinado período. O Balanço Patrimonial é composto de duas colunas, do lado esquerdo é denominada Ativo e do lado direito, denominado Passivo e Patrimônio Líquido. De acordo com Marion (2012), o ativo compreende todos os bens e direitos de propriedade da empresa, mensurável monetariamente, que representam benefícios presentes ou benefícios futuros para a empresa. Ainda segundo Marion e Silva (2013), o passivo é uma obrigação atual da entidade como resultados de eventos já ocorridos. O Patrimônio Líquido evidencia os recursos dos proprietários aplicados no empreendimento, de acordo com Marion (2012). Quadro 5 – Modelo do Balanço Patrimonial BALANÇO PATRIMONIAL Ativo Circulante Passivo Circulante Ativo Não Circulante Passivo Não Circulante Realizável a longo Prazo Investimento Imobilizado Intangível Patrimônio liquido Capital Reservas de Lucro No caso das micro e pequenas empresa, são admissíveis lucros acumulados. 29 3.6.2 – Demonstração do Resultado do Exercícios – DRE Segundo Marion e Silva (2013), a demonstração de resultado é a demonstração contábil destinada a analisar o desempenho da entidade e a informar a relação entre receitas despesas durante um exercício ou período. No final de cada exercício, todas as receitas e despesas são transferidas para a Demonstração do Resultado do Exercício apurando o resultado do período, para verificar se houver lucro ou prejuízo. No próximo exercício, apurar-se-ão novasdespesas e receitas, pois ambas não se acumulam de um ano para o outro. De acordo com Marion e Silva (2013) Receitas são aumentos de benefícios econômicos durante o período contábil, sob a forma de entradas ou aumentos de ativos ou diminuições de passivos, que resultam em aumento do patrimônio líquido e que não sejam provenientes de aportes dos proprietários da entidade. Ainda segundo Marion e Silva (2013), Despesas são decréscimos nos benefícios econômicos durante o período contábil. É considerável que um gestor conheça e saiba utilizar as informações da DRE, pois através dela, o gestor consegue ter aa dimensão do seu negócio, o quanto ele está vendendo e o quanto de despesa ele está tendo, e se a empresa está dando lucro ou prejuízo. Quadro 6 - Modelo da Demonstração do Resultado do Exercício RECEITA OPERACIONAL BRUTA Vendas de Produtos Vendas de Mercadorias Prestação de Serviços (-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA Devoluções de Vendas Abatimentos Impostos e Contribuições Incidentes sobre Vendas = RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 30 (-) CUSTOS DAS VENDAS Custo dos Produtos Vendidos Custo das Mercadorias Custo dos Serviços Prestados = RESULTADO OPERACIONAL BRUTO (-) DESPESAS OPERACIONAIS Despesas Com Vendas Despesas Administrativas (-) DESPESAS FINANCEIRAS LÍQUIDAS Despesas Financeiras (-) Receitas Financeiras Variações Monetárias e Cambiais Passivas (-) Variações Monetárias e Cambiais Ativas (=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO Fonte: Dados da Pesquisa 3.6.3 – Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) Até a publicação da lei nº 11.638/07 a Demonstração do Fluxo de Caixa não era obrigatório no Brasil. De acordo com a Resolução 1.296/10 do CFC, o objetivo da DFC é que as: Informações sobre o fluxo de caixa de uma entidade são úteis para proporcionar aos usuários das demonstrações contábeis uma base para avaliar a capacidade de a entidade gerar caixa e equivalentes de caixa, bem como as necessidades da entidade de utilização desses fluxos de caixa. As decisões econômicas que são tomadas pelos usuários exigem avaliação da capacidade de a entidade gerar caixa e equivalentes de caixa, bem como da época de sua ocorrência e do grau de certeza de sua geração. Para Marion e Silva (2013), as informações da DFC quando analisadas em conjunto com as demais demonstrações financeiras, podem permitir que os administradores avaliem: 1) A capacidade de a empresa gerar futuros fluxos líquidos positivos de caixa; 31 2) A capacidade de a empresa honrar seus compromissos, pagar dividendos e retornar empréstimos obtidos; 3) A liquidez, a solvência e a flexibilidade financeira da empresa; 4) A taxa de conversão do lucro em caixa; 5) A Performance operacional de diferentes empresas, por eliminar os efeitos de distintos tratamentos contábeis para as mesmas transações e eventos; 6) O grau de precisão das estimativas passadas de fluxos futuros de caixa; 7) Os efeitos, sobre a posição financeira da empresa, das transações de investimos e financiamentos etc. Na empresa o caixa está em constante oscilação, pois a empresa é algo mutável, onde os resultados sempre originam valores, e nesse aspecto a apoio do fluxo de caixa é fundamental para entender o funcionamento da micro e pequena empresa. Toda empresa, independente do seu tamanho precisa ter um controle de caixa. Segundo o Sebrae (2014), a falta de capital de giro concentra-se no desequilíbrio nas entradas e saídas de recursos na empresa, o que ocasiona a mortalidade de muitas empresas. É importante que o administrador avalie a disponibilidade de recursos para pagar as obrigações bem como a flexibilidade financeira da empresa, isso apresenta a habilidade de uma empresa financiar suas operações com recursos gerados internamente. Além disso é importante que o empresário avalie suas decisões gerencias, pois, decisões inteligentes produz lucro e gerar fluxos de caixa através das entradas de suas vendas. A partir do momento que a empresa elabora a DFC, o empresário pode observar o fluxo de dinheiro na empresa, fiscalizar as entradas e saídas de maneira competente, e ter em mãos uma ferramenta que permite uma visão de toda a movimentação financeira. Quadro 7 – Apresenta um modelo de demonstração de fluxo de caixa que pode ser aplicado em qualquer micro e pequena empresa. 32 Fluxo de Caixa Período Janeiro Fevereiro Contas Previsto Realizado Previsto Realizado 1- Entradas Vendas à Vista Vendas a Prazo Outras receitas Total de Entradas 2- Saídas Compras à vista Compras a prazo Impostos Salários Outros pagamentos Total das Saídas Saldo Inicial (+) Total de entradas (-) Total de saídas (=) Saldo Final Fonte: Dados da Pesquisa Quando o administrar passa a monitorar de maneira mais eficiente suas entradas e saídas, ele terá um melhor controle na determinação de seu capital de giro, de maneira que ao final do período não seja necessário obter empréstimos para garantir o curto prazo, o que pode levar a empresa ao fracasso. O gestor, por meio do apoio de seu contador e do sistema de informações oferecidas pela contabilidade necessita ter por praxe adotar suas decisões em dados “palpáveis” e que transmita segurança aos seus atos e decisões relativas ao negócio. 33 4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS A Contabilidade é um instrumento que traz muitos benefícios à gestão das entidades, gerando maior nível de confiabilidade nos seus procedimentos internos, sendo uma base segura de informações à disposição dos gestores das empresas. O mercado atual tem direcionado novos fatores relacionados à gestão que devem ser bem trabalhados pelos administradores de empresas. Este trabalho buscou mostrar aspectos empresariais da gestão das micro e pequenas empresas, identificando, neste contexto, a situação em que operam no mercado, relacionando itens como as características e dificuldades encontradas no gerenciamento das atividades. Nota-se que a Contabilidade Gerencial vem ganhando espaço dentro das empresas, pois ela é responsável em transmitir informações seguras e indispensáveis a alta administração, e o uso de suas ferramentas tem proporcionado uma evolução no gerenciamento de tais empresas. Percebe-se que o cenário econômico mudou e os administradores tiveram de se adaptar e buscar fontes confiáveis informações para auxiliarem na tomada de decisão de na gestão estratégica dentro da organização. Neste contexto são oferecidas algumas ferramentas da Contabilidade que possam suprir algumas necessidades das micro e pequenas empresas, sendo que o seu estudo deve ser um desafio constante para a Ciência Contábil, pois os profissionais devem buscar desenvolver relatórios que supram as necessidades específicas, especialmente as dos gestores das micro e pequenas empresas. O empresário deve cobrar mais colaboração do seu contador no que diz respeito a assessoria e a administração da empresa. E contador por sua vez, deve se transformar em um agente de transformação, um assessor nas decisões tomadas, alguém que extraia dos números as informações necessárias para as decisões, um suporte a administração segura e abdicar da figura de mero cumpridor das obrigações fiscais. 34 O estudo não é conclusivo e nem pretendeu esgotar o assunto, na realidade é sugerido sua ampliação, explicando detalhadamente cada item das ferramentas apresentadas e os passos de implantação, pois cada micro e pequena empresa têm suas peculiaridades. 35REFERÊNCIAS BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. Tradução de João Ferreira de Almeida. São Paulo, 1650. Revista e Corrigida. BRASIL. Lei Complementar n° 123, de 14 de dezembro de 2006. Institui o Estatuto da microempresa e empresa de pequeno porte. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp123.htm>. Acesso em 25/10/2015. CEZARINO, Luciana Oranges; CAMPOMAR, Marcos Cortez. 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