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DIREITO PENAL IV Prof. Juenil Antonio dos Santos Apontamentos CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS CONTRA ADM. PÚBLICA. PARTE II. ART. 317, CP - CORRUPÇÃO PASSIVA. Objetividade jurídica: Tutela o normal funcionamento, a transparência e o prestígio da Administração Pública. Sujeitos do delito. Ativo – funcionário público, admitindo-se a participação de particular. Passivo – o Estado. Consumação e tentativa. Consumação – no instante em que a solicitação chega ao conhecimento do terceiro, ou em que o funcionário recebe a vantagem ou aceita promessa de tal entrega. Tentativa – na solicitação, só é possível na forma escrita; no recebimento e na aceitação, não se admite a tentativa. Ou o funcionário recebe / aceita e o crime está consumado, ou não recebe / aceita e o fato é atípico. Causa de aumento de pena (§1º) – Eleva-se em 1/3 a pena do agente quando efetivamente retarda ou deixa de praticar ato de oficio. É a chamda corrupção exaurida. Figura privilegiada (§2º) – A corrupção tem forma privilegiada, alterando- se a pena, quando o agente pratica ou retarda o ato, bem como deixa de praticá-lo, levado em conta pedido (solicitação) ou influencia (prestígio ou inspiração), mas sem qualquer vantagem indevida em questão. DIREITO PENAL IV Prof. Juenil Antonio dos Santos Apontamentos Classificação: delito de forma livre, próprio, comissivo, omissivo impróprio, monossubjetivo ou de concurso eventual, formal ou de consumação antecipada, instantâneo (sua fase consumativa não se prolonga no tempo), plurissubsistente (somente na forma escrita) e unissubsistente na forma verbal e material na modalidade de receber. ART.318, CP - FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO. Objetividade jurídica: Tutela a Administração Pública. Contrabando consiste na importação ou exportação de produtos proibidos. Já descaminho significa a entrada ou saída do território nacional de produtos lícitos com burla ao pagamento de impostos aduaneiro. Sujeitos do delito. Ativo – só pode ser cometido por funcionário público. Passivo – Estado. Consumação e tentativa. Consumação – com a realização da conduta, omissiva ou comissiva, de facilitação, mesmo que não haja a efetiva prática do contrabando ou descaminho (delito formal). Tentativa – admissível, na modalidade comissiva. Classificação: delito de forma livre, próprio, monossubjetivo ou de concurso eventual, formal ou de consumação antecipada, comissivo ou omissivo, instantâneo (sua fase consumativa não se prolonga no tempo), DIREITO PENAL IV Prof. Juenil Antonio dos Santos Apontamentos plurissubsistente (quando praticado comissivamente) e unissubsistente (quando praticado omissivamente). ART. 319, CP - PREVARICAÇÃO Objetividade jurídica: Tutela a Administração Pública. Prevarica o prefeito que vende a preços baixos terrenos urbanos para filhos e parentes próximos, satisfazendo interesse e sentimentos pessoais, em desacordo com a Lei Orgânica do Município. (TARS) Sujeitos do delito. Ativo – funcionário público, podendo haver concurso com particular. Passivo – o Estado, diretamente. Se particular sofrer dano, será sujeito passivo indireto. Consumação e tentativa. Consumação – com a omissão, o retardamento ou realização do ato contra disposição expressa de lei. Tentativa – na omissão e no retardamento, inadmissível. Na prática do ato, é admissível. Semelhanças e dessemelhanças com corrupção e concussão. Na corrupção, há um ajuste entre o corrupto e o corruptor, o que inexiste na prevaricação. DIREITO PENAL IV Prof. Juenil Antonio dos Santos Apontamentos Na concussão, o agente exige uma vantagem, enquanto na prevaricação, a intenção é satisfazer um interesse ou sentimento pessoal, independentemente de qualquer vantagem. Classificação: delito de forma livre, próprio, comissivo ou omissivo, monossubjetivo ou de concurso eventual, formal ou de consumação antecipada, instantâneo (sua fase consumativa não se prolonga no tempo), plurissubsistente (somente na forma escrita) e unissubsistente. ART. 319-A, CP - PREVARICAÇÃO IMPRÓPRIA Objetividade jurídica: Tutela a Administração Pública com ênfase à segurança. Sujeitos do delito. Ativo – funcionário público. Passivo – o Estado. Consumação e tentativa. Consumação – ao realizar a conduta descrita no tipo penal. Tentativa – Trata de crime omissivo, portanto não admite tentativa. Classificação: delito de forma livre, próprio, omissivo, monossubjetivo ou de concurso eventual, formal ou de consumação antecipada, instantâneo (sua fase consumativa não se prolonga no tempo) e unissubsistente. ART. 320, CP - CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA. Objetividade jurídica: tutela a dignidade e a eficiência da máquina administrativa. (Indulgência, tolerância ou clemência) DIREITO PENAL IV Prof. Juenil Antonio dos Santos Apontamentos Sujeitos do delito. Ativo – funcionário público. Passivo – Estado. Consumação e tentativa. Consumação – com a simples conduta negativa (omissão do funcionário em responsabilizar o subordinado ou em levar o fato ao conhecimento da autoridade competente). Tentativa – tratando-se de crime omissivo, não se admite a tentativa. "Ficando constatado que o agente, por indulgência (dolo), deixou de responsabilizar subordinado que comete infração no exercício do cargo, mantém-se a condenação por condescendência criminosa" (TJMS) Classificação: delito omissivo puro (a conduta típica consubstancia-se em um non facere, sem alusão a qualquer resultado naturalístico), próprio, monossubjetivo ou de concurso eventual, de mera conduta ou simples inatividade (a lei somente descreve a conduta e não menciona qualquer resultado naturalístico), instantâneo (sua fase consumativa não se prolonga no tempo) e unissubsistente. ART. 321, CP - ADVOCACIA ADMINISTRATIVA. Objetividade jurídica: tutela a Administração Pública. Sujeitos do delito. Ativo – funcionário público, admitindo-se participação de particular. Passivo – o Estado. DIREITO PENAL IV Prof. Juenil Antonio dos Santos Apontamentos Consumação e tentativa. Consumação – com a realização do primeiro ato de patrocínio, independentemente de o funcionário obter algum resultado pretendido. Tentativa – admissível. Classificação: delito de forma livre, próprio, monossubjetivo ou de concurso eventual, formal ou de consumação antecipada, comissivo, instantâneo (sua fase consumativa não se prolonga no tempo), plurissubsistente. ART. 323, CP - ABANDONO DE FUNÇÃO. Objetividade jurídica: tutela a Administração Pública (regularidade da prestação de serviços públicos). Sujeitos do delito. Ativo – funcionário público regularmente investido em cargo público. Observar que o tipo penal fala apenas em “cargo público”. Pelo princípio da estrita legalidade, não se pode considerar, portanto, o emprego público para fins deste dispositivo. Passivo – o Estado. Consumação e tentativa. Consumação – como afastamento do exercício do cargo público por tempo juridicamente relevante, ou seja, tempo suficiente para criar perigo de dano para a continuidade do serviço. Tentativa – trata-se de delito omissivo próprio e, portanto, não se admite tentativa. DIREITO PENAL IV Prof. Juenil Antonio dos Santos Apontamentos " O crime de abandono de função consuma-se sempre que a ausência injustificada do funcionário público perdure por tempo suficiente para criara possibilidade de dano (TJSP)" Formas qualificadas. Há duas formas qualificadas: 1) Figura qualificada pelo resultado. Quando o abandono causa prejuízo (art. 323, § 1º do CP) – para o tipo simples (caput), basta a probabilidade de dano. Se este ocorre, a pena é agravada. Trata-se de uma hipótese de delito exaurido, em que o resultado da conduta qualifica o tipo. O prejuízo é público, isto é, causado aos serviços de natureza pública, não abrangendo o prejuízo de natureza particular. 2) Figura qualificada pelo local. Quando o abandono ocorre em local compreendido na faixa de fronteira (art. 323, § 2º do CP) – considera-se “faixa de fronteira” a situada a 150 Km da nossa divisa com outros países. A qualificadora se justifica, pois, o abandono do cargo, nestes locais, gera maior risco aos interesses nacionais. É considerada área indispensável à segurança nacional a faixa interna de 150 KM de largura, paralela à linha divisória terrestre do território nacional, que será designada como faixa de fronteira – Lei 6634/79, art. 1º. Classificação: delito omissivo puro (a conduta típica consubstancia-se em um non facere, sem alusão a qualquer resultado naturalístico), de mão própria (além de exigir qualidade especial do sujeito ativo, não admite DIREITO PENAL IV Prof. Juenil Antonio dos Santos Apontamentos coautoria ou participação), formal (salvo a figura do prevista no § 1º), monossubjetivo ou de concurso eventual, permanente, unissubsistente. ART. 324, CP - EXERCÍCIO FUNCIONAL ILEGALMENTE ANTECIPADO OU PROLONGADO. Objetividade jurídica: tutela a regularidade da Administração Pública. Sujeitos do delito. Ativo – funcionário público. Esta é a qualidade do sujeito ativo que distingue o delito previsto no art. 324 do CP, do crime de usurpação de função pública (art. 328), cometido por particular. Passivo – o Estado. Consumação e tentativa. Consumação – com a realização do primeiro ato de ofício indevido (antes de satisfeitas as exigências legais, ou depois da exoneração, remoção, substituição ou suspensão). Tentativa – admissível. Classificação: delito de forma livre, delito comissivo puro (a conduta típica consubstancia-se em um non facere, sem alusão a qualquer resultado naturalístico), de mão própria (além de exigir qualidade especial do sujeito ativo, não admite coautoria ou participação), formal, instantâneo, monossubjetivo ou de concurso eventual e plurissubsistente. ART. 325, CP - VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL. DIREITO PENAL IV Prof. Juenil Antonio dos Santos Apontamentos Objetividade jurídica: tutela a Administração Pública, no que concerne ao interesse de manter em segredo certos fatos da vida funcional. Trata-se de um delito expressamente subsidiário (vide preceito secundário). Sujeitos do delito. Ativo – funcionário público. A maioria da doutrina entende que o funcionário aposentado ou posto em disponibilidade também pode ser sujeito ativo, pois não perdem o vínculo com a Administração. Damásio entende que se o funcionário estava DEMITIDO ao tempo do fato, inexiste crime. O terceiro que recebe as informações não responde pelo crime, salvo se induziu, instigou ou auxiliou o funcionário a praticá-lo, caso em que haverá participação. Passivo – o Estado, diretamente. O Particular prejudicado pela revelação do segredo também pode ser sujeito passivo indireto. Consumação e tentativa. Consumação – com a revelação do segredo ou com sua facilitação. Não é necessária a ocorrência de qualquer resultado danoso, pois trata-se de crime formal. Tentativa – na revelação, admissível na modalidade escrita. Na facilitação, admissível quando o terceiro, por circunstâncias alheias à vontade do agente, não toma conhecimento do conteúdo do segredo. Classificação Forma livre, próprio, monossubjetivo, comissivo ou omissivo, formal, instantâneo ou permanente, unissubsistente, plurissubsistente.