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Apostila 03 - Ação penal e ação civil ex delicto

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 Processo Penal 
 Ação penal e ação civil ex delicto 
 Apostila 03 
 Dia: 28/08/2018 
 
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AÇÃO PENAL E AÇÃO CIVIL EX DELICTO 
Fontes: Renato Brasileiro, 2018. Nestor Távora e Rosmar Rodrigues 2018. Meu caderno. 
Jurisprudência selecionada STF/STJ e Dizer o Direito. Resumo feito integralmente por mim, uma 
vez que não encontrei uma correspondência didática nos pontos da Magistratura Federal, 
estando a matéria tratada de maneira esparsa nos resumos. 
AÇÃO PENAL E AÇÃO CIVIL EX DELICTO ....................................................................................... 1 
1. DIREITO DE AÇÃO PENAL .................................................................................................. 3 
2. CARACTERÍSTICAS DO DIREITO DE AÇÃO PENAL ............................................................... 3 
3. LIDE NO PROCESSO PENAL ................................................................................................ 3 
4. CONDIÇÕES DA AÇÃO PENAL ............................................................................................ 4 
4.1. CONDIÇÕES GENÉRICAS DA AÇÃO PENAL....................................................................................... 4 
4.1.1. Possibilidade jurídica do pedido ................................................................................ 4 
4.1.2. Legitimidade para agir .............................................................................................. 5 
4.1.2.1. Legitimidade ordinária e extraordinária no processo penal ............................................... 5 
4.1.2.2. Considerações finais sobre legitimidade ............................................................................ 6 
4.1.3. Interesse de agir ........................................................................................................ 6 
4.1.3.1. Prescrição em perspectiva (virtual) e ausência de interesse de agir .................................. 7 
4.1.4. Justa causa ................................................................................................................ 7 
4.1.4.1. Justa causa duplicada ......................................................................................................... 7 
4.1.5. Considerações finais .................................................................................................. 8 
4.2. CONDIÇÕES ESPECÍFICAS DA AÇÃO PENAL ..................................................................................... 8 
4.3. CONDIÇÕES DA AÇÃO E CONDIÇÕES DE PROSSEGUIBILIDADE (CONDIÇÃO SUPERVENIENTE DA AÇÃO) ......... 8 
4.4. CONDIÇÕES DA AÇÃO, CONDIÇÕES OBJETIVAS DE PUNIBILIDADE E ESCUSAS ABSOLUTÓRIAS ..................... 9 
4.4.1. Decisão final do procedimento administrativo nos crimes materiais contra a ordem 
tributária 9 
4.4.1.1. Anotações do meu caderno sobre crimes contra a ordem tributária .............................. 11 
5. CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES PENAIS ................................................................................ 14 
5.1. CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES PENAIS CONDENATÓRIAS .................................................................... 14 
6. PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PÚBLICA E DE INICIATIVA PRIVADA ................................... 16 
6.1. PRINCÍPIO DO NE PROCEDAT IUDEX EX OFFICIO ............................................................................ 16 
6.2. PRINCÍPIO DO NE BIS IN IDEM (VEDAÇÃO DE PERSECUÇÃO PENAL MÚLTIPLA) ...................................... 16 
6.3. PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA ............................................................................................ 17 
6.4. PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DA AÇÃO PENAL PÚBLICA ............................................................ 17 
6.5. PRINCÍPIO DA OPORTUNIDADE OU CONVENIÊNCIA DA AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA ................... 19 
6.6. PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DA AÇÃO PENAL PÚBLICA ........................................................... 19 
6.7. PRINCÍPIO DA DISPONIBILIDADE DA AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA ........................................... 20 
6.8. PRINCÍPIO DA (IN) DIVISIBILIDADE DA AÇÃO PENAL PÚBLICA............................................................ 20 
6.9. PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADE DA AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA ........................................... 20 
6.10. PRINCÍPIO DA OFICIALIDADE ................................................................................................ 21 
6.11. PRINCÍPIO DA AUTORITARIEDADE.......................................................................................... 21 
6.12. PRINCÍPIO DA OFICIOSIDADE ................................................................................................ 21 
7. AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA ....................................................................... 21 
8. AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA .......................................................................... 21 
8.1. REPRESENTAÇÃO ................................................................................................................... 22 
8.1.1. Natureza jurídica ..................................................................................................... 22 
8.1.2. Desnecessidade de formalismo ............................................................................... 22 
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8.1.3. Destinatário da representação ................................................................................ 22 
8.1.4. Legitimidade para o oferecimento da representação ............................................. 22 
8.1.5. Prazo decadencial para o oferecimento da representação ..................................... 23 
8.1.6. Retratação da representação .................................................................................. 24 
8.1.6.1. Retratação da retratação ................................................................................................. 24 
8.1.6.2. Retratação da representação na Lei Maria da Penha ....................................................... 24 
8.1.7. Eficácia objetiva da representação .......................................................................... 24 
8.2. REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA ...................................................................................... 25 
9. AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA ............................................................................. 25 
9.1. AÇÃO PENAL EXCLUSIVAMENTE PRIVADA .................................................................................... 26 
9.2. AÇÃO PENAL PRIVADA PERSONALÍSSIMA ..................................................................................... 26 
9.3. AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA ........................................................................... 26 
9.4. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE E AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA ................................................. 27 
9.4.1. Decadência .............................................................................................................. 27 
9.4.2. Renúncia ao direito de queixa ................................................................................. 27 
9.4.3. Perdão do ofendido ................................................................................................. 28 
9.4.4. Perempção ............................................................................................................... 29 
10. AÇÃO PENAL NAS VÁRIAS ESPÉCIES DE CRIMES .............................................................. 29 
10.1. AÇÃO PENAL NOS CRIMES CONTRA A HONRA
.......................................................................... 29 
10.2. AÇÃO PENAL NOS CRIMES DE TRÂNSITO DE LESÃO CORPORAL CULPOSA, DE EMBRIAGUEZ AO VOLANTE E 
DE PARTICIPAÇÃO EM COMPETIÇÃO NÃO AUTORIZADA ........................................................................................ 30 
10.3. AÇÃO PENAL NOS CRIMES DE LESÃO CORPORAL LEVE E LESÃO CORPORAL CULPOSA COM VIOLÊNCIA 
DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER ...................................................................................................... 30 
10.4. AÇÃO PENAL NOS CRIMES AMBIENTAIS: PESSOAS JURÍDICAS E DUPLA IMPUTAÇÃO .......................... 31 
10.5. AÇÃO PENAL NOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL (LEI 12.015/09) .................................. 31 
10.6. AÇÃO PENAL NO CRIME DE INVASÃO DE DISPOSITIVO INFORMÁTICO ............................................ 31 
11. PEÇA ACUSATÓRIA .......................................................................................................... 31 
11.1. REQUISITOS DA PEÇA ACUSATÓRIA ........................................................................................ 32 
11.1.1. Exposição do fato criminoso com todas as suas circunstâncias .............................. 32 
11.1.2. Qualificação do acusado ......................................................................................... 33 
11.1.3. Classificação do crime ............................................................................................. 34 
11.1.4. Rol de testemunhas ................................................................................................. 34 
11.1.5. Endereçamento da peça acusatória ........................................................................ 34 
11.1.6. Redação em vernáculo ............................................................................................ 34 
11.1.7. Razões de convicção ou presunção da delinquência ............................................... 34 
11.1.8. Peça acusatória subscrita pelo Ministério Público ou pelo advogado do querelante
 35 
11.1.9. Procuração da queixa-crime e recolhimento de custas ........................................... 35 
11.2. PRAZO PARA O OFERECIMENTO DA PEÇA ACUSATÓRIA .............................................................. 35 
11.3. QUESTÕES DIVERSAS SOBRE A DENÚNCIA ............................................................................... 36 
11.3.1. Denúncia genérica e crimes societários .................................................................. 36 
11.3.1.1. Acusação geral e acusação genérica .............................................................................. 37 
11.3.2. Cumulação de imputações ...................................................................................... 37 
11.3.3. Imputação alternativa ............................................................................................ 37 
11.4. ADITAMENTO À DENÚNCIA .................................................................................................. 37 
11.4.1. Espécies de aditamento .......................................................................................... 38 
11.4.2. Aditamento da denúncia interrompe a prescrição? ................................................ 38 
11.4.3. Aditamento à queixa-crime ..................................................................................... 39 
12. AÇÃO CIVIL EX DELICTO ................................................................................................... 39 
12.1. EFEITOS CIVIS DA ABSOLVIÇÃO PENAL .................................................................................... 40 
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12.2. OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR O DANO CAUSADO PELO DELITO COMO EFEITO GENÉRICO DA SENTENÇA 
CONDENATÓRIA 43 
12.3.1. Legitimidade executiva: art. 68, MP ou DP? Norma em via de inconstitucionalidade?
 ........................................................................................................................................................... 43 
12.3.2. Legitimado passivo ..................................................................................................... 43 
12.3. QUANTIFICAÇÃO DO MONTANTE A SER INDENIZADO AO OFENDIDO ............................................. 44 
12.3.1. Dizer o Direito e comentários sobre o assunto ........................................................ 44 
13. ANOTAÇÕES DO MEU CADERNO ..................................................................................... 46 
13.1. AÇÃO PENAL – AÇÃO CIVIL EX DELICTO .................................................................................. 46 
13.1.1. Denúncia e queixa-crime ......................................................................................... 46 
13.1.2. Ação civil ex delicto ................................................................................................. 47 
14. DIZER O DIREITO ............................................................................................................. 48 
 
1. Direito de Ação Penal 
Trata-se de direito público subjetivo de pedir ao Estado-Juiz a aplicação do direito penal 
objetivo a um caso concreto. Seu fundamento constitucional encontra-se no artigo 5º, XXXV, 
que prevê que a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. 
No ordenamento brasileiro, a ação penal é tratada tanto no Código Penal (arts. 100 a 106), 
quanto no Código de Processo Penal (arts. 24 a 62). Ainda, não podemos confundir o direito de 
ação com a ação propriamente dita. Aquela é o direito de se exigir do Estado o exercício da 
jurisdição. Esta, por sua vez, é o ato jurídico, ou mesmo a iniciativa de se ir à justiça, em busca 
do direito, com efetiva prestação da tutela jurisdicional, funcionando como a forma de se 
provocar o Estado a prestar a tutela jurisdicional. 
2. Características do Direito de Ação Penal 
a. Direito público: a ação é um direito público, ainda que de iniciativa privada. Somente 
o Estado pode punir. 
b. Direito subjetivo: o titular da ação penal pode exigir a prestação jurisdicional 
relacionada a um caso concreto; 
c. Direito autônomo: o direito de ação penal não se confunde com o direito material 
que se pretende tutelar; 
d. Direito abstrato: o direito de ação independe da procedência ou improcedência da 
pretensão acusatória; 
e. Direito determinado: o direito de ação é instrumentalmente conexo a um fato 
concreto, já que se pretende solucionar uma pretensão de direito material; 
f. Direito específico: o direito de ação apresenta um conteúdo, que é o objeto da 
imputação, ou seja, é o fato delituoso cuja prática é atribuída ao acusado. 
3. Lide no processo penal 
Lide, no conceito clássico de Carnelutti, seria um conflito de interesses qualificado por 
uma pretensão resistida. No processo penal, entretanto, deve-se evitar este conceito. 
A uma, porque não há conflito de interesses, já que o interesse na preservação da 
liberdade individual também é um interesse público, de modo que o Estado deseja a condenação 
do culpado e a liberdade do inocente. A duas, porque ainda que o imputado esteja de acordo 
com a imposição da pena, com o que não haveria resistência de sua parte ao pedido 
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condenatório, ainda assim a defesa técnica seria indispensável no processo penal, em 
homenagem ao contraditório e ampla defesa, princípio corolário disposto na Constituição. 
Assim, no processo penal, não se fala em lide, mas sim em pretensão punitiva,
que 
significa a pretensão de imposição da sanção penal ao autor do fato tido por delituoso. 
4. Condições da ação penal 
No processo civil brasileiro, seguidor dos ensinos de Enrico Tullio Liebman, tínhamos 3 
condições da ação: possibilidade jurídica do pedido, legitimidade e interesse de agir. Este jurista, 
ao final de seu estudo, concluiu pela existência somente de duas condições da ação: legitimidade 
e interesse de agir. Isso porque entendeu que a possibilidade jurídica estava no interesse de 
agir, de modo que se o pedido é impossível, não há necessidade de o processo seguir, ante a 
absoluta impossibilidade de o juiz emitir um provimento final conforme pedido pelo autor. 
Com o advento do NCPC, a possibilidade jurídica do pedido passou a ser considerada 
como julgamento de mérito de improcedência. Assim, verificado que o pedido é juridicamente 
impossível, o juiz não mais extinguirá o processo com uma decisão terminativa, mas sim 
proferirá uma sentença de mérito improcedente. 
No processo penal, as condições da ação subdividem-se em condições genéricas, que 
deverão estar presentes em toda e qualquer ação penal, e condições específicas 
(procebilidade), cuja presença será necessária apenas em relação a determinadas infrações 
penais, determinados acusados, ou em situações específicas, conforme previsto em lei. 
4.1. Condições genéricas da ação penal 
A doutrina majoritária sustenta que as condições genéricas da ação penal são aquelas 
utilizadas também no processo civil: legitimidade e interesse de agir (art. 395, II), havendo 
controversa quanto à verdadeira natureza da justa causa (art. 395, III, CPP). 
4.1.1. Possibilidade jurídica do pedido 
Conquanto no processo civil a possibilidade jurídica do pedido tenha um caráter negativo, 
de modo que o pedido não pode ser vedado pelo ordenamento, no processo penal tal condição 
possui um caráter positivo. Assim, a pretensão acusatória deverá ter previsão expressa no 
ordenamento jurídico, a fim de que a imputação formulada na peça acusatória leve a alguma 
providência prevista no direito objetivo. Portanto, em cumprimento ao princípio da legalidade, 
para que o pedido seja juridicamente possível no processo penal, é imprescindível a existência 
de norma jurídica definindo a conduta imputada ao acusado como infração penal, 
estabelecendo a respectiva sanção. 
São exemplos de impossibilidade jurídica do pedido, que autorizam a rejeição da peça 
acusatória com fundamento no art. 395, II, do CPP, ou, se recebida, ensejarão o trancamento da 
ação por meio de habeas corpus: oferecimento de denúncia/queixa com imputação de conduta 
atípica, peça oferecida a despeito da presença de um fato impeditivo do exercício da ação, peça 
oferecida sem o implemento de condição específica da ação penal, denúncia oferecida em face 
de menor de 18 anos, a ele imputando crime, requerendo imposição de pena privativa da 
liberdade, contrariando a inimputabilidade dos menores de 18 anos, etc. 
Não obstante exista tal condição da ação, é importante relembrar que no processo penal 
o pedido é irrelevante, já que o acusado se defende dos fatos que lhe são imputados, pouco 
importando o pedido formulado pelo acusador. É uma verdadeira exceção ao princípio da 
congruência, podendo o juiz julgar a lide diferentemente dos pedidos da parte autora. 
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Temos que ressaltar, portanto, que no processo penal, em boa parte dos casos o 
reconhecimento de impossibilidade jurídica do pedido levará a julgamento do mérito, e não à 
extinção da ação por ausência das condições da ação. Explico: se o fato for atípico, haverá 
rejeição da denúncia e formação de coisa julgada material, por ausência de tipicidade. 
Assim, se a atipicidade, descriminante, exculpante (salvo inimputabilidade), ou causa 
extintiva da punibilidade estiverem cabalmente demonstradas no momento de admissibilidade 
da peça acusatória, e desde que haja um juízo de certeza de sua presença, deve o juiz absolver 
sumariamente o acusado desde logo, com fundamento no artigo 397 do CPP, e tal decisão fará 
coisa julgada material, nos mesmos moldes do que ocorre, por exemplo, com o arquivamento 
do inquérito policial, com base na atipicidade da conduta delituosa (estudamos na apostila 02). 
4.1.2. Legitimidade para agir 
Trata-se da pertinência subjetiva da ação. É a situação prevista em lei que permite a um 
determinado sujeito propor a demanda judicial e a um determinado sujeito ocupar o polo 
passivo dessa mesma demanda. Trata-se da legitimidade para a causa (legitimidade ad causam). 
No NCPC, a legitimidade é condição da ação prevista no artigo 17. No processo penal, a previsão 
é a do artigo 395, II, do CPP. 
Quanto à legitimidade ativa no processo penal, nas ações penais públicas, por força do 
artigo 129, I, da Constituição Federal, o titular da ação penal será o Ministério Público; nas ações 
penais de iniciativa privada, será legitimado o ofendido ou seu representante legal. Haverá 
situações excepcionais autorizadas pela lei em que entidades e órgãos da administração pública, 
ainda que sem personalidade, assim como associações, esta especificamente destinadas à 
defesa dos interesses e direitos do consumidor, poderão ser legitimados ativos em ação penal. 
Se um crime é de ação penal de iniciativa privada, não pode o Ministério Público oferecer 
a denúncia. Caso isso ocorra, o juiz poderá reconhecer a falta de legitimidade ad causam, 
rejeitando a peça acusatória (art. 395, II), ou, caso o processo esteja em andamento, poderá 
declarar nulidade absoluta do processo (art. 564, II, CPP). O mesmo é possível dizer caso o crime 
seja de ação penal pública, ocasião em que somente o Ministério Público será legitimado, salvo 
inércia do órgão ministerial, gerando o direito ao ofendido de utilizar-se da ação penal privada 
subsidiária da pública. 
Ainda, é perfeitamente possível que uma pessoa jurídica figure no polo passivo da 
demanda. Ex: vítima de crime contra a honra objetiva (difamação). O mesmo pode-se dizer de 
sua legitimidade passiva, como no caso de crimes ambientais (falamos sobre isso na aula 01 de 
Processo Penal e na aula de Teoria Geral do Crime de Direito Penal, de forma bem ampla). 
Na legitimidade passiva, temos que será a pessoa maior de 18 anos, uma vez que os 
menores são inimputáveis, conforme disposto na Constituição Federal. 
4.1.2.1. Legitimidade ordinária e extraordinária no processo penal 
Regra geral é que somente o titular do direito alegado poderá pleitear em nome próprio 
seu próprio interesse (art. 18, NCPC). É o que ocorre no processo penal, no âmbito das ações 
penais públicas (art. 129, I, CF), uma vez que a CF outorga ao Ministério Público tal titularidade. 
Entretanto, o próprio artigo 18 do NCPC excepciona tal regra, de modo que é possível, 
quando autorizado pelo ordenamento, que terceiro pleiteie direito alheio em nome próprio. 
Quais são os exemplos disso no processo penal??? 
A doutrina utiliza como exemplo a ação penal privada, uma vez que o titular exclusivo do 
direito de punir é o Estado, transferindo a legitimidade para propositura da ação à vítima, ou ao 
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representante legal. É o ofendido agindo em nome próprio, mas pleiteando a defesa de um 
interesse alheio (pretensão punitiva Estatal). 
Ainda, há a ação civil ex delicto proposta pelo Ministério Público em favor de vítima pobre 
(CPP, art. 68). Para finalizar, não podemos confundir legitimação extraordinária com sucessão 
processual (art. 31 do CPP). Nesta última, em caso
de morte do ofendido ou quando declarado 
ausente, o direito de queixa/continuidade da ação passará ao cônjuge, ascendente, 
descendente ou irmão. 
4.1.2.2. Considerações finais sobre legitimidade 
Pessoal. Não podemos confundir legitimação ad causam com legitimidação ad processum, 
nem com capacidade processual, nem com capacidade de ser parte, ok? Vou fazer um 
resuminho aqui sobre legitimidade. 
Ação penal pública: Ministério Público (art. 129, I, CF), salvo se não intentar a ação no 
prazo legal, surgindo a possibilidade de ação penal privada subsidiária da pública. 
Ação penal pública condicionada: MP também, mas com condição de procebilidade – 
representação da vítima. 
Ação penal privada: ofendido ou seu representante. 
Legitimação ad causam: legitimidade de ordem subjetiva para requerer algo. Pertinência. 
Legitimação ad processum: capacidade de estar em juízo, de praticar validamente os atos 
sem representação. 
Capacidade de ser parte: deriva da personalidade, consistindo na capacidade de adquirir 
direito e contrair obrigações. 
4.1.3. Interesse de agir 
Interesse de agir está relacionada a ideia de utilidade da prestação jurisdicional que se 
pretende obter com a movimentação do Poder Judiciário. É o binômio necessidade e adequação. 
Deve haver, portanto, necessidade de se recorrer ao Judiciário para obter o resultado 
pretendido; adequação entre o pedido e a proteção jurisdicional que se pretende obter; e a 
utilidade, que se traduz na eficácia da atividade jurisdicional para satisfazer o interesse do autor. 
No processo penal, em virtude do princípio nulla poena sine judicio, ainda que o réu não 
ofereça resistência, faz-se obrigatório o contraditório e o devido processo legal, pois nenhuma 
sanção penal poderá ser aplicada sem o devido processo legal. Logo, o exame da “necessidade” 
é desnecessário, pois está in re ipsa a intervenção do judiciário para aplicação do jus puniendi. 
Exceção à regra da obrigatoriedade processual no âmbito penal, são os dispositivos da Lei 
9.099/95. Conforme se depreende do artigo 76 da Lei dos Juizados Especiais, é possível haver 
transação penal, de modo que o titular da ação penal pode formular proposta de aplicação 
imediata de pena restritiva de direitos ou multa. Nesse caso, não haverá processo, salvo 
descumprimento da medida ou não aceitação do autor do fato. 
Sobre adequação, isso não se aplica muito ao direito de punir, uma vez que a punição 
sempre será pedida pela ação penal, cabendo ao juiz decidir a pena aplicável no caso concreto. 
Lado outro, em relação aos instrumentos processuais, é possível encontrar sua aplicação. Ex: 
habeas corpus, onde só pode ser utilizado para proteger o direito de locomoção. Medidas 
constritivas corretas, etc. 
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A utilidade, por sua vez, consiste na eficácia da atividade jurisdicional para satisfazer o 
interesse do autor. Só haverá utilidade se houver possibilidade de realização do jus puniendi 
estatal, com eventual aplicação da sanção penal adequada. 
4.1.3.1. Prescrição em perspectiva (virtual) e ausência de interesse de agir 
Pode ser conceituada como o reconhecimento antecipado da prescrição, em virtude da 
constatação de que, no caso de possível condenação, eventual pena que venha a ser imposta ao 
acusado inevitavelmente será fulminada pela prescrição da pretensão punitiva retroativa, 
tornando inútil a instauração do processo penal. 
Aqui, em virtude da inutilidade da ação penal, o Ministério Público irá requerer o 
arquivamento não com base na extinção da punibilidade pela prescrição virtual, mas com 
fundamento na ausência de interesse de agir, condição sine qua non para o regular exercício do 
direito de ação. 
Não obstante tal inutilidade, em Questão de Ordem em Repercussão Geral em Recurso 
Extraordinário, o Plenário do STF se manifestou quanto ao tema: “É inadmissível a extinção da 
punibilidade em virtude de prescrição da pretensão punitiva com base em previsão da pena que 
hipoteticamente seria aplicada, independentemente da existência ou sorte do processo 
criminal.” Neste mesmo sentido, o STJ sumulou o entendimento: STJ SUM 438: “É inadmissível 
a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com fundamento em pena 
hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo penal.” 
4.1.4. Justa causa 
Trata-se do suporte probatório mínimo (problable cause) que deve lastrear toda e 
qualquer acusação penal. Assim, para dar início a uma ação penal, há a necessidade da presença 
do fumus comissi delicti, a ser entendido como a plausibilidade de que se trate de um fato 
criminoso, constatado por elementos de informação, provas cautelares, não repetíveis e 
antecipadas, confirmado a presença de materialidade e de indícios de autoria ou de participação 
em conduta típica, ilícita e culpável. 
A justa causa consta prevista expressamente no artigo 395, III, do CPP, de modo que a 
denúncia ou queixa será rejeitada quando de sua ausência. 
Assim, para fins de recebimento da peça acusatória, há necessidade de que as alegações 
estejam minimamente embasadas em provas, ou, ao menos, indícios de efetiva ocorrência dos 
fatos. Não basta que a denúncia se limite a narrar fatos e circunstâncias criminosas que são 
atribuídas a alguém, sob o risco de se admitir a instauração de ação penal temerária, em 
desrespeito às regras do indiciamento e ao princípio da presunção de inocência. Isso se aplica 
também aos crimes de menor potencial ofensivo (Lei 9.099/95) 
Não obstante exista divergência doutrinária quanto à natureza jurídica da justa causa, o 
fato é que a presença desta é indispensável para um juízo positivo de admissibilidade da peça 
acusatória. Assim, deve haver lastro probatório mínimo para verificação do fumus comissi delicti. 
4.1.4.1. Justa causa duplicada 
Em se tratando de crimes de lavagens de capitais, não basta demonstrar a presença de 
lastro probatório quanto ao crime de lavagem de dinheiro (ocultação de bens, direitos ou 
valores), sendo, também, indispensável que a denúncia seja instruída com o suporte probatório 
que tais valores são provenientes, direta ou indiretamente de infração penal (crime ou 
contravenção) – infração penal antecedente. 
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É o que estabelece o próprio artigo 2º, §1º, da Lei 9.613/98, dispondo que a denúncia 
deverá ser instruída com indícios suficientes da existência da infração penal antecedente, sendo 
puníveis os fatos previstos na referida Lei, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor, 
ou extinta a punibilidade da infração penal antecedente. 
Percebam que o artigo fala em existência da infração penal antecedente, sendo 
desnecessária a indicação de sua autoria, de modo que o desconhecimento da autoria não 
constitui óbice ao ajuizamento da ação pelo crime de lavagem. 
Sobre o tema, o STJ entende que não é possível arguir ausência de prova da infração 
antecedente praticada em outro país, se havia, nos autos, depoimentos colhidos em juízo de um 
agente especial do país estrangeiro comprovando a prática de tráfico internacional de drogas e 
organização criminosa da qual participava o acusado com destacada atuação. Assim, não é 
necessário descrever pormenorizadamente a conduta delituosa relativa à infração penal 
antecedente, que pode inclusive sequer ser objeto desse processo, sendo indispensável a sua 
descrição resumida. 
Sem que haja indícios da infração penal antecedente, deve o juiz rejeitar a peça 
acusatória, ante a inexistência de justa causa para a ação
penal. 
4.1.5. Considerações finais 
O artigo 395 e 397 do CPP, apesar de conterem dispositivos semelhantes, diferem no 
momento de aplicação. O primeiro, será para análise de denúncia; o segundo, para análise de 
resposta à acusação. 
4.2. Condições específicas da ação penal 
Há determinadas situações em que a lei condiciona o exercício do direito de ação ao 
preenchimento de certas condições específicas. Sua presença também deve ser aferida pelo 
magistrado por ocasião do juízo de admissibilidade da peça acusatória, impondo-se a rejeição 
da denúncia/queixa, caso verificada a ausência de uma delas (pressuposto processual), 
conforme art. 395, II, CPP. São vários os exemplos. Vamos vê-los: 
a) Representação do ofendido, nos crimes de ação pena pública condicionada à 
representação. (art. 24, CPP, parte final). 
b) Requisição do Ministro da Justiça, nos crimes de ação pública condicionada à 
requisição. 
c) Provas novas, quando o inquérito policial tiver sido arquivado com base na ausência 
de elementos probatórios. Súmula 524 STF: Arquivado o inquérito policial, por 
despacho do juiz, a requerimento do Promotor, não pode a ação penal ser iniciada 
sem novas provas. 
d) Provas novas, após a preclusão da decisão de impronúncia, em e tratando de crimes 
dolosos contra a vida. A decisão de impronúncia não faz coisa material enquanto não 
houver a extinção da punibilidade, podendo a denúncia ser oferecida a qualquer 
tempo antes de extinta a punibilidade. 
e) Laudo pericial nos crimes contra a propriedade imaterial: necessidade de corpo de 
delito, art. 525, CPP. 
f) Autorização da Câmara dos Deputados por 2/3 de seus membros, para instauração 
de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente e os Ministros de Estado. 
4.3. Condições da ação e condições de prosseguibilidade (condição 
superveniente da ação) 
Condição da ação é aquela necessária para propositura da demanda. Já a condição de 
prosseguibilidade é aquela que é necessária para que a ação, já proposta, seja continuada. 
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Exemplo: doença mental. Nesta, o processo deverá permanecer suspenso até que o acusado se 
restabeleça. Sem o seu implemento, o processo ficará paralisado até a prescrição. 
4.4. Condições da ação, condições objetivas de punibilidade e escusas 
absolutórias 
As condições da ação estão relacionadas ao direito processual penal, sendo exigidas para 
o exercício regular do direito de ação, subdividindo-se em genéricas e específicas. Por sua vez, 
as condições objetivas de punibilidade referem-se ao direito penal, funcionando como fatos 
externos ao tipo penal que devem ocorrer para a formação de um tipo culpável e punível, sendo 
chamadas de objetivas porque independem do dolo ou culpa do agente. 
Exemplos: sentença declaratória de falência como condição objetiva das infrações 
descritas na lei de falência; decisão final do procedimento administrativo nos crimes materiais 
contra a ordem tributária (SV-24). 
Ainda, não devemos confundir condição objetiva da punibilidade com escusa absolutória. 
Estas últimas, apesar de serem condição de punibilidade, excluem a punibilidade do crmie em 
relação a determinadas pessoas, como, por exemplo, as isenções de pena previstas nos arts. 
181, incisos I e II e 348, §2º, do CP. (crimes contra o patrimônio e favorecimento pessoal) 
4.4.1. Decisão final do procedimento administrativo nos crimes materiais 
contra a ordem tributária 
Pessoal. Aqui eu não vou ter preguiça de escrever, ok? É um tema MUITO cobrado, cheio 
de jurisprudência e peculiaridades. Vamos lá. 
Em primeiro lugar, vocês precisam saber o conceito de crime material contra a ordem 
tributária. Estes podem ser conceituados como aqueles crimes cuja consumação está 
condicionada à produção de um resultado, tal como ocorre em relação àqueles definidos no art. 
1º da Lei 8.137/90, que diz que constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir 
tributo, contribuição social e qualquer acessório, mediante as condutas ali descritas. Assim, 
sendo eles de natureza material (exigem resultado), é necessário, para sua tipificação, a 
constituição definitiva do crédito tributário para o desencadeamento da ação penal. Ex: 
sonegação. 
Compreendido tal conceito, é importante distingui-lo do crime formal contra a ordem 
tributária, sendo aquele cuja conclusão do procedimento administrativo é desnecessária para a 
persecução penal, a exemplo do artigo 2º, inciso I, da Lei 8.137/90, que independe de resultado 
naturalístico correspondente a auferição de vantagem ilícita em desfavor do Fisco, bastando a 
omissão de informações ou a prestação de declaração falsa, não demandando a efetiva 
percepção material do meio ardil aplicado. Assim, o procedimento administrativo é dispensável 
para configurar a justa causa legitimadora da persecução. Ex: descaminho, que consiste em 
iludir o pagamento de imposto devido pela entrada de mercadoria no país. 
Agora que vocês já sabem o que é crime material contra a ordem tributária, vamos lá. 
O artigo 83 da Lei 9.430/96 dispunha que a representação fiscal para fins penais relativa 
aos crimes contra a ordem tributária definidos nos arts. 1º e 2º da Lei .8173/90 seria 
encaminhada ao Ministério Público após proferida a decisão final, na esfera administrativa sobre 
a exigência fiscal do crédito tributário correspondente. 
Sobre tal artigo, foi ajuizada a ADI 1571, que gerou as seguintes conclusões: a) o art. 83 
da referida lei não criou condição de procedibilidade da ação penal por delito tributário; b) o 
art. 83 da referida lei rege atos da administração fazendária, promovendo o momento em que 
as autoridades fazendárias devem encaminhar ao MP os expedientes contendo a notitia criminis 
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acerca dos delitos contra a ordem tributária; c) o Ministério Público pode oferecer denúncia 
independentemente da representação tributária se, por outros meios, tem conhecimento do 
lançamento definitivo, já que a ação é pública incondicionada. 
Pois bem. Surgiu, portanto, a seguinte dúvida: Se o STF entende que não se trata de 
condição específica da ação penal, qual é a natureza jurídica da decisão final o procedimento 
administrativo de lançamento em relação a tais delitos? Surgiram algumas correntes, 
entretanto, prevaleceu a de que a decisão final do procedimento administrativo fiscal funciona 
como condição objetiva de punibilidade nos crimes materiais contra a ordem tributária, sendo 
condição sine qua non para a deflagração da persecução penal. 
De modo a pôr fim a controvérsia, o STF editou a Súmula Vinculante 24, com a seguinte 
redação: “Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a 
IV, da Lei 8.173/90, antes do lançamento definitivo do tributo.” Apesar de estar escrito “não se 
tipifica”, isso não é uma elementar do tipo. O próprio STF sempre entendeu que o prévio 
exaurimento da via administrativa é condição objetiva de punibilidade, de modo que após a 
decisão final do procedimento administrativo fiscal é que será considerado lançado, 
definitivamente, o referido crédito. 
Faltando essa condição, é possível utilizar habeas corpus para trancar eventual ação penal 
ou inquérito policial. 
Alguns pontos importantes, portanto: 
a) Embora a denúncia do MP não esteja condicionada à representação fiscal, já que se 
trata de ação penal incondicionada, enquanto não houver o lançamento do tributo 
pendente de decisão final, o Estado não pode dar início à persecução penal em 
relação aos crimes
materiais contra a ordem tributária. 
b) Enquanto durar o processo administrativo, suspende-se o curso da prescrição penal 
por crime contra a ordem tributária material que dependa do lançamento definitivo. 
c) Se, a despeito de ausência de constituição definitiva do crédito tributário à época em 
que recebida a denúncia, por estar pendente de conclusão o processo administrativo, 
houver a constituição definitiva do crédito tributário no curso do processo, com 
posterior prolação de sentença condenatória, não é mais possível a utilização de HC. 
(2º turma tem entendimento diverso no sentido de que a ação é nula desde seu 
nascmiento) 
d) Exceção: a depender do caso concreto, o STJ entende que é viável a instauração de 
inquérito policial mesmo antes do fim do procedimento administrativo fiscal, quando 
demonstrada imprescindível para viabilizar a fiscalização. 
Alguns pontos sobre o crime de DESCAMINHO: 
a) Trata-se de um crime formal contra a ordem tributária, pois o seu tipo penal é iludir, 
no todo ou em parte, tributo devido em virtude de entrada de mercadoria no 
território nacional. Não importa se ocorreu ou não o resultado, portanto. 
b) Havendo indícios de descaminho, diferentemente do que ocorre com o crime de 
sonegação, a Receita Federal pode aprender os produtos ou mercadorias, podendo 
aplicar, inclusive, pena de perdimento e, no caso de perdimento, inexistirá a 
possibilidade de constituição de crédito tributário, de modo que obsta qualquer 
alegação de que é necessário a constituição definitiva do crédito tributário para 
persecução do crime de descaminho. 
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Importante destacar que o artigo 83 da Lei 9430/96 ganhou nova redação, dispondo que 
no caso de parcelamento do crédito tributário, a representação fiscal para fins penais somente 
será encaminhada ao MP após a exclusão da pessoa física ou jurídica do parcelamento. 
Aqui, vou trazer algumas anotações do meu caderno e jurisprudências, em virtude da 
grande. incidência do tema em provas. Ah! Informo que em breve eu irei disponibilizar a apostila 
da Lei 8.173/90 no nosso projeto #costurandoatoga. Pode haver frases repetidas abaixo, ok? 
Vamos lá: 
4.4.1.1. Anotações do meu caderno sobre crimes contra a ordem tributária 
● STJ: é possível a aplicação da Súmula Vinculante n. 24 a fatos ocorridos antes da sua publicação, 
por se tratar de consolidação da interpretação jurisprudencial e não de caso de retroatividade 
da lei penal mais gravosa. A súmula vinculante não é lei nem ato normativo, de forma que a SV 
24-STF não inovou no ordenamento jurídico. O enunciado apenas espelhou (demonstrou) o que 
a jurisprudência já vinha decidindo. 
● A prescrição do crédito tributário em nada influi na punibilidade da esfera penal, pois a 
obrigação tributária nasceu regularmente, gerando o dever de pagamento do tributo e, 
consequentemente, a consumação do delito. 
● Crime único que gera sonegação de mais de um tributo é considerado como um crime só, não 
havendo concurso formal. 
o Não há concurso formal, mas crime único, na hipótese em que o contribuinte 
declara Imposto de Renda de Pessoa Jurídica com a inserção de dados falsos, 
ainda que tal conduta tenha afetado o lançamento de outros tributos. 
 
● STF: tem prevalecido o entendimento de que, em matéria de crimes societários, a denúncia deve 
apresentar, suficiente e adequadamente, a conduta atribuível a cada um dos agentes, de modo 
a possibilitar a identificação do papel desempenhado pelos denunciados na estrutura jurídico-
administrativa da empresa. 
● STF afirmou que não se pode invocar a teoria do domínio do fato, pura e simplesmente, sem 
nenhuma outra prova, citando de forma genérica o diretor estatutário da empresa para lhe 
imputar um crime contra a ordem tributária. Para o STF, é imprescindível demonstrar um nexo 
de causalidade, expresso por meio de veiculação de ordens a pessoas que executam 
materialmente o delito. 
● ATENÇÃO: o inciso V do artigo 1º da Lei 8137 não é crime tributário material “negar ou deixar 
de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativa a venda de 
mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a 
legislação.” PRESCINDE de instauração de processo administrativo-fiscal para desencadeamento 
da persecução penal, não se submetendo à SV 24, uma vez que é crime FORMAL, mesmo que 
no rol do artigo 1 da lei. 
● A fluência do prazo prescricional dos crimes contra a ordem tributária, previstos no art. 1º, 
incisos I a IV, da Lei n. 8.137/90, somente tem início após a constituição do crédito tributário, o 
que se dá com o encerramento do procedimento administrativo-fiscal e o lançamento definitivo. 
● Nos crimes de sonegação, a causa de aumento prevista em caso de grave dano à coletividade 
não se aplica somente se o valor dos tributos sonegados forem maior do que dez milhões. Isso 
porque o dispositivo da Receita Federal define “quantia vultuosa” para fins internos de 
acompanhamento prioritário pela Fazenda Nacional dos processos de cobrança, não limitando 
ou definindo o que seja grave dano à coletividade. 
● O reconhecimento da prescrição tributária em execução fiscal não é capaz de justificar o 
trancamento da ação penal referente aos crimes contra a ordem tributária previstos na Lei 
8.137. 
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● SV 24: Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, do inciso I a IV do art. 1º da Lei 
8137, antes do lançamento definitivo do tributo. 
● Descaminho é crime tributário formal (não se restringe ao valor sonegado, mas também às 
atividades comerciais dentro do país). 
o A causa extintiva da punibilidade pelo pagamento do tributo NÃO SE APLICA 
aos crimes tributários formais (descaminho e contrabando), mas só aos crimes 
TRIBUTÁRIOS MATERIAIS. 
o Aplica-se o princípio da insignificância ao descaminho, mas não se aplica ao 
contrabando, uma vez que atinge toda sociedade. 
● Agente fiscal que exige dinheiro para deixar de emitir auto de infração de débito tributário 
comete crime especial previsto na lei 8137, e não concussão. 
● Pagamento de penalidade pecuniária imposta ao contribuinte que deixa de atender às 
exigências da autoridade tributária quanto à exibição de livros e documentos fiscais não se 
adéqua a nenhuma da hipóteses de extinção da punibilidade previstas no §2º do artigo 9 da lei 
10864. 
● Em se tratando de crime funcional contra a ordem tributária, o pagamento do tributo não 
extingue a responsabilidade penal do agente público. 
● Pagamento integral, parcelamento e insignificância: 
No caso dos seguintes delitos: 
•crimes contra a ordem tributária (arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137/90); 
•apropriação indébita previdenciária (art. 168-A do CP); STJ acolhe o entendimento do 
STF, aplicando os 20mil como limite para aplicação da insignificância nos crimes 
tributários formais!!! 
•sonegação previdenciária (art. 337-A do CP): 
o O pagamento integral do débito tributário, a qualquer tempo, até mesmo após 
o trânsito em julgado da condenação, é causa de extinção da punibilidade do 
agente, nos termos do art. 9º, § 2º, da Lei nº 10.684/2003. 
o O parcelamento do crédito tributário suspende a prescrição penal. 
o A pendência de procedimento administrativo em que se discuta eventual direito 
de compensação de débitos tributários com eventuais créditos perante o Fisco 
não tem o condão, por si só, de suspender o curso da ação penal, eis que 
devidamente constituído o crédito tributário sobre o qual
recai a persecução 
penal. 
● É possível que o magistrado, na sentença, proceda à emendatio libelli, majorando a pena em 
razão das causas de aumento previstas no artigo 12, inciso I, da lei 8137, quando houver na 
denúncia expressa indicação do montante do valor sonegado. 
● Obtenção indevida de restituição de IR por meio de inserção de informações falsas na 
declaração de IR: 
o Jurisprudência oscila entre estelionato e crime contra a ordem tributária; 
o Estelionato: obtém-se vantagem indevida por meio fraudulento. 
o Contra a ordem tributária: insere-se informações falsas nos sistemas 
fazendários com o fim de reduzir a BC do tributo. 
o STJ: entende sendo crime contra a ordem tributária. 
● O reconhecimento de prescrição tributária em execução fiscal não é capaz de justificar o 
trancamento de ação penal referente aos crimes contra a ordem tributária previstos nos incisos 
I a IV do art. 1º da Lei nº 8.137/90. A constituição regular e definitiva do crédito tributário é 
suficiente para tipificar as condutas previstas no art. 1º, I a IV, da Lei nº 8.137/90, não 
influenciando em nada, para fins penais, o fato de ter sido reconhecida a prescrição tributária. 
● A pendência de procedimento administrativo em que se discuta eventual direito de 
compensação de débitos tributários com eventuais créditos perante o Fisco não tem o condão, 
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por si só, de suspender o curso da ação penal, eis que devidamente constituído o crédito 
tributário sobre o qual recai a persecução penal 
● Pedido de extradição de estrangeiro que tenha sonegado tributo no exterior não segue as 
mesmas regras Brasileiras, de modo que não precisa respeitar a regra da constituição definitiva 
do tributo. 
● A constituição do crédito tributário após o recebimento da denúncia não tem o condão de 
convalidar a ação penal que foi iniciada em descompasso com as normas jurídicas vigentes e 
com a SV24 do STF. Desde o nascedouro, essa ação penal é nula porque referente a atos 
desprovidos de tipicidade. (2ª Turma. A 1ª turma entende que se já sentenciou e a constituição 
do crédito foi após a deflagração da ação penal, não há mais como trancar por HC) 
o Se essa denúncia tivesse sido proposta antes da SV 24-STF, então, nesse caso, a 
solução poderia diferente e a superveniência da constituição definitiva do 
crédito tributário poderia convalidar a ação proposta sem esse pressuposto. 
Isso porque antes da súmula havia muita polêmica sobre a matéria, sendo 
razoável, em nome da segurança jurídica, convalidar esses ato. 
● Não existindo o lançamento definitivo do crédito tributário, revela-se ilegal a concessão de 
medida de busca e apreensão e de quebra de sigilo fiscal, em procedimento investigatório, 
visando apurar os crimes em apreço. 
o Há exceção, quando imprescindível para viabilizar a fiscalização. 
● Mesmo não tendo havido ainda a constituição definitiva do crédito tributário, já é possível o 
início da investigação criminal para apurar o fato. 
● O simples fato de o acusado ser sócio e administrador da empresa constante da denúncia não 
pode levar a crer, necessariamente, que ele tivesse participação nos fatos delituosos, a ponto 
de se ter dispensado ao menos uma sinalização de sua conduta, ainda que breve, sob pena de 
restar configurada a repudiada responsabilidade criminal objetiva. 
● Para que seja proposta ação penal por descaminho não é necessária a prévia constituição 
definitiva do crédito tributário. Trata-se de um crime formalmente tributário. Não se aplica a 
Súmula Vinculante 24 do STF. O crime se consuma com a simples conduta de iludir o Estado 
quanto ao pagamento dos tributos devidos quando da importação ou exportação de 
mercadorias. 
● A principal diferença entre os dois crimes a seguir da Lei 8.137/90 é a seguinte: 
Art. 1º, I Art. 2º, I 
É crime material. 
Para a sua consumação, exige-se que haja a 
efetiva supressão ou redução do tributo. Em 
suma, o tipo penal exige que tenha havido 
sonegação. 
 
É crime formal. 
Para a sua consumação, basta que o agente 
tenha feito a declaração falsa, omitido 
declaração ou empregado outra fraude com o 
objetivo de se eximir do pagamento do tributo. 
O tipo penal não exige que tenha havido 
sonegação. Aliás, se o agente conseguir 
efetivamente a sonegação, ele não responderá 
pelo art. 2º, I, mas sim pelo art. 1º, I. 
É indispensável a constituição definitiva do 
crédito tributário. 
Não é necessária a constituição definitiva do 
crédito tributário. 
Aplica-se a SV 24-STF. Não se aplica a SV 24-STF. 
 É descabida a discussão sobre a nulidade ou não do procedimento administrativo fiscal em 
processo criminal. A alegação de vícios no referido procedimento deve ser manejada na esfera 
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adequada para o exercício da pretensão anulatória do crédito tributário, e não no âmbito da 
Justiça Criminal. 
 É possível a exasperação da pena base aplicada ao crime de sonegação fiscal pela análise do 
montante de crédito tributário suprimido ou reduzido a partir da ação delituosa. 
 Expor à venda produtos impróprios para consumo – deixa vestígios, razão pela qual a perícia é 
indispensável para a demonstração de materialidade delitiva. 
 A malversação dos recursos oriundos do FINAM e administrados pela SUDAM se amoldam no 
tipo penal da lei 8137. 
 A garantia aceita na execução fiscal não possui a natureza jurídica de pagamento da exação e, 
portanto, não fulmina a justa causa para a persecução penal, pois não configura hipótese 
taxativa de extinção da punibilidade do crime tributário. 
5. Classificação das ações penais 
Valendo-se da classificação tradicionalmente adotada no processo civil – ações de 
conhecimento, cautelar e de execução – vejamos sua aplicação no âmbito do processo penal. A 
classificação se dá da seguinte maneira: 
a) Ação penal de conhecimento: a prestação jurisdicional consiste numa decisão sobre 
situação jurídica disciplinada no Direito Penal. 
a. Condenatória: deduz-se em juízo a pretensão punitiva, imputando-se ao 
acusado a prática de uma infração penal a fim de que seja proferida sentença 
em que se torne concreta a sanção prevista na lei. 
b. Constitutiva: visa criar, modificar ou extinguir uma situação jurídica. Ex: 
habeas corpus para anular determinado processo por ausência de citação. 
c. Declaratória: é aquela ação com a finalidade de apenas declarar a existência 
ou não de uma relação jurídica. Ex: habeas corpus objetivando declarar a 
extinção da punibilidade. 
 
b) Ação penal cautelar: não se admite a existência de um processo cautelar autônomo, 
uma vez que a cautelar sempre deve estar ligada a uma ação penal principal. As 
medidas cautelares processuais estão elencadas no CPP nos títulos relativos à prisão 
e à liberdade provisória, ou ainda, dentre os incidentes relativos às medidas 
assecuratórias. 
 
c) Ação penal de execução: é aquela dada para iniciar o cumprimento da pena. Ela tem 
início de ofício, com a expedição da guia de execução. As penas restritivas de direito 
podem ser iniciadas mediante requerimento do MP ou de ofício pelo juiz. No que 
concerne à pena de multa, a execução desta não se dá por parte do MP, mas sim pela 
Fazenda Pública, nos termos da Súmula 521 do STJ: A legitimidade para a execução 
fiscal de multa pendente de pagamento imposta em sentença condenatória é 
exclusiva da procuradoria da Fazenda Pública. Não obstante a tal entendimento, o 
MP pode adotar medidas cautelares constritivas a fim de proporcionar
o pagamento 
da multa. 
Vamos agora estudar a ação penal de conhecimento de cunho condenatório, que é a 
principal. 
5.1. Classificação das ações penais condenatórias 
Como dito anteriormente, ação penal condenatória é aquela em que é deduzida em juízo 
a pretensão punitiva, por meio da denúncia ou da queixa, imputando-se ao acusado a prática de 
conduta típica, ilícita e culpável, a fim de que seja proferida sentença em que se torne concreta 
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a sanção que a lei prevê em abstrato, quer no sentido da imposição de pena privativa de 
liberdade (sentença condenatória), quer no sentido da aplicação de medida de segurança 
(sentença absolutória imprópria). 
No processo penal, a doutrina classifica a ação penal a partir da legitimação ativa, sendo 
ação penal pública e ação penal de iniciativa privada. A ação penal pública é dividida da seguinte 
maneira: 
a) Ação penal pública incondicionada: a atuação do Ministério Público independe do 
implemento de qualquer condição específica; 
b) Ação penal pública condicionada: a atuação do Ministério Público está condicionada 
ao implemento de uma condição – requisição do Ministro da Justiça ou representação 
do ofendido; 
c) Ação penal pública subsidiária da pública: ocorre nas seguintes hipóteses: 
a. DL 201/67: se as providências para abertura do IP ou instauração da ação 
penal não forem atendidas pela autoridade policial ou pelo Ministério Público 
Estadual, poderão ser requeridas ao Procurador-Geral da República. 
b. Art. 357, §§3º e 4º do Código Eleitoral: se o MP não oferecer a denúncia no 
prazo legal representará contra ela a autoridade judiciária, sem prejuízo da 
apuração da responsabilidade penal. Ocorrendo tal fato, o Procurador 
Regional designará outro promotor para oferecer a denúncia. 
c. Incidente de deslocamento de competência (IDC, art. 109, V-A, e §5º, CF): 
como requisito, deve ter havido crime com grave violação aos direitos 
humanos, bem como, risco de descumprimento de obrigações decorrentes 
de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o brasil seja parte, 
em virtude da inércia do Estado-membro em proceder à persecução penal. 
Aqui a ação vai para a Justiça Federal, saindo das mãos do MPE e indo para as 
mãos do MPF. 
Já a outra espécie de ação penal condenatória é a ação penal de iniciativa privada. Esta 
é intentada através da queixa-crime, pelo ofendido, seu representante legal, curador especial, 
pelos sucessores do ofendido, em caso de morte ou declaração de ausência, ou até mesmo por 
entidades e órgãos da administração direta ou indireta, ainda que sem personalidade jurídica, 
assim como associações, especificamente destinadas à defesa dos interesses e direitos do 
consumidor. 
São espécies de ação penal de iniciativa privada: 
a) Ação penal exclusivamente privada: em se tratando de ação penal de iniciativa 
privada, funciona como regra; 
b) Ação penal privada personalíssima: são raras as espécies deste tipo de ação penal, 
subsistindo apenas um tipo previsto no artigo 236 do CP. Diferencia-se da hipótese 
anterior porque a queixa só pode ser oferecida pelo próprio ofendido, sendo incabível 
a sucessão processual. 
c) Ação penal privada subsidiária da pública (ou ação penal acidentalmente privada): 
nos termos da CF, será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não 
for intentada no prazo legal. Portanto, seu cabimento está subordinado à inércia do 
Ministério Público. 
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6. Princípios da ação penal pública e de iniciativa privada 
6.1. Princípio do ne procedat iudex ex officio 
Trata-se do princípio da iniciativa das partes. Fruto do sistema acusatório adotado pela 
Constituição (CF, art. 129, I), determinando que o órgão da acusação seja distinto do órgão 
jurisdicional, de maneira que não mais pode o juiz dar início a um processo de ofício, sendo-lhe 
vedado o exercício da ação penal. De tal princípio, deriva o princípio da congruência, de maneira 
que é proibido ao juiz proferir um provimento sobre matéria que não tenha sido trazida ao 
processo por uma das partes. 
É importante mencionarmos que antes da CF de 88 era possível que o órgão jurisdicional 
desse início a um processo penal de ofício (processo judicialiforme), nas hipóteses de crimes 
culposos de lesão corporal ou de homicídio, e nos casos de contravenções penais. Atualmente, 
não mais há essa hipótese. 
Peço que prestem atenção em algo. Não obstante seja vedado ao juiz dar início a uma 
ação penal, isso não impede a concessão de habeas corpus de ofício. De acordo com o artigo 
654, §2º, os juízes e tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de habeas corpus 
quando no curso de processo verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer 
coação ilegal. 
Ainda, é importante mencionar que tal princípio não se aplica em sede de execução penal. 
Transitada em julgado a ação penal condenatória, o juiz inicia de ofício a sua execução, 
independentemente de qualquer iniciativa por parte do autor da ação penal de conhecimento, 
quer seja o Ministério Público ou o querelante. 
6.2. Princípio do ne bis in idem (vedação de persecução penal múltipla) 
Por tal princípio, ninguém pode ser processado duas vezes pela mesma imputação. Assim, 
se determinado indivíduo tenha sido absolvido pela prática de furto em virtude de ausência de 
provas, operando-se o trânsito em julgado, não será possível o oferecimento de nova denúncia 
em relação à mesma imputação, mesmo que surjam, posteriormente, provas cabais de seu 
envolvimento no fato delituoso. O referido princípio consta da Convenção Americana sobre 
Direitos Humanos, bem como no Estatuto de Roma. 
Ainda, de tal princípio, além de não poder ser julgado duas vezes pelo mesmo fato, não 
pode haver dupla persecução penal pela mesma infração em processos diferentes. Agora vamos 
a alguns questionamentos. 
E se a sentença absolutória ou extintiva da punibilidade tiver sido proferida por juízo 
absolutamente incompetente? Essa decisão, ainda que proferida por juiz incompetente, é capaz 
de transitar em julgado e produzir efeitos, impedindo que o acusado seja processado pela 
mesma imputação perante a justiça competente. Aqui a decisão não é tida por inexistente, mas 
nula, e como o ordenamento jurídico não admite revisão criminal pro societate, não será 
possível que o acusado seja processado novamente perante o juízo competente. Nesse sentido, 
recente foi o julgado 
E se por um equívoco houve duas sentenças transitada em julgado? Dizer o Direito – 
majoritário: Diante do trânsito em julgado de duas sentenças condenatórias contra o mesmo 
condenado, por fatos idênticos, deve prevalecer a condenação mais favorável ao réu. Não 
importa qual processo tenha iniciado antes ou em qual deles tenha ocorrido primeiro o trânsito 
em julgado. O que irá prevalecer é a condenação que foi mais favorável ao réu. STJ. 6ª Turma.HC 
281101-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 03/10/2017 (Info 616). 
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 Processo Penal 
 Ação penal e ação civil ex delicto 
 Apostila 03 
 Dia: 28/08/2018 
 
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Obs: a 1ª Turma do STF possui um precedente em sentido contrário: Os institutos da 
litispendência e da coisa julgada direcionam à insubsistência do segundo processo e da segunda 
sentença proferida, sendo imprópria a prevalência do que seja mais favorável ao acusado. STF. 
1ª Turma. HC 101131, Rel. Min. Luiz Fux,
Rel p/ Acórdão Min. Marco Aurélio, julgado em 
25/10/2011. 
Ainda, temos que ter em mente que a proibição de imposição de mais de uma 
consequência jurídico-repressiva pela prática dos mesmos fatos também ocorre quando o 
comportamento definido espaço-temporalmente imputado ao acusado não foi trazido por 
inteiro para apreciação do juízo. Isso porque o objeto do processo é informado pelo princípio da 
consunção, pelo qual tudo aquilo que poderia ter sido imputado ao acusado, em referência a 
dada situação histórica e não o foi, jamais poderá vir a sê-lo novamente. Assim, se alguém rouba 
uma empresa, e nesse mesmo fato, rouba os funcionários, e a persecução penal julga somente 
o roubo realizado contra a empresa, não poderá uma nova persecução penal julgar o roubo aos 
funcionários. 
Mas atenção: o réu não pode se valer da própria torpeza e alegar ne bis in idem. Assim, 
se foi juntado aos autos uma certidão de óbito falsa para acarretar a extinção da punibilidade e 
posteriormente isso chega a conhecimento da justiça, não será possível a alegação de dupla 
persecução. Portanto, o réu será julgado. 
Ainda, no mesmo sentido de cometimento de ilícitos para furtar-se da persecução penal, 
o STJ decidiu que o Tribunal pode, a qualquer momento e de ofício, desconstituir acórdão de 
revisão criminal que de maneira fraudulenta, tenha absolvido o réu, quando, na verdade, o 
posicionamento que prevaleceu na sessão de julgamento foi pelo indeferimento do pleito 
revisional. A publicação intencional de acórdão ideologicamente falso — que não retrata, em 
nenhum aspecto, o julgamento realizado — com o objetivo de beneficiar uma das partes, 
mesmo após o trânsito em julgado, não pode reclamar a proteção de nenhum instituto do 
sistema processual (coisa julgada, segurança jurídica etc.). Assim, não cabe alegar ne bis in idem 
quando o acórdão for uma publicação falsa. STJ. 6ª Turma. REsp 1324760-SP, Rel. Min. Sebastião 
Reis Júnior, Rel. para acórdão Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 16/12/2014 (Info 555). 
6.3. Princípio da intranscendência 
O crime só pode ser imputado ao autor do fato delituoso, não podendo a ação penal 
condenatória passar da pessoa do suposto autor do crime para incluir seus familiares. Não se 
pode admitir a instauração de processo penal contra terceiro que não tenha contribuído, de 
qualquer forma, para a prática do delito. 
Entretanto, em caso de uma obrigação não penal, como é o caso de reparação de dano, 
é perfeitamente possível que na hipótese de morte do condenado e tendo havido transferência 
de seus bens aos sucessores, esses respondam até as forças da herança (CF, art. 5º, XLV) 
Mas atenção: se o agente morre, a pena de multa é extinta! Esta não passa aos herdeiros, 
pois é uma obrigação PENAL. 
6.4. Princípio da obrigatoriedade da ação penal pública 
Temos aqui um tema e tanto. Vamos lá. 
Por tal princípio, não se reserva aos órgãos persecutórios criminais qualquer critério 
político ou de utilidade social para decidir se atuarão ou não. Assim, diante da notícia de uma 
infração penal, ao Ministério Público se impõe o dever de oferecer denúncia caso visualize 
elementos de informação quanto à existência de autoria e materialidade, as condições da ação 
e a justa causa para deflagração do processo criminal. 
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 Ação penal e ação civil ex delicto 
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Assim, tanto a polícia quanto o Ministério Público devem agir compulsoriamente para 
apurar e denunciar a infração, respectivamente. A fim de fiscalizar e aplicar tal princípio, se o 
Ministério Público quiser arquivar um feito por entender não ser o caso de dar continuidade à 
persecução penal, o juiz pode discordar, fundamentadamente, e remeter os autos ao 
Procurador-Geral, nos termos do artigo 28 do CPP. 
Outro aspecto importante a ser analisado é que o Ministério Público não está obrigado a 
pedir a condenação do acusado. Isso porque, ao Parquet também incumbe a tutela de interesses 
individuais indisponíveis, como a locomoção. Assim, se o Ministério Público no decorrer da ação 
entender pela inocência do sujeito da persecução, poderá requerer sua absolvição, (art. 385, 
CPP), podendo, ainda assim, o juiz proferir sentença condenatória. 
Essa é a regra: oferecer a denúncia, perseguir o crime. Vamos agora às exceções: 
a) Transação penal: ocorre nos crimes de menor potencial ofensivo, ainda que haja 
elementos probatórios suficientes para o oferecimento da denúncia, desde que o autor do fato 
preencha os requisitos objetivos e subjetivos do art. 76 da Lei 9.099/95. Assim, o MP deixa de 
oferecer a denúncia, propondo transação penal, com aplicação imediata de penas restritivas de 
direito ou multa. Há aqui, portanto, uma mitigação do princípio da obrigatoriedade, comumente 
chamada pela doutrina de princípio da discricionariedade regrada ou princípio da 
obrigatoriedade mitigada. 
b) Termo de ajustamento de conduta (TAC): o TAC, em virtude de sua força 
executiva, apresenta-se como verdadeiro instrumento de solução de controvérsia. É utilizado 
em situações em que seja possível reparar o dano causado, como em danos ambientais, danos 
aos consumidores, etc. Encontra-se previsto na Lei 7.347/85 (ACP) e Lei 9.605/98 (Infrações 
ambientais). Isto posto, se o TAC pode resolver o conflito, resta subsidiária a aplicação da lei 
penal. Portanto, lavrado um TAC, e desde que o acordo esteja sendo cumprido, o oferecimento 
de denúncia em razão de ilícito ambiental praticado perde completamente o sentido e, em 
especial, a utilidade, condição da ação penal sem a qual não é possível a deflagração da 
persecutio criminis in judicio. Mas atenção: o STF entende que em delitos ambientais, o TAC não 
pode consubstanciar-se em salvo-conduto para que empresa potencialmente poluente deixe de 
ser fiscalizada e responsabilizada na hipótese de reiteração da atividade ilícita. 
c) Parcelamento do débito tributário: a sua formalização antes do recebimento 
da denúncia é causa de suspensão da pretensão punitiva, impedindo, pois, o oferecimento da 
peça acusatória (art. 83, §2º, da Lei 9.430/96). Portanto, afigura-se como uma outra exceção ao 
princípio da obrigatoriedade. Nesse período de suspensão não irá correr a prescrição penal. 
Extingue-se a punibilidade após o pagamento integral dos débitos tributários objeto de 
parcelamento. É importante ler o artigo 83 da referida lei. 
d) Acordo de leniência: encontra-se na Lei do CADE – Lei 12.529/11. O acordo de 
leniência é celebrado entre o CADE e pessoas físicas e jurídicas que forem autoras de infração à 
ordem econômica, desde que colaborem efetivamente com as investigações e o processo 
administrativo, e que dessa colaboração resulte: i) a identificação dos demais envolvidos na 
infração; ii) a obtenção de informações e documentos que comprovem a infração noticiada ou 
sob investigação. A celebração de acordo de leniência determina da suspensão do prazo 
prescricional e impede o oferecimento da denúncia com relação ao agente beneficiário da 
leniência. Cumprido o acordo de leniência, extingue-se automaticamente a punibilidade dos 
crimes acima referidos. 
e) Colaboração premiada na Lei das Organizações Criminosas: consoante disposto 
na Lei 12.850/13, resultando um ou mais dos seguintes resultados – identificação dos demais 
coautores e partícipes da ORCRIM e das infrações penais, a revelação da estrutura hierárquica 
e da divisão de tarefas, a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da ORCRIM, 
a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela 
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ORCRIM ou a localização de eventual vítima com sua integridade física preservada – o Ministério 
Público poderá: deixar de oferecer a denúncia se preenchido dois requisitos 
concomitantemente: i) o colaborador não for líder da ORCRIM; ii) o colaborador for o primeiro 
a prestar efetiva colaboração. Trata-se, portanto, de exceção ao princípio da obrigatoriedade. 
f) Acordo de não-persecução penal: negócio jurídico de natureza extrajudicial, 
necessariamente homologado pelo juízo competente, celebrado entre o Ministério Público e o 
autor do fato delituoso – devidamente assistido por seu defensor –, que confessa formal e 
circunstanciadamente a prática do delito, sujeitando-se ao cumprimento de certas condições 
não privativas da liberdade, em troca do compromisso do Parquet de promover o arquivamento 
do feito, caso a avença seja integralmente cumprida. Admite-se sua celebração tanto em bojo 
de inquérito policial (IP), quanto em bojo de procedimento investigatório criminal (PIC). Vejam 
o tema na apostila 02 de Processo Penal (inquérito policial). 
6.5. Princípio da oportunidade ou conveniência da ação penal de 
iniciativa privada 
Cabe ao ofendido ou ao seu representante legal o juízo de oportunidade ou conveniência 
acerca do oferecimento (ou não) da queixa-crime. É, portanto, uma faculdade que é outorgada 
ao titular da ação penal para dispor, sob determinadas condições, de seu exercício, com 
independência de que se tenha provado a existência de um fato punível contra um autor 
determinado. 
Aqui, portanto, não se aplica o princípio da obrigatoriedade, que é uma peculiaridade 
ínsita às ações penais públicas, nem o artigo 28 do CPP, podendo o ofendido optar em oferecer 
ou não a queixa-crime. 
Não oferecendo a queixa-crime, em razão do transcurso temporal, poderá ocorrer os 
seguintes fenômenos: 
a) Decadência: com natureza jurídica de causa extintiva da punibilidade, consiste a 
decadência na perda do direito de queixa ou de representação pelo seu não exercício 
dentro do prazo legal (seis meses), contados, em regra, a partir do conhecimento da 
autoria. 
b) Renúncia: também é causa extintiva da punibilidade, de aplicação restrita à ação 
penal privada, de ambos os tipos. A renúncia pode ser expressa ou tácita. 
6.6. Princípio da indisponibilidade da ação penal pública 
É um desdobramento do princípio da obrigatoriedade, de modo que o Ministério Público 
é obrigado a oferecer denúncia, caso visualize a presença das condições da ação penal e a 
existência de justa causa (obrigatoriedade), bem como, não pode dispor ou desistir do processo 
em curso (indisponibilidade). A obrigatoriedade é um princípio aplicado na fase pré-processual, 
e a indisponibilidade na fase processual. 
Assim, nos termos do artigo 42 do CPP, não poderá o Ministério Público desistir da ação, 
bem como, nos termos do artigo 574, não poderá o Parquet desistir de recurso que haja 
interposto. 
Exceção a tal princípio, é a suspensão condicional do processo. De acordo com o artigo 
89 da Lei n. 9.099/95, “nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a 1 (um) 
ano o MP poderá propor a suspensão do processo por 2 a 4 anos, desde que o acusado não 
esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime. Assim, a suspensão do 
processo é uma exceção ao princípio da indisponibilidade. 
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6.7. Princípio da disponibilidade da ação penal de iniciativa privada 
À ação penal de inciativa privada aplica-se o princípio da disponibilidade, sendo 
consectário do princípio da oportunidade ou conveniência. Este último incide antes do 
oferecimento da queixa-crime, ao passe que, por força do princípio da oportunidade, é possível 
que o querelante desista do processo de três formas: 
a) Perdão da vítima: causa extintiva da punibilidade de aplicação restrita à ação penal 
privada, cabível quando houver aceitação do querelado. 
b) Perempção: ainda que o querelado não aceite o perdão, pode-se dispor da ação penal 
por meio da perempção, sendo causa extintiva da punibilidade, consubstanciada no 
direito de perda do direito de prosseguir da ação penal em virtude da desídia do 
querelante; 
c) Conciliação e termo de desistência da ação penal no procedimento dos crimes 
contra a honra de competência do juiz singular: Consoante os artigos 519 a 523 do 
CPP, antes de receber a denúncia, o juiz oferecerá às partes oportunidade para se 
reconciliarem, fazendo-as comparecer em juízo e ouvindo-as, separadamente, sem a 
presença dos seus advogados. Depois, ouvido o querelante e querelado, o juiz poderá 
promover o entendimento entre eles, na sua presença. No caso de reconciliação, 
depois de assinado pelo querelante o termo da desistência, a queixa será arquivada 
(art. 522, CPP). 
6.8. Princípio da (in) divisibilidade da ação penal pública 
De acordo com o princípio da indivisibilidade, o processo criminal de um obriga ao 
processo de todos. 
Para a ação penal pública, de acordo com os Tribunais Superiores, vigora o princípio da 
divisibilidade, de modo que o Ministério Público pode oferecer denúncia contra apenas parte 
dos coautores e partícipes, sem prejuízo do prosseguimento das investigações quanto aos 
demais envolvidos. É dizer: o Ministério Público tem a faculdade de dizer em qual momento irá 
oferecer a denúncia contra o investigado. 
É importante mencionarmos que o STJ já se manifestou que o princípio da indivisibilidade 
se aplica tão somente às ações penais privadas, devendo o MP zelar pela indivisibilidade destas 
(art. 48, CPP). Assim, no que toca à ação penal pública, não há nulidade no oferecimento de 
denúncia contra determinados agentes do crime, desmembrando-se o processo em relação a 
suposto coautor, a fim de conseguir elementos probatórios hábeis à sua denunciação. 
Destaca-se que tal princípio foi mitigado pela transação penal e pela suspensão 
condicional do processo, uma vez que havendo dois ou mais agentes responsáveis por uma 
conduta delituosa, pode apenas um deles aceitar a transação ou a suspensão do processo, de 
modo a continuar a ação penal contra o outro. 
6.9. Princípio da indivisibilidade da ação penal de iniciativa privada 
Aqui, conforme mencionado anteriormente, o artigo 48 do CPP dispõe que “a queixa 
contra qualquer dos autores do crime obrigará o processo de todos, e o Ministério Público velará 
pela sua indivisibilidade”. Logo, o querelante não pode escolher quem irá processar. Ele está 
obrigado a processar todos os autores do delito. 
Logo, a renúncia ao exercício do direito de queixa em relação a um dos autores do crime, 
a todos se estenderá (art. 49, CPP) e, na mesma linha, o perdão concedido a um dos querelados 
aproveitará a todos, sem que se produza efeito em relação ao que o recusar (art. 51, CPP). 
O STJ e o STF entendem que, em caso de omissão voluntária de algum autor ou partícipe, 
haverá renúncia do direito de querela, cuja eficácia extintiva da punibilidade se estende a todos. 
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Lado outro, sendo a omissão involuntária, o MP deve requerer a intimação do querelante para 
que se proceda ao aditamento da queixa-crime, a fim de incluir os demais coautores. Se o 
querelante o fizer, a ação correrá normalmente. Se não o fizer, haverá renúncia tácita ao direito 
de queixa, que se comunica a todos os supostos autores do delito, havendo, portanto, extinção 
da punibilidade dos autores do fato. 
6.10. Princípio da oficialidade 
A apuração das infrações penais fica, em regra, a cargo dos órgãos do Estado.

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