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COISA JULGADA MATERIAL

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COISA JULGADA MATERIAL – CPC, ART. 502. “DENOMINA-SE COISA JULGADA MATERIAL A AUTORIDADE QUE TORNA IMUTÁVEL E INDISCUTÍVEL A DECISÃO DE MÉRITO NÃO MAIS SUJEITA A RECURSO.”
EM TODO PROCESSO HÁ A PROLAÇÃO DA SENTENÇA. EM CERTO MOMENTO A SENTENÇA SE TORNA IMUTÁVEL E INDISCUTÍVEL DENTRO DO PROCESSO EM QUE FOI PROFERIDA. SE FAZ COISA JULGADA MATERIAL QUANDO A DECISÃO NÃO PODE SER REEXAMINADA E A CAUSA DA MESMA NÃO PODE SER OBJETO DE NOVO EXAME EM OUTRO JUIZO. ESSA IMUTABILIDADE GERADA PARA FORA DO PROCESSO, RESULTANTE DA COISA JULGADA MATERIAL, ATINGE TÃO SOMENTE AS SENTENÇAS DE MÉRITO PROFERIDAS MEDIANTE COGNIÇÃO EXAURIENTE, QUE BASEIA-SE EM APROFUNDADO EXAME DAS ALEGAÇÕES E PROVAS, O QUE CRIA UM JUÍZO DE CERTEZA. O MOTIVO PELO QUAL SE FAZ COISA JULGADA FORMAL, SERIA A NECESSIDADE DE ESTABILIDADE NAS RELAÇÕES JURIDICAS. Na coisa julgada material, concentrar-se-ía a autoridade da coisa julgada, ou seja, o mais alto grau de imutabilidade a reforçar a eficácia da sentença que decidiu sobre o mérito ou sobre a ação, para assim impedir, no futuro, qualquer indagação sobre a justiça ou injustiça de seu pronunciamento. Desse modo, podemos entender a coisa julgada material como a imutabilidade do dispositivo da sentença e seus efeitos em seu mais alto grau, tornando-a imutável e indiscutível, não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário. 
 FUNÇÃO NEGATIVA DA COISA JULGADA
 A imutabilidade gerada pela coisa julgada material impede que a mesma causa seja novamente enfrentada judicialmente em novo processo. O julgamento no mérito desse segundo processo seria um atentado à economia processual, bem como fonte de perigo à harmonização dos julgados. Na realidade, mesmo que a segunda decisão seja no mesmo sentido da primeira, nada justifica que a demanda prossiga, sendo o efeito negativo da coisa julgada o impedimento de novo julgamento de mérito, independentemente do seu teor. Esse impedimento de novo julgamento exige que a causa seja exatamente a mesma, sendo entendimento pacífico na doutrina e jurisprudência que a função negativa só é gerada quando aplicável ao caso concreto a teoria da tríplice identidade (tria eadem). Tratando-se de matéria de ordem pública, o juiz deve de ofício extinguir o processo posterior sem a resolução do mérito, em respeito à coisa julgada já formada, nos termos do art. 485, V, do Novo CPC. Como nem sempre é possível ao juiz conhecer a existência do primeiro processo e a consequente coisa julgada material, caberá ao réu a alegação em matéria preliminar de contestação, ainda que tal matéria não sofra preclusão, podendo ser alegada a qualquer momento do processo. Para parcela doutrinária, a coisa julgada não pode ser afastada, salvo nas exceções previstas pela ação rescisória (art. 966 do Novo CPC) 484, tratando-se de elemento essencial ao nosso estado democrático de direito. Nesse entendimento, a segunda coisa julgada é juridicamente inexistente, devendo sempre prevalecer a primeira. Outra parcela doutrinária entende que durante o prazo de ação rescisória da segunda prevalece a primeira coisa julgada, mas, decorrido esse prazo e obtida em ambas a chamada “coisa julgada soberana”, passa a prevalecer a segunda (posterior substitui anterior) . Essa corrente doutrinária – que é a mais acertada – lembra que o art. 966, IV, do Novo CPC prevê a ação rescisória contra a decisão que afronta a coisa julgada material, o que demonstra de forma inequívoca que a segunda coisa julgada existe juridicamente (não se concebe a desconstituição de decisão inexistente), embora seja viciada.
 FUNÇÃO POSITIVA DA COISA JULGADA
 Somente a má-fé ou ignorância leva a parte a ingressar com processo repetindo ação já protegida pela coisa julgada material, sendo rara essa ocorrência na praxe forense. Mas a imutabilidade da coisa julgada não se exaure em sua função negativa, compreendendo também uma função positiva, que diferentemente da primeira não impede o juiz de julgar o mérito da segunda demanda, apenas o vincula ao que já foi decidido em demanda anterior com decisão protegida pela coisa julgada material. a geração da função positiva da coisa julgada não ocorre na repetição de demandas em diferentes processos – campo para a aplicação da função negativa da coisa julgada –, mas em demandas diferentes, nas quais, entretanto, existe uma mesma relação jurídica que já foi decidida no primeiro processo e em razão disso está protegida pela coisa julgada. Em vez da teoria da tríplice identidade, aplica-se a teoria da identidade da relação jurídica. Na função positiva da coisa julgada, portanto, inexiste obstáculo ao julgamento de mérito do segundo processo, mas nesse julgamento o juiz estará vinculado obrigatoriamente em sua fundamentação ao já resolvido em processo anterior e protegido pela coisa julgada material. Quanto à função positiva da coisa julgada é importante relembrar que toda sentença tem um elemento declaratório, que ficará protegido pela coisa julgada material. Também aqui é importante a função positiva da coisa julgada, a impedir que, em nova demanda, a parte derrotada modifique os elementos da demanda anterior para escapar dos rigores do efeito negativo da coisa julgada, buscando discutir novamente o elemento declaratório da sentença já transitada em julgado.

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