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Direito Civil- aula 4

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INTENSIVO I 
Flávio Tartuce 
Direito Civil 
Aula 4 
 
 
ROTEIRO DE AULA 
 
 
Pessoa natural (continuação) 
 
 
1.3. Direitos de personalidade 
 
 Artigos 16 a 19 do Código Civil 
 
IV- O professor entende que o art. 19, CC1, também protege o nome artístico. 
O Agravo de Instrumento 4.021.314/3-00, do Tribunal de Justiça de São Paulo, envolve a proteção do nome de dupla 
sertaneja. 
 
“Medida cautelar. Cautela inominada. Utilização de nome artístico do autor em nova dupla sertaneja. Impedimento. 
Requisitos legais. Presença. Pseudônimo adotado para atividades lícitas que goza da mesma proteção dada ao nome. 
Artigo 19, do Código Civil. Recurso improvido” (TJSP, Agravo de Instrumento 4.021.314/3-00, São Paulo, 9.ª Câmara de 
Direito Privado, Rel. Des. Osni de Souza, j. 13.12.2005). 
 
V- Questões importantes relativas aos artigos 17 e 18, CC: 
 
➢ Artigo 17, CC2- São irrelevantes para a tutela do nome: o desprezo público e a intenção difamatória. 
 
1 CC, art. 19.: “O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome.” 
 
 
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➢ Artigo 18, CC3- Sem a autorização do seu titular, não se pode utilizar o nome alheio em publicidade. 
O Enunciado 278, IV JDC, prevê que essa proteção se aplica mesmo se a publicidade não mencionar expressamente o nome 
da pessoa, desde que seja capaz de identificá-la. 
Exemplo: caso de sósia – TJSP - Cazé Peçanha versus CNA. “Utilização simulada de imagem do autor em publicidade. Dano 
moral configurado. Adequação do valor dos danos morais” (TJSP, Apelação 994.03.015985-0, Acórdão 4402991, São Paulo, 
9.ª Câmara de Direito Privado, Rel. Des. Antonio Vilenilson, j. 02.02.2010, DJESP 22.04.2010). 
 
VI – Conforme o art. 58 da Lei nº 6.015/73 (Lei de registros públicos), o nome, em regra, é imutável. Porém, em alguns 
casos, justifica-se a sua alteração: 
 
• Nome que expõe a pessoa ao ridículo – exemplos: João Um Dois Três de Oliveira Quatro, Jacinto Aquino Rego, 
Bráulio Pinto e Sum Tim Am. Inclusive, justifica-se a alteração em hipóteses de homonímia (nomes iguais) – 
exemplo: Francisco de Assis Pereira (“Maníaco do parque”). 
• Tradução de nomes estrangeiros – exemplos: John (João), Joseph (José). 
• Erro crasso de grafia – exemplos: Fravio, Craudio e Orvardo. 
• Introdução de alcunhas ou apelidos sociais – exemplos: Xuxa e Lula. 
• Casamento, união estável, reconhecimento de filho e adoção – na adoção é possível alterar o prenome. 
• Para inclusão de sobrenome remoto, inclusive para fins de cidadania (STJ – Resp n. 1.310.088). 
 
“EMENTA: RECURSO ESPECIAL. REGISTRO CIVIL. NOME CIVIL. RETIFICAÇÃO. DUPLA CIDADANIA. ADEQUAÇÃO DO 
NOME BRASILEIRO AO ITALIANO. ALTERAÇÃO DO SOBRENOME INTERMEDIÁRIO. JUSTA CAUSA. PRINCÍPIO DA 
SIMETRIA. RAZOABILIDADE DO REQUERIMENTO.1. Pedido de retificação de registro civil, em decorrência da obtenção 
da nacionalidade italiana (dupla cidadania), ensejando a existência de sobrenomes intermediários diferentes (Tristão 
ou Rodrigues) nos documentos brasileiros e italianos. 2. Reconhecimento da ocorrência de justa causa, em face dos 
princípios da verdade real, da simetria e da segurança jurídica, inexistindo prejuízo a terceiros. 3. Precedentes do STJ. 4. 
Recurso especial provido.” (REsp 1310088 / MG, Relator: Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, Relator para Acórdão: 
Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, T3 - TERCEIRA TURMA, julgado em 17/05/2016, DJe 19/08/2016). 
 
 
• No do nome em caso de transexualidade/Pessoa Trans. – Provimento 73, CNJ. 
 
2 CC, artigo 17: “O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a 
exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória.” 
 
3 CC, artigo 18: “Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial.” 
 
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• Inclusão de sobrenome de padrasto ou madrasta por enteado ou enteada, havendo autorização e justo motivo 
para tanto (Lei n. 11.924/09 – Lei Clodovil – LRP, art. 57, §8º). 
• Abandono afetivo: é possível retirar como sanção o sobrenome do pai que abandonou o filho (STJ, REsp n. 
1.304.718/SP). 
 
Obs.: A Lei de Registros Públicos (art. 564) prevê o prazo decadencial de 1 ano, contado da maioridade, para a alteração do 
nome. Entretanto, a jurisprudência tem afirmado que esse prazo não se aplica em casos de lesão à dignidade: 
 
“Civil. Recurso especial. Retificação de registro civil. Alteração do prenome. Presença de motivos bastantes. Possibilidade. 
Peculiaridades do caso concreto. Admite-se a alteração do nome civil após o decurso do prazo de um ano, contado da 
maioridade civil, somente por exceção e motivadamente, nos termos do art. 57, caput, da Lei 6.015/73. Recurso especial 
conhecido e provido” (STJ, REsp 538.187/RJ, 3.ª Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 02.12.2004, DJ 21.02.2005 p. 170). 
 
“Registro civil. Nome. Alteração pretendida mediante supressão dos patronímicos. Inviabilidade. Após o decurso do 
primeiro ano da maioridade, só se admitem modificações do nome em caráter excepcional e mediante comprovação de 
justo motivo, circunstâncias não configuradas no caso” (STJ, REsp 439.636/SP, 4.ª Turma, Rel. Min. Barros Monteiro, j. 
15.10.2002, DJ 17.02.2003 p. 288). 
 
 Artigo 20 do Código Civil 
 
I- O art. 20 5do Código Civil tutela a imagem (retrato e atributo). 
 
II- Conforme o dispositivo, em regra, a utilização da imagem alheia depende de autorização do seu titular. Exceções: 
 
• Se a pessoa ou o fato interessar à administração da justiça – exemplo: solução de crimes. 
• Ordem pública. 
 
4 Lei 6.015/ 1973, art. 56. “O interessado, no primeiro ano após ter atingido a maioridade civil, poderá, pessoalmente ou 
por procurador bastante, alterar o nome, desde que não prejudique os apelidos de família, averbando-se a alteração que 
será publicada pela imprensa.“ 
 
5 CC, art. 20. “Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a 
divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa 
poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama 
ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. (Vide ADIN 4815)” 
 
 
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A interpretação da norma não pode levar à censura prévia, sob pena de sua inconstitucionalidade. Por isso, a tutela da 
imagem deve ser ponderada com a liberdade de imprensa e o direito à informação. Nesse sentido, o Enunciado n. 279, IV 
JDC, prevê alguns critérios: 
 
• Notoriedade do retratado e dos fatos. 
• Características da utilização da imagem. 
• Veracidade dos fatos. 
• Privilegiando-se medidas que não restrinjam a informação (função social da imagem). 
 
A ponderação foi adotada pelo STF no julgamento da ADIN n. 4.815 (biografias não autorizadas). Segundo o Tribunal, não 
cabe censura prévia (“Cala a boca já morreu” – Min. Carmen Lúcia) – a análise sobre as biografias é sempre “a posteriori” 
(responsabilidade civil). 
 
 Artigo 21 do Código Civil 
 
I- No art. 21 do Código Civil, há a tutela da intimidade, da vida privada e do segredo. 
 
II – De acordo com o dispositivo, “ a vida privada da pessoa natural é inviolável” (?).Conforme Anderson Schreiber, ela é violada a todo tempo – exemplo: raios-x em aeroportos. Portanto, a tutela da 
intimidade não é absoluta. Portanto, o direito à intimidade não é absoluto. 
 
Obs.: Atenção para a Lei 13.709/2018, que trata da proteção de dados pessoais na internet. Essa lei só entrará em vigor em 
fevereiro de 2.020. 
 
1.4. Domicílio da pessoa natural 
 
I- Domicílio, em sentido amplo, é o local onde a pessoa pode ser sujeito de direitos e deveres na ordem civil. 
 
II- Art. 70, CC: em regra, o domicílio equivale à residência, que é o local onde a pessoa se estabelece com ânimo definitivo 
de permanência. É possível a pluralidade do domicílio residencial. 
 
III- Foi introduzida previsão quanto ao domicílio profissional ou laboral, o qual diz respeito ao exercício da profissão (CC, 
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art. 726). Aqui também é possível a pluralidade. 
 
IV- Para a “pessoa padrão”: 
• CC/1916: um domicílio (residencial). 
• CC/2002: dois domicílios (residencial e profissional). 
 
V- O art. 73 7traz a ideia de morada eventual. 
 
Para a pessoa que não tenha residência fixa. O local do domicílio é o local onde for encontrada. Exemplos: nômades, 
ciganos, circenses. 
 
VI- Classificação do domicílio da pessoa natural: 
 
• Domicílio voluntário: decorre da vontade (autonomia privada) (CC, art. 748). 
• Domicílio legal ou necessário: imposto pela norma jurídica (CC, art. 769) (não exclui o voluntário). 
✓ Absoluta ou relativamente incapazes: representantes ou assistentes. 
✓ Servidor público: local onde exerce de forma permanente as suas funções. 
✓ Militar: quartel (onde servir) ou sede do comando (Marinha ou Aeronáutica). 
✓ Marítimo (marinheiro): local da matrícula do navio. 
✓ Preso: local de cumprimento da pena. 
 
• Domicílio contratual: fixado para o cumprimento de direitos e deveres previstos nos contratos (CC, art. 78) – o 
 
6 CC, art. 72. “Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde 
esta é exercida. Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá 
domicílio para as relações que lhe corresponderem.” 
7 CC, art. 73. “Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada.” 
8 CC, art. 74. “Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar. Parágrafo 
único. A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às municipalidades dos lugares, que deixa, e para 
onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria mudança, com as circunstâncias que a acompanharem.” 
9 CC, art. 76. “Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso. Parágrafo único. O 
domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor público, o lugar em que exercer 
permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do 
comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o 
do preso, o lugar em que cumprir a sentença.” 
 
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domicílio contratual é distinto da cláusula de eleição de foro, que é a cláusula que estabelece o foro competente 
para julgar o conflito decorrente do contrato (CPC, art. 63). 
 
1.5. Morte da pessoa natural 
 
I- A morte gera o fim da personalidade jurídica (CC, art. 6º). Exceção: direitos da personalidade do morto (CC, arts. 12, 
parágrafo único e 20 – imagem). 
 
II- Classificação da morte: 
 
a) Morte real 
 
• É aquela considerada com “corpo presente”. 
• A morte é cerebral (Lei 9.434/97, art. 3º) – e não coronária. 
• Com a morte real, é feito um atestado de óbito, desde que haja laudo médico – o art. 77 da Lei de Registros 
Públicos trata desse documento e ele foi alterado recentemente pela Lei n. 13.484/17 (tornou dispensável laudo 
médico). 
 
b) Morte presumida 
 
Presunção: dedução lógica feita pela lei ou pelo aplicador do Direito, que parte de um fato conhecido para chegar no 
desconhecido. 
 
• A presunção é relativa ou “iuris tantum”. 
• É a morte “sem corpo presente”.10 
• Modalidades: 
 
b.1) Morte presumida sem declaração de ausência (justificação) (CC, art. 7º e Lei n. 6.015/73, art. 88) 
 
Hipóteses de justificação: 
 
• 1- Desaparecimento da pessoa, sendo extremamente provável a sua morte, pois estava em perigo devida. 
 
10 Lei 13.484/2017, art. 77. “Nenhum sepultamento será feito sem certidão do oficial de registro do lugar do falecimento 
ou do lugar de residência do de cujus, quando o falecimento ocorrer em local diverso do seu domicílio, extraída após a 
lavratura do assento de óbito, em vista do atestado de médico, se houver no lugar, ou em caso contrário, de duas pessoas 
qualificadas que tiverem presenciado ou verificado a morte” 
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Exemplos: acidentes, desastres, catástrofes, inundações, criminalidade. 
• 2- Guerra. Pessoa envolvida em campanha militar ou feita prisioneira, não encontrada até dois anos após o 
término da guerra. 
 
Na justificação, há um processo judicial. Esgotadas as buscas e averiguações, a sentença fixa a data provável da morte – 
exemplo: acidente aéreo. É mais simples do que a ausência. 
 
✓ Enunciado 61411, CJF. 
 
b.2) Morte presumida com declaração de ausência 
 
Considerações: 
 
• O ausente está em local incerto e não sabido. Ele desapareceu sem deixar notícias. 
• O ausente é considerado morto – e não mais absolutamente incapaz. 
• Na ausência, há um longo e demorado procedimento com três fases (CC, arts. 22 a 39): 
 
✓ 1ª fase: curadoria dos bens do ausente. 
✓ 2ª fase: sucessão provisória (precária). 
✓ 3ª fase: sucessão definitiva (declaração da morte). 
 
Trata-se de um processo judicial. Ver esquema a seguir. 
 
 
11 Enunciado 614, CJF. “Art. 39: Os efeitos patrimoniais da presunção de morte posterior à declaração da ausência são 
aplicáveis aos casos do art. 7º, de modo que, se o presumivelmente morto reaparecer nos dez anos seguintes à abertura da 
sucessão, receberá igualmente os bens existentes no estado em que se acharem.” 
 
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✓ Art. 39, CC12: trata do retorno do ausente. 
✓ Art. 38, CC13: ausente com oitenta anos. 
✓ Os casos analisados são de presunção quanto à existência da morte. Há ainda a comoriência. 
 
III- Comoriência: (CC, art. 8º). 
 
Na comoriência, há uma presunção relativa ou “iuris tantum” quanto ao momento da morte. O maior impacto ocorre no 
Direito das Sucessões. 
 
 
12 CC, art. 39. “Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou algum de seus 
descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os bens existentes no estado em que se acharem, os sub-
rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos bens alienados depois 
daquele tempo. 
Parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere este artigo, o ausente não regressar, e nenhum interessado promover a 
sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas 
respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União, quando situados em território federal.” 
 
13 CC, art. 38. “Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente conta oitenta anos de 
idade, e que de cincodatam as últimas notícias dele.” 
 
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Se duas ou mais pessoas falecerem na mesma ocasião, não sendo possível verificar quem morreu primeiro, haverá 
presunção que faleceram ao mesmo tempo – portanto, não se admite a premoriência. 
Exemplo: 
 
 
 
 
Acidente de trânsito. O policial, no local do acidente, constata que “A” ainda respira, mas falece logo em seguida –“B” já 
estava morto. Não há prova efetiva. Nesse caso, se fosse levada em conta a presunção de premoriência: a herança de “B” 
vai para “A” e a herança de “A” vai para “C”. No caso da comoriência, mantém-se a herança nas respectivas famílias. Em 
caso de dúvida, há a presunção de comoriência. 
 
Pessoa jurídica 
 
2.Pessoa jurídica de Direito Privado (CC, arts. 40 a 69) 
 
2.1. Conceito e modalidades 
 
I – Outras expressões para “pessoa jurídica”: “pessoa coletiva”, “pessoa abstrata” e “pessoa moral”. 
 
II – Conceito: a pessoa jurídica é um conjunto de pessoas ou de bens, em regra, criado por ficção legal (Teoria da ficção). 
A pessoa jurídica não se confunde com os seus membros, sócios e administradores (Teoria da realidade orgânica). 
 
Observação n. 1: Teoria da ficção + Teoria da realidade orgânica = Teoria da realidade técnica (CC/16, art. 20 e CC/02, art. 
4514). 
 
 
 
14 CC, art. 45. “Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no 
respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no 
registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. 
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito 
do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro.” 
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III- Modalidades (rol do art. 44 do Código Civil) 
 
• Associações: conjuntos de pessoas. 
• Sociedades: conjuntos de pessoas. 
• Fundações: conjuntos de bens. 
• Organizações religiosas: conjunto de pessoas. 
• Partidos políticos: conjunto de pessoas. 
• EIRELIs: pessoas jurídicas formadas por uma só pessoa: incluído pela Lei n. 12.441/11. 
 
Observação n. 2: as organizações religiosas e partidos políticos foram tratados em separado para que deixassem de se 
enquadrar como associações. Agora são corporações especiais, com autonomia em relação ao Código Civil de 2002 e 
tratamento próprio (CC, art. 2.031, parágrafo único). 
 
Questão n. 1: o rol do artigo 44 do Código Civil é taxativo (numerus clausus) ou exemplificativo (numerus apertus)? 
Correntes: 
 
• Visão clássica: taxativo (Maria Helena Diniz, Venosa, Carlos Roberto Gonçalves). 
• Visão contemporânea: exemplificativo (Enunciado n. 144, III Jornada de Direito Civil). 
 
A segunda corrente (contemporânea) possibilita o reconhecimento do condomínio edilício como pessoa jurídica de direito 
privado (Enunciado n. 90, I Jornada de Direito Civil). 
 
IV – A pessoa jurídica não se confunde com os entes despersonalizados ou despersonificados (meros conjuntos de pessoas 
ou de bens): 
 
• Família. 
• Espólio (bens). 
• Herança (bens). 
• Massa falida (bens). 
• Sociedade de fato (pessoas) (sem ato constitutivo). 
• Sociedade irregular (pessoas) (com ato constitutivo, mas sem registro). 
• Condomínio edilício (bens) (aplicação da 1ª corrente exposta no item III). 
 
 
 
 
Incluídos pela Lei n. 10.825/03 
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2.2. Principais regras quanto às pessoas jurídicas de direito privado 
 
a) Associações (CC, arts. 53 a 61) 
 
I - Associações são conjuntos de pessoas que se organizam para fins não econômicos (sem fins lucrativos – Enunciado 534, 
VI JDC). 
Exemplo: clubes recreativos. 
 
II - Diante da ausência de fins lucrativos, não há entre os associados direitos e deveres recíprocos. 
Cuidado: entre associados e associações há direitos e deveres. 
Exemplos: dever de cumprir o estatuto (negócio jurídico coletivo) e dever de pagar contribuições. 
 
III- De acordo com o art. 55, em regra, há igualdade entre associados. Porém, o estatuto pode instituir categorias com 
vantagens especiais. 
Exemplo: clube recreativo. 
 
• Associado contribuinte. 
• Associado proprietário. 
 
IV – Conforme o art. 56, CC15, a qualidade de associado, em regra, é personalíssima (“intuitu personae”) e intransmissível. 
Porém, o estatuto pode dispor o contrário. 
Exemplo: clube recreativo: “venda da joia” ou “venda da cota”. 
 
Conforme o art. 56, parágrafo único, CC, em regra, a transmissão da cota de associado não é com as mesmas 
características. Entretanto, o estatuto pode prever o contrário, o que, geralmente, ocorre na prática. 
 
 
15 CC, art. 56. “A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o contrário. Parágrafo único. Se o 
associado for titular de quota ou fração ideal do patrimônio da associação, a transferência daquela não 
importará, de per si, na atribuição da qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro, salvo disposição 
diversa do estatuto.”

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