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Nathália Taverny Macola Leticia Laiz Baccin Jessika Oliveira Millena Martins Existem inúmeras doenças que podem ser causadas por bactérias, fungos ou vírus, vamos abordar as principais doenças infecciosas de relevância na prática odontológica. Na prática odontológica, a prevenção da disseminação de microrganismos muitas vezes tem se mostrado precária, tornando o cirurgião dentista e toda sua equipe, vulneráveis a muitas doenças infecciosas, por trabalharem em contato com secreções e membranas mucosas. Doenças infecto-contagiosas em Odontologia As infecções causadas por vírus, em geral, são as mais graves e de maior preocupação quando contraídas. Vírus Herpes Hepatites Síndrome da imunodeficiência humana adquirida (AIDS) PRINCIPAIS INFECÇÕES CAUSADAS POR VÍRUS É considerado facilmente transmissível e infeccioso nos seres humanos. O herpes é uma infecção promovida pelo vírus herpes, membro da família Herpesviridae. O vírus da herpes O vírus apresenta período de incubação curto (2 a 12 dias), enquanto a doença pode variar em torno de 2 semanas. O vírus herpes simples tipo 1 é transmitido mais frequentemente através do contato direto com as lesões ou com objetos contaminados, porém, pode ser transmitido através de perdigotos (partículas de saliva lançadas durante a fala, tosse ou espirro), uma vez que já se identificou o vírus na saliva. Herpes simples Saúde - iG sorrisologia.com.br O vírus herpes simples 1, também pode infectar a córnea, como uma infecção primária, ou através de infecções recorrentes, causando a ceratoconjuntivite. Ressalta- se a importância da paramentação adequada, com a utilização de óculos de proteção. Herpes simples http://midiabahia.com.br/wp- content/uploads/2018/08/herpes-olhos.jpg Os procedimentos clínicos eletivos em pacientes portadores de lesões causadas por esse vírus devem ser evitados, até que haja o estabelecimento da melhora clínica da doença. Herpes simples https://drauziovarella.uol.com.br/wp- content/uploads/2011/10/herpes-simples-e1553619714675.jpg O herpes-zoster é uma doença infecciosa aguda causada pelo vírus varicela-zoster, também conhecido como herpes vírus humano tipo 3. Ele penetra no hospedeiro através das células epiteliais da mucosa do trato respiratório superior, orofaringe ou conjuntiva. Herpes-zoster https://www.msdmanu als.com/- /media/manual/profess ional/images/485- herpes-zoster-thoracic- dermatome-slide-6- springer- high_pt.jpg?la=pt&thn=0 Dentre as doenças infecciosas, as hepatites virais representam um importante risco ocupacional aos cirurgiões-dentistas e demais funcionários, já que, muitas vezes, a transmissão se dá por fluidos corporais contaminados, dentre os quais aqueles frequentemente manipulados nos consultórios, tais como sangue e saliva. Tais infecções encontram-se em alta incidência nos pacientes que buscam rotineiramente atendimento odontológico. A hepatite se caracteriza por um processo inflamatório do fígado que leva a uma necrose hepatocelular difusa ou irregular com envolvimento de todos os lóbulos. Hepatites É provocada pelo vírus da hepatite B (HBV) que foi detectado pela primeira vez em 1963. Os maiores índices de infecção pelo vírus HBV em profissionais de saúde encontram-se entre os cirurgiões-dentistas. Entre as doenças infecto-contagiosas, a Hepatite B é a maior causa de mortes e interrupções da prática de consultório pelos dentistas. Um dos meios mais comuns de transmissão do paciente para o profissional é o acidente com agulhas contaminadas com saliva e sangue. O HBV também pode ser transmitido quando fluidos contaminados entram em contato com mucosas sadias. Hepatite B Hepatite B Depositophotos.om http://www.ioc.fiocruz.br/pages/informerede/corpo/i nformeemail/2007/2308/mat_04_23_08.html O risco de transmissão ocupacional para um profissional de saúde não imunizado varia de 2% a 40%. A proteção envolve a vacinação adequada e a utilização das medidas de controle de infecções pelos profissionais. Como os cirurgiões-dentistas apresentam risco duas vezes maior do que a população em geral, a vacinação destes profissionais é mandatória e tal procedimento reduz significativamente o risco de desenvolver a infecção. Hepatite B Os cirurgiões-dentistas estão sob um risco significativo para contraírem o vírus da hepatite C (HCV). Deve se tomar cuidado maior na manipulação de agulhas. Em virtude de seu curso clínico ser de progressão lenta, a maioria dos pacientes não sabem que são portadores da doença, até a realização de exames laboratoriais ou pela presença tardia da cronicidade da doença, característica esta que a coloca como a mais severa dentre as hepatites virais. Hepatite C http://www.tst.jus.br/image/journal/article?img_id=2 296604&t=1345066128052 Entretanto, o vírus HCV já foi detectado na saliva de pacientes com hepatite crônica, durante tratamentos odontológicos, bem como existe um relato da transmissão de hepatite C pela saliva através de mordida humana. Um outro importante achado é a possibilidade do vírus permanecer ativo por cerca de 7 dias em temperatura ambiente, o que salienta a importância das medidas de controle de infecções, durante a prática odontológica. Hepatite C É uma doença progressiva que pode levar à destruição do sistema imunológico. Foi identificada pela primeira vez em meados de 1980. Caracteriza-se por uma infecção crônica cujo agente etiológico é o HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana). Este vírus pertence à família Retroviridae e ao gênero Lentivírus. Síndrome da imunodeficiência humana adquirida (AIDS) https://upload.wikim edia.org/wikipedia/co mmons/1/1a/HIV- budding-Color.jpg É importante ressaltar que o vírus já foi isolado de todas as secreções orgânicas: sangue, sêmen, secreções vaginais, saliva, lágrima, leite materno, fluido cérebro-espinhal, fluido amniótico e urina, porém, só ficou comprovada a possibilidade de transmissão através de sangue, sêmen, secreções vaginais e leite materno contaminado. Síndrome da imunodeficiência humana adquirida (AIDS) https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=image s&cd=&ved=2ahUKEwjNtN2Mnr_iAhVNHLkGHVpYByEQjRx6BAgBE AU&url=https%3A%2F%2Frevistagalileu.globo.com%2FCiencia%2Fnoti cia%2F2016%2F08%2Fcientistas-descobrem-como-o-virus-hiv-se-infiltra- em-celulas-saudaveis.html&psig=AOvVaw2mamjkXFYpZvbW8q8f- iVe&ust=1559167597839757 O profissional pode tratar de pacientes infectados pelo HIV, sem ter conhecimento desse fato, ou soropositivos que, temendo não receberem atendimento odontológico, escondam a doença. A adoção de medidas de segurança é fundamental para garantir a saúde do paciente e do profissional. O uso das medidas de proteção deve ser rotineiro e em todos os pacientes sem exceção. Síndrome da imunodeficiência humana adquirida (AIDS) O tratamento da AIDS é realizado com anti-retrovirais e atualmente se preconiza um coquetel de vários anti- retrovirais com o objetivo de reduzir a seleção de vírus mutantes resistentes. Esse tratamento reduz a carga viral para quase zero, fazendo com que ocorra redução da morbidade e mortalidade de indivíduos infectados. Síndrome da imunodeficiência humana adquirida (AIDS) clmais.com.br Sífilis Tuberculose PRINCIPAIS INFECÇÕES CAUSADAS POR BACTÉRIAS É uma doença crônica, altamente contagiosa. O seu agente etiológico, o Treponema pallidum, é uma bactéria que se locomove às custas da rotação e flexão de seu corpo. A transmissão é feita pelo contato direto com lesões de pele, mucosas,fluidos e secreções (seminais, vaginais, saliva e sangue) durante o ato sexual e, mais raramente, pelo beijo, transfusão sanguínea e contato de ulcerações de pele das mãos com as placas mucosas. A incubação varia de 10 dias a 3 meses, usualmente 3 semanas. Sífilis A doença é sistêmica, mas as manifestações intrabucais são muito frequentes, presentes em lesões bucais. As placas mucosas são altamente contagiantes, constituindo-se em um sério problema de biossegurança. Sífilis Educar Saúde A tuberculose é uma das mais antigas doenças da humanidade e foi a causa do óbito de inúmeras pessoas. A distribuição é universal e apesar da atual diminuição da mortalidade é um problema de saúde pública em vários países do mundo. A tuberculose é uma doença infecciosa, cujo agente etiológico é uma bactéria denominada Mycobacterium tuberculosis. A tuberculose pulmonar é acompanhada por febre, fadiga, tosse, torocalgia, hemoptise e cavitação. Tuberculose As regiões atingidas pela tuberculose oral envolvem, usualmente, a língua, mandíbula, maxila, lábios, processos alveolares, gengiva e mucosa oral, podendo também atingir a região da faringe, amígda las e cavidade nasal. Tuberculose https://www.cristofoli.com/biosseguranca/tuberculose-oral-voce-reconhece-essa-manifestacao/ O tratamento odontológico eletivo deve (se possível) ser evitado em pacientes com a doença ativa (que não estão fazendo o tratamento). A minimização de aerossóis é absolutamente necessária. Os acidentes ocorrem por inalação de aerossóis, inoculação parenteral, contato direto com mucosas e ingestão. Tuberculose Candidíase: Caracteriza-se por manchas brancas, podendo estar localizadas na língua, gengiva, palato duro, comissuras labiais e bochechas, e ser disseminada pelo organismo. Verifica-se um aumento na presença de candidíase sistêmica em pacientes sob tratamento de imunodepressores, ou de antibióticoterapia prolongada, assim como em portadores de HIV. PRINCIPAL INFECÇÃO CAUSADA POR FUNGOS O diagnóstico se baseia nos sinais e sintomas associados à história médica e odontológica. Um recurso clínico útil nos casos de candidíase pseudomembranosa é a raspagem das lesões. O descolamento da placa e visualização de uma base eritematosa confirma o diagnóstico. Candidíase https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/a/a0/Hum an_tongue_infected_with_oral_candidiasis.jpg/300px- Human_tongue_infected_with_oral_candidiasis.jpg É fundamental identificar os fatores predisponentes e intervir sobre eles sempre que possível. Na ausência de fatores predisponentes óbvios ou frente a casos lesões disseminadas por toda a boca ou se estendendo para a orofaringe, indica-se avaliação sistêmica por meio de hemograma, glicemia em jejum, anti-HIV, a fim de descartar quadros de anemia e imunossupressão (associada ou não ao HIV). O mesmo se aplica a casos que não respondem ao tratamento tópico. Candidíase Casos com envolvimento focal e sintomas mínimos podem ser tratados com nistatina ou miconazol. Doença leve e moderada deve ser prescrito uso de antifúngico tópico. Nistatina (100,000 unidades/mL) 10 mL por via oral (bochechar e reter pelo máximo de tempo possível antes da deglutição) quatro vezes ao dia; Candidíase http://bulasimplificada.net/wp-content/uploads/2018/01/Nistatina.jpg Hoje, parte-se do princípio que todo o profissional da saúde dever seguir os cuidados recomendados pela Vigilância Sanitária no atendimento a qualquer paciente. No entanto, caso haja algum acidente de trabalho, recomenda-se que o profissional procure imediatamente alguma unidade de referência para fazer um teste que verifique o status sorológico, logo após o ocorrido. Acidentes de trabalho com material biológico https://i0.wp.com/www.aplicarconteudosaude.com.br/wp- content/uploads/2016/02/foto-furo-agulha-para- blog.jpg?fit=560%2C315 Prevenir e controlar a infecção cruzada no consultório odontológico é hoje exigência e direito do paciente e sobretudo, uma declaração de respeito à equipe de trabalho. Desta forma é essencial que haja conscientização para que aconteçam mudanças na conduta dos profissionais, levando-os a adotarem medidas adequadas de segurança para todos os pacientes atendidos e em todas as ocasiões de tratamento, como forma de impedir que a própria equipe de saúde atue como vetor na propagação de infecções, colocando em risco a sua saúde, a da equipe auxiliar e da comunidade. Conclusão Cleveland J. L., GOOCH B. F., SHEARER B. G., LYERLA R. L. Risk and prevention of hepatitis C virus infection: implications for dentistry. J. Am. Dent. Assoc. 1999; 130 (5): 641-7. COTTONE, J. A. et al. A Pratical Infection Control in Dentistry: Philadelphia: Lea & Febiger, 1991. 286p. ESTRELA C.; ESTRELA, C. Controle de infecção em odontologia.São Paulo: Artes Médicas, 2003. 169p. GUANDALINI, S.L.;MELO, N.S.F.; SANTOS, E.C.P. Biossegurança em odontologia. 2 ed. Curitiba: Odontex, 1999. 161 p. IPPOLITO G.; PURO V.; De CARLI G. 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