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Universidade Presbiteriana Mackenzie Escola de Engenharia – Depto. de Engenharia Civil 20 semestre de 2018 Aula 14 Panorama sobre o transporte no Brasil 2 o s e m e s tre d e 2 0 1 8 14. Panorama sobre o transporte no Brasil Assuntos desta aula • visão geral • transportes ferroviário • transporte rodoviário • transporte hidroviário • aspectos institucionais 2 o s e m e s tre d e 2 0 1 8 14.1. Dados sobre o sistema de transporte no Brasil Brasil – mudança na população e no número de veículos, 1950 – 1995 (1) Inclui motocicletas; Ref: Ministério dos Transportes (1970 e 1990) para dados de veículos e IBGE (1996) para dados de população. Ano Veículos (1) População (milhões) total e urbana (% urbana) Hab/veículo 1950 426.621 51.937 18.782 (36) 122 1960 987.613 70.991 31.303 (44) 72 1970 3.111.890 93.139 52.084 (56) 30 1980 10.731.695 119.099 80.436 (68) 11 1990 15.932.848 143.395 110.990 (77) 9 1995 25.336.260 152.374 120.350 (79) 6 2 o s e m e s tre d e 2 0 1 8 14.1. Dados sobre o sistema de transporte no Brasil (cont.) • a mudança do perfil do país de rural para urbano e a crescente motorização não tiveram a contrapartida em termos de infraestrutura de transporte, tanto de pessoas como de carga • a matriz de transporte no Brasil é inadequada, apoiada no sistema rodoviário em detrimento dos trilhos e não aproveitando os recursos hídricos 2 o s e m e s tre d e 2 0 1 8fo n te : C o rr e io B ra z ili e n s e , 3 .a b r. 1 7 14.1. Dados sobre o sistema de transporte no Brasil (cont.) 2 o s e m e s tre d e 2 0 1 8 14.1. Dados sobre o sistema de transporte no Brasil (cont.) 2 o s e m e s tre d e 2 0 1 8 14.2. Sistema de transporte ferroviário • todos os países de dimensões continentais como o Brasil usam o modo ferroviário como transporte principal para longas distâncias (pessoas e cargas) por ser mais eficiente do que o rodoviário • no Brasil o sistema ferroviário teve forte presença até o surgimento da indústria automobilística, quando, na metade da década de 50, se iniciou um modelo de desenvolvimento rodoviarista, que relegou o transporte por trilhos para segundo plano 14.2. Sistema de transporte ferroviário (cont.) País área (km2) população densidade (hab/ km2) malha ferroviária (km) malha rodoviária (km) Rússia 17.075.400 144.664.000 9 87.157 532.393 Canadá 9.970.610 31.015.000 3 73.301 1.408.800 China 9.596.961 1.284.972.000 132 70.058 1.402.698 EUA 9.363.520 285.926.000 29 194.731 6.406.296 Brasil 8.547.403 172.559.000 19 30.402 1.735.621 (*) Austrália 7.741.240 19.338.000 2 44.015 811.603 Índia 3.287.263 1.025.096.000 300 63.518 3.319.644 fontes: ONU/CIA (*) obs: 212.886 km (12,3%) pavimentadas 2 o s e m e s tre d e 2 0 1 8 • em 1.996 teve início a privatização do setor ferroviário de cargas e passageiros • atualmente o Brasil tem toda sua malha ferroviária privatizada (exceto os trens metropolitanos de passageiros), dividida em nove concessões • a rede ferroviária brasileira já teve 37.000 Km em 1.950, contra os 30.000 atuais • a atual rede não atende o norte e o centro-oeste do país; esta, região de produção de commodities, atividade que usa transporte em larga escala para escoamento da produção, hoje feito, basicamente, por caminhões 14.2. Sistema de transporte ferroviário (cont.) 2 o s e m e s tre d e 2 0 1 8 Mapa ferroviário do Brasil 14.2. Sistema de transporte ferroviário (cont.) 2 o s e m e s tre d e 2 0 1 8 • o transporte de passageiros, pela diferença de velocidades e sobrecargas nos trilhos, deve ser operado em via própria, não trafegada por trens de carga • no Brasil, ao contrário, sempre se utilizou a mesma linha-tronco • ainda hoje há compartilhamento de linhas da CPTM com o transporte de cargas, gerando um gargalo logístico a caminho do Porto de Santos 14.2. Sistema de transporte ferroviário (cont.) 2 o s e m e s tre d e 2 0 1 8 14.2. Sistema de transporte ferroviário (cont.) fo n te : w w w .m o b ile z e .o rg .b r 2 o s e m e s tre d e 2 0 1 8 • na década de 50, o sistema ferroviário chegou a transportar 100 milhões de passageiros/ano 14.2. Sistema de transporte ferroviário (cont.) • hoje, apenas duas linhas de passageiros (excetuando-se os trens turísticos) estão em operação no Brasil, ambas operadas pela Companhia Vale do Rio Doce: Cariacica - Belo Horizonte e São Luís do Maranhão - Paraupebas, Pará • com a privatização do setor, é pouco provável que esse quadro seja revertido, pois o transporte de carga é mais lucrativo do que o de pessoas 2 o s e m e s tre d e 2 0 1 8 A partir da privatização, o setor de transporte ferroviário de carga começou a crescer gradativamente. Passou de 19% de participação na matriz do transporte de carga em 1.996, para os atuais 21% 14.2. Sistema de transporte ferroviário (cont.) 2 o s e m e s tre d e 2 0 1 8 14.2. Sistema de transporte ferroviário (cont.) O transporte por trens, além da economia, tem a vantagem da segurança 2 o s e m e s tre d e 2 0 1 8 • mesmo apoiado nesse modelo inadequado, pesquisas da Confederação Nacional dos Transportes – CNT mostram que apenas 38,2% das rodovias pavimentadas podem ser consideradas boas/ótimas • como vimos, 62,8% das cargas são transportadas por rodovias 14.3. Sistema de transporte rodoviário 2 o s e m e s tre d e 2 0 1 8 14.3. Sistema de transporte rodoviário (cont.) Resultado de pesquisa sobre parte da malha rodoviária pavimentada realizada pela CNT em 2017 2 o s e m e s tre d e 2 0 1 8 14.3. Sistema de transporte rodoviário (cont.) • até os anos 80, o Brasil investia em transporte rodoviário e urbano o equivalente a 6% do PIB • atualmente, o percentual está por volta de 3% • a participação do capital privado ainda é relativamente pequeno • dos 212 mil km de rodovias pavimentadas, pouco mais de 19 mil km (9%) foram concedidos 2 o s e m e s tre d e 2 0 1 8 14.3. Sistema de transporte rodoviário (cont.) Em termos de transporte de passageiros, o modo rodoviário, é, de longe, o predominante no Brasil rodovias ferrovias e metrô hidrovias e aviões índices em passageiros-km 96,3% 1,3% 2,4% 2 o s e m e s tre d e 2 0 1 8 14.3. Sistema de transporte rodoviário (cont.) • nas áreas urbanas, prevalece o ônibus a diesel – são cerca de 95.000 ônibus, transportando 50 milhões de passageiros/dia • existem no país doze sistemas ferroviários/metroviários hoje em operação, que levam 5 milhões de passageiros/dia 2 o s e m e s tre d e 2 0 1 8 14.4. Sistema de transporte hidroviário • o transporte hidroviário é o mais econômico de todos e o menos explorado • como exemplo, temos o Rio Tietê, apesar dos vários investimentos feitos para combater suas enchentes, ainda não é navegável na Região Metropolitana de São Paulo • caso obras complementares sejam concluídas (prazo ainda não estipulado), poderá ser possível transportar cargas (e passageiros) entre as barragens da Penha e de Santana do Parnaíba, em um trecho de 40 km 2 o s e m e s tred e 2 0 1 8 14.4. Sistema de transporte hidroviário (cont.) • o setor hidroviário transportou 650 milhões de toneladas de cargas em 2.005 • essa movimentação é quase o dobro do que foi transportado em 1.992, quando foi criada a Lei de Modernização dos Portos, mas está próxima à capacidade do sistema • apesar dos 50 mil quilômetros de rios navegáveis do Brasil, o setor hidroviário ainda tem participação pequena na matriz de transportes brasileira (12,6%) • um dos gargalos ao setor portuário é a acessibilidade às rodovias e ferrovias 2 o s e m e s tre d e 2 0 1 8 14.4. Sistema de transporte hidroviário (cont.) fonte: Folha de S. Paulo, 9.jun.08 2 o s e m e s tre d e 2 0 1 8 Da Constituição da República Federativa do Brasil: Art. 30: Compete aos municípios: V – organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o transporte, que tem caráter essencial 14.5. A questão institucional do transporte no Brasil 2 o s e m e s tre d e 2 0 1 8 14.5. A questão institucional do transporte no Brasil (cont.) • a responsabilidade institucional do transporte no Brasil está dividida entre os governos federal, estadual e municipal – dependendo das características da infra-estrutura e dos modos de transporte • o governo federal é responsável pelos aeroportos, portos e pelo sistema federal de ferrovias e rodovias (embora parte destes sistemas já foi ou está sendo transferida para o nível estadual). Também controla o sistema de transporte interestadual, por ônibus e ferrovia 2 o s e m e s tre d e 2 0 1 8 • os governos estaduais são responsáveis pelas rodovias e ferrovias estaduais, pelo sistema de ônibus intermunicipal e de longo percurso e pelo transporte metropolitano • os governos municipais são responsáveis pelo transporte público e pelo trânsito dentro dos seus limites geográficos 14.5. A questão institucional do transporte no Brasil (cont.) 2 o s e m e s tre d e 2 0 1 8 • início na década de 70 quando, o Ministério dos Transportes, através do GEIPOT - Grupo Executivo de Integração da Política de Transportes (atual Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes), definiu os primeiros Planos Diretores de Transportes Urbanos nas regiões metropolitanas • programa de capacitação e formação de pessoal técnico, no Brasil e no exterior, este último para transferência de tecnologia, especialmente da França e da Inglaterra 14.6. A atuação do governo federal no transporte e no trânsito urbanos 2 o s e m e s tre d e 2 0 1 8 • criação da Empresa Brasileira de Transporte Urbano - EBTU, em substituição ao GEIPOT, também no âmbito do Ministério dos Transportes e com os recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Urbano • com a EBTU, passou-se a atender também às cidades de porte médio, com vistas à adoção de medidas corretivas e preventivas que pudessem evitar que estas cidades enfrentassem os problemas encontrados nas regiões metropolitanas 14.6. A atuação do governo federal no transporte e no trânsito urbanos (cont.) 2 o s e m e s tre d e 2 0 1 8 • a Constituição de 1988 assegurou à União a competência para o estabelecimento de diretrizes para a Política Nacional de Desenvolvimento Urbano - incluído o transporte urbano (art. 21, inciso XX) a definição de princípios e diretrizes para o Sistema Nacional de Viação ( art. 21, inciso XXI), a proposição, privativamente, da Política Nacional de Transporte (artigo 21, inciso IX) e da legislação de trânsito e transporte (artigo 21, inciso XI) 14.6. A atuação do governo federal no transporte e no trânsito urbanos (cont.) 2 o s e m e s tre d e 2 0 1 8 • a reforma administrativa de 1990, omitiu da estrutura da União a existência do Conselho Nacional de Desenvolvimento Urbano - CNDU e extinguiu a EBTU • consolidou-se a tendência, que já vinha sendo constatada, de progressivo alheamento do Governo Federal das questões urbanas, principalmente as relativas ao transporte urbano 14.6. A atuação do governo federal no transporte e no trânsito urbanos (cont.) 2 o s e m e s tre d e 2 0 1 8 14.6. A atuação do governo federal no transporte e no trânsito urbanos (cont.) • interpretou-se que tanto o desenvolvimento urbano quanto o transporte seriam de responsabilidade exclusiva do município, sem diretrizes federais para a política de transportes urbanos • o setor voltou à situação em que se encontrava décadas atrás: sem políticas públicas, sem articulação e clareza dos espaços institucionais dos níveis de governo e sem mecanismos coordenados e consistentes de financiamento e apoio tecnológico 2 o s e m e s tre d e 2 0 1 8 14.7. Influência do governo federal no transporte – principais itens • energia: estabelecimento do preço dos combustíveis e da energia elétrica • financiamento da produção e da aquisição de veículos: política de incentivos às indústrias montadoras e ao crédito • custo da da mão de obra: impostos 2 o s e m e s tre d e 2 0 1 8 14.8. A questão econômico-financeira Problemas atuais: há a necessidade de reorganizar as fontes de financiamento. Para isso, existem 4 obstáculos a serem vencidos: • a crise fiscal do Estado, que limita os recursos aplicados no transporte • dependência dos municípios às fontes externas de recursos • restrições federais a recursos externos por empréstimo pelo poder público • resistência da iniciativa privada em financiar projetos de transporte 2 o s e m e s tre d e 2 0 1 8 fo n te : re v is ta S u p e rin te re s s a n te , m a i.1 5 Comparação entre os sistemas de Metrô de várias cidades do mundo
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